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ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ Nº 186 JANEIRO DE 2005 JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOS DOS DOS DOS DOS Cofecon tem novo presidente: Pascotto Economia: um Economia: um Economia: um Economia: um Economia: um outr outr outr outr outro modelo é possível modelo é possível modelo é possível modelo é possível modelo é possível Página 3 Rio: investindo Rio: investindo Rio: investindo Rio: investindo Rio: investindo menos menos menos menos menos em saúde em saúde em saúde em saúde em saúde Página 15 O Conselho Federal de Economia tem novo presidente: Sidney Pascotto, ex-presidente do Corecon-RJ. Entre as pro- postas da nova gestão estão a dinamização dos Conselhos Regionais e o aprofundamento das relações com as entidades da sociedade civil e com os movimentos sociais. Páginas 8

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Page 1: novo presidente - Corecon-RJ · Ronaldo Raemy Rangel, Francisco Bernardo de Arantes Karam · Conselheiros Suplentes: Suplentes: Gilberto Alcântara da Cruz, Jorge de Oliveira Camargo,

ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ

Nº 186 JANEIRO DE 2005JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOSDOSDOSDOSDOS

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Rio: investindoRio: investindoRio: investindoRio: investindoRio: investindomenos menos menos menos menos em saúdeem saúdeem saúdeem saúdeem saúde

Página 15

O Conselho Federal de Economia tem novo presidente:

Sidney Pascotto, ex-presidente do Corecon-RJ. Entre as pro-

postas da nova gestão estão a dinamização dos Conselhos

Regionais e o aprofundamento das relações com as entidades

da sociedade civil e com os movimentos sociais.

Páginas 8

Page 2: novo presidente - Corecon-RJ · Ronaldo Raemy Rangel, Francisco Bernardo de Arantes Karam · Conselheiros Suplentes: Suplentes: Gilberto Alcântara da Cruz, Jorge de Oliveira Camargo,

EDITORIAL

ÓrÓrÓrÓrÓrgão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial doCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJ

ISSN 1519-7387

Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial: Gilberto Alcântara, GilbertoCaputo Santos, José Antônio Lutterbach Soares, PauloMibielli, Paulo Passarinho, Rafael Vieira da Silva, Ro-gério da Silva Rocha e Ruth Espínola Soriano.

Editor: Editor: Editor: Editor: Editor: Nilo Sérgio GomesCorreio eletrônico: [email protected]ção:Ilustração:Ilustração:Ilustração:Ilustração: AliedoCaricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista: Cássio LoredanoDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e Finalização:inalização:inalização:inalização:inalização:Rossana Henriques (21) 2462-4885FFFFFotolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Impressão:essão:essão:essão:essão: TipológicaTTTTTiragem: iragem: iragem: iragem: iragem: 13.000 exemplaresPPPPPeriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade: Mensal

Correio eletrônico: [email protected]

As matérias assinadas por colaboradores não refle-tem, necessariamente, a posição das entidades.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigosdesta edição, desde que citada a fonte.

CORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJ

Av. Rio Branco, 109 · 19º andarRio de Janeiro · RJ · Centro · CEP 20054-900

Telefax: (21)2232-8178 ramal 22Correio eletrônico: [email protected]

internet: http://www.corecon-rj.org.brPPPPPrrrrresidente: esidente: esidente: esidente: esidente: José Antônio Lutterbach Soares · VVVVVice-ice-ice-ice-ice-prprprprpresidente:esidente:esidente:esidente:esidente: João Manoel Gonçalves Barbosa ·ConConConConConselheirselheirselheirselheirselheiros Efetivos:os Efetivos:os Efetivos:os Efetivos:os Efetivos: Carlos Henrique TibiriçáMiranda, José Antonio Lutterbach Soares, Renata LeitePinto do Nascimento, Ceci Juruá, João ManoelGonçalves Barbosa, Nelson Victor Le Cocq d´Oliveira,Ronaldo Raemy Rangel, Francisco Bernardo de ArantesKaram · ConConConConConselheirselheirselheirselheirselheirososososos Suplentes: Suplentes: Suplentes: Suplentes: Suplentes: Gilberto Alcântarada Cruz, Jorge de Oliveira Camargo, Rogério da SilvaRocha, Julio Flavio Gameiro Miragaya, Gilberto CaputoSantos, Arthur Câmara Cardozo, Mario Luiz FreitasLemos, Eduardo Carnos Scaletsky.

SINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICATO DOSTO DOSTO DOSTO DOSTO DOSECONOMISTECONOMISTECONOMISTECONOMISTECONOMISTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTADO DO RJADO DO RJADO DO RJADO DO RJADO DO RJ

Av. Treze de Maio, 23 · Grupos 1607/1608/1609 Rio de Janeiro · RJ · CEP 20031-000

Tel.: (21)2262-2535 · Telefax: (21)2533-7891 e 2533-2192Correio eletrônico: [email protected]

Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Paulo Passarinho · CoorCoorCoorCoorCoordenadordenadordenadordenadordenadorde Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: Sidney Pascotto ·DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais: RonaldoRangel, Ceci Juruá, Rogério da Silva Rocha, RafaelVieira da Silva, Nelson Le Cocq, Antônio Melki Jr eEduardo Carnos Scaletsky · CoorCoorCoorCoorCoordenador dedenador dedenador dedenador dedenador deRelações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: João Manoel GonçalvesBarbosa· DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais: JúlioMiragaya, Gilberto Caputo Santos, Sandra Maria deSouza, Carlos Tibiriçá Miranda, José Fausto Ferreira,César Homero Lopes, Neuza Salles Carneiro e reginaLúcia Gadioli dos Santos · CoorCoorCoorCoorCoordenador dedenador dedenador dedenador dedenador deDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e Finanças: inanças: inanças: inanças: inanças: Gilberto Alcantara da Cruz ·DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Finanças:inanças:inanças:inanças:inanças: WellingtonLeonardo da Silva e José Jannotti Viegas · ConselhoConselhoConselhoConselhoConselhoFFFFFiscal: iscal: iscal: iscal: iscal: Ademir Figueiredo, Luciano Amaral Pereira eJorge de Oliveira Camargo.

Jornal dos

2 jornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeiro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

Um outro mundoé possível

A o fecharmos esta primeira edição de2005, cerca de 200 mil pessoas fazi-am a Caminhada pela Paz, em Porto

Alegre, e mais de 120 mil já estavam inscritaspara participar das sessões da quinta ediçãodo Fórum Social Mundial.

Entre as inúmeras discussões presentes aoevento, destaques para temas como a econo-mia solidária, o microcrédito para os microse pequenos empreendimentos, as iniciativascontra o neoliberalismo e pela implementaçãode novas relações internacionais, a luta dospovos indígenas, o combate à fome, à pobre-za e às epidemias, em especial, o vírus HIV,que tira a vida de milhões de pessoas na Áfri-ca, bem como o respeito às diferenças, àsdiversidades e às liberdades de culto e de credo.

Sumário

Página 3 Por que um novo desenvolvimentismo? –

João Sicsú, Luiz Fernando de Paulo e Renaut Michel

Página 6 Porque o Rio deixou de crescer – Mauro Osório

Página 8 Entrevista – Sidney Pascotto

É fundamental mobilizar a sociedade

Página 10 Artigo do Leitor – Racionalismo versus política econômica

Paulo de Albuquerque

Página 11 Estudos – Os entraves do microcrédito

Alexander Herzog Cardoso

Página 13 Ásia – Tsunami fará aumentar a pobreza – Arun Raste

Página 15 Fórum popular de orçamento – Rio reduz investimento em saúde

Página 16 Conselho lança Prêmio Celso Furtado

São temas que, hoje, mobilizam e agluti-nam milhares e milhões de pessoas em toda equalquer parte do planeta. Cada vez mais, asvozes por uma nova globalização têm se fei-to ouvir, mostrando suas múltiplas faces, ex-pressões de um novo internacionalismo, semhegemonias e tutelas, que parece e aparececada vez mais possível.

Vozes, faces e expressões que, no a-cúmulo das experiências mundiais, vão setornando mais inequívocas, levando suasagendas e suas demandas a um público cadavez maior, tornando, a cada passo, mais ine-vitável a proposição de que um novo mun-do é possível.

Basta querer e lutar por ele.Depende de nós.

O Corecon-RJ apóia e divulga o programa Faixa Livre, apresentado por Paulo Passarinho, de segundaà sexta-feira, das 7h30 às 9h, na Rádio Bandeirantes, AM, do Rio, 1360 khz.

