novo estatuto do aluno

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS Proposta de Lei n.º 1 PL 255/2012 2012.05.31 Exposição de Motivos No programa do XIX Governo Constitucional, a Educação é assumida como serviço público universal sendo estabelecida como missão a substituição da facilidade pelo esforço, do dirigismo pedagógico pelo rigor científico, da indisciplina pela disciplina, do centralismo pela autonomia. Sendo objetivo estratégico do Governo apostar no estabelecimento de uma nova cultura de disciplina, esforço e mérito, na maior responsabilização de alunos e pais ou encarregados de educação, no reforço da autoridade efetiva dos professores e do pessoal não docente, torna-se, por isso, imperioso proceder à revogação do Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pela Lei n.º 30/2002, de 30 de dezembro, alterada pelas Leis n.ºs 3/2008, de 18 de janeiro e 39/2010, de 2 de setembro, e aprovar uma nova Lei que enquadre aqueles pressupostos e regule o novo Estatuto do Aluno e Ética Escolar. A presente proposta de lei visa consagrar a centralidade da escola como espaço de ensino e formação, criando condições para o efetivo cumprimento da escolaridade obrigatória e para a melhoria do ensino. Tal desiderato impõe a construção de um regime que promova, em primeiro lugar, o reforço da autoridade dos profissionais de ensino e comprometa e responsabilize os intervenientes no processo de ensino pelas suas condutas.

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Page 1: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

1

PL 255/2012

2012.05.31

Exposição de Motivos

No programa do XIX Governo Constitucional, a Educação é assumida como serviço

público universal sendo estabelecida como missão a substituição da facilidade pelo esforço,

do dirigismo pedagógico pelo rigor científico, da indisciplina pela disciplina, do centralismo

pela autonomia.

Sendo objetivo estratégico do Governo apostar no estabelecimento de uma nova cultura de

disciplina, esforço e mérito, na maior responsabilização de alunos e pais ou encarregados de

educação, no reforço da autoridade efetiva dos professores e do pessoal não docente,

torna-se, por isso, imperioso proceder à revogação do Estatuto do Aluno dos Ensinos

Básico e Secundário, aprovado pela Lei n.º 30/2002, de 30 de dezembro, alterada pelas Leis

n.ºs 3/2008, de 18 de janeiro e 39/2010, de 2 de setembro, e aprovar uma nova Lei que

enquadre aqueles pressupostos e regule o novo Estatuto do Aluno e Ética Escolar.

A presente proposta de lei visa consagrar a centralidade da escola como espaço de ensino e

formação, criando condições para o efetivo cumprimento da escolaridade obrigatória e para

a melhoria do ensino.

Tal desiderato impõe a construção de um regime que promova, em primeiro lugar, o

reforço da autoridade dos profissionais de ensino e comprometa e responsabilize os

intervenientes no processo de ensino pelas suas condutas.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Para isso contribui não só a simplificação da fundamentação das decisões sobre avaliação

de alunos e o realce da especial proteção penal relativamente aos crimes contra os

trabalhadores docentes e não docentes, mas também o reconhecimento e respeito da

autoridade do professor pelos pais ou encarregados de educação e pelo aluno.

Nestes termos, a violação reiterada dos deveres de assiduidade e disciplina deve determinar

a censura social, podendo, sempre que a gravidade o justifique, implicar a instauração de

contraordenações aos pais ou encarregados de educação e ou a reavaliação dos apoios da

ação social escolar e demais apoios sociais públicos concedidos à família e decorrentes da

frequência escolar, além da comunicação obrigatória à respetiva comissão de proteção de

crianças e jovens em risco ou ao Ministério Público, tendo em vista, designadamente, a

aplicação de programas de educação parental.

É, ainda, propósito do presente diploma promover-se uma cultura de aprofundamento do

trabalho em rede, assumindo-se a necessária colaboração e intervenção dos serviços

públicos diretamente responsáveis pela promoção da educação e acompanhamento de

crianças e jovens.

O reforço da exigência em contexto educativo e escolar deve começar pelo maior rigor nos

aspetos relacionados com a assiduidade, pontualidade e disciplina, devendo ser exigido, por

parte da escola e das famílias, o cumprimento rigoroso da assiduidade e pontualidade,

promovendo mecanismos efetivos de controlo e comunicação.

A cultura de rigor nesta matéria aconselha a que se equiparem as faltas de pontualidade e as

de faltas de material didático a faltas de presença, devendo as escolas consagrar este

princípio e a respetiva regulação em sede do respetivo regulamento interno.

A experiência impõe, também, a necessária alteração dos motivos justificativos das faltas e

o agravamento das consequências das faltas injustificadas.

Page 3: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

3

Simultaneamente, garante-se o acesso, nas situações de ausência devidamente justificada e

sempre que se revele necessário, a medidas de recuperação da aprendizagem, a definir pelos

professores responsáveis e ou pela escola, nos termos previstos no regulamento interno.

Elimina-se o plano individual de trabalho, enquanto se estabelece que o reiterado

incumprimento dos deveres de assiduidade e pontualidade por parte do aluno implica a

aplicação de medidas de integração e ou o cumprimento de medidas de recuperação,

quando se justifiquem.

As atividades de recuperação na aprendizagem agora previstas, cuja adoção é deixada à

autonomia da escola e que podem assumir a mera forma oral, são definidas pelo professor

titular da turma ou pelos professores das disciplinas em que seja ultrapassado o limite de

faltas injustificadas, de acordo com regras simples e eficazes, aprovadas em conselho

pedagógico e previstas no respetivo regulamento interno, e aplicáveis uma única vez por

ano letivo.

O incumprimento ou a ineficácia das medidas aplicadas que se traduza na persistência da

violação do dever de assiduidade implica, tratando-se de aluno menor de 18 anos, a

comunicação obrigatória do facto à respetiva comissão de proteção de crianças e jovens, de

forma a procurar encontrar uma solução adequada ao aluno e à sua inserção social e

socioprofissional, considerando de imediato a possibilidade de encaminhamento para

diferente percurso formativo.

A solução que se refere anteriormente tem por base as medidas definidas na lei sobre o

cumprimento da escolaridade obrigatória, podendo, na iminência de abandono escolar, ser

aplicada a todo o tempo.

Page 4: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

4

Finalmente, em último recurso, bem como nas situações em que o aluno for encaminhado

para oferta formativa diferente da que frequenta e o encaminhamento ocorra após 31 de

janeiro, a ineficácia das medidas previstas pode determinar: para os alunos a frequentar o

1.º ciclo do ensino básico, a retenção no ano de escolaridade respetivo, com a obrigação de

frequência das atividades escolares até final do ano letivo, ou até ao encaminhamento para

o novo percurso formativo, se ocorrer antes. Para os restantes alunos, tem lugar a retenção

no ano de escolaridade em curso, no caso de frequentarem o ensino básico, ou a exclusão

na disciplina ou disciplinas em que se verifique o excesso de faltas, tratando-se de alunos

do ensino secundário. Em qualquer dos casos, mantem-se a obrigação de frequência da

escola, em atividades de integração escolar e comunitária a definir pela mesma, até final do

ano letivo e até perfazerem os 18 anos de idade, ou até ao encaminhamento para o novo

percurso formativo.

Ressalvam-se as especificidades das modalidades formativas profissionalmente qualificantes

e das outras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento das cargas

horárias, remetendo-se, em regra, para a respetiva regulamentação específica e para o

regulamento interno da escola. Simultaneamente, salvaguardam-se as consequências da

reiterada falta de assiduidade, designadamente, as restrições à realização de provas de

equivalência à frequência ou de exames nacionais previstas na regulamentação específica de

algumas ofertas formativas.

