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    UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 

    LEONARDO MICHEL ROCHA STOPPA

    NR10 e BS7176

    APLICADAS À SEGURANÇA DO TRABALHALDOR

    PROTEÇÃO ADICIONAL NOS CIRCUITOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS

    Rio de Janeiro

    Setembro de 2015 

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    UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 

    TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 

    LEONARDO MICHEL ROCHA STOPPA

    NR10 e BS7176

    APLICADAS À SEGURANÇA DO TRABALHALDOR

    PROTEÇÃO ADICIONAL NOS CIRCUITOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS

    Leonardo Michel Rocha Stoppa

    Trabalho apresentado à UCAM -

    Universidade Cândido Mendes

    como requisito parcial para a

    obtenção do Grau de Engenheiro

    de Segurança do Trabalho. 

    Orientador: Prof. Roger Valentim Abdala 

    Rio de Janeiro

    Setembro de 2015 

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    TERMO DE COMPROMISSO

    O aluno Leonardo Michel Rocha Stoppa, abaixo assinado, do curso de Pós

    Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, declara que o

    conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado NR10 e BS7176

     APLICADAS À SEGURANÇA DO TRABALHALDOR - PROTEÇÃO

     ADICIONAL AOS CIRCUITOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS, é autêntico,

    original e de sua autoria exclusiva.

    Rio de Janeiro, 1 de Setembro de 2015

    Leonardo Michel Rocha Stoppa

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    Dedicatória

     Ao primo Wilson.

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    AGRADECIMENTOS

     Ao casal Suby e Sinnen pelo suporte.`A minha esposa Jenniffer Lamounier pelo grande apoio.

    .

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    RESUMO

     A revolução industrial trouxe consigo a intensificação da produção com

    concomitante aumento no número de acidentes de trabalho. Com o evoluirdas tecnologias de produção e o nascimento das legislações trabalhistas, ascondições precárias das fábricas aos poucos foram se adaptando e osambientes de trabalho tem se tornado cada vez mais seguros. Dentre asvárias normas relacionadas à segurança, a norma brasileira NR-10 é a queregulamenta o trabalho com a eletricidade, que se tornou a forma de energiamais utilizada na atualidade. Apesar de focada na segurança dostrabalhadores dos sistemas elétricos de potência e os eletricistas de baixatensão, a norma NR10 apresenta várias recomendações relacionadas àproteção dos circuitos elétricos a serem usados por pessoas não habilitadas

    ao trabalho com eletricidade, referidas neste texto como pessoas comuns.Muito mais completo neste sentido, o sistema de proteção utilizado naEuropa apresenta várias formas de proteção a serem adotadas nos circuitoselétricos de baixa tensão, o que possibilita um reforço significativo àsegurança dos trabalhadores que operam máquinas e equipamentos elétricosque, dadas as suas características de mobilidade, podem apresentar falhascom eventual eletrocussão do operador. Como medidas de segurançaadicionais, este trabalho sugere iniciar a prática de utilização do condutor deproteção terra, muitas vezes ignorado nas instalações elétricas brasileiras,

    além de reforçar os circuitos que servem equipamentos móveis comdispositivos protetores por corrente de fuga – RCD. A utilização adequadadas medidas de proteção levando em conta os limites de corrente e tempo dedesconexão tornam o circuito praticamente inofensivo ao ser humano, umavez que possibilita a desconexão em caso de toque, limitando a corrente forada faixa de risco à vida. Embora altamente recomendados, os RCD precisamde cuidados em sua implementação pois circuitos antigos ou mesmoequipamentos com baixa qualidade de isolação podem apresentar fuga decorrente intrínseca levando a disparos indesejáveis, motivo pelo qual umestudo prévio com medidores especiais deve ser realizado. Emboraapresentem custos superiores aos disjuntores comuns, os RDC representamum avanço no que tange à segurança dos trabalhadores usuários doscircuitos elétricos, motivo pelo qual seu uso deve ser entendido comoinvestimento.

    Palavras Chave: Proteção de baixa tensão, dispositivo de corrente de

    fuga, corrente de fuga, NR-10, BS7671

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    ABSTRACT

    The industrial revolution brought with it the intensification of production

    with concomitant increase in workplace accidents. With the evolution ofproduction technologies and the emergence of new laws, poor factoryconditions were slowly adapting and working environments have becomeincreasingly safer. Among the various regulations related to security, theBrazilian standard NR-10 is the regulation for working with electricity, whichbecame the most widely used form of energy today. Although focused on thesafety of workers of electric power systems and low-voltage electricians, theNR-10 wiring regulations presents several recommendations relating to theprotection of electrical circuits to be used by people not certificated to workwith electricity, referred to in this text as ordinary people. More competed in

    this sense, the protection system used in Europe suggest several forms ofprotection to be adopted in low voltage circuits, allowing a significantstrengthening safety of workers operating machinery and electrical equipmentwhich, given their characteristics mobility, can fail with possible electrocutionof the operator. As additional security measures, this work suggests startingthe practice of using the earthling protective conductor, often ignored by theBrazilian culture, as well, protecting the circuits that serve mobile devices withresidual current device - RCD. The use of suitable protective measures takinginto account the limits of current and disconnecting time makes the circuit

    safe, since it enables the disconnection in case of touch, limiting the currentlevels out of the lethal risk. Although highly recommended, the implementationof RCD needs special attention because old circuit or even equipment withlow quality insulation may have intrinsic current leakage leading to unwantedtrips, which is why a previous study with special inspection should beperformed. Although they present higher costs when compared to standardcircuit breakers, the DRCs represent a walking towards the safety of workersusers of electrical circuits, which is why its use should be understood as animportant investment.

