núcleo de história militar manuel coelho baptista de lima

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O Património perto de si (II) Apoio: Direção Regional da Cultura Entidade Promotora: Cresaçor Entidades Parceiras: Instituto Cultural de Ponta Delgada | Instituto Histórico da ilha Terceira | Núcleo Cultural da Horta Conselho Editorial: Pedro Pascoal de Melo Conselho de Redação: Pedro Pascoal de Melo, Célia Pereira, Marta Bretão e Guilherme Pinto de Sousa O Núcleo de História Mili- tar Manuel Coelho Baptista de Lima, instalado no antigo Hospital Militar da Boa Nova, acolhe a notável Coleção de Militaria do Museu de Angra do Heroísmo, sendo o único museu português não integra- do no Ministério da Defesa su- bordinado a esta temática, em que estão representados os três ramos das Forças Armadas na- cionais e estrangeiras. Composto por peças de arti- lharia ligeira e pesada, armas de fogo, armas brancas, prote- ções metálicas, projéteis, equi- pamento de logística, arreios, uniformes e condecorações, este acervo, na sua maior parte acomodado agora em reservas concebidas em obediência à tipologia dos diferentes ma- teriais, reflete o interesse pela área militar e o espírito cole- cionista do primeiro diretor do Museu de Angra do Heroís- mo, Manuel Coelho Baptista de Lima, que, durante mais de três décadas, garantiu por vá- rias vias o seu enriquecimento. O antigo Hospital Militar da Boa Nova, que acolhe esta cole- ção e a traz ao público através de uma exposição temática de longa duração, é uma estrutu- ra construída de raiz com esta finalidade, nos inícios do sé- Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima (Fotografias de Paulo Lobão / MAH) Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima “Os Homens, as Armas e a Guerra – da flecha ao Drone” ”Memória e Novidade: Manuel Coelho Baptista de Lima e o Património Açoriano” “Hospital Real da Boa Nova” culo XVII, no tempo da União Dinástica, situado à ilharga da imponente fortaleza filipina, conhecida vulgarmente por Castelo de São João Baptista. “Os Homens, as Armas e a Guerra – da flecha ao Drone”, “Memória e Novidade: Ma- nuel Coelho Baptista de Lima e o Património Açoriano” e “Hospital Real da Boa Nova” são os títulos dos três espaços expositivos que este núcleo do Museu de Angra do Heroísmo oferece ao visitante. Esta exposição de longa du- ração remete para a evolução das armas em articulação com a história da humanidade, des- de os tempos primordiais até à contemporaneidade. Orga- nizando-se em cinco núcleos temáticos, dispostos de forma diacrónica, torna possível a ilusão de uma viagem no tem- po e no espaço, até aos campos de batalha e ao seu contexto envolvente. O acervo da ex- posição é composto por armas brancas e de fogo, esfragística, documentos gráficos e de be- las artes, uniformes e peças de proteção do corpo, instrumen- tos musicais, peças de artilha- ria e material de apoio, trans- portes e logística. Esta exposição visa historiar o desempenho deste intelectual angrense, referenciando a sua intenção de construir um dis- curso identitário e uma me- mória açoriana, dissonantes do regionalismo etnográfico da primeira metade do século XX, e evidenciando o seu con- tributo para a utilização, no ar- quipélago, de novos modelos europeus de gestão e defesa patrimonial, que vão marcar a génese da ação pública regio- nal nesta área. Sob este título, reúnem-se as memórias de uso deste edifí- cio, que terá sido, tanto quan- to se conhece, um dos mais antigos, senão o mais antigo hospital militar do mundo, já que, até então, os doentes civis e militares tendiam a misturar- se nas instalações existentes. Tendo a sua raiz primeira no hospital de campanha trazido por D. Álvaro de Bazan, aquan- do da conquista da ilha Tercei- ra, em 1583, o edifício filipino desenvolveu-se alinhado com a capela de Nossa Senhora da Boa Nova e crescendo, nos tempos de D. José I, com uma ampla enfermaria nova. Os modos de ver a doença e a saúde, na sua relação com o sa- grado e com as mezinhas e tra- tamentos arcaicos, bem como as memórias do que aconteceu neste edifício secular, são revi- sitados em painéis e peças, na antiga capela e sacristia anexa, recordando a assinatura da rendição espanhola, em 1642, após um memorável cerco de onze meses, mantido pela po- pulação e milícias da ilha Ter- ceira, com auxílio das de outras ilhas dos Açores; a pregação de António Vieira, em 1654; a fi- gura do cronista maior da Ter- ceira, Manuel Luís Maldonado (1644-1711), autor da “Fénix Angrence” e administrador do hospital, que aqui está sepul- tado; e a instalação, durante algum tempo, do prelo inglês com que foi inaugurada a im- prensa, nos Açores. Jorge Paulus Bruno Instituto Histórico da ilha Terceira INFORMAÇÃO ÚTIL HORÁRIO 1 de abril a 30 de setembro 10h00 às 17h30 1 de outubro a 31 de março 09h30 às 17h00 Encerrado às segundas-feiras LOCALIZAÇÃO Rua da Boa Nova, Angra do Heroísmo, ilha Terceira. COORDENADAS GPS 38° 29’ Norte 27° 13’ Oeste OUTROS LOCAIS DE INTERESSE NAS REDONDEZAS: Sé Catedral (séc. XVI/XVIII); Palácio dos Capitães-Generais/ Colégio dos Jesuítas (séc. XVII/ XVIII); Igreja da Misericórdia (séc. XVIII); Fortaleza de S. João Baptista (séc. XVI/XVII); Museu de Angra do Heroísmo; Alto da Memória; Jardim Du- que da Terceira; Monte Brasil.

