o imortal · 2008-10-29 · com alguns apóstolos, no cami-nho de emaús e surge, no recinto...

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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 657 Novembro de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Os mortos vivem Morte é vida! Em novembro homenageamos aqueles que já partiram para o mundo espiritual, que são chama- dos de mortos. Na verdade, a mor- te não existe. O que existe é vida, porque ninguém morre. A morte é apenas uma mudança de endere- ço. Espiritismo para crianças, pág. 14 Na data de 2 de novembro, os cemitérios ficam abarrotados de pessoas que lá acorrem com o intuito de homenagear seus mor- tos. Muitos aproveitam o ensejo para decorar os túmulos, outros acendem velas e, felizmente, muitos também se lembram de dirigir seus pensamentos aos de- sencarnados pela oração. Em O Livro dos Espíritos, nas questões 320 a 329, a comemo- ração do chamado “Dia dos Mor- tos” é descrita, com muita pro- priedade e felicidade, pelos excelsos Benfeitores Espirituais. É digno de ressaltar, principal- mente, o ensino de que os Espíri- tos rememorados comparecem, acorrendo às necrópoles, atraídos pelos pensamentos dos seus ami- gos e parentes encarnados. Con- tudo, o ensinamento doutrinário destaca que a prece é que santifi- ca o ato da lembrança e “o res- peito que, em todos os tempos e entre todos os povos, o homem consagrou e consagra aos mortos é efeito da intuição natural que tem da vida futura”, isto é, de que os mortos vivem. O querido Mestre Jesus (foto) revelou-se no maior exemplo da certeza da vida após a vida. Ele mesmo atestou a imortalidade, revelando a morte da morte, con- tinuando a viver. Aparece a Ma- dalena, em pleno sepulcro, re- cém-materializado, ultra-eletriza- do, alertando-a para que não o tocasse, o que lhe acarretaria vi- goroso choque elétrico. Através, igualmente, do fenômeno medi- único da ectoplasmia, dialoga com alguns apóstolos, no cami- nho de Emaús e surge, no recinto fechado, compro- vando pela me- diunidade de efei- tos físicos a imor- talidade. Do mes- mo modo, não se nega ao intercâm- bio mediúnico, comunicando-se pessoalmente com o discípulo Tomé, inicial- mente incrédulo, negando o retorno do Cristo ao convívio com seus discípulos. O Cristo, na vida física, manteve contato com Espíritos desencarnados A materialização do Mestre, res- saltando a sobrevivência do ser, constituiu-se em pedra basilar do Cristianismo, conforme atesta Pau- lo, dizendo que “se não há ressur- reição de mortos, então Cristo não ressuscitou. E se o Cristo não res- suscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé” (1 Co. 15:14). O apósto- lo dos gentios enfatiza que os mor- tos ressuscitam em corpo espiritual (1 Co. 15:44) e brada, com grande convicção: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vi- tória? Onde está, ó morte, o teu agui- lhão? (1Co. 15:54-55). Jesus, reencarnado entre nós, dialogou com os chamados mor- tos. No chamado “Monte da Trans- figuração”, conversou com os Es- píritos Elias e Moisés, utilizando- se dos médiuns de efeitos físicos, Pedro, Tiago e João, os quais se encontravam doando a névoa ectoplásmica, responsável pelo processo mediúnico da materiali- zação – “Pedro e seus companhei- ros achavam-se premidos de sono” (Lc. 9:32). Somente a hipótese de estarem mediunizados explicaria o O querido Mestre Jesus revelou-se no maior exemplo da certeza da vida após a vida, porque Ele mesmo atestou a imortalidade, revelando a morte da morte, continuando a viver fato de estarem dormindo após a transfiguração do Mestre. O Cristo, na vida física, man- teve contato tam- bém com Espíri- tos desencarna- dos ignorantes, aparecendo os mesmos como surdos-mudos, legião, etc. O Mestre res- saltou a imortalidade, atestando que os mortos continuam vivos e cada vez mais vivos. Disse Jesus: “Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’. Ele não é Deus de mor- tos e, sim, de vivos” (Mt. 22:32). Estão vivos e bem acordados. A morte não existe, porquanto a vida continua após o decesso cor- poral. Se não houvesse vida fora do túmulo, não teria sentido a vida antes da morte. Os mortos vivem e têm consciência de suas individualidades O Espírito preexiste ao corpo de carne – “antes de nascer, eu já te conhecia...” (Jeremias 1:4) – e so- brevive além da sepultura, como provam inúmeras passagens bíblicas, a seguir enumeradas: 1) João, o discípulo amado, nos aler- ta: “... Não deis crédito a qualquer Espírito, antes, provai se procedem de Deus” (1 Jo. 4:1); 2) “Os Espíri- tos saíram do sepulcro e aparece- ram a muitos” (Mt. 27:53); 3) Quan- do foram ao túmulo, Maria Mada- lena e a outra Maria viram um Es- pírito, certamente materializado: “O seu aspecto era como um relâmpa- go, e a sua veste alva como a neve” (Mt. 28:3); 4) O ser espiritual de- nominado Gabriel (“Homem de Luz”) é descrito como varão pelo profeta Daniel (Dn. 9:21), não sen- do uma entidade criada à parte na criação, diferente das demais. In- clusive, uma entidade chamada Miguel apresenta-se como guer- reiro; 5) O apóstolo Pedro, seguro da existência da vida após a morte e da possibilidade da comunica- ção mediúnica, afirmou que “de- pois da sua morte, procuraria lem- brar a todos das coisas que pre- gou” (1 Pe. 1:15); 6) No Antigo Testamento há um relato de uma sessão mediúnica, na qual apare- ce o Espírito Samuel, deixando uma mensagem a Saul, através da pitonisa de En-Dor (1-Sm. 28:1); 7) Jó vê um ser espiritual, relatan- do o seguinte: “Um Espírito pas- sou por diante de mim, fez-me ar- repiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante dos meus olhos” (Jó 4:15-16); 8) No livro de Isaías, denominado de “Quinto Evangelista”, os mortos conversam nas “zonas purgatori- ais”, “sheol” ou “umbral”, surpre- sos por ver, na mesma situação de sofrimento, o famoso e poderoso rei da Babilônia (Is. 14:10); 9) Je- sus, morto na carne e liberto em Espírito, foi pregar, nessas mes- mas paragens inferiores, aos que se encontravam em atroz sofri- mento (“ prisão”) (1 Pe. 3:18-20). Os mortos vivem e têm cons- ciência de suas individualidades, havendo vida de relação no além. Que tenhamos a certeza de que, após o fenômeno da morte, con- tinua a vida. Dois astrônomos deixaram inscritos, em seus epi- táfios, a seguinte mensagem con- fortadora: “Amamos tão apaixo- nadamente as estrelas que não tememos a noite”. A Revue Spirite há 140 anos ... 15 Aiglon Fasolo ......................... 6 Celso Martins ....................... 11 Claudia Schmidt ................... 10 Cosme Massi em Londrina ... 16 Crônicas de Além-Mar ......... 12 De coração para coração ........ 4 Divaldo responde .................. 11 Editorial .................................. 2 Édo Mariani .......................... 13 Emmanuel ............................... 2 Entrevista: Gerson Luiz Tavares ........................ 8/9 Espiritismo para crianças ..... 14 Gerson Simões Monteiro ...... 10 Grandes Vultos do Espiritismo .. 7 Histórias que nos ensinam .... 13 Jane Martins Vilela ............... 13 Joanna de Ângelis ................... 2 José Viana Gonçalves ........... 12 O retorno de Jorge Rizzini ..... 3 Palestras, seminários e outros eventos ...................... 5 Wellington Balbo .................. 10 Ainda nesta edição AMÉRICO DOMINGOS NUNES FILHO [email protected] Do Rio de Janeiro A despedida de Rizzini Desencarnou no dia 17 de ou- tubro, aos 84 anos de idade, nosso confrade Jorge Rizzini, quando retornava ao Brasil procedente de uma viagem ao exterior. Seu cor- po foi sepultado no dia seguinte no cemitério Parque Morumbi, na ca- pital paulista. Pág. 3

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 657 Novembro de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Os mortos vivem Morteé vida!

Em novembro homenageamosaqueles que já partiram para omundo espiritual, que são chama-dos de mortos. Na verdade, a mor-te não existe. O que existe é vida,porque ninguém morre. A morte éapenas uma mudança de endere-ço. Espiritismo para crianças,pág. 14

Na data de 2 de novembro, oscemitérios ficam abarrotados depessoas que lá acorrem com ointuito de homenagear seus mor-tos. Muitos aproveitam o ensejopara decorar os túmulos, outrosacendem velas e, felizmente,muitos também se lembram dedirigir seus pensamentos aos de-sencarnados pela oração.

Em O Livro dos Espíritos, nasquestões 320 a 329, a comemo-ração do chamado “Dia dos Mor-tos” é descrita, com muita pro-priedade e felicidade, pelosexcelsos Benfeitores Espirituais.É digno de ressaltar, principal-mente, o ensino de que os Espíri-tos rememorados comparecem,acorrendo às necrópoles, atraídospelos pensamentos dos seus ami-gos e parentes encarnados. Con-tudo, o ensinamento doutrináriodestaca que a prece é que santifi-ca o ato da lembrança e “o res-peito que, em todos os tempos eentre todos os povos, o homemconsagrou e consagra aos mortosé efeito da intuição natural quetem da vida futura”, isto é, de queos mortos vivem.

O querido Mestre Jesus (foto)revelou-se no maior exemplo dacerteza da vida após a vida. Elemesmo atestou a imortalidade,revelando a morte da morte, con-tinuando a viver. Aparece a Ma-dalena, em pleno sepulcro, re-cém-materializado, ultra-eletriza-do, alertando-a para que não otocasse, o que lhe acarretaria vi-goroso choque elétrico. Através,igualmente, do fenômeno medi-único da ectoplasmia, dialogacom alguns apóstolos, no cami-

nho de Emaús esurge, no recintofechado, compro-vando pela me-diunidade de efei-tos físicos a imor-talidade. Do mes-mo modo, não senega ao intercâm-bio mediúnico,comunicando-sep e s s o a l m e n t ecom o discípuloTomé, inicial-mente incrédulo,negando o retorno do Cristo aoconvívio com seus discípulos.

O Cristo, na vida física,manteve contato com

Espíritos desencarnadosA materialização do Mestre, res-

saltando a sobrevivência do ser,constituiu-se em pedra basilar doCristianismo, conforme atesta Pau-lo, dizendo que “se não há ressur-reição de mortos, então Cristo nãoressuscitou. E se o Cristo não res-suscitou, é vã a nossa pregação e vãa vossa fé” (1 Co. 15:14). O apósto-lo dos gentios enfatiza que os mor-tos ressuscitam em corpo espiritual(1 Co. 15:44) e brada, com grandeconvicção: “Tragada foi a morte pelavitória. Onde está, ó morte, a tua vi-tória? Onde está, ó morte, o teu agui-lhão? (1Co. 15:54-55).

Jesus, reencarnado entre nós,dialogou com os chamados mor-tos. No chamado “Monte da Trans-figuração”, conversou com os Es-píritos Elias e Moisés, utilizando-se dos médiuns de efeitos físicos,Pedro, Tiago e João, os quais seencontravam doando a névoaectoplásmica, responsável peloprocesso mediúnico da materiali-zação – “Pedro e seus companhei-ros achavam-se premidos de sono”(Lc. 9:32). Somente a hipótese deestarem mediunizados explicaria o

O querido Mestre Jesus revelou-se no maior exemplo da certeza da vida após a vida,porque Ele mesmo atestou a imortalidade, revelando a morte da morte, continuando a viver

fato de estaremdormindo após atransfiguração doMestre.

O Cristo, navida física, man-teve contato tam-bém com Espíri-tos desencarna-dos ignorantes,aparecendo osmesmos comosurdos-mudos,legião, etc.

O Mestre res-saltou a imortalidade, atestandoque os mortos continuam vivos ecada vez mais vivos. Disse Jesus:“Quanto à ressurreição dos mortos,não tendes lido o que Deus vosdeclarou: ‘Eu sou o Deus deAbraão, o Deus de Isaque e o Deusde Jacó’. Ele não é Deus de mor-tos e, sim, de vivos” (Mt. 22:32).Estão vivos e bem acordados.

A morte não existe, porquantoa vida continua após o decesso cor-poral. Se não houvesse vida forado túmulo, não teria sentido a vidaantes da morte.

Os mortos vivem etêm consciência de

suas individualidadesO Espírito preexiste ao corpo de

carne – “antes de nascer, eu já teconhecia...” (Jeremias 1:4) – e so-brevive além da sepultura, comoprovam inúmeras passagensbíblicas, a seguir enumeradas: 1)João, o discípulo amado, nos aler-ta: “... Não deis crédito a qualquerEspírito, antes, provai se procedemde Deus” (1 Jo. 4:1); 2) “Os Espíri-tos saíram do sepulcro e aparece-ram a muitos” (Mt. 27:53); 3) Quan-do foram ao túmulo, Maria Mada-lena e a outra Maria viram um Es-pírito, certamente materializado: “Oseu aspecto era como um relâmpa-go, e a sua veste alva como a neve”

(Mt. 28:3); 4) O ser espiritual de-nominado Gabriel (“Homem deLuz”) é descrito como varão peloprofeta Daniel (Dn. 9:21), não sen-do uma entidade criada à parte nacriação, diferente das demais. In-clusive, uma entidade chamadaMiguel apresenta-se como guer-reiro; 5) O apóstolo Pedro, seguroda existência da vida após a mortee da possibilidade da comunica-ção mediúnica, afirmou que “de-pois da sua morte, procuraria lem-brar a todos das coisas que pre-gou” (1 Pe. 1:15); 6) No AntigoTestamento há um relato de umasessão mediúnica, na qual apare-ce o Espírito Samuel, deixandouma mensagem a Saul, através dapitonisa de En-Dor (1-Sm. 28:1);7) Jó vê um ser espiritual, relatan-do o seguinte: “Um Espírito pas-sou por diante de mim, fez-me ar-repiar os cabelos do meu corpo;parou ele, mas não lhe discerni aaparência; um vulto estava diantedos meus olhos” (Jó 4:15-16); 8)No livro de Isaías, denominado de“Quinto Evangelista”, os mortosconversam nas “zonas purgatori-ais”, “sheol” ou “umbral”, surpre-sos por ver, na mesma situação desofrimento, o famoso e poderosorei da Babilônia (Is. 14:10); 9) Je-sus, morto na carne e liberto emEspírito, foi pregar, nessas mes-mas paragens inferiores, aos quese encontravam em atroz sofri-mento (“prisão”) (1 Pe. 3:18-20).

Os mortos vivem e têm cons-ciência de suas individualidades,havendo vida de relação no além.Que tenhamos a certeza de que,após o fenômeno da morte, con-tinua a vida. Dois astrônomosdeixaram inscritos, em seus epi-táfios, a seguinte mensagem con-fortadora: “Amamos tão apaixo-nadamente as estrelas que nãotememos a noite”.

A Revue Spirite há 140 anos ... 15Aiglon Fasolo ......................... 6Celso Martins ....................... 11Claudia Schmidt ................... 10Cosme Massi em Londrina ... 16Crônicas de Além-Mar ......... 12De coração para coração ........ 4Divaldo responde .................. 11Editorial .................................. 2Édo Mariani .......................... 13Emmanuel ............................... 2Entrevista: GersonLuiz Tavares ........................ 8/9Espiritismo para crianças ..... 14Gerson Simões Monteiro ...... 10Grandes Vultos do Espiritismo .. 7Histórias que nos ensinam .... 13Jane Martins Vilela ............... 13Joanna de Ângelis ................... 2José Viana Gonçalves ........... 12O retorno de Jorge Rizzini ..... 3Palestras, semináriose outros eventos ...................... 5Wellington Balbo .................. 10

Ainda nestaedição

AMÉRICO DOMINGOSNUNES FILHO

[email protected] Rio de Janeiro

A despedidade RizziniDesencarnou no dia 17 de ou-

tubro, aos 84 anos de idade, nossoconfrade Jorge Rizzini, quandoretornava ao Brasil procedente deuma viagem ao exterior. Seu cor-po foi sepultado no dia seguinte nocemitério Parque Morumbi, na ca-pital paulista. Pág. 3

O IMORTALPÁGINA 2 NOVEMBRO/2008

EditorialEMMANUEL

Léon Denis foi muito criticado porconsiderar a dor uma necessidade para oprocesso evolutivo. Se a dor é ou nãonecessária à evolução do Espírito, nãosabemos. Mas ninguém discute que a doré um recurso importante para a evoluçãonum mundo de provas e expiações.

O mecanismo da dor é peculiar. Numprimeiro momento, parece reavivar osimpulsos egoístas: o homem com umador só se preocupa consigo mesmo e quertodas as atenções para si. Mas, num se-gundo momento, especialmente quandoa dor se torna mais aguda, pede-se ajuda.Antes, exigia-se ajuda, agora, como o atode pedir pressupõe um mínimo de hu-mildade, pede-se que alguém, por favor,traga um pouco de alívio.

Por isso Emmanuel diz que “oamor equilibra, a dor restaura”. A dordesperta a humildade e nos coloca emcondições de sermos ajudados espiri-tualmente. Não que os protetores es-pirituais estivessem negando os recur-sos de cura e alívio. Éramos nós quenão tínhamos condições vibratóriaspara perceber a ajuda. Nesse sentidoé que a for restaura o equilíbrio.

Num terceiro momento, compreen-demos a peculiaridade do mecanismo dador. Quando sofremos, e já passamospelos dois estágios precedentes, perce-bemos que não somos nós apenas quesofremos. Então reconhecemos que ou-

O amor se expressa como senti-mento que se expande, irradiando har-monia e paz, terminando por gerar ple-nitude e renovação íntima. Igualmen-te se manifesta através das necessida-des de intercâmbio afetivo, no qual osindivíduos se completam, permutan-do hormônios que relaxam o corpo edinamizam as fontes de inspiração daalma, impulsionando para o progres-so.

Sem ele, se entibiam as esperan-ças e deperece o objetivo existencialdo ser humano na Terra.

As grandes construções do pensa-mento sempre se alicerçam nas suasvariadas manifestações, concitando aoengrandecimento espiritual, arrebatan-do pelos ideais de dignificação huma-

A curiosidade, quando respeitável,é princípio da ciência, mas somenteprincípio. Sem trabalho perseverante,assemelhar-se-ia, decerto, ao primeiropasso de uma longa excursão, interrom-pida no limiar.

E observando-se que o progressoé obra de todos, é preciso que o seareiroda ação palmilhe a senda dos precur-sores para realizar o serviço que lhecompete.

Colombo descobre as terras doNovo Mundo, depois de anotar osapontamentos de Perestrelo.

Planté articula os acumuladores deeletricidade, sob a forma de energiaquímica, mas toma por base a pilha deVolta.

