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Número 03/2010 Florianópolis – maio/junho de 2010 EDITORIAL..................................................................................................................................................3 NOTÍCIAS...................................................................................................................................................4 CNMP – Aprovada a resolução sobre inspeção em prisões..............................................................4 CNJ – Aprovado plano de gestão para funcionamento das varas criminais..................................4 O CCR debate o uso de monitoramento eletrônico nos presos........................................................5 Criada a base de contrarrazões de apelação e manifestações (art. 600, § 4º, do CPP) produzidas pelo CCR................................................................................................................................5 TRIBUNAIS SUPERIORES...........................................................................................................................6 Supremo Tribunal Federal Diminuição da pena por delação premiada deve ser fundamentada para dar importância à colaboração do delator..........................................................................................................................6 Interrogatório e repergunta a corréu.....................................................................................................6 1ª Turma admite prova apontada como ilícita pela defesa de acusado de corrupção em Varginha (MG)...........................................................................................................................................7 Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer – 1.................................................................7 Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer – 2.................................................................8 Progressão para semiaberto não dá direito automático a visita ao lar, esclarece 2ª Turma.........8 Superior Tribunal de Justiça Na dúvida, cabe ao Tribunal do Júri decidir que prova reflete a verdade dos fatos.....................9 Roubo circunstanciado. Princípio da Insignificância. Inaplicabilidade...........................................10 Quinta Turma adota nova tese sobre estupro e atentado violento ao pudor...............................10 Continuidade delitiva. Estupro. Atentado violento ao pudor...........................................................11 Interceptação telefônica. Denúncia anônima...................................................................................11 Roubo se consuma tão logo infrator se apodera do bem................................................................11 Porte ilegal. Arma. Receptação dolosa. Consunção........................................................................12 LEGISLAÇÃO...........................................................................................................................................13 Lei nº 12.258, de 15 de junho de 2010 -Prevê a possibilidade de utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado nos casos em que especifica (DOU 16/06/2010).............................................13 DECISÕES EM DESTAQUE......................................................................................................................13 ARTIGOS..................................................................................................................................... 17 ALTERAÇÃO DE PRAZO PRESCRICIONAL DA PRETENSÃO PUNITIVA – Lei 12.234/2010 - DAMÁSIO DE JESUS.................................................................................................................................................... 17 MONITORAÇÃO ELETRÔNICA E FISCALIZAÇÃO INDIRETA DO CONDENADO – APONTAMENTOS SOBRE A LEI 12.258/10 - RICARDO ANTONIO ANDREUCCI................................................................. 17 1 ÍNDICE

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Page 1: Número 03/2010 Florianópolis – maio/junho de 2010 ÍNDICE · Rabello, respondendo pela Promotoria de Execução Penal da Capital, Américo Bigaton, que irá assumir a Promotoria

Número 03/2010 Florianópolis – maio/junho de 2010

EDITORIAL..................................................................................................................................................3NOTÍCIAS...................................................................................................................................................4CNMP – Aprovada a resolução sobre inspeção em prisões..............................................................4CNJ – Aprovado plano de gestão para funcionamento das varas criminais..................................4O CCR debate o uso de monitoramento eletrônico nos presos........................................................5Criada a base de contrarrazões de apelação e manifestações (art. 600, § 4º, do CPP) produzidas pelo CCR................................................................................................................................5TRIBUNAIS SUPERIORES...........................................................................................................................6Supremo Tribunal FederalDiminuição da pena por delação premiada deve ser fundamentada para dar importância à colaboração do delator..........................................................................................................................6Interrogatório e repergunta a corréu.....................................................................................................61ª Turma admite prova apontada como ilícita pela defesa de acusado de corrupção em Varginha (MG)...........................................................................................................................................7Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer – 1.................................................................7Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer – 2.................................................................8Progressão para semiaberto não dá direito automático a visita ao lar, esclarece 2ª Turma.........8Superior Tribunal de JustiçaNa dúvida, cabe ao Tribunal do Júri decidir que prova reflete a verdade dos fatos.....................9Roubo circunstanciado. Princípio da Insignificância. Inaplicabilidade...........................................10Quinta Turma adota nova tese sobre estupro e atentado violento ao pudor...............................10Continuidade delitiva. Estupro. Atentado violento ao pudor...........................................................11Interceptação telefônica. Denúncia anônima...................................................................................11Roubo se consuma tão logo infrator se apodera do bem................................................................11Porte ilegal. Arma. Receptação dolosa. Consunção........................................................................12LEGISLAÇÃO...........................................................................................................................................13Lei nº 12.258, de 15 de junho de 2010 -Prevê a possibilidade de utilização de equipamento de

vigilância indireta pelo condenado nos casos em que especifica (DOU 16/06/2010).............................................13

DECISÕES EM DESTAQUE......................................................................................................................13ARTIGOS.....................................................................................................................................17ALTERAÇÃO DE PRAZO PRESCRICIONAL DA PRETENSÃO PUNITIVA – Lei 12.234/2010 - DAMÁSIO DE JESUS....................................................................................................................................................17MONITORAÇÃO ELETRÔNICA E FISCALIZAÇÃO INDIRETA DO CONDENADO – APONTAMENTOS SOBRE A LEI 12.258/10 - RICARDO ANTONIO ANDREUCCI.................................................................17

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ÍNDICE

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MONITORAMENTO ELETRÔNICO DO PRESO: LULA DECEPOU O POPULISMO PENAL - LUIZ FLÁVIO GOMES......................................................................................................................................................17CONSULTAS.............................................................................................................................................18CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO DO ART. 600, § 4º, do CPP.....................................................20PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS CRIMINAIS...........................................................................21

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Caros Colegas:

O Centro de Apoio Operacional Criminal (CCR), em atendimento ao art. 5º, VII, do Ato nº 346/2009, vem apresentar o seu Boletim Informativo, com base em alguns dados registrados nos meses de maio e junho de 2010, já que transcrever todos os registros por certo tornaria este meio de comunicação extremamente extenso e sua leitura cansativa. Buscamos registrar as principais notícias, estudos e jurisprudências em destaque havidos nesse período, muito embora tenham sido encaminhados à classe quase que semanalmente modelos de peças e informações de impacto ocorridos na área criminal, procurando cumprir a função primordial do CCR, qual seja, realizar apoio técnico e prático aos membros do Ministério Público catarinense.

Longe de atingirmos a plenitude, este Centro tem consciência de suas limitações, entretanto, está diariamente lutando pelo aprimoramento e avanço do apoio aos colegas que enfrentam os embates jurídicos no âmbito criminal, seja nas salas de audiência, ou em seus gabinetes. Registramos, por último, que todo o material técnico-jurídico deste Centro de Apoio encontra-se disponível na nossa intranet.

Convidamos os colegas a contribuir com o aprimoramento deste Boletim Informativo, enviando para o email [email protected] suas sugestões, críticas, produções científicas, peças processuais e outros materiais que possam interessar à atuação ministerial na seara criminal.

Não é demais salientar que essa participação, além de muito bem-vinda, é de grande valia para a difusão do conhecimento em matéria criminal e, por conseguinte, para a atualização de todos os membros do Ministério Público.

Boa leitura a todos!

César Augusto Grubba Onofre José Carvalho Agostini Coordenador-Geral Coordenador

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Equipe técnica:

Assessoria: Fabíola Neves Viviane de Souza, Fernanda Mambrini Rudolfo, Fernando Ferreira Gregui, Júlio Cézar Philippi e Marcos Dagoberto Cardoso Delavi

Estagiários de Direito: Ana Caroline Montalbano, Darlei Maria Oldoni, Guilherme Costa Cesconetto e Renata Matos

EDITORIAL

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CNMP – Aprovada a resolução sobre inspeção em prisões

O Plenário do CNMP aprovou no dia 22 de junho, resolução que cria regras para padronizar a fiscalização dos sistemas prisionais por membros do MP. Segundo o texto, os procuradores e promotores incumbidos do controle do sistema carcerário deverão realizar visitas mensais às prisões sob sua responsabilidade. A regra também exige a elaboração de relatórios das visitas, a serem encaminhados aos respectivos corregedores-gerais até o dia cinco do mês subsequente.

Feitos com base em formulário aprovado pela Comissão de Controle do Sistema Carcerário do CNMP, os relatórios deverão ter informações sobre as instalações físicas, recursos humanos e ocupação das prisões, perfil da população carcerária, entre outros dados. Os corregedores-gerais ficam responsáveis por inserir os dados dos relatórios em sistema informatizado a ser criado pelo CNMP. O objetivo é ter um banco de dados nacional sobre o tema.

Apresentado ao Plenário pelo conselheiro Maurício de Albuquerque e aprovado por unanimidade, o texto da resolução é resultado das discussões realizadas no I Encontro Nacional de Aprimoramento da Atuação do MP junto ao Sistema Carcerário, promovido em 14 de abril pela Comissão Disciplinar de Controle do Sistema Carcerário e de Controle das Medidas Sócio-Educativas do CNMP. O encontro reuniu em Brasília mais de cem promotores e procuradores de todo o Brasil.

