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Informativo do Núcleo de Gênero Zuleika Alambert ANO I. Nº 2. NOV./2012 C om este 2º número do Informativo Nugeza, queremos homenagear nossa patronesse, nossa madrinha, Zuleika Alambert que no próximo dia 23 de dezembro estará comemorando 90 anos de idade, e reafirmamos: Zuleika Alambert, obrigada por suas luzes sobre nossa história – PCB/PPS. O Nugeza e sua luta contra a sub-representação das mulheres na política – As eleições municipais de 2012 O Núcleo de Gênero Zuleika Alambert do Partido Popular Socialista, criado em 2011, busca abrir frentes de trabalho políti- co que contribuam para a transforma- ção da vida de mulheres e de homens no sentido da afirmação de direitos e oportunidades igualitárias. Atua no sentido da redução e eliminação de todas as formas de opressão e dis- criminação, de gênero, classe, raça/ etnia, regional, orientação sexual e identidade de gênero, em casa, na es- cola, no trabalho, na comunidade. Ao longo de todo seu tempo de existência, o PPS, paulatinamente, foi incorporando o ideário feminista e a preocupação com a participação das mulheres na política. Nesta onda de afirmação cidadã, pelo compro- misso que o Partido tem de contri- buir para o desenvolvimento de uma cultura política mais igualitária e in- clusiva e para a construção de uma nova sociedade em que mulheres e homens possam conviver de forma mais fraterna e menos desigual, fir- mamos nossa militância. Entretanto, a Lei n. 12.034/2009, ou minirreforma eleitoral, que esta- beleceu a reserva de 10% do tem- po de propaganda gratuita e 5% do fundo partidário para a promoção da participação das mulheres na políti- ca partidária, foi respeitado apenas burocraticamente. Achamos que fal- ta à direção partidária nacional, e às direções estaduais, real vontade de implementar uma política de gênero/ feminista partidária. Temos cons- ciência que não conseguiremos su- cesso em nossos objetivos sem nos planejarmos para otimizar resultados com os parcos recursos que nos são muito bem-vindos. A organização das mulheres do PPS em busca de alcançar os obje- tivos propostos na política de gêne- ro construída na última década não teve continuidade de 2010 para cá e nada foi colocado em seu lugar. Muitas das coordenações estaduais então existentes nos estados desar- ticularam-se. Além do mais, não houve a criação de novos núcleos. O que fazer? Que providências po- líticas tomar? Somos produtoras de riqueza, cons- trutoras da sociedade como agentes de educação, saúde, cuidados familiares, mas não basta. Nossa luta também con- templa dentre os muitos desafios a se- rem enfrentados, um como fundamental: a subparticipação e sub-representação das mulheres na política. Entendemos que esta participação e representação são essenciais como parte do ideário de um partido democrático, de diálogo am- plo e fraterno. O Nugeza não poderia deixar de se envolver no processo eleitoral de 2012 sendo a política o meio pelo qual mu- damos a sociedade para torná-la mais justa, solidária, igualitária, respeitadora da diversidade das pessoas e atenta à preservação sustentável do meio am- biente, embora nosso sistema político esteja esgotado, não respondendo por nossas demandas de garantia de direi- tos; não evitando a corrupção política já entranhada no consciente da população como prática normal e se perpetuando por meio dos jovens. Por essas e outras, estamos tod@s apreensiv@s na busca de soluções. A reforma no sistema elei- toral é urgente! Como está nunca have- rá mudanças nas relações de poder tão desiguais. O financiamento público de campanha e a lista pré-ordenada paritá- ria entre os sexos impulsiona o empode- ramento das mulheres colocando-as ao lado dos homens para decidir os rumos da sociedade. “É preciso desenvolver uma cultura política mais igualitária e inclusiva, de modo a valorizar outros tipos de participação que não as formas de ação ligadas ao mundo masculino, de classe média alta, da população branca” (VITALE; STORNI, 2010).