Com vista, ainda, à implementação de uma cultura de responsabilidade e disciplina,

introduz-se a impossibilidade dos alunos assumirem cargos ou funções de representação

nos órgãos da escola nos casos de exclusão por excesso de faltas ou por aplicação de

medida disciplinar superior a advertência registada.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

5

Opera-se, ainda, um reforço dos deveres dos alunos, com a proibição de utilização de

equipamentos electrónicos, a impossibilidade de captação e ou difusão, por qualquer meio,

de imagens ou sons não autorizados captados na escola, o respeito pelos direitos de autor e

propriedade intelectual, a reparação e indemnização de danos causados à escola e às

pessoas.

No plano disciplinar, por outro lado, registe-se as alterações operadas na ordem de saída da

sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar, aplicada pelo professor,

que passa a implica sempre a marcação de falta injustificada e, quando aplicada

reiteradamente, a determinar a análise da situação do aluno em conselho de turma,

podendo conduzir à aplicação de medida disciplinar sancionatória.

Com a presente proposta de lei visa-se, ainda, reforçar a competência disciplinar do diretor,

permitindo-se a aplicação de medida disciplinar sancionatória de suspensão até três dias

úteis por recurso a procedimento sumário, alargar para 12 dias úteis o prazo máximo da

medida disciplinar sancionatória de suspensão da escola, introduzir a medida disciplinar

sancionatória de expulsão da escola, aplicável aos alunos maiores de 18 anos, que se traduz

na retenção imediata do aluno no ano de escolaridade que frequenta e na proibição de

acesso ao espaço escolar até ao final daquele ano escolar e nos dois anos escolares

imediatamente seguintes, bem como mecanismos que promovem uma maior celeridade da

atuação disciplinar, estabelecendo-se a possibilidade de não instauração do procedimento

disciplinar aquando da assunção da responsabilidade pelo aluno em audiência consciente e

livre, quando maior de 12 anos.

Com vista a prevenir situações de abandono escolar, torna-se obrigatória a comunicação à

respetiva comissão de proteção de crianças e jovens em risco ou aos serviços do Ministério

Público sempre que se verifique a aplicação de medida disciplinar sancionatória superior a

cinco dias aos alunos menores de idade.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Finalmente, são criadas equipas de integração e apoio aos alunos, tendo em vista o

acompanhamento e apoio em situações de dificuldade de aprendizagem, problemas de

assiduidade e de indisciplina, as quais servirão de elo de ligação com a respetiva comissão

de proteção de crianças e jovens em risco.

São estas as medidas consignadas na presente proposta de lei que o Governo considera

mais adequadas para garantir os objetivos acima enunciados.

O Governo auscultou a este propósito o Conselho das Escolas e as organizações

representativas dos Pais e Encarregados de Educação.

Assim:

Nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 197.º da Constituição, o Governo apresenta à

Assembleia da República a seguinte proposta de lei:

CAPÍTULO I

Objeto, objetivos e âmbito

Artigo 1.o

Objeto

A presente lei aprova o Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os

deveres do aluno dos ensinos básico e secundário e o compromisso dos pais ou

encarregados de educação e dos restantes membros da comunidade educativa na sua

educação e formação, adiante designado por Estatuto, no desenvolvimento das normas da

Lei de Bases do Sistema Educativo, aprovada pela Lei n.º 46/86 de 14 de outubro, alterada

pelas Leis n.ºs 115/97, de 19 de setembro, 49/2005, de 30 de agosto, e 85/2009, de 27 de

agosto.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Artigo 2.o

Objetivos

O Estatuto prossegue os princípios gerais e organizativos do sistema educativo português,

conforme se encontram estatuídos nos artigos 2.º e 3.º da Lei de Bases do Sistema

Educativo, promovendo, em especial, o mérito, a assiduidade, a responsabilidade, a

disciplina, a integração dos alunos na comunidade educativa e na escola, a sua formação

cívica, o cumprimento da escolaridade obrigatória, o sucesso escolar e educativo e a efetiva

aquisição de conhecimentos e capacidades.

Artigo 3.o

Âmbito de aplicação

1 - O Estatuto aplica-se aos alunos dos ensinos básico e secundário da educação escolar,

incluindo as suas modalidades especiais, com as especificidades nele previstas em razão

dos diferentes ciclos de escolaridade ou respetivas modalidades e ou do nível etário dos

destinatários.

2 - O disposto no número anterior não prejudica a aplicação à educação pré-escolar do que

no Estatuto se prevê relativamente à responsabilidade e ao papel dos membros da

comunidade educativa e à vivência na escola.

3 - O Estatuto aplica-se aos estabelecimentos públicos de educação, formação e ensino,

doravante alternativamente designados por agrupamentos de escolas e escolas não

agrupadas, escolas ou estabelecimentos de educação, formação ou ensino.

4 - Os princípios fundamentais que enformam o Estatuto aplicam- se, no respeito pela Lei

de Bases do Sistema Educativo e no quadro das autonomias reconhecidas em legislação

e regulamentação específicas, às instituições de educação e formação públicas não

previstas no número anterior e aos estabelecimentos privados e cooperativos de

educação e ensino que, nos termos anteriormente definidos, devem em conformidade

adaptar os respetivos regulamentos internos.

Page 8: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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5 - As referências aos órgãos de direção, administração e gestão ou pedagógicos, bem como

às estruturas pedagógicas intermédias constantes na presente lei, consideram-se dirigidas

aos órgãos e estruturas com competência equivalente em razão da matéria, de acordo

com as regras específicas das diferentes ofertas formativas e o regime jurídico aplicável

aos diferentes estabelecimentos de educação, formação e ensino.

CAPÍTULO II

Escolaridade obrigatória e obrigatoriedade de matrícula

Artigo 4.º

Escolaridade obrigatória

O dever de cumprimento da escolaridade obrigatória fixada na Lei de Bases do Sistema

Educativo é universal e exerce-se nos termos previstos nos artigos seguintes e em legislação

própria.

Artigo 5.º

Matrícula

1 - A matrícula é obrigatória e confere o estatuto de aluno, o qual, para além dos direitos e

deveres consagrados na lei, designadamente no presente Estatuto, integra os que estão

contemplados no regulamento interno da escola.

2 - Os requisitos e procedimentos da matrícula, bem como as restrições a que pode estar

sujeita são previstos em legislação própria.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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CAPÍTULO III

Direitos e deveres do aluno

SECÇÃO I

Direitos do aluno

Artigo 6.º

Valores nacionais e cultura de cidadania

No desenvolvimento dos princípios do Estado de direito democrático, dos valores

nacionais e de uma cultura de cidadania capaz de fomentar os valores da dignidade da

pessoa humana, da democracia, do exercício responsável, da liberdade individual e da

identidade nacional, o aluno tem o direito e o dever de conhecer e respeitar ativamente os

valores e os princípios fundamentais inscritos na Constituição da República Portuguesa, a

Bandeira e o Hino, enquanto símbolos nacionais, a Declaração Universal dos Direitos do

Homem, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, a Convenção sobre os Direitos

da Criança e a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, enquanto matrizes de

valores e princípios de afirmação da humanidade.