    Keywords: low voltage protection, residual current device, RCD, NR-10,

    BS-7671 wiring regulations.

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    SUMÁRIO

    1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................... .10

    2. REVISÃO BILBIOGRÁFICA

    2.1. CAPÍTULO 1: UM BREVE HISTÓRICO

    2.1.1 - Histórico da proteção............................................................................. .11

    2.1.2 - A Energia Elétrica................................................................................... .12

    2.1.3 - NR10 – Instalações e Serviços em Eletricidade....................................13

    2.1.4 - Tipos de Instalações Elétricas................................................................152.2. CAP TULO 2: A PROTEÇÃO E A ELETRICIDADE

    2.2.1 - As Medidas de Proteção..........................................................................16

    2.2.2 - O Aterramento......................................................................................... .16

    2.2.3 - Proteção por Desconexão Automática..................................................19

    2.2.4 - As Barreiras de Restrição de Acesso................................................... .21

    2.2.5 - Proteção Adicional com RCD................................................................ .22

    2.3. CAP TULO 3: PROTEÇÃO ADICIONAL COM RCD2.3.1 - Implementando a Proteção com RCD....................................................22

    2.3.2 - Testes de Certificação e Testes de Rotina............................................24

    2.3.3 - Cuidados na Implementação: Acionamentos Indevidos......................25

    2.3.4 - Qualidade da Isolação de Circuitos já Instalados.................................26

    2.3.5 - Os Custos de uma Instalação Segura....................................................27

    3. CONCLUSÃO...................................................................................................... .27

    4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................28

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    LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    FIGURAS

    1 Sistema de aterramento TT – Terra e Terra separados.................................  .....18 

    2 Sistema de aterramento TN-C – Terra e Neutro Combinados........................  .....18 

    3 Sistema de aterramento TN-C-S – Terra e Neutro Combinados-Separados.  .....19 

    4 Sistema de aterramento TN-S – Terra e Neutro Separados...........................  .....19 

    5 Exemplos de falhas com e sem aterramento.................................................. .....20 

    6 RCD – lógica de funcionamento.....................................................................  .....23 

    7 Exemplos de RCD........................................................................................... .....24 

    8 Equipamento para certificação de circuitos de baixa tensão..........................  .....26 

    TABELAS

    1 Tempos de desconexão sugeridos para 230V (disjuntores)...........................  .....20 

    2 Valores de impedância loop para disjuntores curva B e C............................. .....21 

    3 Tempos de desconexão sugeridos para faixas de tensão (RCD)...................  .....24 

    4 Preços aproximados de alguns dos equipamentos sugeridos........................  .....27 

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    1. INTRODUÇÃO

    Este trabalho demonstra como as regulações da norma NR10 podem ser

    aplicadas no sentido de proporcionar segurança aos trabalhadores que fazem

    uso das instalações elétricas comerciais e industriais. Primeiramente, seráfeita breve retrospectiva sobre a proteção e a segurança do trabalho na

    história da humanidade. Introduzindo o advento da eletricidade como energia

    de fácil transporte, serão expostos os perigos apresentados por esta energia

    ao ser humano, demonstrando como os choques elétricos podem ocasionar

    desde o simples desconforto, passando por queimaduras e com eventual

    ocorrência de morte. Será apresentada a NR10 como arcabouço teórico a ser

    seguido no intuito de diminuir os riscos eminentes desta forma de energia,assim como um breve comparativo com a norma inglesa BS7671 e seu

    método centralizado de certificação. Serão definidos os termos alta e baixa

    tensão e serão apresentadas as características elétricas das instalações em

    baixa tensão. No segundo capítulo, as medidas de proteção como

    aterramento, desconexão automática da energia, barreiras, fora de alcance,

    ambiente isolado e proteção por dispositivo de corrente de fuga, todas

    abordadas pela NR10, serão apresentadas. Será explicada a importância do

    aterramento para a confiabilidade do funcionamento do sistema de proteção,

    possibilitando o retorno de corrente pelo condutor de proteção aterrado,

    assim como o tempo de coordenação dos disjuntores para evitar não

    somente a queima dos condutores elétricos, mas também a eletrocussão dos

    funcionários em caso de falha em algum metal exposto da edificação. No

    terceiro capítulo, especial destaque será dado ao dispositivo de corrente de

    fuga. Embora não frequentemente usado no brasil, tal equipamento consta na

    NR10 dado ao seu elevado desempenho na desconexão da eletricidade em

    caso de falha ou mesmo de toque na rede por parte de um funcionário.

    Fazendo uso das informações constantes nas normas NR10 e BS7671, serão

    apresentados os tempos sugeridos de desconexão, assim como as correntes

    máximas de fuga para operação do dispositivo, possibilitando a desconexão

    da rede em tempo hábil para resguardar a vida do funcionário vítima de falha

    elétrica. Para fins puramente informativos, será apresentada uma lista de

    preços dos dispositivos relacionados aos sistemas de proteção abordados

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    neste trabalho, possibilitando primeira estimativa de custos relacionadas as

    sistemas propostos.

    2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

    2.1 – CAPÍTULO 1: UM BREVE HISTÓRICO

    2.1.1 - Histórico da proteção

     A proteção contra os perigos data dos primórdios da humanidade. O homem

    pré-histórico, ao se esconder de predadores em cavernas, esboçava seus

    primeiros passos em busca da proteção. Os escudos de guerra são tidos pela

    antropologia humana como sendo os primeiros instrumentos portáteis de

    proteção individual (PENNA, 2010) e, num momento posterior, outros

    exemplos rústicos de proteção foram aparecendo, como observado por

    Mendes (1996) apud Penna, (2010, p 12), “Mendes menciona a iniciativa dos

    escravos de utilizarem à frente do rosto, à guisa de máscaras rústicas, panos

    ou membranas de bexiga de carneiro para atenuar a inalação de poeiras.”

