o encontro · 2012-08-28 · a paz sem sucesso, chegava ao ashram ... cio é muito mais do que...

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O Encontro Agosto de 2012 A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita Bhagavan Sri Ramana Maharshi Quem, cansado de procurar a paz sem sucesso, chegava ao ashram de Bhagavan percebia - logo nos primeiros instantes - que o grande aprendizado seria o de silenciar. No templo do silêncio, o Mestre era o grande silencioso. Mas... o que entendemos nós, devotos de Ramana, sobre o si- lêncio? Será o silêncio simplesmente ausência de palavras? Não! Silên- cio é muito mais do que isso: é a cessação das atividades da mente. Somente silenciando verbal e mentalmente poderemos ouvir a voz do silêncio. Silenciosa e simples como o nascer e o pôr do sol que - embora realize o espetáculo das maravilhas, o faz em total quietude. A voz do silêncio nos chama pelo olhar de Ramana que fre- quentemente citava o velho tes- tamento: “Fica em silêncio e sabe que eu sou Deus”. Do jornal de junho de 1999. E ram quase 15h do dia 14 de julho e juntamos nossas mãos em ora- ção no meio da Rua Juiz de Fora, pedindo a Deus e ao Mestre que o tempo firmas- se para que nossa Festa Julina pudesse ser realizada. No dia anterior havia a dúvida sobre o tempo. Mesmo com a previsão negativa para o domingo, o evento foi man- tido e a Festa Julina na Rua Juiz de Fora foi um sucesso. Deus propiciou um bom tempo e nós, mais de 50 pessoas, fi- zemos a festa. Foram salgados e doces, bebidas e brincadeiras que fizeram a diversão das pes- soas. Muita gente da redondeza e prin- cipalmente vizi- nhos da Casa de Ramana Festa julina Editorial vieram conhecer ou conferir esta festa, que virou tradição. Ao fi- nal do domingo, o cansaço era generalizado, mas o resultado final recompensou tanto desgas- te. Citar nomes pode algumas vezes gerar descontentamento, por eventual esquecimento. Vai aqui o agrade- cimento a todas aquelas pessoas que se dedica- ram, seja an- tes, durante ou após o evento. A Festa Juli- na foi exemplo de uma doação coletiva muito linda. A Unidade na Festa Julina foi o que mais contribuiu para o sucesso. A esta Unidade sim cabe o grande agradecimento. Todos juntos em uma só direção e guiados por um só olhar. O olhar de nosso amado Bhaga- van Sri Ramana Maharshi. Por Marcos Garcia Silêncio Orientação Todos juntos em uma só direção e guiados por um só olhar.

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O EncontroAgosto de 2012A Luz no Caminho - Associação Espiritualista - Distribuição gratuita

Bhagavan Sri Ramana Maharshi

Quem, cansado de procurar a paz sem sucesso, chegava ao ashram de Bhagavan percebia - logo nos primeiros instantes - que o grande aprendizado seria o de silenciar. No templo do silêncio, o Mestre era o grande silencioso.

Mas... o que entendemos nós, devotos de Ramana, sobre o si-lêncio?

Será o silêncio simplesmente ausência de palavras? Não! Silên-cio é muito mais do que isso: é a cessação das atividades da mente.

Somente silenciando verbal e mentalmente poderemos ouvir a voz do silêncio. Silenciosa e simples como o nascer e o pôr do sol que - embora realize o espetáculo das maravilhas, o faz em total quietude.

A voz do silêncio nos chama pelo olhar de Ramana que fre-quentemente citava o velho tes-tamento: “Fica em silêncio e sabe que eu sou Deus”.

Do jornal de junho de 1999.