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“novo-desenvolvimentismo” tem di-versas origens, entre as quais a visãode Keynes e de economistas keyne-

sianos contemporâneos, como Paul Davidsone Joseph Stiglitz, de complementaridade en-tre Estado e mercado e a visão cepalina neo-estruturalista que, tomando como ponto departida que a industrialização latino-americananão foi suficiente para resolver os problemasde desigualdades sociais na região, defende aadoção de uma estratégia de “transformaçãoprodutiva com equidade social”, que permitacompatibilizar um crescimento econômico sus-tentável com uma melhor distribuição de renda.

O projeto “novo-desenvolvimentista” nãoobjetiva pavimentar a estrada que poderia le-var o Brasil a ter uma economia centralizada,com um Estado forte e um mercado fraco, nemconstruir o caminho para a direção oposta, emque o mercado comandará unicamente a eco-nomia, com um Estado fraco. Contudo, entre

Por que um novodesenvolvimentismo?

João Sicsú**

, Luiz Fernando de Paula***

e Renaut Michel****

Este artigo resume a introdução feita pelos organizadores dolivro, ”Novo-Desenvolvimentismo: um projeto nacionalde crescimento com equidade social” (Editora Manole/Fundação Konrad Adenauer, 2005), que tem como parti-da o conceito de “Novo-desenvolvimentismo” para discu-tir alternativas de políticas para o Brasil, que permita con-ciliar crescimento sustentado com equidade social. Olivro trata de temas diversos como macroeconomiado pleno emprego, negociações da Alca, vul-nerabilidade externa e saldos comerciais, concen-tração de renda, exclusão social, mercado detrabalho, microcrédito, relações raciais e de-senvolvimento, modernização do sistema finan-ceiro, spread bancário e dívida pública

1.

esses dois extremosexistem ainda mui-tas opções. Avalia-mos que a melhordelas é aquela em queseriam constituídos um Estado, forte que esti-mula o florescimento de um mercado forte.

Estado mínimo e mão invisível

No âmbito da teoria econômica, a discus-são inicial sobre o papel do Estado foi, emcerta medida, abordada de forma sistemati-zada e ampla por Adam Smith, em sua clássi-ca obra “A Riqueza das Nações”, de 1776.Nela, Smith tentou mostrar que a economiatem uma lógica própria: os agentes econômi-cos, buscando satisfazer seus interesses indi-viduais, espontaneamente, organizam a eco-nomia de forma eficiente. Tal abordagemficou conhecida pela imagem metafórica da

mão invisível. Esta seria representada pelo con-junto de forças individuais operando na maispura concorrência para realizar as necessida-des de vendas (oferta) e de compras (deman-da). Portanto, satisfazendo em sua plenitudeos desejos individuais.

Os mais produtivos venderiam maioresquantidades a preços menores e, portanto,suas capacidades de comprar e acumular ri-quezas seriam também maiores, mas elas se-riam apenas uma recompensa por suas habi-lidades individuais. Portanto, os maisprodutivos tenderiam a enriquecer, enquantoos menos eficientes tenderiam a sofrer e adesaparecer, em uma espécie de seleção na-tural dos mais aptos feita pelo mercado. Na

O

ALTERNATIVAS

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visão smithiana, o Estado seria um corpo es-tranho, com capacidade de interferir e atra-palhar a realização de impulsos, necessidadese recompensas individuais naturais.

Estado e mercado fortes

O economista inglês John Maynard Keynes,em seu texto de 1926, “O fim do laissez-faire”,e em sua obra mais conhecida, “A Teoria Ge-ral do Emprego, do Juro e da Moeda”, de 1936,concluiu, diferentemente do que afirmam osadeptos da mão invisível, que a racionalidadeindividual não produz necessariamente o me-lhor resultado para a sociedade: “o mundo nãoé governado do alto de forma que o interesseparticular e o social sempre coincidam (...) Não

constitui uma dedução correta dos princípiosda Economia que o auto-interesse esclarecidosempre atua a favor do interesse público”.

Portanto, a política do laissez-faire é consi-derada inadequada como solução dos proble-mas econômicos e sociais do mundo contem-porâneo, particularmente no que se refere aodesemprego e à distribuição de renda. Keynesfoi um dos economistas que mais defendeu a

constituição de um mercado forte, isto é, ummercado com elevada capacidade de ofertar ede abrigar produtores grandes, médios e pe-quenos. Entretanto, defendeu a igualdade deoportunidades e acessos; e nunca deixou delevar em conta o custo da concorrência entreempresários e entre trabalhadores.

Sem um Estado forte, monopólios tendema se estabelecer, trazendo para os empresários asensação de lucro fácil e de descaso com a ne-cessidade de redução de preços e melhoria daqualidade de sua produção. Sem um Estado for-te, o mercado será anêmico – conformando umasituação em que os empresários se acomodame perdem o ímpeto revolucionário da inovação,da redução de custos e da melhoria da qualida-de das mercadorias que produzem. Keynes ava-

liava que o Estado seria capaz de arbitrar eestimular a concorrência e de influir de for-ma decisiva sobre as variáveis econômicasmais relevantes, entre elas, o desemprego ea distribuição de renda e de riqueza.

A alternativa“novo-desenvolvimentista”

A alternativa “novo-desenvolvimentis-ta” aos males do capitalis-

mo é a constituição de umEstado capaz de regulara economia – que deveser constituída por um

mercado forte e um siste-ma financeiro funcional – isto

é, que seja voltado para o finan-ciamento e não para a atividade es-

peculativa. Portanto, na visão novo-desenvolvimentista, a concorrência é

necessária porque estimula ainovação por parte dos em-presários que tentam ma-ximizar o lucro, o que tor-na o capitalismo dinâmicoe revolucionário, e estabe-lece remunerações e rique-zas diferenciadas aos indi-

víduos de acordo com suas habilidades. Masdevem existir regras reguladoras para que nãose tenha como resultado da concorrência o ób-vio: perdem os grandes porque numa brigasempre se incorre em custos e desaparecem osmenores simplesmente porque são menores.

Um Estado forte pode regular a concor-rência – o resultado deve ser a constituição deum mercado forte onde predomina a busca

pela redução de custos e de preços, pelamelhoria da qualidade dos serviços e produ-tos e onde, conseqüentemente, haverá um re-duzido desemprego, já que os menores e/oumenos eficientes também poderiam trabalhar,produzir, enfim, fazer parte do mercado. Oresultado da concorrência desregulada é a elimi-nação dos pequenos e médios, o aumento depreços e a redução da qualidade dos produtose serviços graças à conquista de uma situaçãopura de oligopólio ou, mesmo, monopólio.

Na concepção novo-desenvolvimentista, oEstado deve ser forte para permitir ao gover-no a implementação de políticas macroeco-nômicas defensivas ou expansionistas. Políti-cas de caráter defensivo são, por exemplo,aquelas que reduzem a sensibilidade do país acrises cambiais; e políticas expansionistas refe-rem-se àquelas medidas de promoção do ple-no emprego, sobretudo em contextos reces-sivos. Políticas industrial e de comércio exteriordevem e podem ser utilizadas para estimular acompetitividade da indústria e melhorar a in-serção do país no comércio internacional.

Redução da vulnerabilidade externa

Um projeto novo-desenvolvimentista devebuscar formas de blindar a conta de capital dobalanço de pagamentos, isto é, fórmulas devemser buscadas com o objetivo de reduzir os efei-tos desses choques internos e/ou externos so-bre a taxa de câmbio. Afinal, vários estudos têmmostrado os efeitos nefastos que a excessivavolatilidade da taxa de câmbio, em países emdesenvolvimento, tem sobre decisões de inves-timento, inflação, dívida pública, etc.

Neste sentido, deve-se buscar adotar me-didas políticas que diminuam a volatilidadeexcessiva da taxa de câmbio e, ao mesmo tem-po, mantenha uma taxa de câmbio atraentepara fomentar as exportações. Há experiên-cias relevantes na história da economia mun-dial que podem ser consideradas lições, por-que podem indicar algumas linhas gerais deuma estratégia de blindagem para a economiabrasileira. São linhas alternativas àquelassugeridas pelos economistas monetaristasneoliberais, pelos analistas ligados aos sistemasfinanceiros nacional e internacional e pelosprogramas de apoio/empréstimos do FMI.