Veja neste link íntegra do texto aprovado (Aguardando publicação): http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/resolucao_inspecao_em_prisoes.pdf

Fonte: Secretaria de Comunicação do CNMP

CNJ – Aprovado plano de gestão para funcionamento das varas criminais O Conselho Nacional da Justiça (CNJ) editou o Manual de Rotinas e Estruturação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, com o objetivo de dar efetividade à Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). O manual foi apresentado no dia 22 de junho de 2010, durante o lançamento do projeto Mutirões da Cidadania do CNJ. O documento traz uma série de recomendações sobre a estrutura e o funcionamento das varas que são responsáveis pelo julgamento das ações que tratam da violência praticada contra as mulheres. O texto propõe que os Juizados possuam uma estrutura mínima de atendimento com gabinete, sala de audiências, espaço para a secretaria (cartório), salas de atendimento para a equipe multidisciplinar (composta por psicólogos, assistentes sociais e pedagogos), brinquedoteca, entre outros. O documento também traz recomendações sobre a adoção de medidas protetivas de urgência que são sugeridas quando há risco iminente à integridade física e psicológica da mulher. Detalha ainda uma série de rotinas a serem adotadas pelos Juizados na fase do inquérito, do processo e da execução penal. Outros pontos destacados são a atuação dos oficiais de justiça e das equipes multidisciplinares. Essa última, segundo o manual, tem o papel de auxiliar o juiz na compreensão do contexto familiar em que se deu a situação de violência.

Acesse o Manual neste link:http://www.cnj.jus.br/images/imprensa/varascriminais/manual%20de%20rotina%20-%20varas%20criminais%20cnj%20final.pdf

Fonte: Agência CNJ de Notícias.

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NOTÍCIAS

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O CCR debate o uso de monitoramento eletrônico nos presos

O Centro de Apoio Operacional Criminal, juntamente com a Corregedoria-Geral da Justiça e a Secretaria de Estado da Segurança Pública, promoveram reuniões, nos dias 05 e 16 de julho, nas Comarcas de Curitibanos e da Capital, respectivamente, para debater o sistema de monitoramento eletrônico de apenados, novo meio de fiscalização de presos que estão em prisão domiciliar ou no gozo de saídas temporárias, instituído pela Lei 12.258, de 15 de junho de 2010.Na reunião do dia 16, nesta Capital, fizeram-se presentes, entre outros, os Promotores de Justiça, Doutores César Augusto Grubba e Onofre José Carvalho Agostini, respectivamente Coordenador-Geral e Coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal, Raul Rogério Rabello, respondendo pela Promotoria de Execução Penal da Capital, Américo Bigaton, que irá assumir a Promotoria da Execução da Capital, Silvana Schmidt Vieira, com atribuições na Execução Penal da Comarca de Chapecó, Jorge Hoffmann, com atribuições na Execução Penal da Comarca de Curitibanos. Além disso, também participaram os Doutores Júlio César Machado Ferreira de Melo, Juiz Coordenador da Execução Penal e da Infância e Juventude - Cepij, André Luís Mendes da Silveira, Secretário de Segurança Pública do Estado de Santa Catarina, Justiniano de Almeida Pedroso, Secretário de Justiça e Cidadania, Adércio Velter, Diretor Geral do DEAP, os Magistrados integrantes do Grupo Operacional de Execução Penal da Cepij, Doutores Joarez Rusch, Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt, Maicon Rangel Favareto, Marcelo Carlin e a Magistrada Denise Helena Schild de Oliveira. Também foram convidados os Promotores de Justiça com atuação na execução penal das Comarcas de Joinville, Itajaí, Lages e Criciúma.

Criada a base de contrarrazões de apelação e manifestações (art. 600, § 4º, do CPP) produzidas pelo CCR

Desde o dia 29 de junho do corrente ano, está disponível na intranet a base arquivos de contrarrazões de apelação e manifestações produzidas por este Centro de Apoio Operacional Criminal (CCR), por intermédio de seus Coordenadores (conforme designação do Procurador-Geral de Justiça), as quais são apresentadas perante o Tribunal de Justiça, na forma do artigo 600, §4º, do Código de Processo Penal. Ao acessar a base (Intranet\Auxiliares\CCR Criminal\Art. 600, §4º do CPP: contrarrazões de apelação e manifestações - ver link abaixo), a pesquisa poderá ser realizada pelo nome das partes, número dos autos, ou qualquer palavra ou número que se encontre no texto.Atualmente, a base do CCR está constituída por 604 documentos sendo 520 contrarrazões recursais e 84 manifestações, todas relativas aos anos de 2008, 2009 e 2010. A atualização da base é quinzenal, sendo a última realizada em 2 de agosto corrente. Registramos que essa é mais uma forma de apoio aos Membros que enfrentam embates jurídicos no âmbito criminal. Além disso, contamos com suas sugestões e críticas, as quais poderão contribuir para o aprimoramento dessa ferramenta de apoio à Classe.

Acesse a base de contrarrazões e manifestações neste link:http://acervo.mp.sc.gov.br/NXT/gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=nextpage:ID_V_CCR&secao_id=808

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SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Diminuição da pena por delação premiada deve ser fundamentada para dar importância à colaboração do delator

O Habeas Corpus (HC 99736) impetrado pela Defensoria Pública da União em favor de Alexandre Alves da Silva, condenado por homicídio triplamente qualificado, foi concedido em parte pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a decisão, fica anulada a dosimetria da pena quanto à causa de diminuição tendo em vista o reconhecimento da delação premiada.Ao questionar o quantitativo da diminuição da pena, com base na delação premiada, a Defensoria argumenta que a efetiva colaboração do réu no deslinde do crime, daria ensejo à redução máxima de dois terços da pena, nos termos do artigo 14 da Lei 9.807/99*.No caso, o magistrado fixou a pena sem fundamentar a decisão quanto à importância da colaboração prestada pelo delator. O julgador reduziu a pena em um terço, reconhecendo a colaboração do condenado na apuração dos fatos cometidos pela organização criminosa. A pena definitiva teria sido fixada em 12 anos de reclusão a ser cumprida em regime fechado.Na segunda instância, o tribunal confirmou a decisão do juiz, por considerá-la fundamentada, mas não entrou no mérito da colaboração de Alexandre, por efeito da delação. Para o tribunal, não se pode considerar desprezível uma redução de um terço que implicou seis anos a menos de pena.“Tais manifestações judiciais não permitem ao jurisdicionado a exata compreensão das razões de decidir nesse ou naquele sentido. Mais: a partir do momento que o direito admite a figura da delação premiada como causa de diminuição de pena e como forma de buscar a eficácia do processo criminal, reconhece que o réu delator assume uma postura sobremodo incomum, qual seja afastar-se do seu próprio instinto de conservação ou de autoacobertamento, tanto individual quanto familiar, sujeito [o delator] que fica a retaliações de toda ordem”, afirmou o relator, ministro Ayres Britto.“Por isso, ao negar ao delator o exame do grau de relevância de sua colaboração ou mesmo criar outros injustificados embaraços para lhe sonegar sanção premial da causa de diminuição da pena, o estado-juiz assume perante ele, o delator, conduta que me parece desleal, a contrapasso do conteúdo do princípio que na cabeça do artigo 37 da Constituição toma o nome de princípio da moralidade”, concluiu o ministro.Assim, o relator concedeu parcialmente a ordem para cassar a condenação apenas no tocante à causa de diminuição da pena fixada. Isto é, para que “o juízo processante aplique esse ou aquele percentual de redução, porém fundamentadamente, aferindo, aquilatando da importância da colaboração do delator”. O ministro observou que, mesmo com essa decisão da Turma, o paciente permanecerá preso.O ministro Marco Aurélio ficou vencido, ao conceder a ordem em maior extensão, por considerar que a condenação forma um todo, não sendo possível separar apenas uma parte dela para anular decisão condenatória.HC 99736-DF. Rel. Min. Ayres Britto. 07/05/2010.

Interrogatório e Repergunta a CorréuA decisão que impede de forma absoluta que o defensor de um dos réus faça qualquer repergunta a outro réu ofende os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório e da isonomia. Com base nesse entendimento, a Turma, por maioria, deferiu em parte habeas corpus para anular a instrução do processo principal a partir do interrogatório, inclusive, e, em consequência, a condenação do paciente pela prática do crime de associação para o tráfico de drogas entre Estados da Federação (Lei 11.343/2006, art. 35, c/c o art. 40, V).