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Informativo do Núcleo de Gênero Zuleika AlambertAno I. Nº 2. NOV./2012

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Page 1: NUGEZA

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Informativo do Núcleo de Gênero Zuleika AlambertANo I. Nº 2. NoV./2012

Com este 2º número do Informativo Nugeza,

que remos homenagear nossa patronesse, nossa madrinha, Zuleika Alambert que no próximo dia 23 de dezembro estará comemorando 90 anos de idade, e reafirmamos: Zuleika Alambert, obrigada por suas luzes sobre nossa história – PCB/PPS.

o Nugeza e sua luta contra a sub-representação das mulheres na política – As eleições municipais de 2012

O Núcleo de Gênero Zuleika Alambert do Partido Popular Socialista, criado em 2011,

busca abrir frentes de trabalho políti-co que contribuam para a transforma-ção da vida de mulheres e de homens no sentido da afirmação de direitos e oportunidades igualitárias. Atua no sentido da redução e eliminação de todas as formas de opressão e dis-criminação, de gênero, classe, raça/etnia, regional, orientação sexual e identidade de gênero, em casa, na es-cola, no trabalho, na comunidade.

Ao longo de todo seu tempo de existência, o PPS, paulatinamente, foi incorporando o ideário feminista e a preocupação com a participação das mulheres na política. Nesta onda

de afirmação cidadã, pelo compro-misso que o Partido tem de contri-buir para o desenvolvimento de uma cultura política mais igualitária e in-clusiva e para a construção de uma nova sociedade em que mulheres e homens possam conviver de forma mais fraterna e menos desigual, fir-mamos nossa militância.

Entretanto, a Lei n. 12.034/2009, ou minirreforma eleitoral, que esta-beleceu a reserva de 10% do tem-po de propaganda gratuita e 5% do fundo partidário para a promoção da participação das mulheres na políti-ca partidária, foi respeitado apenas burocraticamente. Achamos que fal-ta à direção partidária nacional, e às direções estaduais, real vontade de

implementar uma política de gênero/feminista partidária. Temos cons-ciência que não conseguiremos su-cesso em nossos objetivos sem nos planejarmos para otimizar resultados com os parcos recursos que nos são muito bem-vindos.

A organização das mulheres do PPS em busca de alcançar os obje-tivos propostos na política de gêne-ro construída na última década não teve continuidade de 2010 para cá e nada foi colocado em seu lugar. Muitas das coordenações estaduais então existentes nos estados desar-ticularam-se. Além do mais, não houve a criação de novos núcleos. O que fazer? Que providências po-líticas tomar?

Somos produtoras de riqueza, cons-trutoras da sociedade como agentes de educação, saúde, cuidados familiares, mas não basta. Nossa luta também con-templa dentre os muitos desafios a se-rem enfrentados, um como fundamental: a subparticipação e sub-representação das mulheres na política. Entendemos que esta participação e representação são essenciais como parte do ideário de um partido democrático, de diálogo am-plo e fraterno.

O Nugeza não poderia deixar de se envolver no processo eleitoral de 2012 sendo a política o meio pelo qual mu-damos a sociedade para torná-la mais justa, solidária, igualitária, respeitadora da diversidade das pessoas e atenta à preservação sustentável do meio am-biente, embora nosso sistema político esteja esgotado, não respondendo por

nossas demandas de garantia de direi-tos; não evitando a corrupção política já entranhada no consciente da população como prática normal e se perpetuando por meio dos jovens. Por essas e outras, estamos tod@s apreensiv@s na busca de soluções. A reforma no sistema elei-toral é urgente! Como está nunca have-rá mudanças nas relações de poder tão desiguais. O financiamento público de campanha e a lista pré-ordenada paritá-ria entre os sexos impulsiona o empode-ramento das mulheres colocando-as ao lado dos homens para decidir os rumos da sociedade. “É preciso desenvolver uma cultura política mais igualitária e inclusiva, de modo a valorizar outros tipos de participação que não as formas de ação ligadas ao mundo masculino, de classe média alta, da população branca” (VITALE; STORNI, 2010).