     Apesar de notável, mas lenta evolução das técnicas de trabalho humano, foi

    a revolução industrial inglesa que, ao potencializar produção em condições

    extremamente inseguras, potencializou conjuntamente acidentes e doenças

    relacionadas ao trabalho, gerando com isso preocupações por parte de

    cientistas, pesquisadores e alguns empresários no sentido da proteção da

    saúde do trabalhador (PENNA, 2010). Em 1833 um clamor público culminou

    no ‘Factory Act 1833’, que pela primeira vez restringia o número de horas de

    trabalho por dia, assim como limitou, ainda que timidamente, o ingresso

    indiscriminado de crianças no trabalho fabril, estipulando para essas uma

     jornada máxima de 69 horas semanais. (PENNA, 2010) A criação da

    Organização Nacional do Trabalho em 1919 foi a maior conquista relacionada

    à saúde e segurança do trabalhador. Esse marco não somente eliminou o

    trabalho infantil como criou um sistema de cooperação entre países

    signatários, onde representantes do governo, dos empregadores e dos

    trabalhadores participam na criação das normas. Dentre as várias normas de

    segurança criadas de forma tripartite ao longo deste novo momento vivido

    pelo trabalho voltado à segurança e saúde, a NR10, cuja parte é foco de

    estudo deste artigo, é aquela responsável pelas diretrizes relacionadas à

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    segurança em eletricidade, cuja escrita contempla a segurança tanto de

    trabalhadores como usuários criando naqueles inclusive, responsabilidades

    civis e criminais quando do seu descumprimento. (COGE, 2005)

    2.1.2 - A Energia Elétrica 

     A eletricidade é a forma de energia mais utilizada na sociedade atual.

    Embora seja muitas vezes obtida da conversão de outras fontes de energia

    como por exemplo hidromecânica, óleo, carvão, a eletricidade tem como

    característica a facilidade de transporte, o que possibilitou que várias fábricas

    eliminassem restrições como se instalar próximas a cursos d’água para

    aproveitamento hidromecânico ou de portos para recebimento de

    combustíveis ou mesmo próximas a minas de carvão. (TANNER et al., 2014)Embora apresente vantagens e diminua vários riscos associados a

    transportes e combustão de insumos, confinando esses às áreas de geração

    elétrica, a eletricidade apresenta forte risco devido primeiramente à

    característica de condutividade do corpo humano, assim como a própria

    natureza elétrica do sistema nervoso que faz uso da própria eletricidade para

    comunicação de sinais vitais. (OMORI, 2015)

    Quando sofrendo uma leve eletrocussão, a vítima tende perder

    imediatamente o autocontrole, já que a corrente externa tende ser maior que

    aquela utilizada pelo seu sistema nervoso. O resultado pode ser desde a

    incapacidade de se libertar do choque elétrico até mesmo a fibrilação

    ventricular, que é a resposta do coração a uma corrente de controle externa,

    como observa o trabalho do COGE (2005), “O choque elétrico pode

    ocasionar contrações violentas dos músculos, a fibrilação ventricular docoração, lesões térmicas e não térmicas, podendo levar a óbito como efeito

    indireto as quedas e batidas, etc.” Quando sofrendo uma eletrocussão de

    maior intensidade, o organismo tende se aquecer pelo fenômeno conhecido

    como efeito joule. O resultado pode ser desde queimaduras superficiais até

    queimaduras severas com carbonização de tecidos. Ambos os casos podem

    levar à morte, e, embora de pouco conhecimento da população, a corrente

    necessária para ocasionar fibrilação ventricular é da ordem de pouco mais de

    30ma, fazendo com que pequenos choques sem ocorrência de queimaduras,

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    se tornem às vezes mais mortais que choques de correntes superiores.

    (SOCIESC, sistema em alta).

    2.1.3 - NR10 – Instalações e Serviços em Eletricidade 

     A norma regulamentador NR10 estabelece metodologias a serem adotadas

    com o intuito de proporcionar segurança tanto aos trabalhadores das redes

    elétricas quanto aos seus futuros usuários. Nascida em 1978, a norma

    passou por modificação em Dezembro de 2004. Dentre os temas cobertos

    pelo documento, (PROMINAS, 2014 p. 39), apud Pereira (2005) destaca

    como novidades:

    •  Cria as zonas de “risco” e “controlada” no entorno de pontosou conjuntos energizadas.

    •  Estabelece a proibição de trabalho individual para atividadescom AT ou no SEP .

    •  Torna obrigatória a elaboração de procedimentosoperacionais contendo, passo a passo, as instruções desegurança.

    •  Define o entendimento de desenergização.•  Cria a obrigatoriedade de certificação de equipamentos,

    dispositivos e•  materiais destinados à aplicação em áreas classificadas.•  Defineoentendimentoquantoa“profissionalqualificadoehabilita

    do”,“pessoa capacitada ”e “autorização”.•  Estabelece responsabilidades aos empregadores

    contratantes e contratados e aos trabalhadores.•  Torna obrigatório o curso de treinamento para profissionais

    autorizados a intervir em instalações elétricas: básico (min.40h) e complementar (min. 40h).