Marconi, para alcançar o telégrafosem fios, utiliza as experiências deBranly.

Pasteur demonstra definitivamen-te a origem microblana das doenças in-fecciosas, precedido, porém, por Da-vaine e outros.

Para tudo isso, no entanto, não seimobilizam em poltronas de sonho,nem param à frente de esboços. Lutame sofrem, gastando fósforo e tempo.

*Por outro lado, é imprescindível re-

conhecer que a curiosidade, ante o des-lumbramento, é qual semente de árvoredestinada a bons frutos, conservada,porém, sob uma campânula de vidro.

Imaginemos um índio, habituadoaos sons da inúbia e do boré, que aspi-rasse a conhecer melodias mais eleva-das.

A necessidade da dortros sofrem, e cada um de forma singu-lar. Mas não se trata simplesmente daconstatação do sofrimento alheio, por-que não é preciso sofrer para constatá-lo. É essa constatação acrescentada daexperiência do sofrimento, porque va-lorizamos a dor do outro e enxergamosa pessoa por trás dela. No entanto, pou-cos chegam a esse estágio, e muitos sãoos que permanecem no primeiro.

É preciso lembrar que nenhuma dorse estabelece sem que esteja de acordocom a justiça e a bondade de Deus. Alei de causa e efeito é que permite queo sofrimento seja deflagrado, mas a for-ma e a intensidade deste são moldadasno merecimento e na bondade divina.Assim, quando sobrevém a tribulação,é preciso reconheçamos que ela é umabênção, que talvez não possamos en-tender no momento, mas que o futurodesvelará como sendo o melhor remé-dio para os males da alma.

O cuidado com o corpo é, ao mes-mo tempo, um mal e uma virtude denosso tempo.

Um mal, quando nossa preocupa-ção com o bem-estar do corpo físicotorna-se uma obsessão e quando oscuidados do corpo têm por objetivo asatisfação das sensações.

É uma virtude quando sabemosque é preciso cuidar do corpo que nosfoi confiado, preservando ao máximo

a saúde para que aproveitemos mais opouco tempo de vida que os corpostêm em média.

Do ponto de vista materialista, é na-tural que a dor física seja temida e vistacomo uma infelicidade. O plano espiri-tual está povoado de espíritos cujos cor-pos fluídicos estão lesionados, o que écomprovado pelas comunicações recebi-das nas sessões mediúnicas. Manoel Phi-lomeno de Miranda afirma que, no fenô-meno da incorporação, são, de ordiná-rio, realizadas verdadeiras cirurgias pe-rispirituais nas entidades comunicantes.Por motivos ainda pouco compreendidos,esses espíritos ressentem-se das lesões,mesmo quando causadas por acidentes.É claro que o principal motivo de guar-darem as lesões no perispírito é o fato dea doença ter sua origem no próprio veí-culo perispiritual.

Aprendemos que os doentes espi-rituais, sejam encarnados ou não, sóconseguem ser ajudados quando des-locam sua atenção para a ajuda possí-vel dos protetores espirituais e, humil-demente, oram pelo seu restabeleci-mento. É a dor restaurando as forçascriadoras do ser e possibilitando queele se equilibre através do amor, quesó é possível quando haja humildade.

Desse modo, a dor é uma necessi-dade para todos aqueles que faliram eainda têm o que expiar e provar.

Um minuto com Joanna de Ângelisna e fomentando tanto o desenvolvi-mento intelectual como o moral.

Valioso veículo para que se per-petue a espécie, quando no intercursosexual, de que se faz o mais impor-tante componente, é a força dinâmicae indispensável para que a vida sealongue, etapa-a-etapa, ditosa e ple-na.

Nos outros reinos — animal e ve-getal — manifesta-se como instinto noprimeiro e fator de sincronia no segun-do, de alguma forma embriões da fu-tura conquista da evolução. Adorna abusca com a melodia da ternura e en-canta mediante a capacidade que pos-sui de envolvimento, sem agressão ouqualquer outro tipo de tormento. Soba sua inspiração as funções sexuais se

CuriosidadeApresentar-lhe, só por isso, uma

partitura de Beethoven seria o mesmoque propor a filosofia de Spinosa a umacriança de berço.

Antecedendo a conquista, é impe-rioso que a educação lhe administre osolfejo na iniciação musical.

*Não esperes, assim, que os Espíri-

tos Angélicos venham ferir-nos oaprendizado.

Quaisquer recursos demasiadotranscendentes, que nos trouxessem,serviriam apenas como fatores de en-cantamento inútil, à maneira de fogosde artifício, tumultuando a emoção dosmeninos necessitados da escola.

Da pedra ao micróbio, do micró-bio ao verme, do verme ao homem edo homem à estrela, o Universo é todoum conjunto de soberbos fenômenos,desafiando-nos o conhecimento e a in-terpretação.

Também, na mediunidade, nãoaguardes concessões de pechincha.

Há, nos reinos do espírito, leis eprincípios, novas revelações e novosmundos a conquistar.

Isso, entretanto, exige, antes detudo, paciência e trabalho, responsa-bilidade e entendimento, atenção esuor.

JOANNA DE ÂNGELIS, mento-ra espiritual de Divaldo P. Franco, éautora, entre outros livros, de Amor,imbatível amor, do qual foi extraídoo texto acima.

enobrecem e a sexualidade se mani-festa rica de valores sutis: um olharde carinho, um toque de afetividade,um abraço de calor, um beijo de inti-midade, uma carícia envolvente, umapalavra enriquecedora, um sorriso dedescontração, tornando-se veículo demanifestação da sua pujança, prepa-rando o campo para manifestaçõesmais profundas e responsáveis.

Como é verdade que o instintoreprodutor realiza o seu mister auto-maticamente, quando, no entanto, oamor intervém, a sensação se ergue aograu de emoção duradoura com todosos componentes fisiológicos, sem aselvageria da posse, do abandono e daexaustão. A harmonia e a satisfaçãode ambos os parceiros constituem oequilíbrio do sentimento que se es-praia e produz plenitude.

A libido, sob os seus impulsos,como força criadora, não produz tor-mento, não exige satisfação imedia-ta, irradiando-se, também, como vi-bração envolvente, imaterial, profun-damente psíquica e emocional. Quan-do o sexo se impõe sem o amor, a suapassagem é rápida, frustrante, insa-ciável...

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EMMANUEL, que foi o mentor es-piritual de Francisco Cândido Xavier ecoordenador da obra mediúnica do sau-doso médium mineiro, é autor, entreoutros livros, de Seara dos Médiuns,do qual foi extraído o texto acima.

O IMORTALNOVEMBRO/2008 PÁGINA 3

O paulistano Jorge ToledoRizzini (foto) viveu 84 anos. Nas-ceu em 25 de setembro de 1924e desencarnou em 17 de outubrode 2008. Costumava dizer aosamigos que queria morrer tran-qüilo, como um passarinho. E as-sim foi. No último dos enfartesque sofreu em uma viagem aé-rea que fez à Argentina, seria pre-ciso operá-lo, mas com a sua ida-de, sem dúvida, não suportaria.

Rizzini manifestava mediuni-dade de cura desde a infância. Aosdez anos, curava as dores da mãe,Cecília Toledo Rizzini. De famíliatradicionalmente espírita (a avó, ospais e os irmãos), o pai, JoaquimVicente de Andrade Rizzini, mé-dium vidente e de psicofonia, par-ticipou de atividades de um centroespírita no Rio de Janeiro.

Minutos antes da saída docorpo, no dia 18 de outubro, dolocal onde estava sendo velado,para o enterro, no cemitério Par-que Morumbi, na capital paulista,sua esposa, a pedagoga e escri-tora Iracema Sapucaia, agradeceua todos e disse que Rizzini ama-

ALTAMIRANDOCARNEIRO

[email protected] São Paulo, SP

va os amigos e que todos sabiam oquanto ele tinha lutado com amorpela Doutrina Espírita, deixando atodos o que tinha de mais marcante:a sinceridade e a coragem de dizero que falava o coração. “Sua gran-de lição: a luta”, acentuou IracemaSapucaia.

Rizzini e Iracema tiveram trêsfilhos: Maria Angélica – advogada,Ricardo – engenheiro e Eliana –bióloga. Família numerosa e uni-da, com netos e bisnetos.

Grande trabalhador da DoutrinaEspírita, Jorge Rizzini foi defensorda pureza doutrinária, dentro e forado movimento. Colocava a Doutri-na Espírita acima das instituições edos interesses puramente humanos.Na televisão, participou de polêmi-cas que repercutiram em todo o Bra-sil, quando defendeu os médiunsOtília Diogo, Francisco CândidoXavier, Waldo Vieira e José Pedrode Freitas – o Arigó, de quem tam-bém foi testemunha de defesa no se-gundo processo criminal.

Rizzini foi o primeirobiógrafo de Monteiro

Lobato e autor de Vidade Monteiro Lobato

Autor de várias obras não-dou-trinárias, recebeu em 1965 o PrêmioNarizinho, do Departamento de Cul-tura do Estado de São Paulo, pelapeça infantil Cidade Perdida e o Prê-mio Fábio Prado, em 1957, da UniãoBrasileira de Escritores, pelo livro decontos Beco dos Aflitos. Foi o pri-meiro biógrafo de Monteiro Lobatoe é o autor de Vida de MonteiroLobato. Fez parte da Comissão Mon-teiro Lobato, criada pela União Bra-sileira de Escritores para defender amemória do escritor.

Seu livro Eurípedes Barsanul-fo, o Apóstolo da Caridade, foitambém lançado pela União Espí-rita Francesa. Psicografou 44 poe-tas nacionais, portugueses e norte-americanos, em poemas que estão

O retorno de Jorge Rizzini

nos livros Sexo e Verdade, CastroAlves Fala à Terra e Antologia doMais Além, prefaciados por JoséHerculano Pires, biografado porRizzini no livro J. Herculano Pi-res – O Apóstolo de Kardec.

Presidiu em 1959 o Clube dosJornalistas Espíritas do Estado deSão Paulo; lançou nesse mesmoano Kardequinho, a primeira revis-ta infanto-juvenil espírita; Criouem 1961 a Filmoteca Allan Kar-dec, a primeira no movimento es-pírita; Filmou na França e nos Es-tados Unidos documentários sobreAllan Kardec e as Irmãs Fox; Re-gistrou com exclusividade as cirur-gias realizadas por Arigó e os tra-balhos mediúnicos de FranciscoCândido Xavier; criou e apresen-tou em 1966 o programa semanal,de uma hora, Em Busca da Verda-de, na TV Cultura de São Paulo.

Recebeu músicas de vários com-positores brasileiros e internacionais,gravadas nos LPs Compositores doAlém, volumes I, II e III, com can-ções que foram apresentadas em trêsFestivais de Música Mediúnica, comparticipações de cantores profissio-nais de renome, com acompanha-mentos da Orquestra Eldorado, Re-gional de Isaías e Seus Chorões e a

Banda da Política Militar do Estadode São Paulo, o primeiro apresenta-do no Teatro Municipal de São Pau-lo, o segundo no Palácio das Con-venções do Anhembi e o terceiro noGinásio do Ibirapuera.

Realizou o Festival da MúsicaMediúnica no Rio de Janeiro e emSão Paulo, sendo que resultou noCD Compositores do Além – Fes-tival de Músicas Mediúnicas, pro-duzido por Oceano Vieira de Melo.Seu Guia Espiritual e suamãe eram as pessoas queele esperava ver primeiroapós sua desencarnação

Jorge Rizzini fez palestras empaíses da América Latina e paíseseuropeus. Foi recebido por altas au-toridades mundiais e manteve cor-respondências com algumas delas.Podem ser encontradas referênciasa Rizzini nas revistas Oggi, Planètee Seleções do Reader’s Digest e noslivros Arigó – Surgeon of the RustyKnife, de John Fuller e no livro UriGeller, de Andrija Puharich.

Apresentamos uma relação dasobras de Jorge Rizzini: Beco dosAflitos (contos), O Sexo nas Prisões,Eurípedes Barsanulfo, o Apóstolo daCaridade (biografia), Escritores eFantasmas (documentário histórico),Materializações de Uberaba (docu-mentário), Kardec, Irmãs Fox e Ou-tros, O Regresso de Glória (contos),Caso Arigó (documentário), O Re-gresso de Glória (contos), Hercula-no Pires, o Apóstolo de Kardec. Li-teratura Infanto-Juvenil: Vida deMonteiro Lobato, Histórias de DonaSantinha (contos), Carlito e os Ho-mens da Caverna. Literatura Teatral:A Cidade Perdida, A Terceira Reve-lação, A Visita. Biografias Sonoras:A Vida Missionária de Allan Kardece A Vida Maravilhosa de Chico Xa-vier (textos teatralizados em umCD). Obras Psicografadas: Antolo-gia do Mais Além, Sexo e Verdade,Castro Alves Fala à Terra, Guerra

Defensor da pureza doutrinária do Espiritismo, Jorge Rizzini colocou aDoutrina Espírita acima das instituições e dos interesses puramente humanos

Junqueiro no Aquém e no Além.Músicas Mediúnicas: Composito-res do Além, volumes I, II e III,Marchas Mediúnicas, Melodias doAlém, Compositores do Além, pro-duzido por Oceano Vieira de Melo.

Jorge Rizzini falava-nos sem-pre de assuntos que ele estavareunindo para serem publicadosem um livro, cujo título seria AVerdade sem Véu. Entre os seuspapéis, encontram-se, certamen-te, documentos valiosos, frutosde uma vida plena de realizações.

“Tudo passa”; “tudo é ilu-são”; “os tempos são chegados”,repetia nas conversas com osamigos, certo da transitoriedadeda vida material e convicto deque é preciso que o Ser Humanoaproveite ao máximo o tempodisponível, num trabalho que ele-ve cada vez mais o seu Espírito.

Numa entrevista para a jorna-lista Ana Carolina Coutinho, estaperguntou a Rizzini o que ele es-perava encontrar, de imediato,após a sua desencarnação. “Omeu Guia Espiritual e a minhamãe”, respondeu. Sem dúvida, osEspíritos amigos estão em festa,pelo retorno de quem tanto reali-zou, na divulgação dos ensina-mentos de Allan Kardec.

Jorge Rizzini

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O IMORTALPÁGINA 4 NOVEMBRO/2008

De coração para coração

Chegou-me ao conhecimento, viae-mail, a seguinte mensagem que omédium Robson Pinheiro teria rece-bido psicograficamente do Espírito deMaria Modesto Cravo:

“Meus irmãos, companheiros deEspiritismo, Deus abençoe nossos co-rações e nossas tarefas.

O movimento espírita é a repre-sentação do esforço do Plano Maiorpara a unificação do nosso povo anteos ideais inspirados pelo Alto. No en-tanto, percebemos que, nesse esforçode unificar o pensamento em torno deAllan Kardec, muitos irmãos nossostraduzem união por fusão de idéias.

É preciso compreender que AllanKardec não deixou regras para se fa-zerem Espiritismo, reuniões mediúni-cas ou se realizarem passes. O mestreHippolyte Léon, dentro de suas obser-vações lúcidas, estabeleceu as bases,os pilares irremovíveis: Deus, imor-talidade da alma, reencarnação, me-diunidade.

Na prática, houve orientações,com um respeito pela diversidade decada povo, pela forma de cada centro,sem que as pessoas tenham de se fun-dir diante de uma cartilha.

O Espiritismo é liberdade, respon-sabilidade e trabalho incessante, coma compreensão das diferenças. A uniãodeve ser a base da unificação, semnenhuma pretensão de superioridadepara com aqueles que escolhem umcaminho diferente dos nossos. Espiri-tismo é inclusão, sem nenhuma atitu-de excludente por parte dos que se jul-gam no caminho unificado.

É preciso, antes de tudo, cativaras pessoas, tornar-nos e torná-las ami-gos, a fim de, mais tarde, ganharmosum irmão ou um parceiro nos ideais.

Não há movimentos oficiais oumovimentos paralelos. O que existe éo grande movimento de fraternidadedo qual todos fazem parte, conservan-do cada um a sua liberdade de inter-pretação e atitudes e a pluralidade quetem como base a fidelidade ao pensa-mento de Allan Kardec.

Em momento algum Kardec esta-beleceu o conceito de pureza doutri-nária. Ele falou e escreveu a respeito

da fidelidade doutrinária. O estabele-cimento de uma pretensa “pureza” jádetermina a exclusão daqueles quepensam e interpretam a verdade deforma diferente. A exclusão já estáimplícita nesse conceito, já que são oshomens que determinam o que é“puro” ou não.

É preciso compreender: nós, osseguidores do pensamento espírita,devemos primar pela união do pensa-mento em torno da doutrina, e não emtorno da interpretação doutrinária.União não é fusão.

Podemos ser e estar unidos semque estabeleçamos regras de condutapara o outro seguir. Também não pre-cisamos excluir aqueles que não pen-sam como nós. O projeto do Alto éconseguir a unificação, e não a padro-nização.

Unir sem perder as características.Unir conservando o direito de pensardiferente. Unir sem perder a individu-alidade. Unir, respeitando a pluralida-de. Unir sem nos transformarmos emmáquinas humanas.

A união pressupõe respeito ao ou-tro, sem que ele, o indivíduo ou o cen-tro, seja marginalizado.

O pensamento de oficializar oconceito de “pureza” é o mesmo queno passado gerou o regime de Hitler,as fogueiras da Inquisição ou as di-versas perseguições ao longo da his-tória. Essa forma de pensar foi a res-ponsável pelo estabelecimento doIndex Proibitorium — ou a relação delivros “proibidos” pela Igreja porqueo seu conteúdo não respeitava as “nor-mas” preestabelecidas por aqueles quese consideravam puros.

O trabalho de unificar é algo quetranscende a forma; a interpretação éaprofundada até as entranhas da almado centro espírita e do indivíduo. Uni-ficar é algo mais interior do que inter-pretativo, sem as proibições e sem ospreconceitos tão característicos dosmovimentos humanos.

É preciso urgentemente compre-ender a forma de o Codificador pen-sar, a fim de que não extrapolemos emnossas observações e exigências. Ob-servamos que Allan Kardec muitas

vezes discordava de seus opositoresno campo das idéias, respeitando eamando profundamente a pessoa.

Por outro lado, vemos com lamen-to que em nosso movimento, quandoalguém expõe algum pensamento di-ferente, inovador ou que vá de encon-tro com o que dizemos ser a verdade,a pessoa é excluída e o combate se faz,não às idéias, mas ao indivíduo, quepassa a sofrer a perseguição como seele fosse um inimigo público da pre-tensa “pureza doutrinária”, simples-mente porque resolveu pensar por sipróprio, de forma diferente.