Eram quase 15h do dia 14 de julho e juntamos nossas mãos em ora-ção no meio da Rua

Juiz de Fora, pedindo a Deus e ao Mestre que o tempo firmas-se para que nossa Festa Julina pudesse ser realizada. No dia anterior havia a dúvida sobre o tempo. Mesmo com a previsão negativa para o domingo, o evento foi man-tido e a Festa Julina na Rua Juiz de Fora foi um sucesso. Deus propiciou um bom tempo e nós, mais de 50 pessoas, fi-zemos a festa. Foram salgados e doces, bebidas e brincadeiras que fizeram a diversão das pes-soas. Muita gente da redondeza e prin- cipalmente v i z i - nhos da Casa de R a m a n a

Festa julinaEditorial

vieram conhecer ou conferir esta festa, que virou tradição. Ao fi-nal do domingo, o cansaço era generalizado, mas o resultado final recompensou tanto desgas-te. Citar nomes pode algumas vezes gerar descontentamento, por eventual esquecimento. Vai

aqui o agrade-cimento a todas aquelas pessoas que se dedica-ram, seja an-tes, durante ou após o evento. A Festa Juli-na foi exemplo de uma doação coletiva muito

linda. A Unidade na Festa Julina foi o que mais contribuiu para o sucesso. A esta Unidade sim cabe o grande agradecimento. Todos juntos em uma só direção e guiados por um só olhar. O

olhar de nosso amado Bhaga-van Sri Ramana Maharshi.

Por Marcos Garcia SilêncioOrientação

“Todos juntos em uma só direção e guiados por um

só olhar.”

O Encontro agosto, 2012

MeditaçãoCírculo de Estudos

Sri Maharshi atribui todo o mal e toda a miséria à ignorância primária, isto é, ao sentimento de dualidade, que é a fonte de todas as per-turbações. O homem deseja muitas coisas e luta para adquiri-las, crendo que sua posse lhe trará felicidade. Isso o conduz, inevitavelmente, a decepções e sofrimentos. A pessoa prudente, que sabe o que é e o que realmente necessita, evita todas as perturbações, pois está buscando o Real e não coisas efêmeras.

“A mente do homem está repleta de pensamentos e, por isso, o indi-víduo é extremamente fraco. Se, em lugar desses inúmeros pensamentos inúteis, permanecer um único, este será o poder em si mesmo e terá grande influência”, disse o Mestre.

Segundo Mouni Sadhu, discípulo de Bhagavan, a consciência de que “eu existo” é real. Ela perdura atra-

vés de toda nossa vida. Disto po-demos estar absolutamente certos, mas de suas limitações não pode-mos estar certos. O corpo se trans-forma, ele se debilita ou fortalece, permanece são ou adoece. A mente se transforma; sua visão se altera com o tempo, enfim, a consciência do “eu” subsiste do berço ao túmu-lo, inalterável.

Porém, o sentimento “eu sou” não pode desaparecer. Portanto, conhecer-se a si mesmo equivale a encontrar o ponto da consciência do qual se possa observar estes estados de mutação.

A prática da meditação nos per-mite encontrar os vestígios dessa “alguma coisa em nós” e descobrir o que somos na realidade. Nosso verdadeiro Ser está sempre ali, mas a pressão dos nossos pensamentos e a atenção contínua que presta-

Próxima palestra

Tema: Ayurveda e Medicina Chi-nesa

Palestrante: José Fernando

Data: 25 de agosto, às 19h

Por Telma Mohrstedt

mos às coisas exteriores através dos sentidos abafam a suave presença do Eu.

O pensamento é um poder que tanto pode escravizar-nos como libertar-nos. A maioria o emprega inconscientemente para escravizar; porém, quem pratica o método da pesquisa “Atma Vichara - Quem sou eu?” utiliza, conscientemente o pen-samento para obter libertação.

um acesso mais rápido aos filmes sobre o Mestre, além de divulgar as atividades de A Luz no Cami-nho - Associação Espiritualista. Nós também informamos sobre as ati-vidades da Casa de Ramana e te-mos um link para o blog da Casa. Ainda estamos em construção, mas muito já pode ser encontrado em nosso site. Navegue e espalhe a boa nova. Que a Graça possa che-gar a muitos e que muitos como nós sejam bem-vindos! Hare Rama-na Hare!

Bem-vindos!