    •  Complementa-se com as Normas Técnicas oficiais.•  Apresenta um glossário contendo conceitos e definições

    claras e objetivas.•  Estabelece ações para situações de emergência

    Embora a norma enfoque primeiramente a segurança dos trabalhadores do

    sistema elétrico, tanto de baixa quanto de alta tensão, o presente trabalho

    objetiva explorar a parte da norma que relaciona a segurança dos usuários

    dos circuitos elétricos de baixa tensão disponibilizados tanto em instalações

    comerciais como industriais.

    Tendo seu conteúdo entendido como de fundamental importância à

    segurança do trabalhador, a NR10 extrapolou sua aplicabilidade antes restrita

    a engenheiros e técnicos, e passou a ser ministrada como curso deaperfeiçoamento profissional disponível e necessário a vários trabalhadores

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    que fazem parte da equipe que instala e presta manutenção nos sistemas

    elétricos de potência, assim como em redes comerciais e industriais de baixa

    tensão.(COGE, 2005) A mesma norma, ainda versando sobre preparação e

    estudo dos trabalhadores, aponta a requisitos mínimos para bagagem teórica

    formal dos mesmos, apontando o que os distingue em diferentes classes e

    níveis de atuação e responsabilidades. Para fins de capacidades e

    atribuições, a NR10 divide o profissionais em 3 grupos:

    10.8 HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES. 10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele quecomprovar conclusão de curso específico na área elétricareconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. 

    10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado otrabalhador previamente qualificado e com registro nocompetente conselho de classe. 10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele queatenda às seguintes condições, simultaneamente: 

     A. receba capacitação sob orientação e responsabilidadede profissional habilitado e autorizado;B. trabalhe sob a responsabilidade de profissionalhabilitado e autorizado. (REFERENCIA NR10 10.8)

    Os trabalhadores e usuários dos circuitos elétricos que não se enquadremnas qualificações do subitem 10.8 da NR10 serão mencionados neste

    trabalho simplesmente como usuários ou pessoas comuns.

     Ao contrário dos profissionais capacitados e habilitados para

    desenvolvimento e manutenção de instalações elétricas, os usuários comuns 

    apresentam não somente maior vulnerabilidade dada a sua baixa ou

    nenhuma preparação teórica a respeito da segurança com eletricidade, como

    trabalham sem fazer uso de nenhum EPI relacionado à segurança elétrica

    (LINSLEY, 2008), motivo pelo qual este estudo enfoca a aplicação dos

    métodos sugeridos aos sistemas de segurança dos circuitos elétricos em

    operação.

    Para efeito de reforço à segurança, tomando como exemplo as normas

    internacionais que tratam do mesmo assunto, o sistema normativo unificado

    da união europeia – CENELEC - estabelece como mandatório para

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    certificação de uma instalação, tanto residencial como comercial/industrial, o

    cumprimento de vários preceitos: O aterramento de todas as partes metálicas

    do sistema, assim como a conexão ‘bonding ’ de todos metais da edificação

    são obrigatórios para diminuir o risco de acidentes com eventual

    eletrocussão. As tomadas de energia a serem acessadas por usuário comum 

    deverão obrigatoriamente receber a proteção adicional por um RCD, assim

    como toda a rede elétrica que passar por locais entendidos como de alto

    risco devem também ser protegidas por dispositivos RCD. (TANNER et al.,

    2014) Para movimento em sentido ao mesmo nível de segurança adotado

    nos países desenvolvidos, observa-se de imediato a necessidade de

    modificações culturais brasileiras, como por exemplo, a implementação do

    condutor de proteção (aterramento), assim como testes de isolamento contra

    fugas e o início da utilização sistemática dos RCD.

     Ainda comparando com as normas internacionais, outra característica

    merecedora de atenção é o método de certificação, que nos países

    europeus, é unificado. Embora o Brasil incentive cursos de NR10, não existe

    uma aferição centralizada da qualidade dos cursos ministrados, possibilitando

    empresas não somente oferecer os cursos como emitir certificados aos

    participantes. Surge a possibilidade de fraudes assim como baixa qualidade

    do conteúdo como risco nas aplicações do treinamentos, o que não somente

    reduziria a abrangência do conhecimento acerca do assunto, como também

    aumenta o risco de acidentes com a rede elétrica. A exemplo da Inglaterra, o

    sistema de certificação da norma BS7671 conta com avaliação centralizada

    por parte da instituição ‘City & Guilds’ . O método permite ao empregador ter

    acesso a um banco de dados com a lista profissionais certificados, assimcomo impõe homogeneidade no nível de conhecimento entre os profissionais

    da área (TANNER et al., 2014).

    2.1.4 – Tipos de Instalações Elétricas 

    Para os aspectos de segurança do trabalho, a norma regulamentadora NR10

    divide as redes elétricas em Baixa e Alta tensão. A primeira, compreendendo

    instalações em 50V-1000V em corrente alternada ou 120V-1500V emcorrente contínua, sendo alta tensão os valores acima desses. (COGE, 2005)

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    Como o escopo deste trabalho se limita às tensões encontradas na maioria

    do comercio e indústria (220V, 380V e 600V), as altas tensões, por serem

    operadas por profissionais capacitados e habilitados, não serão abordadas

    assim como serão ignoradas as opções em corrente contínua por não

    fazerem parte significativa do repertório de opções utilizadas no comercio e

    indústria brasileiros.

    2.2 – CAPÍTULO 2: A PROTEÇÃO E ELETRICIDADE

    2.2.1 – As Medidas de Proteção

     As medidas de proteção apresentadas na NR10 levam em conta os vários

    níveis de acesso que os usuários podem ter aos circuitos elétricos, assim

    como o tipo de usuário para o qual o circuito elétrico é desenvolvido e

    disponibilizado. As formas de proteção constantes da NR10 são as mesmas

    adotadas por normas internacionais, o que coloca o Brasil no mesmo nível de

    tecnologia e normatização daquele adotado no primeiro mundo. Observa-se

    porem que atenção especial deve ser dado ao quesito certificação/inspeção.