Artigo 7.º

Direitos do aluno

1 - O aluno tem direito a:

a) Ser tratado com respeito e correção por qualquer membro da comunidade

educativa, não podendo, em caso algum, ser discriminado em razão da raça,

sexo, orientação sexual ou identidade de género, condição económica, cultural

ou social ou convicções políticas, ideológicas ou religiosas;

b) Usufruir do ensino e de uma educação de qualidade de acordo com o previsto

na lei, em condições de efetiva igualdade de oportunidades no acesso;

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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c) Escolher e usufruir, nos termos estabelecidos no quadro legal aplicável, por si

ou, quando menor, através dos seus pais ou encarregados de educação, o projeto

educativo que lhe proporcione as condições para o seu pleno desenvolvimento

físico, intelectual, moral, cultural e cívico e para a formação da sua

personalidade;

d) Ver reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, a assiduidade e o esforço

no trabalho e no desempenho escolar e ser estimulado nesse sentido;

e) Ver reconhecido o empenhamento em ações meritórias, designadamente, o

voluntariado em favor da comunidade em que está inserido ou da sociedade em

geral, praticadas na escola ou fora dela, e ser estimulado nesse sentido;

f) Usufruir de um horário escolar adequado ao ano frequentado, bem como de

uma planificação equilibrada das atividades curriculares e extracurriculares,

nomeadamente as que contribuem para o desenvolvimento cultural da

comunidade;

g) Beneficiar, no âmbito dos serviços de ação social escolar, de um sistema de

apoios que lhe permitam superar ou compensar as carências do tipo

sociofamiliar, económico ou cultural que dificultem o acesso à escola ou o

processo de ensino;

h) Usufruir de prémios ou apoios e meios complementares que reconheçam e

distingam o mérito;

i) Beneficiar de outros apoios específicos, necessários às suas necessidades

escolares ou à sua aprendizagem, através dos serviços de psicologia e orientação

ou de outros serviços especializados de apoio educativo;

j) Ver salvaguardada a sua segurança na escola e respeitada a sua integridade física

e moral, beneficiando, designadamente, da especial proteção consagrada na lei

penal para os membros da comunidade escolar;

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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k) Ser assistido, de forma pronta e adequada, em caso de acidente ou doença súbita,

ocorrido ou manifestada no decorrer das atividades escolares;

l) Ver garantida a confidencialidade dos elementos e informações constantes do

seu processo individual, de natureza pessoal ou familiar;

m) Participar, através dos seus representantes, nos termos da lei, nos órgãos de

administração e gestão da escola, na criação e execução do respetivo projeto

educativo, bem como na elaboração do regulamento interno;

n) Eleger os seus representantes para os órgãos, cargos e demais funções de

representação no âmbito da escola, bem como ser eleito, nos termos da lei e do

regulamento interno da escola;

o) Apresentar críticas e sugestões relativas ao funcionamento da escola e ser ouvido

pelos professores, diretores de turma e órgãos de administração e gestão da

escola em todos os assuntos que justificadamente forem do seu interesse;

p) Organizar e participar em iniciativas que promovam a formação e ocupação de

tempos livres;

q) Ser informado sobre o regulamento interno da escola e, por meios a definir por

esta e em termos adequados à sua idade e ao ano frequentado, sobre todos os

assuntos que justificadamente sejam do seu interesse, nomeadamente sobre o

modo de organização do plano de estudos ou curso, o programa e objetivos

essenciais de cada disciplina ou área disciplinar e os processos e critérios de

avaliação, bem como sobre a matrícula, o abono de família e apoios

socioeducativos, as normas de utilização e de segurança dos materiais e

equipamentos e das instalações, incluindo o plano de emergência, e, em geral,

sobre todas as atividades e iniciativas relativas ao projeto educativo da escola;

r) Participar nas demais atividades da escola, nos termos da lei e do respetivo

regulamento interno;

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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s) Participar no processo de avaliação, através de mecanismos de auto e

heteroavaliação;

t) Beneficiar de medidas, a definir pela escola, adequadas à recuperação da

aprendizagem nas situações de ausência devidamente justificada às atividades

escolares.

2 - A fruição dos direitos consagrados nas suas alíneas g), h) e r) do número anterior pode

ser, no todo ou em parte, temporariamente vedada em consequência de medida

disciplinar corretiva ou sancionatória aplicada ao aluno, nos termos previstos no

presente Estatuto.

Artigo 8.º

Representação dos alunos

1 - Os alunos podem reunir-se em assembleia de alunos ou assembleia geral de alunos e são

representados pela associação de estudantes, pelos seus representantes nos órgãos de

direção da escola, pelo delegado ou subdelegado de turma e pela assembleia de

delegados de turma, nos termos da lei e do regulamento interno da escola.

2 - A associação de estudantes ou, caso se verifique a sua inexistência ou inércia, os

representantes dos alunos nos órgãos de direção da escola têm o direito de solicitar ao

diretor a realização de reuniões para apreciação de matérias relacionadas com o

funcionamento da escola.

3 - O delegado e o subdelegado de turma têm o direito de solicitar a realização de reuniões

da turma, sem prejuízo do cumprimento das atividades letivas.

4 - Por iniciativa dos alunos ou por sua própria iniciativa, o diretor de turma ou o professor

titular de turma pode solicitar a participação dos representantes dos pais ou

encarregados de educação dos alunos da turma na reunião referida no número anterior.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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5 - Não podem ser eleitos ou continuar a representar os alunos nos órgãos ou estruturas da

escola aqueles a quem seja ou tenha sido aplicada, nos últimos dois anos escolares,

medida disciplinar sancionatória superior à de repreensão registada ou sejam, ou tenham

sido nos últimos dois anos escolares, excluídos da frequência de qualquer disciplina ou

retidos em qualquer ano de escolaridade por excesso grave de faltas, nos termos do

presente Estatuto.

Artigo 9.º

Prémios de mérito

1 - Para efeitos do disposto na alínea h) do artigo 7.º, o regulamento interno pode prever

prémios de mérito destinados a distinguir alunos que, em cada ciclo de escolaridade,

preencham um ou mais dos seguintes requisitos:

a) Revelem atitudes exemplares de superação das suas dificuldades;

b) Alcancem excelentes resultados escolares;

c) Produzam trabalhos académicos de excelência ou realizem atividades

curriculares ou de complemento curricular de relevância;

d) Desenvolvam iniciativas ou ações exemplares no âmbito da solidariedade social.

2 - Os prémios de mérito devem ter natureza simbólica ou material, podendo ter uma

natureza financeira desde que, comprovadamente, auxiliem a continuação do percurso

escolar do aluno.

3 - Cada escola pode procurar estabelecer parcerias com entidades ou organizações da

comunidade educativa no sentido de garantir os fundos necessários ao financiamento

dos prémios de mérito.

Page 14: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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SECÇÃO II

Deveres do aluno

Artigo 10.º

Deveres do aluno

O aluno tem o dever, sem prejuízo do disposto no artigo 40.º e dos demais deveres

previstos no regulamento interno da escola, de:

a) Estudar, aplicando-se, de forma adequada à sua idade, necessidades educativas e

ao ano de escolaridade que frequenta, na sua educação e formação integral;

b) Ser assíduo, pontual e empenhado no cumprimento de todos os seus deveres no

âmbito das atividades escolares;

c) Seguir as orientações dos professores relativas ao seu processo de ensino;

d) Tratar com respeito e correção qualquer membro da comunidade educativa,

independentemente da raça, sexo, orientação sexual ou identidade de género,

condição económica, cultural ou social ou convicções políticas, ideológicas ou

religiosas;

e) Guardar lealdade para com todos os membros da comunidade educativa;

f) Respeitar a autoridade e as instruções dos professores e do pessoal não docente;

g) Contribuir para a harmonia da convivência escolar e para a plena integração na

escola de todos os alunos;

h) Participar nas atividades educativas ou formativas desenvolvidas na escola, bem

como nas demais atividades organizativas que requeiram a participação dos

alunos;

Page 15: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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i) Respeitar a integridade física e psicológica de todos os membros da comunidade

educativa, não praticando quaisquer atos, designadamente violentos,

independentemente do local ou dos meios utilizados, que atentem contra a

integridade física, moral ou patrimonial dos professores, pessoal não docente e

alunos;

j) Prestar auxílio e assistência aos restantes membros da comunidade educativa, de

acordo com as circunstâncias de perigo para a integridade física e psicológica dos

mesmos;

k) Zelar pela preservação, conservação e asseio das instalações, material didático,

mobiliário e espaços verdes da escola, fazendo uso correto dos mesmos;

l) Respeitar a propriedade dos bens de todos os membros da comunidade

educativa;

m) Permanecer na escola durante o seu horário, salvo autorização escrita do

encarregado de educação ou da direção da escola;

n) Participar na eleição dos seus representantes e prestar-lhes toda a colaboração;

o) Conhecer e cumprir o presente Estatuto, as normas de funcionamento dos

serviços da escola e o regulamento interno da mesma, subscrevendo declaração

anual de aceitação do mesmo e de compromisso ativo quanto ao seu

cumprimento integral;

p) Não possuir e não consumir substâncias aditivas, em especial drogas, tabaco e

bebidas alcoólicas, nem promover qualquer forma de tráfico, facilitação e

consumo das mesmas;

q) Não transportar quaisquer materiais, equipamentos tecnológicos, instrumentos

ou engenhos passíveis de, objetivamente, perturbarem o normal funcionamento

das atividades letivas, ou poderem causar danos físicos ou psicológicos aos

alunos ou a qualquer outro membro da comunidade educativa;