Essa é uma das diferenças fundamentaisentre o velho e novo desenvolvimentismo.Enquanto o primeiro focava suas políticasdefensivas na balança comercial, procurando

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Colaboram no livro: Carlos Eduardo Carvalho, Cláudio Salm, David Kupfer, Fábio Ono, Fernando Cardim de Carvalho, Frederico Jayme Jr., Guilherme Jonas, J. Carlos de Assis, JoséCláudio Ferreira, Jennifer Hermann, João Sabóia, João Sicsú, José Luís Oreiro, Leda Paulani, Bresser-Pereira, Luiz Fernando de Paula, Marcelo Paixão, Marco Crocco, Maria de Lourdes R.Mollo, Paulo Nogueira Batista Jr. e Renaut Michel

tornar a economia menos dependente da ex-portação de produtos primários, uma vez quea economia brasileira transitava de uma eco-nomia agro-exportadora para uma economiaindustrial, o segundo – o “novo-desenvol-vimentismo”, neste particular, está basica-mente preocupado em estabelecer critériosde controle da conta de capitais para que opaís possa ter trajetórias de crescimentos nãoabortadas e possa constituir políticas autô-nomas rumo ao pleno emprego e à equidadesocial. O protecionismo moderno deve sero da conta de capitais – as transações co-merciais devem ser liberalizadas, embora estaabertura deva ser feita de forma inteligente,cautelosa e negociada para que reciprocida-des que interessem às exportações brasilei-ras sejam conquistadas.

Competitividadeindustrial e eqüidade

Uma das características do processo de in-dustrialização latino-americano – incluindo, oBrasil – é a assimetria entre um elevado com-ponente de imitação e um componente margi-nal de inovação econômico-social. Ademais,nenhum país da região logrou simultaneamentecrescimento e equidade social. Economiasbem-sucedidas em termos de crescimento eeqüidade compartilham uma característica bá-sica, que é a incorporação do progresso técni-co e elevação da produtividade. Neste contex-to, em função das insuficiências no âmbito daequidade e da baixa incorporação do progres-so técnico em setores-chave da indústria, o cres-cimento econômico e a competitividade apre-sentaram um comportamento claramenteespasmódico na América Latina.

Portanto, nos países latino-americanos,como o Brasil, é fundamental a realizaçãode uma transformação produtiva que resul-te na elevação da produtividade da mão-de-

obra, que dê sustentação a uma competitivi-dade internacional autêntica, apoiada na in-corporação de progresso técnico e em prá-ticas gerenciais inovadoras.

Para tanto, uma política abrangente deveser adotada, incluindo o fortalecimento dabase empresarial do país, adoção de uma po-lítica industrial voltada para a melhoria dacompetitividade das exportações de maior va-lor agregado, desenvolvimento de uma infra-estrutura voltada para a competitividadesistêmica, melhoria no nível de qualificaçãoda mão-de-obra, etc. A aprendizagemtecnológica e o fortalecimento da competiti-vidade internacional requerem instituiçõespúblicas dotadas de capacidade de articula-ção dos diversos agentes produtivos, laborais,educativos, de pesquisa e de financiamento.

Projeto nacionale o novo-desenvolvimentismo

Nenhum país se desenvolveu ou se man-tém desenvolvido – tal como os Estados Uni-dos, a França ou a Alemanha – ou entra emrota de desenvolvimento – tais como algunspaíses asiáticos – sem um projeto claro queexpressasse o sentimento de nação. O senti-mento nacionalista reforça um projeto de de-senvolvimento, particularmente no mundoatual em que as finanças e os negócios estão,em grande parte do mundo, integrados. Na-cionalismo significa tão somente um conjun-to de atitudes de governos e cidadãos com oobjetivo de defender o capital e o trabalho doseu país, no mundo em que empresas com-petem por novos mercados e em que capitaisfinanceiros buscam, além de suas fronteiras,aumentar a sua rentabilidade exigindo meno-res riscos. Ou seja, um projeto de desenvol-vimento que atenda os interesses nacionais eque permita uma inserção soberana do paísna economia internacional.

A história mundial mostra também que nãohá capitalismo forte sem um empresariadonacional forte. Em outras palavras, sem a con-solidação de um “núcleo endógeno” empresa-rial o desenvolvimento torna-se frágil, pois nãose criam grupos empresariais capazes de par-ticiparem em igualdade de condições do pesa-do jogo de competição internacional de co-mércio e investimentos.

Redução da desigualdadee crescimento

Um dos debates acalorados dentro da eco-nomia diz respeito aos mecanismos para asse-gurar uma melhor distribuição da renda e dariqueza, colocando em oposição aqueles eco-nomistas que entendem que a qualificação damão-de-obra e as políticas sociais são os instru-mentos mais eficientes para se alcançar ummelhor perfil distributivo, com outro grupo deeconomistas que entende ser o crescimento eco-nômico, a taxas elevadas e permanentes, que vaiassegurar uma melhora no perfil distributivo.

A perspectiva novo-desenvolvimentista éde um meio termo entre as duas posições acima,pois se entende que somente o crescimento eco-nômico a taxas elevadas e continuadas podeminorar o problema da desigualdade na eco-nomia brasileira. Contudo, ela é condição ne-cessária, mas não suficiente.

As políticas sociais e educacionais são funda-mentais para a inclusão econômica formal de seg-mentos da população com baixíssimos rendi-mentos e para a melhoria na distribuição de renda.Todavia, qualificação sem crescimento produzi-rá, por exemplo, uma gama de trabalhadores bem-educados subempregados ou desempregados.

Políticas sociais isoladas da retomada docrescimento podem se revelar incapazes de ga-rantir uma maior igualdade e, talvez mais gra-ve, podem se transformar em políticas assis-tencialistas, com todos os riscos políticosinerentes a estes processos.

** Professor do Instituto de Economia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ).E-mail: [email protected]*** Professor da Faculdade de Ciências Econômicas daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (FCE/UERJ).E-mail: [email protected]**** Professor da Universidade Candido Mendes (UCAM).E-mail: [email protected]

Um dos debates acalorados dentro da economia dizrespeito aos mecanismos para assegurar uma melhordistribuição da renda e da riqueza

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6 jornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeiro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

MEMÓRIA Mauro Osório* e Alvaro Cesário Alvim Berbel**

cidade do Rio de Janeiroorganiza-se, inicialmente,como porto e fortificação

militar. A partir da vinda da fa-mília real, em 1808, a região con-solida-se como centro cultural,político e econômico, passando aatuar como cidade-Capital – con-forme a definição do historiadorGiulio Argan de que, nos espa-ços nacionais, existem cidadesque cumprem a função do “lugarda política e da cultura, comonúcleo da sociabilidade intelectuale da produção simbólica, repre-sentando, cada uma à sua manei-ra, o papel de foco da civilização,núcleo da modernidade, teatro dopoder e lugar de memória”.

Dessa forma, a cidade do Riode Janeiro, apesar de perder a li-derança econômica para SãoPaulo, no início do século XX,mantém o seu dinamismo eco-nômico, tendo em vista a cen-tralidade adquirida e o fato de sera Capital da República. Essa si-tuação apresenta um ponto deinflexão a partir de 1960, com o

Porque o Rio deixou de crescer

Economistas retomam discussão sobre asituação do Estado do Rio de Janeiro esuas relações com o Governo Federal

início do processo de transferên-cia da Capital para Brasília.

No mesmo sentido, a “VelhaProvíncia” (antigo Estado doRio de Janeiro) deriva o seu di-namismo econômico a partir dadecadência da produção cafeeira,dos investimentos federais rea-lizados em seu território – comoos da Companhia SiderúrgicaNacional, Álcalis, Fábrica Naci-onal de Motores e a Refinaria deDuque de Caxias – e da proxi-midade das atividades econômi-cas existentes na cidade do Rio,de seu mercado consumidor e detrabalho, vindo a sofrer também,pesadamente, com o processo detransferência da Capital.

Decadência econômica

Como conseqüência, a regiãoque engloba o atual Estado do Riode Janeiro passa a apresentar, apartir dos anos 1970, as menorestaxas de crescimento do PIB en-tre todas as unidades federativas,sendo que, segundo dados doIBGE, apresenta, no período de1970/2000, uma perda de parti-cipação no total do PIB brasileirode 23,76%, contra uma perda departicipação paulista de 15,44% –que vem a ser a segunda pior en-tre todas as unidades federativas.

Do ponto de vista industrial,o estado do Rio de Janeiro apre-senta, no mesmo período, uma

perda de participação de 38,41%,apenas superada pela perda departicipação do Amapá e dePernambuco.