O NúcleO de GêNerO

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Dentre as atividades desenvolvidas com o objetivo de produzir subsídios, em particular com a leitura de gênero, para discussões políticas em âmbitos partidário e extrapartidário, o Núcleo de Gênero Zuleika Alambert esmerou-se produzindo farto material para as can-didatas e candidatos do partido às elei-ções municipais recentes. Confiram em: http://publinugeza.blogspot.com.br.

A organização partidária como um dos fundamentos da ação política

Com esta publicação você pode ter acesso ao principal conteúdo do curso eleitoral para @s candidat@s do PPS. Juntando este livreto ao do Ivan Alves Filho, que trata com maestria da questão cultural, e aos textos sobre nossa política de gênero que encaminhamos nos cadernos a seguir, você estará com um preparo bem legal para enfrentar as ruas empunhando as bandeiras do partido que escolheu para militar e se candidatar. Junte grupos, discuta as questões mais delicadas, acione nossa ajuda, caso necessário. Estamos a postos... “Afunde-se” na teoria e depois “corra” para a prática.

O PCB-PPS e a cultura brasileira. Apontamentos

Ivan Alves Filho faz um cuidadoso giro pela história do PCB/PPS para nos dar uma ideia de sua

influência cultural e política junto à intelectualidade e à sociedade

brasileira nestes 90 anos de vida.

Cadernos de Leitura nº 03 Com a Plataforma Feminista da Saúde das Mulheres e um texto sobre as políticas

públicas na área da saúde, o Nugeza pretende colaborar nas reflexões d@ candidat@ na confecção de seu programa de campanha:

• Plataforma Feminista para o Direito à Saúde. Sob a coordenação de Jane Neves• Saúde da Mulher e Políticas Públicas. Maria José Antunes

Minimanual de campanha para pré-candidat@s

São dicas de planejamento de campanha para novat@s e lembretes para não novat@s. Aborda assuntos de como organizar seus amigos, parentes e simpatizantes para for-mação de uma equipe coesa na organização do comitê de campanha e propositiva para discutir assuntos como: • campanha boca-a--boca; • porta-a-porta; • as finanças; • sua saúde; • público-alvo; • uso da internet e suas redes sociais; • propaganda, materiais básicos; • cuidados elementares com a legis-lação, com fornecedores etc. etc. etc.

Informativo do Núcleo de Gênero Zuleika Alambert

Bom para se saber o trabalho que de-senvolvemos de jun./2011 a jan./2012 e sa-ber que podemos ajudar na formação d@s candidat@s e demais militantes para enten-der a política de gênero do PPS. Nele coloca-mos as atividades mês a mês.

Guia Feminista para as Eleições 2012

Uma publicação do Cfemea e como diz seu subtítulo: um guia de apoio ao voto consciente e em defesa dos direitos das mu-lheres, da igualdade étnicorracial, da liber-dade de orientação sexual e do Estado laico e democrático. Um material que subsidia o pensamento cidadão sobre a importância de se investir no voto e a participar do processo eleitoral acreditando que as escolhas podem fazer a diferença. É um texto inovador! Bom para ser socializado massivamente.

Mulheres na política – uma participação fundamental (cartilha ilustrada)

Um importante instrumento para orien-tação de discussões básicas sobre o papel das mulheres na política e sua importância para a democracia. Idealizada em 2004, ela é revista e ampliada a cada nova impressão e vem nos dando uma ajuda fantástica nesses anos de existência do movimento de mulhe-res do PPS. Já foram distribuídas em encon-tros e em eventos populares com a partici-pação de coordenadoras estaduais para atrair novas mulheres para a militância política.

Alguns assuntos que ela aborda sempre de forma muito simples para introduzir discus-sões com teorias mais elaboradas: • o que é política; • a importância de nos organizarmos para a garantia de nossos direitos e os da co-munidade; • o papel de um partido político como o PPS; • o espaço das mulheres nos partidos políticos; • mulheres candidatas; • plataforma política das mulheres do PPS; • violência contra as mulheres; • comentários sobre a Lei Maria da Penha.

