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NÚCLEO ESTADUAL DE JOVENS E ADULTOS- CULTURA POPULAR CONSTRUINDO UM NOVO MUNDO APOSTILA DE LITERATURA ENSINO MÉDIO PROFESSORA: ELAINE MARIA EITELWEIN MÓDULO 9 PRÉ-MODERNISMO (1902-1920) CONTEXTO HISTÓRICO SOCIAL Durante a chamada ―Republica Velha ( 1889-11930), as oligarquias rurais de São Paulo e de Minas Gerais dominavam os cenários políticos e econômicos do país, num esquema conhecido como a política do café-com-leite. Apesar do seu domínio, essas oligarquias rurais caminhavam em descomposto comas grandes transformações pelas quais passava a sociedade brasileira. Transformações essas que eram resultados do acentuado processo de urbanização, da vinda de grandes contingentes de imigrantes e do deslocamento ou da marginalização dos antigos escravos. Nas duas primeiras décadas deste século ocorreram varias agitações sociais: Revolta da Vacina, em 1904; a revolta da chibata, em 1910; os primeiros grandes movimentos grevistas em são Paulo em 1917. Neste quadro de graves desequilíbrios sociais, os escritores passaram a expor uma visão critica dos problemas brasileiros, embora não tenham constituído um movimento literário especifico. Principais autores do pré-modernismo Euclides da Cunha: em sua obra mais importante, o sertão, expõe os problemas do homem do sertão e a existência de vários brasis ainda não descobertos. Graça Aranha: em Canaã, exprime sua visão pessimista do homem brasileiro, abordando os problemas dos imigrantes europeus, especialmente dos alemães. Lima Barreto: sua obra trata de temas como: a cidade do Rio de janeiro, e seus operários, o mulato, os moradores do subúrbio, e das favelas, todos visto sob uma óptica social, carregados de amarga critica, mas com uma tendência humorística. Seu enredo é simples, o registro, porém, das sensações e reflexão de suas personagens é profundo, levando-as muitas vezes a tirar conclusõesora satisfatórias, ora revoltadas, ora pessimistas, como acontece, em recordações do escrivão Isaias Caminha ou em triste fim de Policarpo Quaresma. Este romance aborda o sonho de um patriota, exaltado ao mesmo tempo em que apresenta uma sátira impiedosa e bem- humorada oficial. Na obra Numa e Ninfa faz uma analise satírica da vida política, enquanto Clara dos Anjos aborda o preconceito racial. Monteiro Lobato: preocupado com o progresso do Brasil, faz reflexão sobre os problemas brasileiros, como a saúde, a instrução, a situação do caboclo, etc. Escreveu

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NÚCLEO ESTADUAL DE JOVENS E ADULTOS-

CULTURA POPULAR CONSTRUINDO UM NOVO MUNDO

APOSTILA DE LITERATURA – ENSINO MÉDIO

PROFESSORA: ELAINE MARIA EITELWEIN

MÓDULO 9

PRÉ-MODERNISMO (1902-1920)

CONTEXTO HISTÓRICO SOCIAL

Durante a chamada ―Republica Velha ( 1889-11930), as oligarquias rurais de

São Paulo e de Minas Gerais dominavam os cenários políticos e econômicos do país,

num esquema conhecido como a política do café-com-leite. Apesar do seu domínio,

essas oligarquias rurais caminhavam em descomposto comas grandes transformações

pelas quais passava a sociedade brasileira. Transformações essas que eram resultados do

acentuado processo de urbanização, da vinda de grandes contingentes de imigrantes e

do deslocamento ou da marginalização dos antigos escravos.

Nas duas primeiras décadas deste século ocorreram varias agitações sociais:

Revolta da Vacina, em 1904; a revolta da chibata, em 1910; os primeiros grandes

movimentos grevistas em são Paulo em 1917. Neste quadro de graves desequilíbrios

sociais, os escritores passaram a expor uma visão critica dos problemas brasileiros,

embora não tenham constituído um movimento literário especifico.

Principais autores do pré-modernismo

Euclides da Cunha: em sua obra mais importante, o sertão, expõe os problemas

do homem do sertão e a existência de vários brasis ainda não descobertos.

Graça Aranha: em Canaã, exprime sua visão pessimista do homem brasileiro,

abordando os problemas dos imigrantes europeus, especialmente dos alemães.

Lima Barreto: sua obra trata de temas como: a cidade do Rio de janeiro, e seus

operários, o mulato, os moradores do subúrbio, e das favelas, todos visto sob uma óptica

social, carregados de amarga critica, mas com uma tendência humorística.