    Enquanto no Brasil várias instalações industriais e comerciais são colocadas

    em operação mesmo não estando em conformidade com as normas vigentes,

    na Europa por exemplo, a certificação é quesito para o início das atividades.

    2.2.2 – O Aterramento. 

    O aterramento consiste em um caminho elétrico para o potencial zero, que é

    o potencial elétrico do solo. Sua elaboração consiste na afixação de um

    número de eletrodos metálicos até se alcançar um valor de resistência

    suficiente para, em ocorrência de falha na isolação de algum circuito, manter

    o nível de potencial abaixo de 50V, que é o limiar do risco humano à correnteelétrica (TANNER et al., 2014). Apesar de ter sua utilidade empiricamente

    limitada ao bom funcionamento de alguns equipamentos, a finalidade maior

    do aterramento é a segurança do ser humano, que figura como mais

    importante elemento dentro de qualquer sistema.

    Embora no Brasil seja comum a execução do aterramento ficar por conta do

    cliente consumidor, que deve instalar um número de eletrodos recomendadopela distribuidora quando na solicitação da ligação do medidor elétrico,

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    existem casos em que o aterramento protetor é fornecido pela própria

    concessionária, o que resulta na maioria das vezes em um circuito de

    proteção muito mais confiável já que apresenta muito menor resistência à

    passagem da corrente elétrica. Outro problema cultural relacionado ao

    aterramento é a parte interna da edificação, que fica por responsabilidade do

    consumidor. Muitas vezes o ‘fio terra’ é simplesmente ignorado na caixa de

    passagem e os circuitos elétricos são construídos da forma ‘a dois fios’. Esta

    medida não somente ignora a proteção adicional do aterramento, como

    coloca em risco todos os usuários da instalação, uma vez que qualquer falha

    pode ocasionar a eletrocussão da placa externa das caixas de passagem,

    chassis de equipamentos, invólucros de maquinas, carcaça de geladeiras,

    etc.

    O aterramento sugerido neste trabalho é compulsório tanto nas normas

    internacionais como a BS7671 quanto na NR10: Observa-se o tipo de

    instalação do circuito entregue pela concessionária, entre as opções TT, TN-

    S, TN-C, TN-C-S e, de acordo com o circuito recebido, implementa-se o

    circuito interno com o condutor protetor obrigatoriamente separado,

    conectando-o não somente a todos os terminais destinados ao aterramento,

    como a todos os dutos elétricos, trilhos e metais estranhos como tubulações

    de água, gás e ferragens acessíveis da edificação. Esta medida permite tanto

    a eliminação dos choques relacionados às fugas de correntes para carcaças

    e dutos elétricos como a operação da medida de segurança DESCONEXÃO

     AUTOMÁTICA DA ENERGIA, que será explicada adiante (TANNER et al.,

    2014). Para efeito de contextualização, seguem abaixo ilustrações que

    demonstram as opções de aterramento TT, TN-S, TN-C e TN-C-S com umabreve descrição de suas características. Observe que a nomenclatura padrão

    dos sistemas de aterramento, apesar de terem sido concebidas em língua

    francesa apresentam compatibilidade literal com o português, o que facilita

    sua memorização.

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    Figura 1:TT - Terra e Terra separados

    Fonte: http://s307.photobucket.com 

    TT – Neste modelo a concessionária não disponibiliza o aterramento, ficando

    a cargo do cliente instalar os eletrodos e testar se a impedância obtida é

    suficiente para proporcionar a tensão de segurança em ocasião de falha. De

    acordo com a norma BS7671, para uso deste modelo de aterramento, faz se

    necessária proteção adicional de toda a instalação por meio de RCD, já que

    dificilmente a resistência de aterramento seria suficiente para ocasionar o trip 

    do disjuntor em caso de falha.

    Figura 2:TN-C - Terra e Neutro combinados

    Fonte: http://s307.photobucket.com 

    TN-C  – É o modelo mais comum em distribuições aéreas e é o modelo

    fortemente adotado no Brasil. O aterramento vem combinado com o neutro

    até o medidor do cliente, que deve prover eletrodo de aterramento

    suplementar e a partir deste ponto o terra passa a dividir o mesmo condutor

    do neutro.

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    Figura 3:TN-C-S - Terra e Neutro combinados - separados

    Fonte: http://s307.photobucket.com 

    TN-C-S  – É o modelo indicado em substituição ao TN-C possível de serimplementado em distribuições aéreas já que a diferença está na parte

    relacionada ao cliente. O aterramento vem combinado com o neutro até o

    medidor do cliente, que deve prover eletrodo de aterramento suplementar e a

    partir deste ponto o terra recebe um condutor separado.

    Figura 4:TN-S – Terra e Neutro separados

    Fonte: http://s307.photobucket.com 

    TN-S  – Este modelo é comum em áreas atendidas por instalações

    subterrâneas, por isso é mais comum em países europeus. O aterramento é

    suprido em condutor separado pela própria concessionária e toda a

    instalação é feita de modo a preservar esta característica de separação.