Assim nós saudamos a todos que navegam por nosso portal na internet. Pois bem-vindos somos todos nós que um dia tivemos a Graça de ler o sagrado nome do nosso senhor, Bhagavan Sri Ramana Maharshi, de fitar Seus olhos maravilhosos e de ser tocados por seu amor. So-mos todos bem-vindos ao Seu ashram. O nosso portal www.aluznocaminho.org.br

é dedicado a espalhar o sagrado nome do senhor Ramana na “rede”, divulgar seus ensinamentos, permitir

Internet

Por Lêda Fraga

02

O Encontroagosto, 2012

03

“Fui à procura de meu Pai”

Após a experiência do des-pertar, Sri Bhagavan já possuía uma consciência

constante e ininterrupta do Si, pois o ego tinha sido dissolvido e não havia mais com quem lutar. Sua via-gem ao encontro de Arunachala era inevitável. A partida ocorreu após um incidente com o irmão, em 29 de agosto de 1986, aproximadamen-te dois meses após o despertar.

Venkataraman alegou que teria uma aula extra na escola, como pretexto para sair de casa sem des-pertar a resistência da família. Seu irmão, fornecendo-lhe inconscien-temente os meios para a viagem, disse então que apanhasse cinco rúpias e aproveitasse para pagar a sua taxa escolar. O rapaz pegou as cinco rúpias, fez uma refeição às pressas e, preparando-se para par-tir, verificou em um atlas que a estação de embarque mais próxi-ma para Tiruvannamalai ficava em Tindivam. Na verdade, já havia um novo ramal até Tiruvannamalai, mas o atlas era antigo e não registrava este fato. Avaliando que três rúpias seriam suficientes para a jornada, Venkataraman deixou duas rúpias e um bilhete ao irmão:

Parti em busca do meu Pai, em

obediência à Suas ordens. Fui-me em virtuosa empreitada, por isso, ninguém lamente este, nem desper-dice dinheiro à procura deste. Sua taxa escolar não foi paga. Aqui fi-cam duas rúpias.

Era cerca de meio-dia quando deixou a casa da família e cami-nhou rapidamente até a estação. Lá chegando, verificou na tabela de preços que a passagem para Tindi-vam custava duas rúpias e, embora tenha chegado atrasado à estação, pôde embarcar. Houvesse o jovem observado mais atentamente a ta-bela de preços e teria percebido que lá também constava o valor da passagem para Tiruvannamalai, três rúpias, que era exatamente o que ele dispunha.

Os sucessos da viagem simboli-zam a árdua jornada que um aspi-rante enfrenta a caminho da meta: em primeiro lugar houve a bondade da Providência concedendo o di-nheiro e permitindo-lhe alcançar o trem; ademais, a provisão fornecida era precisamente o necessário para chegar ao destino, mas a negligên-cia do viajante encompridou a jor-nada e provocou dificuldades.

Venkataraman ia sentado em

silêncio, perdido no júbilo de sua busca. Passaram-se assim várias es-tações até que um senhor pergun-tou a ele:

“E para onde vai, swami?”

“Para Tiruvanamalai”, respondeu.

“Eu também”, retrucou o senhor.

“Quê? Para Tiruvannamalai?”

“Não é bem isso”, respondeu o senhor. “Mas até a próxima estação.”

“Qual é a aproxima estação?”

“Tirokoilur.”

“Quê? Está me dizendo que este trem vai para Tiruvannamalai?”

“É um estranho passageiro!”, re-trucou o senhor. “Para onde você comprou a passagem?”

“Para Tindivam.”

“Ora veja! Não há nenhuma ne-cessidade de ir tão longe. Descemos em Villupuram e nos baldeamos para Tiruvannamalai e Tirokoilur.”

Tendo a Providência lhe dado a

Filosofia

• Estátua do jovem Ramana exposta no templo de Arayaninallur.

• A estação de trem de Tiruvannamalai, onde Ramana chegou em 1º de setembro.

• Casa para onde Ramana se mudou após a morte de seu pai.

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O Encontro agosto, 2012

04 Filosofia

informação desejada, Venkataraman imergiu uma vez mais em samadhi.

Ao pôr do sol, começou a sen-tir fome, gastou um aná em duas peras silvestres, mas, para sua sur-presa, a fome ficou saciada quase à primeira mordida. O jovem prosse-guiu num jubiloso estado de sonho com os olhos abertos até que o trem chegou a Villupuram às 3h da madrugada.