Cadernos de Leitura nº 01Traz algumas colaborações para

ajudar as reflexões d@ candidat@ na confecção de sua plataforma de cam-panha. São algumas ideias que talvez possam ajudá-l@ nas discussões.

• Algumas reflexões sobre Feminis-mo e Radicalidade Democrática. Almira Rodrigues

• Plataforma Política das Mulheres do PPS. Coordenação de Almira Rodrigues, Irina Storni e Tereza Vitale

• Agenda Sustentável para uma So-ciedade Ecologicamente Respon-sável. Coordenação de Cristina Magalhães

• Plataforma Feminista para Demo-cratização dos Espaços das Cida-des. Coordenação de Cleia Schia-vo e Tereza Vitale

• Plataforma Feminista para a Edu-cação. Coordenação de Renata Cabrera

• Observatório Feminista do Nuge-za / vídeo “Contra a Pedofilia”

Cadernos de Leitura nº 02 Alguns textos que talvez possam

ajudar nas discussões.• Patriarcado e Feminismo: Dife-

rentes Perspectivas de Gênero. Almira Rodrigues

• A Luta pelo Empoderamento Fe-minino na Política Partidária. Iri-na Storni e Tereza Vitale

• A Violência não é Natural nem Inevitável. Mathilde Bagneres, da IPS

• Breves Reflexões sobre o Exercí-cio Político das Mulheres. Vera L. Bertoline, da UFMT

• Militantes Reclamam Falta de Re-cursos para Equipamentos Públi-cos de Proteção à Mulher. Carla Alessandra, da Agência Câmara

• As Mulheres e o Desafio das Cida-des. Cleia Schiavo e Tereza Vitale

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Mulheres e eleições municipais 2012: como fica o PPS?Núcleo de Gênero Zuleika Alambert*

ReFlexão 1 – eleitorado: O estudo do Cfemea1 apresenta os dados gerais das eleições: o pleito municipal foi re-alizado em 5.564 municípios (a quan-tidade, em 2008, foi de 5.568), com a participação de 140.590.902 eleitores/as, dos/as quais 48% são homens, 51.9% são mulheres e 0,1% não informou o sexo. As mulheres continuam sendo maioria do eleitorado (em 2008, foram 51,7% dos 130.378.807 eleitores).

Pouco mais de 10% dos/das eleito-res/as (15.085.531 pessoas) são filiados a algum partido político, sendo que os mais expressivos são o PMDB (15,6% dos 15.085.531), o PT (10%), o PP (9,4%), o PSDB (9%) e o PDT (8%). O TSE aponta 466.916 eleitores/as filia-dos/as ao PPS, ou 3,1% do total.

Um último aspecto geral interessan-te a apontar é que houve incremento no número de cadeiras nas Câmaras de Ve-readores: enquanto o eleitorado cresceu 7,6%, o número de cadeiras no Legisla-tivo municipal aumentou 10,4%. Este aumento foi provocado pela Emenda Constitucional 58 (aprovada em 23 de setembro de 2009), que alterou a forma como é calculado o número de cadeiras nos Legislativos municipais. Segundo a norma, o máximo de vagas disponíveis varia de nove representantes (em mu-nicípios de até 15.000 habitantes) a 55 vereador@s (municípios com mais de oito milhões de habitantes).

1 Centro Feminista de Estudos e Assessoria (http://www.quantovaleseuvoto.org.br/) e (www.cfemea.org.br).

ReFlexão 2 – mulheres candidatas no geral: Sobre as candidaturas, hou-ve 479.547 candidatos/as (prefeito/a; vice-prefeito/a; vereador/a), sendo que 150.620 foram mulheres (31,4%). Em 2008, do total de 377.733 candidaturas, as mulheres eram 80.665, ou 21,4%. Constata-se, portanto, um crescimento de 10 pontos percentuais nas candidatu-ras femininas.