Seu enredo é simples, o registro, porém, das sensações e reflexão de suas

personagens é profundo, levando-as muitas vezes a tirar conclusõesora satisfatórias, ora

revoltadas, ora pessimistas, como acontece, em recordações do escrivão Isaias Caminha

ou em triste fim de Policarpo Quaresma. Este romance aborda o sonho de um

patriota, exaltado ao mesmo tempo em que apresenta uma sátira impiedosa e bem-

humorada oficial.

Na obra Numa e Ninfa faz uma analise satírica da vida política, enquanto Clara

dos Anjos aborda o preconceito racial.

Monteiro Lobato: preocupado com o progresso do Brasil, faz reflexão sobre os

problemas brasileiros, como a saúde, a instrução, a situação do caboclo, etc. Escreveu

dentre muitas obras, cidades mortas Urupê, o escândalo do petróleo. Deixou-nos

também uma extensa obra infantil, de natureza moralista e nacionalista, cujosenredos se

passam no Sitio do Pica-pau Amarelo.

Outros autores de destaque desse período:

Raul De Leoni; Augusto Dos Anjos; Coelho Neto Afrânio Peixoto; João Simões

LopesNeto; Alcides Maia Afonso Arinos Valdomiro Silveira; Hugo De Carvalho

Ramos; Alberto;

EUCLIDES DA CUNHA: OS SERTÕES

Os Sertões têm como núcleo a campanha de Canudos, movida pelas forças da

República contra Antônio Conselheiro, fanático religioso, e seus seguidores, campanha

essa que veio a revelar as violências e erros cometidos pelo então recente governo

republicano.

A obra divide-se em três partes: a terra, o homem, a luta- e é nessa divisão que

o autor deixa claro suas idéias cientificas e filosóficas, tão estimuladas pelo

positivismo.

A terra- descrição minuciosa da Região Nordeste e de seus aspectos

geográficos, físicos e geológicos, como o relevo, o solo, o clima e a vegetação. Euclides

da Cunha registra aqui seu profundo conhecimento das Ciências Naturais.

O homem-estudo sofisticado dos tipos regionais brasileiros,frutos

damiscigenação entre brancos,índio e o negro que deu origem ao sertanejoeao jagunço.

Sua análise volta-se, sobretudo ao jagunço, que considera um produto fabricado pelo

meio em que vive: árido, seco, rústico, perigoso, cheio de misticismos e

superstições,com enfoque especial ao líder Antônio Conselheiro.

A luta-relato do conflito de Canudos, isto é,doscombates entre os jagunços e

asquatroexpedições do Exército. Ficam aqui desmascaradas a crueldade, a violência e a

desigualdade dessas duasforças e,conseqüentemente,a denunciado verdadeiro massacre

cometido pelos militares, que exterminaram Antônio Conselheiro e toda a sua

comunidade.

O cadáver do Conselheiro

Antes, no amanhecer daquele dia, comissão adrede escolhida descobrira o

cadáver de Antônio Conselheiro.

Jazia num dos casebres anexos à latada, e foi encontrado graças à indicação

de um prisioneiro. Removida breve camada de terra, apareceu no triste sudário de um

lençol imundo, em que mãos piedosas haviadisparzido algumas flores murchas, e

repousando sobre uma esteira velha, de tábua, o corpo do "famigerado e bárbaro"

agitador. Estava hediondo. Envolto no velho hábito azul de brim americano, mãos

cruzadas ao peito, rosto tumefato, e esquálido, olhos fundos cheios de terra — mal o

reconheceram os que mais de perto o haviam tratado durante a vida.

Desenterraram-no cuidadosamente. Dádiva preciosa — único prêmio, únicos

despojosopimos de tal guerra! — , faziam-se mister os máximos resguardos para que

se não desarticulasse ou deformasse, reduzindo-se a uma massa angulhenta de tecidos

decompostos.

Fotografaram-no depois. E lavrou-se uma ata rigorosa firmando a sua

identidade: importava que o país se convencesse bem de que estava, afinal, extinto

aquele terribilíssimo antagonista.

Restituíram-no à cova. Pensaram, porém, depois, em guardar a sua cabeça tantas

vezes maldita — e, como fora mal-baratar o tempo exumando-o de novo, uma faca

jeitosamente brandida, naquela mesma atitude, cortou-lha; e a face horrenda, empastada

de escaras e de sânie, apareceu ainda uma vez ante aqueles triunfadores...

Trouxeram depois para o litoral, onde deliravam multidões em festa, aquele

crânio. Que a ciência dissesse a última palavra. Ali estavam, no relevo de

circunvoluções expressivas, as linhas essenciais do crime e da loucura...