Ele permaneceu na estação até o romper do dia, depois saiu pela cidade à procura do caminho para Tiruvannamalai, decidido a fazer o resto do percurso a pé. Sentindo-se cansado e faminto depois da caminhada, encontrou um hotel e pediu comida. Foi informado pelo hoteleiro de que a comida só fica-ria pronta ao meio-dia. Sentou-se para esperar e caiu em meditação. Após tomar sua refeição, o rapaz deu dois anás em pagamento, mas o hoteleiro não aceitou o dinhei-ro, talvez impressionado com aquele jovem brâmane ali sentado à sua frente como um sadhu. O hotelei-ro informou a Venkataraman que Mambalapattu ficava no caminho de Tiruvannamalai, e o jovem resolveu voltar à estação de trem e comprar uma passagem para a primeira loca-lidade, que era o máximo que seus recursos permitiam.

Chegou a Mambalapattu à tarde do dia 30 de agosto e dali em diante pôs-se a caminhar. Ao cair da tarde havia percorrido 18km e alcançado o templo de Arayaninallur. A longa caminhada o havia cansa-do e ele sentou-se para repousar. Pouco depois, o templo foi aberto para a puja e Venkataraman pôde entrar. Sentado no saguão dos pila-res, ele percebeu uma luz brilhante iluminando todo o templo. Julgando tratar-se de uma emanação de uma imagem do Deus no santuário in-terno, foi olhar, mas descobriu que não era. Não era nenhuma luz física. O clarão desapareceu e ele sentou-se, de novo entregue à meditação.

Logo o cozinheiro perturbou-o dizendo que era hora de fechar o templo e que a puja havia termi-nado. O jovem aproximou-se, então, e indagou se havia algo que ele pudesse comer, mas disseram-lhe que não havia nada. Pediu a se-guir que lhe deixassem ficar ali até o amanhecer, mas também não foi atendido. Os pujares (adoradores) disseram que iriam fazer a puja em outro templo próximo dali, em Kilur, e que depois poderiam arranjar algo para o jovem comer. Venkataraman foi com eles. Tão logo entraram no templo de Kilur, ele se viu mais uma vez imerso em samadhi. A puja terminou por volta das 9h da noite e todos começaram a cear. Aparen-temente, mais uma vez, não haveria

nada para o jovem brâmane, mas o tamboreiro do templo, impressio-nado com a aparência e a conduta devota do rapaz, deu-lhe sua parte na refeição. Venkataraman desejou água para beber com a comida e encaminhou-se, carregando seu pra-to com arroz, até uma casa próxima onde lhe dariam de beber. Diante da casa, tropeçou e caiu desmaia-do ou adormecido. Alguns minutos mais tarde voltou a si e se depa-rou com uma pequena multidão a fitá-lo curiosamente. Bebeu a água, juntou o arroz que havia caído no chão e comeu, a seguir deitou-se ali mesmo e dormiu.

Na manhã seguinte, 31 de agos-to, era dia de nascimento de Sri Krishna, uma das datas mais aus-piciosas do calendário hindu. Tiru-vannamalai estava ainda a 32km de distância. Venkataraman caminhou

algum tempo, mas voltou a sentir-se cansado e com fome.

Como brâmane, usava, como era costume na época, brincos de ouro, no seu caso incrustado de rubis. O Jovem resolveu, então, se desfazer deles a fim de conseguir os fundos para terminar a viagem de trem.

Parou em uma casa, de um certo Muthukhrishnan Bhagavatar e pediu comida. A dona da casa deve ter ficado profundamente impressionada com a aparição de um jovem brâ-mane de belíssimas feições e olhos luzidios no dia do nascimento de Sri Krishna. Ela deu-lhe uma lauta refeição fria e embora o apetite do moço tivesse desaparecido ao pri-meiro bocado, permaneceu mater-nalmente ao seu lado, fazendo com que ele comesse até o fim.