No que se refere à evolução doemprego formal, utilizando a sériehistórica existente para o período1985/2002 (MTE/RAIS), verifica-mos que o estado apresenta umbaixo crescimento de 9,3%, con-tra um crescimento no total de em-pregos formais no país de 39,98%.

No período mais recente, ape-sar de notícias que periodicamen-te permeiam a mídia, não acredi-tamos já estar em curso umprocesso de reversão consistenterelativamente ao desenvolvimen-to econômico-social da região.Isto pode ser visto, por exemplo,a partir do fato de, no períodojan-2000/jan-2004, apesar doEstado do Rio de Janeiro apre-sentar para o total da indústriaextrativa e de transformação umcrescimento equivalente ao bra-sileiro, devido ao incremento dosetor petróleo, quando anali-samos somente a indústria de

Não acreditamos já estar em curso umprocesso de reversão consistenterelativamente ao desenvolvimento

econômico-social da região

A

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7jornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeirjornal dos economistas - janeiro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

transformação, o estado apresen-ta um crescimento de apenas 5%,enquanto a taxa para o país é de15% (IBGE). Além disso, no pe-ríodo nov-2003/nov-2004, doponto de vista da produção in-dustrial, o Estado do Rio de Ja-neiro apresenta um crescimento,no que se refere à indústria emgeral e à indústria de transforma-ção, respectivamente, de 3,69%e 4,80%, contra um crescimentono país de 8,06% e 8,17% (IBGE).Do ponto de vista do número depessoas ocupadas nas principaisregiões metropolitanas, no perí-odo nov-2003/nov-2004, o Riode Janeiro apresenta um cresci-mento de 1,96%, enquanto ocrescimento na região metropo-litana de Salvador foi de 5,08%,na de Belo Horizonte, de 4,31%,na de São Paulo, de 4,31%, emRecife, de 1,84%, e em Porto Ale-gre, de 1,59% (IBGE).

Acreditamos que essa evolu-ção tenha relação, centralmente,com os seguintes fatores: a) oprocesso de transferência da Ca-pital que se inicia em 1960 e quesofre uma aceleração na décadade 1970; b) a indústria aqui ins-talada não estar centrada na pro-dução de bens de consumo durá-vel e de exportação, que são ossetores mais beneficiados no pe-ríodo do milagre econômico; c) a cri-se econômico-fiscal que se instau-ra na economia brasileira, a partirda década de 1980, e que atingesobremaneira esta região, pelascaracterísticas de sua produçãovoltada para o mercado interno,e o grande peso do gasto públicofederal; d) e, por último, mas nãomenos importante, o fato de

ocorrer, na região, uma demorana percepção das conseqüênciasda mudança da Capital, o queacreditamos acontecer, em algu-ma medida, até os dias atuais, ede não se consolidar, desde osanos 60, inicialmente na Guana-bara e posteriormente no Esta-do do Rio de Janeiro, a organiza-ção de uma estratégia consistentede fomento ao desenvolvimentoregional, que se faz necessáriadesde a inauguração de Brasília.

As cassações políticas

Por sua vez, não podemosdeixar de acentuar que, do pontode vista da dinâmica da políticana cidade do Rio de Janeiro –hegemonizada na região peloPTB e a esquerda como um todo,por um lado, e a UDN, por ou-tro –, ocorre um forte processode cassação de suas principais li-deranças, a partir do golpe de 64.Isto pode ser verificado no fatode dos 10 deputados federais elei-tos pelo PTB, em 1962, oito se-rem cassados no correr da déca-da de 70. E ainda do fato de aUDN também vir a ser pesa-damente atingida pelo rompi-mento de Carlos Lacerda com oregime militar, no correr dos anos60, sendo cassados ele e todos osseus seguidores, que aderem àFrente Ampla de oposição, arti-culada com Juscelino Kubitscheke João Goulart.

Esse processo tem como con-seqüência a ampliação do pesopolítico de Chagas Freitas e da ló-gica de clientela na vida da cidadee, posteriormente, no novo Esta-do do Rio de Janeiro. Acredita-

mos, assim, que a ausência de di-namismo econômico e a deterio-ração pela qual vem passando oRio de Janeiro tenha como cau-sas, por um lado, a falta de articu-lação de uma adequada estratégiaregional de desenvolvimento eco-nômico-social e, por outro, o pesocrescente que vem tendo a lógicade clientela neste território e a con-seqüente deterioração da máqui-na pública estadual.

Entendemos, portanto, quenão procede o discurso, muitopresente, no momento, que oRio de Janeiro seria “persegui-do” pelo poder federal e que istoteria influência na dinâmica daregião, sendo mesmo que, aocontrário de ocorrer discrimina-ção relativamente ao Rio de Ja-neiro, o governo deste estadonão vem tendo, pela deteriora-ção de sua máquina pública, se-quer condições de obter os re-cursos federais disponíveis –como, por exemplo, na área da

Companhia Estadual de Água eEsgoto (Cedae) e da segurançapública, conforme recorrente-mente apresentado em diversosórgãos da mídia ou, ainda, de fo-mentar pesquisas e articular po-líticas que tragam maioresbenefícios para a região – porexemplo, a partir das potencia-lidades existentes pela presençado petróleo e do Porto de Sepe-tiba ou potencializando correta-mente projetos exitosos, comoo do pólo de gás químico, proje-to este articulado em toda a suaconcepção e implantação inicialpelo Governo Federal, com oapoio da Federação das Indús-trias do Rio de Janeiro (Firjan),através do programa de ações fe-derais no Rio de Janeiro criadoem 1994.

* Economista, professor da UFRJ e Dou-tor em Planejamento Urbano e Regionalpelo IPPUR/UFRJ** Economista e mestrando em Adminis-tração pelo Coppead/UFRJ

Entendemos, portanto, que não procede o discurso,muito presente, no momento, que o Rio

de Janeiro seria “perseguido” pelo poder federal

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buscando a democratização dosorçamentos públicos. E tambéma ter uma política mais ativa juntoà mídia para alavancar o prestígiodos Corecons e dos economistasjunto à sociedade. O desafio é de-senvolver outros instrumentos decomunicação integrada, voltadospara diversos tipos de público. Astevês, rádios comunitárias e pú-blicas poderão cumprir papel im-portante neste processo, nos dife-rentes estados da Federação.

JE – Quais serão os grandes parceiros

e aliados do Cofecon para a realização

do programa de gestão que se propõe?

Pascotto – Os membros doCofecon, os Corecons, os Sindica-tos dos Economistas e as entida-des da sociedade civil organizada.

JE – Quais os principais entraves e

obstáculos para uma efetiva gestão

do Cofecon?

Pascotto – Serão necessários al-guns ajustes na máquina adminis-

“É fundamentalmobilizar a sociedade”

ENTREVISTA Sidney Pascotto – novo presidente do Cofecon

Aproximar os Conselhos Regionais de Economia da estrutura nacional do Conselho Federal,equipar e oferecer treinamento às estruturas dos Corecons, contribuindo para a superação deestrangulamentos administrativos e operacionais, aprofundar o relacionamento das entidadescom os profissionais de economia e com as demais entidades da sociedade civil estão entre osplanos de ação da nova gestão do recém eleito presidente do Conselho Federal de Economia(Cofecon), Sidney Pascotto, presidente do Corecon-RJ, em 2003. Crítico da política econômicaque vem sendo adotada pelo Governo Lula, Pascotto, o primeiro negro a ocupar a presidênciado Cofecon, defende a mobilização da sociedade para as lutas políticas e sociais que estão naagenda do movimento social, entre elas, a reforma agrária e uma reforma tributária que estejavoltada para a democratização e a justiça fiscal e a distribuição da renda. O JE foi ouvir o novopresidente do Cofecon para conhecer as suas propostas.

trativa e a criação de condiçõespara que os Corecons superem osestrangulamentos administrativose operacionais.

JE – Nos últimos anos a economia

passou a ter um papel que parece pre-

dominar sobre a política. Qual a sua

opinião: isto é bom ou não?