Page 16: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

16

r) Não utilizar quaisquer equipamentos tecnológicos, designadamente, telemóveis,

equipamentos, programas ou aplicações informáticas, nos locais onde decorram

aulas ou outras atividades formativas ou reuniões de órgãos ou estruturas da

escola em que participe, exceto quando a utilização de qualquer dos meios acima

referidos esteja diretamente relacionada com as atividades a desenvolver e seja

expressamente autorizada pelo professor ou pelo responsável pela direção ou

supervisão dos trabalhos ou atividades em curso;

s) Não captar sons ou imagens, designadamente, de atividades letivas e não letivas,

sem autorização prévia dos professores, dos responsáveis pela direção da escola

ou supervisão dos trabalhos ou atividades em curso, bem como, quando for o

caso, de qualquer membro da comunidade escolar ou educativa cuja imagem

possa, ainda que involuntariamente, ficar registada;

t) Não difundir, na escola ou fora dela, nomeadamente, via internet ou através de

outros meios de comunicação, sons ou imagens captados nos momentos letivos

e não letivos, sem autorização do diretor da escola;

u) Respeitar os direitos de autor e de propriedade intelectual;

v) Cuidar da sua higiene pessoal e apresentar-se com vestuário que se revele

adequado, em função da idade, à dignidade do espaço e das atividades escolares,

no respeito pelas regras estabelecidas na escola;

x) Reparar os danos por si causados a qualquer membro da comunidade educativa

ou em equipamentos ou instalações da escola ou outras onde decorram

quaisquer atividades decorrentes da vida escolar e, não sendo possível ou

suficiente a reparação, indemnizar os lesados relativamente aos prejuízos

causados.

Page 17: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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SECÇÃO III

Processo individual e outros instrumentos de registo

Artigo 11.º

Processo individual do aluno

1 - O processo individual do aluno acompanha-o ao longo de todo o seu percurso escolar,

sendo devolvido aos pais ou encarregado de educação ou ao aluno maior de idade, no

termo da escolaridade obrigatória.

2 - São registadas no processo individual do aluno as informações relevantes do seu

percurso educativo, designadamente as relativas a comportamentos meritórios e a

infrações e medidas disciplinares sancionatórias aplicadas e seus efeitos.

3 - O processo individual do aluno constitui-se como registo exclusivo em termos

disciplinares.

4 - Têm acesso ao processo individual do aluno, além do próprio ou do encarregado de

educação quando aquele for menor de 18 anos, o professor titular da turma ou o diretor

de turma, os titulares dos órgãos de gestão e administração da escola e os funcionários

afetos aos serviços de gestão de alunos e da ação social escolar.

5 - Podem ainda ter acesso ao processo individual do aluno, mediante autorização do

diretor da escola e no âmbito do estrito cumprimento das respetivas funções, outros

professores da escola, os psicólogos e médicos escolares ou outros profissionais que

trabalhem sob a sua égide e os serviços do Ministério da Educação e Ciência com

competências reguladoras do sistema educativo, neste caso após comunicação ao

diretor.

6 - O regulamento interno define os horários e o local onde o processo pode ser

consultado, não podendo criar obstáculos de acesso ao aluno ou ao encarregado de

educação do aluno menor.

Page 18: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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7 - As informações contidas no processo individual do aluno referentes a matéria disciplinar

e de natureza pessoal e familiar são estritamente confidenciais, encontrando-se

vinculados ao dever de sigilo todos os membros da comunidade educativa que a elas

tenham acesso.

Artigo 12.º

Outros instrumentos de registo

1 - Constituem ainda instrumentos de registo de cada aluno:

a) O registo biográfico;

b) A caderneta escolar;

c) As fichas de registo da avaliação.

2 - O registo biográfico contém os elementos relativos à assiduidade e aproveitamento do

aluno, cabendo à escola a sua organização, conservação e gestão.

3 - A caderneta escolar contém as informações da escola e do encarregado de educação,

bem como outros elementos relevantes para a comunicação entre a escola e os pais ou

encarregados de educação, sendo propriedade do aluno e devendo ser por este

conservada.

4 - As fichas de registo da avaliação contêm, de forma sumária, os elementos relativos ao

desenvolvimento dos conhecimentos, capacidades e atitudes do aluno e são entregues

no final de cada momento de avaliação, designadamente, no final de cada período

escolar, ao encarregado de educação pelo professor titular da turma, no 1.º ciclo, ou pelo

diretor de turma, nos restantes casos.

5 - Os modelos do processo individual, registo biográfico, caderneta do aluno e fichas de

registo da avaliação, nos seus diferentes formatos e suportes, são definidos por

despacho do membro do Governo responsável pela área da educação.

Page 19: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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SECÇÃO IV

Dever de assiduidade e efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas

SUBSECÇÃO I

Dever de assiduidade

Artigo 13.º

Frequência e assiduidade

1 - Para além do dever de frequência da escolaridade obrigatória, os alunos são responsáveis

pelo cumprimento dos deveres de assiduidade e pontualidade, nos termos estabelecidos

na alínea b) do artigo 10.º e no n.º 3 do presente artigo.

2 - Os pais ou encarregados de educação dos alunos menores de idade são responsáveis,

conjuntamente com estes, pelo cumprimento dos deveres referidos no número anterior.

3 - O dever de assiduidade e pontualidade implica para o aluno a presença e a pontualidade

na sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar munido do

material didático ou equipamento necessários, de acordo com as orientações dos

professores, bem como uma atitude de empenho intelectual e comportamental

adequada, em função da sua idade, ao processo de ensino.

4 - O controlo da assiduidade dos alunos é obrigatório, nos termos em que é definida no

número anterior, em todas atividades escolares letivas e não letivas em que participem

ou devam participar.

5 - Sem prejuízo do disposto no presente Estatuto, as normas a adotar no controlo da

assiduidade, da justificação de faltas e da sua comunicação ao encarregado de educação

são fixadas no regulamento interno.

Page 20: Novo Estatuto do Aluno

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Proposta de Lei n.º

20

Artigo 14.º

Faltas e sua natureza

1 - A falta é a ausência do aluno a uma aula ou a outra atividade de frequência obrigatória

ou facultativa caso tenha havido lugar a inscrição, a falta de pontualidade ou a

comparência sem o material didático ou equipamento necessários, nos termos

estabelecidos no presente Estatuto.

2 - Decorrendo as aulas em tempos consecutivos, há tantas faltas quantos os tempos de

ausência do aluno.

3 - As faltas são registadas pelo professor titular de turma, pelo professor responsável pela

aula ou atividade ou pelo diretor de turma em suportes administrativos adequados.

4 - As faltas resultantes da aplicação da ordem de saída da sala de aula, ou de medidas

disciplinares sancionatórias, consideram-se faltas injustificadas.

5 - Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo anterior, o regulamento interno da escola

define o processo de justificação das faltas de pontualidade do aluno e ou resultantes da

sua comparência sem o material didático e ou outro equipamento indispensáveis, bem

como os termos em que essas faltas, quando injustificadas, são equiparadas a faltas de

presença, para os efeitos previstos no presente Estatuto.