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TRIBUNAIS SUPERIORES

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Ressaltou-se que a nova sistemática processual penal passou a dispor que, após as perguntas formuladas pelo juiz ao réu, podem as partes, por intermédio do magistrado, requerer esclarecimentos ao acusado (CPP, art. 188, com a redação dada pela Lei 10.792/2003). Consignou-se que, no caso, a impetração demonstrara o prejuízo sofrido pela defesa e que não se resignara com o indeferimento, pelo juízo de 1º grau, do pedido de formulação de reperguntas a corréu, o que fora registrado e protestado em ata de audiência, sendo suscitada a nulidade ainda em sede de apelação e perante o STJ. Rejeitou-se, por outro lado, a pretensão relativamente ao delito de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33), porquanto a condenação estaria fundamentada em diversos elementos de prova que não o interrogatório dos réus. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurélio que deferia o writ em maior extensão, por reputar que a inobservância da forma prevista no art. 188 do CPP implicaria nulidade, pouco importando as provas posteriores, uma vez que, sendo o defeito precedente às demais provas, as contaminaria. Estenderam-se os efeitos da concessão da ordem ao co-réu. HC 101648/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 11.5.2010.

1ª Turma admite prova apontada como ilícita pela defesa de acusado de corrupção em Varginha (MG)

Por unanimidade, os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, nesta terça-feira (25), Habeas Corpus (HC 102304) para o administrador de empresas E.F.T., que responde a processo por corrupção ativa perante a Justiça Federal em Varginha (MG). O advogado pretendia retirar dos autos provas obtidas por meio de escutas telefônicas que, no entender da defesa, teriam sido realizadas de forma ilícita. Os ministros entenderam, contudo, que a prova foi obtida de forma legal.Após escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal na linha de um corréu na mesma ação, com a devida autorização judicial, a polícia encontrou indícios da prática do crime previsto no artigo 333 do Código Penal, por parte dos dois. Eles teriam desembolsado, em favor de dois auditores fiscais do Porto Seco de Varginha (processados pela prática de corrupção passiva), cerca de R$ 40 mil para desembaraço aduaneiro de uma máquina têxtil.Para o advogado, como a autorização para quebra do sigilo telefônico de seu cliente só ocorreu em 16 de julho de 2007, e as provas que levaram ao ajuizamento da ação penal contra E.F. foram obtidas em uma ligação telefônica ocorrida em junho, estas provas deveriam ser consideradas ilícitas e, portanto, extraídas dos autos.

Autorização

A relatora da ação, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, rechaçou os argumentos da defesa. Para ela, a conversa entre T.P. e E.F. foi interceptada quando já havia autorização para quebra do sigilo da linha de T.P. e, portanto, foram obtidas de forma totalmente lícita. Se durante uma interceptação se revela uma realidade fática nova, mesmo que sobre terceiros, explicou a ministra, nada impede que essas provas possam ser usadas para sustentar uma persecução penal.A ministra lembrou, inclusive, que a autorização de quebra de sigilo telefônico vale não só para o crime objeto do pedido, mas quaisquer outros. Se a interceptação foi autorizada, concluiu a ministra, ela é licita, e captará toda a conversa licitamente.O voto da ministra foi acompanhado por todos os ministros que compõem a Primeira Turma: Dias Toffoli, Ayres Britto, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski.HC 102304-MG. rel, Min. Cármen Lúcia, 25/05/2010.

Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer – 1O Tribunal, por maioria, indeferiu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, impetrado contra decisão do STJ que provera, em parte, o recurso especial interposto pelo assistente de acusação, determinando o prosseguimento do exame de sua apelação, superado o óbice quanto a sua ilegitimidade recursal. Na espécie, o assistente de acusação interpusera

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apelação contra a sentença que absolvera a paciente do delito de estelionato, cujo acórdão, que não conhecera do apelo em razão de o Ministério Público ter deixado transcorrer in albis o prazo recursal, ensejara a interposição do recurso especial — v. Informativo 585. Não se vislumbrou, no caso, ilegalidade ou abuso de poder no julgado do STJ, mas sim se reputou acatada a jurisprudência consolidada inclusive no Supremo no sentido de que o assistente da acusação tem legitimidade recursal supletiva, mesmo após o advento da CF/88. Mencionou-se, também, o Enunciado da Súmula 210 (“O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 589, do Código de Processo Penal”), o qual não teria sofrido qualquer restrição ou deixado de ser recepcionado pela nova ordem constitucional. Afirmou-se que, apesar de a Constituição Federal, em seu art. 129, I, atribuir ao Ministério Público a competência para promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei, ela teria abrandado essa regra, ao admitir, no seu art. 5º, LIX, a ação penal privada subsidiária da pública nos casos de inércia do parquet. Assim, o art. 5º, LIX, da CF daria o fundamento para legitimar a atuação supletiva do assistente de acusação nas hipóteses em que o Ministério Público deixasse de recorrer.

Assistente de Acusação e Legitimidade para Recorrer – 2Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cezar Peluso, que concediam a ordem. O Min. Marco Aurélio asseverou que o art. 5º, LIX, da CF só poderia ser acionado no caso de inércia do Ministério Público em promover a ação penal pública, o que não ocorrera no caso concreto, salientando o fato de o parquet ter, ainda, se manifestado, em alegações finais, no sentido de absolver a ré. Reputou não ser admissível que uma ação que nascesse penal pública incondicionada se transformasse, na fase recursal, em ação penal privada. O Min. Cezar Peluso, por sua vez, ao enfatizar que recorrer é apenas uma etapa da ação, que é um estado contínuo de prática de atos, só podendo ser reconhecido como direito de quem seja titular da ação, concluiu que o assistente penal, por não ser titular de ação penal nenhuma, não poderia recorrer. Com base nisso, o Min. Cezar Peluso deu interpretação conforme ao art. 584, § 1º, e ao art. 598, ambos do CPP, no sentido de reconhecer que a possibilidade de recurso é apenas assegurada ao querelante e não ao assistente de acusação. HC 102085/RS. rel. Min. Cármen Lúcia, 10.6.2010.

Progressão para semiaberto não dá direito automático a visita ao lar, esclarece 2ª TurmaA progressão de regime de reclusão do fechado para o semiaberto não implica automaticamente na concessão de outros benefícios, como a autorização de visita periódica à família. Com base neste entendimento, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) negou Habeas Corpus (HC 102773) a Elton Gago da Costa, condenado a 22 anos de reclusão em regime inicial fechado por latrocínio (roubo seguido de morte).Desde 24 de setembro de 2008, Elton cumpre sua pena em regime semiaberto. Ele requereu autorização para fazer visitas periódicas ao lar, mas o pedido foi negado em primeiro e segundo graus de jurisdição, sob o argumento de que ele estava no regime semiaberto há pouco tempo, por isso havia o risco de sua saída temporária servir como estímulo para eventual fuga.Foi impetrado habeas corpus no STJ, que também negou o direito. No Supremo, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro alegou, sem sucesso, que se o apenado foi considerado apto a ingressar no semiaberto, é porque está dotado de responsabilidade. A Defensoria alegou que a gravidade do delito, por si só, não pode servir como fundamento para se negar direito, assim como a longevidade da pena e a possibilidade abstrata de evasão, sem a apresentação de dado concreto que a motive.Para a relatora do HC, ministra Ellen Gracie, o fato de o paciente ter sido beneficiado com a progressão de regime não leva automaticamente à concessão de outro benefício, no caso o de visita à família. “É o juízo de execuções criminais que deverá avaliar, em cada caso, a pertinência e a razoabilidade da pretensão, observando os requisitos objetivos e subjetivos do paciente”, afirmou a ministra relatora.Segundo Ellen Gracie, informações do juiz de direito da Vara das Execuções Criminais do Rio

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de Janeiro dão conta de que o apenado obteve progressão, mas só obterá lapso temporal para livramento condicional em 13/06/2019, estando o término de sua pena previsto para 2026. O juiz considerou “temerária” a concessão do benefício, tendo em vista o requisito previsto no inciso III do artigo 123 da Lei de Execuções Penais, que preceitua a necessidade de análise da compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.O juiz justificou sua decisão afirmando que “a reprimenda penal possui como objetivo precípuo, além do caráter de prevenção geral e repressão a prática de crimes, a ressocialização do indivíduo visando torná-lo adaptado ao convívio em sociedade, dissuadindo-o da prática de condutas perniciosas a terceiros e aos bens relevantes juridicamente tutelados na esfera penal”.A ministra Ellen Gracie citou trecho da decisão do juiz no sentido de o indeferimento da visita periódica ao lar (VPL) não representar a transformação do regime semiaberto em fechado. A ministra relatora acrescentou que para que o STF reverter esta decisão, seria necessário rever fatos e provas, o que não é possível em sede de habeas corpus. “O pedido de visitas temporárias ao lar exige essa análise”, afirmou.Ao acompanhar a relatora, o ministro Celso de Mello afirmou que o ingresso no regime penal semiaberto é apenas o pressuposto que pode, eventualmente, legitimar a concessão das autorizações de saída, em qualquer de suas modalidades – permissão de saída ou saída temporária –, mas não garante, necessariamente, o direito subjetivo à obtenção desse benefício”, concluiu. A decisão foi unânime.HC 102773-SC. rel. Min. Ellen Gracie, 22/06/2010.