Pascotto – Logo após a posse,em janeiro de 2003, o GovernoLula falou de “herança maldita”quando tratava da gravidade doquadro econômico. Entretanto,quando olhamos os fundamentosda política econômica do Gover-no Lula, verificamos que a mes-ma não caminhou para lado ne-nhum, ela se manteve. A políticaeconômica de Lula, portanto, éigual à de Fernando HenriqueCardoso, centrada no ajuste fis-cal. Para os próceres da políticaeconômica do Governo Lula, oajuste fiscal de FHC não foi sufi-ciente, daí não ter vencido avulnerabilidade. A solução é fa-

zer este ajuste o mais duro possí-vel, reduzir a relação dívida pú-blica / PIB, de tal maneira quedê credibilidade aos investidores.Mas outras medidas que foramtomadas mostram que o Gover-no Lula tem se distanciado docompromisso de mudanças. É ocaso da Reforma da Previdência,da Lei de Falências e a propostade Reforma Tributária, que nãoredesenha a estrutura tributária.

JE – A Medida Provisória 232, que

aumenta o Imposto de Renda, é refle-

xo desta decisão de não alterar a es-

trutura tributária?

Pascotto – Sem dúvida. Na his-tória do Sistema Tributário Bra-sileiro não vislumbramos ne-nhum período que pudéssemoscaracterizar como sendo decompromisso com justiça fiscal,com progressividade dos im-postos numa perspectiva defortalecimento do setor produ-tivo, especialmente dos setores

Jornal dos Economistas –Quais as prioridades do Cofecon em

sua gestão?

Sidney Pascotto – Do ponto devista interno do sistema Cofe-con/Corecons será implementar,imediatamente, uma política deaparelhamento e treinamento daárea de fiscalização do exercícioprofissional, fortalecer e otimizaro trabalho das Comissões do Ple-nário, criar imediatamente umFundo de Apoio aos Conselhospara superar estrangulamentosadministrativos e operacionais.Do ponto de vista da relação como conjunto dos economistas, va-mos implementar, em parceriacom os Corecons, um programanacional de reciclagem e atuali-zação profissional. Já estamosadotando providências paraviabilização imediata. O Cofecondesenvolverá ações capazes de es-timular os Corecons a ajudaremna criação e fortalecimento deFóruns Populares do Orçamento,

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produtores de bens de consumode massa e de distribuição derenda. A tributação sempre foiutilizada como um instrumentode concentração de riqueza erenda, onerando o bolso dosmais pobres e aliviando o dosmais ricos. O governo de Fer-nando Henrique, sintonizadocom as orientações dos organis-mos financeiros internacionais,procedeu alterações na legislaçãotributária, criando um ambienteainda mais favorável ao capitalespeculativo e aos oligopólios;promoveu um desmonte da má-quina fiscal; criou amarras buro-cráticas ao trabalho da fiscaliza-ção; instituiu o Refis, permitindoparcelamentos, indefinidamente;concedeu anistias fiscais às em-

presas; congelou a tabela de des-conto do imposto de renda dapessoa física e diminuiu as de-duções permitidas; elevou aalíquota do IRPF dos assalaria-dos; aumentou a Confins em50%; manteve e consolidou aCPMF, hoje com uma taxa de0,38%; e elevou a tributação daspequenas e médias empresas edos assalariados. O GovernoLula, por sua vez, detentor deenorme legitimidade junto à po-pulação brasileira, que poderiater encaminhado, logo nos pri-meiros meses do governo, umprojeto corrigindo a histórica eperversa política fiscal, preferiufazer remendos, cujo pano defundo é aumentar a arrecadaçãopara perseguir um equilíbrio fi-

nanceiro, um elevado superávitprimário, perdendo de vista, porsua vez, o sacrifício a que estásubmetida a maioria do povo.Nesta perspectiva, não basta de-nunciar e procurar instrumentospara barrar a MP-232. É funda-mental mobilizar a sociedadebrasileira para exigir do gover-no uma Reforma Tributária quecontemple, em seu conteúdo,medidas como: a extinção da tri-butação em cascata; a revogaçãoda dedutibilidade dos juros so-bre o capital próprio; a garantiade que os rendimentos de capi-tal serão submetidos a uma ta-bela progressiva anual; a revoga-ção da isenção na distribuição delucros e dividendos; a tributaçãoda remessa de lucros ao exteri-or; a correção regular da tabelaprogressiva do imposto de ren-da; a revisão e ampliação das de-duções do imposto de renda dapessoa física; a não tributação darenda mínima existencial; a isen-ção de impostos para os alimen-tos da cesta básica; a recupera-ção da alíquota de 35% para

rendas elevadas ou acentuar aprogressividade; aumentar a tri-butação sobre o grande pa-trimônio rural; o fortalecimen-to da fiscalização tributária; ocontrole do fluxo de capital; aforça tarefa para combater a la-vagem de dinheiro e combaterefetivamente a sonegação.

JE – E a avaliação mais geral sobre o

Governo Lula – a esperança está ven-

cendo realmente o medo?

Pascotto – Ao contrário, nossaesperança tem sido golpeada in-cessantemente pelo medo. Osmovimentos sociais, em especi-al, o Movimento dos Trabalha-dores Sem Terra (MST), mastambém instituições importantes,como a Conferência Nacionaldos Bispos do Brasil (CNBB),têm questionado a morosidadedo Governo Lula em agir em de-terminadas frentes, com destaquepara a reforma agrária e os pro-gramas sociais, que não deslan-cham, como o próprio Fome Zero.

JE – Por que isso acontece, em seu

ponto de vista?

Pascotto – É lamentável ver osministros Olívio Dutra (das Ci-dades), Miguel Rosseto (do De-senvolvimento Agrário), PatrusAnanias (do DesenvolvimentoSocial), Matilde Ribeiro (da Secre-taria Especial de Promoção deIgualdade Racial) e Ciro Gomes(da Integração Nacional), e assuas respectivas equipes, tendosuas competências questionadas,em um cenário em que os recur-sos orçamentários são dire-cionados fundamentalmente paraatender o sistema financeiro, viapagamento das dívidas.

JE – Em sua avaliação, o que está

dando certo e o que está dando errado

no Governo Lula?

Pascotto – No Governo Lula, até omomento, merece destaque a políti-ca externa, bastante habilidosa nadefesa dos interesses nacionais.

Os movimentos sociais, em especial, o MST, mastambém instituições importantes, como a CNBB,têm questionado a morosidade do Governo Lulaem agir em determinadas frentes

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o caso específico a que nos referimos,esse nível de atratividade deve ser detal ordem que desestimule o aplicador

de recursos a permanecer no mercado finan-ceiro, caso esta seja a sua posição atual. E éesse “custo de oportunidade” que movimen-ta e entusiasma os empresários a investiremem projetos da economia real, que são os mai-ores geradores de emprego e de renda para apopulação e de recursos para o governo, viapagamento de impostos.

Por razões ainda não devidamenteexplicadas, temos observado no Brasil umadicotomia entre política econômica – termode grande abrangência e significado – e po-lítica monetária, que se constitui em uma dasvertentes da primeira, da mesma forma queoutras vertentes estão vinculadas àquela im-portante parcela do conhecimento humano.

E, estranhamente, há muito que a políti-ca monetária tem obtido, no Brasil, a prima-zia absoluta quando, na realidade, os recur-sos para o pagamento dos juros estabelecidospelo Banco Central somente podem ser ob-tidos e mantidos, no longo prazo, enquantoexistirem os fundamentos para a sua gera-ção, provenientes do crescimento da econo-mia real. Caso contrário, o governo somen-te poderá dispor dos recursos quando esses

ARTIGO DO LEITOR Paulo de Albuquerque*

Racionalismoversus política econômica

forem gerados por um aumento da cargatributária, aumento esse que certamente temlimites, que estão a cada dia mais estreitos.

Eterno país do futuro

A questão monetária tem sido objeto deimportância quando, na realidade, o dinheiro éapenas um intermediário, um facilitador. Ele so-mente terá valor real enquanto existirem pro-dutos e serviços a serem adquiridos ou consu-midos. Porém, em nosso país, a quimeramonetarista tem se sobreposto a tudo aquilo queo bom senso nos indica. Por essa razão, temosregistrado um crescimento abaixo da média dosprincipais países do mundo, fruto de baixos ní-veis de poupança e de investimento e de umaparca distribuição de renda. E da ausência definanciamentos a taxas e prazos adequados.

Se nada fizermos para modificar esse qua-dro, nada acontecerá. Estaremos apenas tor-nando verdadeira aquela frase atribuída ao es-critor Stefan Zweig : “o Brasil será eternamenteo país do futuro”. Isso tem que mudar. Temosque, de imediato, voltar à fase do racionalismoeconômico. Antes que seja tarde.

* Economista, professor de Economia e Finanças na Uni-versidade Ibirapuera-SP.