Restava o problema dos brincos. Deveriam valer 20 rúpias, mas o jo-vem queria apenas o suficiente para terminar sua viagem. Para não le-vantar suspeitas, pretextou com Mu-thukhrishnan que estava em peregri-nação e havia perdido sua bagagem e, desta forma, necessitava de um empréstimo de quatro rúpias. Dei-xaria os brincos como garantia. Mu-thukhrishnan insistiu em dar-lhe seu endereço para que o jovem pudes-se um dia reaver seus brincos. Tão logo deixou a casa o jovem rasgou o endereço, pois não tinha a menor intenção de remir os brincos.

Descobrindo que o próximo trem para Tiruvannamalai só partiria na manhã seguinte, passou a noite na estação. Homem algum pode ter-minar sua jornada antes do tempo devido. Era manhã de 1º de setem-bro de 1896, três dias após haver deixado a casa da família, quando Venkataraman chegou à estação de Tiruvannamalai.... (continua na próxi-ma edição).

Trecho do livro Ramana Maharshi e o Ca-

minho do Autoconhecimento, de Arthur Os-

borne.

“Homem nenhum pode terminar sua jornada antes do tempo devido.”

O Encontroagosto, 2012

O caminho do discípulo

Note como “discípulo” tem a mesma raiz da palavra “disciplina”!

Discípulo é aquele que segue o Mestre. Mestre é aquele que indica o caminho da retidão, da perfeita ação e do encontro com a realidade eterna!

Não pode “nascer” o discípulo se no âmago do seu Ser não se instaura a disciplina!

No ashram de Bhagavan sempre houve (e há até os dias de hoje) um rigoroso cumprimento de nor-mas e procedimentos, que longe de serem uma imposição que violenta as atitudes, são o bom exercício da disciplina.

Tudo, absolutamente tudo, ao re-dor de Ramana estava envolto em um harmonioso ambiente de corre-ção (correta ação). A organização, a rotina e o ensinamento da doutri-

na estavam fixados por uma natural movimentação.

Os que ali viviam aprendiam com os exemplos do Mestre e pau-latinamente iam adquirindo hábitos saudáveis e disciplinados.

Desde os relógios (que nunca estavam atrasados) até a hora das refeições, das leituras e dos cânti-cos, as atividades do templo eram rigorosamente cumpridas sem que nenhum dos habitantes do lugar se sentissem constrangidos ou forçados a fazer o que quer que fosse.

A disciplina dos atos é o primei-ro ponto a ser tratado. Se o homem não é capaz de estabelecer critérios para se disciplinar e de se organizar, como poderá alçar vôos mais altos da disciplina mental e espiritual?

Um corpo que não consegue se manter quieto é o reflexo externo

do que vai na alma e no coração do homem.

Quantas vezes o silêncio lhe in-comodou? Quantas vezes você se sentiu inquieto por estar parado?

A sucessão de pensamentos de-senfreados faz com que a sensação da intranquilidade se aposse do ho-mem. Razão pela qual os exercícios de controle da mente devem ser diários. Não se pode impor um pa-drão de disciplina se não houver a real determinação do buscador. Como frear o turbilhão dos pensa-mentos, se você sequer tem contro-le sobre o seu corpo físico?

Quando você se senta diante de Bhagavan para receber a bên-ção através do Seu olhar, consegue manter-se quieto? Isto é um bom sinal de quanto ainda você não é capaz de se controlar e muito me-nos “mergulhar” na bem-aventuran-ça do instante.

Não se force, não se dilacere, não se imponha um rigor. Isto não é disciplina. Disciplina nasce do ho-mem. É conquistada pela vigilância e não pode ser grilhão a aprisionar. Disciplina é rigor, mas não é infle-xibilidade. Disciplina é controle, mas não significa amarras.

Disciplina é sensação agradável dos atos corretos. É caminhar pela seara do bom aprendiz. É conquistar libertação!

Se é seu o propósito de viver em harmonia e segundo os ensina-mentos dos Grandes Mestres, co-mece agora a observar por onde a sua indisciplina lhe laça. Olhe para esse oceano de bênçãos que são os olhos do Maharshi e neste primeiro passo em direção a sua disciplina, escute o silêncio a sua volta e an-garie dias de grande paz.