    2.2.3 – Proteção por Desconexão Automática em Caso de Falha 

    Uma falha pode acontecer tanto no circuito elétrico permanente quanto porexemplo, em um dispositivo eventual, que, por receber frequente

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    movimentação, apresenta maior possibilidade de defeito. A proteção com

    desconexão automática de energia visa oferecer um caminho de passagem

    alternativo à corrente elétrica no momento de falha, evitando que o potencial

    elétrico fique disponível ao toque do usuário. A parte inicial do

    desenvolvimento deste tipo de proteção é o próprio aterramento e

    interligação de todas partes metálicas da edificação. No evento de uma

    energização de um metal exposto, que certamente traria risco aos usuários

    do ambiente, a corrente faltosa quando relacionada ao aterramento não seria

    suficiente para deixar mais que 50V de potencial disponível ao toque, porém,

    deve ser suficiente para desarmar o disjuntor de proteção num período

    seguro para o não superaquecimento do circuito elétrico (TANNER et al.,

    2014). As ilustrações abaixo demonstram o funcionamento da proteção com

    desconexão automática da energia, assim como uma tabela com dados de

    impedância de ‘loop’ e tempos de desconexão recomendados para os casos

    mais comuns de coordenação.

    Figura 5: Com e sem aterramento

    Fonte: http://i.stack.imgur.com/MkYw9.jpg  

    Caso 1: A falha é drenada em direção ao terra pelo condutor de proteção, limitandoa tensão abaixo de 50V que é o valor convencionado como seguro.Caso 2: Em caso de falha no isolamento, os metais expostos se tornam parte do

    circuito e um eventual toque pode ocasionar choque elétrico já que o corpo humanofunciona como condutor entre o metal exposto e o terra.

    Tabela 1: Tempos de desconexão para 230V sugeridos pela norma BS7671

    Fonte: BS7671 (2008)

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    Tabela 2: Disjuntores tipo B e C e seus respectivos valores mínimos deImpedância de loop-terra para a desconexão no tempo sugerido de 0.4 s.

    Fonte: BS7671 (2008)

    Vale salientar que os cálculos de impedância de aterramento e coordenação

    de disjuntores é objeto das disciplinas de Engenharia Elétrica, o que os

    coloca fora do escopo deste trabalho. A multidisciplinaridade característica da

    engenharia de segurança obriga que este tipo de trabalho seja desenvolvido

    em conjunto com profissionais habilitados em outras áreas, especialmente a

    área de eletrotécnica.

    2.2.4 – As Barreiras e Restrições de Acesso. 

    São as formas mais tradicionais de proteção e devem ser adotadas sempre

    que um circuito elétrico for desenvolvido para uso de pessoas comuns.

    Prover barreiras consiste em enclausurar todos os condutores e circuitos

    elétricos em seus respectivos dutos e caixas, impossibilitando o acesso de

    pessoas quando não munidas de ferramenta. Dispor fora de acesso consiste

    em dispor instalações elétricas em locais não acessíveis sem uso de

    ferramentas especiais, a exemplo dos postes elétricos, que apesar de

    possuírem condutores não isolados, não podem ser acessados sem o uso deescadas ou equipamento substituto. No que tange aos circuitos comerciais e

    industriais, tanto a NR10 quanto as normas internacionais entendem que as

    medidas barreiras e fora de acesso são apenas a primeira modalidade de

    proteção, não sendo suficientes para a total proteção e segurança do grupo

    de pessoas comuns (BSI, 2008).

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    2.2.5 – Proteção Adicional com RCD 

    Tanto nos ambientes comerciais como industriais, o método de proteção mais

    eficiente é o que resulta das medidas anteriores e tem como elemento

    adicional um dispositivo de corrente de fuga (TANNER et al., 2014). Por

    tratar-se de método raramente empregado nos circuitos brasileiros, é este o

    enfoque deste trabalho. O dispositivo consiste na comparação da corrente de

    entrada e saída do circuito elétrico em proteção. Em condições normais, toda

    a corrente que sai por um fio deve obrigatoriamente retornar pelo outro,

    porém, em uma circunstância de falha, parte da corrente ‘foge’ para o terra

    por outro caminho, que pode ser por exemplo, uma pessoa sob eletrocussão.

     Ao detectar uma falta de equilíbrio entre os dois fios do circuito, o RCD envia

    um sinal de ‘trip’ que ocasiona a desconexão do circuito faltoso. Observe que

    embora o sistema de proteção por desconexão de energia objetiva o

    desarmamento do disjuntor em caso de o circuito entrar em contato com um

    metal exposto, esse não efetuaria nenhuma ação no caso de uma pessoa

    tocar um fio defeituoso, por exemplo. Em contrapartida, o dispositivo de

    corrente de fuga, quando programado corretamente, desarmaria o circuito

    antes de um eventual risco ao usuário (TANNER et al., 2014).

    Vale salientar que existem outras formas de proteção destinadas a ambientes

    incomuns, algumas dividindo normas especiais, a exemplo das instalações

    intrinsicamente protegidas para ambientes explosivos, criação de ambientes

    não condutivos assim como provimento de eletricidade em extra baixa tensão

     – SELV / PELV. Porém, por se tratarem de casos que demandam estudos

    especiais para implementação, são excluídas do escopo deste trabalho.

    2.3 – CAPÍTULO 3: PROTEÇÃO ADICIONAL COM RCD.

    2.3.1 – Implementando a proteção com RCD.

    Neste capítulo serão abordadas as etapas a serem observadas para a

    implementação da proteção adicional com dispositivo detector de corrente de

    fuga - RCD, para tanto, torna-se necessário demonstrar o funcionamento

    desse dispositivo cujo princípio fundamenta-se na indução eletromagnética.