ReFlexão 3 – mulheres candidatas a vereadora: Em relação ao Legislati-vo municipal, os dados do TSE apon-taram 448.413 candidaturas, sendo que 145.982 foram de mulheres (32,6%). Elas foram 22,1% tanto em 2008 (76.670 em 347.333) quanto em 2004 (76.555 em 346.419). Ou seja, houve crescimento em números absolutos de 59.779 candidaturas femininas em re-lação ao último pleito e de 101.080 no total de candidatos/as, o que demonstra que as mulheres aumentaram sua par-ticipação nas listas eleitorais em 10,5 pontos percentuais.

Este fenômeno pode ser explicado pela última reforma da lei eleitoral (Lei 12.034/2009), que, como já vimos, seu texto enfatizou a obrigatoriedade do pre-enchimento de ao menos 30% de candi-daturas do sexo minoritário. Infelizmen-te, como veremos, ele não se traduziu em avanço substantivo no que se refere à eleição de mulheres.

Todos os partidos políticos respei-taram, ao menos em nível nacional, o percentual mínimo de candidaturas fe-

Estas eleições possuem um sig-nificado muito importante: foi o primeiro pleito local rea-

lizado após a aprovação da Lei n. 12.034/2009, ou minirreforma eleito-ral, que estabeleceu a reserva de 10% do tempo de propaganda gratuita e 5% do fundo partidário para a promoção da participação das mulheres na política partidária, bem como a obrigatorieda-de das “cotas por sexo” (um mínimo de 30% e um máximo de 70% de candi-

daturas para cada sexo), reforçada pela atuação da Justiça Eleitoral.

É de extrema relevância para os mo-vimentos feministas, para as mulheres dos partidos políticos e para a coletivi-dade feminina brasileira acompanhar os resultados destas alterações. Interes-sa-nos aqui saber como as mulheres do PPS se saíram para delinear estratégias e ações com vistas a buscar a paridade dentro de nosso partido e no sistema par-tidário como um todo.

Portanto, este texto tem como objetivo fazer algumas inferências sobre como as mulheres do PPS se saíram nas eleições. Para tanto, utilizaremos como fontes os estudos que o Centro Feminista de Estu-dos e Assessoria realiza sobre candidatu-ras de mulheres a cada eleição e dados do TSE sobre as mulheres eleitas. Será im-portante conseguirmos sensibilizar a todos e a todas para a constituição de ferramen-tas de transformação e aprofundamento da democracia em nosso partido.

PONtO 1 Candidaturas de mulheres – números e reflexões

mininas previsto na Lei n. 12.034/2009, ao contrário do que aconteceu em 2008, quando absolutamente nenhum dos então 27 partidos cumpriu a Lei n. 9.504/97. A distribuição de candidatu-ras de mulheres entre partidos políticos, contudo, foi bem heterogênea – houve variação de mais de 15 pontos percen-tuais entre o partido mais e o menos in-clusivo. Nestas eleições, o partido que mais ofereceu mulheres candidatas a vereadoras foi o PCO (46,7%). Por ou-tro lado, o PCB foi o que menos incluiu mulheres como candidatas, atendo-se ao mínimo exigido por lei (30%).

Como ficou o PPS neste sentido? Fi-cou abaixo da média nacional (32,6%) por um ponto percentual: ofereceu 31,6% de mulheres sobre o total de candidatos/as a vereador/a. Algo seme-lhante ocorreu em 2008, quando a média nacional de candidaturas femininas a ve-readoras foi 22,1% e o partido ofereceu 21,5% de candidatas a este cargo.

Agora, em 2012, os outros partidos que ficaram abaixo da média nacional foram: PCB (30%), PSD (30,9%), PSL (31,5%), PPS (31,6%), PTN (31,7%), PMN (31,8%), PTC (31,9%), PPL (31,9%), PSB (31,9%), PHS (32%), PR (32,1%), PSDC (32,1%), PRTB (32,1%), PDT (32,2%), PTB (32,3%), PRP (32,3%) e PP (32,5%).

