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MESTRADO EM ENGENHARIA SEGURANÇA E HIGIENE OCUPACIONAIS Tese apresentada para obtenção do grau de Mestre Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Conforto Térmico na Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador: Eng.ª Joana Cristina Cardoso Guedes (MSc., Assist Conv., FEUP) Arguente: Professora Ana Cristina Meira da Silva e Castro (ISEP) Presidente do Júri: Professor Joaquim Eduardo Sousa Góis (FEUP) 2011 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

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MESTRADO EM ENGENHARIA SEGURANÇA E HIGIENE OCUPACIONAIS

Tese apresentada para obtenção do grau de Mestre Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Conforto Térmico na Indústria do Papel

António Manuel Quental Martins

Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP)

Coorientador: Eng.ª Joana Cristina Cardoso Guedes (MSc., Assist Conv., FEUP)

Arguente: Professora Ana Cristina Meira da Silva e Castro (ISEP)

Presidente do Júri: Professor Joaquim Eduardo Sousa Góis (FEUP)

2011 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista, Distinto Orientador Científico desta Tese, pela paciência e pelo apoio incondicional;

Ao Eng.º. Carlos Alberto Amaral Vieira, Director do Complexo Industrial da Figueira da Foz, pela total disponibilização das instalações fabris, objecto do presente estudo;

À Engª. Joana Cristina Cardoso Guedes, Distinta Coorientadora Científica desta Tese.

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

RESUMO

As sociedades modernas, sobretudo fruto do desenvolvimento tecnológico, vão aperfeiçoando e adaptando o mundo do trabalho às condições cada vez mais exigentes de competitividade, às quais não é alheia a produtividade. Nestes termos, o ambiente térmico surge, nos dias de hoje, como um dos factores a ter em linha de conta no alcance de tal desiderato.

Este estudo teve como objectivo encontrar uma solução para melhorar o conforto térmico de trabalhadores de diferentes sectores de uma fábrica de papel. Para isso, foram analisadas as condições de conforto térmico a partir da Norma ISO 7730:2005 e as recomendações nela contidas. Após uma recolha exaustiva de dados, através de meios analíticos próprios para o efeito, foram calculados os Índices de Conforto Térmico PMV (Predicted Mean Vote) e PPD (Predicted Percentage Dissatisfied) e, utilizando um Modelo Computacional de Base, a partir da Norma acima referida, foram obtidos valores que retratam a situação actual do objecto de estudo. Para além disso, atendendo a que este Modelo tradicional fornece um valor pontual, foi calculada, a partir das respectivas funções, a evolução dos parâmetros do conforto térmico PMV e PPD durante períodos extensos, de várias horas, ao longo do ciclo de trabalho. Os resultados obtidos, não só confirmaram os valores do Modelo anterior, como também permitiram uma visão do comportamento do PMV e do PPD ao longo do período de tempo analisado. Para optimizar as condições de conforto, foi actuada a variável passível de ser “influenciada” com menores custos, a do Isolamento térmico através do Vestuário (ICl). Dos resultados obtidos, foi possível concluir que, mesmo para as áreas mais críticas (“habitadas” em permanência), todas caíam dentro da gama de conforto, fazendo variar apenas o tipo de vestuário. No entanto, este teria que ser diferente, não só de local para local, como também durante as 24 horas do dia. Outra conclusão, não menos importante, foi a de que, os cálculos baseados apenas na média, só por si, são importantes, mas não devem substituir uma análise mais refinada do processo.

Finalmente, deste estudo resultou uma proposta de linhas de orientação para outros estudos e investigações a levar a cabo, no sentido de uma cabal perceção do ambiente térmico nas indústrias de Pasta e Papel e, bem assim, do tipo de vestuário a definir para cada área fabril.

Palavras-chave: Indústria do Papel; Conforto Térmico; Isolamento do Vestuário; PMV (Predicted Mean Vote); PPD (Predicted Percentage Dissatisfied).

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

ABSTRACT

The modern societies, mainly as a result of their technological development, have been improving and adapting the work world to the more and more demanding conditions of competitiveness, from which productivity cannot be separated. In these terms, the thermal comfort appears, in current times, as one of the factors needed to take in due account in the reach such desideratum.

This study aimed to find a solution to improve the thermal comfort of workers from different sectors of a paper mill. For that we analyze the conditions of thermal comfort from the ISO 7730:2005 and the recommendations contained therein. It was made an exhaustive collection of data through analytical methods suitable for this purpose, were calculated the thermal comfort index PMV (Predicted Mean Vote) and PPD (Predicted Percentage of Dissatisfied) and, using a Base Computational Model, based on the above referred Standard, we arrived to values that portray our object of study’s current situation. Given that, this traditional Model provides just a punctual value, based on their respective functions, it was calculated trends for the thermal comfort parameters PMV and PPD, during long periods of several hours along the work cycle. The obtained results not only confirm the results obtained in the previous Model, but enable us also to get an overview for the behaviour of PMV and PPD values along the analysed time period. To optimize comfort conditions, is performed on the variable that can be "influenced" to lower costs, the Insulation Clothing (ICl). From the results it was concluded that for the studied areas, the most critical, it was possible that almost all fall within the range of thermal comfort by varying the type of clothing. However, this would have to be different not only from place to place, but also during the day. It was concluded also that calculations based only on average, per si, are important but should not replace a more refined process analysis.

Finally, let a proposal of guidelines for studies and investigations to be carried out in order to have a full perception of the thermal environment in the Pulp and Paper Industries and, as well as, the type of clothing to be established for each manufacturing area.

Keywords: Paper Industry; Thermal Comfort; Clothing Insulation; PMV Index (Predicted Mean Vote); PPD Index (Predicted Percentage Dissatisfied).

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1

2 OBJETO DE ESTUDO................................................................................................. 3

2.1 Sobre o Grupo Portucel Soporcel ................................................................................ 3

2.2 Sobre a Fábrica de Papel da Soporcel ......................................................................... 3

2.2.1 Prestadores de Serviços....................................................................................... 4

2.2.2 Atividade............................................................................................................ 4

2.2.3 Fábrica de Pasta ................................................................................................. 6

2.2.4 Área de recuperação e energia............................................................................. 6

2.2.5 Forno da Cal....................................................................................................... 6

2.2.6 Cogeração .......................................................................................................... 6

2.2.7 Produtos Químicos .............................................................................................. 6

2.2.8 Fábrica de Papel ................................................................................................. 7

2.2.9 Desintegração..................................................................................................... 8

2.2.10 Aditivos químicos ................................................................................................ 9

2.2.11 Máquinas de Papel (PM1 e PM2)........................................................................... 9

2.2.12 Bobinadoras ....................................................................................................... 9

2.2.13 Rebobinadoras.................................................................................................... 9

2.2.14 Transformação.................................................................................................. 10

2.2.15 Expedição......................................................................................................... 10

3 ENQUADRAMENTO LEGAL E NORMATIVO................................................................. 11

3.1 Legislação .............................................................................................................. 11

3.2 Normas.................................................................................................................. 12

4 CLIMA E AMBIENTE TÉRMICO ................................................................................. 13

4.1 Clima regional ........................................................................................................ 13

4.2 Conforto térmico..................................................................................................... 13

4.3 Fatores Térmicos .................................................................................................... 14

4.4 Súmula Bibliográfica................................................................................................ 15

5 OBJECTIVOS E METODOLOGIA................................................................................ 17

5.1 Objetivos da Dissertação ......................................................................................... 17

5.2 Metodologia Global de Desenvolvimento ................................................................... 17

6 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................... 19

6.1 Meios utilizados na recolha de dados ........................................................................ 19

6.2 Recolha e apresentação dos dados........................................................................... 19

6.3 Método de Cálculo .................................................................................................. 20

7 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ....................................................................... 23

8 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................... 27

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8.1 Análise global..........................................................................................................27

8.2 Análise Individual dos Registos .................................................................................28

8.3 Comparação entre Salas de Controlo da PM1 .............................................................44

8.4 Comparação entre Salas de Controlo da PM2 .............................................................44

8.5 Comparação entre Gabinetes de Chefes de Turno da PM1, da PM2 e Coordenadores da Área de Bobinas...........................................................................45

8.6 Comparação entre Salas de Controlo da PM1 e da PM2...............................................46

8.7 Área da Transformação............................................................................................46

9 NÍVEL DE PROTEÇÃO DOS FARDAMENTOS................................................................47

10 CONCLUSÕES .........................................................................................................49

11 PERSPECTIVAS FUTURAS.........................................................................................51

BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................53

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1– Localização do Complexo .......................................................................................... 4

Figura 2 – Vista aérea de parte da Zona Sul do Rio Mondego, .................................................... 4

Figura 3 – Vista exterior de parte da Fábrica de Papel................................................................ 5

Figura 4 - Diagrama Simplificado dos Processos Pasta e Papel, do Complexo Industrial da SOPORCEL - Figueira da Foz...................................................................................... 5

Figura 5 - Máquina de Papel 1 (PM1)........................................................................................ 7

Figura 6 - Máquina de Papel 2 (PM2)........................................................................................ 7

Figura 7 - Painel com dados e esquema da Máquina de Papel 1, ................................................. 8

Figura 8 - Painel com dados e esquema da Máquina de Papel 2, ................................................. 8

Figura 9 - Estação meteorológica instalada no Complexo Industrial ........................................... 13

Figura 10 – Troca de calor entre o corpo e o ambiente ............................................................ 14

Figura 11-Equipamento utilizado na recolha de dados .............................................................. 19

Figura 12-Balanço Térmico do Corpo Humano (in Silva, M. C. Gameiro da, 2006). ...................... 22

Figura 13-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Húmida da PM1 .......................... 24

Figura 14-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Seca da PM1............................... 28

Figura 15-Valores do PMV e PPD no interior da Sala de Controlo da Bobinadora 1. ..................... 29

Figura 16-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Bobinadora 1 (lado exterior) ................ 29

Figura 17-Valores do PMV e PPD no Gabinete dos Chefes de Turno da PM1............................... 30

Figura 18-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo dos Aditivos Químicos (PM1)..................... 30

Figura 19-Valores do PMV e PPD na PM1 – Zona Húmida – Piso da Máquina (junto ao Pilar K9)... 31

Figura 20-Valores do PMV e PPD na PM2 – Gabinete dos Chefes de Turno................................. 31

Figura 21-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Húmida da PM2 .......................... 32

Figura 22-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Seca da PM2............................... 32

Figura 23-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 2.......................................................................................................... 33

Figura 24-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 3.......................................................................................................... 33

Figura 25-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 –Lado da Bobinadora 2 - Exterior ........................................................................................... 34

Figura 26-Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 3 - Exterior ........................................................................................... 34

Figura 27-Valores do PMV e PPD no Showroom – Laboratório Local, junto à Secretária dos Analistas ................................................................................................................ 35

Figura 28-Valores do PMV e PPD no Showroom, junto às Máquinas........................................... 35

Figura 29-Valores do PMV e PPD no Gabinete dos Coordenadores da Área de Bobinas................ 36

Figura 30-Valores do PMV e PPD junto às RE’s 3 e 4 – Local de Trabalho dos Operadores........... 36

Figura 31-Valores do PMV e PPD junto às RE’s 1 e 2 – Local de Trabalho dos Operadores........... 37

Figura 32-Valores do PMV e PPD junto à Embaladora 1 – Local de Trabalho dos Operadores....... 37

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Figura 33- Valores do PMV e PPD junto à Embaladora 2 – Local de Trabalho dos Operadores ......38

Figura 34-Valores do PMV e PPD no PRS2 – R/C ......................................................................38

Figura 35-Valores do PMV e PPD no PRS 2 – Local 22 (2) .........................................................39

Figura 36-Valores do PMV e PPD à Saída de Bobinas do PRS2 ...................................................40

Figura 37-Valores do PMV e PPD no Posto de Trabalho junto ao descascador de Mandris da PM2.40

Figura 38-Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da RW2 ............41

Figura 39-Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da Cintadora PW4.......................................................................................................................41

Figura 40-Valores do PMV e PPD na Transformação, junto à Plataforma Metálica existente na PW4.......................................................................................................................42

Figura 41-Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da Cl4 ..............42

Figura 42-Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da CL1 .............43

Figura 43-Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da CL5 .............43

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1– Produção instalada / Produção em 2009 (PM1 + PM2)................................................ 7

Tabela 2 – Localização das medições...................................................................................... 20

Tabela 3 – Escala/Sensação térmica ....................................................................................... 22

Tabela 4- Valores de PMV e PPD para 1 Clo ............................................................................ 23

Tabela 5- Valor de Isolamento do Vestuário ajustado (0,48 Clo) para PMV=0 e PPD=5% ........... 23

Tabela 6- PMV e PPD para valores médios e 1 clo.................................................................... 25

Tabela 7 – Cálculos de Icl para PMV=0 e PPD= 5%, para valores médios .................................. 26

Tabela 8 - Adequação do vestuário ........................................................................................ 47

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GLOSSÁRIO/SIGLAS/ABREVIATURAS

C Troca de calor pela pele por convecção (W.m-2)

Clo Unidade de isolamento do vestuário (Clo)

fcl Factor de superfície do vestuário (ºC)

hc Coeficiente convectivo de transferência de calor (W.m-2.K-1)

hcg Coeficiente de convecção de globo negro (W.m-2.K-1)

Icl Factor de isolamento térmico do vestuário (m2.K.W-1)

K Troca de calor pela pele por condução (W.m-2)

M Taxa Metabólica (W.m-2)

Met Actividade (met)

PMV Voto Médio Previsível

PPD Percentagem Previsível de Insatisfeitos (%)

Pvap Pressão parcial de vapor de água no ar (Pa)

R Troca de calor pela pele por radiação (W.m-2)

Hr Humidade relativa (%)

ta Temperatura do ar seco (ºC)

tcl Temperatura à superfície do vestuário (ºC,K)

tg Temperatura de globo (ºC)

tnw Temperatura de bolbo húmido nat. Ventilado (ºC)

Tr Temperatura média radiante (tmr) (ºC)

Tw Temperatura de bolbo húmido (ºC)

Var Velocidade do ar (m.s-1)

W Trabalho mecânico efetivo (W.m-2)

WBGT Int Índice de temperatura húmida e de globo sob acção Interior (ºC)

WBGT Ext Índice de temperatura húmida e de globo sob acção Exterior (ºC)

Notas:

1 metabolic unit = 1 met = 58,2 W.m-2

1 clothing unit = 1 clo = 0,155 m2.K.W-1

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais remotos que, na sua evolução, o homem, quer indirecta, quer directamente, de forma inconsciente ou de forma consciente, foi criando condições de conforto térmico. De início, ocupou cavernas para defender-se de animais e de outros homens. Depressa deve ter percebido que, assim, também estaria mais protegido do frio e do calor. Com a descoberta do fogo, certamente percepcionou uma sensação de maior controlo das suas condições de conforto. No exterior, sentiu necessidade de procurar sombras quando o calor apertava e de expor-se ao sol quando sentia frio. Nas noites frias procurava refúgio em locais mais abrigados do que em noites quentes, quando podia pernoitar em zonas menos abrigadas. Depois, numa provável associação de ideias, cobriu-se com peles de animais: se resistem ao frio, também “nós”, estaremos protegidos, terão pensado!