6 - Compete ao diretor garantir os suportes administrativos adequados ao registo de faltas

dos alunos e respetiva atualização, de modo que este possa ser, em permanência,

utilizado para finalidades pedagógicas e administrativas.

7 - A participação em visitas de estudo previstas no plano de atividades da escola não é

considerada falta relativamente às disciplinas ou áreas disciplinares envolvidas,

considerando-se dadas as aulas das referidas disciplinas previstas para o dia em causa no

horário da turma.

Page 21: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

21

Artigo 15.º

Dispensa da atividade física

1 - O aluno pode ser dispensado temporariamente das atividades de educação física ou

desporto escolar por razões de saúde, devidamente comprovadas por atestado médico,

que deve explicitar claramente as contraindicações da atividade física.

2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o aluno deve estar sempre presente no

espaço onde decorre a aula de educação física.

3 - Sempre que, por razões devidamente fundamentadas, o aluno se encontre

impossibilitado de estar presente no espaço onde decorre a aula de educação física deve

ser encaminhado para um espaço em que seja pedagogicamente acompanhado.

Artigo 16.º

Justificação de faltas

1 - São consideradas justificadas as faltas dadas pelos seguintes motivos:

a) Doença do aluno, devendo esta ser informada por escrito pelo encarregado de

educação ou pelo aluno quando maior de idade quando determinar um período

inferior ou igual a três dias úteis, ou por médico se determinar impedimento

superior a três dias úteis, podendo, quando se trate de doença de carácter

crónico ou recorrente, uma única declaração ser aceite para a totalidade do ano

letivo ou até ao termo da condição que a determinou;

b) Isolamento profilático, determinado por doença infecto-contagiosa de pessoa

que coabite com o aluno, comprovada através de declaração da autoridade

sanitária competente;

c) Falecimento de familiar, durante o período legal de justificação de faltas por

falecimento de familiar previsto no regime do contrato de trabalho dos

trabalhadores que exercem funções públicas;

Page 22: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

22

d) Nascimento de irmão, durante o dia do nascimento e o dia imediatamente

posterior;

e) Realização de tratamento ambulatório, em virtude de doença ou deficiência, que

não possa efetuar-se fora do período das atividades letivas;

f) Assistência na doença a membro do agregado familiar, nos casos em que,

comprovadamente, tal assistência não possa ser prestada por qualquer outra

pessoa;

g) Comparência a consultas pré-natais, período de parto e amamentação, nos

termos da legislação em vigor;

h) Ato decorrente da religião professada pelo aluno, desde que o mesmo não possa

efetuar-se fora do período das atividades letivas e corresponda a uma prática

comummente reconhecida como própria dessa religião;

i) Participação em atividades culturais e desportivas reconhecidas, nos termos da

lei, como de interesse público ou consideradas relevantes pelas respetivas

autoridades escolares;

j) Preparação e participação em atividades desportivas de alta competição, nos

termos legais aplicáveis;

k) Cumprimento de obrigações legais que não possam efetuar-se fora do período

das atividades letivas;

l) Outro facto impeditivo da presença na escola ou em qualquer atividade escolar,

desde que, comprovadamente, não seja imputável ao aluno e considerado

atendível pelo diretor, pelo diretor de turma ou pelo professor titular;

Page 23: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

23

m) As decorrentes de suspensão preventiva aplicada no âmbito de procedimento

disciplinar, no caso de ao aluno não vir a ser aplicada qualquer medida

disciplinar sancionatória, lhe ser aplicada medida não suspensiva da escola, ou na

parte em que ultrapassem a medida efetivamente aplicada;

n) Participação em visitas de estudo previstas no plano de atividades da escola,

relativamente às disciplinas ou áreas disciplinares não envolvidas na referida

visita;

o) Outros factos previstos no regulamento interno da escola.

2 - A justificação das faltas exige um pedido escrito apresentado pelos pais ou encarregados

de educação ou, quando maior de idade, pelo próprio, ao professor titular da turma ou

ao diretor de turma, com indicação do dia e da atividade letiva em que a falta ocorreu,

referenciando os motivos justificativos da mesma na caderneta escolar, tratando-se de

aluno do ensino básico, ou em impresso próprio, tratando-se de aluno do ensino

secundário.

3 - O diretor de turma, ou o professor titular da turma, pode solicitar aos pais ou

encarregado de educação, ou ao aluno maior de idade, os comprovativos adicionais que

entenda necessários à justificação da falta, devendo, igualmente, qualquer entidade que

para esse efeito for contactada, contribuir para o correto apuramento dos factos.

4 - A justificação da falta deve ser apresentada previamente, sendo o motivo previsível, ou,

nos restantes casos, até ao 3.º dia útil subsequente à verificação da mesma.

5 - O regulamento interno do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve

explicitar a tramitação conducente à aceitação da justificação, as consequências do seu

eventual incumprimento e os procedimentos a adotar.

Page 24: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

24

6 - Nas situações de ausência justificada às atividades escolares, o aluno tem o direito a

beneficiar de medidas, a definir pelos professores responsáveis e ou pela escola, nos

termos estabelecidos no respetivo regulamento interno, adequadas à recuperação da

aprendizagem em falta.

Artigo 17.º

Faltas injustificadas

1 - As faltas são injustificadas quando:

a) Não tenha sido apresentada justificação, nos termos do artigo anterior;

b) A justificação tenha sido apresentada fora do prazo;

c) A justificação não tenha sido aceite;

d) A marcação da falta resulte da aplicação da ordem de saída da sala de aula ou de

medida disciplinar sancionatória.

2 - Na situação prevista na alínea c) do número anterior, a não aceitação da justificação

apresentada deve ser fundamentada de forma sintética.

3 - As faltas injustificadas são comunicadas aos pais ou encarregados de educação, ou ao

aluno maior de idade, pelo diretor de turma ou pelo professor titular de turma, no prazo

máximo de três dias úteis, pelo meio mais expedito.

Artigo 18.º

Excesso grave de faltas

1 - Em cada ano letivo as faltas injustificadas não podem exceder:

a) 10 dias, seguidos ou interpolados, no 1.º ciclo do ensino básico;

b) O dobro do número de tempos letivos semanais por disciplina nos restantes

ciclos ou níveis de ensino, sem prejuízo do disposto no número seguinte.

Page 25: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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2 - Nas ofertas formativas profissionalmente qualificantes, designadamente nos cursos

profissionais, ou noutras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento

da respetiva carga horária, o aluno encontra-se na situação de excesso de faltas quando

ultrapassa os limites de faltas justificadas e ou injustificadas daí decorrentes,

relativamente a cada disciplina, módulo, unidade ou área de formação, nos termos

previstos na regulamentação própria ou definidos, no quadro daquela, no regulamento

interno da escola.

3 - Quando for atingido metade dos limites de faltas previstos nos números anteriores, os

pais ou o encarregado de educação ou o aluno maior de idade são convocados à escola,

pelo meio mais expedito, pelo diretor de turma ou pelo professor que desempenhe

funções equiparadas ou pelo professor titular de turma.

4 - A notificação referida no número anterior tem como objetivo alertar para as

consequências da violação do limite de faltas e procurar encontrar uma solução que

permita garantir o cumprimento efetivo do dever de assiduidade.

5 - Caso se revele impraticável o referido nos números anteriores, por motivos não

imputáveis à escola, e sempre que a gravidade especial da situação o justifique, a

respetiva comissão de proteção de crianças e jovens em risco deve ser informada do

excesso de faltas do aluno menor de idade, assim como dos procedimentos e diligências

até então adotados pela escola e pelos encarregados de educação, procurando em

conjunto soluções para ultrapassar a sua falta de assiduidade.

Page 26: Novo Estatuto do Aluno

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Proposta de Lei n.º

26

SUBSECÇÃO II

Ultrapassagem dos limites de faltas

Artigo 19.º

Efeitos da ultrapassagem dos limites de faltas

1 - A ultrapassagem dos limites de faltas injustificadas previstos no n.º 1 do artigo anterior

constitui uma violação dos deveres de frequência e assiduidade e obriga o aluno faltoso

ao cumprimento de medidas de recuperação e ou corretivas específicas, de acordo com

o estabelecido nos artigos seguintes, podendo ainda conduzir à aplicação de medidas

disciplinares sancionatórias, nos termos do presente Estatuto.