ReFlexão 4 – mulheres candidatas a prefeita: O TSE contabilizou 15.438 candidaturas ao Executivo municipal, das quais 1.938 foram de mulheres (12,6%). No pleito anterior, foram 1.621 mulheres num universo de 15.231 can-didatos/as (10,7%) e, em 2004, o per-

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centual foi de 9,5% (1.501 candidatas em um total de 15.746 candidatos/as).

Constata-se um crescimento em nú-meros absolutos de 117 candidatas em relação a 2008. As mulheres ampliaram a sua participação em 2,9 pontos percen-tuais, de 10,7% para 12,6%, aumento muito menor do que aquele que se ob-servou para o cargo de vereadora. O per-centual de candidatas à prefeita quase não se alterou principalmente porque os partidos continuam resistentes à inclu-são das mulheres e o Executivo munici-pal está imune à “lei de cotas”, uma vez que ela está limitada a cargos escolhidos por sistema proporcional – Assembleias Legislativas nos Estados, Câmaras de Vereadores e a Câmara de Deputados.

Portanto, o percentual de candidatas à prefeita continuou bastante baixo e o próprio percentual de mulheres que con-correram a uma cadeira no Legislativo

municipal não superou muito o mínimo exigido pela lei.

Sobre a performance dos partidos políticos, destaca-se novamente uma grande diferença entre eles: os percen-tuais de mulheres candidatas em cada partido vão de 5,4% (PCB) a 33,3% (PCO). Contudo, neste cargo, o PPS ficou 00,1% acima da média nacional (12,6%), tendo oferecido 12,7% de mu-lheres. Em 2008, o partido havia ficado abaixo da média (10,7%), com 10,1% de mulheres sobre o total de candidatos/as ao Executivo municipal.

Igual ou acima da média nacional, destacam-se junto ao PPS em 2012: PCO (33,3%), PSTU (16,1%), PHS (15,2%), PV (14,0%), PSD (13,9%), PSL (13,4%), PTB (13,4%), PSC (13,3%), PSDC (13,3%), PC do B (13,2%), PSDB (13%), PT (13%), PMDB (13%) e DEM (12,7%).

PONtO 2 Mulheres eleitas – números e reflexõesReFlexão 1 – vereadoras eleitas: Neste pleito, foram eleitas 7.658 verea-doras, ou 13,3% do total de 57.389 ve-readores/as eleitos/as. Em 2008, foram eleitas 6.508 mulheres (12,5% do total de eleitos/as) e 45.457 homens (87,5%), totalizando 51.965 eleitos/as. Em 2004, foram eleitas 6.555 mulheres (12,6% do total de eleitos/as) e 45.238 homens (87,3%), totalizando 51.800 eleitos/as (7 eleitos não informaram o sexo).

Ou seja, o crescimento de vereadoras eleitas foi muito baixo, tanto em relação a 2008 quanto a 2006. Isto indica que, ape-sar de oferecerem mais candidatas este ano, os partidos políticos não ofereceram mulheres com chances reais de eleição.

O PPS elegeu 223 mulheres verea-doras este ano, que receberam juntas 134.984 votos, distribuídos da seguinte forma 69 mulheres em estados do Nor-deste (50.562 votos), 22 no Norte (17.090 votos), 14 no Centro-Oeste (6.953), 71 no Sudeste (43.113 votos) e 37 na região Sul (17.266 votos) (Tabelas anexas).

O PPS elegeu 12% de mulheres so-bre o total de 1.861 seus/suas vereado-res/as vitoriosos/as em nível nacional. Assim, ficou abaixo da média nacional de vereadoras eleitas (13,3%). Em 2008, o partido também ficou abaixo da média nacional (12,4%), tendo elegido 10,3%

de mulheres sobre o total de vereadores/as do PPS.