Euclides da Cunha .Os Sertões. São Paulo:Círculo do Livro, 1975

MODERNISMONO BRASIL: 1922

O início do Modernismo no Brasil é assinalado pela Semana de Arte Moderna, em

São Paulo, em fevereiro de 1922. A Semana de 22,como também conhecida, foi o resultado

de uma série de eventos, que marcaram a vida cultural brasileira nas duas primeiras décadas

deste século. São eles:

1912: O retorno de Oswald de Andrade da Europa, imbuído do Futurismo do italiano

Marionetti. Futurismo é o movimento modernista que se baseia numa vida dinâmica, voltada

para o futuro, que combate o passado, as tradições, o sentimentalismo e que prega formas

novas e nítidas, numa linha positivista e materialista.

1913: A primeira exposição do lituano Lasar Segall no Brasil, com sua pintura

expressionista.

1915: A publicação em O Estado de São Paulo de dois artigos: ―Urupês‖ e ―Velha

praga‖, de Monteiro Lobato, em que ele condena o regionalismo sentimental e idealista.

1917: A Exposição de Anita Malfatti, em que ela apresenta o cubismo, desprezando a

perspectiva convencional e representando os objetos com formas geométricas. Monteiro

Lobato fez criticas virulentas a essa exposição, em seu artigo ―paranóia ou mistificação?‖, o

que levou artistas e intelectuais a se unirem em defesa da pintora. Esses artistas e intelectuais

são os mesmos que iriam organizar a Segunda semana de Arte Moderna em 1922.

1920: Apresentação da maquete do Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret.

1921: O retorno de Graça Aranha da Europa e a publicação de ―Estética da vida‖, em

que ele condena os padrões da época.

Todos esses fatos ocorriam, enquanto o país passava por um período histórico

conturbado, que resultaria no fim da República Velha (1889-1930). O ano de 1922 foi muito

especial nesse contexto. Justamente no centenário da Independência, em meio a crises no

cenário político e militar, intelectuais e artistas, influenciados pelas idéias da vanguarda

européia, organizaram, então, a Semana da Arte Moderna, com vários eventos: sessões,

conferências, manifestos, poemas, músicas, recitais, exposições de artes plásticas, quadros e

esculturas com a participação de: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de

Almeida, Menotti Del Picchia, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Guiomar Novais, Heitor

Villa-Lobos, Paulo Prado, etc. Iniciava-se o Modernismo no Brasil, renovando a

mentalidade nacional e colocando o país na atualidade do mundo.

Modernismo da 1ª fase: 1922-1930

É uma fase de definição de comportamentos e tendências, cheia de publicações de

revistas e manifestos. Também na política, o Brasil passa por momentos de transformações

(fim das oligarquias rurais e da política do ―café com leite‖), que vão culminar com a

Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas sobe ao poder.

É o período mais radical do Modernismo, caracterizado:

Pelo menosprezo e pela destruição de tudo o que havia sido feito anteriormente, isto

é, rompimento total com o passado;

Pelos ideais anárquicos;

Por um nacionalismo exagerado;

Pelo primitivismo, isto é, pela volta às origens.

Os principais autores da primeira fase são: Mário de Andrade, Oswald de Andrade,

Antônio de Alcântara Machado, Manuel Bandeira, Menotti Del Picchia, Guilherme de

Almeida, Cassiano Ricardo e Plínio Salgado.

Observe no poema Pronominais como Oswaldo de Andrade dá mais importância ao

linguajar coloquial (me dá um cigarro) do que à colocação exigida pela gramática (dê-me

um cigarro).

PRONOMINAIS

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas que bom negro e o bom

branco

Da nação brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Ma dá um cigarro

Oswaldo de Andrade, poesias reunidas.

Modernismo da 2ª fase: 1930-1945

Esta foi uma fase de construção, com idéias literárias inovadoras e de muita

produtividade – na prosa e na poesia. Politicamente, os acontecimentos eclodem, tanto fora

do país (depressão econômica, nazismo, Segunda Guerra Mundial) como aqui dentro

(ditadura de Getúlio Vargas e o Estado Novo).

Abrem essa fase: Mário de Andrade com a obra ―Macunaíma‖ e José Américo de

Almeida, com‖ A bagaceira‖.

As características dessa fase são:

Literatura construtiva e com consciência política, que não quer negar as

mudanças dessa época.

Reflexão e posterior amadurecimento das idéias da Semana de 22. A grande

maioria dos autores são os mesmos da primeira fase, além de:

Ficção regional: Érico Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do

Rego, Rachel de Queiroz;

Romance urbano e psicológico: Marques Rebelo, Lúcio Cardoso, Octávio de

Faria, José Geraldo Vieira, Cornélio Pena;

Poesia: Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles,

Augusto Frederico Schmidt, Jorge de Lima, Vinícius de Moraes, etc.

Leia, agora, alguns trechos extraídos de algumas obras mais famosas de: José Lins

do Rêgo, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e Erico Verissimo.