Filosofia

Por Daniel Soares

• Ramana costumava caminhar ao redor do monte Arunachala todos os dias, no mesmo horário.

05

picasaweb.google.com/109902181333097702741

O Encontro agosto, 2012

Dar voz a alguémDar voz a alguém que, de forma

indelével, marcou a vida daqueles com quem conviveu, seja por seu temperamento impulsivo, seja pela singular fé que demonstrava ou mes-mo pela inquebrantável vontade de viver coerente com suas crenças, não é tarefa fácil.

Poderia apresentar um currículo do tipo: Andrea de Deus dos San-tos Bomfim, que recebeu o nome espiritual de Estrela da Manhã, era professora e foi responsável espiri-tual pela casa, tendo inclusive sido presidente da instituição, quando se afastou para tratamento de um se-gundo câncer.

Porém, falar em nome de alguém que traz Deus até no nome batismal e que, mesmo diante da notícia da própria morte, optou por lutar por vida, pede mais que isso.

Por isso, em vez de relatar como ela conheceu a casa ou coisa do

gênero, vou contar um fato que eu acho que dará uma ideia de como ela viveu.

Certa feita, quando éramos muito jovens, Andrea me disse que morre-ria cedo e contou que um instrutor espiritual perguntou para ela como ela gostaria que fosse o seu resgate, pergunta que, impulsiva que era, ela respondeu rápida e denodadamente que queria resgatar o máximo pos-sível. Logo depois, com um sorriso, ela me contou que havia visto Da-niel e eu de cabelos brancos, numa comemoração da casa e que ele fa-lava dela na reunião. Na época não aquilatei o que isto significava, acho que sequer acreditei, afinal, éramos jovens e acreditávamos que “tudo era para sempre”. Bem, o fato é que, como tantas outras, esta visão dela se concretizou, o que me dá espe-rança de que uma outra também se realize.

Dias depois, ela me contou que

Nossa História

A Luz no Caminho - Associação Espiritualista | Rua Maxwell, 145 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ - CEP 20541-100 | (21) 2208 5196 | Horário de funcionamento (inclusive dias santos e feriados): segundas e quartas, das 14h30 às 20h30 - terças e quintas, das 14h30 às 21h00 - sábados, das 14h00 às 20h00 | Mais informações no site: www.aluznocaminho.org.br | Site da Casa de Ramana: www.casaderamana.org.br | Notícias da Casa: www.casaderamana.blogspot.com

O que falar de uma casa com luz própria e um amor tão grande? É a mesma coisa que sentir Ramana em nossos corações.

Quando iniciei na Comissão de Eventos, não imaginei que o traba-

Casa de Ramana

lho a ser feito seria tão valioso e grandioso para o meu crescimento.

Realizar a Festa Julina é um aprendizado enorme, pois necessita-mos de persistência, trabalho, união e amor a uma causa tão nobre que é auxiliar os idosos que vieram até nós para serem auxiliados e, tam-bém, para receberem o carinho e o amor de todos. Viemos nesta vida com a missão da solidariedade e da compaixão com o próximo. Ela é difícil? Sim, pois para realizarmos

essa tarefa temos que deixar de lado o nosso ego, o “hoje não pos-so” e o “não tenho tempo”. Quando recebemos essa missão de ajudar a quem precisa, é porque, em algum momento de existências anteriores, não realizamos isso da melhor ma-neira correta e recebemos uma nova oportunidade para repararmos isso. Portanto, amigos de jornada, vamos unir nossas forças para ajudar aos idosos auxiliados pela Casa de Ra-mana. Abrace essa causa você tam-bém. Conto com vocês!

tinham mostrado a ela uma fogueira, que ficava à frente de uma casa com um grande salão e que as pessoas de nossa “família” vinham para o redor desta fogueira, se reencontra-vam, se abraçavam (e acho até que se perdoavam) e que, quando todos lá estivéssemos, iríamos juntos entrar no salão para encontrar o Dono da Casa.

Entre as virtudes e defeitos de Andrea, um se destacava: a capaci-dade de captar através das palavras os sentimentos que inspiram a vida e a fé.

Por Sheila Ramos

Por Carlos Prallon

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Missão de solidariedade