Ao longo dos tempos, o homem foi percebendo o quão necessário seria questionar-se sobre o porquê destas sensações mais ou menos agradáveis. A partir da segunda metade do século passado foi tentando encontrar explicações plausíveis para múltiplos fenómenos que a ciência, desde a física à medicina, tem vindo a tentar desvendar e que levam a que o ser humano se consiga sentir cada vez mais confortável em termos térmicos.

As sociedades desenvolvidas procuram dar ao Homem as melhores condições para manter a homeotermia, a cada momento e em cada lugar; desde o automóvel à habitação, passando pelo escritório, pelas salas de espectáculos e mesmo pelas ruas, quanto mais não seja com a plantação de árvores que atenuem os efeitos do calor; tudo é feito, fundamentalmente, em nome do conforto térmico. Na verdade, o conforto térmico existe quando não se fala dele!

O número de estudos científicos sobre conforto térmico aumentou com as exigências da Revolução Industrial (Chrenko, 1974) e hoje, nas sociedades modernas, a procura de conforto já faz parte do dia-a-dia de cada um de nós.

Numa indústria cada vez mais qualitativa, quantitativa e, simultaneamente, competitiva, as tecnologias que concorrem para as diferentes funcionalidades tornam-se de tal maneira especializadas que surgem “gigantes” na construção de Máquinas para o Fabrico de Papel ou outras, não menos importantes, na área da ventilação e, nesta em particular, com um contributo, ainda que indirecto, nas condições de conforto térmico, uma vez que é de extrema importância a manutenção de um ambiente que responda a condições de temperatura e humidade, previamente definidas, no fabrico do papel.

Por tudo o que foi dito, o investimento em conforto térmico dos Trabalhadores deve ser entendido como um benefício e não como um mero custo!

Quental Martins, António 1

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2 OBJETO DE ESTUDO

2.1 Sobre o Grupo Portucel Soporcel

O presente trabalho pretende ser uma referência para o grupo Portucel Soporcel, na medida em que visa estabelecer um padrão para a avaliação do ambiente térmico para todo o grupo.

O grupo Portucel Soporcel é uma das mais fortes presenças de Portugal no mundo, actuando num sector estruturante para a economia nacional. Posiciona-se como líder europeu, e está entre os maiores produtores no mercado internacional de papéis finos não revestidos, para a indústria gráfica e utilização em escritório (UWF-Uncoated Woodfree Paper), sendo também o maior produtor da Europa de pasta branca de eucalipto (BEKP-Bleached Eucalyptus Kraft Pulp).

Com uma capacidade produtiva anual de 1,55 milhões de toneladas de papel e de 1,35 milhões de toneladas de pasta, o grupo Portucel Soporcel gera um volume de negócios superior a 1 100 milhões de euros. O Grupo ocupa o 3º lugar no conjunto das maiores empresas exportadoras em Portugal, sendo responsável por cerca de 3% da totalidade das exportações portuguesas. Em ano de cruzeiro, a nova Fábrica de Papel, instalada em Setúbal, cuja produção se iniciou a 15 de Agosto de 2009, deverá ser responsável por um aumento superior a 400 milhões de euros nas exportações anuais do Grupo, que até ao momento exportava mais de 950 milhões de euros para cerca de 90 países dos cinco continentes, o correspondente a aproximadamente 90% das suas vendas de papel e de pasta.

As fábricas do grupo Portucel Soporcel são uma referência a nível internacional, em dimensão e tecnologia. O destaque vai para a nova fábrica, que integra a maior e mais sofisticada máquina de papel do mundo, com uma capacidade instalada de 500 mil toneladas/ano. Esta fábrica representa um salto na projecção internacional e no desenvolvimento industrial do Grupo, cuja estrutura produtiva assenta nos complexos industriais localizados em Setúbal, Figueira da Foz e Cacia.

Os Três Complexos Industriais albergam mais de 2.200 Trabalhadores dos Quadros do Grupo.

O grupo Portucel Soporcel, para além de ser hoje o líder europeu na produção de papéis finos não revestidos, é também responsável pela produção de cerca de 4% da energia nacional.

2.2 Sobre a Fábrica de Papel da Soporcel

O estudo incide sobre a Fábrica de Papel da Soporcel que conta com um efectivo de cerca de 750 Trabalhadores.

As razões prendem-se com o facto de cerca de um terço do total de Trabalhadores da Soporcel desempenhar as suas funções na Fábrica de Papel.

O Complexo Industrial da Figueira da Foz (CIFF), encontra-se localizado em Lavos, a sul do Rio Mondego, no Parque Industrial que confina com a Estrada Nacional 109 (Figura 1), num terreno cuja área total é de cerca de 170 ha, 66 dos quais com equipamentos e 10 com edifícios (Figura 2).

Quental Martins, António 3

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Figura 2– Localização do Complexo Industrial da Figueira da Foz (CIFF)

Figura 3– Vista aérea de parte da Zona Sul do Rio Mondego, com CIFF

2.2.1 Prestadores de Serviços

Nas actividades desenvolvidas no interior do perímetro fabril da Soporcel, intervêm vários prestadores de serviços, com carácter de regularidade. Pontualmente, encontram-se em cada uma das áreas fabris prestadores de serviço que desenvolvem a sua atividade num período de tempo definido, sendo neste caso enquadrados, sempre, por Colaboradores da Soporcel.

2.2.2 Atividade

Produção de Pasta Celulósica para Integração, Produção e Comercialização de Papel.

Horário de funcionamento: 24 horas/dia:

4 Objeto de estudo

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

O Complexo Industrial da Figueira da Foz é composto por:

• Fábrica de pasta;

• Fábrica de papel (Figura 3);

• Área de escritórios, parte situada fora do perímetro fabril;

• Área de escritórios, parte situada no interior do perímetro fabril.

Contempla, ainda, duas empresas residentes:

SMP (Specialty Minerals Portugal) – Fábrica de Carbonato de Cálcio Precipitado (PCC) – com gestão totalmente independente;

SOPORGEN - Cogeração - Produção de Energia e Vapor através de gás natural – com operação da Soporcel e gestão conjunta (Soporcel e EDP).

Figura 4 – Vista exterior de parte da Fábrica de Papel do CIFF

PRODUÇ

GÁS NATURALGÁS NATURAL

PERÓXIDO DE HIDROGÉNIO

( FARDOS )

ARMAZÉM AUTOMÁTICO

BOBINES

EDP

BOBINES IMPRESSÃO OFFSET CÓPIA

PASTA DE EUCALIPTO

PASTA FIBRA LONGA CARBONATO CÁLCIO AMIDO ADITIVOS

PASTA EUCALIPTO

ENERGIA

NEGROLICOR

TRANSFORME

EXPEDIÇÃO PRODUÇÃO

DE

PAPEL

CENTRAL

DE

ENERGIA

ÃO

DE

PASTA

BRANCA

PRODUÇÃO

DE

PASTA CRUA

QUÍMICOS

RECUP.

PASTA CRUA

VAPOR

ENERGIA ELÉCTRICA

ÁGUANEGRO LICOR

LICOR BRANCO

OXIGÉNIO

DIÓXIDO DE CLORO

SODA CÁUSTICA

SULFATO DE SÓDIO CALCÁRIO

EDP

FUEL FUEL ÁGUAÁGUA

CASCA

APARAS

PREPARAÇÃO

DE

MADEIRAS

ROLARIA

ENERGIA ELÉCTRICA

E

DE

ENERGIA ELÉCTRICA

RESÍDUOS SÓLIDOS ENERGIA ELÉCTRICA

Figura 5 - Diagrama Simplificado dos Processos de Fabrico de Pasta e Papel do CIFF

Quental Martins, António 5

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

2.2.3 Fábrica de Pasta

A madeira de eucalipto, principal matéria-prima da Fábrica de Pasta, é recepcionada, armazenada e destroçada para obtenção de aparas (Ver diagrama simplificado dos Processos – Figure 4).

O processo de produção de pasta de celulose é constituído pelos seguintes estágios: cozimento de aparas, lavagem, depuração e branqueamento, para obtenção de fibras branqueadas, que são enviadas, em solução aquosa, para fabrico de papel, ou para secagem, neste caso embaladas como pasta para mercado ou para desintegração e consumo na Fábrica de Papel, quando a de Pasta está parada.

A linha de produção de pasta completa-se com as instalações de recuperação e produção de energia, e com o tratamento de águas e efluentes.

2.2.4 Área de recuperação e energia

A área da Recuperação de Químicos e Produção de Energia é composta por 3 caldeiras:

• Caldeira de Recuperação (geração de vapor por queima de licor negro);

• Caldeira Auxiliar (reforço da produção de vapor, utilizando como combustível os materiais provenientes da Preparação de Madeiras: biomassa);

• Caldeira a Óleo (produção de vapor, utilizando como combustível, apenas, fuel; actualmente, esta caldeira funciona como reserva, sendo utilizada em situações de manutenção ou de avaria das outras unidades, incluindo a unidade de Cogeração).

- um forno de Cal;

- uma central de Cogeração, a gás natural.

2.2.5 Forno da Cal

Produção de cal viva, a partir de lamas calcárias, geradas no processo de caustificação.

2.2.6 Cogeração

Central de Cogeração, a gás natural (juntamente com a instalação da Máquina de Papel 2 - PM2, foi instalada esta Central, no actual Complexo Industrial da Figueira da Foz, com identidade própria, que fornece vapor e energia eléctrica à Soporcel e energia eléctrica à Rede Eléctrica Nacional - REN).

2.2.7 Produtos Químicos

Além das áreas de armazenamento dos diferentes produtos químicos consumidos no Complexo, a SOPORCEL dispõe de uma instalação de produção de dióxido de cloro, para branqueamento da pasta.

A produção de dióxido de cloro é feita em reactores, pela redução de clorato de sódio por dióxido de enxofre (SO2), em meio ácido - processo MATHIESON.

O dióxido de enxofre necessário a este processo é obtido por queima de enxofre, previamente fundido. Parte do gás libertado é absorvida em água fria, dando origem à solução que é adicionada na parte final do branqueamento; a outra parte é injectada em reactores, para produção de dióxido de cloro.

6 Objeto de estudo

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

2.2.8 Fábrica de Papel

A produção de papel é feita em duas máquinas Paper Machine 1 - PM1 (Figuras 5 e 7) e Paper Machine 2 – PM2 (Figura 6 e 8). O papel é cortado de acordo com os pedidos dos clientes, em dez máquinas de corte, cinco de formatos A3/A4 e cinco de formatos variáveis, sendo esta actividade denominada de Transformação. O papel embalado é transportado para armazéns dedicados, dois deles cem por cento automatizados.

PM 1

Valmet

8600 mm / 1200 m/min.

330 000 ton / ano

PM 1

Valmet

8600 mm / 1200 m/min.

330 000 ton / ano

Figura 6- Máquina de Papel 1 (PM1)

PM 2

Voith

8600 mm / 1500 m/min.

420 000 ton / ano

PM 2

Voith

8600 mm / 1500 m/min.

420 000 ton / ano

Figura 7- Máquina de Papel 2 (PM2)

Na produção de papel, a principal matéria-prima é a pasta de celulose, obtida a partir do eucalipto (fibra curta). Para além desta, é também incorporada uma pequena percentagem de pinho (fibra longa), não mais de 5%. É, ainda, incorporado Carbonato de Cálcio Precipitado (PCC), proveniente de uma fábrica, com identidade própria, instalada no perímetro fabril da Soporcel.

A pasta celulósica de eucalipto é normalmente transportada em solução aquosa, através de pipe-line, para armazenagem em grandes torres existentes na fábrica de papel que vão alimentar as máquinas 1 e 2.

Tabela 1– Produção instalada / Produção em 2009 (PM1 + PM2)

MÁQUINA CAPACIDADE INSTALADA (t) PRODUÇÃO EM 2009 (t) PM1 (VALMET) 330.000 348.033 PM2 (VOITH) 420.000 438.743 TOTAL 750.000 786.776

A Fábrica de Papel contempla as seguintes áreas:

• Desintegração (comum às Máquinas de Papel 1 e 2) • Aditivos químicos (comum às Máquinas de Papel 1 e 2) • Máquina de Papel 1 (PM1) – (Figura 7) • Máquina de Papel 2 (PM2) – (Figura 8) • Bobinadoras 1, 2 e3 • Rebobinadoras • Transformação • Expedição

Quental Martins, António 7

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Figura 8-Painel com dados e esquema da Máquina de Papel 1,

em português e inglês

Figura 9-Painel com dados e esquema da Máquina de Papel 2,

em português e inglês

2.2.9 Desintegração

Nesta área, é desintegrada a pasta de pinho, normalmente importada de países nórdicos, em fardos de cerca de 250Kg. Depois de desintegrada e passada a solução aquosa, é misturada à pasta de eucalipto, garantindo-lhe, assim, uma maior resistência. Também aqui, é desintegrada pasta de eucalipto, sempre que a fábrica de pasta se encontra parada, para manutenção anual, ou por razões imprevistas em que não é possível alimentar a fábrica de papel, directamente.