FOGO MORTO: JOSÉ LINS DO REGO

Fragmentos da obra:“Capitão Vitorino”

Vitorino Carneiro da Cunha mandava no que era seu, na sua vida. As feridas que lhe

abriam no corpo nada queriam dizer. Não havia força que pudesse com ele. Os parentes

se riam de seus rompantes, de suas franquezas. Eram todos uns pobres ignorantes,

verdadeiros bichos que não sabiam onde tinham as ventas. Quando parava no engenho,

quando conversava com um Manuel Gomes do Riachão, via que era melhor ser como

ele, homem sem um palmo de terra, mas sabendo que era capaz de viver conforme os

seus desejos. Todos tinham medo do governo, todos iam atrás de José Paulino e de

Quinca do Engenho Novo, como se fossem carneiros de rebanho. Não possuía nada

e se sentia como se fosse senhor do mundo. A sua velha Adriana quisera abandoná-lo

para correr atrás do filho. Desistiu para ficar ali como uma pobre. Podia ter ido. Ele,

Vitorino Carneiro da Cunha, não precisava de ninguém para viver. Se lhe tomassem a

casa onde morava, armaria a sua rede por debaixo dum pé de pau. Não temia a

desgraça, não queria a riqueza. Lá se foram os três homens que libertara, a quem dera

toda sua ajuda. O tenente se enfurecera com o seu poder. Nunca pensara que existisse

um homem que fosse capaz de enfrentá-lo como fizera. A sua letra, o papel que

assinara com o seu nome, dera com a força do miserável no chão. Era Vitorino

Carneiro da Cunha. Tudo podia fazer, e nada temia. Um dia tomaria conta do

município. E tudo faria para que aquele calcanhar-de-judas fosse mais alguma coisa.

Então Vitorino se via no dia do seu triunfo. Haveria muita festa, haveria tocata de

música, discurso do Dr. Samuel, e dança na casa da Câmara. Viriam todos os chaleiras

do Pilar falar com ele. Era o chefe, era o mais homem da terra. E não teria as besteiras

de José Paulino, aquela tolerância para com sujeitos safados, que só queriam comer no

cocho da municipalidade. Com Vitorino Carneiro da Cunha não haveria ladrões, fiscais

de feira roubando o povo. Tudo andaria na correta, na decência. ( José Lins do Rêgo. Fogo Morto. 17 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977. P.284-5)

VIDAS SECAS : Graciliano Ramos

TRECHO EXTRAÍDO DA OBRA: VIDAS SECAS

"Fabiano ouviu os sonhos da mulher, deslumbrado, relaxou os músculos, e o saco da

comida escorregou-lhe no ombro. Aprumou-se, deu um puxão à carga. A conversa de

Sinhá Vitória servira muito: haviam caminhado léguas quase sem sentir. De repente

veio a fraqueza. Devia ser fome. Fabiano ergueu a cabeça, piscou os olhos por baixo

da aba negra e queimada do chapéu de couro. Meio dia, pouco mais ou menos. Baixou

os olhos encandeados, procurou descobrir na planície uma sombra ou sinal de água.

Estava realmente com um buraco no estômago. Endireitou o saco de novo e, para

conservá-lo em equilíbrio, andou pendido, um ombro alto, outro baixo. O otimismo

de Sinhá Vitória já não lhe fazia mossa. Ela ainda se agarrava a fantasias. Coitada.

Armar semelhantes planos, assim bamba, o peso do baú e da cabeça enterrando-lhe o

pescoço no corpo.

Foram descansar sob os garranchos de uma quixabeira, mastigaram punhados de

farinha e pedaços de carne, beberam na cuia uns goles de água. Na testa de Fabiano o

suor secava, misturando-se à poeira que enchia as rugas fundas, embebendo-se na

correia do chapéu. A tontura desaparecera, o estômago sossegara. Quando partissem,

a cabaça não envergaria o espinhaço de Sinhá Vitória. Instintivamente procurou no

descampado indício de fonte. Um friozinho agudo arrepiou-o. Mostrou os dentes

sujos num riso infantil. Como podia ter frio com semelhante calor? Ficou um instante

assim besta, olhando os filhos, olhando os filhos, a mulher e a bagagem pesada. O

menino mais velho esbrugava um osso com apetite. Fabiano lembrou-se da cachorra

Baleia, outro arrepio correu-lhe a espinha, o riso besta esmoreceu.

Se achassem água ali por perto, beberiam muito, sairiam cheios, arrastando os pés.

Fabiano comunicou isto a Sinhá Vitória e indicou uma depressão do terreno. Era um

bebedouro, não era? Sinhá Vitória estirou o beiço, indecisa, e Fabiano afirmou o que

havia perguntado. Então ele não conhecia aquelas paragens? Estava a falar

variedades? Se a mulher tivesse concordado, Fabiano arrefeceria, pois lhe faltava

convicção; como Sinhá Vitória tinha dúvidas, Fabiano exaltava-se, procurava incutir-

lhe coragem. Inventava o bebedouro, descrevia-o, mentia sem saber que estava

mentindo. E Sinhá Vitória excitava-se, transmitia-lhe esperanças. Andavam por

lugares conhecidos. Qual era o emprego de Fabiano? Tratar de bichos, explorar os

arredores, no lombo de um cavalo. E ele explorava tudo. Para lá dos montes afastados

havia outro mundo, um mundo temeroso; mas para cá, na planície, tinha de cor

plantas e animais, buracos e pedras.