Fonte: Coordenadoria de Imprensa do STF.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Na dúvida, cabe ao Tribunal do Júri decidir que prova reflete a verdade dos fatosSe há nos autos duas vertentes de prova, uma confirmando a versão da defesa e outra caracterizando, na espécie, o crime de homicídio doloso, cabe ao Tribunal do Júri analisar em profundidade qual delas reflete a verdade. Com esse entendimento, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus a uma mulher acusada de homicídio. A defesa alegava suposta coação ilegal praticada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo os autos, a ré foi denunciada e pronunciada por homicídio ocorrido em 22 de maio de 1995. A defesa apelou contra a sentença de pronúncia, requerendo sua anulação ou a desclassificação dos fatos para delito culposo. O pedido foi negado. Para a Justiça paulista, a autoria e a materialidade do crime são incontroversas, mas o contexto probatório é contraditório, não permitindo conclusão segura a respeito da existência ou ausência de dolo. Por isso, a investigação profunda da prova e a análise do mérito da acusação, no caso, são de competência do Tribunal do Júri. Testemunhas ouvidas na fase policial e em juízo, entre elas os filhos e empregados do casal, confirmaram a versão da acusada de que o disparo foi acidental e ocorreu quando a ré aprendia a manusear a espingarda da vítima por insistência desta, preocupada com a segurança da família. Por outro lado, também existem testemunhos em sentido contrário, fortalecendo a tese da acusação de que a ré costumava portar armas de fogo e sabia manuseá-las, e da existência de conflitos entre o casal e ameaças feitas pela ré contra a vítima. No STJ, a defesa insistiu na desclassificação para crime culposo, alegando ausência de indícios da prática de crime doloso contra a vida e cerceamento de defesa pela não reinquirição das testemunhas. A ré será submetida a julgamento pelo Tribunal do Júri. Segundo o relator, desembargador convocado Celso Limongi, a juíza de Direito da Primeira Vara da Comarca de Suzano (SP) agiu acertadamente ao pronunciar a paciente e garantir ao Tribunal do Júri, juiz natural da causa, o julgamento aprofundado do feito. Portanto, é inviável o atendimento do pedido da defesa. “Se há nos autos duas vertentes de prova, uma confirmando a versão da defesa, e outra, no

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sentido de estar caracterizado na espécie o crime de homicídio doloso, ao Tribunal do Júri caberá analisar, em profundidade, qual delas reflete a verdade”, ressaltou o relator em seu voto. A decisão foi unânime.HC 149165-SP. Sexta Turma. rel. Min. Celso Limongi, 15/06/2010.

Roubo circunstanciado. Princípio da Insignificância. InaplicabilidadeIn casu, o ora recorrido foi condenado à pena de cinco anos e quatro meses de reclusão e 13 dias-multa, pela prática do delito roubo circunstanciado, em virtude da subtração, mediante violência, de um cupom fiscal e o valor de R$ 10,00 (art. 157, § 2º, II, c/c 29 e 65, I e III, d, todos os CP). O tribunal a quo, em sede de apelação, reconheceu a incidência do princípio da insignificância, uma vez que não restou caracterizada significativa lesão ao patrimônio e à pessoa, cumulativamente, e julgou extinta a punibilidade do recorrido. Assim, o cerne da questão posta no especial cinge-se à possibilidade da incidência do principio da insignificância no delito de roubo. A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu que é inviável a aplicação do princípio da insignificância em crimes perpetrados com violência ou grave ameaça à vítima, não obstante o ínfimo valor da coisa subtraída. Ademais, o STF já decidiu que o referido princípio não se aplica ao delito de roubo. Precedentes citados do: STF: RE-AgR 454.394-MG, DJ 23/3/2007; do STJ: REsp 468.998-MG, DJ 25/9/2006, e REsp 778.800-RS, DJ 5/6/2006. REsp 1.159.735-MG. rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 15/6/2010.

Quinta Turma adota nova tese sobre estupro e atentado violento ao pudorA Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mesmo diante da nova lei que trata dos crimes sexuais, manteve o entendimento sobre a impossibilidade de reconhecer continuidade delitiva entre as condutas que antes tipificavam o estupro e o atentado violento ao pudor, hoje previstas apenas como “estupro”. Ao interpretar a Lei n. 12.015/2009, que alterou a redação dos artigos do Código Penal que tratam dos crimes contra a liberdade sexual, a Turma adotou a tese de que o novo crime de estupro é um tipo misto cumulativo, ou seja, as condutas de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso, embora reunidas em um mesmo artigo de lei, com uma só cominação de pena, serão punidas individualmente se o agente praticar ambas, somando-se as penas. O colegiado entendeu também que, havendo condutas com modo de execução distinto, não se pode reconhecer a continuidade entre os delitos. O tema foi discutido no julgamento de um pedido de habeas corpus de um homem condenado a 15 anos de prisão por estupro e atentado violento ao pudor, na forma continuada, contra menor de 14 anos. Isso segundo tipificação do Código Penal, antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009. A tese foi apresentada pelo ministro Felix Fischer em voto-vista. Para ele, não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre diferentes formas de penetração. O ministro entende que constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que constranger à prática de outro ato libidinoso de penetração, como sexo oral ou anal, por exemplo. “Se praticada uma penetração vaginal e outra anal, neste caso jamais será possível a caracterização da continuidade”, destacou ministro Fischer. “É que a execução de uma forma nunca será similar a da outra. São condutas distintas”, concluiu o ministro. No julgamento retomado nesta terça-feira (22), a ministra Laurita Vaz apresentou voto-vista acompanhando o ministro Fischer. Ela foi relatora de processo similar julgado na mesma sessão em que a tese foi aplicada por unanimidade. A ministra ressaltou que, “antes da edição da Lei n. 12.015/2009, havia dois delitos autônomos, com penalidades igualmente independentes: o estupro e o atentado violento ao pudor. Com a vigência da referida lei, o art. 213 do Código Penal passa a ser um tipo misto cumulativo”. Ainda segundo s ministra Laurita Vaz, “tendo as condutas um modo de execução distinto, com aumento qualitativo do tipo de injusto, não há a possibilidade de se reconhecer a continuidade delitiva entre a cópula vaginal e o ato libidinoso diverso da conjunção carnal, mesmo depois de o legislador tê-las inserido num só artigo de lei.”

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A interpretação da Quinta Turma levanta divergência com a Sexta Turma, que já proferiu decisões no sentido de que os crimes de estupro e atentado violento ao pudor praticado contra a mesma vítima, em um mesmo contexto, são crime único segundo a nova legislação, permitindo ainda a continuidade delitiva. O ministro Felix Fischer considera que esse entendimento enfraquece, em muito, a proteção da liberdade sexual porque sua violação é crime hediondo que deixa marca permanente nas vítimas.Acesse os acórdãos nestes links: HC 104724; https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=908851&sReg=200800855023&sData=20100802&formato=PDF

HC 78667https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=983841&sReg=200700534065&sData=20100802&formato=PDF

Continuidade delitiva. Estupro. Atentado violento ao pudor.Trata-se, entre outras questões, de saber se, com o advento da Lei n. 12.015/2009, há continuidade delitiva entre os atos previstos antes separadamente nos tipos de estupro (art. 213 do CP) e atentado violento ao pudor (art. 214 do mesmo codex), agora reunidos em uma única figura típica (arts. 213 e 217-A daquele código). Assim, entendeu o Min. Relator que primeiramente se deveria distinguir a natureza do novo tipo legal, se ele seria um tipo misto alternativo ou um tipo misto cumulativo. Asseverou que, na espécie, estaria caracterizado um tipo misto cumulativo quanto aos atos de penetração, ou seja, dois tipos legais estão contidos em uma única descrição típica. Logo, constranger alguém à conjunção carnal não será o mesmo que constranger à prática de outro ato libidinoso de penetração (sexo oral ou anal, por exemplo). Seria inadmissível reconhecer a fungibilidade (característica dos tipos mistos alternativos) entre diversas formas de penetração. A fungibilidade poderá ocorrer entre os demais atos libidinosos que não a penetração, a depender do caso concreto. Afirmou ainda que, conforme a nova redação do tipo, o agente poderá praticar a conjunção carnal ou outros atos libidinosos. Dessa forma, se praticar, por mais de uma vez, cópula vaginal, a depender do preenchimento dos requisitos do art. 71 ou do art. 71, parágrafo único, do CP, poderá, eventualmente, configurar-se continuidade. Ou então, se constranger vítima a mais de uma penetração (por exemplo, sexo anal duas vezes), de igual modo, poderá ser beneficiado com a pena do crime continuado. Contudo, se pratica uma penetração vaginal e outra anal, nesse caso, jamais será possível a caracterização de continuidade, assim como sucedia com o regramento anterior. É que a execução de uma forma nunca será similar à de outra, são condutas distintas. Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, afastou a possibilidade de continuidade delitiva entre o delito de estupro em relação ao atentado violento ao pudor. HC 104.724-MS. rel. originário Min. Jorge Mussi, Rel. para acórdão Min. Felix Fischer, 22/6/2010.