8 Objeto de estudo

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

Nota: Esta área não será objecto do presente estudo, por dois motivos, a saber:

1. é um edifício com grandes portões, normalmente abertos, pelo que sujeito às temperaturas exteriores, de acordo com a época do ano;

2. todo o Pessoal que ali trabalha é de uma empresa de “outsourcing”, pelo que, tendo este estudo por finalidade a definição do vestuário, quanto ao seu isolamento, para os locais de conforto térmico, não só o local não se enquadra neste âmbito, como também o empregador não é o Grupo Portucel/Soporcel, o que faz com que a definição do vestuário de trabalho não seja sua.

2.2.10 Aditivos químicos

Esta área, tal como a anterior, é comum às duas máquinas de papel. Aqui se armazenam e daqui se alimentam directamente todos os pontos onde são introduzidos aditivos químicos. O realce, sobretudo pelas grandes quantidades armazenadas, vai para o amido (de massa e de superfície).

2.2.11 Máquinas de Papel (PM1 e PM2)

As máquinas de papel (PM1 e PM2), com algumas pequenas “nuances” em termos de processo produtivo, são em tudo muito parecidas, dividindo-se exatamente nas mesmas zonas, a saber:

• Zona húmida - a pasta chega em solução aquosa, com cerca de 95% de água e de onde, após passagem por entre teias e feltros lhe é retirada a maior parte da água (cerca de 90%) e onde lhe são adicionadas aditivos químicos, tornando-a numa folha de papel com cerca de 8,6 m de largura, e de onde passa à zona seguinte;

• Zona seca – a pasta é seca através da passagem da folha de papel por entre grandes cilindros com vapor a cerca de 155ºC e 3,5 bar de pressão (por cada tonelada de pasta é consumida 1,15t de vapor);

• Pós-secaria – nesta zona, após adição de amido, a folha passa por entre duas “caixas” onde, através da queima de gás natural, lhe é dada uma última secagem, denominada Speed-Syzer” na PM1 e “Sym-Syser, na PM2”. No final das máquinas, o papel é enrolado em bobinas de 50t, aproximadamente, designadas de “Jumbos”.

2.2.12 Bobinadoras

Os jumbos são transportados, através de pontes rolantes, para bobinadoras (3), onde são desenrolados, cortados em bobinas mais pequenas e, simultaneamente, enrolados de novo.

As bobinas saídas das bobinadoras 1, 2 e 3 (1 correspondente à PM1, 2 correspondente à PM2 e 3 que corta jumbos transportados, quer da máquina 1, quer da máquina 2 e fisicamente instalada na área da PM2) têm um dos seguintes destinos: PRS1 (Process Reel Storage) – Armazém Automático da PM1 e PRS2 (Process Reel Storage) – Armazém Automático da PM2 ou armazenagem na Área de Expedição, para envio aos Clientes. As bobinas armazenadas nos PRS’s 1 e 2 têm um de dois destinos: expedição para Clientes ou corte em folhas A4 e outros formatos pedidos pelos Clientes.

2.2.13 Rebobinadoras

O papel bobinado tem também um de dois destinos: embalagem e armazenamento ou corte em bobinas mais pequenas, de acordo com encomendas de Clientes, rebobinagem e embalagem naquilo a que vulgarmente se designa de “queijos”.

Quental Martins, António 9

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

2.2.14 Transformação

Nesta área, as bobinas, de diferentes gramagens, são cortadas em folhas A4 e enresmadas ou cortadas noutros formatos, de acordo com os pedidos dos Clientes, e embaladas, para expedição.

O papel cortado e embalado é depois paletizado e acondicionado em plástico, para expedição.

2.2.15 Expedição

Da Expedição, todo o papel produzido é enviado, quer em folhas, quer em bobinas, por terra ou por mar, para todo o Mundo! Cerca de 95% do papel produzido na Soporcel destina-se a exportação.

Nota: O que foi dito na nota 2. do ponto 2.2.9, aplica-se também aqui. O edifício está sujeito às condições exteriores do tempo e o Pessoal, na sua quase totalidade, é externo.

10 Objeto de estudo

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

3 ENQUADRAMENTO LEGAL E NORMATIVO

3.1 Legislação

A Constituição da República Portuguesa de 2 de Abril de 1976, na redacção que lhe foi dada pela Lei Constitucional nº. 1/2005, de 12 de Agosto (sétima revisão constitucional), prevê, no seu Artigo 59º (Direitos dos Trabalhadores), o seguinte:

1. Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, têm direito:

a) ...

b) À organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a facultar a realização pessoal e a permitir a conciliação da actividade profissional com a vida familiar;

c) À prestação do trabalho em condições de higiene, segurança e saúde;

d) ...

e) ...

f) A assistência e justa reparação, quando vítimas de acidente de trabalho ou de doença profissional.

Não obstante o facto de a lei fundamental reconhecer aos trabalhadores um conjunto de direitos relacionados com o trabalho, em particular no que concerne às condições de higiene, segurança e saúde, a verdade é que um grande nº de empresas parece ignorar a letra da lei! Um exemplo disso, e até talvez aquele onde ainda vai sendo feita alguma coisa, tem que ver com a avaliação anual dos trabalhadores expostos a o ruído!

O Regulamento Geral de Segurança e Higiene do Trabalho nos Estabelecimentos Industriais, aprovado pela Portaria nº. 53/71, de 3 de Fevereiro e alterado pela Portaria nº. 702/80, de 22 de Setembro, prevê que:

Artigo 22º (Ventilação)

1 – Nos locais de trabalho devem manter-se boas condições de ventilação natural, recorrendo-se à artificial complementarmente quando aquela seja insuficiente ou nos casos em que as condições técnicas de laboração o determinem;

Artigo 24º (Temperatura e Humidade)

1 – As condições de temperatura e humidade dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro de limites convenientes para evitar prejuízos à saúde dos trabalhadores.

Também aqui, salvo algumas empresas, sobretudo as grandes que hoje já começam a hastear as bandeiras da Qualidade, Ambiente e Segurança (neste caso as OHSAS 18001), em nome da internacionalização dos seus produtos e de uma clara associação à imagem de marca, dão importância a questões tão delicadas quanto as atrás referidas. Acresce que, a Certificação, embora voluntária, está sujeita a Auditorias, internas e externas, e nenhum empresário gostaria de ver retirado (“cassassado”) qualquer um destes Certificados, por incumprimento dos requisitos das Normas, sob pena de poder, eventualmente, fechar portas por perda de mercado!

Por sua vez, o Código do Trabalho, aprovado pela Assembleia da República, através da Lei nº. 7/2009, de 12 de Fevereiro, prevê, no que se refere a segurança e saúde nos locais de trabalho:

Artigo 62º. (Protecção da segurança e saúde de trabalhadora)

1 — A trabalhadora grávida, puérpera ou lactante tem direito a especiais condições de segurança e saúde nos locais de trabalho, de modo a evitar a exposição a riscos para a sua segurança e saúde, ....

Quental Martins, António 11

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Artigo 127.º (Deveres do empregador)

1 — O empregador deve, nomeadamente:

(...)

g) Prevenir riscos e doenças profissionais, tendo em conta a protecção da segurança e saúde do trabalhador, devendo indemnizá-lo dos prejuízos resultantes de acidentes de trabalho;

h) Adoptar, no que se refere a segurança e saúde no trabalho, as medidas que decorram de lei ou instrumento de regulamentação colectiva de trabalho;

i) Fornecer ao trabalhador a informação e a formação adequadas à prevenção de riscos de acidente ou doença;

Artigo 128.º (Deveres do trabalhador)

1 — Sem prejuízo de outras obrigações, o trabalhador deve:

(...)

e) Cumprir as ordens e instruções do empregador respeitantes a execução ou disciplina do trabalho, bem como a segurança e saúde no trabalho, que não sejam contrárias aos seus direitos ou garantias;

j) Cumprir as prescrições sobre segurança e saúde no trabalho que decorram de lei ou instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.

Se é verdade que o Código do Trabalho define os Deveres do empregador, o qual muitas vezes não os cumpre, também não é menos verdade que trabalhadores há que, em nome da lei, são permissivos a determinadas formas de estar que em nada abonam em nome de quem, de facto, trabalha! Também, no que concerne aos deveres, a experiência demonstra que, a maioria dos acidentes de trabalho, tal como os acidentes de viação, se dá por negligência e ou atitudes/comportamentos inseguros de trabalhadores e condutores. É necessário mudar a “Cultura” para colher os frutos! Talvez as gerações vindouras encontrem outra forma de estar que leve o país a desenvolver mecanismos que lhe permitam ultrapassar aquilo que, as mais da vezes, não custa dinheiro!

Por último, uma especial referência à Lei n.º 102/2009, de 10 de Setembro, que regulamenta o regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho.

3.2 Normas

Este estudo terá por base a Norma ISO 7730 (2005) - “Moderate Thermal Environments - Determination of the PMV and PPD Indices and the Specifications of the Conditions for Thermal Comfort” - International Standard Organization, Geneve, Suisse;

Outras Normas relacionadas com o tema serão também objecto de consulta, a saber:

ISO 7726 (1998) - “Ergonomics of the thermal environment – Instruments for measuring physical quantities” - International Standard Organization, Geneve, Suisse;

O corpo normativo é, no fundo, aquele que serve de suporte às premissas que um trabalho encerra. Assim sendo, estas são as normas directamente relacionadas com o presente trabalho.

12 Enquadramento legal e normativo

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

4 CLIMA E AMBIENTE TÉRMICO

4.1 Clima regional

O clima da região é marcadamente marítimo, em que o nevoeiro assume uma frequência importante. As condições médias de dispersão atmosférica são razoáveis devido aos fortes ventos, às tempestades de sudoeste e, em termos gerais, à velocidade média dos ventos incidentes que sopram predominantemente do quadrante Norte. Podem, no entanto, ocorrer dias (10 a 15%) com dificuldade de dispersão de emissões junto ao solo. A frequência dos ventos, de muito forte intensidade, é reduzida. O Complexo Industrial dispõe de uma Estação meteorológica que mede, diariamente: a precipitação (mm); a evaporação (mm); a temperatura (min., máx. e média (ºC)); a humidade relativa (%); a pressão atmosférica (hPa); e a direcção (º) e velocidade do vento (m.s-1) (Figura 9).

Figura 10-Estação meteorológica instalada no Complexo Industrial

4.2 Conforto térmico

O ambiente térmico pode ser analisado sob os pontos de vista: do conforto térmico e do “stress” térmico. Assim, o Conforto Térmico é definido como “um estado de espírito em que o indivíduo expressa satisfação em relação ao ambiente térmico” (ASHRAE 55 – American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning e ISO 7730:2005 – International Standard Organization) e obtém-se quando se está em equilíbrio com o ambiente térmico.

Stress térmico:

O stress térmico pode ser considerado como o estado psicofisiológico a que uma pessoa está submetida, quando exposta a situações ambientais extremas de frio ou de calor. Assim, quando se analisam ambientes quentes, referimo-nos a “stress pelo calor” e quando se analisam ambientes frios, referimo-nos a “stress pelo frio”.

Mecanismos de transferência de calor:

Os mecanismos de transferência de calor considerados são os seguintes:

Condução: É a transferência de calor através da matéria, de partícula a partícula; corresponde à transferência e distribuição de energia térmica de átomo para átomo, no interior de uma substância.

Quental Martins, António 13

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Radiação: É a transferência de calor baseada no transporte de energia através da propagação de ondas electromagnéticas. Exemplo: Radiação solar.

Convecção: É a transferência de calor baseada no movimento da matéria; faz-se através de escoamentos induzidos no interior de líquidos, gases ou leitos fluidizados.

Figura 11 – Troca de calor entre o corpo e o ambiente

4.3 Fatores Térmicos

Fatores Ambientais

Os fatores ambientais com influência direta sobre o indivíduo são:

• a temperatura do ar

• a velocidade do ar;

• a humidade relativa;

• a temperatura radiante

Fatores Pessoais

Os fatores pessoais com influência direta sobre o indivíduo são:

• Metabolismo (nível metabólico);

• Vestuário (isolamento).

Temperatura do ar:

A temperatura do ar (ºC) é a temperatura do fluido que circula em torno do indivíduo e que determina o fluxo de calor entre este e o ar (Hollmuller, 2003);

Velocidade do ar:

A velocidade do ar (m.s-1) corresponde ao movimento do ar relativamente a um objeto; varia no tempo e no espaço. O impacto da velocidade do ar é importante porque o seu efeito está associado, quer à temperatura (convecção), quer à humidade do ar (evaporação) - (Hollmuller, 2003).

14 Clima e ambiente térmico

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

Humidade do ar:

As equações de balanço energético são deduzidas com base na pressão parcial do vapor de água no ar. Definido o estado higroscópico do ar em termos da temperatura seca, T em ºC, e a humidade relativa, HR entre 0 e 1, é calculada a pressão parcial do vapor de água, Pvap, em Pa.

Temperatura média radiante:

Corresponde à temperatura média das superfícies opacas visíveis que participam no balanço radioactivo com a superfície exterior do vestuário. Este termo é particularmente difícil de definir com exactidão, quer pela dificuldade em avaliar correctamente os factores de forma, quer pela influência da componente reflectiva.