Em alguns compêndios deeconomia, mais especifica-mente naqueles dedicados àengenharia econômica, depa-ramos com o termo “custo deoportunidade”, cuja definiçãoenvolve, entre outras, a taxade retorno necessária que levaum aplicador de recursos emmoeda a se transformar emum investidor de um projetoindustrial, comercial, de servi-ços ou em qualquer outro vin-culado à chamada economiareal, produtiva. Em síntese,trata-se do nível mínimo deatratividade vinculado à esco-lha de uma alternativa para aaplicação dos recursos dispo-níveis, com riscos e benefíci-os devidamente mensurados eavaliados.

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Os entravesao microcrédito1

do tempo e o pouco aprofunda-mento do conjunto das instituiçõesque operam com este instrumentofinanceiro, diante dos milhões deempreendimentos geridos por pes-soas de baixa renda que operam nomercado. Frente a este fato, colo-ca-se o seguinte paradoxo: deman-da existente, instituições com ex-periência acumulada e baixa escalaem número de clientes no agrega-do das operações.

Por que não aumentamos nos-sa escala em número de clientes eaprofundamos as experiências exis-tentes? Esse é o paradoxo. Na Bo-lívia e Peru temos, por exemplo,cerca de 400 mil e 200 mil empre-endimentos que tomam microcré-dito, respectivamente, enquanto noBrasil esse número não passa de180 mil. A discrepância na compa-ração entre esses países se dá nofato de que, no Brasil, a demandapode chegar a ser 20 vezes maiorque na Bolívia e Peru.

Entraves históricos

O foco sobre a questão daexperiência acumulada desde oprimeiro projeto para fomentarpequenos negócios (ProjetoUNO, em 1973) nos aponta doisempecilhos históricos que com-prometeram o desenvolvimentodo setor de microcrédito no Bra-sil: o conjunto de leis e normasespecíficas que regulamentam asoperações com crédito nessemontante (o ambiente regulató-

rio) e a dinâmica inflacionária(ambiente macroeconômico).

As leis e normas específicasformam barreiras à consolidaçãode iniciativas, desde que limitaramas instituições não regulamenta-das pelo Sistema Financeiro Na-cional a cobrar taxas de 1% aomês. E o reflexo é o comprome-timento da sustentabilidade eco-nômico-financeira das institui-ções de microcrédito. Dessaforma, cria-se a dependência des-sas instituições de subsídios, eisso é um complicador.

A partir dos anos de 1999 e2001, com a promulgação dasLeis 9.790 e 10.194, respectiva-mente, é que as instituições pu-deram cobrar juros ajustados aoscustos de operar com microcré-dito (ou juros de mercado). Cer-tamente, se trata de um fato quecoopera para a auto-sustentabili-dade das instituições e desenvol-vimento do setor de microcrédi-to. Porém, deixamos aqui aproposta de reflexão sobre os li-mites que atualmente a parte le-gal institui ao setor.

A inflação foi o grande “fra-gilizador” do processo de desen-volvimento do microcrédito, noBrasil. O ambiente macroeconô-mico é de fundamental importân-cia, pois nele encontramos osparâmetros (câmbio, juros, infla-ção, etc.) para se decidir sobre o quefazer com os recursos de que dis-pomos, para emprestar ou tomaremprestado. O mais importantea ser notado é que a hiperinflaçãodeprecia as qualidades do crédi-to em pouco tempo e o transfor-ma numa verdadeira “bola deneve” de obrigações financeiras.

O texto a seguir é um resumo da monografia classificada em segundolugar, no XIV Prêmio Corecon de Monografia, intitulada “Análise dascausas da baixa penetração do microcrédito no Brasil”.

ESTUDOS Alexander Herzog Cardoso*

s estatísticas publicadaspelo Programa de Desen-volvimento Institucional

do BNDES, em 2002, apontamuma magnitude de cerca de 16 mi-lhões de empreendimentos passí-veis de demandar microcrédito.Grande parte desses negócios seencontra em situação de in-formalidade (76% do total deempreendimentos estimados), fun-cionando com frágil estrutura or-ganizacional, produtiva e comer-cial; conseqüentemente, possuembaixos níveis de produtividade.

A leitura dos textos sobre o mi-crocrédito no Brasil nos aponta aexistência de experiências ao longo

A estrutura sócio-econômica brasileira criou condições para

o expressivo surgimento do empreendedorismo entre as

pessoas pobres e excluídas do mercado formal de traba-

lho. Em grande parte, esses pequenos negócios surgiram

como uma alternativa de sobrevivência frente à falta de

oportunidades de emprego formal. Durante a década de

90, esse processo foi intensificado pela recessão econômica

que se prolonga até os dias de hoje.

A

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caminhos alternativos que leva-rão ao objetivo e decidir pela al-ternativa que oferece os melho-res resultados em termos deprobabilidade. Por exemplo,pode-se construir um programade microcrédito no interior doRio de Janeiro, a fim de alavancaratividades produtivas locais.

Ao focarmos em políticascompetentes, estaremos partindodo conhecimento sobre a popu-lação empreendedora local. Anatureza de suas atividades pro-dutivas, o mercado onde se inse-rem seus produtos, sua cultura,seus valores, suas perspectivas, aforma com que encaram seusnegócios e as oportunidades domercado, etc. Se o objetivo dapolítica é gerar renda, através daalavancagem dos negócios, deve-mos buscar meios adequados queestimulem esses negócios diantedas informações de que dispo-mos. Os meios serão consisten-tes com os objetivos se eles con-duzirem à eficiência dos negócios,a consecução de uma produçãoque encontre mercado, entre ou-tras condições, que na verdadeemplaquem os negócios de for-ma sustentável, promovendo ro-dadas de produção e geração derenda sucessivas e adicionais.

A dimensão microeconômicados empreendimentos é umacondição necessária para o suces-so das iniciativas. Não há progra-ma ou política que possa gerarresultados com microcrédito seos empreendedores que o utiliza-rem não o aplicarem de formaadequada em seus negócios. Issoquer dizer investir para dar retor-no. Aplicar para dar resultados.Os programas, se bem dimensio-nados e administrados, darão cer-to se os negócios derem certo. Ecomo os negócios darão certo?Se em cada negócio forem apli-cados os recursos adequadamen-te, se cada empreendedor tiverum conhecimento mínimo degerenciamento e do seu merca-

do, ao menos as probabilidadesde sucesso serão maiores.

E como eles conseguirão es-sas condições? Talvez tenhamosmais clareza da solução desse pro-blema ao pensarmos em pro-gramas que não só ofertem mi-crocrédito, mas que tambémcontemplem medidas que conce-dam os instrumentos necessári-os aos empreendedores para queseus negócios tenham maioreschances de se desenvolverem.Como acompanhamento do ne-gócio, oferta de conhecimentosbásicos e adequados de matemá-tica e ferramentas de administra-ção de negócios, de técnicas decomunicação, de promoção dedebates entre os empreendedo-res, de gestão de seu produto ouserviço, entre outras. É necessá-rio dotar os empreendedores decondições para que desenvolvamseus negócios dentro de requisi-tos mais técnicos e sustentáveispara enfrentar o mercado. Este éum elemento intrínseco ao pro-cesso de fortalecimento do setorde microcrédito.

Nesta perspectiva, o mais im-portante é que essas iniciativas têmque ser bem dimensionadas, dese-nhando-se programas com estra-tégias bem definidas em suas linhasde atuação, determinando a mag-nitude de empreendimentos a se-rem abordados diante do públicoalvo e dos recursos empregados.Devem buscar não só formularmodelos que ofertem crédito deforma eficiente, mas também mei-os que permitam o desenvolvimen-to técnico e aumento da produtivi-dade dos negócios.

Propostas

Os apontamentos apresenta-dos acima nos levam a pensar emtrês aspectos fundamentais para

aprofundar e consolidar o setor demicrocrédito no Brasil: parceria,continuidade e cumulatividade.

As parcerias são vistas entreos âmbitos público, privado e doterceiro setor, e estão relaciona-das à diluição dos custos opera-cionais envolvidos com o micro-crédito, além do fortalecimentoda base técnica dos pequenos ne-gócios, da formulação de estudosaprofundados sobre o setor e daestruturação institucional da ban-da ofertante de microcrédito. Ouseja, até que se crie uma estrutu-ra que se sustente e atenda à de-manda de microcrédito, as par-cerias são fundamentais.