Precisamos rever urgentemente anossa forma de agir e de comportarem relação àqueles que não comun-gam com os mesmos ideais. Aprenda-mos com Jesus, com Allan Kardec, arespeitar as diferenças, a pluralidadede pensamento e o direito de se pen-sar e agir por si mesmo, fora das re-gras estabelecidas pela ignorância eprepotência humana.”

* Em face do texto acima, devo

confessar com absoluta sinceridadeque toda vez que alguém, encarnadoou desencarnado, faz reparos aos quepropõem fidelidade ao métodokardequiano, isso me deixa profunda-mente preocupado. Ser bom, fraternoou amigo não é algo incompatível como respeito aos pontos que definem ométodo utilizado por Kardec nem coma conhecida recomendação de Erasto,que disse ser preferível, na análise deuma comunicação, rejeitar dez verda-des a aceitar uma única falsidade.

Algumas lições deveriam estarsempre à frente dos médiuns que de-sejam publicar os textos que lhes che-gam por via mediúnica:

“É preciso discernir as comunica-ções autênticas daquelas que não osão. ‘Na dúvida, abstém-te’, diz umprovérbio conhecido. Não admitaisportanto senão o que é para vós de umaevidência certa. O que a razão e obom-senso desaprovam, rejeitai cora-josamente: mais vale repelir dez ver-dades do que admitir uma única men-tira, uma única teoria falsa.” (O Livrodos Médiuns, item 230.)

“A melhor garantia de que um prin-cípio é a expressão da verdade é quandoele é ensinado e revelado por diferentesEspíritos, por médiuns estranhos uns aosoutros e em diferentes lugares, quando,além do mais, é confirmado pela razão esancionado pela adesão do maior núme-ro. Somente a verdade pode dar raízes auma doutrina; um sistema errôneo bempode recrutar alguns aderentes, mas,como lhe falta a primeira condição de vi-talidade, não tem mais que uma existên-cia efêmera; eis por que não há do que seinquietar dele: ele se mata por seus pró-prios erros e cairá inevitavelmente dian-te da arma possante da lógica.” (L.M.,cap. XXXI, item XXVIII.)

“A uniformidade na doutrina, quera sociedade seja una, ou fracionada,será a conseqüência natural da unida-de de base que os grupos adotarem.Ela será completa em todos os queseguirem a linha traçada pelo Livrodos Espíritos e pelo Livro dos Mé-diuns.” (Revista Espírita de 1861, p.391) (N.R.: Não existiam na época osdemais livros que compõem o chama-do pentateuco kardequiano.)

“O controle universal é uma ga-rantia para a futura unidade do Espi-ritismo e anulará todas as teorias con-traditórias. É aí que, no futuro, seráprocurado o critério da verdade e é o

Mais vale repelir dez verdades...ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

O Espiritismo respondeWalter, de Guarulhos (SP), diz

que ao ler o Evangelho segundo oEspiritismo, cap. IV, item 14, depa-rou com esta citação: “Job XIV:10-14”. E nos pergunta: Quem é Job?,acrescentando que não encontrou talnome na Bíblia.

O livro de Job é o vigésimo títu-lo do Antigo Testamento, conformelemos na edição da Bíblia comemo-rativa do IV Centenário da cidade doRio de Janeiro, publicada pela edito-ra Livros do Brasil S.A., conformetradução feita pelo padre Antonio Pe-reira de Figueiredo, vol. I, pág. VIII.

O livro de Job, que faz parte dovol. II, págs. 110 e seguintes, ini-cia-se assim: “Havia um varão na

terra de Hus, por nome Job, e era esteum varão sincero e reto, e que temiaa Deus, e se retirava do mal”. Na edi-ção da Bíblia Sagrada, publicada porEdições Paulinas, tradução de IvoStorniolo e Euclides MartinsBalancin, os tradutores optaram pelonome Jó, em vez de Job, por sinalmais conhecido e usado pelas pes-soas. Quem jamais ouviu a frase“paciência de Jó”?

Resumindo, Job e Jó são umaúnica pessoa e podemos usar a ver-são que preferirmos, cientes, no en-tanto, de que Figueiredo, o tradutorque optou por Job, integra a lista dosautores considerados clássicos dalíngua portuguesa.

que fez o sucesso da doutrina formu-lada no Livro dos Espíritos e no Livrodos Médiuns, visto que por toda a par-te cada um pode receber dos Espíri-tos, diretamente, a confirmação do queeles encerram.” (Revista Espírita de1864, p. 102.)

“A força do Espiritismo não resi-de na opinião de um homem ou de umEspírito, mas na universalidade doensino dado por estes últimos. O con-trole universal, como o sufrágio uni-versal, resolverá no futuro todas asquestões litigiosas e fundará a unida-de da doutrina muito melhor que umconcílio de homens.” (Revista Espíri-ta de 1864, pp. 140 a 145.)

Há médiuns que publicam tudoque recebem sem exame nenhum e fi-cam magoados quando alguém indicaos pontos duvidosos constantes deseus textos psicografados.

Ninguém, em nosso meio, foi maisrigoroso na crítica do que HerculanoPires, e no entanto Chico Xavier con-siderou-o o “metro que melhor mediuKardec”.

Por sinal, todas essas confusões denatureza mediúnica começaram exa-tamente no semestre seguinte à desen-carnação de Chico Xavier, quando,infelizmente, Herculano também jánão se encontrava entre nós.

O IMORTALNOVEMBRO/2008 PÁGINA 5

Palestras, seminários e outros eventosforma e Autoconhecimento –GERA.

Cambé – Todas as quartas-feiras,às 20h30, o Centro Espírita AllanKardec promove seu ciclo de pa-lestras, com palestrantes especial-mente convidados.

Campo Mourão – A equipe doDepartamento e Infância e Juven-tude (DIJ) realiza no dia 8 de no-vembro o seminário “Pais e Evan-gelização – Desafio de Urgência”.O evento será realizado SociedadeEspírita Meimei, localizada na RuaComendador Norberto Marcondes,28, das 14h às 18h.

Foz do Iguaçu – Um semináriocom o tema “O Trabalhador e aCasa Espírita” com o objetivo dediscutir o conhecimento da Dou-trina Espírita, será realizado no dia8 de novembro, das 14h30 às18h30. O evento, que será coorde-nado pelo membro da coordenado-ria do Estudo da Doutrina Espíritada FEP, Celso Nunes Benedito,ocorre no Centro Espírita Paz,Amor e Caridade (CEPAC), loca-lizado na Rua Quintino Bocaiúva,1.156.

Francisco Beltrão – Membros doDepartamento de Infância e Juven-tude (DIJ) organizam para o dia 8de novembro o seminário “O Es-tudo da Doutrina Espírita e Juven-tude”, que será realizado no Cen-tro Espírita Mensageiros da Paz. Oevento acontece das 14h30 às18h30, na Rua Antônio CarneiroNetto, 1.212, Bairro Nossa Senho-ra Aparecida.

Maringá – O Departamento deInfância e Juventude (DIJ) reali-za no dia 8 de novembro o semi-nário “O Estudo da Doutrina Es-pírita e a Juventude”. O eventoacontece na Associação Espíritade Maringá, localizada na Aveni-da Paissandu, 1.156, das 14h às18h. Serão abordados aspectossobre a forma de estudar as Obras

Eventos no ParanáCuritiba – Aconteceu no dia 26 deoutubro, no Teatro da FEP, (Ala-meda Cabral, 300), o 4º Seminá-rio sobre o Sesquicentenário daRevista Espírita: 1858 – 2008, mi-nistrado por Cosme Massi.- O setor de artes da FederaçãoEspírita do Paraná (FEP), estarápromovendo em novembro mês aapresentação do grupo de teatroamador INTEGRARTE, que apre-senta a peça “O Mistério da Man-são de Winston”. As sessões serãorealizadas no Teatro da FEP (Ala-meda Cabral, 300) e se iniciarãono dia 1º. As próximas apresenta-ções acontecerão no dia 2, às 18h;no dia 15, às 20h, e no dia 16, às18h. A entrada é franca.

- Será realizado no dia 8 de novem-bro, das 17h às 21h, o seminário“Mediunidade em suas Bases Dou-trinárias – Fraternidade em Ação”,sob coordenação do coordenadordo setor de Mediunidade da FEP,Daniel Dallagnol. O seminárioacontece no Centro de EstudosEspíritas Fraternidade, localizadona Rua Adalberto Scherer, 280, etem como o objetivo reunir traba-lhadores da Casa Espírita e parti-cipantes de Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita (ESDE).

Londrina – Realiza-se no dia 2 denovembro, às 17h, na residência deMarlene e José Diniz Saraiva, maisuma reunião do Círculo de LeituraAnita Borela de Oliveira, quandoserá concluído o estudo do livro “Osilêncio dos domingos”, de LygiaBarbiere Amaral.– No dia 16 de novembro, às 17h,na residência de Eunice de Olivei-ra Cazetta, realiza-se mais umareunião do Grupo Espírita pró-Re-

básicas na juventude.

Ponta Grossa – A equipe do De-partamento de Infância e Juventu-de (DIJ) da FEP promove no dia 9de novembro o seminário “O Estu-do da Doutrina Espírita e a Juven-tude”. O evento acontece das 14h30às 18h30, na Sociedade EspíritaFrancisco de Assis de Amparo aosNecessitados, localizado na RuaSantos Dumont, 620, centro, e devereunir coordenadores de JuventudesEspíritas e participantes de gruposde estudo nas Casas Espíritas quedesejam abraçar a tarefa.- Também no dia 9, será realizadona cidade de Ponta Grossa o semi-nário “Atendimento Espiritual àLuz dos Ensinamentos de Jesus”,sob coordenação de Maria da Gra-ça Rozetti e Valdecir José Rozetti.O evento acontecerá na SociedadeEspírita Francisco de Assis deAmparo aos Necessitados, RuaSantos Dumont, 620 – Centro, das14h30 às 18h30 e deve reunir co-laboradores do Centro Espírita,participantes de grupos de estudose freqüentadores.

Umuarama – Acontece no dia 22de novembro o seminário “O Es-tudo da Doutrina Espírita e a Ju-ventude”, sob coordenação daequipe do DIJ. O evento será rea-lizado no Centro Espírita AllanKardec, localizado na Rua Bahia,4.308, das 14h às 18h.

Eventos em outrasregiões do Brasil

Brasília – O Conselho Espírita In-ternacional tem ampliado a difusãoda “Revista Espírita”, desde a par-ceria estabelecida com a União Es-pírita Francesa e Francofônica.Além da tradicional edição em fran-cês, o CEI tem editado a RevistaEspírita em espanhol e inglês, e dis-ponibilizado pela internet, algumasedições em esperanto e em russo.Informações: www.spiritist.org,[email protected]– Nos dias 7, 8 e 9 de novembroocorre a Reunião Ordinária do

Conselho Federativo Nacional daFederação Espírita Brasileira –CFN. O CFN é presidido pelo pre-sidente da FEB, Nestor Masotti, econta com a representação das En-tidades Federativas de todos osEstados e do Distrito Federal.Mais informações pelo e-mail:[email protected]

São Paulo – A Federação Espíritado Estado de São Paulo e a Compa-nhia Operários do Palco apresentamas peças Allan Kardec – O Cientis-ta do Invisível, aos sábados, sem-pre as 19 horas e O Amor jamais teEsquece, às 18 horas. Estas ence-nações fazem parte da Festa de RuaTípica Francesa promovida pelaFEESP. Mais informações no sitehttp://www.feesp.com.br/

Salvador – Realiza-se de 7 a 9 denovembro o XIII Congresso Espí-rita da Bahia e o Fórum Baiano daJuventude, no Centro de Conven-ções da Bahia, em Salvador. Entreos palestrantes estão Divaldo Fran-co (na abertura), Jason de Camargo(ex-presidente da Federação Espí-rita Gaúcha), César Reis (diretor daCapemi), Dalva Silva Souza (pre-sidente da Federação Espírita doEspírito Santo) e a médium e ex-positora mineira Suely CaldasSchubert. Informações e inscri-ções: (71) 3351-32220, 3359-3323ou no site www.feeb.org.br.

Rio de Janeiro – Para quem curteespiritismo e teatro, tem a chancede ver os dois quesitos reunidos napeça “E a vida continua..”. Psico-grafado por Chico Xavier pelo es-pírito André Luiz, adaptação deCyrano Rosalém e direção de Re-nato Prieto, a peça conta a históriade duas pessoas Ernesto Fantini eEvelina Serpa que têm algo emcomum: ambos padecem de doen-ças terríveis e vão desencarnar qua-se que simultaneamente. O elencoé formado por Renato Prieto,Cyrano Rosalém, Priscila Danny,Sylvia de Silva, Patrick Dadalto,Adriana Mattos, Luciano Cazz,

Vânia Veiga e Alexandre Wacker.Em cartaz no Teatro Princesa Isa-bel, na Avenida Princesa Isabel, nº186, Copacabana. As apresenta-ções acontecem de sexta a domin-go as 19h30. Informações pelo te-lefone (21) 2275-3346– A Rádio Rio de Janeiro (1400 AM/ www.radioriodejaneiro.am.br) che-gou a atingir o segundo lugar em au-diência em 2008. Segundo a Asses-soria de Relações Públicas a audi-ência da Rádio Rio de Janeiro (RRJ)vem demonstrando números consis-tentes, como resultado de investi-mentos da atual administração daordem de mais de meio milhão dereais. Contato com a Assessoria deRelações Públicas da Rádio Rio deJaneiro pelo telefone/Fax (21) 3386-1400 ou pelo e-mail: [email protected].

Porto Alegre – A peça GetúlioVargas em dois mundos inicia suatemporada no Rio Grande do Sul.A peça baseia-se no livro de mes-mo nome, ditado pelo Espírito Eçade Queirós à médium WandaCanutti, que já se encontra em sua18ª edição (Editora EME). Comgrande elenco e Claus Di Paula nopapel principal, Getúlio Vargas emDois Mundos é um espetáculoinstigante que convida o público arefletir sobre a imortalidade e ainutilidade do suicídio. Informa-ções e Reservas: (11) 91737955com Lurimar – Produtora.

Florianópolis – O CRE-15 estáorganizando o Encontro da Famí-lia Espírita nos dias 15 e 16 denovembro. O evento contará coma participação do Dr. AlbertoAlmeida – médico homeopata deBelém do Pará. A programaçãoprevista é 15/11 – 14h às 18h –Seminário: Aprendendo a lidarcom as Emoções; 20h – Palestra:Sexo, Amor e Paixão; 16/11 – 9hàs 12h – Seminário: Aprendendoa lidar com as Emoções. Todas asatividades serão realizadas no Pisotérreo do estacionamento do FarolShopping e a entrada é franca.

A peça acima é a atração doTeatro da FEP neste mês

O IMORTALPÁGINA 6 NOVEMBRO/2008

Deus deseja prevenir o mal,mas não é capaz? Então não é oni-potente. É capaz, mas não deseja?Então é malevolente. É capaz edeseja? Então por que o mal exis-te? Não é capaz e nem deseja?Então por que lhe chamamosDeus? (Epicuro, Fragmentos.)

Essência de Deus:1) Atributos de Deus – Das pro-

vas da existência de Deus imedia-tamente resultam, se lhes aprofun-darmos o sentido, luzes sobre aessência divina. Deus deve, porconseqüência ser ens a se, ser oprincípio primeiro de que tudo de-pende, incriado e eterno, absolu-tamente necessário e perfeito e umespírito vivo. E o ser Deus forço-samente único concluí-se do con-ceito dele procedente, da prova dasua existência (Suma Theologica.I, 13, 3 e 4).

2) Deus é ipsum esse – O atri-buto que Tomás predica de prefe-rência, da natureza divina, é queDeus é ipsum esse subsistens. “Aessência de Deus não é senão o seuser” (De ente et ens. 6). “Em Deuso ser é propriamente a sua essên-cia” (In I Sent. 8, 1, 1). Por issomesmo a Escritura diz, de Deus:Eu sou o que sou. O ipsum essenão se confunde, como o estabele-ce o De ente et ens., com o ensuniversal. O ser universal por ex-celência é o mais vazio e o maispobre que se pode conceber; iden-

tifica-se com o conceito puramen-te formal de um mero quid. Ora,Deus é a plenitude do ser, a expres-são, absoluta de toda perfeição; tãoinfinito que nada mais se lhe podeacrescentar. Conceber Deus comoo ser, no sentido de plenitude, éclaro neoplatonismo. A melhormanifestação deste conceito estána S. Th. I, 4, 1 ad 3. Aí diz Tomásque o ipsum esse é, primeiro, aactualitas omnium rerum, portan-to a força de todas as forças, vidade todas as vidas, existência de to-das as existências — o que tudo épuro aristotelismo. Mas além dis-so, é actualitas omnium formannu;portanto, a forma das formas que,com todas as suas diversidades,coincidem nele, o ser infinito (S.th. I, 4, 2); e isto é filosofia platô-nica. Como para Aristóteles tododinamismo supõe um ser informa-do e, para Platão, todas as Idéiassão dotadas de uma força ativa e,por isso, para Aristóteles a formapode ser multipla, esta síntese nãosomente não implica nenhumacontradição, mas é antes uma ge-nial fusão das últimas intençõesdos dois grandes gregos.

3) Predicação conceitual deDeus – Tomás dá-se bem conta dosentido em que os nossos concei-tos se predicam de Deus quando,com eles, queremos descrever-lheos atributos e a natureza.

4) Negação e sublimação – Deacordo com a tradição patrística,Tomás ensina que, de Deus, pode-mos dizer antes o que ele não é queo que é (via negationis). E quandolhe fazemos alguma atribuição po-sitiva, nossos conceitos assumemsempre, relativamente a Deus, umsentido transcendente (via eminen-tiae). Mas não se trata aqui de umaascensão gradual, p. ex., dos con-ceitos de bondade, espírito, vida ouser, como se as noções de bonda-de, espírito, vida e ser significas-sem o mesmo essencialmente, na

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

criatura e em Deus. Pois seria issouma predicação unívoca, colocan-do no fundo sob a mesma denomi-nação o divino e o terreno e, as-sim, dando entrada ao panteísmo.Também não poderíamos, claro,incluir nessas predicações um sen-tido conceptual inteiramente dife-rente (predicação equivoca) porqueentão nada poderíamos saber deDeus (agnosticismo). Por onde,devemos dar aos nossos conceitosuma acepção unívoca, i. é.. uniridentidade e diversidade.

5) Conhecimento análogo deDeus – Assim, apesar de toda di-versidade, há contudo entre Deuse o mundo algo de comum, comobem o viu Platão com a sua idéiada participação, querendo com issodizer que tudo o existente o é emvirtude da Idéia, embora não con-siga igualá-la. Mas o ser inferior àIdéia só pela Idéia existe, nele pre-sente; dela tudo participa e por elatudo recebe a sua denominação..Quando Tomás ensina (S. c. g. I,34 e muitos outros lugares) quetodo ser originariamente se realizaem Deus (no modus essendi) e sóno modus cognoscendi Deus podeser nomeado conforme nomeamosas cousas do nosso mundo, isto nãoé mais do que a doutrina pela quala Idéia é o ser no sentido próprio,ao passo que as cousas criadas sóparticipativamente possuem o ser.