2 - A ultrapassagem dos limites de faltas previstos nas ofertas formativas a que se refere o

n.º 2 do artigo anterior constitui uma violação dos deveres de frequência e assiduidade e

tem para o aluno as consequências estabelecidas na regulamentação específica da oferta

formativa em causa e ou no regulamento interno da escola, sem prejuízo de outras

medidas expressamente previstas no presente Estatuto para as referidas modalidades

formativas.

3 - O previsto nos números anteriores não exclui a responsabilização dos pais ou

encarregados de educação do aluno, designadamente, nos termos dos artigos 44.º e 45.º

do presente Estatuto.

4 - Todas as situações, atividades, medidas ou suas consequências previstas no presente

artigo são obrigatoriamente comunicadas, pelo meio mais expedito, ao encarregado de

educação ou ao aluno, quando maior de idade, ao diretor de turma e ao professor tutor

do aluno, sempre que designado, e registadas no processo individual do aluno.

5 - A ultrapassagem do limite de faltas estabelecido no regulamento interno da escola

relativamente às atividades de apoio ou complementares de inscrição ou de frequência

facultativa implica a imediata exclusão do aluno das atividades em causa.

Page 27: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

27

Artigo 20.º

Medidas de recuperação e de integração

1 - Para os alunos menores de 16 anos, independentemente da modalidade de ensino

frequentada, a violação dos limites de faltas previstos no artigo 18.º pode obrigar ao

cumprimento de atividades, a definir pela escola, que permitam recuperar atrasos na

aprendizagem e ou a integração escolar e comunitária do aluno e pelas quais os alunos e

os seus encarregados de educação são corresponsáveis.

2 - O disposto no número anterior é aplicado em função da idade, da regulamentação

específica do percurso formativo e da situação concreta do aluno.

3 - As atividades de recuperação da aprendizagem, quando a elas houver lugar, são

decididas pelo professor titular da turma ou pelos professores das disciplinas em que foi

ultrapassado o limite de faltas, de acordo com as regras aprovadas pelo conselho

pedagógico e previstas no regulamento interno da escola, as quais privilegiarão a

simplicidade e a eficácia.

4 - As medidas corretivas a que se refere o presente artigo são definidas nos termos dos

artigos 26.º e 27.º, com as especificidades previstas nos números seguintes.

5 - As atividades de recuperação de atrasos na aprendizagem, que podem revestir forma

oral, bem como as medidas corretivas previstas no presente artigo ocorrem após a

verificação do excesso de faltas e apenas podem ser aplicadas uma única vez no decurso

de cada ano letivo.

6 - O disposto no número anterior é aplicado independentemente do ano de escolaridade

ou do número de disciplinas em que se verifique a ultrapassagem do limite de faltas,

cabendo à escola definir no seu regulamento interno o momento em que as atividades

de recuperação são realizadas, bem como as matérias a trabalhar nas mesmas, as quais se

confinarão às tratadas nas aulas cuja ausência originou a situação de excesso de faltas.

Page 28: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

28

7 - Sempre que cesse o incumprimento do dever de assiduidade por parte do aluno, são

desconsideradas as faltas em excesso.

8 - Cessa o dever de cumprimento das atividades e medidas a que se refere o presente

artigo, com as consequências daí decorrentes para o aluno, de acordo com a sua

concreta situação, sempre que para o cômputo do número e limites de faltas nele

previstos tenham sido determinantes as faltas registadas na sequência da aplicação de

medida corretiva de ordem de saída da sala de aula ou disciplinar sancionatória de

suspensão.

9 - Ao cumprimento das atividades de recuperação por parte do aluno é aplicável, com as

necessárias adaptações e em tudo o que não contrarie o estabelecido nos números

anteriores, o previsto no n.º 2 do artigo 27.º, competindo ao conselho pedagógico

definir, de forma genérica e simplificada e dando especial relevância e prioridade à

respetiva eficácia, as regras a que deve obedecer a sua realização e avaliação.

10- Tratando-se de aluno de idade igual ou superior a 16 anos, a violação dos limites de

faltas previstos no artigo 18.º pode dar também lugar à aplicação das medidas previstas

no regulamento interno que se revelem adequadas, tendo em vista os objetivos

formativos, preventivos e integradores a alcançar, em função da idade, do percurso

formativo e sua regulamentação específica e da situação concreta do aluno.

11- O disposto nos n.ºs 3 a 9 é também aplicável aos alunos maiores de 16 anos, com as

necessárias adaptações, quando a matéria não se encontre prevista em sede de

regulamento interno.

Page 29: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

29

Artigo 21.º

Incumprimento ou ineficácia das medidas

1 - O incumprimento das medidas previstas no artigo anterior ou a sua ineficácia

determinam, tratando-se de aluno menor de 18 anos, a comunicação obrigatória do

facto à respetiva comissão de proteção de crianças e jovens, de forma a procurar

encontrar, com a colaboração da escola e, sempre que possível, com a autorização e

corresponsabilização dos pais ou encarregados de educação, uma solução adequada ao

processo formativo do aluno e à sua inserção social e socioprofissional, considerando,

de imediato, a possibilidade de encaminhamento do aluno para diferente percurso

formativo.

2 - A opção a que se refere o número anterior tem por base as medidas definidas na lei

sobre o cumprimento da escolaridade obrigatória, podendo, na iminência de abandono

escolar, ser aplicada a todo o tempo, sem necessidade de aguardar pelo final do ano

escolar.

3 - Tratando-se de aluno com idade superior a 12 anos que já frequentou, no ano letivo

anterior, o mesmo ano de escolaridade, poderá haver lugar, até final do ano letivo em

causa e por decisão do diretor da escola, à prorrogação da medida corretiva aplicada nos

termos do artigo.

4 - Quando a medida a que se referem os n.ºs 1 e 2 não for possível ou o aluno for

encaminhado para oferta formativa diferente da que frequenta e o encaminhamento

ocorra após 31 de janeiro, o não cumprimento das atividades e ou medidas previstas no

artigo anterior ou a sua ineficácia por causa não imputável à escola determinam ainda,

logo que determinado pelo professor titular ou pelo conselho de turma:

Page 30: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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a) Para os alunos a frequentar o 1.º ciclo do ensino básico, a retenção no ano de

escolaridade respetivo, com a obrigação de frequência das atividades escolares

até final do ano letivo, ou até ao encaminhamento para o novo percurso

formativo, se ocorrer antes;

b) Para os restantes alunos, a retenção no ano de escolaridade em curso, no caso de

frequentarem o ensino básico, ou a exclusão na disciplina ou disciplinas em que

se verifique o excesso de faltas, tratando-se de alunos do ensino secundário, sem

prejuízo da obrigação de frequência da escola até final do ano letivo e até

perfazerem os 18 anos de idade, ou até ao encaminhamento para o novo

percurso formativo, se ocorrer antes.

5 - Nas ofertas formativas profissionalmente qualificantes, designadamente nos cursos

profissionais ou noutras ofertas formativas que exigem níveis mínimos de cumprimento

da respetiva carga horária, o incumprimento ou a ineficácia das medidas previstas no

artigo 20.º implica, independentemente da idade do aluno, a exclusão dos módulos ou

unidades de formação das disciplinas ou componentes de formação em curso no

momento em que se verifica o excesso de faltas, com as consequências previstas na

regulamentação específica e definidas no regulamento interno da escola.

6 - As atividades a desenvolver pelo aluno decorrentes do dever de frequência estabelecido

na alínea b) do n.º 4, no horário da turma ou das disciplinas de que foi retido ou

excluído são definidas no regulamento interno da escola.