ReFlexão 2 – prefeitas eleitas: No primeiro turno, foram eleitas (ou segui-ram para o segundo turno) 671 mulheres ou 12% do total de 5.610 novos/as pre-feitos/as. O segundo turno nos oferece-rá o dado final, mas esta informação já nos é bastante preciosa, pois podemos perceber que o percentual de prefeitas eleitas quase não se alterou em relação às últimas eleições. O percentual de can-didatas já estava bastante baixo e, por-tanto, não se podia esperar que houvesse muitas eleitas.

Em 2008, foram eleitas 504 mulhe-res (9,1% do total de eleitos/as) e 5.051 homens (91,9%), totalizando 5.555 elei-tos/as: no primeiro turno, foram eleitas 502 prefeitas (9,1%) e 5.022 prefeitos (90,9%), totalizando 5.525 prefeitas/os.

O PPS elegeu, em primeiro turno, 120 prefeitos/as. Deste total, as mulhe-res foram 12 (contagem feita por iden-tificação de nomes, o que pode ser sus-cetível a erros), ou 10% do total, o que fica abaixo da média nacional de 12%. No pleito de 2008, o PPS também ficou abaixo da média nacional (9,1%), pois elegeu 7,7% de mulheres entre seus/suas novos/as prefeitos/as.

PONtO 3 Reserva de tempo e recursos para mulheres

A lei eleitoral (Lei 12.034/09) prevê a destinação de 5% do Fundo Partidário para a formação política das mulheres, assim como de 10% do tempo de propa-ganda partidária (fora de anos eleitorais) para promover e difundir a participação das mulheres. O texto incluiu uma pu-nição para o partido que não cumprir a regra dos 5%: se não destinar esse per-centual, deverá acrescentar mais 2,5% dos recursos do fundo no ano.

Essas conquistas, ainda que peque-nas, representaram avanço para a parti-cipação política das mulheres. Além do valor simbólico que a medida exerce, será possível destinar milhares de reais por ano, mesmo nos menores partidos, a atividades que promovam a participação das mulheres, como eventos de forma-ção política, congressos, encontros, atos.

Não há documento oficial nacional que nos mostre se e como estes recur-sos têm sido utilizados pelos partidos políticos. E, no PPS, também não há essa informação, de forma alguma, nem oficial nem oficiosamente. Além disso, observou-se que nenhum dos progra-mas eleitorais do PPS foi direcionado especificamente a chamar novas filia-ções ou lideranças mulheres. Apenas se produziu programas que inferiam a pre-sença das mulheres no seio partidário, sem enfatizar a importância paritária ou que levasse a um discurso político que apontasse para a equidade tão neces sária à nossa democracia.

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Algumas conclusões e observações para reflexões e propostas intrapartidárias

UF Vereadoras eleitas Número de votos Número de Diretórios municipais que lançaram candidatas

AC 1 87 10

AL 7* 9.548 41

AM 3* 4.003 37

AP 3 638 8

BA 7 2.500 83

CE 13 13.833 57

ES 3 1.588 43

GO 5 1.224 68

MA 10 4.367 92

MG 26 13.594 296

MS 3* 3.975 31

MT 6 1.754 37

PA 8* 10.402 106

PB 10 3.341 60

Os dados apresentados e analisa-dos acima são muito simples, mas servem para indicar que,

apesar de toda a luta histórica das mu-lheres, ainda precisamos avançar mui-to se queremos alcançar a paridade de sexo nos cargos escolhidos por eleições democráticas. É preciso enfrentar o pa-triarcado e as práticas machistas dentro dos partidos políticos. As cotas têm que ser aprimoradas e efetivadas juntamente com outras ações, e os partidos precisam finalmente se comprometer a investir ca-pital financeiro e político nas candidatu-ras das mulheres. Precisamos acessar e usar com sabedoria os recursos de tem-po de rádio e TV e do fundo partidário que a lei nos reserva. Esta luta está lon-ge de acabar e, portanto, precisamos nos comprometer com ela.