E andavam para o Sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas

fortes Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois

velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que

iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e

civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O

sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, Sinhá Vitória e

os dois meninos."

(Graciliano Ramos - Vidas secas, pág. 130, 131,134)

O QUINZE: RACHEL DE QUEIROZ

“Eram duas da tarde.

Cordulina, que vinha quase cambaleando, sentou-se numa pedra e falou,

numa voz quebrada e penosa:

-Chico, eu não posso mais...Acho que vou morrer. Dá-me aquela zoeira na

cabeça!

Chico Bento olhou dolorosamente a mulher. Os cabelos em falripas sujas,

como que gasto, acabado, caía por cima do rosto, envesgando os olhos, roçando na

boca. A pele, empretecida como uma casca, pregueava nos braços e nos peitos, que

o casaco e a camisa rasgada descobriam.

(...)

No colo da mulher, o Duquinha, também só osso e pele, levava, com um

gemido abafado, a mãozinha imunda, de dedos ressequidos, aos pobres olhos

doentes.

E com a outra, tateava o peito da mãe, mas num movimento tão fraco e tão

triste que era mais uma tentativa do que um gesto.

Lentamente o vaqueiro voltou à toa, devagarinho, costeando a margem da

caatinga.

(...)

De repente, um bé!,agudo e longo, estridulou na calma.

E uma cabra ruiva, nambi, de focinho quase preto, estendeu a cabeça por

entre a orla de galhos secos do caminho, aguçando os rudimentos de orelha,

evidentemente procurando ouvir, naquela distensão de sentidos, uma longínqua

resposta a seu apelo.

Chico Bento, olhava-a, com as mãos trêmulas, a garganta áspera. Os olhos

afogueados.

O animal soltou novamente o seu clamor aflito.

Cauteloso, o vaqueiro avançou um passo.

E de súbito em três pancadas secas, rápidas, o seu cacete de jucá zuniu; a

cabra entonteceu,amunhecou, e caiu em cheio por terra.

Chico Bento tirou o cinto da faca, que de tão velha e tão gasta nunca achara

quem lhe desse um tostão por ela.‖

(Raquel de Queiroz. O Quinze. Rio de janeiro; Olympio, s.d. p. 72-5)

ÉRICO VERÍSSIMO: Um Certo Capitão Rodrigo

Carlos Drummond de Andrade

Erico Verissimo. Um certo Capitão Rodrigo. São Paulo: Círculo do Livro, 1975. P. 130-1

POESIAS DA 2ª FASE DO MODERNISMO:Cecília Meireles, Vinícius de Moraes,

Murilo Mendes.

— Vou te tirar as tripas pra fora, corno!

Empregando toda a sua força, que o ódio aumentava, o capitão conseguiu prender a mão

direita do outro entre suas coxas; e depois, imobilizando com a sinistra o braço que Bento

Amaral tinha livre, com a destra segurou a adaga e aproximou-lhe a ponta da cara do

inimigo, que atirou a cabeça para trás, num pânico, e começou a bufar e a cuspir.

— Te prepara, porco! — gritou Rodrigo. — É agora.

E riscou-lhe verticalmente a face. O sangue brotou do talho. Bento gemia, sacudia a

cabeça e houve um momento em que seu sangue respingou o rosto de Rodrigo e uma

gota lhe entrou no olho direito, cegando-o por um breve segundo.

— Falta a volta do R!

E num golpe rápido fez uma pequena meia-lua, às cegas. Bento cuspiu-lhe no rosto,

frenético, e num repelão safou-se e tombou de costas, deixando cair a adaga.

Rodrigo imaginou que ele ia levantar-se, apanhar de novo a arma e voltar ao ataque. Mas

Bento, sentado no chão, com a mão no rosto, ficou a olhar atarantadamente para todos os

lados. Os sapos continuavam a coaxar. Vaga-lumes passavam entre os dois inimigos.

Uma ave noturna saiu de dentro do cemitério e sobrevoou a coxilha, num seco ruflar de

asas.

— Não vou te matar, miserável — disse Rodrigo. — Mas não costumo deixar serviço

incompleto. Quero terminar esse R. Falta só a perninha...

E caminhou para o adversário, devagarzinho, antegozando a operação, e lamentando que

não fosse noite de lua cheia para ele poder ver bem a cara odiosa de Bento Amaral.