Interceptação telefônica. Denúncia anônima. A Turma entendeu que a interceptação telefônica autorizada pelo juiz foi necessária para o prosseguimento das investigações que estavam em curso, diante da impossibilidade de obtenção de provas por meios diversos. A denúncia anônima não foi o único elemento a lastrear a autorização do monitoramento telefônico. Assim, a Turma, por maioria, denegou a ordem. HC 128.776-SP. rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), 22/6/2010.

Roubo se consuma tão logo infrator se apodera do bemO crime de roubo se consuma assim que o infrator subtrai um bem em posse da vítima, mediante grave ameaça ou violência. Não importa se o objeto roubado sai, ou não, do campo de visão da vítima, nem se é restituído. No instante em que o autor se apodera da chamada “res subtraída”, o crime está consumado. O entendimento é da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foi usado para aumentar a pena aplicada a dois condenados em Porto Alegre (RS).

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A decisão é contrária aos réus Ubirajara Ferraz dos Santos e Marco Antônio Dias. A dupla foi considerada culpada pela Justiça em janeiro do ano passado. Segundo a denúncia, os dois infratores, acompanhados de um adolescente, subtraíram telefones celulares, relógio de pulso, corrente e anel de prata de três vítimas que caminhavam numa via pública da capital gaúcha, além de certa quantia em dinheiro. Na ocasião, Marco Antônio aproximou-se das vítimas empunhando uma faca e, em tom de ameaça, ordenou que lhe passassem todo o dinheiro que levavam consigo. Ato contínuo, Ubirajara e o cúmplice adolescente aproximaram-se e, reiterando as ameaças, exigiram que os ofendidos lhes entregassem também seus pertences. Logo após se apoderarem dos bens, os infratores fugiram do local. A ocorrência foi registrada por policiais militares que, durante patrulhamento rotineiro, avistaram as vítimas pedindo auxílio. Uma delas acompanhou os policiais na tentativa de localizar os infratores nas proximidades do lugar onde tudo ocorreu. Com o êxito da iniciativa, foi dada voz de prisão aos dois maiores de idade, dez minutos depois de consolidado o crime. A res subtraída, avaliada em R$ 1.230, foi imediatamente recuperada e devolvida aos proprietários. Denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), Marco Antônio e Ubirajara foram condenados pelo Tribunal de Justiça estadual (TJRS) à pena de 4 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão, em regime inicial fechado, além do pagamento de 20 dias-multa pela prática de delito previsto no artigo 157, parágrafo 2º, do Código Penal. O órgão, no entanto, acolheu a tese de que se tratava de “delito de forma tentada”, como pediu a Defensoria Pública. E justificou a decisão sob o fundamento de que, embora os objetos tenham sido subtraídos mediante ameaça, o roubo não teria se consumado, já que os acusados foram presos logo após o crime, e os bens foram integralmente restituídos aos legítimos donos. Quando o delito é reconhecido em sua forma tentada, a pena é menor do que nos casos de roubo consumado. Contrariado, o MPRS recorreu ao STJ, solicitando o devido aumento da pena. O pedido foi deferido pela Quinta Turma do Tribunal. Para o ministro Arnaldo Esteves Lima, relator do recurso especial, o bem roubado não precisa ter saído do campo de visão da vítima para a consumação do crime. Este se caracteriza ainda que o bem seja recuperado em seguida por seu proprietário. “A consumação do roubo ocorre no momento em que o agente se torna possuidor da res subtraída mediante grave ameaça ou violência, sendo irrelevante que a coisa saia de esfera de vigilância da vítima”, afirmou. Com esse entendimento, Arnaldo Esteves Lima determinou que a pena de Marco Antônio e Ubirajara fosse redimensionada para 7 anos e 4 meses de reclusão. O magistrado decidiu, ainda, que a prisão seja cumprida em regime inicial fechado, em razão dos maus antecedentes dos réus. Ambos são reincidentes, tendo sido condenados pela prática de delitos anteriores. O voto – consoante com parecer do Ministério Público Federal, favorável ao provimento do recurso – foi seguido de forma unânime pelos demais ministros da Turma.REsp. 118444-RS. Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 17/06/2010.

Porte ilegal. Arma. Receptação dolosa. Consunção. Aquele que adquire arma de fogo cuja origem sabe ser ilícita responde por delito contra o patrimônio, no momento em que se apodera da res. Se depois mantiver consigo a arma, circulando com ela ou mantendo-a guardada, e vier a ser flagrado, responderá pelo crime de porte ilegal de arma tipificado no art. 14 do Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10.826/2003). Assim, como os dois delitos praticados pelo ora recorrido possuem objetividade jurídica diversa e momentos de consumação diferentes, não há que se falar em consunção. Aqueles crimes são autônomos, devendo o recorrido responder a ambos em concurso material. Daí, a Turma conheceu do recurso e deu provimento a ele para condenar o réu quanto ao delito previsto no art. 180, caput, do CP, em concurso material com o delito tipificado no art. 14 do Estatuto do Desarmamento, determinando o retorno dos autos para a prolação de nova sentença. Precedente citado: HC 55.469-RJ, DJe 8/9/2008. REsp 1.133.986-RS, rel. Min. Jorge Mussi, 04/05/2010.

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Fonte: Coordenadoria de Editoria e Imprensa do STJ.

LEI Nº 12.258, de 15 de junho de 2010.

Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), para prever a possibilidade de utilização de equipamento de vigilância indireta pelo condenado nos casos em que especifica.

Acesse a Lei neste link:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12258.htm

O Centro de Apoio Operacional Criminal, nesta seção, destaca alguns julgados de Tribunais, versando sobre assuntos relevantes, com o intuito de revelar seu enfrentamento por parte da jurisprudência.

HABEAS CORPUS . EXECUÇÃO PENAL. LATROCÍNIO E ROUBO QUALIFICADO. UNIFICAÇÃO DAS PENAS. ART. 75 DO CÓDIGO PENAL. PARÂMETRO TEMPORAL PARA A CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS. ENUNCIADO DA SÚMULA N.º 715 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. PRECEDENTE. ORDEM DENEGADA.1. Nos termos do enunciado da Súmula n.º 715 do Supremo Tribunal Federal, a unificação de penas determinada pelo art. 75 do Código Penal não é considerada para fins de concessão dos benefícios da execução penal.2. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.3. Ordem denegada.STJ- HC 112515/SP. rel. Min. Laurita Vaz, 16/03/2010. Publicado em 15/04/2010.

PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE TORTURA. ART. 1º, § 1º DA LEI Nº 9.455/97. REVALORAÇÃO DO CONJUNTO PROBATÓRIO. POSSIBILIDADE. TIPO QUE NÃO EXIGE ESPECIAL FIM DE AGIR. SOFRIMENTO FÍSICO INTENSO IMPOSTO À VÍTIMA (PRESO). RESTABELECIMENTO DA CONDENAÇÃO.I - A revaloração da prova ou de dados explicitamente admitidos e delineados no decisório recorrido, quando suficientes para a solução da quaestio, não implica o vedado reexame do material de conhecimento (Precedentes).II - Consta no v. acórdão vergastado que a vítima foi agredida por policial civil enquanto se encontrava presa. Dessas agressões resultaram lesões graves conforme atestado por laudo pericial. A vítima, dessa forma, foi submetida a intenso sofrimento físico. Em tal contexto, não há como afastar-se a figura típica referente à tortura prevista no art.1º, § 1º da Lei nº 9.455/97.III - Referida modalidade de tortura, ao contrário das demais, não exige, para seu aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, portanto, para a

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LEGISLAÇÃO

DECISÕES EM DESTAQUE

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configuração do crime, o dolo de praticar a conduta descrita no tipo objetivo.IV - O Estado Democrático de Direito repudia o tratamento cruel dispensado pelo seus agentes a qualquer pessoa, inclusive aos presos. Impende assinalar, neste ponto, o que estabelece a Lex Fundamentalis, no art.. 5º, inciso XLIX, segundo o qual os presos conservam, mesmo em tal condição, o direito à intangibilidade de sua integridade física e moral. Desse modo, é inaceitável a imposição de castigos corporais aos detentos, em qualquer circunstância, sobpena de censurável violação aos direitos fundamentais da pessoa humana.Recurso especial provido.Resp. 856706. Quinta Turma. rel. Min. Laurita Vaz, 28/06/2010.