7 - O incumprimento ou a ineficácia das medidas e atividades referidas no presente artigo

implica também restrições à realização de provas de equivalência à frequência ou de

exames, sempre que tal se encontre previsto em regulamentação específica de qualquer

modalidade de ensino ou oferta formativa.

8 - O incumprimento reiterado do dever de assiduidade e ou das atividades a que se refere

o número anterior pode dar ainda lugar à aplicação de medidas disciplinares

sancionatórias previstas no presente Estatuto.

Page 31: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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CAPÍTULO IV

Disciplina

SECÇÃO I

Infração

Artigo 22.º

Qualificação de infração

1 - A violação pelo aluno de algum dos deveres previstos no artigo 10.º ou no regulamento

interno da escola, de forma reiterada e ou em termos que se revelem perturbadores do

funcionamento normal das atividades da escola ou das relações no âmbito da

comunidade educativa, constitui infração disciplinar passível da aplicação de medida

corretiva ou medida disciplinar sancionatória, nos termos dos artigos seguintes.

2 - A definição, bem como a competência e os procedimentos para a aplicação das medidas

disciplinares corretivas e sancionatórias estão previstos, respetivamente, nos artigos 26.º

e 27.º e nos artigos 28.º a 33.º

3 - A aplicação das medidas disciplinares sancionatórias previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º

2 do artigo 28.º depende da instauração de procedimento disciplinar, nos termos

estabelecidos nos artigos 28.º, 30.º e 31.º

Artigo 23.º

Participação de ocorrência

1 - O professor ou membro do pessoal não docente que presencie ou tenha conhecimento

de comportamentos suscetíveis de constituir infração disciplinar deve participá-los

imediatamente ao diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

Page 32: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

32

2 - O aluno que presencie comportamentos suscetíveis de constituir infração disciplinar

deve comunicá-los imediatamente ao professor titular de turma, ao diretor de turma ou

equivalente, o qual, no caso de os considerar graves ou muito graves, os participa, no

prazo de um dia útil, ao diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada.

SECÇÃO II

Medidas disciplinares

SUBSECÇÃO I

Finalidades e determinação das medidas disciplinares

Artigo 24.º

Finalidades das medidas disciplinares

1- Todas as medidas disciplinares corretivas e sancionatórias prosseguem finalidades

pedagógicas, preventivas, dissuasoras e de integração, visando, de forma sustentada, o

cumprimento dos deveres do aluno, o respeito pela autoridade dos professores no

exercício da sua atividade profissional e dos demais funcionários, bem como a segurança

de toda a comunidade educativa.

2- As medidas corretivas e disciplinares sancionatórias visam ainda garantir o normal

prosseguimento das atividades da escola, a correção do comportamento perturbador e o

reforço da formação cívica do aluno, com vista ao desenvolvimento equilibrado da sua

personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros, da sua plena integração

na comunidade educativa, do seu sentido de responsabilidade e da sua aprendizagem.

3- As medidas disciplinares sancionatórias, tendo em conta a especial relevância do dever

violado e a gravidade da infração praticada, prosseguem igualmente finalidades

punitivas.

Page 33: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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4- As medidas corretivas e as medidas disciplinares sancionatórias devem ser aplicadas em

coerência com as necessidades educativas do aluno e com os objetivos da sua educação

e formação, no âmbito do desenvolvimento do plano de trabalho da turma e do projeto

educativo da escola, nos termos do respetivo regulamento interno.

Artigo 25.º

Determinação da medida disciplinar

1 - Na determinação da medida disciplinar corretiva ou sancionatória a aplicar deve ter-se

em consideração a gravidade do incumprimento do dever, as circunstâncias atenuantes e

agravantes apuradas em que esse incumprimento se verificou, o grau de culpa do aluno,

a sua maturidade e demais condições pessoais, familiares e sociais.

2 - São circunstâncias atenuantes da responsabilidade disciplinar do aluno o seu bom

comportamento anterior, o seu aproveitamento escolar e o seu reconhecimento com

arrependimento da natureza ilícita da sua conduta.

3 - São circunstâncias agravantes da responsabilidade do aluno a premeditação, o conluio, a

gravidade do dano provocado a terceiros e a acumulação de infrações disciplinares e a

reincidência nelas, em especial se no decurso do mesmo ano letivo.

SUBSECÇÃO II

Medidas disciplinares corretivas

Artigo 26.º

Medidas disciplinares corretivas

1 - As medidas corretivas prosseguem finalidades pedagógicas, dissuasoras e de integração,

nos termos do n.o 1 do artigo 24.o, assumindo uma natureza eminentemente preventiva.

2 - São medidas corretivas, sem prejuízo de outras que, obedecendo ao disposto no número

anterior, venham a estar contempladas no regulamento interno da escola:

a) A advertência;

Page 34: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

34

b) A ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho

escolar;

c) A realização de tarefas e atividades de integração na escola ou na comunidade,

podendo para o efeito ser aumentado o período diário e ou semanal de

permanência obrigatória do aluno na escola ou no local onde decorram as

tarefas ou atividades, nos termos previstos no artigo seguinte;

d) O condicionamento no acesso a certos espaços escolares ou na utilização de

certos materiais e equipamentos, sem prejuízo dos que se encontrem afectos a

atividades letivas;

e) A mudança de turma.

3 - A advertência consiste numa chamada verbal de atenção ao aluno, perante um

comportamento perturbador do funcionamento normal das atividades escolares ou das

relações entre os presentes no local onde elas decorrem, com vista a alertá-lo para que

deve evitar tal tipo de conduta e a responsabilizá-lo pelo cumprimento dos seus deveres

como aluno.

4 - Na sala de aula a advertência é da exclusiva competência do professor, cabendo, fora

dela, a qualquer professor ou membro do pessoal não docente.

5 - A ordem de saída da sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar é

da exclusiva competência do professor respetivo e implica a marcação de falta

injustificada ao aluno e a permanência do aluno na escola.

6 - O regulamento interno da escola definirá o tipo de tarefas a executar pelo aluno, sempre

que lhe seja aplicada a medida corretiva prevista no número anterior.

Page 35: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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7 - A aplicação no decurso do mesmo ano letivo e ao mesmo aluno da medida corretiva de

ordem de saída da sala de aula pela terceira vez, por parte do mesmo professor, ou pela

quinta vez, independentemente do professor que a aplicou, implica a análise da situação

em conselho de turma, tendo em vista a identificação das causas e a pertinência da

proposta de aplicação de outras medidas disciplinares corretivas ou sancionatórias, nos

termos do presente Estatuto.

8 - A aplicação das medidas corretivas previstas nas alíneas c), d) e e) do n.º 2 é da

competência do diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada que, para o

efeito, pode ouvir o diretor de turma ou o professor titular da turma a que o aluno

pertença, bem como o professor tutor ou o gabinete de integração e apoio, caso

existam.

9 - Compete à escola, no âmbito do respetivo regulamento interno, identificar as atividades,

local e período de tempo durante o qual as mesmas ocorrem e, bem assim, definir as

competências e procedimentos a observar, tendo em vista a aplicação e posterior

execução da medida corretiva prevista na alínea c) do n.º 2.

10 - O disposto no número anterior é aplicável, com as devidas adaptações, à aplicação e

posterior execução da medida corretiva prevista na alínea d) do n.º 2, a qual não pode

ultrapassar o período de tempo correspondente a um ano escolar.

11 - A aplicação das medidas corretivas previstas no n.º 2 é comunicada aos pais ou ao

encarregado de educação, tratando-se de aluno menor de idade.

Artigo 27.º

Atividades de integração na escola ou na comunidade

1 - O cumprimento por parte do aluno da medida corretiva prevista na alínea c) do número

2 do artigo anterior obedece, ainda, ao disposto nos números seguintes.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

36

2 - O cumprimento das medidas corretivas realiza-se em período suplementar ao horário

letivo, no espaço escolar ou fora dele, neste caso com acompanhamento dos pais ou

encarregados de educação ou de entidade local ou localmente instalada idónea e que

assuma coresponsabilizar-se, nos termos a definir em protocolo escrito celebrado nos

termos previstos no regulamento interno da escola.