4.4 Súmula Bibliográfica

Uma das primeiras, senão mesmo a primeira, abordagem ao Ambiente Térmico, terá sido feita por Aristóteles (384-322 AC), ao referir-se a quatro elementos (Terra, Fogo, Ar e Água) e a quatro qualidades (quente, frio, seco e húmido). Nos Séc. XVI/XVII, Santorius (1561-1636), através da física aplicada, deu os primeiros passos no sentido de medir a temperatura do corpo humano. Em 1700, o Médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714), que ficou conhecido como o "pai" da Medicina Ocupacional, publicou o livro De Morbis Artificum Diatriba (as doenças dos trabalhadores), onde estuda cerca de 50 profissões e as relaciona com doenças profissionais. Já nessa altura chamava a atenção para posturas incorretas e movimentos repetitivos. Segundo ele: “a pos ura dos trabalhadores em cer os ofícios e os movimentos feitos podem causar lesões ou deformidades”. É também dele esta referência: “Semi-nus até em pleno inverno, ao fabricarem vasos de vidro, os operários permanecem junto aos fumegan es fornos; forçoso é que se prejudique a acuidade da visão ao dirigi-la constan emente para as chamas ou para o vidro em fusão. Os olhos supor am o primeiro ímpeto incandescen e, mas logo depois choram o seu infortúnio, ficam lacrimejantes, debilita-se a sua natural constituição que é aquosa, consumida e esgotada pelo excessivo calor”.

t t

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t t

Vários foram os estudos feitos sobre ambiente térmico em geral, e, em particular, sobre conforto térmico. Chrenko (1974), citado por Ken Parsons (2003), refere que, em 1835, Michael Faraday chamou a atenção para o facto de a temperatura do ar, só por si, não determinar condições de conforto de uma casa; outros investigadores, também citados por Ken Parsons (2003), tais como: Leslie (1804), Heberden (1826) e Aitken, desenvolveram uma série de instrumentos para medir, não só a temperatura, mas também outros parâmetros, como a velocidade do ar, já com a firme convicção de que era a combinação de vários parâmetros ambientais que afectava o conforto térmico, que não só a temperatura. Em 1957, Yaglou e Minard (Lopes, 2007) introduziram o WBGT (Wet Bulb Globe Temperature – índice de temperatura húmida e de globo). Contudo, a figura incontornável e a que deixou a sua marca indelével foi, sem dúvida, o Professor Povl Ole Fanger, ao publicar, em 1970, um livro intitulado: “Thermal Comfort – Analysis and Applications in Environmental Engineering”, que, aliás, foi a sua Tese de Doutoramento, e cujos métodos e princípios para avaliação e análise dos ambientes térmicos é hoje, não só usado em todo o mundo, como também serviu de base à elaboração da Norma ISO 7730, a última de 2005.

Hoje, um dos Organismos mais importantes no estudo e elaboração de normas para construção de equipamentos de aquecimento, refrigeração e ar condicionado e as suas aplicações em edifícios, autêntica “Bíblia” para Arquitectos e Engenheiros, é a American Society of Heating, Refrigerating and Air-conditioning Engineers (ASHRAE). São exemplo disso: “Investigation of thermal comfort at high humidities – Building Science” ou “Thermal Environment Conditions for Human Occupancy (Standard 55-1981). Estudos como os de Heschong, Lisa– Thermal delight in Architecture (1979), Hoppe, Peter – Different aspects of assessing indoor and outdoor thermal comfort (2002) ou Hollmuller, Pierre et all – Habitat, confort et energie, Mai 2003, são comuns na construção de edifícios, cujo debate nos últimos 20 anos está centrado no conceito de edifícios “inteligentes” ou edifícios “saudáveis.” De acordo com Paul Ehrlicha, da Building Intelligence Group (August 2005), é

Quental Martins, António 15

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

esta a definição de edifício inteligente: “Use of technology and process to create a building that is safer and more productive for its occupants and more operationally efficient for i s owners”. t

Para além dos estudos sobre o ambiente térmico propriamente dito, começaram a surgir outros relacionados com o vestuário de trabalho, como é o caso de: Li, F. And Y. Li – Effect of clothing material on thermal responses of the human body. Modelling and simulation in materials science and engineering.”(2005). Partindo da ideia de que o conforto térmico tem influência sobre a produtividade, diversos Autores focalizaram a sua atenção nesta temática, como, por exemplo: Valvoda, Frank, R. – Environmental effects on journeymen productivity (1974); Meese, G. B. et al – Effect of moderate thermal stress on the potential work performance of factory workers (1980); Niemela et al. – The effect of air temperature on labour productivity in call centers – a case study (2002); Mohamed, Sherif/Srinavin, Korb – Forecasting labour productivity changes in construction using the PMV Index (2004); Ibidem – Thermal environment and construction workers productivity: some evidence from Thailand; Bates, Gp. – Minimising the effects of environment on health and productivity (2005); Lang, Susan S. – Warm offices linked to higher productivity (2005); Seppanen, Olli – Indoor climate and productivity (2005); Tord Kjellstrom et al. Workplace heat stress, health and productivity – an increasing challenge for low and middle–income countries during climate change (2009). Mais recentemente a abordagem gira à volta da aclimatação/adaptação humana aos ambientes térmicos, conforme estudos levados a cabo por: Belding, HS/Hatch, TF. – Relation of skin temperature to acclimatization to heat (1963); Humphreys, M. A. And Nicol, J. F. - Understanding the adaptative approach to thermal comfort (1998); Morgan, C.M., de Dear, R. J. and Brager, G.S. – Climate, clothing and adaptation in the built environment (2002); Wenger, C. Bruce, MD – Human adaptation to hot environments (2002); W. Bedsworth, Louise and Hanak, Ellen – Adaptation to climate change (2010), entre outros.

Finalmente, no presente trabalho é utilizada uma aplicação em Excel, com base na Norma ISO 7730:2005, desenvolvida por Gameiro (2006) e uma outra aplicação, também em Excel, baseada na mesma Norma, desenvolvida para este trabalho e que permite obter a evolução dos parâmetros ao longo do tempo.

16 Clima e ambiente térmico

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

5 OBJECTIVOS E METODOLOGIA

5.1 Objetivos da Dissertação

O presente trabalho tem por objectivo global:

• Propor medidas correctivas de forma a garantir que, em cada lugar e a cada momento, os trabalhadores da Fábrica de Papel da Soporcel, sita no Complexo Industrial da Figueira da Foz desempenhem as suas funções em ambiente de conforto térmico, tão neutro quanto possível.

Os objectivos específicos são os seguintes:

• Identificar os pontos críticos em termos de conforto térmico;

• Avaliar os níveis de conforto existentes em cada um dos pontos identificados;

• Analisar o Conforto Térmico na Indústria do Papel, em particular na Fábrica de Papel sobre a qual incide este estudo.

5.2 Metodologia Global de Desenvolvimento

A avaliação das condições térmicas teve por base a norma ISO 7730:2005(E) “Ergonomics of the thermal environment – Analytical determination and interpretation of thermal comfort using calculation of the PMV and PPD indices and local thermal comfort criteria”. Assim, estabeleceu-se, como metodologia:

1. Recolha de dados, através dos meios analíticos descritos no ponto seguinte, em locais chave das instalações industriais;

2. Tratamento dos dados recolhidos através de modelos informáticos;

3. Análise e interpretação dos dados recolhidos;

4. Proposta de soluções para o fardamento dos trabalhadores.

Quental Martins, António 17

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

6 MATERIAIS E MÉTODOS

6.1 Meios utilizados na recolha de dados

A recolha de dados foi efectuada com um equipamento que compreende uma unidade de base para medições ambientais da marca LSI - modelo BABUC A – BSA10 (Figura 10) com porta série RS 232, com 11 canais e memória para 20.000 registos, com as seguintes sondas:

• Sonda de globo preto opaco, modelo BST 131;

• Sonda de fio quente para medição da velocidade do ar, modelo BSV 101;

• Sonda de temperatura ambiente, modelo BST 101;

• Sonda de temperatura húmida natural, modelo BSU 121.

Será utilizado, na aquisição e tratamento de dados, o programa INFOGAP Vers. 2.20 Cod. MW 6501 da LSI, de acordo com as normas internacionais ISO.

Figura 12-Equipamento utilizado na recolha de dados

– BABUC A – BSA 10, em serviço

6.2 Recolha e apresentação dos dados

Os dados foram recolhidos em 30 locais estrategicamente definidos, identificados na tabela 2. Os critérios que presidiram à escolha dos locais foram, numa primeira fase, a informação anual dada pelos Responsáveis das diferentes áreas fabris, sobre os tempos de permanência de cada Trabalhador para “avaliação da exposição anual ao ruído”; depois, numa segunda fase, ouvidos os Trabalhadores dos locais onde se iria desenvolver o estudo, sobre os tempos de permanência nos diferentes postos de trabalho e, por fim, uma observação direta veio permitir, não só confirmar aqueles tempos, como também definir a altura a que os meios de recolha de dados deveriam ser colocados, face à posição dos trabalhadores (predominantemente sentado/predominantemente em pé). Todos os dados foram transferidos para folhas Excel, a partir das quais se construíram gráficos que permitiram uma leitura mais cuidada da evolução dos valores de PMV e de PPD. Em todos os locais foram recolhidos dados com intervalos de 100 segundos, durante oito horas.

Os dados foram obtidos entre Agosto e Dezembro de 2008, com particular incidência em Agosto, Novembro e Dezembro.

Quental Martins, António 19

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Tabela 2 – Localização das medições

MEDIÇÃO LOCAL 1 PM1 – Sala de Controlo da Zona Húmida 2 PM1 – Sala de Controlo da Zona Seca 3 PM1 – Sala de Controlo da Bobinadora 1 4 PM1 – Sala de Controlo da Bobinadora 1 (lado exterior) 5 PM1 – Gabinete Chefes de Turno 6 PM1 – Sala de Controlo dos Aditivos Químicos 7 PM1 – Zona Húmida – Piso da Máquina (junto ao Pilar K9) 8 PM2 – Gabinete Chefes de Turno 9 PM2 – Sala de Controlo da Zona Húmida 10 PM2 – Sala de Controlo da Zona Seca 11 PM2 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 (lado da Bobinadora 2) 12 PM2 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 (lado da Bobinadora 3) 13 PM2 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 (lado da Bobinadora 2) 14 PM2 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 (lado da Bobinadora 3) 15 SHOWROOM – Laboratório Local – junto à Secretária dos Analistas 16 SHOWROOM – Laboratório Local 17 Gabinete Coordenadores da Área de Bobinas 18 RE’s 3 e 4 – Local de Trabalho dos Operadores 19 RE’s 1 e 2 – Local de Trabalho dos Operadores 20 PM1 – Embaladora 1 - Local de Trabalho dos Operadores 21 PM2 – Embaladora 2 - Local de Trabalho dos Operadores 22 PRS2 – R/C – Posto de Trabalho, entre o computador local e o armário 97CP76008 23 Saída de Bobinas do PRS2, junto ao computador, na nave da PM2 24 Posto de Trabalho junto ao descascador de mandris da PM2 25 TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da RW2 26 TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da Cintadora PW4 27 TRANSFORMAÇÃO – Junto à plataforma metálica existente na PW4 28 TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da CL4 29 TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da CL1 30 TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da CL5

6.3 Método de Cálculo

Com o objectivo de avaliar o conforto térmico nos diferentes locais, foram utilizados os índices de conforto térmico PMV e PPD. O PMV é uma estimativa da votação média previsível de um painel de avaliadores relativamente a um dado ambiente térmico. Este índice foi desenvolvido por Fanger e apresentado em 1972. Este autor estabeleceu um modelo de correlação entre a percepção subjetiva humana, expressa através da votação numa escala de conforto que vai de -3 (muito frio) a +3 (muito quente) e a diferença entre o calor gerado e o calor libertado pelo corpo humano,.

Os cálculos foram realizados seguindo dois caminhos: um, utilizando uma ferramenta informática desenvolvida por Carlos Gameiro (2006); outro, recorrendo a um programa desenvolvido para o efeito, a partir do Método desenvolvido por Fanger (1972), em que o cálculo das funções PMV (voto médio previsível) e PPD (percentagem prevista de insatisfeitos) foi feito, igualmente, a partir da Norma ISO 7730:2005, mas em que é possível observar a evolução dos resultados ao longo do tempo.

A determinação do índice PMV é efectuada a partir de uma equação de balanço térmico (figura 12) para o corpo humano, em que intervêm os termos de geração interna e de troca de calor com o ambiente circundante (Carlos Gameiro, 2006).

Os cálculos foram realizados a partir das equações (1) a (9).

20 Materiais e métodos

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

( )

( ) ( )[ ] ( )[ ]( ) ( )

( ) ( ) ( )

−⋅⋅−

+−+⋅⋅⋅−

−−⋅⋅−⋅⋅⋅−

−−−⋅−−⋅−⋅⋅−−

⋅+

+⋅=

aclcclrclcl

a

a

tthfttf

tMM

WMpWM

ePMV

443-

a5

3

M*603,0

2732731069,3

340014,0p-6758107,1

15,5842,0W-M6,9957331005,3

028,0

303,0

(1)

( ) ( ) ( ) (

−⋅⋅+

+−+⋅⋅⋅⋅−−⋅−= aclcclrclclclcl tthfttfIWMt

44-8 2732731069,3028,07,35 ) (2)

<−⋅⋅

⋅>−⋅−⋅=

araclar

araclacl

c

vttparav

vttparatth

1,1238,21,12

1,1238,238,2

25,0

25,025,0

(3)

⋅≤⋅+ WKmlparal /078,0290,100,1 2

⋅>⋅+=

WKmLparalf

clcl

clcl

cl

/078,0456,005,1 2

(4)

( )24 2179,003353,095100 PMVPMVePPD ⋅−⋅−⋅−= (5)

Em que:

M é a taxa metabólica (W.m-2); W é o trabalho mecânico efetivo (W.m-2); pa é a pressão de vapor de água (Pa); ta é a temperatura do ar seco (°C); tcl é a temperatura à superfície do vestuário (°C). tr é a temperatura radiante média (°C); fcl é o factor de superfície de vestuário; Icl é o factor de isolamento térmico do vestuário (m2 K.W-1); var é a velocidade do ar (m.s-1); hc é o coeficiente convectivo de transferência de calor (W.m-2.K-1);

O cálculo da temperatura média radiante é efetuado a partir da temperatura de globo (tg) e da temperatura ambiente (ta). Na presença de convecção natural o cálculo faz-se a partir da expressão

( ) ( ) 273104,02734 484 −−⋅−⋅++= agaggr tttttt (6)

Para a convecção forçada é utilizada a expressão

( ) ( ) 273105,22734 6,084 −−⋅⋅++= agagr ttvtt (7)

A opção entre as duas expressões anteriores exige o cálculo de

41 25,0 agcg tth −⋅=

(8)

e de

Quental Martins, António 21

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0,6a2 v64,3 ⋅=cgh (9)

Se hcg1>hcg2, então aplica-se a expressão de convecção natural, caso contrário a de convecção forçada.