HABEAS CORPUS. RECONHECIMENTO DE INIMPUTABILIDADE. ABSOLVIÇÃO IMPRÓPRIA. IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE CUMPRIMENTO DA MEDIDA. TRANSCURSO DE LAPSO SUPERIOR A DEZ ANOS. MENORIDADE RELATIVA. CÔMPUTO DO PRAZO PRESCRICIONAL REDUZIDO PELA METADE. INTELIGÊNCIA DA REGRA PREVISTA NO ART. 115 DO CÓDIGO PENAL. RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA. POSSIBILIDADE.1. A prescrição da pretensão executória alcança não só os imputáveis, mas também aqueles submetidos ao regime de medida de segurança.Precedentes.2. Consoante dispõe o art. 115 do Código Penal, são reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos.3. Na hipótese, após verificar ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos entre a determinação da internação do paciente e o início de cumprimento da medida de segurança, o Juízo da Execução, acertadamente, reconheceu a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão executória.4. Ordem concedida, com o intuito de restabelecer a decisão do Juízo da Vara de Execuções Criminais de São Paulo, mediante a qual se julgou extinta a punibilidade por força do reconhecimento da prescrição da pretensão executória.HC 59764-SP. rel. Min. Og Fernandes, 21/06/2010.

PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. ART. 33, § 4º, DA LEI Nº 11.343/2006. DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA.Inviável a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, se expressamente reconhecido, ante as peculiaridades do caso, que o recorrido dedica-se à atividade criminosa.Recurso especial provido.REsp. 1158733/MG. rel. Min. Felix Fischer, 14/06/2010

PENAL E PROCESSUAL PENAL. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO INTERPOSTO POR OUTRO REPRESENTANTE DO PARQUET . CONDENAÇÃO EM SEGUNDO GRAU. ANULAÇÃO DO ACÓRDÃO. VIOLAÇÃO NÃO CONFIGURADA. ORDEM DENEGADA.1. Não há afronta ao princípio da unidade do Ministério Público quando dois de seus representantes, dotados de autonomia funcional conferida pela CF (art. 127, §§ 2º e 3º, da CF) e atendendo ao interesse coletivo, atuam de maneira diversa no mesmo feito, como ocorreu no caso, em que houve a interposição de recurso de apelação por representante do Ministério Público diverso daquele que denunciou o paciente e opinou pela sua absolvição.2. Ordem denegada.HC 112793-ES. rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 24/05/2010.

HABEAS CORPUS . HOMICÍDIO QUALIFICADO. NULIDADES. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ALEGAÇÕES FINAIS, ANTES DA DECISÃO DE PRONÚNCIA. MATÉRIA NÃO ANALISADA PELA CORTE DE ORIGEM. DECISÃO QUE TORNA SEM EFEITO SENTENÇA QUE RECONHECERA EXTINTA A PUNIBILIDADE DO AGENTE, COM BASE EM ATESTADO DE ÓBITO FALSO. FALTA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. COAÇÃO ILEGAL NÃO CARACTERIZADA. IMPETRAÇÃO CONHECIDA

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EM PARTE. ORDEM DENEGADA.1) Se a questão constante da inicial não foi analisada pelo Tribunal de origem, não compete a esta E. Corte dela conhecer e analisar, sob pena de indevida supressão de instância.2) A falta de alegações finais, nos processos de competência do Tribunal do Júri, não acarreta nulidade. No caso em exame, o defensor constituído fora devidamente intimado para manifestação, deixando, no entanto de fazê-lo.3) É entendimento jurisprudencial que a decisão que declara extinta a punibilidade da espécie, fundada em atestado de óbito falso, não faz coisa julgada material.4) A alegação de inocência e falta de indícios suficientes para a decisão de pronúncia não podem ser analisadas nos estreitos limites do “habeas corpus”.5) Impetração conhecida em parte. Ordem de denegada.HC 143474-SP. rel. Min. Celso Limongi, 06/05/2010.

Decisões publicadas no Clipping do Supremo Tribunal Federal

HC N. 97.123-MGRELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: HABEAS CORPUS. ELABORAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO PARA FINS DE PROGRESSÃO: POSSIBILIDADE, MESMO COM A SUPERVENIÊNCIA DA LEI N. 10.792/03. NECESSIDADE, CONTUDO, DE DECISÃO FUNDAMENTADA. ORDEM CONCEDIDA. 1. Conforme entendimento firmado neste Supremo Tribunal, a superveniência da Lei n. 10.792/2003 não dispensou, mas apenas tornou facultativa a realização de exames criminológicos, que se realiza para a aferição da personalidade e do grau de periculosidade do sentenciado (v.g., Habeas Corpus n. 85.963, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 27.10.2006). 2. Na linha dos precedentes deste Supremo Tribunal posteriores à Lei n. 10.792/03, o exame criminológico, embora facultativo, deve ser feito por decisão devidamente fundamentada, com a indicação dos motivos pelos quais, considerando-se as circunstâncias do caso concreto, ele seria necessário. 3. Ordem concedida para cassar a decisão que, com fundamento no exame criminológico, indeferiu ao Paciente a progressão de regime e determinar ao Juízo das Execuções Criminais nova apreciação da questão posta, devendo ele avaliar se, na espécie, estariam presentes os requisitos objetivos e subjetivos para a concessão do benefício, independentemente do exame criminológico.

HC N. 101.264-RSRELATOR: MIN. DIAS TOFFOLIEMENTA: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. EXAME CRIMINOLÓGICO. LEI 10.792/03. PROGRESSÃO DE REGIME. DECISÃO FUNDAMENTADA. ORDEM DENEGADA. 1. Esta Suprema Corte vem se pronunciando no sentido de que “o exame criminológico, embora facultativo, deve ser feito por decisão devidamente fundamentada, com a indicação dos motivos pelos quais, considerando-se as circunstâncias do caso concreto, ele seria necessário” (HC nº 94.503/RS, Primeira Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe de 12/12/08). 2. No caso, está plenamente justificada a necessidade da realização de exame criminológico, uma vez que o paciente, além de cometer cinco faltas disciplinares de natureza grave no curso do cumprimento de sua pena, incidiu na prática de novos delitos.3. Ordem denegada.

HC N. 96.296-RSRELATOR: MIN. MARCO AURÉLIOEMENTA: APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO – NORMA INSTRUMENTAL. Envolvida na espécie norma instrumental, como é o caso da revelada no artigo 384 do Código de Processo Penal, tem-se a

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validade dos atos praticados sob a vigência da lei anterior – artigo 2º do Código de Processo Penal.DENÚNCIA E SENTENÇA – PORTE ILEGAL DE ARMA. Descabe cogitar de descompasso entre denúncia e sentença quando a primeira, baseada no artigo 16, parágrafo único, inciso IV, da Lei nº 10.826/03, muito embora consignando a posse ilegal de arma, retrata a apreensão em via pública, havendo ocorrido a prisão em flagrante, lastreando-se o título condenatório na posse ilegal.

HC N. 96.446-SPRELATOR: MIN. DIAS TOFFOLIEMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO (ART. 14 DA LEI Nº 10.826/03). VACATIO LEGIS ESPECIAL. ATIPICIDADE TEMPORÁRIA. ABOLITIO CRIMINIS. NÃO APLICAÇÃO AO CRIME DE PORTE. PRECEDENTES DA CORTE.1. A jurisprudência desta Suprema Corte é firme no sentido de que as condutas “possuir” e “ser proprietário” foram temporariamente abolidas pelos artigos 30 e 32 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03), mas não a conduta de portar, sem permissão legal, arma de fogo, ainda mais quando o porte se dá em lugar público, como na espécie.2. Habeas corpus denegado.

HC N. 99.419-SPRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. APURAÇÃO DE CRIMES CONEXOS. RITO ORDINÁRIO. ADOÇÃO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEFESA PRELIMINAR. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA.I - Para o reconhecimento da existência de nulidade absoluta, em razão da inobservância do rito previsto no art. 38 da Lei 10.409/2002, torna-se necessária a demonstração do prejuízo causado pelo não oferecimento da defesa prévia.II – Tratando-se de apuração de crimes conexos ao de associação para o tráfico, não há nulidade na adoção do rito ordinário, que se mostra mais consentâneo ao exercício da ampla defesa.III - Ordem denegada.

HC N. 99.457-RSRELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIAEMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DECORRENTE DE A DEFESA TER SIDO EXERCIDA POR ADVOGADO LICENCIADO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DO PREJUÍZO. INCIDÊNCIA DO ART. 565 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. PRECEDENTES. HABEAS CORPUS DENEGADO.1. Nulidade do processo-crime não configurada, pois além de não ter sido demonstrado qualquer prejuízo advindo do exercício da defesa por advogado licenciado da Ordem dos Advogados do Brasil, o princípio da falta de interesse, tal como estabelecido no art. 565, primeira parte, do Código de Processo Penal, não admite a argüição da nulidade por quem tenha dado causa ou concorrido para a existência do vício. Precedentes.2. Habeas corpus denegado.