Sinistra: a mão esquerda

Destra: a mão direita

Coxilha: campina de pequena elevação, arredondada, típica do estado gaúcho

Ruflar: agitar, tremular.

CANÇÕES

Quando meu rosto contemplo,

O espelho se despedaça: por ver como

passa o tempo

E o meu desgosto não passa.

Amargo campo da vida

Quem te semeou com dureza,

Que os que não se matam de ira

Morrem de pura tristeza?

Cecília Meireles

(Obra10)

3ª FASE 1945

Agosto 1964 Ferreira Gullar

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,

mercados, butiques, viajo num ônibus Estrada

de Ferro - Leblon.

Viajo do trabalho, a noite em meio,fatigado de

mentiras.

O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,

relógios de lilazes, concretismo,

neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,

que a vida eu a compro à vista aos donos do

mundo.

Ao peso dos impostos, o verso sufoca,

a poesia agora responde a inquérito

policial-militar.

Digo adeus à ilusão.

Mas não ao mundo. Mas não à vida,

meu reduto e meu reino.

Do salário injusto, da punição injusta,

da humilhação, da tortura, do terror, retiramos

algo e com ele construímos um artefato, um

poema, uma bandeira.

No Brasil é, o período em que se

encerra a ditadura deGetulio a é, no

cenário mundial, o final da Segunda

Guerra Mundial.

Na literatura, os autores brasileiros

fogem dos excessos iniciais de geração

de 22 e já é possível vislumbrar, na

prosa, uma produção intimista e

introspectiva, sendo Clarice Lispector a

figura mais representativa desse

romance.Ou uma literatura regionalista,

cujo representante magistral foi

Guimarães Rosa, ao registrar a

psicologia, a fala e o mundo do jagunço

do centro do Brasil.

Na poesia, destacam-se: João Cabral

de Melo Nero, Ferreira Gullar, Ledo

Ivo, Mauro mota.

Toda poesia - 1950-1980", Civilização Brasileira, 1980, RJ

LITERATURA CONTEMPORÂNEA:a prosa dos anos 1940-1950

CLARICE LISPECTOR (1926-1977)

Clarice Lispector é um dos três principais nomes da geração de 45 e uma das

principais expressões de ficção brasileira de todos os tempos. Quando publicou

sua primeira obra: Perto do Coração selvagem (1944), a escritora provocou

espanto na crítica e no público. Ela, na verdade, introduzia em nossa literatura

novas técnicas de expressão, que obrigavam a uma revisão de critérios

avaliativos. Sua narrativa quebra a sequência ―começo, meio e fim‖, assim como

a ordem cronológica, e funde a prosa à poesia ao fazer uso constante de imagens,

metáforas, antíteses, paradoxos, símbolos, sonoridade, etrc.

Fragmentos de sua obra:

(...)

A mãe tirou o espelho da bolsa e examinou-se no seu chapéu novo, comprado no mesmo

chapeleiro da filha. Olhava-se compondo um ar excessivamente severo onde não faltava

alguma admiração por si mesma. A filha observava divertida. Ninguém mais pode te amar

senão eu,pensou a mulher rindo pelos olhos: e o peso da responsabilidade deu-lhe à boca um

gosto de sangue. Como ase ―mãe e filha‖ fosse vida e repugnância. Não, não se podia dizer

que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso.

(O Mistério do Coelho Pensante. Clarice Lispector. São Paulo: Rocco.)

Guimarães Rosa: a linguagem reinventada:

Como escritor, Guimarães Rosa (1908-1967) é uma das principais expressões da literatura

brasileira. A genialidade de sua obra tem deslumbrado as várias tendências da crítica e do

público. A grande novidade linguística introduzida pelo regionalismo de Guimarães Rosa

foide recriarna literatura a fala do sertanejo tanto no plano do vocabulário como no da

sintaxe( a construção de frases) e no da melodia da frase. Dando voz ao homem do sertão

por meio de técnicas como foco narrativo na 1ª pessoa, o discurso direto e o discurso

indireto livre, a língua falada no sertão está presente em toda a obra.

Grande Sertão: Veredas: a obra- prima de Guimarães Rosa, é considerada o mais

importante romance do século XX e uma das melhores obras de ficção da literatura universal

de todos os tempos, Riobaldo, seu narrador-protagonista, um velho e pacato fazendeiro, faz

um relato de sua vida a um interlocutor, um ―doutor‖ que nunca aparece na histórria, mas

cuja fala é sugerida pelas respostas de Riobaldo.

Assim, apesar do diálogo sugerido, a narração é um longo monólogo em que Riobaldo traz à

tona suas lembranças em torno de lutas de lutas sangrentas de jagunços, perseguições e

emboscadas nos sertões de Minas, Goiás e sul da Bahia, bem como suas aventuras amorosas.