O cálculo do vestuário, em clo, foi efectuado de modo a que o valor médio do PMV ao longo das 8 horas do turno fosse zero, considerando um valor do metabolismo (M) de 1,2met.

Produção de calormetabólico (M)

Condução de ou parao vestuário (K)

Trocas convectivascom as camadas de ar circundantes (C)

Trocas de calor sensívele latente na respiração (Res)

oo oo

Trocas por radiaçãocom as superfícies envolventes (R)

Trabalho mecânico exterior (W)

Perdas por evaporaçãodevido à transpiração (E)

S = M + W + R + C + K - E + Res

Figura 13 - Balanço Térmico do Corpo Humano (in Silva, M. C. Gameiro da, 2006).

Na tabela 3 encontram-se os valores referentes ao Índice PMV (Predicted Mean Vote).

Tabela 3 – Escala/Sensação térmica

Escala Sensação térmica +3 Quente +2 Tépido +1 Ligeiramente tépido 0 neutro -1 Ligeiramente fresco -2 Fresco -3 Frio

Fonte: MIGUEL, Alberto Sérgio, 2002

O Índice PMV – PPD recomendado pela norma ISO 7730 (2005) para caracterização de ambientes confortáveis deve situar-se nos seguintes limites:

• -0,5<PMV<0,5

• PPD<10%

22 Materiais e métodos

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7 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Para o cálculo dos Índices de PMV e PPD para cada um dos 30 locais de trabalho selecionados, o procedimento foi o seguinte:

Com base nos parâmetros medidos, através do equipamento BABUC-A ao longo de um turno completo:

• TeGLOBETH.nv (ºC);

• Temperatura (ºC);

• TeWETBULB.nv (ºC);

• WBGTExt (ºC);

• WBGTInt (ºC);

• Velocidade do ar (m.s-1),

Procedeu-se ao cálculo da pressão parcial de vapor de água (Pa, em Pascal), da Temperatura média radiante (Tmr, em ºC) e da Humidade relativa (Hr, em %);

(Nota: Ver CD anexo).

Atendendo a que o equipamento de avaliação dos dados media todos os parâmetros a intervalos de 100s e a velocidade do ar a intervalos de 20s, foi efectuada a respectiva correcção utilizando a média de cada conjunto dos 5 valores anteriores;

Foi tomado como referência do isolamento para o vestuário (Icl) o valor atualmente em uso na Empresa (1 Clo);

Em poder dos dados referidos em a) e b), foram calculadas as médias de cada um dos parâmetros ao longo do turno e introduzidas na aplicação informática desenvolvida por Carlos Gameiro (2006), de acordo com o exemplo da tabela 4.

Tabela 4- Valores de PMV e PPD para 1 Clo

Ta (ºC) Tmr(ºC) Hr(%) Va (m/s) Icl(clog) M (met) W (met) PMV PPD (%)

23,8 23,6 98,44 0,08 1 1,2 0 0,83 19,6

De seguida foi ajustado o valor do isolamento térmico básico (Icl), de forma a obter um Índice de PMV=0 e, consequentemente, um Índice de PPD=5%. No exemplo apresentado na tabela 5 (zona húmida da PM1), o valor obtido para Icl foi de 0,48 Clo.

Tabela 5- Valor de Isolamento do Vestuário ajustado (0,48 Clo) para PMV=0 e PPD=5%

Ta (ºC) Tmr(ºC) Hr(%) Va (m/s) Icl(clog) M (met) W (met) PMV PPD (%)

23,8 23,6 98,44 0,08 0,48 1,2 0 0,00 5,0

Com o valor para o isolamento térmico básico (Icl), procedeu-se ao cálculo dos valores instantâneos do PMV e do PPD para um período de 8 horas, correspondente a um turno de trabalho (Figura 13).

Quental Martins, António 23

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Sala de Controlo da Zona Húmida da PM118/08/2008

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

19:0

1:40

20:0

1:40

21:0

1:40

22:0

1:40

Horas

PM

V

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 14 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Húmida da PM1

Local 1 - Sala de Controlo da Zona Húmida da PM1 (Figura 13): PMV: valores entre –0,23 e 0,32; PPD: valores entre 5% e 7,18%; Valor usado para o vestuário: 0,48 clo.

Da análise dos registos do PMV e do PPD da Figura 13, correspondentes à zona húmida PM1, verifica-se que, para um isolamento térmico básico de 0,48, os operadores se encontram dentro da zona de conforto durante todo o turno. No entanto, numa observação mais fina do gráfico do PMV, verifica-se a existência de uma forte variação das condições de conforto ao longo do tempo, com um arrefecimento ao longo do dia, com particular incidência a partir das 20h00.

Este procedimento foi repetido para cada um dos 30 locais de medição assinalados. Na tabela 6 encontram-se os valores dos parâmetros PMV e PPD para os 30 locais considerando o valor de protecção do vestuário em vigor na empresa. Da sua análise verifica-se que, nestas condições, apenas 7 dos locais (23%) apresentam condições de conforto térmico; dos outros, 15 (50%) apresentam valores de PMV entre 0,5 e 1;os restantes 8 (27%), os valores do PMV ultrapassam a unidade.

Quando se faz a adequação do vestuário às condições do local de trabalho o panorama muda substancialmente. Observando os valores da tabela 7, verifica-se que, em apenas um local, a zona húmida no piso da máquina PM1, junto ao pilar K9, não são verificadas as condições de conforto para um valor de Icl de 0,1 clo. Nos restantes locais fazendo variar Icl até um máximo de 0,85 é possível alcançar as necessárias condições de conforto.

24 Tratamento e análise de dados

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Tabela 6 - PMV e PPD para valores médios e 1 clo

Cálculos de PMV e PPD, com Valores Médios e 1 Clo

LOCAL Ta (ºC)

Tmr (ºC)

Hr (%)

Va (m/s)

Icl (clo)

M (met)

W (met) PMV PPD

(%) 1 23,8 23,6 98,44 0,08 1 1,2 0 0,83 19,6

2 21,9 22,4 96,25 0,08 1 1,2 0 0,43 8,8

3 22,3 21,6 90,6 0,1 1 1,2 0 0,34 7,4

4 24,9 25,9 76,4 0,3 1 1,2 0 0,8 18,5

5 26,4 26,8 93,6 0 1 1,2 0 1,5 50,9

6 24,4 24,3 97,3 0 1 1,2 0 0,98 25,4

7 30,3 32,1 88,6 0 1 1,2 0 2,59 95,1

8 25 24,5 91,7 0 1 1,2 0 1,04 27,9

9 23,2 22,5 100 0,1 1 1,2 0 0,66 14,2

10 23,2 23,5 100 0 1 1,2 0 0,76 17,2

11 23,3 23,8 100 0 1 1,2 0 0,81 18,9

12 23,1 23,4 100 0,1 1 1,2 0 0,74 16,5

13 26,3 27,5 100 0,1 1 1,2 0 1,64 58,4

14 26,7 29,3 100 0,5 1 1,2 0 1,54 52,9

15 23,3 23,5 100 0 1 1,2 0 0,76 17,2

16 24,8 25,6 100 0 1 1,2 0 1,2 35,1

17 19,6 19,8 100 0 1 1,2 0 -0,12 5,3

18 26,5 28,3 100 0,2 1 1,2 0 1,56 54

19 23,1 24,1 100 0,2 1 1,2 0 0,58 11,9

20 23,2 24,1 100 0,2 1 1,2 0 0,59 12,3

21 26,5 26,9 100 0 1 1,2 0 1,6 56,4

22 21,9 21,9 100 0 1 1,2 0 0,4 8,4

23 23,2 24,5 100 0,2 1 1,2 0 0,63 13,4

24 24,5 25,6 100 0,2 1 1,2 0 1,02 26,8

25 21,3 21,8 100 0,1 1 1,2 0 0,24 6,2

26 23 23,7 100 0,2 1 1,2 0 0,6 12,6

27 23,2 24,3 100 0,1 1 1,2 0 0,76 17,3

28 23,1 24,2 100 0,2 1 1,2 0 0,61 12,7

29 22,3 23,4 100 0,2 1 1,2 0 0,38 8

30 22,9 24,2 100 0,2 1 1,2 0 0,61 12,9

MÁXIMO 30,3 32,1 100 0,5

MÍNIMO 19,6 19,8 76,4 0

MÉDIA 23,9 24,6 97,8 0,1

MODA 24,9 24,3 100 0 DESV. PADR. 2,1 2,5 5,1 0,1

Local 7 - Valor máximo PMV e PPD.

Quental Martins, António 25

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Tabela 7 – Cálculos de Icl para PMV=0 e PPD= 5%, para valores médios

Cálculos de Icl para PMV=0 e PPD=5%, com Valores Médios

LOCAL Ta (ºC) Tmr(ºC) Hr(%) Va (m/s) Icl(clog) M (met) W (met) PMV PPD (%)

1 23,8 23,6 98,44 0,08 0,48 1,2 0 0 5

2 21,9 22,4 96,25 0,08 0,725 1,2 0 0 5

3 22,3 21,6 90,63 0,1 0,776 1,2 0 0 5

4 24,9 25,9 76,4 0,3 0,53 1,2 0 0 5

5 26,4 26,8 93,6 0 0,069 1,2 0 0 5

6 24,4 24,3 97,3 0 0,388 1,2 0 0 5

7 30,3 32,1 88,6 0 0,1 1,2 0 2,16 83,4

8 25 24,5 91,7 0 0,344 1,2 0 0 5

9 23,2 22,5 100 0,1 0,599 1,2 0 0 5

10 23,2 23,5 100 0 0,53 1,2 0 0 5

11 23,3 23,8 100 0 0,5 1,2 0 0 5

12 23,1 23,4 100 0,1 0,54 1,2 0 0 5

13 26,3 27,5 100 0,1 0,008 1,2 0 0 5

14 26,7 29,3 100 0,5 0,209 1,2 0 0 5

15 23,3 23,5 100 0 0,53 1,2 0 0 5

16 24,8 25,6 100 0 0,26 1,2 0 0 5

17 19,6 19,8 100 0 1,08 1,2 0 0 5

18 26,5 28,3 100 0,2 0,135 1,2 0 0 5

19 23,1 24,1 100 0,2 0,67 1,2 0 0 5

20 23,2 24,1 100 0,2 0,655 1,2 0 0 5

21 26,5 26,9 100 0 0,031 1,2 0 0 5

22 21,9 21,9 100 0 0,746 1,2 0 0 5

23 23,2 24,5 100 0,2 0,63 1,2 0 0 5

24 24,5 25,6 100 0,2 0,399 1,2 0 0 5

25 21,3 21,8 100 0,1 0,85 1,2 0 0 5

26 23 23,7 100 0,2 0,63 1,2 0 0 5

27 23,2 24,3 100 0,1 0,525 1,2 0 0 5

28 23,1 24,2 100 0,2 0,644 1,2 0 0 5

29 22,3 23,4 100 0,2 0,776 1,2 0 0 5

30 22,9 24,2 100 0,2 0,63 1,2 0 0 5

MÁXIMO 30,3 32,1 100 0,5 1,1

MÍNIMO 19,6 19,8 76,4 0 0,008

MÉDIA 23,9 24,6 97,764 0,1 0,5

MODA 24,9 24,3 100 0 0,5

DESV. PADR. 2,1 2,5 5,1 0,1 0,3 Local 7 - Valor máximo PMV e PPD.

26 Tratamento e análise de dados

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8 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

8.1 Análise global

Em termos globais, analisando os dados e gráficos gerados nas diferentes folhas de cálculo que serviram de tratamento dos elementos recolhidos no terreno, e que fazem parte integrante deste estudo (alguns dos quais aqui publicados), pode-se afirmar que:

a) a pressão de vapor de água é extremamente elevada em todos os locais estudados e vai diminuindo, gradualmente, à medida que se caminha, em ambas as máquinas de papel (PM1 e PM2), da Zona Húmida para a Zona Seca;

b) a humidade relativa (Hr) acompanha esta tendência, o que é natural;

c) a maioria dos locais de trabalho apresenta valores de PMV e PPD próximos do valor de referência para estes dois índices, em termos de conforto (uma grande parte neutra e outros ligeiramente tépidos); as excepções são:

Local 7 – tépido a quente; Local 14 – ligeiramente tépido; Local 18 – ligeiramente tépido; Local 20 – ligeiramente tépido; Local 25 – ligeiramente fresco.