HC N. 101.395-SPRELATOR: MIN. DIAS TOFFOLIEMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA DE FOGO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO AUMENTO DE PENA PREVISTO NO INCISO I DO § 2º DO ART. 157 DO CP. DESNECESSIDADE DA APREENSÃO E DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA NA ARMA SE O SEU EMPREGO FOI COMPROVADO POR OUTRO MEIO DE PROVA.1. A decisão questionada está em perfeita consonância com a jurisprudência desta Suprema Corte, fixada no sentido de que “o reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal prescinde da apreensão e da realização de perícia na arma, quando provado o seu uso no roubo, por outros meios de prova” (HC nº 99.446/MS, Segunda

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Turma, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 11/9/09).2. Habeas corpus denegado.

HC N. 102.546-MSRELATOR: MIN. RICARDO LEWANDOWSKIEMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE PELO CRIME DE TRÁFICO DE ENTORPECENTES. MANUTENÇÃO DA PRISÃO. DECISÃO LASTREADA NA VEDAÇÃO DO ART. 44 DA LEI 11.343/2006. PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. DEMONSTRAÇÃO. LIBERDADE PROVISÓRIA. VEDAÇÃO. ORDEM DENEGADA. JURISPRUDÊNCIA DO STF. I – A vedação à liberdade provisória para o delito de tráfico de drogas advém da própria Constituição Federal, a qual prevê a inafiançabilidade (art. 5º, XLIII), e do art. 44 da Lei 11.343/06.II - Presentes os requisitos autorizadores da prisão cautelar, previstos no art. 312 do Código de Processo Penal, em especial o da garantia da ordem pública, por existirem sólidas evidências do envolvimento do paciente na prática delito de tráfico de drogas.III - Habeas corpus denegado.

ALTERAÇÃO DE PRAZO PRESCRICIONAL DA PRETENSÃO PUNITIVA – Lei 12.234/2010

DAMÁSIO DE JESUS

Acesse o artigo neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/Artigo-prescrição.doc

MONITORAÇÃO ELETRÔNICA E FISCALIZAÇÃO INDIRETA DO CONDENADO – APONTAMENTOS SOBRE A LEI 12.258/10

RICARDO ANTONIO ANDREUCCI

Acesse o artigo neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/Artigo2.doc

MONITORAMENTO ELETRÔNICO DO PRESO: LULA DECEPOU O POPULISMO PENAL

LUIZ FLÁVIO GOMES

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ARTIGOS

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Consulta nº 017/2010TIPICIDADE DO PORTE DE ARMA PARTICULAR POR POLICIAL MILITAR EM HORÁRIO DE FOLGAAcesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/017-10-JUR-3ªPJPalhoça.PorteArmaPolicialMilitarfolga.doc

Consulta nº 018/2010CRIME DE HOMICÍDIO PRATICADO POR ESTRANGEIRO CONTRA NACIONAL EM TERRITÓRIO BRASILEIRO. FINDA A FASE DE INSTRUÇÃO PROCESSUAL NO BRASIL, QUESTIONA-SE A NECESSIDADE DE DAR PROSSEGUIMENTO À AÇÃO PENAL, TENDO EM VISTA QUE O AGENTE JÁ FOI CONDENADO A PENA PERPÉTUA NA ALEMANHA. Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/018-10-JUR-24ªPJCapitalCondenaçãoAlemanha.doc

Consulta nº 019/2010ADEQUAÇÃO TÍPICA DA CONDUTA DE ESCRIVÃO DA POLÍCIA CIVIL QUE SUBTRAI, PARA CONSUMO PRÓPRIO, PARTE DE DROGA APREENDIDA EM INQUÉRITO POLICIAL. Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/019-10-JUR-27ªPJCapitalPeculatoApropriaçãoDrogaPC.doc

Consulta nº 020/2010POSSIBILIDADE DA INTERFERÊNCIA DO JUIZ DE DIREITO PARA DAR DESTINAÇÃO DIVERSA À ESTIPULADA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO NA PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL. Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/020-10-JUR-PJIpumirim-DestinaçãoSançãoTransaçãoPenal.doc

Consulta nº 021/2010POSSIBILIDADE DA CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (ART. 35, CAPUT, DA LEI N. 11.343/06), QUANDO DA REALIZAÇÃO DE APENAS UM CRIME, DENTRE AQUELES PREVISTOS NOS ARTS. 33, CAPUT E §1º, E 34 DA LEI DE DROGAS . Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/021-10-JUR-PJBomRetiro-AssociacaoTrafico-praticareiteradaounao.doc

Consulta nº 022/2010ESTUDO REFERENTE AO RITO A SER SEGUIDO PARA O PROCESSO CONTRA EX-PREFEITO POR CRIME DE RESPONSABILIDADE PREVISTO NO DECRETO-LEI 201/67. Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/022-10-JUR-3ªPJLaguna-RitoCrimedeResponsabilidadeEx-Prefeito.doc

Consulta nº 023/2010TIPICIDADE DA CONDUTA DE AGENTE (HACKER) QUE INVADE PÁGINA NA INTERNET E SUBTRAI PARTE DO TEXTO DE UM BLOG.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/023-10-JUR-1ªPJPalhoça-Subtraçãoinformaçõesbloginternet.doc

Consulta nº 024/2010PROVA EMPRESTADA - POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVAS PRODUZIDAS EM PROCESSO CÍVEL PARA USO EM PROCESSO CRIME CONTRA O MESMO DEMANDADO.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/024-10-JUR-2ªPJLaguna-ProvaEmprestada.doc

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CONSULTAS

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Consulta nº 025/2010REQUISITOS E LIMITES DA REPRESENTAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA, ESPECIALMENTE, SE O REGISTRO DE OCORRÊNCIA E A SUBMISSÃO A EXAME DE CORPO DELITO PODEM SER CONSIDERADOS COMO REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/025-10-JUR-CGMP-limitesdarepresentaçãoAPPCondicionada.doc

Consulta nº 026/2010POSSIBILIDADE, OU NÃO, DA LEITURA, NO PLENÁRIO DO TRIBUNAL DO JÚRI, DE ACÓRDÃO DE APELAÇÃO QUE ANULOU O PRIMEIRO JULGAMENTO POR SER TOTALMENTE CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS. Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/026-10-JUR-2ªPJJoacaba-LeituraAcordaonoTribunaldoJuri.doc

Consulta nº 027/2010CONTRATOS DE EMPRÉSTIMO FEITOS JUNTO A "FINANCEIRAS", POR PESSOA FÍSICA, CARACTERIZAM OPERAÇÃO FINANCEIRA PROTEGIDA PELO SIGILO BANCÁRIO, OU O MINISTÉRIO PÚBLICO PODE REQUISITÁ-LOS DIRETAMENTE ÀS REFERIDAS EMPRESAS.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/027-10-JUR-2ªPJSaoFcoSul-quebrasigilobancario-financeiras.doc

Consulta nº 029/2010NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA PREVISTA NO ART. 16, DA LEI Nº 11.340/06, NO CASO DE REPRESENTAÇÃO À AUTORIDADE POLICIAL DE CRIME COMETIDO COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/029-09-JUR-2PJSãoBentodoSul-ViolênciaDoméstica-Art.16.doc

Consulta nº 030/2010POSSIBILIDADE DE O JUIZ ALTERAR, DE OFÍCIO E IMOTIVADAMENTE, AS CONDIÇÕES ANTERIORMENTE ESTABELECIDAS PARA CONCESSÃO DE REGIME ABERTO, APÓS O ENVIO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO PENAL AO JUÍZO DA COMARCA PARA A QUAL O APENADO SE MUDOU.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/030-10-JUR-PJTaió-modificaçãoimotivadacondiçõesregimeaberto.doc

Consulta nº 031/2010INTERTEMPORALIDADE DA LEI N. 12.015/2009 NO QUE CONCERNE AO ESTUPRO OU ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR PRATICADOS COM VIOLÊNCIA REAL CONTRA PESSOA COM MENOS DE 14 (QUATORZE) ANOS DE IDADE OU POR OUTRA RAZÃO INCAPAZ DE OFERECER RESISTÊNCIA.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/031-10-JUR-Dr.Rizelo-estuproviolênciarealmenorde14anos.doc

Consulta nº 032/2010POSSIBILIDADE DE OFERECER DENÚNCIA PELA PRÁTICA DO DELITO DE PORTE DE ARMA DE FOGO SEM QUE TENHA OCORRIDO SUA APREENSÃO, EM CASO DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO EM QUE HÁ CONFISSÃO DO ACUSADO QUANTO À AQUISIÇÃO DA ARMA E COMPROVAÇÃO DOS FERIMENTOS CAUSADOS À VÍTIMA.Acesse a íntegra neste link:http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/032-10-JUR-PJFraiburgo-portedearmasemapreensão.doc

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O Centro de Apoio Operacional Criminal, por intermédio de seus Coordenadores, por designação do Procurador-Geral de Justiça, tem competência para oferecimento de contrarrazões nas apelações aforadas perante o Tribunal de Justiça, na forma do art. 600, §4º, do Código de Processo Penal. Nos meses de maio e junho do corrente ano, foram recebidos 121 (cento e vinte e um) processos criminais, sendo oferecidas 123 (cento e vinte e três) contrarrazões e manifestações, destacando-se as seguintes:

Apelação criminal n. 2010.013264-5, da Comarca de Lages. Apelante: Aramis Pedro Teixeira. Resumo: art. 316, caput, do Código Penal. PRELIMINARES: 1. Ausência de análise de teses defensivas na sentença - Existência de motivação coerente com a condenação imposta, bem como o afastamento das teses defensivas. 2. Suposta competência da Justiça Federal, pelo fato de o apelante ser médico conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS) - Inexistência de dano direto à União, mas sim à vítima, a qual desembolsou os valores repassados ao apelante. 3. Nulidade pela ausência do rito previsto no art. 514 do CPP - A notificação do acusado não é necessária se a denúncia estiver instruída com inquérito policial ou processo administrativo (Súmula n. 330, do STJ). MÉRITO: 1. Materialidade e autoria. Comprovação mediante recibo, cheques, extratos bancários da conta do apelante, além da prova oral destacada. 2. Atipicidade por erro de tipo - O apelante sabia que o paciente estava sendo tratado pelo SUS, e não por convênio particular. Tanto é assim que recebeu dinheiro do SUS pelo seu trabalho. Assim, recebeu duas vezes pelo mesmo serviço, o que configura a tipicidade de sua conduta. 3. Ausência de tipicidade objetiva, pois não houve exigência do numerário, mas apenas uma opção de tratamento mais dispendioso apresentada à vítima - Na realidade, o recorrente exigiu o pagamento dos valores como única forma de realização da cirurgia, não havendo a alegada opção à vítima: ou ela pagava ou não haveria serviço. 4. Exclusão da culpabilidade pelo erro de proibição - O apelante sabia que sua conduta era proibida pelo ordenamento jurídico, tanto que, após ter exigido o numerário da vítima, pediu-lhe segredo quanto ao pagamento, especialmente em relação ao médico anestesista. 5. Redução da pena-base - Pedido inviável em razão da correta fundamentação para desvaloração dos vetores judiciais.

Acesse a íntegra neste link: http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/AC2010.013264-5(Lages)AramisPedroTeixeira.doc

Apelação criminal n. 2009.073403-6, da Comarca de Pomerode. Apelante: Wanderlei Pedrini. Resumo: art. 2º, II, da Lei n. 8.137/90. MÉRITO: 1. Prescrição da pretensão punitiva, na forma retroativa. Inocorrência em razão da suspensão do processo e curso do prazo prescricional (art. 366, CPP). 2. Atipicidade da conduta, pois inexistiu substituição tributária, não implicando, portanto, a incidência do disposto no art. 2º, inciso II, da Lei n. 8.137/90. Declaração espontânea do débito e seu parcelamento, que foi descumprido por falta de recursos financeiros. Inexistência de dolo na conduta - O ICMS é imposto indireto, ou seja, o contribuinte repassa ao adquirente da mercadoria o ônus tributário, estimando a respectiva tributação e embutindo-a no preço da venda. Logo, o empresário possui os valores referentes ao ICMS em sua disponibilidade, devendo apenas cumprir a sua obrigação, e a escolha por não fazê-lo é de sua conta e risco. A opção pelo não-recolhimento é uma forma deliberada de subtrair do erário o valor devido, e esta inação faz com que o quantum que deveria aportar aos cofres seja desfrutado pelo próprio contribuinte, de forma ilícita. Evidenciado o dolo essencial para a configuração do crime, pela vontade livre e consciente de não repassar ao erário valores arrecadados na posição de contribuinte de direito, não sendo necessária a

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CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO DO ART. 600, § 4º, do CPP

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motivação por finalidade específica de obter lucro em prejuízo do Estado. 3. Minoração da pena - Inviabilidade diante do acerto judicial em desvalorar as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do Código Penal. Confissão não caracterizada.

Acesse a íntegra neste link: http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/AC2009.073403-6(Pomerode)WanderleiPedrini.doc

Apelação criminal n. 2010.010197-0, da Comarca de Joinville. Apelante: João Batista Soares dos Santos. Resumo: art. 317, §1º, do Código Penal. PRELIMINARES: 1. Nulidade por ausência de intimação da defesa sobre a expedição de cartas precatórias. Inocorrência. Decisão de determinação do envio das deprecadas publicada no Diário Oficial, em nome dos defensores. 2. Nulidade. Interceptações telefônicas. 2.1. Ferimento ao art. 2º, II, da Lei n. 9.296/96, pois a prova poderia ter sido obtida por outros meios. Inocorrência, pois a gravação das conversas telefônicas, naquele momento da investigação, era o único meio de se obter material probatório sobre o caso. 2. Tempo excessivo das interceptações telefônicas. Não-verificação, diante da pacífica jurisprudência que afirma a possibilidade de inúmeras prorrogações da medida, desde que fundamentadamente. MÉRITO: 1. Quadrilha. Materialidade e autoria comprovadas nos autos, especialmente a partir do conteúdo das interceptações telefônicas. Estabilidade da societas sceleris e divisão de tarefas. 2. Corrupção passiva. Materialidade e autoria comprovadas, especialmente a partir do conteúdo das degravações de conversas interceptadas, da documentação apreendida com os apelantes e de suas próprias confissões parciais. 3. Dosimetria da pena. Minoração incabível, diante da correta apreciação das circunstâncias judiciais e do acertada exasperação da reprimenda.

Acesse a íntegra neste link: http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/AC2010.010197-0(Joinville)JoaoBatistaSoaresdosSantos.doc

Apelação criminal n. 2010.024761-6, da Comarca da Capital. Apelante: Luiz Carlos Costa. Resumo: art. 129, §9º, do Código Penal. MÉRITO: 1. Materialidade e autoria. Comprovação. Laudo pericial atestando ferimentos. Retratação da vítima em Juízo que não se harmoniza com o contexto probatório. 2. Princípio da insignificância. Inaplicabilidade diante da caracterização da tipicidade, sob seus aspectos formal, subjetivo e, especialmente, material. Relevância jurídica da conduta para o direito penal, notadamente pela violência praticada, a qual tem alta reprovabilidade social.

Acesse a íntegra neste link: http://intranet.mp.sc.gov.br/intranet/conteudo/AC2010.024761-6(Capital)LuizCarlosCosta.doc

Extrato de instauração de PICComarca: 3ª PJ de Jaraguá do SulPromotor de Justiça: Dra. Sandra Faitlowicz SachsPortaria Nº: 0001/2010/03PJ/JARData: 04/05/2010Objeto: Apurar a prática do crime de violência física e/ou abuso de autoridade realizado por agentes policiais do DEAP

Extrato de instauração de PICComarca: 8ª PJ de Itajaí

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PROCEDIMENTOS INVESTIGATÓRIOS CRIMINAIS

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Promotor de Justiça: Dr. Ary Capella NetoPortaria Nº: 02/2010/8ªPJData: 07/05/2010Objeto: Apurar a prática do crime de furto, mediante arrombamento de caixas eletrônicos de diversas agências de Itajaí e região

Extrato de instauração de PICComarca: 5ª PJ da CapitalPromotor de Justiça: Dr. Sidney Eloy DalabridaPortaria Nº: 001/2010/5ªPJCData: 10/05/2010Objeto: Apurar a prática dos crimes de abuso de autoridade e falsidade ideológica por parte de policiais militares

Extrato de instauração de PICComarca: 5ª PJ da CapitalPromotor de Justiça: Dr. Sidney Eloy DalabridaPortaria Nº: 002/2010/5ªPJCData: 18/05/2010Objeto: Apurar a prática de violência policial durante a realização da festa popular Bigfest, por policiais militares integrantes de uma guarnição do BOPE

Extrato de prorrogação de PICComarca: 08ª PJ de VideiraPromotor de Justiça: Dr. Ary Capella NetoPortaria: 01/2010/8ª PJData: 05/05/2010Objeto: Apurar a prática de crimes na Comarca

Extrato de prorrogação de PICComarca: PJ de MaravilhaPromotor de Justiça: Dra. Aline Dalle LastePortaria: 06.2010.000565-6Data: 02/06/2010Objeto: Apurar a prática de suposta fraude em processo seletivo

Extrato de conclusão de PICComarca: PJ de Anita GaribaldiPromotor de Justiça: Dra. Larissa Karazawa Takashima OuriquesPortaria Nº: 06.2010.000656-4Data: 07/05/2010Objeto: Apurar prática do crime de abuso de autoridade praticado por agentes públicosConclusão: Arquivamento

Extrato de conclusão de PICComarca: PJ de Lauro MüllerPromotor de Justiça: Dr. Júlio Fumo FernandesPortaria Nº: 001/2010Data: 27/05/2010Objeto: Apurar prática do crime de tráfico de drogasConclusão: Denúncia

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