Deus e o mundo:1) Da concepção de Deus como

sendo o ipsum esse, no sentido daatualidade absoluta, se deduzem osseguintes princípios fundamentaispara uma metafísica do mundo.

2) Criação do nada – Se Deusé actus purus e, como tal, causauniversal, o mundo deve ter sidocriado do nada; do contrário, exis-tiria algo fora de Deus, talvez umamatéria eterna e, portanto, já Deusnão seria causa universal (S. Th.I,- 1 e 2). (Continua no próximonúmero.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 33)

O IMORTALNOVEMBRO/2008 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Vicente de Paulo, expoente da Codificação

São Vicente de Paulo nasceuem uma terça-feira, dia 24 de abrilde 1581, na aldeia Pouy, sul daFrança. Vicente foi batizado nomesmo dia de seu nascimento. Erao terceiro filho do casal João dePaulo e Bertranda de Moras, cam-poneses profundamente católicos.Seus seis filhos receberam o ensi-no religioso em casa através deBertranda. A família possuía terrase um rebanho de vacas, ovelhas eporcos. Vicente era encarregado delevar o rebanho a pastar e seu olharse perdia na contemplação da na-tureza. Cedo, nele se manifestarama inteligência aguda, o olhar obser-vador, o espírito vivo, o coraçãogeneroso e a sincera devoção a Ma-ria, o que motivou seus pais aencaminhá-lo aos estudos eclesiás-ticos, findos os quais Vicente, aos19 anos, ordenou-se sacerdote.

Ele fez seus primeiros estudosem Dax, onde, após quatro anos,tornou-se professor. No ano de 1604recebeu o título de bacharel, pelaUniversidade. Isto lhe permitiu con-cluir os estudos de teologia na Uni-versidade de Toulouse. Logo que foiordenado sacerdote, em 23 de se-tembro de 1600, ele passou pela pri-meira provação: uma viúva que gos-tava de ouvir suas pregações, cien-te de que ele era pobre, deixou-lheuma herança – uma pequena pro-priedade e determinada importân-cia em dinheiro, que estava com umcomerciante em Marselha.

Ele foi até Marselha, contudo,no retorno dessa viagem, em 1605,o navio em que se encontrava foiatacado por piratas turcos. Vicentesobreviveu ao ataque, mas foi feitoprisioneiro. Os turcos o conduzirama Túnis, onde foi vendido como es-

cravo. Ele foi inicialmente vendido aum pescador, depois a um químico.Com a morte deste, passou para osobrinho do químico, que o vendeupara um fazendeiro que fora antescatólico, mas, com medo da escravi-dão, adotara a religião muçulmana.

O fazendeiro tinha três esposas:uma era turca, a qual, ao ouvir oscânticos do jovem escravo, sensibili-zou-se e quis saber o significado doque ele cantava. Ciente da história, elacensurou o marido por ter abandona-do uma religião tão bonita. O fazen-deiro arrependeu-se e propôs a Vicen-te uma fuga para a França, fato que sóocorreu dez meses depois, já em 1607.

Em uma pequena embarcação, elesatravessaram o Mar Mediterrâneo econseguiram chegar à costa francesa,onde encontraram o vice-legado doPapa. Vicente voltou, então, à condi-ção de padre e o renegado, após abjurarsua crença no Islã, voltou para o seioda Igreja Católica. Vicente e o rene-gado ficaram vivendo por algum tem-po com o vice-legado. Durante sua es-tada na cidade, ele pôde freqüentar aUniversidade, formando-se em Direi-to Canônico. O fazendeiro, o ex-rene-gado, foi admitido em um mosteiro,tornando-se monge.

Em determinada ocasião o Papaprecisou mandar um documento sigi-loso para o rei Henrique IV da Françae Pe. Vicente foi escolhido como men-sageiro. O rei Henrique IV nomeou-ocapelão da rainha Margarida de Valois,a rainha Margot. Em sua função de ca-pelão ele distribuía esmolas aos pobrese fazia visitas aos enfermos do hospi-tal de caridade, em nome da rainha.Depois do assassinato de Henrique IV,em 1610, Vicente passou um ano naSociedade do Oratório fundada pelocardeal Pierre de Bérulle, embora con-tinuasse a viver no mundo dos gran-des e dos ricos.

Esmoler da rainha Margarida eprotegido da senhora De Gondi, atéo dia em que optou por se dedicar àinstrução e ao serviço dos campone-

ses, foi-lhe designada a paróquia deChâtillon, uma das mais problemáti-cas e desleixadas da região. Num do-mingo, ele recebeu a notícia de queuma família miserável estava prestesa morrer. Estavam todos doentes. Ins-tados pelo seu sermão, os paroquia-nos se dirigiram à casa da família eprestaram-lhe auxílio.

O cérebro de Vicente fervilhava:“Eis aqui uma grande caridade,”pensa, “mas está mal organizada”.Idealiza, então, a criação de uma As-sociação e no dia 20 de agosto de1617, graças à sua iniciativa, nasceuuma associação de mulheres com oobjetivo de visitar, alimentar e pres-tar aos enfermos todos os cuidadosindispensáveis. Era a Confraria doRosário, que todos os dias promo-via visitas aos doentes.

Três anos depaois, em 1620, Vi-cente instituiu a Caridade dos Ho-mens. As mulheres se dedicavam aosdoentes, os homens deviam se dedi-car aos velhos, viúvas, órfãos, prisi-oneiros. Homem de visão, Vicentede Paulo orientava as Confrarias,incentivando a organização de coo-perativas agrícolas, ensinando novosmétodos de cultivo da terra, implan-tando, nas cidades, pequenas manu-faturas para produzirem objetos deuso na região e, finalmente, criandocentros de aprendizagem onde as cri-anças indigentes pudessem recebereducação cristã e aprender uma pro-fissão, a fim de tirá-las da miséria.

Como poderia Vicente falar-lhesdas coisas espirituais? Necessárioera, primeiro, melhorar-lhes as con-dições de vida, visto que apodreci-am vivos. O alimento era pão preto,a água era semipoluída e os golpesde chicote, constantes. Naquele pe-ríodo, a Marinha francesa estava emexpansão e para resolver o proble-ma da mão-de-obra necessária parao remo era costume a condenação àsgalés por delitos comuns. Vicenteempenhou-se nesta missão, lutandopor mais dignidade para aqueles pri-

sioneiros, que viviam em condiçõessubumanas. No trabalho em favordos condenados às galés chegou atése colocar no lugar de um deles paralibertá-lo. Interferiu Vicente junto aogeneral das galeras, Manuel deGondi, e conseguiu realizar sensíveismudanças. Oferecia-lhes cuidadoscorporais, distribuía alimento entreeles, consolava-os, falava-lhes deCristo e do Evangelho, chamava-osde “meus filhinhos”. Vicente amavaprofundamente as pessoas e, porisso, mostrava-se incansável na des-coberta das misérias humanas de or-dem material e espiritual, estenden-do o socorro pessoalmente ou envi-ando as Damas da Caridade a hospi-tais, prisões, asilos, escolas e às ruas.

Vicente foi um mestre na arte deconquistar corações. Conseguiuapoio de muitos nobres e ricos paraatender os seus pobres. Tinha ami-gos como a rainha Ana da Áustria,que lhe mandou ajuda material du-rante o longo período da guerra queassolou a França, sustentando a obradas crianças abandonadas; Maria,duquesa de Aiguillon, que o auxili-ava em todas as suas obras caritati-vas; o rei Luís XIII, que visitava eassistia os doentes, apoiava e incen-tivava com bens materiais inúmerasobras vicentinas; Luísa de Marillac,que se tornara excepcional trabalha-dora, visitando e coordenando as di-versas Confrarias da Caridade espa-lhadas ao redor de Paris.

Desde os 35 anos de idade, Vicenteconhecera o trabalho da doença em suaprópria carne. As pernas e pés incha-vam. Chegaria um tempo, em 1645,em que já sentiria dificuldade para semanter a cavalo, para a realização dassuas viagens. Aos 74 anos precisouficar encerrado por longos dias em seuquarto, enquanto a febre se instalavaem seu corpo. Com dificuldade e oauxílio de uma bengala, conseguia daralguns passos. Contudo, dotado de in-domável energia, ele proferia palestra,todas as manhãs, aos seus discípulos,

demonstrando serenidade e lucidez,apesar das dores atrozes que o ator-mentavam.

Diante da morte iminente, brin-cava: “Em breve enterrarão o mi-serável corpo deste velho, que setransformará em cinzas e o pisa-rão com os pés.” Então, em 27 desetembro de 1660, antes que o solse levantasse, sentado numa pol-trona, perto do fogo, Vicente de-sencarnou. Era um pouco antes dascinco horas da manhã, hora em quehabitualmente Vicente se punhaem oração. Os pobres, mais do queninguém, lastimaram a morte doseu benfeitor, amigo e pai.

Referindo-se a ele, o espírito deFrancisco de Paula Vítor, pela psi-cografia de Raul Teixeira, escreveu:“Verdadeira luz a brilhar, no seio doséc. XVII, seus exemplos de dedica-ção e fidelidade ao Mestre Jesuscontagiam inumeráveis coraçõesque, depois dele, investem tempo evida aos serviços portentosos emprol da instalação do reino dos céusna Terra.” E essa figura ímpar se fezpresente como um colaborador doConsolador Prometido, assinando asrespostas às questões de número 888e 888-a, de “O Livro dos Espíritos”,em que igualmente assinou, juntocom outros espíritos eminentes, osProlegômenos; nas mensagens de nº.XX e XXVI do cap. XXXI de “OLivro dos Médiuns” e no item 12 docap. XIII de “O Evangelho segundoo Espiritismo”. Nessa mensagem, es-pecialmente, é que derrama o perfu-me do seu coração, externando: “Acaridade é, em todos os mundos, aeterna âncora de salvação; é a maispura emanação do próprio Criador...”.

(Fonte: Duarte, Luiz Miguel.Vicente de Paulo, servidor dos po-bres. Ed. Paulinas.

Teixeira, J. Raul/espírito deFrancisco de Paula Vítor. Ed.Fráter. cap. 8. -Jornal Mundo Es-pírita - Maio de 2001.)

“A Doutrina Espírita tem por missão a regeneração moral da Humanidade”

Ex-presidente da FederaçãoEspírita Catarinense e atuante ex-positor a serviço da divulgação doEspiritismo e da qualificação dosseus trabalhadores, Gerson LuizTavares, casado, pai de dois filhos,é advogado do Tribunal de Contasdo Estado de Santa Catarina. Nas-cido em família espírita, ele falanesta entrevista sobre sua trajetó-ria e acerca do momento atual porque passa o Movimento Espíritaem sua cidade, Florianópolis, e emseu Estado.

– Como se tornou espírita?Logo que transferiu domicílio

de Curitiba para Florianópolis,meu pai passou a ser portador desintomatologia de mediunidade.Com os desconfortos compreen-síveis, próprios de quem ignoraessa fenomenologia, resolveuaceitar as sugestões de procurarorientação espírita. ConheceuOswaldo Mello, fundador da Fe-deração Espírita Catarinense, se-cretário do Pacto Áureo. Foi ori-entado por esse admirável espíri-ta catarinense e com rapidez im-pressionante desataviou-se daspráticas católicas. Nesse novocontexto de sua vida, eu nasci, enem sequer fui batizado. Fui edu-cado, portanto, desde a infânciasob as bênçãos da orientação Es-pírita.

– Qual é a sua formação?Graduado em Direito pela Uni-

versidade Federal de SantaCatarina, sou Auditor Fiscal deControle Externo concursado doTribunal de Contas do Estado deSanta Catarina.

– Que livros você já escreveu?Publicamos os seguintes livros:

O Cristão Moderno, Educação daVontade, Dinâmica do Pensamentoe Temas de Amor e Vida.

– Qual o retorno dos leitoresque tiveram contato com seus li-vros?

O retorno tem sido muito agra-dável. Recebo informações de pa-lestrantes que nossos escritos têmsido utilizados para a elaboração desuas palestras. Recebemos cartas etelefonemas com manifestação degratidão. Tudo isso é muito gratifi-cante.

– O que você pode destacar desuas obras? E como procederpara adquiri-las?

O que posso dizer é que sãoobras simples, que escrevi comomanifestação de gratidão à Doutri-na Espírita, ao tempo que tive porobjetivo auferir recursos para aju-dar nas tarefas sociais. Os temas sãoimportantes para nosso cotidiano.Tratam do pensamento, da vontadee de questões que nos fazem refle-tir a respeito da vida, de nossa ori-gem e nossa destinação. As obrasdestacam a importância do conhe-cimento e do amor, sem os quaisfelicidade e paz não passam de fan-tasia. Estão esgotados todos os títu-los. Estamos revendo as obras an-tes de decidir por novas edições.Trabalho em novo projeto de publi-cações que deve ser levado à práti-ca no primeiro semestre de 2009.

– Que cargos você já exerceuno Movimento Espírita?

Diretor do Departamento Dou-trinário, palestrante, coordenador degrupo de estudos e dirigente de reu-nião mediúnica do Centro Espírita“Amor e Humildade do Apóstolo”.Presidente do Centro Espírita

“Amor e Humildade do Apóstolo”.Diretor do Departamento Doutriná-rio da Federação Espírita Catarinen-se. Presidente da Federação Espíri-ta Catarinense, cujo cargo deixamosem fevereiro último. Atualmente,além dos compromissos com a So-ciedade Espírita “Renascer”, dedi-camo-nos às palestras e aos semi-nários.

– A qual instituição espíritavocê está atualmente vinculado?

Durante a infância, a juventudee parte da existência adulta tivemosa bênção de freqüentar, estudar etrabalhar no Centro Espírita “Amore Humildade do Apóstolo”, a insti-tuição espírita mais antiga de Flori-anópolis (fundada em 1910), e a ter-ceira do Estado. Atualmente, estouvinculado à Sociedade Espírita Re-nascer, que mantém o Centro deEducação Infantil Renascer, queatende às famílias com risco socialno município de São José – GrandeFlorianópolis. Sou o atual presiden-te e coordenador da Área Social daInstituição.

– Qual é o seu envolvimentonas atividades de assistência epromoção social e o que tem sen-tido nessa tarefa?

Desde a juventude estamos com-prometido com atividades de assis-tência e promoção social, sob ori-entação espírita. Atualmente, a en-tidade que dirigimos atende às fa-mílias de um bairro caracterizadopelo risco social. Mantemos o Cen-tro de Educação Infantil – CrecheRenascer. Albergamos oitenta eduas crianças em período integral.Estamos no começo de um progra-ma com adolescentes, ao tempo quenosso projeto é ampliar o atendi-mento às famílias, com mais amploprocesso de promoção social. Con-sidero que as atividades de assistên-

cia e promoção social constituemexcelente espaço de exercício dafraternidade e solidariedade, exata-mente porque as experiências vivi-das nesse espaço de realizações sãoportadoras de excelente material deaprendizado.

– Que lições você pode relataracerca dessas atividades?

Destaco a excelência da concep-ção espírita de provas e expiações,porquanto constatamos dramasexpiatórios importantes, enquantofavorece à caridade amplo terrenopara realizações nobilitantes. Emface disso, identificamos a necessi-dade de reeducação, certos de que amaior caridade que se pode praticaré reeducar o ser. Recentemente, emuma segunda-feira, eu visitava cadauma das salas, para ver as crianças,abraçá-las, conversar com as edu-cadoras. Na sala das crianças me-nores, de dois e três anos de idade,um menino, visivelmente abatido,estava no colo de uma das educa-doras, que media sua temperaturacom termômetro. Estava com febre,e reclamava com os seguintes dize-res: “Eu quero meu vovô”. Ele émuito ligado ao avô, sua referênciapaterna em casa. Pensamos que setratava de desencarnação. Porém,soubemos que o avô estava preso,acusado de determinado delito. AInstituição prestou todos os cuida-dos compatíveis à criança. Tive aoportunidade de refletir com as edu-cadoras que o mal que praticamosirradia-se como a bomba atômicaque produz o cogumelo de efeitosdevastadores. Todos que rodeiam oautor do mal sofrem. Aquele senhor,com a prática do mal, atingiu toda afamília, feriu a sociedade.

– Sua atuação no MovimentoEspírita destaca-se pelas intensasatividades doutrinárias, especial-

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mente no tocante a palestras e se-minários. Qual é sua motivaçãopara realizá-las?

Desde a infância tenho fascíniopelo Espiritismo. Quando a profes-sora de ensino religioso na escolapública em que eu estudei afirmavaque Espiritismo não era religião cris-tã, eu rebatia com disposição. Umdos episódios marcantes de minhaexistência, do qual sempre me recor-do com satisfação, foi quando dei-xei as reuniões de evangelização (es-tudo do Espiritismo para as crianças)e me inscrevi no Grupo Jovem, aostreze anos de idade. Uma motivaçãointerna irresistível a mim me impul-siona a servir o ideal espírita. Umamigo estranhou quando soube quenão sou (e nenhum trabalhador espí-rita) remunerado para trabalhar na di-vulgação da doutrina. E se me per-guntam o porquê dessa dedicação,não preciso fazer um discurso parajustificar. Apenas digo: “Porque essetrabalho me deixa feliz”.

– Fale-nos do movimento es-pírita em sua cidade e no Estadode Santa Catarina.

Florianópolis tem um Movi-mento Espírita dinamizado por 25instituições filiadas, 18 localizadasna ilha e 7 no continente. Algumasinstituições não se encontramfiliadas; dentre elas há as que logoprovidenciarão a solicitação deadesão à Federação Espírita Cata-rinense. Em todas as Casas a fre-qüência é excelente, com demons-tração viva de que a Doutrina Es-pírita satisfaz os anseios da criatu-ra humana. No Estado, temos 130Centros Espíritas filiados. O Esta-do é organizado com o formato de16 Conselhos Regionais (CRE),que facilitam a sintonia da Federa-ção com as instituições. Atividadesregionais e de nível estadual sepluralizam para melhor equipar ostrabalhadores espíritas de estímu-los e qualificação no desempenhode nossos misteres.

ANTONIO AUGUSTONASCIMENTO

[email protected] Santo Ângelo, RS

Gerson Luiz Tavares:

– Como foi sua gestão à frenteda Federação Espírita Catarinen-se?