Os locais 25, 28 e 29, apresentam algumas perturbações pontuais, atribuíveis à abertura de grandes portões automáticos, à passagem de empilhadores, cuja solução proposta passará por instalação de cortinas de ar durante o curto espaço de tempo em que os portões se encontram abertos.

d) exceptuando o local 7, onde a temperatura do ar e a temperatura média radiante igualam e ultrapassam os 30 ºC, todos os outros períodos em que decorreu o estudo, quer de Verão, quer de Outono/Inverno, apresentam valores situados entre um mínimo de 19,6 e um máximo de 26,7 para a temperatura do ar (Ta ºC) e uma média de 23,6, com uma Moda de 24,9ºC; a temperatura média radiante varia entre 19,8 e 29,3ºC, com uma média de 24,3ºC; a velocidade do ar com valores muitíssimo baixos, entre 0 e 0,5m.s-1, com média e moda de 0,1m.s-1.

e) a visualização dos gráficos permite uma percepção mais alargada do que seria se fossem tomados apenas valores médios; não seria, por exemplo, possível detectar a abertura pontual de portões que, de Verão produzem correntes de ar quente e, de Inverno, correntes de ar frio.

f) para um nível de isolamento do vestuário de 1 clo, o PMV varia entre –0,12 e 1,64, com uma média de 0,80 e o PPD entre 5,32% e 58,43% (exceptuando o Local 7), com uma média de 21,91% (ver Tabela 6). Calculados que foram os valores médios e aplicados aos valores dos parâmetros calculados de 1min.40s em 1min.40s, obtiveram-se os seguintes resultados para o Isolamento do vestuário, correspondente a PMV=0 e PPD=5%: mínimo de 0,008 clo; máximo de 1,1 clo, e média e moda iguais a 0,5clo (ver Tabela 7).

g) O valor mais estável, em todo o período da medição, foi registado na Sala de Controlo dos Aditivos Químicos (Figura 36), com um PMV muito próximo de zero e consequentemente um PPD de 5%, praticamente “linear”.

Quental Martins, António 27

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8.2 Análise Individual dos Registos

Uma vez calculado o isolamento térmico básico e feito o cálculo das variações das condições de conforto ao longo do turno para cada um dos locais de trabalho, passa a ser possível fazer, para cada um deles uma análise de sensibilidade da variação da sensação de conforto térmico. Passa também a ser possível dimensionar o tipo de vestuário que deve ser utilizado e verificar a sua eficácia. Nos gráficos das figuras 13 a 43 são apresentados os resultados obtidos.

Convém, no entanto, lembrar que, em termos de conforto térmico, por vezes, sem grandes custos, tal como diz a Norma ISO 7730:2005(E), basta abrir ou fechar janelas! Efeito idêntico se obtém ao vestir ou despir alguém! Situações haverá em que, a conjugação dos dois factores levará a excelentes resultados, praticamente a custo 0 (zero)!

Na análise que se faz de seguida, nas caixas, estão apresentados os elementos utilizados e nos gráficos das figuras pode ser observada a evolução do valor dos parâmetros indicadores do conforto térmico (PMV e PPD) ao longo do tempo. Numa primeira observação é possível, de imediato, verificar que é viável encontrar, com alguma facilidade e dentro de limites aceitáveis, valores para o nível de proteção do vestuário a ser utilizado como fardamento de trabalho, para a generalidade dos locais.

Local 1 - Sala de Controlo da Zona Húmida da PM1 (Figura 13): ver ponto 7.

Sala de Controlo da Zona Seca da PM119/08/2008

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

19:0

1:40

20:0

1:40

21:0

1:40

22:0

1:40

Horas

PMV

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 15 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Seca da PM1.

Local 2 – Sala de Controlo da Zona Seca da PM1 (Figura 14): PMV: valores entre –0,27 e 0,21 PPD: valores entre 5% e 6,54%; Valor usado para o vestuário: 0,725 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

28 Análise e discussão dos resultados

Page 45: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Conforto Térmico na Indústria do Papel

Sala de Controlo da Bobinadora 119/08/2008

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

09:3

1:40

10:3

1:40

11:3

1:40

12:3

1:40

13:3

1:40

14:3

1:40

15:3

1:40

16:3

1:40

Horas

PMV

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

PPD

(%)

PMV

PPD (%)

Figura 16 - Valores do PMV e PPD no interior da Sala de Controlo da Bobinadora 1.

Local 3 – Sala de Controlo da Bobinadora 1(Figura 15): PMV: valores entre –0,44 e 0,15; PPD: valores entre 5% e 9,11%; Valor usado para o vestuário: 0,776 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Sala de Controlo da Bobinadora 1 (lado exterior)19/08/2008

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

18:4

6:40

19:4

6:40

20:4

6:40

21:4

6:40

22:4

6:40

23:4

6:40

00:4

6:40

01:4

6:40

Horas

PMV

0,0

2,5

5,0

7,5

10,0

12,5

15,0

17,5

20,0

22,5

PPD

(%) PMV

PPD (%)

Figura 17- Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Bobinadora 1 (lado exterior)

Local 4 – Sala de Controlo da Bobinadora 1 (lado exterior) (Figura 16): PMV: valores entre –0,64 e 0,85; PPD: valores entre 5% e 20,2%; Valor usado para o vestuário: 0,53 clo; Caracterização do ambiente: confortável.

Quental Martins, António 29

Page 46: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Gabinete dos Chefes de Turno da PM1 20/08/2008

-0,25

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

12:1

6:40

13:1

6:40

14:1

6:40

15:1

6:40

16:1

6:40

17:1

6:40

18:1

6:40

19:1

6:40

Horas

PMV

4,6

4,8

5,0

5,2

5,4

5,6

5,8

6,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 18 - Valores do PMV e PPD no Gabinete dos Chefes de Turno da PM1

Local 5 – Gabinete dos Chefes de Turno da PM1 (Figura 17): PMV: valores entre –0,19 e 0,19; PPD: valores entre 5% e 5,8%; Valor usado para o vestuário: 0,069 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Sala de Controlo dos Aditivos Químicos (PM1)20/08/2008 a 21/089/2008

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

20:3

1:40

21:3

1:40

22:3

1:40

23:3

1:40

00:3

1:40

01:3

1:40

02:3

1:40

03:3

1:40

Horas

PM

V

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

PP

D (%

)

PMVPPD (%)

Figura 19 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo dos Aditivos Químicos (PM1)

Local 6 – Sala de Controlo dos Aditivos Químicos (Figura 18): PMV: valores entre –0,04 e 0,31; PPD: valores entre 5% e 7%; Valor usado para o vestuário: 0,388 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

30 Análise e discussão dos resultados

Page 47: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Conforto Térmico na Indústria do Papel

PM1 - Zona Húmida - Piso da Máquina (junto ao Pilar K9)21/08/2008 a 22/08/2008

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

16:1

6:40

17:1

6:40

18:1

6:40

19:1

6:40

20:1

6:40

21:1

6:40

22:1

6:40

23:1

6:40

Horas

PMV

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

PPD

(%)

PMV

PPD (%)

Figura 20 - Valores do PMV e PPD na PM1 – Zona Húmida – Piso da Máquina (junto ao Pilar K9)

Local 7 – PM1 – Zona Húmida Piso da Máquina (junto pilar K9) (Figura 19): PMV: valores entre 1,81 e 2,52; PPD: valores entre 67,8% e 93,9%; Valor usado para o vestuário: 0,1 clo; Caracterização do ambiente: tépido a quente.

PM2 - Gabinete dos Chefes de Turno 14/11/2008

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

19:0

1:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0PP

D(%

) PMV

PPD (%)

Figura 21 - Valores do PMV e PPD na PM2 – Gabinete dos Chefes de Turno

Local 8 – PM2 – Gabinete dos Chefes de Turno (Figura 20): PMV: valores entre –0,22 e 0,30; PPD: valores entre 5% e 6,9%; Valor usado para o vestuário: 0,344 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Quental Martins, António 31

Page 48: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Sala de Controlo da Zona Húmida da PM215/11/2008

-0,35-0,30

-0,25-0,20

-0,15-0,10-0,050,00

0,050,10

0,150,20

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 22 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Húmida da PM2

Local 9 – Sala de Controlo da Zona Húmida da PM2 (Figura 21): PMV: valores entre –0,29 e 0,16; PPD: valores entre 5% e 6,7%; Valor usado para o vestuário: 0,599 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Sala de Controlo da Zona Seca da PM215/11/2008

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

12:1

6:40

13:1

6:40

14:1

6:40

15:1

6:40

16:1

6:40

17:1

6:40

18:1

6:40

19:1

6:40

Horas

PMV

4,7

4,8

4,9

5,0

5,1

5,2

5,3

5,4

5,5

5,6

PMVPPD (%)

Figura 23 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo da Zona Seca da PM2

Local 10 – Sala de Controlo da Zona Seca da PM2 (Figura 22): PMV: valores entre –0,15 e 0,13; PPD: valores entre 5% e 5,5%; Valor usado para o vestuário: 0,53 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

32 Análise e discussão dos resultados

Page 49: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Conforto Térmico na Indústria do Papel

Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 - Lado da Bobinadora 216/11/2008

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

4,8

4,9

5,0

5,1

5,2

5,3

5,4

5,5

PPD

(%)

PMVPPD(%)

Figura 24 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 2

Local 11 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e3 – Lado da Bobinadora 2

Figura 23): PMV: valores entre –0,13 e 0,06; PPD: valores entre 5% e 5,4%; Valor usado para o vestuário: 0,5 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 - Lado da Bobinadora 316/11/2008

-0,20

-0,15

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

19:0

1:40

20:0

1:40

Horas

PMV

4,7

4,8

4,9

5,0

5,1

5,2

5,3

5,4

5,5

5,6

PPD

(%)

PMVPPD(%)

Figura 25 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 3

Local 12 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 3

(Figura 24): PMV: valores entre –0,16 e 0,12; PPD: valores entre 5% e 5,6%; Valor usado para o vestuário: 0,54 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Quental Martins, António 33

Page 50: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 - Lado da Bobinadora 2Exterior - 17/11/2008

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

PPD

(%)

PMVPPD(%)

Figura 26 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 –Lado da Bobinadora 2 -

Exterior

Local 13 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 2 Exterior (Figura 25):

PMV: valores entre –0,08 e 0,43; PPD: valores entre 5% e 8,8%; Valor usado para o vestuário: 0,008 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 - Lado da Bobinadora 3Exterior - 17/11/2008

-1,00

-0,50

0,00

0,50

1,00

1,50

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

19:0

1:40

Horas

PMV

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

PPD

(%)

PMVPPD(%)

Figura 27 - Valores do PMV e PPD na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 – Lado da Bobinadora 3 –

Exterior

Local 14 – Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e3 – Lado da Bobinadora 3 Exterior (Figura 26):

PMV: valores entre –0,68 e 1,15; PPD: valores entre 5% e 32,8%; Valor usado para o vestuário: 0,209 clo; Caracterização do ambiente: ligeiramente tépido.

34 Análise e discussão dos resultados

Page 51: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Conforto Térmico na Indústria do Papel

SHOWROOM - Laboratório Local, junto à Secretária dos Analistas19/11/2008

-0,08

-0,06

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

4,9

5,0

5,0

5,1

5,1

5,2

5,2

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 28 - Valores do PMV e PPD no Showroom – Laboratório Local, junto à Secretária dos Analistas

Local 15 – SHOWROOM – Laboratório Local, junto à secretária dos

Analistas (Figura 27): PMV: valores entre –0,07 e 0,08; PPD: valores entre 5% e 5,1%; Valor usado para o vestuário: 0,53 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

SHOWROOM - Laboratório Local, junto às Máquinas19/11/2008

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

10:1

6:40

11:1

6:40

12:1

6:40

13:1

6:40

14:1

6:40

15:1

6:40

16:1

6:40

17:1

6:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 29 - Valores do PMV e PPD no Showroom, junto às Máquinas

Local 16 – SHOWROOM – Laboratório Local, junto às máquinas (Figura

28): PMV: valores entre –0,38 e 0,27; PPD: valores entre 5% e 8%; Valor usado para o vestuário: 0,26 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Quental Martins, António 35

Page 52: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Gabinete Coordenadores da Área de Bobinas 20/11/2008

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

PMVPPD (%)

Figura 30 - Valores do PMV e PPD no Gabinete dos Coordenadores da Área de Bobinas

Local 17 – Gabinete Coordenadores da Área de Bobinas (Figura 29): PMV: valores entre –0,36 e 0,19; PPD: valores entre 5% e 7,6%; Valor usado para o vestuário: 1,08 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

RE's 3 e 4 - Local de Trabalho dos Operadores20/11/2008

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

10:0

1:40

11:0

1:40

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

Horas

PMV

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 31 - Valores do PMV e PPD junto às RE’s 3 e 4 – Local de Trabalho dos Operadores

Local 18 – RE’s 3 e 4 –Local de Trabalho dos Operadores (Figura 30): PMV: valores entre –0,73 e 0,90; PPD: valores entre 5% e 22,1%; Valor usado para o vestuário: 0,135 clo; Caracterização do ambiente: ligeiramente tépido.

36 Análise e discussão dos resultados

Page 53: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Conforto Térmico na Indústria do Papel

RE's 1 e 2- Local de Trabalho dos Operadores21/11/2008

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 32 - Valores do PMV e PPD junto às RE’s 1 e 2 – Local de Trabalho dos Operadores

Local 19 – RE’s 1 e 2 –Local de Trabalho dos Operadores (Figura 31): PMV: valores entre –0,43 e 0,50; PPD: valores entre 5% e 10,2%; Valor usado para o vestuário: 0,67 clo; Caracterização do ambiente: confortável.

Embaladora 1 - Local de Trabalho dos Operadores21/11/2008

-1,00

-0,50

0,00

0,50

1,00

1,50

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

19:0

1:40

20:0

1:40

21:0

1:40

22:0

1:40

23:0

1:40

Horas

PM

V

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

PP

D (%

)

PMVPPD (%)

Figura 33 - Valores do PMV e PPD junto à Embaladora 1 – Local de Trabalho dos Operadores

Local 20 – Embaladora 1 – Local de Trabalho dos Operadores (Figura 32): PMV: valores entre –0,79 e 1,17; PPD: valores entre 5% e 33,7%; Valor usado para o vestuário: 0,655 clo; Caracterização do ambiente: ligeiramente tépido.