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Page 1: Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima

O Património perto de si (II)Apoio: Direção Regional da Cultura Entidade Promotora: Cresaçor Entidades Parceiras: Instituto Cultural de Ponta Delgada | Instituto Histórico da ilha Terceira | Núcleo Cultural da Horta Conselho Editorial: Pedro Pascoal de Melo Conselho de Redação: Pedro Pascoal de Melo, Célia Pereira, Marta Bretão e Guilherme Pinto de Sousa

O Núcleo de História Mili-tar Manuel Coelho Baptista de Lima, instalado no antigo Hospital Militar da Boa Nova, acolhe a notável Coleção de Militaria do Museu de Angra do Heroísmo, sendo o único museu português não integra-do no Ministério da Defesa su-bordinado a esta temática, em que estão representados os três ramos das Forças Armadas na-cionais e estrangeiras.Composto por peças de arti-lharia ligeira e pesada, armas de fogo, armas brancas, prote-ções metálicas, projéteis, equi-pamento de logística, arreios, uniformes e condecorações, este acervo, na sua maior parte acomodado agora em reservas concebidas em obediência à tipologia dos diferentes ma-teriais, reflete o interesse pela área militar e o espírito cole-cionista do primeiro diretor do Museu de Angra do Heroís-mo, Manuel Coelho Baptista de Lima, que, durante mais de três décadas, garantiu por vá-rias vias o seu enriquecimento.O antigo Hospital Militar da Boa Nova, que acolhe esta cole-ção e a traz ao público através de uma exposição temática de longa duração, é uma estrutu-ra construída de raiz com esta finalidade, nos inícios do sé-

Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima (Fotografias de Paulo Lobão / MAH)

Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima

“Os Homens, as Armas e a Guerra – da flecha ao Drone”

”Memória e Novidade: Manuel Coelho Baptista de Lima e o Património Açoriano”

“Hospital Real daBoa Nova”

culo XVII, no tempo da União Dinástica, situado à ilharga da imponente fortaleza filipina, conhecida vulgarmente por Castelo de São João Baptista.“Os Homens, as Armas e a Guerra – da flecha ao Drone”, “Memória e Novidade: Ma-nuel Coelho Baptista de Lima e o Património Açoriano” e “Hospital Real da Boa Nova” são os títulos dos três espaços expositivos que este núcleo do Museu de Angra do Heroísmo oferece ao visitante.

Esta exposição de longa du-ração remete para a evolução das armas em articulação com a história da humanidade, des-de os tempos primordiais até à contemporaneidade. Orga-nizando-se em cinco núcleos temáticos, dispostos de forma diacrónica, torna possível a ilusão de uma viagem no tem-po e no espaço, até aos campos de batalha e ao seu contexto envolvente. O acervo da ex-posição é composto por armas brancas e de fogo, esfragística, documentos gráficos e de be-las artes, uniformes e peças de proteção do corpo, instrumen-

tos musicais, peças de artilha-ria e material de apoio, trans-portes e logística.

Esta exposição visa historiar o desempenho deste intelectual angrense, referenciando a sua intenção de construir um dis-curso identitário e uma me-mória açoriana, dissonantes do regionalismo etnográfico da primeira metade do século XX, e evidenciando o seu con-tributo para a utilização, no ar-quipélago, de novos modelos europeus de gestão e defesa patrimonial, que vão marcar a génese da ação pública regio-nal nesta área.

Sob este título, reúnem-se as memórias de uso deste edifí-cio, que terá sido, tanto quan-to se conhece, um dos mais antigos, senão o mais antigo hospital militar do mundo, já que, até então, os doentes civis e militares tendiam a misturar-se nas instalações existentes.Tendo a sua raiz primeira no

hospital de campanha trazido por D. Álvaro de Bazan, aquan-do da conquista da ilha Tercei-ra, em 1583, o edifício filipino desenvolveu-se alinhado com a capela de Nossa Senhora da Boa Nova e crescendo, nos tempos de D. José I, com uma ampla enfermaria nova.Os modos de ver a doença e a saúde, na sua relação com o sa-grado e com as mezinhas e tra-tamentos arcaicos, bem como as memórias do que aconteceu neste edifício secular, são revi-sitados em painéis e peças, na antiga capela e sacristia anexa, recordando a assinatura da rendição espanhola, em 1642, após um memorável cerco de onze meses, mantido pela po-pulação e milícias da ilha Ter-ceira, com auxílio das de outras ilhas dos Açores; a pregação de António Vieira, em 1654; a fi-gura do cronista maior da Ter-ceira, Manuel Luís Maldonado (1644-1711), autor da “Fénix Angrence” e administrador do hospital, que aqui está sepul-tado; e a instalação, durante algum tempo, do prelo inglês com que foi inaugurada a im-prensa, nos Açores.

Jorge Paulus BrunoInstituto Histórico da ilha Terceira

INFORMAÇÃO ÚTIL

HORÁRIO1 de abril a 30 de setembro10h00 às 17h301 de outubro a 31 de março09h30 às 17h00Encerrado às segundas-feiras

LOCALIZAÇÃORua da Boa Nova, Angra do Heroísmo, ilha Terceira.

COORDENADAS GPS38° 29’ Norte 27° 13’ Oeste

OUTROS LOCAIS DE INTERESSE NAS REDONDEZAS:Sé Catedral (séc. XVI/XVIII); Palácio dos Capitães-Generais/Colégio dos Jesuítas (séc. XVII/XVIII); Igreja da Misericórdia (séc. XVIII); Fortaleza de S. João Baptista (séc. XVI/XVII); Museu de Angra do Heroísmo; Alto da Memória; Jardim Du-que da Terceira; Monte Brasil.