O três anos de mandato que de-sempenhei no cargo de presidenteda Federação Espírita Catarinenseforam muito importantes, pela ex-periência que me proporcionou.Posso dizer que hoje me encontromais forte interiormente para oenfrentamento dos desafios exis-tenciais, porque as dificuldades queenfrentei foram austeras. Se os pi-oneiros do Movimento Espírita ti-veram que enfrentar a intolerânciareligiosa, hoje os desafios encon-tram-se no âmbito do próprio mo-vimento. Contudo, tive a honra demais uma vez servir ao ideal queabençoa minha vida. Focamos apreparação do servidor espírita: pa-lestrantes, evangelizadores, moni-tores de grupos de estudos, mé-diuns, atendentes fraternos, enfim,procuramos contemplar o leque deserviços que a Casa Espírita dispo-nibiliza à comunidade, com aten-ção especial a quem executa as ta-refas, qualificando-o doutrinaria etecnicamente.

Duas lições ficaram bem carac-terizadas para mim, enquanto esti-ve na presidência da FEC: que oconhecimento é indispensável aquem deseja servir à causa do Cris-to. Estudar sempre deve ser o lemaindividual de nossa condição de ser-vidores. O conhecimento espíritanos auxilia a compreender, enten-der e praticar as leis de Deus. O co-nhecimento espírita não se satisfazcom breve exame. O que destaco,ao lado do estudo, é a vivência dobem em todas as situações. No con-texto do nosso Movimento, o espí-rito de cooperação, de solidarieda-de e desprendimento, para que se-jamos úteis e assertivos. Movimen-to Espírita não se coaduna com dis-putas, rancores, nem se adapta a fac-

ções, partidos, disputas pelo poder.O Movimento Espírita só perde comtudo isso.

– Como o amigo tem encara-do os temas polêmicos que circu-lam atualmente no MovimentoEspírita?

Observo com tranqüilidade, cer-to de que são ocorrências própriasde um Movimento que, por ser hu-mano, é portador das qualidades eequívocos inerentes ao ser humanoque ainda se encontra nas pelejasevolutivas. O que é importante é apermanência segura em nossos pos-tos de serviços, conscientes das ta-refas que devemos desempenhar àluz do Espiritismo, com humildade,desprendimento e hábito de estudo.Sempre que os temas polêmicosparecem ameaçar a integridade dovenerando Movimento, tenho per-manecido sereno e imperturbável noestudo e na vivência das rigorosasdiretrizes da Codificação, sem re-ceio, e sem contra-atacar, o que maisinflama os que, presunçosos, preten-dem introduzir na seara concepçõese técnicas estranhas.

Nosso Movimento tem demons-trado, apesar das dificuldades, sufi-ciente maturidade para não conce-der espaço às novidades não-espí-ritas, mas que pretendem impor. Nasreuniões do Conselho FederativoNacional, na FEB, tive a alegria deconstatar que todas as federativasestaduais encontram-se inquebran-táveis diante de propostas introme-tidas. A FEB realiza admirável tra-balho, assumindo a liderança mun-dial de divulgadora do Espiritismono mundo, exaltando a CodificaçãoKardequiana através do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita.

– E os temas polêmicos que en-volvem a sociedade, como a des-criminalização do aborto, têm

sido objeto de debate nos círculosde estudos?

Os temas polêmicos existentesna sociedade, que preocupam edu-cadores, sociólogos, autoridades elegisladores, são muito importantes,porque respondem pelo comporta-mento social. O aborto, por exem-plo, é tema grave. Recentemente ti-vemos a alegria de acompanhar oafastamento de uma tentativa dedescriminalizar sua prática no Con-gresso Nacional. Outras tentativasserão feitas por legisladores, pres-sionados que são por determinadasentidades que fazem o lobby na in-timidade do Congresso. Essas ques-tões nos preocupam em face dasconseqüências de práticas como oaborto, a pena de morte, a eutaná-sia e as pesquisas com células-tron-co embrionárias sem considerar cri-térios de bioética.

A sociedade ainda vive osestertores da ignorância acerca daorigem, natureza e destinação espi-ritual da criatura humana, por issopretendem, com o raciocínio apres-sado e as conclusões imediatistas,obter licenças para permanecer nascondutas viciosas, extravagantes eegoístas.

Segundo os Espíritos, a Doutri-na Espírita tem por missão a rege-neração moral da humanidade. Atarefa de divulgação e vivência deseus postulados pelos espíritas é omeio pelo qual se alcançará superi-or objetivo. Por isso, devemos per-manecer nos estudos do conheci-mento que enriquece o pensamentoe na prática que enobrece o caráter.

– Como é ser advogado e espí-rita?

O Espiritismo ajuda toda e qual-quer atividade. O profissional como conhecimento espírita desempe-nha sua tarefa compenetrado de suamissão no mundo. Tive a oportuni-

dade de atuar como liberal duran-te três anos, e fiquei assustado comalguns clientes, e não foram pou-cos, que chegavam com uma cau-sa, mas traziam sugestões de pro-vidências contrárias à lei e à ética-moral. É evidente que rechacei to-das as propostas. Certo dia, antesde entrarmos para uma audiênciajudicial, a testemunha que euacompanhava perguntou-me: - Oque devo falar? E eu lhe respondi:- A verdade. Responda com tran-qüilidade a tudo o que o magistra-do perguntar, sem receios.

Surgiu a oportunidade de pres-tar concurso público, através doqual ingressei no serviço públicoestadual, e nesse âmbito se enfren-tam novos desafios. A vida é as-sim, um desafio após o outro.Quem é beneficiado com o conhe-cimento espírita e decide ser cum-pridor de seus deveres, com auste-ridade ético-moral, em qualquerprofissão, terá condições de cola-borar com um mundo melhor parase viver.

– Suas palavras finais. Gostaria de enfatizar que o es-

pírita é portador do mapa do tesou-ro, que tem indicações claras decomo chegar ao baú repleto de jói-as que tornam a criatura rica.Acontece que essa riqueza é o co-nhecimento que rasga os horizon-tes da mente para o encontro coma verdade, que, uma vez incorpo-rada ao patrimônio intelecto-mo-ral do ser, transforma-o no traba-lho e no amor. Enriquecidos, feli-zes com essa conquista, tornamo-nos divulgadores desse mapa, paraque todos se beneficiem. Proble-mas, dificuldades, sofrimentos, sãonossos acompanhantes disciplina-dores, para coroar de méritos todoo empenho de servir desinteressa-damente.

Gerson Luiz Tavares

O IMORTALPÁGINA 10 NOVEMBRO/2008

O leitor Gilson Machado me per-guntou o seguinte: se o Espírito San-tos Dumont já havia se comunicadopor algum médium; se já estaria re-encarnado; ou se estava no mundoespiritual assistindo às comemora-ções do centenário do primeiro vôodo seu avião 14 BIS em torno daTorre Eifel, em Paris. Bem respon-dendo à sua primeira pergunta, in-formo-lhe que em julho de 1948,Santos Dumont enviou pelo médiumChico Xavier uma oportuna mensa-gem, na qual diz em certo trecho:“Não há vôo mais divino que o daalma. Não existe mundo mais nobrea conquistar, além do que se locali-za na própria consciência, quandodeliberarmos converter-nos ao bemsupremo. Alcemos corações e pen-samentos ao Cristo”. O texto na ín-

tegra está publicado no livro TrintaAnos com Chico Xavier.

Com relação à sua segunda per-gunta, esclareço-lhe que ele reencar-nou na cidade de Campos, em mar-ço de 1956, como filho de ClovisTavares e de Hilda Mussa Tavares,com o nome de Carlos Vitor, segun-do revelação de Chico Xavier. Aosnove meses de idade ele caiu de umcarrinho de bebê, e com o tombodeslocou a vértebra cervical, fican-do tetraplégico. Esse fato foi narra-do por seu irmão Dr. Flavio MussaTavares, médico homeopata, ao serentrevistado pelo jornal Folha Espí-rita de abril desse ano.

Dr. Flávio disse, também, queseu irmão, Carlos Vitor, a partir daípassou a depender totalmente deseus pais, dele e de sua irmã, vin-do a desencarnar aos 17 anos deidade, em fevereiro de 1973. Comose sabe, Santos Dumont enforcou-se no dia 23 de julho de 1931, no

Guarujá, em São Paulo, ao ficardeprimido durante a revolta cons-titucionalista, quando presencioumineiros e paulistas a digladiarem-se pelo céu, usando o avião comoarma de guerra. Não suportandover o seu invento sendo usado paramatar, cometeu o suicídio.

Foi por isso, diz Chico Xavier,que o Espírito Santos Dumont, an-

tes de reencarnar, decidiu expiar asua morte pelo suicídio, por meiode uma vida curta como paraplégi-co. Eis por que a queda acidentalsofrida por Carlos Vitor, aos novemeses de idade, deslocou a sua vér-tebra cervical. Chico Xavier disse,

Reencarnação de Santos DumontGERSON SIMÕES MONTEIRO

[email protected] Rio de Janeiro

Violência, até quando?

1 - Por que há tanta violên-cia no mundo?

A violência atual é própria deum mundo de provas e expiações,onde estão reencarnados milhões deEspíritos em estágios primitivos deevolução. Esses Espíritos ainda sedeixam dominar por seus instintose, quando impulsionados pela ne-cessidade material, cometem crimesporque não tem consciência do beme do mal. Além disso, o desconhe-cimento da vida espiritual, o mate-rialismo e a indiferença pelos senti-mentos dos outros também colabo-ram para o desgoverno emocionale moral de muitos que se deixamenvolver pelo mal.

2 - Por que a mídia exibetanta violência?

Por que um grande número depessoas lêem, ouvem, assistem,gostam, comentam. Um progra-ma, um estilo de reportagem oude notícia só é destaque porquetem audiência significativa, casocontrário não há patrocinadores.A banalização da violência namídia reforça condutas agressivas,levando a um aumento do núme-ro de crimes, além de incentivar avingança. As cenas violentas natelevisão, as notícias criminais norádio e os jogos violentos (de lu-tas, tiros e brigas) transmitemmensagens ao subconsciente deque a violência, a crueldade e avingança são atos “normais”. Paraquem sente prazer em ver e co-mentar tragédias, assistir filmesviolentos, salientar o mal, torcerpor uma briga, o bem é apenasuma convenção social que não fazparte, ainda, de seus valores. Afi-nal, quando o “mocinho” bate emata mais e melhor, ele não seiguala ao bandido?

3 - E quanto à violência do-méstica?

No lar, a violência física (ba-ter, ferir) é a forma mais visível

deste tipo de violência, mas elatambém se manifesta entre os fa-miliares através de palavras deódio, gritos, castigos, tapas “paraeducar”, palavrões e situações deimposição da vontade utilizandoa força física. As novelas estãocheias de exemplos negativos:brigas, lutas, planos de vingan-ça, discussões. É preciso estaratento para identificar os progra-mas que incentivam a indiferen-ça, banalizando a violência atra-vés da repetição de situações, eque acabam por envolver a famí-lia em uma vibração prejudicial.Se a audiência dos programas vi-olentos ou que não incentivambons valores diminuir significa-tivamente, eles terão que ser mo-dificados ou sairão do ar por fal-ta de público.

4 - O que fazer para tornaro mundo menos violento?

Com auto-educação e discipli-na interior é possível deixar de sin-tonizar e comentar o mal, esco-lhendo melhor o que entra nos la-res através da televisão, do rádio,das leituras, bem como por meiodos pensamentos, palavras e ati-tudes de cada um. Também é es-sencial investir em educação, mo-ral e intelectual, oportunizandocondições de vida digna para to-dos, sem achar que isso é tarefaapenas do Governo. Utilizando olivre-arbítrio, a solidariedade e otrabalho em favor do próximo, épossível colaborar para a forma-ção de um mundo menos violen-to, mas todos devem se envolver,sentindo-se responsáveis e agin-do em favor do bem comum. Lem-bremos que quem assiste, comen-ta ou comete violência forneceenergia para que mais violência sematerialize. Cada Espírito escolheo que deseja ver, ouvir, comentar,pensar e fazer, e somente quandoo egoísmo e o orgulho não foremmais os agentes determinantes dasatitudes dos Espíritos reencarna-dos na Terra é que haverá paz en-tre os seres humanos.

O filme Zuzu Angel, estreladopor Patrícia Pillar e Daniel de Oli-veira, retrata os negros anos de re-pressão em que viveu nosso país naditadura militar. A história envolven-te mostra a saga da famosafigurinista Zuzu Angel, que buscadesesperadamente notícias sobre ocorpo de seu filho mais velho, tor-turado e morto pela ditadura que im-perava em nosso país. O filme emo-ciona do começo ao fim. ZuzuAngel é um exemplo de garra e va-lentia na luta em prol da liberdadede expressão humana. Foi assassi-nada por sua coragem, aliás, é co-mum tentarem calar os ideais liber-tadores. Foi assim com Ghandi,Luther King, Chico Mendes e tan-tos outros, mas as idéias são inque-brantáveis e ultrapassam os milêni-os quando repousam sobre a verda-de. Nada pode deter a marcha doprogresso do pensamento humano,porque ele assenta-se em leis natu-rais que emanam do Criador.

Hoje já não vivemos mais a di-fícil época da ditadura, a expres-são humana ganhou asas e as ma-nifestações são livres. Tão livresque o goleiro Julio César, insatis-feito com as críticas feitas pelopresidente Luis Inácio Lula da Sil-

Zuzu Angel, Allan Kardec, Julio César...va à seleção canarinho, sugeriu aochefe do executivo nacional que semudasse para a Argentina. Imagi-ne se o atleta sugerisse a mudançaao General Emílio GarrastazuMédici em plena ditadura militar!

A introdução e sugestão do ex-celente filme foram para mostrarque a liberdade de expressão im-plica, necessariamente, responsa-bilidade pela ação. Julio César foi,no mínimo, deselegante ao se di-rigir ao presidente da nação nes-ses termos. Não podemos confun-dir livre expressão com falta deeducação. As críticas ocorrem emtodas as esferas e é sinal de matu-ridade analisá-las com coerência esaber digeri-las. As críticas são aspedras nos sapatos dos mimados emelindrosos, que não suportam osapupos e as situações contrárias.Inevitável nessa questão fazer umasalada e misturar Zuzu Angel, Ju-lio César e Allan Kardec.

O codificador do Espiritismotrazia consigo duas característicasfantásticas: não reprimia ninguém,nem os mais ferozes críticos do Es-piritismo. Homem educado e almasensível, sabia respeitar o direito deexpressão alheia, óbvio: Kardec eraeducador e não ditador. A outra pe-culiaridade de sua ímpar figura eraafirmar que os críticos seriam osgrandes aliados e potentes vozes dedivulgação da Doutrina Espírita.

Uma visão extremamente diferen-te do senso comum. Em geral atendência é repudiar a crítica e ocrítico, erguendo um muro sepa-ratista: os que concordam e os quediscordam. É uma cultura quecresceu ao longo da caminhadahumana e fermentou guerras e di-visões, gerou conflitos, promoveu revoltas e subjugou povos, colo-cando sempre em situação opostae animosa aqueles que não comun-gam dos mesmos ideais.

Lamentável! Mas figurascomo Kardec e Zuzu Angel ser-vem de protótipos para o ser hu-mano na questão da livre expres-são, que reafirmamos: não devevir em consórcio com a falta deeducação, como fez o goleiro daseleção brasileira de futebol. Cu-rioso é que se cogita a liberdadede se expressar, contudo, não secogita do respeito que devepermear as relações humanas. Nocontexto da vida em sociedade éimperioso tenhamos educação aofalar, ao conversar e também aodiscordar do outro, caso contrárioincorreremos em grave equívocoe transformaremos a liberdade deexpressão em confusa comunica-ção, onde parecerá que tudo e to-dos estão contra nós, mesmo osmais sinceros e fiéis amigos. Puraquestão de educação!

Pensemos nisso.

WELLINGTON [email protected]

De Bauru-SP

CLAUDIA [email protected]

De Santo Ângelo-RS

também, num programa de TV, quea vértebra já estava deslocada no seuperispírito, isto é, no corpo semi-material que envolve o Espírito, le-sada ao se enforcar. Esse depoimen-to, aliás, encontra-se registrado nolivro Jesus e Nós.

Alberto Santos Dumont

O IMORTALNOVEMBRO/2008 PÁGINA 11

Divaldo responde– Como enfrentar o desafio da

educação da criança carente? O quenos aconselha no sentido de criar-mos um trabalho com essas crian-ças de rua? Gostaria de saber se amerenda é prejudicial quando colo-cada como prêmio aos que freqüen-tam mais a evangelização?

Divaldo: A melhor maneira de en-frentar-se um desafio é começá-lo. Cha-mar um cooperador, mais um e formarum grupo. É provável que muitos aquinão conheçam a história da célebreUniversidade Mackenzie, de São Pau-lo. Começou quando uma educadoraamericana notou, em São Paulo, na ruaem que morava, um grupo de criançasvadias. Ela, que preparava muito bembroa de milho, pôs-se a atrair os meni-nos que ficavam à porta sentindo o chei-ro, e começou a dar-lhes o alimentodoce. Depois, resolveu que somentedaria broas às crianças que viessem, nodomingo, pela manhã, para ouviram-nafalar do Evangelho de Jesus.

Depois que vieram vários por cau-sa da broa, ela explicou, que só partici-paria da reunião, para depois comer abroa, quem viesse tomado banho, decabelo penteado e pés calçados. Maistarde, ela notou que poderia fazer algomais do que a broa. Teve a idéia de pre-parar um lanche mais substancial paraatrair mais meninos de rua. Eles aumen-taram de tal forma que chegavam à horaem que ela estava na confecção do ali-mento. Ocorreu-lhe estabelecer que, apartir da data X, somente teria acesso àaula de Evangelho, para depois comer,quem soubesse ler e escrever. E comoeles não o sabiam, ela pôs uma mesa nofundo do quintal e abriu uma escola deiniciação alfabética. Hoje é o Macken-zie, que tem uma bela e longa história,inclusive, foi visitado por D. Pedro IIque lhe fez uma expressiva doação.

Uma americana, Mary Jane MacLeod Bethune, começou a educar crian-ças num depósito de lixo. A lei da segre-gação racial nos Estados Unidos era mui-to severa contra os negros. Ela era ne-gra, havia ganho uma bolsa de estudosde uma costureira quaker, e, ao se for-mar, não tinha alunos. Quando foi no-meada não havia escola. Ela então reu-niu três caixões vazios de cebola, colo-cou-os embaixo de uma árvore, numdepósito de lixo, convocou três descen-dentes de escravos e começou a ensi-nar-lhes a ler e escrever. Oportunamen-te, quando Henry Ford foi a Osmond,uma praia da Califórnia, ela foi visitá-lo. Ao chegar à porta, foi barrada, por-que, no hotel, negro não podia entrar,somente na condição de serviço. Ela

rem novas no outro dia. Depois, só to-mam a sopa se estudarem. O interessecresceu e hoje transformamo-la em al-moço, pois já estão tendo aula normal.Têm a merenda às dez horas e o almoçoao meio-dia. Começamos com vinte, es-tamos com quase trezentos. Fazemos aevangelização, como introdução ao tra-balho da educação. Ao fim do ano, os quetiverem melhor aprendizado são matri-culados na 1ª série da Escola Jesus Cris-to. Este ano matriculamos quarenta e seise no próximo teremos o dobro. Começa-mos, pois, sem maiores preocupações.Iniciamos sob a copa de uma mangueirae sobre três caixas de cebola, na rua Ba-rão de Cotegipe, 124. Eu tinha lido, en-tão, a vida de Mary Jane. Hoje estamoscom duas mil e quinhentas crianças in-ternas, semi-internas e externas. Preten-demos ainda aumentar o número, e, den-tro de alguns dias, inauguraremos umaescola de auxiliar de enfermagem, para,depois, uma escola de magistério.