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    Conforme observável na figura abaixo, tanto o fio condutor fase (A) quanto o

    fio condutor neutro (B) atravessam um condutor de fluxo magnético toroidal

    circular através das bobinas ‘a’ e ‘b’. Quando ambos os fios possuem a

    mesma corrente elétrica, a quantidade de campo magnético produzido em

    direções contrárias se cancela mutuamente e nenhuma corrente é induzida

    na bobina ‘c’. Ocorrendo um desequilíbrio porem, por exemplo, quando uma

    pessoa toca um fio, a corrente flui do condutor fase em direção ao terra sem

    retornar pelo condutor neutro. Ocorre com isso uma diferença entre os

    campos magnéticos produzidos por ‘a’ e ‘b’ ocasionando uma indução

    elétrica na bobina ‘c’, que controla o acionamento do relé responsável pelo

    desligamento da energia elétrica.

    Figura 6: RCD, lógica de funcionamento.

    Fonte: https://reader015.{domain}/reader015/html5/0720/5b51b954a981d/5b51b95dc83e7.j 

    Tendo em vista que este tipo de proteção visa primeiramente a preservação

    da vida humana em caso de eventual acidente com o circuito protegido,

    observa-se a necessidade de parametrização das grandezas do RCD em

    função de níveis suficientemente adequados à segurança dos usuários dos

    circuitos. A tabela abaixo apresenta valores de tensão e tempos de

    desconexão recomendados para circuitos elétricos utilizados por pessoas

    comuns.

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    Tabela 3: Tempos de desconexão máximos para faixas de tensão.

    Fonte: BS7671 (2008)

    Conforme observa a norma BS7671, é indicado como via de regra o RCD de

    30ma com tempo de desconexão menor que 0.4ms, sendo o primeiro desses

    dados necessário na hora de ordenar a compra do citado dispositivo.

    2.3.2 – Testes de Certificação e Testes de Rotina 

    Uma vez instalado o RCD, esse deve ser certificado tanto em termos de

    corrente de acionamento quanto seu tempo de resposta. Somente a

    certificação garante que um eventual choque elétrico durante falha não será

    suficiente para ultrapassar os valores de corrente e tempo estipulados pela

    NR10. Por se tratarem de dispositivos mecânicos, uma vez instalados e

    certificados, observa-se também a necessidade dos testes periódicos de

    operacionalidade. Para facilitar esses testes de rotina, o equipamento vem

    dotado de botão de ‘trip’. Como sugestão de periodicidade, a norma BS7176

    aconselha o teste mensal, com o procedimento de imediata substituição em

    caso de falha (TANNER et al., 2014). As figuras abaixo apresentam os RCD

    das marcas ABB e Siemens, onde pode ser observado seu botão de teste

    periódico.

    Figura 7 – Exemplos de RCD

    Fonte: http://www.kempstoncontrols.co.uk

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    2.3.3 – Cuidados Na Implementação: Acionamentos Indevidos.

     Apesar de suas indiscutíveis vantagens, a instalação de RCDs pode

    desencadear uma sequência de acionamentos indesejáveis, esses devidos a

    fugas de correntes intrínsecas ao próprios equipamentos em uso. Como

    exemplo de aparelhos que podem apresentar fugas indesejáveis figuram os

    computadores dotados de fontes de alimentação com baixa qualidade de

    isolamento, aparelhos que operem em ambientes húmidos sem a própria

    classificação de resistência à humidade, motores que perderam sua

    capacidade de isolamento original e mesmo instalações com pouca qualidade

    de execução. Apesar de ter seu acionamento desejável em eventos de falta

    de isolamento de equipamentos molhados, presença de fios desencapados

    nos cabos dos equipamentos e semelhantes, o RCD pode se tornar um

    problema se desencadear sucessivos desligamentos na eletricidade de uma

    empresa, sendo necessário minucioso estudo pois nem todos os circuitos

    necessitam de um RCD. Para reflexão, observemos os exemplos abaixo:

    Caso 1: Um refrigerador industrial ou qualquer outro equipamento de carcaça

    metálica que tenha sua estrutura devidamente aterrada ao condutor de

    proteção e não sofra movimentos (que seja fixo) dispensa o uso do RCD,

    uma vez que qualquer falha seria imediatamente drenada pelo condutor

    protetor e posteriormente isolada pelo disjuntor. (este fato dependente da

    correta coordenação da proteção por desconexão automática de energia).

    Caso 2: Uma tomada de energia a ser usada por funcionários para ligação de

    equipamentos móveis como ferramentas elétricas, extensões, aspiradores depó e afins DEVEM receber proteção por RCD, uma vez que falhas em cabos

    ou mesmo na isolação do dispositivo podem levar a choques elétricos, ainda

    que a tomada elétrica esteja devidamente conectada a um condutor de

    proteção.

    Caso 3: Recomenda-se também que outros equipamentos fixos como

    microcomputadores recebam circuitos desprovidos de RCD somente quandofor possível a conexão de cabos adicionais de proteção entre o soquete

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    (devidamente aterrado) e o chassi metálico do equipamento, merecendo

    antes desta medida um teste de implementação de RCD levemente sobre

    parametrizado, já que muito tem sido feito no intuito de aumentar a qualidade

    das fontes disponíveis no mercado brasileiro. Outra possibilidade, apesar de

    mais onerosa, consiste na divisão de blocos de cargas como computadores

    em números menores, cada grupo servido por um RCD, possibilitando assim

    uma efetiva proteção sem o risco de acionamentos por somatória de várias

    pequenas fugas acumuladas.

    2.3.4 – Qualidade da Isolação de Circuitos já Instalados.