A continuidade é de suma im-portância, pois a criação de umanova estrutura econômica que aten-da às necessidades de uma grandedemanda potencial requer tempopara sua construção e maturação.Busca-se a adequação de modelosque atendam às necessidades dedesenvolvimento de pequenos ne-gócios, com impacto social e eco-nômico, e faz-se necessário a pe-renidade do processo.

Os dois aspectos comentadosacima são as bases para a cumula-tividade. Se virmos as iniciativascom o microcrédito como umprocesso em que tentamos cons-truir uma estrutura econômicanova, que contribua para o desen-volvimento de nosso país, em quebuscamos adaptar os meios de quedispomos aos fins almejados,precisamos conjugar esforços e ga-rantir a continuidade do processo.

Ao longo das experiências, sevisto como um processo, o acúmu-lo de aprendizado e as modifica-ções produzidas frente às experiên-cias levarão o setor ao seu maioraprofundamento e consolidação.

* Economista.e-mail: [email protected]

1 Ver referencias em Cardoso, Alexander H, “Análise das causas da baixa penetração domicrocrédito no Brasil: uma proposta explicativa.”, Monografia de Bacharelado, Institutode Economia, UFRJ, 2002.

Torna-se custoso para instituiçõescaptarem fundos para operar commicrocrédito, assim como para osnegociantes adquirirem obriga-ções financeiras que correm o ris-co de superar a receita e lucrosobtidos em seus negócios. O quese observa atualmente é um qua-dro desproporcional entre umagrande demanda potencial e umaoferta restrita de microcrédito.

Um outro ponto de grandeimportância na discussão sobre omicrocrédito é a consolidação deexperiências de sucesso que de-monstrem estratégias de inter-venção e operação no local deatuação bem desenvolvidas, efi-cazes e comprovadas, que possamservir de modelo e se tirar lições.É o que se chama na literatura de“Efeito Demonstração”. Apon-ta-se, nas discussões existentes,que a ausência de um “EfeitoDemonstração” acarreta em queas instituições que operam commicrocrédito se tornem estrita-mente experimentais, conferindomaiores custos e risco de operarcom microcrédito.

Políticas públicas

A consolidação dos progra-mas de microcrédito depende depolíticas públicas competentes,isto é, políticas adequadas a cadaregião, formuladas a partir deuma avaliação correta da situação,optando-se em adotar a melhoralternativa para se atingir o ob-jetivo desejado. Isto quer dizerproduzir conhecimento sobre olocal onde se realizará a in-tervenção, avaliar em termos re-alistas o problema a ser enfren-tado, definir claramente os vários

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impacto do tsunami deveempurrar mais 645 milpessoas para baixo da li-

nha de pobreza na Índia, de acor-do com uma estimativa do Ban-co de Desenvolvimento Asiático(ADB, na sigla em inglês).

No sul da Ásia, 2 milhões depessoas podem cair na pobreza,mas a economia não deve ser sig-nificativamente afetada, diz umrelatório do ADB.

“O impacto do tsunami so-bre a pobreza será enorme. Po-breza é, potencialmente, o maisimportante efeito desse desastrenatural; mas a economia dos paí-ses afetados, exceto pelo SriLanka e pelas Maldivas, deveemergir com danos mínimos”,diz Ifzal Ali, economista chefe dobanco de desenvolvimento mul-tilateral, com base em Manila.

Ironicamente, a tragédia podeprovocar uma onda de atividade

Tsunami faráaumentar a pobreza

Economista indiano avalia as repercussões domaremoto que matou milhares de pessoas edeixou outras milhares desaparecidas

econômica na região, que pode terefeitos positivos no longo prazo.“A reconstrução após desastresnaturais requer novos investimen-tos que devem ter um impactopositivo”, diz o relatório.

“E investimentos devem setransformar em empregos. O pro-cesso de ajuda já aumentou a de-manda por uma série de bens do-mésticos e serviços - incluindocomida, água, remédios, materiaisde construção, roupas, serviços detransporte e de comunicação -, quebeneficiarão vários negócios do-mésticos. Por isso, é possível queo impacto, no final, possa acabarsendo positivo de alguma manei-ra”, completa o relatório.

Apenas na Indonésia, quaseum milhão de pessoas podem serjogadas na pobreza pelos prolon-gados efeitos da devastação dotsunami. Na Índia, o número depobres no país pode aumentar em645 mil. No Sri Lanka, os núme-ros foram estimados em 250 mil.Nas Maldivas, cerca de metadedas casas do país foram afetadase mais de 50% da população podecair na miséria absoluta, resultan-do em mais 23,5 mil pessoas indopara baixo da linha de pobreza.

A recuperação da Ásia aoschoques externos pode, contudo,ter um importante papel na di-minuição do impacto que o de-sastre teria sobre o crescimentoeconômico total da região. NaIndonésia, na Índia e na Tailândiao dano ficou mais restrito às áre-as rurais que aos centros urbanos,densamente povoados e econo-micamente cruciais, e tambémaos centros industriais, que diri-

ÁSIA Arun Raste*

gem o crescimento econômico daregião, segundo o relatório intitu-lado “Uma avaliação inicial doimpacto do terremoto e dotsunami de 26 de dezembro de2004 no Sul e Sudeste Asiático”.

Na Índia, o impacto econômi-co deve ser mínimo, devido aogrande tamanho da economia dopaís. É também esperado um im-pacto macroeconômico mínimo naIndonésia, Bangladesh, Malásia eMyanmar. Em geral, a região esta-va bem preparada para resistir achoques econômicos como esse.

“Após um forte crescimentoentre 2001 e 2004, as economiasda Índia, Indonésia, Malásia eTailândia devem estar numa boaposição para superar essa tragédia.Para esses países, o recente cresci-mento tem sido forte, as situaçõesfiscais têm melhorado e as reser-vas externas estão altas, com aposição fiscal do governo absor-vendo o choque do desastre”, dizo relatório do ADB.

* Economista indiano, diretor do Institutode Comércio Justo da Índia.

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FÓRUM POPULAR DE ORÇAMENTO

As matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de responsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Corecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Popular de opular de opular de opular de opular de OrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamento do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeiro.o.o.o.o.CoorCoorCoorCoorCoordenação Exdenação Exdenação Exdenação Exdenação Executiva do Fórum: Recutiva do Fórum: Recutiva do Fórum: Recutiva do Fórum: Recutiva do Fórum: Ruth Espínolauth Espínolauth Espínolauth Espínolauth Espínola Soriano Soriano Soriano Soriano Soriano,,,,, Luiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario Behnken e Camilla Sampaio. Estagiários: Bruno Lopes e Thiago Maren e Camilla Sampaio. Estagiários: Bruno Lopes e Thiago Maren e Camilla Sampaio. Estagiários: Bruno Lopes e Thiago Maren e Camilla Sampaio. Estagiários: Bruno Lopes e Thiago Maren e Camilla Sampaio. Estagiários: Bruno Lopes e Thiago Marques.ques.ques.ques.ques.

Correio eletrônico: [email protected] - Portal: www.corecon-rj.org.br - www.fporj.blogger.com.br

Rio reduz investimento em saúdedotação, cerca de 8% dos recur-sos são provenientes do SUS e orestante do próprio Município. Jáo programa Agentes Comunitári-os contará com 857 equipes, sen-do 235 no Complexo da Maré.

Este programa, um dos focosda área de saúde para 2005, estáinserido na rubrica “desenvolvi-mento de ações em saúde” e pre-vê o cadastro de 300.000 pessoas.Para esta e outras metas, entre elaso programa “dente escola”, estãoorçados R$ 69.355.353,00.

Investimentos

A rubrica “Construções,Ampliações e Reformas de Uni-dades de Saúde” conta com R$112.605.751,00, totalmente des-tinados a investimentos, concen-trando 84% dos mesmos, referen-tes a esta Secretaria. Dentre estes,estão previstos: construção da novamaternidade Dolores Duran, doHospital Maternidade OswaldoNazareth e da Maternidade LeilaDiniz; reforma no CTI do Hospi-tal de Ipanema; reformas nas emer-gências dos Hospitais Souza A-guiar, Andaraí e Miguel Couto.

Desta forma, percebemosatravés dos dados um aumentona cobertura dos programas es-pecíficos da Saúde, entretanto,acompanhado de uma reduçãodo percentual destinado à Saú-de, em relação às outras funções.No tocante aos investimentoshouve uma diminuição nas do-tações, ao passo que nas aplica-ções em ações e serviços ocorreuma relativa diminuição nopercentual, ao compararmoscom os anos anteriores.

a Proposta Orçamentáriapara 2005, do municípiodo Rio, a despesa com Saú-

de será de R$ 1.730.923.938,00, oequivalente a 19,24% do total doorçamento.