Precisamos mudar muita coisa den-tro do PPS e do sistema político-eleito-ral. Somos um dos partidos pioneiros a ter em seu estatuto as cotas por sexo para a formação das direções, e um or-

ganismo voltado especificamente para a construção de lideranças feministas e de candidaturas aos legislativos e exe-cutivos municipais, estaduais e federais, com bons momentos de reconhecimen-to e de influência nacional e estadual. O que se constata hoje é:

• que persiste a falta de apoio parti-dário às políticas de gênero/femi-nistas;

• o enfraquecimento do trabalho na-cional de articulação com novas filiações de mulheres líderes na comunidade e desatenção à forma-ção política das filiadas, parte da política de gênero/feminista inter-rompida em 2010;

• a falta de apoio logístico e finan-ceiro às candidaturas femininas.

Estas constatações levam a propos-tas bem diretas e factíveis de serem im-plementadas:

• apoio dos diretórios nacional, esta-duais e municipais, e suas executi-vas, à política de gênero/feminista

observando a destinação do fundo partidário, as plataformas das mu-lheres e os requisitos legais;

• fortalecimento da Coordenação Nacional das Mulheres com apre-sentação de planos de trabalho, re-latórios de atividades e prestação de contas; trazendo de volta as co-ordenações estaduais e suas articu-lações nos estados;

• apoio ao investimento em candi-daturas de mulheres para as futu-ras eleições traduzido num Plano Nacional Eleitoral para as Mulhe-res construído com integração de todas as instâncias partidárias.

Para finalizar, é fundamental a aten-

ção dos Diretórios municipais e esta-duais quanto ao correto cumprimento do mandato das eleitas, vinculando-o à política do PPS e aos interesses da co-munidade, além e da promoção da parti-cipação das não eleitas na vida orgânica do partido.

vEREAdORES ELEItAS PELO PPS – 2012**

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SubScrevem eSte relatório de atividadeS:

almira rodrigues (dF); elaine marinho Faria (dF); elizabete barreiros (dF); cléia Schiavo (rJ); Guiomar monteiro (am); irina Storni (dF); Jane Neves (Pa); renata cabrera (mt); tereza vitale (dF). Contatos: [email protected]

PE 7 7.744 44

PI 16* 9.088 55

PR 18 6.243 192

RJ zero zero 67

RN 5 3.843 36

RO 1 611 20

RR 1 219 13

RS 13* 10.068 128

SC 6 955 99

SE 2 578 25

SP 42 27.931 400

TO 7 1.217 53

Total 223 134.984

* 6 vereadoras de capitais: Maceió, Manaus, Campo Grande, Belém, Terezina e Porto Alegre.** Números quase definitivos.

ELEItAS PELO PPS – 2004 / 2008 / 2012 PREFEItAS vEREAdORAS

UF Vereadoras eleitas

Número de votos

NORDESTE 69 50.562

NORTE 22 17.090

CENTRO-OESTE 14 6.953

SUDESTE 71 43.113

SUL 37 17266

Total 223 134.984

2004 2008 2012AC 1 0 1AL 6 5 7AM 16 3 3AP 0 1 3BA 7 7 7CE 30 16 13ES 7 2 3

GO 14 10 5MA 9 16 10MG 27 24 26MS 4 3 3MT 32 12 6PA 3 4 8PB 17 12 10PE 10 2 7PI 18 9 16PR 23 14 18RJ 2 2 0

RN 13 8 5RO 1 3 1RR 2 2 1RS 10 5 13SC 12 11 6SE 12 4 2SP 39 35 42TO 5 12 7

Total 167 222 223

*Agradecemos a colaboração da cientista política

profª dra. Patrícia Rangel

2004 2008 2012ACAL 1AMAPBA 1CE 5ES

GO 1MAMG 2 1 1MS 1MT 1PAPB 1 1PEPI 2 1 2PR 4 2RJ

RNRORR 2RS 1 1SCSESP 2 4 5TO

Total 21 8 13

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