    Em se tratando de implementação de RCD em circuitos já existentes, torna-

    se de vital importância a prévia inspeção da qualidade do isolamento da

    instalação. Pequenas fugas de corrente podem já ser características dos

    circuitos, o que impossibilitaria seu uso requerendo com isso sua total

    substituição. O processo de medição de isolamento deve ser feito com

    equipamento especialmente destinado a este fim, o que exclui deste

    repertório todos os multímetros convencionais de bancada. A figura abaixo

    demonstra o Megger MFT1720 , uma opção de medidor de circuitos elétricos

    ideal para a presente implementação por acumular as funções de medidor de

    corrente e tempo de disparo de RCD, isolamento da instalação e também

    impedância do circuito com precisão de 0.01ohm (MEGGER, 2015)

    Figura 8 – Equipamento para certificação de circuitos de baixa tensão.

    Fonte: http://uk.megger.com

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    2.3.5 – Os Custos de Uma Instalação Segura.

    Para fins de informação complementar, a tabela abaixo apresenta uma lista

    contendo preços dos mais significativos equipamentos envolvidos na

    implementação dos sistemas de segurança apresentados neste trabalho.

     Atenta-se porem para atitudes inteligentes como jamais cabear uma

    instalação sem a presença do condutor de proteção pois ainda que o sistema

    não venha a ser desenvolvido totalmente agora, adicionar um condutor ao

    circuito instalado será muito mais trabalhoso e consequentemente mais caro.

    Tabela 4: Preço aproximado de alguns dos equipamentos envolvidos nasproteções propostas.

    Equipamento de teste Megger MFT1720   US$ 2600*Disjuntor de corrente de fuga (RCD) de 25A Weg R$ 119,00

    Haste para aterramento modelo cobreado R$ 12,00

    Cabo de cobre 25mm (o metro) R$ 9,00

    Cabo de cobre 10mm (o metro) R$ 3,50

    * O valor internacional é de US$ 1300 ignoradas as taxas e impostos de importação

    Proteger completamente uma instalação elétrica comercial ou industrial pode

    ser custo quando a atitude for entendida como adição de equipamento

    culturalmente dispensável, mas se tornar investimento de valor insignificante

    quando se mostrar eficiente salvando vidas.

    3. CONCLUSÃO.

    Este trabalho buscou demonstrar a importância de se oferecer aos

    trabalhadores circuitos elétricos protegidos observando-se todas as

    possibilidades apresentadas pela norma NR10. Primeiramente foi

    apresentado um pequeno resumo sobre a história da proteção, da segurança

    e da saúde no trabalho. A NR10 foi apresentada como arcabouço teórico

    para a segurança tanto para os trabalhadores dos sistemas elétricos de

    potência quanto para os trabalhadores e usuários das redes elétricas de

    baixas tensões. A eletricidade foi introduzida como a forma de energia mais

    importante da atualidade, assim como foram apresentados os perigos

    relacionados ao seu manuseio inadequado por parte do ser humano. Foramconceituados os tipos de profissionais envolvidos nos trabalhos relacionados

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    à eletricidade, assim como foram apresentados os conceitos de baixa e alta

    tensão de acordo com a segurança do trabalho. O segundo capítulo

    apresentou as formas de proteção disponíveis para o uso na maioria das

    instalações comerciais e industriais, dando destaque especial ao RCD, que,

    por se tratar de mais eficiente método de proteção da vida do ser humano,

    mereceu atenção especial do terceiro capítulo. Buscando orientar a

    implementação dos sistema de proteção por corrente de fuga, o capítulo final

    iniciou explicando de forma bem literal a lógica de funcionamento do RCD,

    assim como os fatores que determinam sua parametrização. Foi dada

    especial atenção aos aspectos a serem considerados quando da sua

    implementação, sugerindo exemplos que dispensam seu uso, assim como

    exemplos onde é mandatória sua instalação, e um terceiro onde o bom senso

    do projetista decidirá pela sobre parametrização ou separação do circuito. Foi

    sugerida a metodologia de teste de certificação de isolamento de instalações,

    assim como foi sugerido equipamento capaz de realizar todos os testes

    apresentados neste trabalho. Para finalizar, foi apresentado um pequeno

    informativo a respeito dos custos dos equipamentos envolvidos no

    desenvolvimento do método proposto, fechando com o posicionamento do

    autor, que vai de encontro à máxima fundamental da engenharia de

    segurança do trabalho que coloca a preservação da vida como o fator mais

    importante em uma organização.

    4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    BSI, British Standards Institution, BS 7671: 2008 Requirements for

    Electrical Installations – IEE Wiring Regulations Seventeenth Edition: IET -Londres, 2008

    COGE, COMITÊ DE GESTÃO EMPRESARIAL – FUNDAÇÃO COGE. Normaregulamentadora NR10, Segurança em instalações e serviços emeletricidade: Curso básico de SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ESERVIÇOS EM ELETRICIDADE Manual de treinamento - CPNSP. Rio deJaneiro: Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico noEstado de SP, 2005.

    LINSLEY, Trevor. Eletrical Installation Work. 5. ed. Oxford: Newnes, 2008.

    388 p.

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    MEGGER, Website, 2015. [online] disponível em

    NR-10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Ed 2004.

    OMORI, Júlio Shigeaki. SISTEMAS ELÉTRICOS EM ALTA TENSÃO.Joinville: Instituto Superior Tupy, 2015.

    PENNA, Adriana Maria. FUNDAMENTOS DA SEGURANÇA NOTRABALHO. Belo Horizonte: Editora Prominas, 2010. 64 p.

    PROMINAS, Coordenação Pedagógica Instituto. CONTROLE DE RISCOSEM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES. Belo Horizonte:Editora Prominas, 2004. 54 p.

    TANNER, Peter et al. Level 3 Diploma in Electrical Installations 2365:Buildings and structures. Londres: City Guilds Iet, 2014. 654 p.