Texto extraído do livro Palavrasde Luz, de Divaldo P. Franco e Espíri-tos Diversos.

subiu a escadaria de incêndio de nove an-dares, saltou a janela, tocou a campainhada porta, e, quando o mordomo veio abri-la, disse-lhe: - Quero falar com Mr. Ford.O mordomo, que também era negro, res-pondeu: - Mas ele não recebe negros! Efalou-lhe baixinho: - Como você se atrevea vir aqui? Ela reagiu bem alto: - Eu tenhouma entrevista marcada com Mr. Ford, queassinalei por telefone. Eu sou Mary Jane.

Ouvindo-a, Mr. Ford redargüiu: - En-tre, senhora. Quando ela se adentrou, ele,que era humanitário e acreditava na reen-carnação, exclamou, surpreso: - Mas eu nãosabia que a senhora era uma negra! Ela sor-riu, elucidando: - Não totalmente. Eu duvi-do que o senhor conheça dentes mais alvose um olho mais branco do que o meu. Ele aadorou, porque uma mulher que era supe-rior a essas mesquinharias humanas mere-cia respeito. Perguntou-lhe: - O que a se-nhora deseja de mim? - Desejo que o se-nhor me ajude a construir a minha escola, aampliá-la. Gostaria de levá-lo ao meu ter-reno, a fim de que o senhor construa comi-go a escola dos meus sonhos. Ele aquies-ceu. Desceu com ela pelo elevador por ondenão pudera subir. Quando ela passou pelaporta e o atendente a viu, ela ainda, só parasurpreender, pegou o braço de Mr. Ford,com a maior intimidade. Sentou-se numcarro coupé aberto, desfilando pela cidadede Osmond e olhando para todo mundo.Isso há mais ou menos sessenta anos. (N.R.:O século 20 estava no seu início.. Era mui-ta coragem! Levou-o ao seu terreno. Quan-do chegou ao depósito de lixo, disse-lhe: -É aqui, senhor, que eu quero construir a mi-nha escola. Ele, surpreso, retrucou: - Aqui?E onde está sua escola? Ela apontou: - Ali.- Senhora, ali é um depósito de lixo. - Eusempre me esqueço dos detalhes! Em ver-dade a minha escola está aqui na cabeça.Eu quero que, com o seu dinheiro, o senhorarranque daqui (apontou a cabeça) e a co-loque ali. Ele deu-lhe, então, vinte mil dó-lares.

Essa mulher educou, até o ano de 1969,milhões de negros americanos. Tornou-seo símbolo da educadora mundial. Quandoo presidente Franklin Delano Rooseveltcancelou as subvenções por causa da guer-ra, ela lhe pediu uma entrevista na CasaBranca, e disse-lhe: - O senhor não vai cor-tar as subvenções das minhas escolas. Eleredargüiu: - A senhora não se esqueça queeu sou o presidente. E ela repostou: - Nemo senhor esqueça que eu sou eleitora, e euvou me lembrar. Ela sentou-se. E a sua foia única rede de escolas que não teve as sub-venções canceladas naquele período. Certafeita, ela estava numa cidade do Sul, ondea intolerância racial era muito grande e teveuma crise de apendicite. Foi levada de emer-gência ao hospital e colocada na mesa ci-

Um recado do Grande Além

Será feliz quem resiste,Embora caindo, vai.

Ele sabe bem que existeSempre a proteção do Pai!

Desaba a procela forte,Baloiçando a nossa nau...

Mas que a Luz nos reconforteBatalhando contra o Mal!

Sim, eu bem sei, você choraE se julga um derrotado.

Deus sustém sempre quem oraE se entrega ao Mestre Amado!

Ah, quem de nós não padece,Apesar de a flor sorrir?O doce orvalho da preceNos traz o Sol do porvir!

Embora sintamos dor,Tombados, do chão, no pó,

Voltemo-nos ao Senhor:- Você jamais está só!

A dor humana se expandeMacerando corações,

Porém, o Amor de Deus é grandeE nos traz consolações!

Num planeta mais maduro!

Lutemos, pois, companheiros,Nesta liça sacrossanta...

Vençamos os espinheiros,Que um novo Sol se alevanta!

Não é fácil, reconheço,Mas impossível não é

Quando saltamos o empeçoCom persistência e fé!

Se fácil fosse a jornada,A atravessariam todos,

Apesar de em toda a estradaNos choverem só ápodos.

Quem em Deus tem fé confiaNa Divina Proteção!

Chora, mas vai todo o diaVencendo a sua aflição!

Deixo aqui o meu recado,Num abraço fraternal:

- Se sofremos um bocado,Sorriremos no final!

Que a profunda Paz do MestreAmpare quem labuta e ora!

Que agasalhe o orbe terrestre,Para sempre, desde agora!

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

Busquemos na MedicinaMedicamento adequado,Recebendo a Paz Divina,

Pondo a fé no Mestre Amado!

Quando lemos livro bom,Entramos em sintonia,

Melhorando o nosso tomA ouvir bela sinfonia!

São amigos nos saudandoPara que tenhamos fé!

Aos poucos vamos andandoSubindo sempre de pé!

Que tenhamos paciênciaNos momentos mais tristonhos,

Adquirindo a experiência,Realizando os nossos sonhos!

Jesus nunca esmoreceuVivendo entre pescadores,

Mas a tudo Ele venceu,Amando aos seus ofensores!

Somos todos muito ingratos.No negror das horas mudas,Sem se indispor com Pilatos,

Ele até amou seu Judas!

Suas frases, seus exemplos,São o roteiro seguro,

Dentro e fora dos templos

rúrgica. Quando os médicos entraram e aviram, disseram: - “Operar uma negra?” Esaíram da sala. Ela pôs a mão no lugardorido, olhou para a janela e orou: - “OSenhor deve estar brincando comigo. Achoque o Senhor só me deu essa apendicitepara me desafiar. Porque se o Senhor meajuda a sair desta mesa, eu Lhe prometoque, na América, onde o Senhor me pôs naTerra, nunca mais morrerá ninguém deapendicite pelo crime de ser negro, porqueeu não deixarei. Levantou-se e ergueu umaFaculdade de Medicina.

É uma das histórias mais lindas do sé-culo, mas, infelizmente, desconhecida dosbrasileiros. Quando estourou a guerra daCoréia, ela já era um vulto venerando nomundo. Foi conselheira da UNESCO e daONU para assuntos raciais. Outra vez, elavinha atravessando o corredor para negros,no aeroporto de uma cidade do Sul. Umrapaz branco saltou a cerca, abraçou-a echamou-a de mamãe. Então o colega rea-giu: - É louco? Como pode abraçar estanegra? Ele explicou: - É por causa destanegra que eu vou dar a minha vida naCoréia. Quando eu fui convocado para aguerra, em um país que jamais eu havia

ouvido falar o nome, fui ao meu professorde geografia e perguntei: - Onde é que ficamesmo essa Coréia? Ele mostrou no mapauma região miserável, perdida, que eu nãosei quem estava lá. E eu vou pra lá, por-que me disseram que eu vou salvar a de-mocracia, que eu aprendi com esta negra,que ama a todos os homens, sem pergun-tar o nome, a cor, a raça ou a crença. Elaescreveu mais tarde: “Eu poderia termorrido naquele dia, porque minha mis-são, na Terra, havia acabado”.

Começamos, na Mansão do Caminho,onde temos duas mil e quinhentas crian-ças, que têm o lanche garantido, mais oumenos, como narramos. Um dia demo-nosconta que, na rua, havia muitos meninosque não estavam na escola, e, por isso, nãocomiam. Criamos, para eles, uma sopa, hátrês anos. Vieram os meninos e suas mães.Depois de um ano estabelecemos que sótomariam a sopa se viessem limpos. Comono bairro a dificuldade de água é muitogrande, passaram a tomar banho conosco.Se vêm descalços, damos alpercatas. Se asperderem, não tomam a sopa. Porque, operder aqui, é vender. Saem com asalpercatas e vendem-nas, a fim de ganha-

O IMORTALPÁGINA 12 NOVEMBRO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Querido leitor, querida leito-ra.

Em alternados dias, procu-ro ouvir o programa de notíci-as das 7 horas da manhã, naITV1 de Londres, emissora detelevisão. Assim, me coloco emdia com as informações queestaremos quem sabe utilizan-do durante o dia, como a infor-mação sobre o trânsito nas es-tradas e bairros, sobre os trens,o clima, e outras.

Chamou-me a atenção a man-chete da manhã que dizia:“Como estamos nos ajudandouns aos outros?”

Muitos escreveram e-mailsdando informações e duas pes-soas foram entrevistadas.

Uma história muito tristeveio à discussão: o caso da pes-soa que viu uma criança de doisanos que fugira da “creche” e

estava sozinha no gramado dolado de fora, próximo da rua. Apessoa viu a criança e, commedo de tocar ou se aproximardela e alguém estar contra apessoa, achando que era umpedófilo, ou molestador de cri-anças, foi-se embora sem sepreocupar em levar a criança devolta ao portão da creche. Ho-ras depois a criança foi encon-trada afogada num pequenolago, do outro lado da rua. Umafatalidade que poderia ser evi-tada, se não houvesse tanta ma-ledicência para com os gestosde quem quer ajudar.

Outro e-mail foi lido, envi-ado por um dos que estavamassistindo ao mesmo jornal.Ele dizia que a pessoa pegarauma criança perdida na calça-da, e a levou de volta à suamãe, que o esbofeteou, gritoue por pouco a pessoa não foipresa, por “ajudar a retornar acriança à sua mãe”. A mãe in-terpretou mal sua boa inten-

ção, sem mesmo querer ouvir-lhe as explicações.

Que momentos são esses?Onde está a oportunidade deajudar, sem ser mal interpreta-do? Há tanto medo no ar, comrelação às mentes pervertidas,que até provarmos que somosinocentes por isso ou aquilo,tem-se medo de sermos julga-dos culpado. Com isso, acon-tece cada vez menos a ajuda es-pontânea, que sempre é o nos-so primeiro impulso, ao vermosalguém em necessidade.

Fiquei feliz ao ver uma dasentrevistadas lá mesmo, na emis-sora de TV, dizendo que em qual-quer situação que nos deparásse-mos, que seguíssemos o nossobom senso, a nossa consciênciae fizéssemos tudo por ajudar, sejaalguém que tropeça na calçada enecessita de apoio para se levan-tar, seja um acidente que presen-ciamos, quando podemos fazeralgo para evitar danos maiores aoutrem, mas que não nos omitís-

Crônicas de Além-Mar

O medo fechando os corações ingleses

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileiraradicada em Londres, é 2ª Secre-tária do Conselho Espírita Inter-nacional, diretora do Departa-mento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo doConselho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

Deus em tudo

Rompe o silêncio... É alta a madrugada.

Aqui e um pouco além, um galo canta,

E começa a latir a cachorrada...

É um novo dia que já se levanta!

Acordado, mas não fazendo nada,

Apenas penso e o que mais me encanta

Não é somente a alegre passarada,

É Deus na fotossíntese da planta!

Quem é que pode, então, isso negar?

E o que dizer da imensidão do mar

Com as ondas a dançar, num vai-e-vem?

“Mas vós sois deuses” – afirmou Jesus –

“Tudo o que faço com a minha luz,

Vós podereis fazer como eu, também!”

semos, pois a frieza dos coraçõesestá cada vez mais tomando con-ta no lugar em que deveria havermais fraternidade.

Um outro e-mail chegou, e arepórter o leu no ar: A pessoa queescreveu estava saindo da lojaem Knightsbridge, no centro deLondres, quando tropeçou e caiu.Imediatamente um homem sur-giu para ajudar a pegar os paco-tes e a levantá-la do chão. Essapessoa, segundo ela, era o RobinWilliams ou Robert Williams,pelo jeito um ator famoso comum coração bondoso.

Belo exemplo para todos nós,sejamos quem sejamos e esteja-

Fundada em 18/4/2007, arevista eletrônica O Conso-lador apresenta todos os do-mingos na rede mundial decomputadores uma nova edi-ção contendo artigos, notíci-as, entrevistas e reportagenssobre os principais eventosocorridos no Brasil e no ex-terior.

Leia e divulgue

O ConsoladorRevista Semanal de Divulgação Espírita

www.oconsolador.comPor meio da revista é pos-

sível ler, também, na internetas edições integrais do jornalO Imortal desde o númerode janeiro de 2006, sem cus-to algum, sem necessidade deinscrição nem de senha.

O Consoladorwww.oconsolador.com

Acessando o site www.oconsolador.com você, alémde ler a edição da semana etodas as edições anteriores darevista, tem acesso a biografi-as de vultos espíritas, a umabiblioteca virtual, a mensa-gens de voz, a música e a umextenso material que facilita oestudo da Doutrina Espírita.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

mos onde estejamos plantados.Que possamos sempre fazer

florescer a flor da fraternidade noauxílio ao próximo, colocandoem prática os ensinos de Jesus.

Mil abraços em todos, e até apróxima oportunidade.

O IMORTALNOVEMBRO/2008 PÁGINA 13

Encontramos em “O Evangelho se-gundo o Espiritismo”, obra de autoria deAllan Kardec, Edições CELD, 1ª Edição,tradução de Albertina Escudeiro Seco, nocapitulo VIII, item 7, ensinamento pre-cioso e básico sobre a evolução do Espí-rito: “A medida que a alma, comprome-tida no mau caminho, avança na vida es-piritual, ela se esclarece e vai se libertan-do, pouco a pouco, das suas imperfeições,de acordo com o grau de boa vontade queempregue, em virtude do seu livre arbí-trio. Todo mau pensamento, portanto, éuma conseqüência da imperfeição da

alma, porém, segundo o desejo que elapossui de se melhorar, até mesmo essemau pensamento transforma-se em ummotivo de progresso para essa alma,porque ela o repele com energia.( des-taque nosso). É o sinal de uma manchaque ela se esforça para fazer desapare-cer. Não cederá à tentação de satisfazer aum mau desejo, se por acaso essa opor-tunidade se apresentar. Depois de haverresistido, ela se sentirá mais forte e felizcom a vitória.” Mais adiante ele conti-nua: “Em, resumo, a pessoa que não con-cebe o mau pensamento já progrediu;aquela a quem vem esse pensamento,mas o repele está próxima de alcançarprogresso e, finalmente, aquela que temesse pensamento, e nele se satisfaz, ain-

da está sob toda força do mal. Em uma otrabalho está feito, na outra está por fa-zer. Deus, que é justo, leva em conside-ração todas essas diferenças ao respon-sabilizar o homem por seus atos e pensa-mentos”.

Jesus, o Mestre dos mestres, afir-mou categoricamente: “...das ovelhasque o Pai me confiou nenhuma se per-derá”. Essa convicção de Jesus temseus fundamentos irretorquíveis naprópria Lei de Deus, pois todos os es-píritos foram criados para conquistara sua evolução e serem felizes.

Vimos Kardec afirmar que “até mes-mo esse mau pensamento transforma-seem um motivo de progresso para a alma,porque ela o repele com energia”.

Entendemos daí que este ato de re-pelir, já é um sinal de progresso. En-quanto não obter o livre arbítrio cons-ciente de suas possibilidades, a lei oleva a se modificar pela força de suaprópria natureza. Essa força de repelira vontade de fazer o mal, leva o Espí-rito à aquisição de sua própria vonta-de. A razão para definir o processo derenovação da Vida do Espírito não émedida pela aparência exterior, masestá no íntimo de cada ser e se refletepela qualidade dos pensamentos e dossentimentos que irradia de si.

Sendo assim, é deveras importantetoda criatura humana examinar os refle-xos da alma que se tornam aparentes atra-vés da voz da consciência e das tendên-cias instintivas que nada mais são do quenossas aquisições do passado, que, poresse meio, se tornam conhecidas.

Com esses conhecimentos, a respon-sabilidade do homem cresce perante elee perante Deus. Agora é necessário tra-balhar intensamente, visando transformartendências reflexivas em atitudes cons-cientes e equilibradas no terreno move-

Caminhos para a evoluçãoÉDO MARIANI

[email protected] Matão, SP

O amor por escolha

Uma criança de dois anos, olhostristes, grandes, muito magra, comcerca de 8 kg, foi levada pelo seupai para que a atendêssemos e, en-quanto o fazíamos, fomos conver-sando com o pai, que nos contou umahistória que pensamos ser digna deuma página no nosso jornal espírita.

O pai é um moço ainda jovem,com cerca de 25 anos.

Quando o menino nasceu, logoapós, com 2 meses de idade, foi estepai acusado de homicídio e preso, mes-mo sob protestos de inocência. Ficou 2anos preso sem poder ver o filho, sa-bendo por terceiros que a mãe do me-nino não o atendia direito, batia na cri-ança, não tinha paciência, não dava co-mida direito e largava o menino comterceiros para ir a festas à noite.

No dia de seu julgamento, quan-do o juiz ia verificar o seu caso, doisanos depois, uma mulher que sabiaquem era o verdadeiro criminoso, eque tinha medo de dizê-lo com medodo assassino, criou coragem, porquevivia atormentada pela consciência,e compareceu no local, na frente dojuiz, e o inocentou, apontando quemera o homicida de fato.

Ele foi libertado depois de 2 anospreso, e inocente! Isso acontece muito

JANE MARTINS [email protected]

De Cambé - PR

diço de nossos sentimentos.Esta tarefa é árdua mas necessá-

ria. Se não a fizermos hoje, teremos deefetuá-la no futuro e naturalmente commais dificuldades e novos sofrimentos.Ela consiste na boa vontade de querercom decisão, mesmo custando traba-lho, suor e lágrimas. É preciso que pos-suamos o ideal da transformação mo-ral íntima. Para tanto, segundo apren-demos com André Luiz, no livro de suaautoria “Os Mensageiros”, capitulo 27,quando nos mostra como agiu Anicetopara realizar importante tarefa liberta-dora. Reporta ele que Aniceto “dese-jou”, “procurou”, “alimentou” e só de-pois é que iniciou permanente “reali-zação”, cuja execução custou-lhe mui-tos anos de dedicação e devotamento.