Quental Martins, António 37

Page 54: Conforto Térmico na Indústria do Papel · Indústria do Papel António Manuel Quental Martins Orientador: Professor Doutor João Manuel Abreu dos Santos Baptista (FEUP) Coorientador:

Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Embaladora 2 - Local de Trabalho dos Operadores22/11/2008

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

12:3

1:40

13:3

1:40

14:3

1:40

15:3

1:40

16:3

1:40

17:3

1:40

18:3

1:40

19:3

1:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 34 - Valores do PMV e PPD junto à Embaladora 2 – Local de Trabalho dos Operadores

Local 21 – Embaladora 2 – Local de Trabalho dos Operadores (Figura 33): PMV: valores entre –0,38 e 0,16; PPD: valores entre 5% e 8%; Valor usado para o vestuário: 0,031 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

PRS2 - R/C24/11/2008

-3,50

-3,00

-2,50

-2,00

-1,50

-1,00

-0,50

0,00

0,50

10:0

1:40

11:0

1:40

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

Horas

PMV

0,0

20000,0

40000,0

60000,0

80000,0

100000,0

120000,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 35 - Valores do PMV e PPD no PRS2 – R/C

Local 22 – PRS 2 – R/C – Local de Trabalho dos Operadores (Figura 34): PMV: valores entre –3,22 e 0,13; PPD: valores entre 5% e 99999% (???); Valor usado para o vestuário: 0,746 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

A perturbação verificada no gráfico da Figura 34 (Medição 22), no período das 12:58:20, às 13:13:20, em que a velocidade do ar varia de 0,04 m.s-1 a 1,16 m.s-1 , poderá estar relacionada com a abertura de um grande portão que dá diretamente para o exterior.

Esta afirmação poderá suportar-se no seguinte facto:

38 Análise e discussão dos resultados

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

- a velocidade do ar regista uma subida abrupta, às 12:58:20, passando de 0,04 para 0,14 m.s-1, com um pico de 1,16 m.s-1 e, depois, uma descida, também ela abrupta, de 1,09 para 0,01 m.s-1, voltando a estabilizar em valores próximos do 0, com uma média de 0,04 m.s-1 .

Com esta perturbação, o PMV situou-se abaixo do limite inferior de conforto térmico (-3), em três momentos (-3,17; -3,14; -3,22), levando a que o PPD ultrapassasse os 100%, “rebentando”, assim, a escala para a qual o Modelo está preparado (PMV’s entre –3 e +3), conforme tabela 3.

Ajustados os valores da velocidade do ar para 0,77; 0,86 e 0,73 m.s-1, para os três referidos PMV’s, respectivamente, de forma a que o valor de PMV se situasse, nos três pontos referidos, em –3, o que resultou em valores de PPD de 99,1% em todos eles, e gerou o gráfico referido na Medição 22 (2), que reflete bem a perturbação “momentânea”!

PRS2 - R/C24/11/2008

-4,00

-3,00

-2,00

-1,00

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

10:0

1:40

11:0

1:40

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

Horas

PMV

0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0100,0110,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 36 - Valores do PMV e PPD no PRS 2 – Local 22 (2)

Local 22 (2) – PRS 2 – R/C – Local de Trabalho dos Operadores (Figura 35): PMV: valores entre –3 e 0,13; PPD: valores entre 5% e 99,1%; Valor usado para o vestuário: 0,746 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Acresce que, os dados recolhidos neste posto de trabalho podem considerar-se desprezíveis, uma vez que o mesmo é pouco “habitado”. Os Operadores passarão aqui, em média, não mais de 10 min. por cada turno de 8 horas. Como foi dito, a escolha dos locais obedeceu a uma criteriosa selecção, dando-se sempre preferência àqueles em que os Trabalhadores permanecem por longos períodos de tempo. A escolha deste teve por base o facto de, fisicamente, na transição de um para outro posto de trabalho, haver uma distância muito grande, o que levou a incluí-lo no estudo, e nada mais!

Quental Martins, António 39

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

Saída de Bobinas do PRS2 25/11/2008

-0,60

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 37 - Valores do PMV e PPD à Saída de Bobinas do PRS2

Local 23 – Saída de Bobinas do PRS2 (Figura 36): PMV: valores entre –0,39 e 0,49; PPD: valores entre 5% e 10%; Valor usado para o vestuário: 0,63 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Posto de Trabalho junto ao descascador de Mandris da PM225/11/2008

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

11:0

1:40

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

18:0

1:40

Horas

PMV

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 38 - Valores do PMV e PPD no Posto de Trabalho junto ao descascador de Mandris da PM2

Local 24 – Posto Trabalho junto descascador de mandris - PM2 (Fig. 37): PMV: valores entre –0,77 e 0,29; PPD: valores entre 5% e 17,4% (pontualmente); Valor usado para o vestuário: 0,399 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

As perturbações verificadas no gráfico da figura 38 (Local25) prendem-se com a abertura de um portão, à passagem (entradas e saídas) de um empilhador vindo da nave da Expedição, que comunica com o exterior, criando correntes de ar pontuais que fazem com que as variações do parâmetro velocidade do ar sejam de 0,0 a 1,01 m.s-1. A abertura do portão é automática, à

40 Análise e discussão dos resultados

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

passagem do empilhador, através de um sensor colocado no chão. Uma possível resolução desta situação passa por instalar uma cortina de ar de selagem, imediatamente antes do início da abertura do portão, para que seja injetado ar, e suspensa essa injeção no momento em que o portão se encontre completamente fechado.

TRANSFORMAÇÃO - Junto ao Posto de Trabalho da RW2

31/12/2008

-2,00

-1,50

-1,00

-0,50

0,00

0,5000

:01:

40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PMV

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 39 - Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da RW2

Local 25 – TRANSFORMAÇÃO – Junto Posto Trabalho da RW2 (Figura 38): PMV: valores entre –1,65 e 0,37; PPD: valores entre 5% e 58,9%; Valor usado para o vestuário: 0,85 clo; Caracterização do ambiente: ligeiramente fresco.

TRANSFORMAÇÃO - Junto ao Posto de Trabalho da Cintadora da PW411/12/2008

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

12:2

1:40

13:2

1:40

14:2

1:40

15:2

1:40

16:2

1:40

17:2

1:40

18:2

1:40

19:2

1:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 40 - Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da Cintadora PW4

Local 26 – TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da Cintadora

da PW4 (Figura 39): PMV: valores entre – 0,35 e 0,30; PPD: valores entre 5% e 7,5%; Valor usado para o vestuário: 0,63 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Quental Martins, António 41

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

TRANSFORMAÇÃO - Junto à Plataforma Metálica existente na PW412/12/2008

-0,50

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PM

V

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 41 - Valores do PMV e PPD na Transformação, junto à Plataforma Metálica existente na PW4

Local 27 – TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da Cintadora

da PW4 (Figura 40): PMV: valores entre – 0,42 e 0,21; PPD: valores entre 5% e 8,7%; Valor usado para o vestuário: 0,525 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

A resolução das perturbações registadas junto ao posto de trabalho da CL4 pode ser conseguida utilizando a solução apresentada para o Local 25 (RW2)

TRANSFORMAÇÃO - Junto ao Posto de Trabalho da CL417/12/2008

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

00:0

1:40

01:0

1:40

02:0

1:40

03:0

1:40

04:0

1:40

05:0

1:40

06:0

1:40

07:0

1:40

Horas

PM

V

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 42 - Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da CL4

Local 28 – TRANSFORMAÇÃO – Junto ao Posto de Trabalho da CL4 (Figura

41): PMV: valores entre – 0,58 e 0,42; PPD: valores entre 5% e 12%; Valor usado para o vestuário: 0,644 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

42 Análise e discussão dos resultados

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

Tal como para os locais 25 e 28, a resolução das perturbações registadas junto ao postos de trabalho da CL1 (Local 29) pode ser conseguida pela utilização de uma cortina de ar.

TRANSFORMAÇÃO - Junto ao Posto de Trabalho da CL116/12/2008

-1,00

-0,80

-0,60

-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

10:0

1:40

11:0

1:40

12:0

1:40

13:0

1:40

14:0

1:40

15:0

1:40

16:0

1:40

17:0

1:40

Horas

PMV

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

PPD

(%) PMV

PPD (%)

Figura 43 - Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da CL1

Local 29 – TRANSFORMAÇÃO – Junto Posto Trabalho da CL1 (Figura 42): PMV: valores entre – 0,77 e 0,43; PPD: valores entre 5% e 17,5% (pontualmente); Valor usado para o vestuário: 0,776 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

TRANSFORMAÇÃO - Junto ao Posto de Trabalho da CL5

17/12/2008

-0,40

-0,30

-0,20

-0,10

0,00

0,10

0,20

0,30

10:1

6:40

11:1

6:40

12:1

6:40

13:1

6:40

14:1

6:40

15:1

6:40

16:1

6:40

17:1

6:40

Horas

PMV

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

PPD

(%)

PMVPPD (%)

Figura 44 - Valores do PMV e PPD na Transformação, junto ao Posto de Trabalho da CL5

Local 30 – TRANSFORMAÇÃO – Junto Posto Trabalho da CL5 (Figura 43): PMV: valores entre – 0,29 e 0,25; PPD: valores entre 5% e 6,7%; Valor usado para o vestuário: 0,63 clo; Caracterização do ambiente: confortável (praticamente neutro).

Quental Martins, António 43

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

8.3 Comparação entre Salas de Controlo da PM1

Das quatro Salas de Controlo da PM1, as que se apresentam com valores mais elevados de temperatura e humidade relativa (ver Tabela 7), são: a dos Aditivos Químicos (24,4ºC, média) e a da Zona Húmida (23,8ºC) e com humidades relativas muito elevadas. Em todas as Salas, como em todos os locais estudados ressalta o facto de a humidade relativa ser sempre extremamente elevada; o valor mais baixo aparece do lado exterior da Sala de Controlo da Bobinadora 1 (76,4%).

As figuras 13 e 14 apresentam a evolução dos valores do PMV e do PPD na sala da zona húmida e da zona seca ao longo de um turno de trabalho. É possível aí verificar que o padrão de evolução dos parâmetros PMV e PPD é distinto. Na zona seca são claramente visíveis oscilações regulares de baixa frequência que se sobrepõem às de frequência mais alta. Na zona húmida esse padrão não é observável. Este facto indicia, claramente, uma diferença de condições de trabalho entre os dois locais ao nível do ambiente térmico, que se traduz pela necessidade de um maior nível de protecção na zona seca. Verifica-se que para um nível similar de conforto, a protecção do vestuário necessária é de 0,48 clo para a zona húmida e de 0,73 clo para a zona seca.

Por outro lado, a observação da evolução dos valores do PPD permite ter uma ideia da frequência com que é aberta a porta da sala de controlo, a qual se traduz, nos gráficos, pela ocorrência de aumentos pontuais no valor desta variável. A justificação deste fenómeno é simples: a abertura da porta provoca uma variação nos valores da temperatura e da humidade ao permitir a entrada de ar do exterior no compartimento. Esta situação é depois compensada pelo sistema de climatização quando a porta é de novo fechada. Assim, com base na análise destes gráficos é possível efetuar um controlo indireto do funcionamento do sistema, uma vez que a saída do operador da sala de controlo significa, de uma forma geral, a necessidade de uma intervenção direta nos equipamentos.

Com base nesta última observação pode ser constatado um padrão de comportamento distinto na operação das duas zonas. Esta análise pode ser afinada com a recolha de informação adicional que permita fazer uma leitura mais aprofundada dos padrões de comportamento destas variáveis. Associar a evolução dos valores do PPD aos do comportamento do operador, sabendo que a sua atuação está associada à necessidade de intervenção no equipamento, permite, de uma forma indireta, fazer o controlo da operação.

Na figura 15 e na figura 16 é possível observar a evolução das condições de conforto, respectivamente, dentro e fora de um ambiente controlado. A primeira constatação óbvia prende-se com a amplitude das condições de conforto registadas. No exterior da sala as diferenças registadas são muito superiores, uma vez que estão dependentes da variação das condições atmosféricas ao longo do dia. Nessas circunstâncias não é possível encontrar um valor único para a proteção do vestuário que coloque os operadores, permanentemente, em situação de conforto.

8.4 Comparação entre Salas de Controlo da PM2

Os valores mais elevados de temperatura aparecem no lado exterior da Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3, tanto do lado da 2, como do lado da 3 (a Sala é comum a ambas as Bobinadoras) 26,3 e 26,7ºC, respectivamente, sendo exactamente igual o valor da temperatura média nas Salas de Controlo das Zonas Húmida e Seca (23,2ºC) e ligeiramente superior na Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 (23,3ºC). Uma análise mais refinada aos gráficos das Figuras 21, 22 e 23, permite perceber que, não obstante os valores de PMV e PPD seguirem a tendência da temperatura, ou seja valores, de PMV muito próximos do zero e valores de PPD muito próximos dos 5% em todas elas, a verdade é que, na Sala de Controlo da Zona Húmida (Figura 21), as variações dos valores de PMV e PPD são distintas das demais, o que prova que a temperatura do ar, só por si, não deve ser tomada quando se analisa o conforto térmico. Assim, pode-se constatar, através da Figura 21, que, ainda que o valor de PMV tenha algumas, pequenas, oscilações, situando-se muito próximo de zero, o valor de PPD, salvo uma pequena perturbação no início do turno, e que chega a atingir os 6,7%, o que provavelmente estará relacionado com a abertura da porta da Sala de Controlo (entrada e saída de Pessoal no início do turno), a verdade é que

44 Análise e discussão dos resultados

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

praticamente nas sete horas seguintes se mantém em cerca de 5%, ou seja, em “pleno” conforto térmico. As Salas de Controlo da Zona Seca e das Bobinadoras 2 e 3 seguem a mesma tendência, em termos de valores de PMV (próximos de zero) e PPD, próximos de 5%, como se pode verificar através das Figuras 22 e 23, apresentando pronunciadas oscilações não verificadas na Sala de Controlo da Zona Húmida. Mesmo dentro da ampla Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3, quer do lado da Bobinadora 2, quer do lado da Bobinadora 3, os valores são em tudo semelhantes: PPD do lado da 2, entre 5 e 5,4% e, do lado da 3, entre 5 e 5,6%, com picos, tanto numa, como noutra, que também se podem associar a abertura de portas. Se se comparar o interior da Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3 com o exterior da referida Sala, verifica-se que os valores de PPD variam entre 5 e 8,8% do lado da Bobinadora 2 – exterior (Figura 25) e que do lado da Bobinadora 3 - exterior os valores de PMV se afastam bastante de zero, atingindo 1,15 e consequentemente com um PPD a variar entre 5 e 32,8% (Figura 26), de forma brusca, o que pode estar associado à existência de um portão, permanentemente aberto, que liga a PM1 à PM2 e que funciona como um “ventury” (velocidade do ar mais elevada das 30 medições: 0,5m.s-1), eventualmente criando, no local, correntes de convecção, devido a perturbações vindas do lado da PM1.