Ao mesmo tempo, Riobaldo vai relatando as preocupações metafísicas que sempre

marcaram sua vida. Entre elas, destaca-se a questão da existência ou não do diabo. Pelo que

se depreende da obra, ele provavelmente fizera um pacto com o demônio a fim de vencer

Hermógenes, chefe do bando inimigo. Portanto, desse fator depende a sua salvação, e daí

advêm as inquietações da personagem.

Riobaldo conhece e relata três amores na história: o envolvimento com Otacília, moça

recatada que conheceu numa fazenda; o amor sensual por Nhorinhá, uma prostituta; o amor

ambíguo e envolvente de Diadorim. Desses três, o último é o mais importante e, ao mesmo

tempo, o amor impossível.

Diadorim é o nome íntimo(que só Riobaldo conhece) de Reinaldo, jagunço valente e o

melhor amigo de Riobaldo. Ele entrara na guerra porque queria vingar a morte do pai, chefe

Joca Ramiro. A descoberta do amor por Diadorim surpreende Riobaldo, que nunca tivera

nenhum traço homossexual. Apesar disso, o amor crescia incontrolável:

Mas Diadorim, conforme diante de mim estava parado, reluzia no rosto, com uma beleza

ainda maior, fora do comum. Os olhos – vislumbre meu – que cresciam sem beira, dum

verde dos outros verdes, como o de nenhum pasto. (...) De que jeito eu podia amar um

homem, meu de natureza igual, macho em suas roupas e suas armas, espalhado rústico em

suas ações?! Me fazer. Ele tinha a culpa? Eu tinha culpa?

(João Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora. Lançamento,

1956.)

No término da obra, depois que Diadorim mata Hermógenes e é morto por ele no

encontro final, os corpos são recolhidos para serem lavados. Então é que se descobre:

Diadorim era mulher (Diadorina, seu verdadeiro nome), e se disfarça de homem apenas para

ser aceita no bando e vingar a morte do pai. A revelação leva Riobaldo ao desespero: ―Uivei,

Diadorim! Diadorim era uma mulher. Diadorim era mulher como o sol não acende a água do

rio Urucaia, como eu solucei meu desespero.‖

JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1920-1999) é o mais importante poeta da geração

1940-50.

Morte e vida Severina (Auto de natal pernambucano) é a obra mais popular de João

Cabral. Nela, o poeta mantém a tradição dos autos medievais, fazendo uso da musicalidade,

do ritmo e das redondilhas, recursos que agradam o povo. Ela foi encenada pela primeira vez

em 1966 no Teatro da PUC em São Paulo, com música de Chico Buarque. Foi premiada no

Brasil e na França e, a partir daí, vem sendo encenada diversas vezes e até adaptada para a

televisão.

O poema narra à caminhada do retirante Severino, desde o sertão até sua chegada em Recife

e, além das denúncias de certos problemas sociais do Nordeste, constitui uma reflexão sobre

a condição humana.

João Cabral é considerado pelos críticos ―não apenas um dos maiores poetas sociais, mas um

renovador consistente, instigante e original da dicção poética antes, durante e depois dele‖.

MORTE E VIDA SERVERINA : JOÃO CABRAL DE MELO NETO

O RETIRANTE EXPLICA AO LEITOR QUEM É E A QUE VAI

(MELO NETO, JOAO CABRAL DE;Editora: ALFAGUARA BRASIL; Assunto: Poesia; Edição: 1; Ano: 2007)

O meu nome é Severino,

como não tenho outro de pia.

Como há muitos Severinos,

que é santo de romaria,

deram então de me chamar

Severino de Maria

como há muitos Severinos

com mães chamadas Maria,

fiquei sendo o da Maria

do finado Zacarias.

Mais isso ainda diz pouco:

há muitos na freguesia,

por causa de um coronel

que se chamou Zacarias

e que foi o mais antigo

senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo

ora a Vossas Senhorias?

Vejamos: é o Severino

da Maria do Zacarias,

lá da serra da Costela,

limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:

se ao menos mais cinco havia

com nome de Severino

filhos de tantas Marias

mulheres de outros tantos,

já finados, Zacarias,

vivendo na mesma serra

magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos

iguais em tudo na vida:

na mesma cabeça grande

que a custo é que se equilibra,

no mesmo ventre crescido

sobre as mesmas pernas finas

e iguais também porque o sangue,

que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos

iguais em tudo na vida,

morremos de morte igual,

mesma morte severina:

que é a morte de que se morre

de velhice antes dos trinta,

de emboscada antes dos vinte

de fome um pouco por dia

(de fraqueza e de doença

é que a morte severina

ataca em qualquer idade,

e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos

iguais em tudo e na sina:

a de abrandar estas pedras

suando-se muito em cima,

a de tentar despertar

terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar

alguns roçado da cinza.