Assim, cabe a todos, mas especi-almente aos espíritas, porque conhe-cem, a ingente tarefa de trabalhar naconquista de melhores aquisições querepresentam os tesouros referidos porJesus : que a traça não roí, o ladrãonão rouba e a ferrugem não consome.

Alertemos-nos, portanto.

no Brasil. Quem é rico tem advogadosbons, todos sabem disso. O pobre, muitasvezes, sofre – todos também sabem disso.

A primeira atitude desse pai foiprocurar o filho. Viu o estado dele,conseguiu que os vizinhos testemu-nhassem a seu favor, e está com a guar-da do filho agora.

Perguntamos o que sentiu por ter fi-cado 2 anos preso, sendo inocente, e elerespondeu que a mulher se arrependeu,apontou o culpado e ele agora está livre, eé o que importa. Um espírito resignado,porque, em o “sondando” a alma, perce-bemos que não se revoltou contra Deuspelo que passou. Em nenhum momentoele demonstrou revolta em seu relato.

Imaginamos que o menino agora es-teja mais bem cuidado e, sobretudo, ama-do, e que aqueles grandes olhos tristespossam emitir brilho de alegria e conse-guir demonstrar afeto. Pedimos ao pai quelhe desse muito carinho, muito amor.

Somente a reencarnação e a justiçadivina nos podem explicar essa dor. Pre-so e inocente. Perguntamos conosco oque será que fez no passado, em outrasvidas. Algo que teria ficado impune?

Sabemos que “o amor cobre umamultidão de pecados” e que a lei deTalião não deve imperar.

O sofrimento, a dor são nossas es-colhas, quando nos desviamos do amorpelo nosso livre arbítrio.

Quando não há necessidade de mui-to sofrimento, o socorro não tarda. Dois

Histórias quenos ensinam

Conta, a respeitadíssima médiumYvonne do Amaral Pereira, que des-de o início de sua mediunidade psi-cográfica, seus benfeitores espiritu-ais, Charles e Dr. Bezerra de Mene-zes, sempre a aconselharam a enca-minhar suas obras somente à Fede-ração Espírita Brasileira, dizendoque, se algum dia, uma delas fosserejeitada, era para guarda-la, a fim derefaze-la mais tarde, ou destruí-la,mas não confiar a mais ninguém.

Vejam agora o testemunho de Da.Yvonne, registrado no livro “À Luzdo Consolador”, escrito por ela mes-ma e editado pela FEB.

“A primeira vez que visitei aFEB, levando uma obra mediúnica,esta não foi recebida, nem mesmolida. Foi pelo ano de 1944... Levavadois livros ao exame da Federação(eram eles “Memórias de um Suici-da” e “Amor e Ódio”).

Retirei-me sem me agastar. Eu re-conhecia a minha incapacidade e nãoinsisti. Aliás, eu mesma não souberacompreender o enredo de “Memóriasde um Suicida”, acreditava tratar-se deuma grande mistificação, e silenciei.Em chegando à minha residência, to-mei de uma caixa de fósforos e dos ori-ginais dos dois livros e dirigi-me aoquintal, a fim de queima-los, pois nemmesmo tinha um local conveniente

para guardá-los. Mas, ao riscar o fós-foro e aproximar as páginas da chama,vi, de súbito, o braço e a mão de umhomem, transparentes e levementeazulados, estendidos como protegen-do as páginas, e uma voz assustada,dizendo-me ao ouvido:

- Espera! Guarda-os!De quem seria essa voz?Meu coração reconheceu-a como

sendo vibrações de Bezerra de Me-nezes.

Obedeci, tornei a guardar os ori-ginais e esperei... Certa manhã, po-rém, após as preces e o receituárioque eu fazia em meu humilde domi-cílio, para os necessitados que meprocuravam, apresentou-se LeonDenis dizendo:

- Vamos refazer o livro sobre osuicídio. Ele está incompleto nãopoderá ser publicado como está.

Está bem, respondi, Começá-lo-eina próxima semana, vou-me preparar.

Não! Vamos começá-lo hoje,agora, neste momento!

Então, compreendi que o Sr.Quintão (o presidente da FEB que re-jeitou o livro- nota do colunista) forainspirado pelos amigos espirituaispara não me receber quando o procu-rei na Federação, porque, se aquelelivro fosse lido por aquela ocasião,seria irremediavelmente rejeitado.Camilo, o seu autor espiritual, não ocompletara devidamente, não lhe deraaquela feição doutrinária necessária,feição que, então, Léon Denis lhe deu.

anos foram de sofrimento, mas quemsabe o trabalho desenvolvido pelos es-píritos no além túmulo para que a mu-lher se arrependesse e fosse contar averdade? Se ela não o tivesse feito, elepoderia estar preso até hoje, e aquelacriança, triste e dócil, sem proteção.

Menino dócil, poderia ser agressi-vo e rebelde pelo que sofreu, mas não,atendeu-nos em tudo o que pedimos. Umespírito que sofre desde que nasceu, pois,aos primeiros meses de vida, passou poruma grande cirurgia no intestino – temuma cicatriz no abdome extensa.

Passou por muitas coisas, essemenino, mas chega uma hora que osofrimento deve cessar, o amor in-terfere, o amor vence. E venceu paraele e para o pai.

Bendita Doutrina Espírita, quenos dá a chave para o entendimentoe a possibilidade de resignação.

Antes de pensar: “Deus é injusto,eu não mereço”, pensemos: “o que seráque fiz antes? Agora não lembramos,mas se não foi escolha errada dessavida, se parece imerecido, como sabe-mos que o amor de Deus é infinito, pen-semos, antes: “Eu mereço!”, e aquiete-mos o coração e fiquemos em paz.

“Eu mereço!”Que bênção o conhecimento! Que

oportunidade a de amar! Que seja essaa nossa escolha: o amor. Ele dará pazà alma e sua escolha gerará sementesde luz para um amanhã mais feliz.

Acessando o site www.oconsolador.com você pode,além de ler a edição semanal darevista eletrônica O Consola-dor, ter acesso a biografias devultos espíritas, a uma bibliote-

Leia o jornal O Imortal na internetwww.oconsolador.com

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As edições do jornal, a partirde janeiro de 2006,estão à dispo-sição do leitor no endereço ele-trônico mencionado.

ca virtual, a mensagens de voz, amúsicas clássicas e a estudos es-píritas diversos. E pode, igual-mente, ler as edições do jornal OImortal , bastando para issoclicar o link Jornal O Imortal

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

O IMORTALPÁGINA 14 NOVEMBRO/2008

A SementinhaBeto estava muito triste. Seu cão

ficou doente e, apesar de todos oscuidados, morreu em seus braçossem que ele nada pudesse fazer paraimpedir.

Já havia se passado uma sema-na, mas Beto continuava inconsolá-vel. Não se conformava com a mor-te do cãozinho Vira.

Lembrava, com saudade, do diaem que encontrara Vira, ainda umfilhote, perdido na rua perto de suacasa. Tinha aspecto de cão abando-nado. Seu pêlo era ralo e feio, estavamuito magro e gania de fazer dó. Ti-nha fome, certamente.

Apesar da feiúra, Beto sentiuimediata simpatia por ele. Tomou-ono colo e, quando o cãozinho lam-beu seu rosto, já estava decidido alevá-lo para casa.

Recebeu o apelido de Vira, detanto os familiares caçoarem do po-bre e feio filhote, dizendo que ele eraum legítimo exemplar da raça dosVira-latas. Assim, apesar do nomeque Beto lhe dera, Rex, passou a serchamado carinhosamente de Vira.

Desde esse dia, tornaram-seinseparáveis. Só não estavam juntosquando Beto ia para a escola e du-

Apesar de não ter vontade nenhu-ma, Beto aceitou, apenas paraagradá-la.

Dirigiram-se para o jardim e amãe foi explicando como o serviçodeveria ser feito:

— Primeiro você fará um bura-co no solo. Depois depositará a se-mente na cova e cobrirá com umpouco de terra. Esta semente, meufilho, lançada ao solo, irá morrer e,depois de algum tempo, germinará.

O menino, que ainda era peque-no, não entendeu direito e pergun-tou:

— Como assim?!...— Bem, meu filho, tudo o que

existe na face da Terra, e que temvida, precisa morrer para nascer denovo, isto é, voltar a viver. Como issoacontece, só Deus, que é a SupremaSabedoria e o Criador de tudo o queexiste, o sabe. Mas assim acontececom as plantas, com os animais ecom as pessoas, para que todos evo-luam, tornando-se cada vez melho-res!

Beto ouviu muito sério e com-penetrado. Em seguida, indagou:

— Isso vai acontecer tambémcom o Vira?!...

— Sem dúvida! Só que asementinha dele, que é o espírito,renascerá de uma outra mãe, em ou-tro local.

— Ah!... E eu poderei reconhecê-lo?

— Quem sabe? Se nascer aquipor perto, isso é possível! Ele pode-rá apresentar o mesmo jeitinho, asmesmas manias, as mesmas tendên-cias.

— Então, se algum dia eu reen-contrar o Vira, vou reconhecê-lo,mamãe, e tenho certeza de que eletambém vai se lembrar de mim.

Beto calou-se, mas a mãe perce-beu que, ao deixarem o jardim, elejá estava diferente, menos triste ebem mais animado.

A partir desse dia, Beto cuidou

Olá, meu amiguinho!Em novembro homenageamos

aqueles que já partiram para o mun-do espiritual, que são chamados demortos.

Na verdade, a morte não existe.O que existe é VIDA, porque nin-guém morre. A morte é apenas umamudança de endereço.

Você já viu o que acontece coma Natureza? Ela se renova sempre.

Após o dia vem a noite, e logo anoite vai embora e o dia retorna, sem-pre.

As sementes brotam e se transfor-mam em árvores, que depois morrem eretornam a viver através das sementes.

O Espírito nasce um bebê, quecresce, se torna um adulto e depoisenvelhece e morre, mas que depoisretorna como um bebê, para umanova vida aqui na Terra.

Então, é preciso entender que mor-te e vida são apenas etapas que se alter-nam continuamente, para aprendizadodo Espírito em seu caminho evolutivo.

Seja aqui na Terra, ou no MundoEspiritual, estaremos sempre vivos.

Morte é Vida!

rante a noite, pois a mãe proibira,terminantemente, que o animalzinhodormisse no quarto, como era dese-jo do menino.

O resto do dia eles divertiam-sea valer: brincavam de bola, aposta-vam corridas, passeavam na calça-da, ou, simplesmente, rolavam nagrama.

Vira transformara-se num belocachorro. Limpo e bem cuidado, emnada lembrava o filhote magro e feio

que Beto encontrou um dia.Mas agora Vira estava morto.

Beto sentia muita falta da sua com-panhia e vivia a chorar pelos cantos.A mãe não sabia mais o que fazerpara alegrá-lo.

Um dia, ela teve uma idéia. Apa-nhou uma semente de flor e disse:

— Meu filho, quer ajudar-me aplantar esta semente?

com muito carinho da sementinhaque tinha lançado a terra. Cercava-ade atenções, não deixando faltarágua. Ele passava horas sentado nochão, ali perto, pedindo a Jesus quepermitisse à semente germinar, en-quanto observava cuidadosamente olocal onde a depositara.

Até que, alguns dias depois,cheio de alegria e entusiasmo elecorreu para a mãe, agitando os bra-ços e gritando:

— Ela brotou, mamãe! Ela bro-tou! A sementinha está viva de novo!Viva!...

A mãezinha deixou os afazeresdomésticos e foi até o jardim. Osolhos do menino estavam brilhantesde emoção, e ela percebeu como tudoaquilo era importante para seu filho.

Envolveu-o carinhosamente numabraço, afirmando:

— Você cuidou muito bem dasemente que lhe confiei, meu filho,e Deus atendeu às suas preces. Para-béns!

Desse dia em diante, acompa-nhando o desenvolvimento da plan-tinha, Beto enchia-se cada vez maisde esperança, de confiança e de gra-tidão a Deus, Supremo Doador da

A Vida Espiritual é nossa verda-deira vida.

Assim, não devemos nos deses-perar diante de um ente querido quepartiu. Eles continuam vivos e nosamando da mesma maneira.

É natural sentirmos saudade dequem partiu, mas devemos evitar odesespero. Estamos separados ape-nas temporariamente, porque pode-remos nos encontrar, visitando nos-so familiar onde ele está agora, ouele poderá vir nos visitar.

Quando dormimos, o Espírito seliberta do corpo e vai para onde qui-ser. Pode passear, estudar, visitar fa-miliares e amigos, enfim, aproveitaro tempo de que dispõe enquanto ocorpo físico repousa.

Entendeu? Então, não há moti-vo para se ter medo da morte.

Devemos, isto sim, fazer precespor aqueles que já partiram para ooutro lado da vida, mostrando queos amamos, que nos lembramos de-les e que lhes desejamos o melhor.

Eles ficarão muito contentes,pode acreditar!

Vida.Logo, a plantinha cobriu-se de

lindas e perfumadas flores, que Betonão se cansava de admirar e mostrarpara as outras pessoas, cheio de jus-ta satisfação, dizendo:

— Fui eu que plantei!Agora, a idéia da morte não lhe

causava mais tristeza ou medo. Aocontrário, sentia-se tranqüilo e con-fiante, compreendendo que a morteera apenas uma etapa natural na vidade todos os seres da Criação, quemorreriam e voltariam a nascer, mui-tas e muitas vezes, para atingir o su-blime objetivo da evolução.

Tia Célia

O IMORTALNOVEMBRO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (Parte 11)

Continuamos a publicação do tex-to condensado da Revista Espírita de1868. As páginas citadas referem-se àversão publicada pela Edicel.

*138. O número de novembro da

Revista transcreve duas cartas envia-das por confrades residentes na IlhaMaurícia (antiga Ilha de França), ondenos últimos dois anos ocorrera uma epi-demia tão séria que devastou a região evitimou sessenta mil pessoas. A maiorparte dos membros do grupo espírita dePort-Louis foram atingidos pela molés-tia e, por causa disso, as reuniões fo-ram suspensas. (Págs. 319 e 320.)

139. A moléstia que se abateu so-bre a população da Ilha tomou múlti-plas formas, o que fez com que os mé-dicos jamais chegassem a um acordo.Somente o jovem Dr. Labonté conse-guiu de certo modo definir a moléstia,que, depois de tantos estragos, pareciaestar chegando ao fim, quase dois anosdepois que os habitantes da Ilha assis-tiram a uma impressionante chuva deestrelas cadentes na noite de 13 para14/11/1866. As estrelas cadentes foramtão numerosas que fizeram tremer eimpressionaram os que as observaram.O espetáculo ficará para sempre gra-vado na memória daquele povo, por-que foi depois do fato que a moléstiatomou um caráter aflitivo, tornando-segeral e mortal. (Págs. 320 e 321.)

140. Depois de breves comentáriosde Kardec, a Revista reproduz duas co-municações recebidas na Sociedade Es-pírita de Paris, onde as cartas foram li-das. Firmadas pelos Espíritos de ClélieDuplantier e do doutor Demeure, asmensagens esclarecem pontos impor-tantes relacionados com a epidemia queacometeu a Ilha Maurícia e os flagelosem geral. Eis, de forma resumida, o quedizem as mencionadas comunicações:I – As crises e os flagelos que dizimampasso a passo as diferentes regiões doglobo não ocorrem por acaso; são elesa conseqüência das influências dosmundos e dos elementos. Preparadas delonga data, sua causa é, por conseguin-te, perfeitamente normal. II – A saúde éo resultado do equilíbrio das forças na-turais. Se uma doença epidêmica devas-ta qualquer parte, não pode ser senão aconseqüência de uma ruptura desseequilíbrio. III – Os meteoros conheci-dos pelo nome de estrelas cadentes sãocompostos de elementos materiais,como tudo o que cai sob os nossos sen-tidos; não aparecem senão graças àfosforescência desses elementos emcombustão e cuja natureza especial porvezes desenvolve no ar respirável in-fluências deletérias e morbíficas. IV –As estrelas cadentes eram, para a Ilha

Maurícia, não o presságio, mas a causasecundária do flagelo. V – Os que so-breviveram, em contacto forçado comos doentes e os agonizantes, foram tes-temunhas de cenas que a princípio nãoperceberam, mas cuja lembrança lhesvoltará mais tarde. VI – Os casos de apa-rição, de comunicação com os mortos eas previsões têm sido ali muito comuns.Apaziguado o desastre, a memória des-ses fatos surgirá e provocará reflexõesque, pouco a pouco, levarão muitos aaceitar nossas crenças. VII – Mauríciavai renascer! O ano novo verá extinguir-se o flagelo de que foi vítima, não porefeito dos remédios, mas porque a cau-sa terá produzido o seu efeito, enquantooutras regiões sofrerão, por sua vez, oataque de um mal da mesma ou de qual-quer outra natureza, determinando osmesmos desastres e conduzindo aos mes-mos resultados. VIII – Uma epidemiauniversal teria semeado o espanto da hu-manidade inteira e detido por muito tem-po a marcha do progresso. Uma epide-mia restrita, atacando passo a passo esob múltiplas formas cada centro de ci-vilização, produz os mesmos efeitos sa-lutares e regeneradores. IX – Os quemorrem são feridos de impotência, masos que vêem a morte à sua porta bus-cam novos meios de a combater. Quan-do todos os meios materiais estiveremesgotados, cada um será constrangido apedir a salvação aos meios espirituais.X – Esses flagelos, para o materialista,trazem apenas a morte horrível e o nadaem conseqüência; para o espiritualistae, em particular, para o espírita, poucoimporta o que pode acontecer, porquan-to, se escapar do perigo, a prova o en-contrará inabalável, e se morrer, o queconhece da outra vida fá-lo-á encarar apassagem sem medo. XI – É precisoque, sejam quais forem a hora e a natu-reza do perigo, nos compenetremos des-ta verdade: a morte não é senão uma pa-lavra vã e não há nenhum sofrimento queas forças humanas não possam dominar.XII – Cada dia entramos no período tran-sitório que deve trazer a transformaçãoorgânica da Terra e a regeneração de seushabitantes. Os flagelos são instrumentosde que se serve o grande cirurgião doUniverso, para extirpar do mundo, des-tinado a marchar para a frente, os ele-mentos gangrenados que nele provocamdesordens incompatíveis com o seu novoestado. XIII – Cada órgão desse corpodoente, melhor dizendo, cada região doplaneta será, passo a passo, batida porflagelos diversos. Aqui, a epidemia; ali,a guerra: acolá, a fome. Algumas regi-ões já foram provadas, mas seus habi-tantes estariam em completo erro se sefiassem na era de calma que sucede àtempestade, para recair nos antigos er-ros. Há um período de mora, que lhes éconcedido, para entrarem num caminhomelhor. Se não o aproveitarem, novasvicissitudes virão para trazê-los ao ar-rependimento. (Págs. 322 a 325)

No livro A Cabana do Pai Tomás,de Beecher Stowe, a idéia da

reencarnação é claramente posta141. Um do correspondentes da

Revista na Antuérpia enviou a Kardecextrato de uma obra inglesa cuja tradu-ção, feita da 5a. edição, foi publicadaem Amsterdã em 1753, mais de cemanos antes d’O Livro dos Espíritos. In-titulada A Amizade após a morte, con-tendo as cartas dos mortos aos vivos,pela Senhora Rowe, a obra contém di-versas comunicações mediúnicas cujoconteúdo apresenta uma identidade no-tável com os ensinos trazidos pelo Es-piritismo. Kardec transcreve várias pas-sagens do livro e, no final, explica porque uma obra tão singular produzira tãopouca sensação e caíra no ostracismo,enquanto que a doutrina espírita adqui-rira tantos seguidores em tão poucotempo. O fato era, segundo ele, a con-firmação do princípio de que as melho-res idéias abortam quando vêm antesdo tempo. Se o Espiritismo tivesse vin-do um século mais cedo, não teria tidonenhum sucesso. (Págs. 325 a 329.)