O Showroom é um Laboratório Local de Produto acabado, localizado na área da PM2, junto à Sala de Controlo das Bobinadoras 2 e 3, cujos gráficos se apresentam nas Figuras 27 e 28, e que regista valores de PMV muito próximos de zero e consequentemente valores de PPD com uma variação entre 5 e 5,1%, junto à Secretária dos Analistas (Figura 27). Já junto às máquinas, (Figura 28) provavelmente devido ao aquecimento destas (constituídas sobretudo por impressoras) os valores de PPD variam entre 5 e 8%, ficando mesmo assim os valores de PMV, ainda que com frequentes oscilações, mais pronunciadas na segunda metade da medição, entre –0,38 e 0,27.

Em todas as Salas de Controlo (interior), o ambiente é confortável, o mesmo acontecendo no Showroom e no lado exterior da Bobinadora 2, sendo ligeiramente tépido, apenas, no lado exterior da Bobinadora 3.

8.5 Comparação entre Gabinetes de Chefes de Turno da PM1,

da PM2 e Coordenadores da Área de Bobinas

Os valores são idênticos, em termos de temperatura do ar, nos Gabinetes dos Chefes de Turno da PM1 (26,4º C) e PM2 ( 25º C); diferente é a temperatura do Gabinete do Coordenador de Bobinas: média 19,6ºC, com a ressalva de que, embora as medições do Gabinete do Chefe de Turno da PM2 e do Gabinete dos Coordendores da Área de Bobinas tenham ocorrido em Novembro, o Gabinete dos Chefes de Turno foram medidos, ambos das 12H00 às 20H00 e o dos Coordenadores das 00H00 às 08H00M, o que pode ter influenciado os resultados. Esta suspeita parece ter algum fundamento, uma vez que, as áreas das RE’s 1e 2, e das RE’s 3 e 4, afastadas duas a duas, mas todas no mesmo “open space”, apresentam valores com uma diferença de temperatura de 3,4ºC, ambas medidas em Novembro. (RE’s 3 e 4, no dia 20 de Novembro, das 10 às 18H00 (26,5ºC) e RE’s 1 e 2 no dia 21 de Novembro, das 00 às 08H00M (23,1 ºC).

Uma análise mais minuciosa à Tabela 7 permite constatar que, fruto da temperatura média mais baixa dos Gabinetes em apreço (19,6ºC), o Gabinete dos Coordenadores da Área de Bobinas é o único local que está praticamente em linha com o valor actualmente definido pela Organização para o vestuário de trabalho (1,08 clo, contra 1 clo). Nos Gabinetes dos Chefes de Turno, embora os períodos de medição tenham sido, em ambos, das 12H00 às 20:00H, a verdade é que o isolamento do vestuário obtido no Gabinete do Chefe de Turno da PM1 (0,07clo aprox.) é inferior ao do da PM2 (0,34clo aprox.), devido, naturalmente, a temperaturas mais elevadas no primeiro caso, que poderão (ou não!) ter sido influenciadas pelo facto de as medições terem ocorrido em 20 de Agosto e 11 de Novembro, respectivamente.

Quental Martins, António 45

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Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais

8.6 Comparação entre Salas de Controlo da PM1 e da PM2

As Salas de Controlo da PM2 são ligeiramente mais quentes que as da PM1; apresentam valores estáveis, quer de dia, quer de noite, com temperaturas a variar entre os 23,1 e os 23,3ºC; as temperaturas nas Salas de Controlo da PM1 são menos estáveis e variam entre os 21,9 e 24,4ºC. Embora as medições nas Salas de Controlo da PM1 tenham sido feitas em Agosto (Verão) e as das Salas da PM2 no Outono (Novembro), os valores relativos ao isolamento do vestuário (Icl) são inferiores nas Salas da PM2 (0,5 a 0,6 clo., aprox.), excepto na Sala de Controlo da Zona Húmida da PM1 (Icl=0,48); a justificação prende-se com o facto de o ambiente interno não ser influenciado pelo ambiente exterior. As Salas da PM1 apresentam valores superiores para o isolamento do vestuário: > 0,7clo. A Sala de Controlo dos Aditivos Químicos é a única que apresenta um PPD praticamente linear, de 5% ao longo das oito horas, com uma ligeira perturbação no início do turno (provável abertura de porta), o que faz dela um exemplo de estudo para replicação noutras Salas.

8.7 Área da Transformação

Esta área é um verdadeiro “open space”, com centenas de metros quadrados, onde se localizam os Postos de Trabalhos cujos gráficos se apresentam nas Figuras 38 a 43. Apresenta registos muito estáveis, ao longo de todos os períodos (diurno e nocturno), com valores entre os 21 e os 23 ºC. Pequenas perturbações registadas prendem-se com aberturas de grandes portões, durante as entradas e saídas de empilhadores vindos da área de Expedição, contígua à Transformação, também ela com uma área apreciável e com diversos cais de carga, que fazem aumentar a velocidade do ar, com consequentes perturbações dos valores de PMV e PPD, ainda que pontualmente, na Área da Transformação; o caso mais significativo é o do Local 25 (Figure 38) durante o primeiro quarto de turno, sendo visíveis perturbações pontuais nos locais 28 e 29 e com registos de altas frequências do PPD, nos locais 26, 28, 29 e 30, fruto da velocidade do ar (0,2 m.s-1).

Constata-se que a humidade relativa é extremamente elevada em praticamente todos os locais estudados, incluindo a Transformação.

46 Análise e discussão dos resultados

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

9 NÍVEL DE PROTEÇÃO DOS FARDAMENTOS

Conhecidos os valores ideais para o nível de proteção do fardamento em cada um dos locais o passo seguinte consistiu em dimensionar as peças de vestuário a utilizar e o nível de proteção de cada uma delas. Tendo consciência de que não seria possível obter o nível ideal para cada um dos locais, não só pela sua heterogeneidade, mas também pela dificuldade em encontrar no mercado tecidos devidamente certificados que correspondessem às necessidades específicas, a opção recaiu numa solução de fardamento constituído por várias peças. Estas poderão ser vestidas em simultâneo ou isoladamente de forma a conseguir os níveis de proteção adequados.

As peças de vestuário recomendadas são uma t-shirt ou camisa com um nível de proteção entre 0,25 clo e 0,3 clo; uma camisola ou polo com um nível de proteção entre 0,5 clo e 0,6 clo; e um casaco com possibilidade de ser utilizado no exterior com um nível de proteção mínimo de 1 clo (tabela 8).

Tabela 8 - Adequação do vestuário LOCAL Icl (clo) VESTUÁRIO

1 0,48 camisola ou polo 2 0,73 t-shirt ou camisa + camisola ou polo 3 0,78 t-shirt ou camisa + camisola ou polo 4 0,53 camisola ou polo 5 0,10 t-shirt ou camisa 6 0,39 t-shirt ou camisa 7 0,10 t-shirt ou camisa 8 0,34 t-shirt ou camisa 9 0, 60 camisola ou polo 10 0,53 camisola ou polo 11 0,50 camisola ou polo 12 0,54 camisola ou polo 13 0,01 t-shirt ou camisa 14 0,21 t-shirt ou camisa 15 0,53 camisola ou polo 16 0,26 t-shirt ou camisa 17 1,08 t-shirt ou camisa + casaco 18 0,14 t-shirt ou camisa 19 0,67 camisola ou polo 20 0,66 camisola ou polo 21 0,03 t-shirt ou camisa 22 0,75 t-shirt ou camisa + camisola ou polo 23 0,63 camisola ou polo 24 0,40 camisola ou polo 25 0,85 t-shirt ou camisa + camisola ou polo 26 0,63 camisola ou polo 27 0,53 camisola ou polo 28 0,64 camisola ou polo 29 0,78 t-shirt ou camisa + camisola ou polo 30 0,63 camisola ou polo

Percorrendo esta Tabela, constata-se que o valor mínimo para o Islolamento do vestuário (Icl em clo), se regista no local 13 (0,01 clo), que o valor máximo surge no local 17 (1,08 clo) e que a moda é de (0,5 clo, aprox.). Atendendo ao valor da moda, o isolamento das calças deverá situar-se nos 0,5 clo, uma vez que esta peça de vestuário não é passível de substituição imediata e com a facilidade com que se mudam as peças de vestuário da parte superior (tronco e membros superiores). De acordo com as recomendações anteriormente propostas, só o local 17 foi identificado como aquele onde poderá ser necessário recorrer ao uso de casaco. No entanto, propõe-se que, a todos os Colaboradores, a Organização forneça um casaco, uma vez que, sobretudo no Inverno, as amplitudes térmicas, entre o interior e o exterior, são bastante elevadas,

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e consequentemente os choques térmicos, o que pode levar a baixas por doença natural, decorrentes de gripes e constipações, com resultados negativos para a saúde e, como tal, para a produtividade e, ainda, com eventuais custos acrescidos com horas extraordinárias de prolongamento e antecipação do Pessoal de Turno, uma vez que a empresa labora 24 sobre 24 horas.

48 Nível de proteção dos fardamentos

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

10 CONCLUSÕES

Do trabalho realizado podem ser retiradas conclusões a vários níveis.

De uma forma geral é possível constatar padrões de comportamento característicos para os diversos pontos de medição.

Face aos resultados obtidos e ao tratamento dos dados, é possível afirmar que, de uma maneira geral, o ambiente térmico estudado se encontra dentro dos parâmetros requeridos para o conforto térmico na Indústria do Papel. No entanto, pequenos ajustamentos simulados nos Modelos Computacionais usados para o estudo, permitem-nos recomendar que, na aquisição de vestuário, deva ser tido em conta o nível de isolamento térmico do mesmo para cada uma das áreas estudadas.

De um ponto de vista de controlo é possível verificar que a monitorização do ambiente térmico permite, de uma forma indireta, verificar o comportamento do processo produtivo através do número de vezes que as portas das salas de controlo são abertas.

No que toca ao vestuário de trabalho, é possível definir com clareza o vestuário base para cada posto de trabalho, bem como identificar peças complementares que permitam garantir, a cada momento e em cada local, um maior ou menor isolamento térmico.

Complementarmente, mas não menos importante, é possível avaliar a variação das condições de conforto ao longo do dia nos postos de trabalho em que não é possível implementar medidas de climatização que mantenham essas condições constantes. São disso exemplo as medições efectuadas no exterior da sala de controlo da bobinadora 1 (figura 16) e na zona húmida do piso da máquina de papel 1 (junto ao Pilar K9) (Figura 19). Na primeira, é possível detectar a variação das condições de conforto entre o final da tarde e a noite. Na segunda, junto da máquina de papel, são notórias as condições de trabalho em que os técnicos têm de operar, quando é necessária uma intervenção nesse equipamento.

Face ao exposto, pode concluir-se que do controlo do ambiente térmico pode advir informação relevante não só no sentido da caracterização das condições de conforto, como também para o seu controlo e, consequentemente, para a melhoria das condições e rendibilidade do trabalho. Em paralelo, este controlo pode fornecer informação relevante sobre a própria operação industrial.

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Conforto Térmico na Indústria do Papel

11 PERSPECTIVAS FUTURAS

Na sequência deste trabalho, é possível apontar caminhos para desenvolvimentos futuros na área do ambiente térmico (conforto e/ ou “stress” térmicos), a saber:

Nos Complexos Industriais do Grupo Portucel/Soporcel

Análise do “Stress” Térmico (pelo frio e pelo calor) na Indústria do Papel;

Análise do Ambiente Térmico (Conforto e “Stress” Térmico, pelo frio e pelo calor) na Indústria da Pasta;

Comparação do Ambiente Térmico entre as Indústrias de Pasta e Papel;

Comparação do Ambiente Térmico entre Indústrias de Pasta e Papel dos Complexos Industriais do Grupo Portucel/Soporcel;

Avaliação da qualidade do ar interior nas indústrias de Pasta e Papel;

Comparação da qualidade do ar interior nas indústrias de Pasta e Papel dos Complexos Industriais do Grupo Portucel/Soporcel.

Nota: Autores como P. O. Fanger e Ken Parsons recomendam que, aos estudos sobre ambiente térmico, se associem estudos sobre a qualidade do ar interior. Daí, a nossa proposta.

Área Têxtil

Desenvolvimento de fibras/tecidos/estruturas de outros materiais que permitam uma eficiente/eficaz troca de calor entre o corpo humano e o meio envolvente;

Desenvolvimento de um tecido/fibra que responda a três solicitações, em simultâneo: anti-estático, anti-ignífugo e anti-ácido e também a parâmetros de conforto térmico (destina-se a trabalhos em indústrias de alto risco de incêndio(por exemplo: Petroquímicas) e para uso em áreas ATEX (ATmosferas EXplosivas).

Área de Informática

Construção de um Modelo Computacional (função/fórmula) que permita que, mantendo um PMV=0 e um PPD=5%, se obtenha a cada momento (leitura) um valor de Isolamento do vestuário (Icl, em Clo). Com base nestes resultados torna-se possível ir vestindo/despindo roupa, de forma a garantir a homeotermia, ou seja, a manutenção da temperatura do corpo humano nos 37ºC.

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ANEXOS

CD com:

Artigo de suporte à apresentação efectuada no 6º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia e III Congresso de Engenharia de Moçambique, decorrido em Maputo de 29 de Agosto a 2 de Setembro de 2011;

Cálculos efectuados para suporte desta tese.

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