Mas, para que me conheçam

melhor Vossas Senhorias

e melhor possam seguir

a história de minha vida,

passo a ser o Severino

que em vossa presença emigra.

(João Cabral de Melo Neto. Morte e Vida Severina. Editora Tuca, 1968)

A LITERATURA BRASILEIRA HOJE

As últimas produções literárias brasileiras, da década de 1970 até o final só

século XX, não receberam ainda um estudo mais aprofundado e sistematizado por parte

dos historiadores e críticos literários. Isso se deve a duas razões centrais: de um lado, a

falta de distanciamento histórico, que permita um enfoque mais abrangente e critico; de

outro, a duvida sobre a qualidade dessa produção, em virtude das condições históricas

de censura e repressão cultural em que parte dela foi concebida.

Após a declaração do AI-5, durante o governo Médici, verificou em todo país

um controle rígido sobre os principais meios de comunicação e informação. A censura

atuava diretamente nos jornais, TVs, nos teatros, e nos cinemas. Passou a ser proibida a

livre organização política e a liberdade de expressão torna-se um sonho.

Vários grupos de estudantes e operários que militavam politicamente na década

de 80 passaram á clandestinidade, e alguns deles optaram pela guerrilha rural e urbana

como forma de luta. Pairava no ar um clima de depressão. Com partida de Gil, Caetano,

Chico Buarque, Geraldo Vandré e outros, confirmam-se a frase de John Lennon a

respeito dos Beatles e do projeto geração: ―o sonho não acabou‖.

Conheça mais sobre autores contemporâneos e suas obras

João Ubaldo Ribeiro

Itaparica (BA) 1941

Obras: Setembro Não Tem Sentido, Sargento Getulio, Vida Real.

João Paulo Paes

Taquaritinga(OS) 1926-1998

Obras: O Aluno, Cúmplices, Os Poetas, Mistério De Casa, Poemas Reunidos,

Anatomia,

eia Palavra, Pavão, Parlenda, Paraíso.

Moacyr Scliar

Porto Alegre (RS) 1937

Obras: Histórias De Medico Em Formação, O Carnaval Dos Animais, A Guerra

Do Bom Fim, O Exercito De Um Homem Só, Os Deuses De Raquel, Os Mistérios De

Porto Alegre, A Balada Do Falso Messias, O Ciclo Das Águas, Mês De Cães Danados,

Doutor Miragem.

Osmar Lins

Vitoria de santo antão (PE) 1924-1978

Obras: O Visitante, Os Gestos, O Fiel E A Pedra, Guerra Sem Testemunho, A

Rainha Dos Cárceres Da Grécia, Problemas Inculturais Brasileiros.

Mario Quintana

Alegrete (RS) 1906-1988

Obras: A Rua dos Cata Ventos, Canções, Sapato Florido, O Aprendizde

Feiticeiro, Espelho Mágico, Antologia Poética, Caderno H, Apontamentos de História

Sobrenatural, Nariz De Vidro.

Ligia Fagundes Teles

São Paulo (SP) 1923

Obras: Praia Viva, O Cacto Vermelho, Ciranda de Pedra, Histórias do

Desencontro, Verão no Aquário, O Jardim Selvagem, As Meninas, O Seminário dos

Ratos, Filhos Prodígios.

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,

Procede tal e qual o avozinho infeliz:

Em vão, por toda parte, os óculos procura

Tendo-os na ponta do nariz!

Mário Quintana

POEMINHA DO CONTRA

Todos estes que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão.

Eu passarinho!

Mário Quintana

BIBLIOGRAFIA:

Linguagens e Culturas: Linguagem e códigos: ensino médio: educação de jovens

e adultos/ Neide Aparecida de Almeida...(et al). 1 ed. São Paulo: Global, 2013.

Português Linguagens: volume 1 / Willian Roberto Cereja, Thereza Cochar

Magalhães- 7 ed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010.

Português: literatura, gramática, produção de texto/ Leila Lauar Sarmento,

Douglas Tufano. – 1 ed. – São Paulo: Moderna,2010.

Língua e Literatura: vol. 03/ Carlos Emílio Faraco & Francisco Marto Moura. 19

ed.- São Paulo: Ática, 1998.

Nilson Souza. Jornal Zero Hora, 02 de novembro de 2013. Opinião. P. 23

.

LISPECTOR, Clarice. O Mistério do Coelho Pensante. São Paulo: Rocco.

NETO, João Cabral de Melo Neto. Morte e Vida Severina. Editora Tuca. 1968.

Poemas escolhidos de Gregório de Matos/ seleção de José Miguel Wisnik. São

Paulo: Companhia das Letras.2011.

ASSIS, machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova

Aguiar, 1994.

ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: José Olympio.

1956.

QUEIROZ, Rachel. O Quinze. São Paulo: José Olympio. S. d.