novo procedimento ordinario civill - fase de execucao sentenca
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Procedimento ordinário civil - Fase de execução
A Lei 11.232/05 trouxe ao Código de Processo Civil a união do processo de
conhecimento e de execução por meio da chamada fase de cumprimento de
sentença.
Área: Processo Civil
08/05/2006
Sobre a fase de conhecimento no procedimento ordinário clique aqui.
A Lei 11.232/05 trouxe profundas mudanças sobre a fase de execução,
acabando com a necessidade de um processo autônomo para certas
hipóteses de títulos executivos judiciais.
O art. 475-N, CPC traz as espécies de títulos executivos judiciais, quais
sejam:
I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de
obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;
II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que
inclua matéria não posta em juízo;
IV – a sentença arbitral;
V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;
VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao
inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.
No caso dos incisos IV, V, VI e VII, apesar de haver um título executivo
judicial, não há um processo de conhecimento anteriormente. Dessa forma,
nessas hipóteses, o processo de execução autônomo ainda será necessário.
Já nos demais incisos, a efetivação da sentença poderá ser feita no mesmo
processo, mediante simples requerimento da parte interessada, pelo novo
procedimento trazido pela Lei 11.232/05. Vejamos:
PROCEDIMENTO
1 - Liquidação da Sentença: Em determinados processos, a fase
executiva (após a sentença na fase de cognição) deverá iniciar-se com a
liquidação da sentença, que com a nova redação passará a ser mero
incidente processual, e não mais um processo autônomo.
Ainda continuam existindo as três modalidades de liquidação, quais sejam:
liquidação por artigos, liquidação por arbitramento e liquidação por cálculo
aritmético.
Quando a sentença não determinar o valor devido (art. 475-A, CPC), a parte
interessada deverá fazer um requerimento de liquidação de sentença,
sendo parte contrária intimada, na pessoa de seu advogado (§1º). Se a
liquidação for requerida na pendência de recurso, deverá processar-se em
autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o
pedido com cópias das peças processuais pertinentes (§2º).
Nos casos de liquidação por cálculo aritmético, o credor requererá o
cumprimento da sentença, instruindo o pedido com a memória discriminada
e atualizada do cálculo (art. 475-B, CPC). Nos cálculos, o credor já deverá
incluir a multa de 10% (dez por cento) prevista no art. 475-J, CPC, que será
aplicada caso o devedor não efetue o pagamento em 15 dias.
Dependendo a elaboração da memória do cálculo de dados existentes
em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a requerimento do credor,
poderá requisitá-los, fixando prazo de até trinta dias para o cumprimento da
diligência (art. 475-B, §1º, CPC). Se os dados não forem, injustificadamente,
apresentados pelo devedor, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados
pelo credor, e, se não o forem pelo terceiro, configurar-se-á a situação
prevista no art. 362 (Art. 362, CPC – “(...) se o terceiro descumprir a ordem,
o juiz expedirá mandado de apreensão, requisitando, se necessário, força
policial, tudo sem prejuízo da responsabilidade por crime de
desobediência”).
A liquidação por arbitramento será feita quando: I – determinado pela
sentença ou convencionado pelas partes; II – o exigir a natureza do objeto
da liquidação. Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o
perito e fixará o prazo para a entrega do laudo. Apresentado o laudo, sobre
o qual poderão as partes manifestar-se no prazo de dez dias, o juiz proferirá
decisão ou designará, se necessário, audiência (art. 475-C, CPC).
Será feita liquidação por artigos, de acordo com o procedimento
comum, quando, para determinar o valor da condenação, houver
necessidade de alegar e provar fato novo (arts. 475-E e F, CPC).
A fase de liquidação será encerrada por meio de uma decisão
interlocutória, da qual caberá recurso de agravo de instrumento (art. 475-H,
CPC).
2 - Cumprimento da Sentença: Ainda que a sentença tenha várias
determinações como, por exemplo, obrigação de fazer e obrigação de pagar
quantia certa, a forma de sua efetivação seguirá o rito do art. 461-A e art.
475-I, do CPC. Haverá tantos procedimentos quanto houver obrigações para
cumprir.
a) Requerimento da execução: O credor deverá observar o prazo de seis
meses para requerer a execução da sentença. Findo tal prazo, o juiz
mandará arquivar os autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido
da parte (art. 475-J, §5º, CPC).
Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber,
as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial, que
continuam em vigor (art. 475-R, CPC).
O credor, agora, pode escolher entre efetivar a sentença perante o mesmo
juízo da cognição ou optar pelo juízo do local onde se encontram bens
sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado (art. 475-P,
Parágrafo Único, CPC).
b) Intimação do devedor: A execução deverá iniciar-se por simples
requerimento do credor, sendo o devedor intimado na pessoa de seu
advogado.
Cabe observar que o art. 322, do CPC (com redação dada pela Lei
11.280/06) determina que “Contra o revel que não tenha patrono nos autos,
correrão os prazos independentemente de intimação, a partir da publicação
de cada ato decisório”.
Ao ser intimado, o devedor tem o prazo de 15 dias para efetuar o
pagamento da quantia já fixada na liquidação, sob pena de multa de 10% e
expedição de mandado de penhora e avaliação (Art. 475-J, CPC). No caso de
não cumprimento no prazo estipulado, o devedor deverá pagar, além da
multa, os honorários advocatícios. Na hipótese de cumprimento parcial da
condenação, a multa de 10% incidirá sobre a diferença.
Havendo o pagamento por parte do devedor, o processo será extinto.
c) Penhora e avaliação dos bens: Não havendo o cumprimento da
obrigação no prazo estipulado, será expedido mandado de penhora e
avaliação dos bens do devedor.
No pedido de requerimento da penhora feito pelo exeqüente, este já poderá
indicar os bens do devedor a serem penhorados (§3º).
d) Intimação da penhora: Do auto de penhora e de avaliação será de
imediato intimado o executado, na pessoa de seu advogado, ou, na falta
deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo
correio, podendo oferecer impugnação, querendo, no prazo de quinze dias
(art. 475-J, §1º, CPC).
e) Impugnação: Não há mais embargos à execução na fase de execução
de título judicial. Dentro do prazo de 15 dias, contados a partir da intimação
da penhora, o devedor poderá oferecer impugnação, que consiste em
simples procedimento incidental.
De acordo com o art. 475-L, do CPC, a impugnação somente poderá versar
sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia; II –
inexigibilidade do título; III – penhora incorreta ou avaliação errônea; IV –
ilegitimidade das partes; V – excesso de execução; e VI – qualquer causa
impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,
novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente
à sentença.
Se, na impugnação, o executado alegar que o exeqüente, em excesso de
execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, deverá
declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição
liminar dessa impugnação (art. 475-L, §2º, CPC).
A impugnação não terá efeito suspensivo imediato, podendo o juiz atribuir-
lhe tal efeito desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento
da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave
dano de difícil ou incerta reparação (art. 475-M, CPC). Ainda que atribuído
efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e
idônea, arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos (§1º).
f) Decisão da impugnação: A decisão que resolver a impugnação é
recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção
da execução, caso em que caberá apelação (§3º).
Decidida a impugnação sem que haja fim do processo (“improcedência”), a
fase executiva seguirá o procedimento da execução de título extrajudicial.
DN