Em 2002, o total liquidadocom a saúde representou 19,39%e, em 2003,

20,48%. Já, em 2004,a Lei Orçamentária Anual esta-beleceu o percentual de 17,42%,ao passo que, para 2005, há no-vamente um aumento (19,24%).Como nos anos anteriores, a mai-or participação nas despesas estárelacionada com a AssistênciaHospitalar e Ambulatorial, comcerca de 81%. Já a previsão deinvestimentos da Saúde para esteano é de R$ 132 milhões, 28% amenos que em 2004.

Ações e serviços de saúde

A receita utilizada como basepara o cálculo da aplicação dasAções e Serviços Públicos deSaúde está estimada em R$ 5 bi-lhões, sendo 61,59% provenien-tes do próprio Município. Istovem confirmar uma tendência deaumento das receitas, desde o ano2000. Todavia, este aumento nãoé acompanhado nas despesas,uma vez que ao longo dos anosnão há uma tendência de expan-são nem de contração, ocorren-do mudanças variadas.

A previsão de despesa para2005 é de R$ 856 milhões, o querepresenta um percentual de apli-cação de 16,86%, o mais baixodesde 2000. Do total a ser gasto,cerca de 98%, R$ 841 milhões,serão repassados pelo SUS, caben-do o restante à Prefeitura. O re-

N

Ano 2003 2004 2005

Receita 3.706.782.593,96 4.652.481.740,00 5.077.013.600,00

Despesa 1.119.215.240,02 809.188.858,00 856.432.346,00

% Aplicado 30,19% 17,39% 16,86%

% SUS 65,47% 96,99% 98,22%

passe do SUS previsto pela Pro-posta para 2004 foi de R$ 784milhões e de R$ 657 milhões para2003, o que evidencia a importân-cia cada vez maior desses recur-sos para a realização destas açõese serviços, visto a diminuição daparticipação da Prefeitura.

A dotação destinada ao paga-mento dos servidores inativos, em2005, é de R$ 78.022.000,00, aserem pagos pela Secretaria deAdministração. Este valor cor-responde a 4,13% do total desti-

nado à Previdência Social Destetotal, apenas R$ 950 mil são pro-venientes do município, sendo orestante oriundo de Contribuiçõespara Seguridade Social. A propos-ta para 2004 previu uma despesade R$ 69.230.000,00 e, no perío-do de 2003, o total despendido foide R$ 67.924.000,00.

Já o pagamento de pessoal eencargos sociais dos ativos por par-te da Secretaria de Saúde será deR$ 799.218.000,00. Em 2004, aprevisão era de R$ 701.888.839,00,ao passo que em 2003 o liquidadoficou em R$ 602.349.834,51.

Pode ser observado que o ritmode crescimento do pagamento aosativos tem sido maior, variando 17%,de 2003 para 2004, e 14%, de 2004para 2005. O pagamento aos inati-vos cresceu apenas 2%, de 2003 para2004, e 13%, de 2004 para 2005.

O Programa de Trabalho “Im-plantação de Equipes de Saúde daFamília em áreas de risco social”prevê a implantação de 285 equi-pes, e conta com uma dotação deR$ 64.409.770,00 –60% maior doque 2004, o que representa umadespesa de cerca de R$ 226 mil,por equipe, ao longo do ano. Desta

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CURSOS DO CORECON/RJ

Inscriçãopara Prêmio Brasil

de Economia

Vai até o próximo dia15 de fevereiro o prazopara as inscrições no XIIPrêmio Brasil de Economia,promovido pelo ConselhoFederal de Economia (Co-fecon) e dividido nas cate-gorias tese de doutorado,dissertação de mestrado,artigo técnico ou científicoe monografia de gradua-ção em Ciências Econômi-cas. Mais informações po-dem ser obtidas na páginado Conselho, na internet –www.cofecon.org.br.

Conselho lança PrêmioCelso Furtado

XV Prêmio Anual deMonografia promovidopelo Conselho Regional

de Economia do Rio de Janeiro(Corecon-RJ) terá, na edição des-te ano, o nome do professor e eco-nomista Celso Furtado, falecidoem novembro último. A homena-gem terá não somente a intençãode lembrar o nome de um dosmaiores economistas brasileiros detodos os tempos, como ao mes-mo tempo reforçar e dar destaqueao Prêmio Anual de Monografia,

que seleciona os melhores traba-lhos de conclusão dos cursos degraduação em Economia.

As inscrições para a pre-miação começam em março e vãoaté o dia 29 de abril. Os traba-lhos têm que ser inéditos e as ins-

Ocrições devem ser feitas pela di-reção dos departamentos de eco-nomia das instituições universi-tárias ou o equivalente, nos casosde faculdades isoladas.

O regulamento do prêmio estána página dos economistas, nainternet – www.economistas.org.br– e a entrega das premiações vaiacontecer no dia 12 de agosto, nacelebração do Dia do Economista.O primeiro colocado receberá o prê-mio de R$ 2 mil, o segundo de R$ 1mil e o terceiro, de R$ 600.

PROGRAMAÇÃO DE CURSOS PARA 2005

Filosofia: uma introduçãoO curso visa estudar questões relevantes da filosofia. Os problemas ontológico, gnosiológico, ético, estético nos pensadores fundamentais do pensamen-to ocidental serão discutidos. Primeiramente será focalizada a filosofia antiga. Posteriormente, se verá a problemática do homem, da ética e doconhecimento nos sofistas em Sócrates. Finalmente, serão abordados os sistemas de Platão e Aristóteles.

Tópicos de Economia Política da Saúde• Introdução à economia política da saúde• Uma crítica à reforma (liberal) dos sistemas de saúde• Caso da regulação dos planos e seguros de saúde• A reforma institucional do mercado de planos de saúde no Brasil: a criação de benchmarks

CURSOS PROGRAMADOS

Matemática Financeira Avançada – Sílvia dos Reis Alcântara Duarte – 24 horas-aula – às segundas e quartas-feiras – 7a 30 mar

Aperfeiçoamento em Economia: foco nas ementas de concursos públicos – 134 horas-aula – sextas e sábados (na maioria) – Ana Claudia Alem;Carlos Vidotto; Jorge Claudio Lima; Teresa Consentino e outros – 1º mar a 11/jun

Tópicos de Economia Política de Saúde – Carlos Octávio Ocké-Reis – 8 horas-aula – às terças-feiras – 29/mar a 19/abr

Teoria dos jogos – Ronaldo Fiani – 24 horas-aula – às quartas-feiras – 6/abr a 23/maio

Filosofia: uma introdução – Miguel Angel Barrachenea e Luiz Celso Pinho – 24 horas-aula – às quartas-feiras – 4/maio a 22/jun

Economia e meio ambiente – Cláudia Lúcia Bisaggio Soares – 12 horas-aula – de segunda-feira a quinta-feira – 27 a 30 jun

Economia do bem-estar, igualdade e pobreza – João Leonardo Medeiros – 24 horas-aula – às quintas-feiras – 7/abr a 9/jun

Avaliação de projetos - tópicos avançados – Eduardo Sá Fortes – 24 horas-aula – aos sábados – 7/maio a 25/jun

Regimes monetários: teoria – André Modenesi – 12 horas-aula – às segundas e quartas-feiras – 4 a 25/jul

Regimes monetários: experiência do Real – André Modenesi – 12 horas-aula - às segundas e quartas-feiras – 8 a 29/ago

Introdução à Economia Política: o pensamento de Karl Marx – Pablo Bielschowky e Rodrigo Castelo Branco – 16 horas-aula – às quintas-feiras – 4/ago a 22/set

O pensamento econômico de Keynes – Jeniffer Hermann, João Sicsú e outros – 16 horas-aula – às segundas-feiras – 5/set a 24/out

Filosofia – Miguel Angel Barrachenea e Luiz Celso Pinho – 24 horas-aula - às quartas-feiras – 14/set a 16/nov

Análise de Investimentos – Eduardo Sá Fortes – 16 horas aula – às quintas-feiras – 6/out a 3/nov

Matemática aplicada à teoria econômica – Jorge Cláudio Cavalcante – 30 horas-aula – às terças e quintas-feiras – 1º nov a 13/dez

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