142. A Revista reproduz trechos dolivro A Cabana do Pai Tomás, escritopela Sra. Beecher Stowe, em que a idéiada reencarnação é claramente posta,embora a obra tenha sido escrita em1850 em um país onde o princípio dapluralidade das existências fora há mui-to repelido. (Págs. 329 e 330.)

143. O jornal israelita La Famille deJacob, publicado em Avignon, sob a di-reção do rabino Benjamin Massé, em seunúmero de julho de 1868, focaliza aquestão do pecado original, um dosdogmas da Igreja Católica que, segundoo periódico, está longe de se achar entreos princípios do Judaísmo. De acordocom semelhante doutrina, que o Judaís-mo repele inteiramente, a queda e a con-denação de nossos primeiros pais cons-tituem uma queda e uma condenaçãopara toda a posteridade. Daí os malesinumeráveis sofridos pelo gênero huma-no, os quais teriam sido sem fim, sem amediação de um Redentor, tão incom-preensível quanto o crime e a condena-ção de Adão. Assim como o pecado deum só foi cometido por todos, a expia-ção de um só será a expiação de todos.Perdida por um só, a humanidade serásalva por um só. A redenção é a conse-qüência inevitável do pecado original.Ora, se Adão pecou, só a ele pertence aresponsabilidade de seu erro; só a ele aproscrição, a expiação e a redenção pormeio de esforços pessoais. Nós, que vi-mos após ele, nascemos com a nossapureza e a nossa inocência, de que so-mos os únicos donos, os únicos deposi-tários, e cuja perda ou conservação nãodependem absolutamente senão de nos-sa vontade e das determinações do nos-so livre arbítrio. (Págs. 330 a 332.)

144. Uma carta enviada à Revistapor um de seus correspondentes, capi-tão do exército na África, diz que o Es-

piritismo se espalhava no norte da Áfri-ca e ganharia o centro, se os francesespara ali se dirigissem. (Págs. 332 a 334.)

145. Relatório publicado peloQuatterly Journal of PsychologicalMedicine revela que uma menina quecontava então menos de cinco anos deidade havia substituído a língua faladaem sua casa por um idioma diferente porela mesma criado. Até a idade de trêsanos a menina não sabia falar, exceto aspalavras “papa” e “mamã”. Ao se apro-ximar dos quatro anos, sua língua se de-satou de repente, mas de tudo quanto dizsó as duas palavras que aprendeu a prin-cípio foram tiradas da língua inglesa.Desolados com isso, seus pais tentaramensinar-lhe o inglês, mas ela a isso serecusa. (Págs. 334 e 335.)

146. Tendo sido o fato discutido naSociedade Espírita de Paris, um Espíritodisse que aquela menina, em sua últimaexistência na Terra, tivera a idéia de criaruma língua universal, a fim de permitiraos homens de todas as nações entender-se e facilitar desse modo as relações hu-manas. A língua inglesa lhe era desco-nhecida e, ao ouvir ingleses falar, acharasua língua desagradável e a detestara.Uma vez na erraticidade, sua idéia per-sistiu e foi assim que compôs um voca-bulário todo particular. Ao encarnar-seentre os ingleses, tomou a decisão de nãofalar a língua inglesa, decisão que se man-tinha em vida porque ela era ajudada porseu guia espiritual, que velava para queo fenômeno se verificasse, a fim de cha-mar a atenção dos homens. Desse modo,ao mesmo tempo que demonstrava seudesprezo pela língua inglesa, cumpria amissão de provocar as pesquisas psico-lógicas. (Págs. 335 a 337.)

O materialismo despoetiza avida e desencanta o homem,tirando-lhe toda a esperança147. Um curioso fenômeno em que

uma música tocada por um ser invisívelse fazia ouvir no ambiente de uma salade aula é relatado em carta por um jo-vem de Mulhouse. A música parecia pro-vir de uma harpa tocada com delicadezae sentimento e todos a ouviam. Ela pare-cia vir de um ponto determinado, mas quemudava constantemente na sala. Quan-do se apontava com o dedo o lugar deonde o som provinha, ele se fixava nou-tro ponto ou se fazia ouvir em lugaresdiferentes. Comentando o caso, Kardecadverte que devemos, antes de atribuirum fato à intervenção dos Espíritos, es-tudar cuidadosamente todas as circuns-tâncias. Aquele tinha, porém, todos oscaracteres de uma manifestação e prova-velmente fora produzido por um Espíri-to simpático ao jovem, com o fito de otrazer às idéias espíritas e de chamar aatenção de outras pessoas para estas es-pécies de fenômenos. (Págs. 337 a 339.)

148. Comentando obra do Sr.Chassang a respeito do efeito doespiritualismo na arte e na poesia, OctaveSachot, do jornal Patrie, diz que sua tese

é toda estética. O que ele entende pro-var, diz o crítico, é que a literatura e aarte não estão menos interessadas que avida moral na vitória das doutrinasespiritualistas. Ao contrário do materia-lismo, que despoetiza a vida e desencantao homem, tirando-lhe toda a esperança,as doutrinas espiritualistas abrem em to-dos os sentidos a vida às nobres aspira-ções e entretêm o homem com o futuro ea imortalidade. (Págs. 339 a 342.)

149. Kardec recebeu da Síria umacarta muito interessante sobre o estadomoral dos povos do Oriente e os meiosde cooperar em sua regeneração. Omissivista vê no Espiritismo uma po-derosa alavanca para combater os pre-conceitos que se opõem à emancipaçãomoral e intelectual de seus compatrio-tas. Visando concorrer para essa obra,ele concebeu um projeto que, valendo-se do Codificador, submeteu à aprecia-ção dos bons Espíritos. Levado o assun-to à Sociedade de Paris, o Espírito deClélie Duplantier deu importante comu-nicação, cujos principais pontos resu-mimos: I – Ter a razão e a verdade, tra-balhar visando o bem geral e sacrificaro bem-estar particular ao interesse detodos é bom, mas não é suficiente. II –Não se podem dar de um golpe todas asliberdades a um escravo modelado pe-los séculos a um jugo severo. Só gradu-almente e medindo a extensão das mar-gens aos progressos inteligentes e so-bretudo morais da humanidade é que aregeneração poderá realizar-se. III – To-dos quantos desejam utilmente concor-rer ao trabalho regenerador devem, pois,antes de tudo, preocupar-se com a na-tureza dos elementos sobre os quais épossível agir e combinar suas ações emrazão do caráter, dos costumes e dascrenças daqueles a quem querem trans-formar. IV – No Oriente, para atingir oobjetivo que os Espíritos de escol al-mejam na Europa, é necessário seguiruma marcha idêntica quanto ao conjun-to, mas diferente nos detalhes, isto é,semeando a instrução, desenvolvendoa moralidade, combatendo os abusosconsagrados pelo tempo, chegar-se-á aum mesmo resultado, seja onde for, masa escolha dos meios deverá ser deter-minada pelo gênio particular daquelesa quem se dirigirem. V – Não se instruio homem batendo de frente os seus pre-conceitos, mas contornando-os, modi-ficando o mobiliário de seu espírito demaneira graduada, para que ele cheguepor si mesmo a renunciar aos erros pe-los quais antes teria sacrificado a vida.VI – Não se impõem idéias novas a umpovo. Para que ele as aceite sem pertur-bação lamentável, é preciso habituá-lopouco a pouco, fazendo-o reconhecersuas vantagens. Há muito a fazer no Ori-ente, mas a ação do homem sozinha se-ria impotente para operar uma transfor-mação radical. É-lhe necessário o con-curso dos Espíritos. (Págs. 342 a 344.)(Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

O IMORTALPÁGINA 16 NOVEMBRO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Foi em comemoração aos 204anos de nascimento de Allan Kar-dec, o Codificador do Espiritismo,que o confrade Cosme Massi, atu-almente radicado em Curitiba, es-teve em Londrina para realizaçãode dois importantes seminários. Oseventos ocorreram no Centro Espí-rita Nosso Lar.

No seminário do dia 4 de outu-bro, tendo como tema central “Me-diunidade e Moral”, Cosme funda-mentou seus comentários iniciais noLivro dos Médiuns, enfocando mé-diuns e a faculdade mediúnica; emseguida, analisou aspectos da éticae da moral contidos em algumas par-tes da obra básica da Doutrina Es-pírita, O Livro dos Espíritos e, porfim, discorreu sobre o tema fluidos,que está bem estudado por Kardecem capítulo específico do livro AGênese, fazendo, assim, a ponte ne-cessária entre a mediunidade e amoral.

A expressão mediunidade vemda palavra médium cujo significa-do vem do latim que significa meio,intermediário, de algo que está en-tre duas coisas; Kardec se reportaráà pessoa que serve de intermediárioentre os Espíritos e os homens. Noitem 59 de O Livro dos Médiuns se-rão, então, apresentados dois signi-ficados para a palavra médium: oprimeiro como sendo o da pessoaque sente num grau qualquer a in-fluência dos Espíritos; neste caso,pode-se dizer que todos somos mé-diuns, porque é aplicado num senti-do lato, amplo. Há, porém, o segun-do sentido, stricto, restrito, onde afaculdade mediúnica está muito bemcaracterizada, com certa intensida-de, e que depende de uma organiza-ção mais ou menos sensitiva; aqui apessoa sente num grau específico,mais intenso, determinado para otipo de fenômeno que vai acontecercom aquele médium – neste caso,nem todas as pessoas são médiuns.Desse modo, nota-se a importânciado uso das palavras e que elas de-vem expressar as idéias claramen-

JOSÉ MIGUEL [email protected]

De Londrina

te; no caso observado, a palavra mé-dium pode, assim, ser entendida numsentido geral ou em um específico. Apartir daí, de maneira sintética, Kar-dec vai dividir os tipos de médiunsem dois grandes grupos – os de efei-tos físicos e os de efeitos intelectu-ais. Nos de efeitos físicos destaca-sea matéria, o elemento material, en-quanto que no de efeitos intelectuaisé o conhecimento, a inteligência, o in-telecto, a mensagem, o pensamentoque se sobressai.

Os médiuns podem seragrupados como os de efeitos

físicos e os de efeitos intelectuaisApesar de ser apenas uma sepa-

ração didática, ambos os efeitos apre-sentam pontos de contato, o que per-mite dizer que um efeito físico temem si algo de intelectual e vice-ver-sa, o que dificulta uma separação ab-soluta entre ambos; um bom exem-plo disto é o dia e a noite – às 15 ho-ras da tarde, é dia, às 21 horas é noi-te, mas às 18 horas está terminando odia e começando a noite, o que ficacomplicado dizer se é um ou outro,ou seja, determinar os limites entreos dois efeitos.

O processo envolvido no efeitofísico está relacionado com algo queo médium fornece, um fluido, que secombina com algo do Espírito; estesenvolvem o elemento físico ou mate-rial que se submete à vontade do Es-pírito - e o objeto se desloca. Do mes-mo modo que o pensamento atua so-bre o cérebro e o braço se move. Poroutro lado, os médiuns de efeitos in-telectuais são aqueles que estão ap-tos a receber ou transmitir comuni-cações inteligentes. Finalizando estaprimeira parte, Cosme apresentouuma classificação didática da mediu-nidade obtida de informações conti-das em O Livro dos Médiuns, na Re-vista Espírita e em A Gênese, a sa-ber: os médiuns podem ser agrupa-dos como os de efeitos físicos e os deefeitos intelectuais, com qualidadespróprias e comuns aos dois tipos e queserão chamados de sensitivos, natu-rais ou inconscientes, facultativos ouvoluntários. Nos de efeitos físicos es-tão os tiptólogos, motores, de trans-lações e suspensões, de efeitos musi-cais, de aparições, de transportes,

pneumatógrafos, curadores e excita-dores; nos de efeitos intelectuais en-contram-se os audientes, falantes, vi-dentes, inspirados, pressentidores, so-nâmbulos, estáticos, proféticos, depossessão ou de incorporação, pinto-res, desenhistas, músicos, escreven-tes ou psicógrafos.

“O desenvolvimento da mediuni-dade guarda relação com o desenvol-vimento moral do médium?”, pergun-ta Kardec em O Livro dos Médiuns.As Entidades Superiores responde-ram: “Não; a faculdade propriamen-te dita se radica no organismo, inde-pende da moral. O mesmo não se dácom o seu uso, que pode ser bom oumal, conforme as qualidades do mé-dium.”

Para que uma comunicaçãoseja boa é necessário que

provenha de um Espírito bomNa Revista Espírita, Kardec dá

exemplos de médiuns espetacularesque se perderam nas suas condutas, oque mostra que não basta ter a facul-dade, mas sim, fazer bom uso dela. Ofluido do Espírito perturbado se com-bina bem com o fluido do médiumdesequilibrado, por isso torna-se mui-to difícil que um Espírito bom consi-ga transmitir seu pensamento pormeio de um médium com pouco de-senvolvimento moral. Para que umacomunicação seja boa é necessárioque provenha de um Espírito bom, epara que esse bom Espírito a possatransmitir, indispensável lhe é umbom instrumento.

Quando se fala em moral, se falade conduta humana, ou seja, como sedeve agir. Neste contexto devem seridentificados dois aspectos funda-mentais: a natureza do homem queage e o motivo da conduta, ou seja,quem é o indivíduo que age e porqueele age. Na questão 629 de O Livro

dos Espíritos encontramos a defini-ção de moral como sendo a regra debem proceder, ou seja, a distinçãoentre o bem e o mal. Fundamenta-sena observância da Lei; o homem pro-cede bem quando tudo faz pelo bemde todos porque, então, cumpre a Leide Deus. O homem vai aprendendo aLei de acordo com o caminhar no pro-cesso evolutivo, e de acordo com suaevolução intelecto-moral vai se tor-nando virtuoso. A sublimidade da vir-tude está no sacrifício do interessepessoal pelo bem do próximo, sempensamento oculto. A mais meritóriavirtude é aquela que se assenta namais desinteressada caridade. O de-sinteresse é a chave para o entendi-mento da moral. Quando a minha ati-tude é interessada, eu estou fazendouma relação de troca, nada tendo aver com conduta moral ou virtuosa.A maior parte das nossas condutas sãonão morais, de interesse; agora, umaconduta de interesse não significa queela é imoral, contra a moral. Têm-secondutas humanas morais, imorais eamorais, estas últimas não tendo ne-nhuma relação com a moral. Assim,se eu não consigo servir pelo puroprazer de servir, eu não conquisteivirtude.

De todas as chagas morais dasociedade, parece que o egoísmo

é a mais difícil de desarraigarNo domingo, 5 de outubro, a pa-

lestra intitulada “Primeiras lições demoral da infância” teve como textobase matéria apresentada por AllanKardec na Revista Espírita de Feve-reiro de 1864. Diz o codificador doEspiritismo que “de todas as chagasmorais da sociedade, parece que oegoísmo é a mais difícil de desarrai-gar. Com efeito, ela o é tanto maisquanto mais é alimentada pelos mes-mos hábitos da educação. Parece quese toma a tarefa de, desde o berço,excitar certas paixões que, mais tar-de tornam-se uma segunda natureza.E admiram-se dos vícios da socieda-de, quando as crianças os sugamcomo o leite. Eis um exemplo que,como cada um pode julgar, pertencemais à regra do que à exceção.” Aliserão observados os costumes de jo-vens em duas famílias com as quais oCodificador teve a oportunidade de

conviver. A análise precisa e pontu-al permite estabelecer uma pontecom o tema moral abordado no diaanterior, destacando o que é de in-teresse para a criança, por necessi-dade ou gosto, diferenciando daqui-lo que está relacionado ao seu com-portamento moral, da índole do Es-pírito imortal. Kardec esclarece quepara o desenvolvimento de um ca-ráter reto, ilibado, baseado na maispura virtude cristã, não convém es-tabelecer vínculo ou ligação com si-tuações cotidianas de troca entre osindivíduos. Estas ocorrem comoparte da vida de relação, e na maio-ria das vezes são amorais, ou seja,não exigem ou não embutem umcomponente de ordem moral para asua realização normal. Ao não en-tender essa separação, pais e edu-cadores transformam a formaçãomoral em objeto de barganha, pro-metendo um doce ou um passeiocomo recompensa ao bom compor-tamento da criança; equivocam-se,porque a moral deve ser inerente aoSer Espiritual, independente da si-tuação que se apresente no exterior.A inteligência, assim falseada pelamá educação, proporcionará o de-senvolvimento de vícios e desequi-líbrios, como o egoísmo, o orgulho,a inveja, a falsidade etc. Kardec ain-da destaca no texto que “é bom di-zer que os pais pecam, muitas ve-zes, mais por ignorância do que pormá vontade. Em muitos há, incon-testavelmente, uma culposa despre-ocupação, mas em muitos outros aintenção é boa, é o remédio quenada vale, ou que é mal aplicado.Sendo os primeiros médicos daalma dos filhos, deveriam ser ins-truídos, não só de seus deveres, masdos meios de os cumprir. Não bastaao médico saber que deve procurarcurar, é preciso saber como agir.”

A União Regional Espírita da 5ªRegião da Federação Espírita do Para-ná gravou tanto o seminário como apalestra, e está disponibilizando o DVDao preço de R$ 5,00 (cinco) reais, comencomenda na livraria do Centro Espí-rita “Nosso Lar” (Rua Santa Catarina,429 – Centro – Londrina, Estado do Pa-raná, Brasil - fone (43) 3322-1959).

Cosme Massi repassa em Londrina os temasmediunidade e educação moral da criança

Grande público compareceu ao Centro Espírita Nosso Lar nos dias 4 e 5 de outubro, para assistir ao seminárioe à palestra que Cosme Massi apresentou, a convite da 5ª União Regional Espírita

Cosme Massi