3 - O cumprimento das medidas corretivas realiza-se sempre sob supervisão da escola,

designadamente, através do diretor de turma, do professor tutor e ou da equipa de

integração e apoio, quando existam.

4 - O previsto no n.º 2 não isenta o aluno da obrigação de cumprir o horário letivo da

turma em que se encontra inserido ou de permanecer na escola durante o mesmo.

SUBSECÇÃO III

Medidas disciplinares sancionatórias

Artigo 28.º

Medidas disciplinares sancionatórias

1 - As medidas disciplinares sancionatórias traduzem uma sanção disciplinar imputada ao

comportamento do aluno, devendo a ocorrência dos factos suscetíveis de a configurar

ser participada de imediato pelo professor ou funcionário que a presenciou ou dela teve

conhecimento à direção do agrupamento de escolas ou escola não agrupada com

conhecimento ao diretor de turma e ao professor tutor ou à equipa de integração e

apoios ao aluno, caso existam.

2 - São medidas disciplinares sancionatórias:

a) A repreensão registada;

b) A suspensão até três dias úteis;

c) A suspensão da escola entre quatro e doze dias úteis;

d) A transferência de escola;

Page 37: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

37

e) A expulsão da escola.

3 - A aplicação da medida disciplinar sancionatória de repreensão registada, quando a

infração for praticada na sala de aula, é da competência do professor respetivo,

competindo ao diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada nas restantes

situações, averbando-se no respetivo processo individual do aluno a identificação do

autor do ato decisório, data em que o mesmo foi proferido e fundamentação de facto e

de direito de tal decisão.

4 - A suspensão até três dias úteis, enquanto medida dissuasora, é aplicada, com a devida

fundamentação dos factos que a suportam, pelo diretor do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada, após o exercício dos direitos de audiência e defesa do visado.

5 - Compete ao diretor da escola, ouvidos os pais ou o encarregado de educação do aluno,

quando menor de idade, fixar os termos e condições em que a aplicação da medida

disciplinar sancionatória referida no número anterior é executada, garantindo ao aluno

um plano de atividades pedagógicas a realizar, com corresponsabilização daqueles e

podendo igualmente, se assim o entender, estabelecer eventuais parcerias ou celebrar

protocolos ou acordos com entidades públicas ou privadas.

6 - Compete ao diretor a decisão de aplicar a medida disciplinar sancionatória de suspensão

da escola entre quatro e doze dias úteis, após a realização do procedimento disciplinar

previsto no artigo 30.º, podendo previamente ouvir o conselho de turma, para o qual

deve ser convocado o professor tutor, quando exista e não seja professor da turma.

7 - O não cumprimento do plano de atividades pedagógicas a que se refere o número

anterior, pode dar lugar à instauração de novo procedimento disciplinar, considerando-

se a recusa circunstância agravante, nos termos do n.º 3 do artigo 25.º

Page 38: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

38

8 - A aplicação da medida disciplinar sancionatória de transferência de escola compete, com

possibilidade de delegação, ao diretor-geral da Educação, precedendo a conclusão do

procedimento disciplinar a que se refere o artigo 30.º, com fundamento na prática de

factos notoriamente impeditivos do prosseguimento do processo de ensino dos

restantes alunos da escola ou do normal relacionamento com algum ou alguns dos

membros da comunidade educativa.

9 - A medida disciplinar sancionatória de transferência de escola apenas é aplicada a aluno

de idade igual ou superior a 10 anos e, frequentando o aluno a escolaridade obrigatória,

desde que esteja assegurada a frequência de outro estabelecimento situado na mesma

localidade ou na localidade mais próxima, desde que servida de transporte público ou

escolar.

10 - A aplicação da medida disciplinar de expulsão da escola compete, com possibilidade de

delegação, ao diretor-geral da Educação precedendo conclusão do procedimento

disciplinar a que se refere o artigo 30.º e consiste na retenção do aluno no ano de

escolaridade que frequenta quando a medida é aplicada e na proibição de acesso ao

espaço escolar até ao final daquele ano escolar e nos dois anos escolares imediatamente

seguintes.

11 - A medida disciplinar de expulsão da escola é aplicada ao aluno maior quando, de modo

notório, se constate não haver outra medida ou modo de responsabilização no sentido

do cumprimento dos seus deveres como aluno.

12 - Complementarmente às medidas previstas no n.º 2, compete ao diretor do agrupamento

de escolas ou escola não agrupada decidir sobre a reparação dos danos ou a substituição

dos bens lesados ou, quando aquelas não forem possíveis, sobre a indemnização dos

prejuízos causados pelo aluno à escola ou a terceiros, podendo o valor da reparação

calculado ser reduzido, na proporção a definir pelo diretor, tendo em conta o grau de

responsabilidade do aluno e ou a sua situação socioeconómica.

Page 39: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

39

Artigo 29.º

Cumulação de medidas disciplinares

1 - A aplicação das medidas corretivas previstas nas alíneas a) a e) do n.º 2 do artigo 26.º é

cumulável entre si.

2 - A aplicação de uma ou mais das medidas corretivas é cumulável apenas com a aplicação

de uma medida disciplinar sancionatória.

3 - Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, por cada infração apenas pode ser

aplicada uma medida disciplinar sancionatória.

Artigo 30.º

Medidas disciplinares sancionatórias - procedimento disciplinar

1 - A competência para a instauração de procedimento disciplinar por comportamentos

susceptíveis de configurar a aplicação de alguma das medidas previstas nas alíneas c), d) e

e) do n.º 2 do artigo 28.º é do diretor do agrupamento de escolas ou escola não

agrupada.

2 - Para efeitos do previsto no número anterior o diretor, no prazo de dois dias úteis após o

conhecimento da situação, emite o despacho instaurador e de nomeação do instrutor,

devendo este ser um professor da escola, e notifica os pais ou encarregado de educação

do aluno menor pelo meio mais expedito.

3 - Tratando-se de aluno maior, a notificação é feita diretamente ao próprio.

4 - O diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve notificar o instrutor

da sua nomeação no mesmo dia em que profere o despacho de instauração do

procedimento disciplinar.

Page 40: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

40

5 - A instrução do procedimento disciplinar é efetuada no prazo máximo de seis dias úteis,

contados da data de notificação ao instrutor do despacho que instaurou o procedimento

disciplinar, sendo obrigatoriamente realizada, para além das demais diligências

consideradas necessárias, a audiência oral dos interessados, em particular do aluno, e

sendo este menor de idade, do respetivo encarregado de educação.

6 - Os interessados são convocados com a antecedência de um dia útil para a audiência oral,

não constituindo a falta de comparência motivo do seu adiamento, podendo esta, no

caso de apresentação de justificação da falta até ao momento fixado para a audiência, ser

adiada.

7 - No caso de o respetivo encarregado de educação não comparecer, o aluno menor de

idade pode ser ouvido na presença de um docente por si livremente escolhido e do

diretor de turma ou do professor-tutor do aluno, quando exista, ou, no impedimento

destes, de outro professor da turma designado pelo diretor.

8 - Da audiência é lavrada ata de que consta o extrato das alegações feitas pelos

interessados.

9 - Finda a instrução, o instrutor elabora e remete ao diretor do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada, no prazo de três dias úteis, relatório final do qual constam,

obrigatoriamente:

a) Os factos cuja prática é imputada ao aluno, devidamente circunstanciados

quanto ao tempo, modo e lugar;

b) Os deveres violados pelo aluno, com referência expressa às respetivas normas

legais ou regulamentares;

c) Os antecedentes do aluno que se constituem como circunstâncias atenuantes ou

agravantes nos termos previstos no artigo 25.º;

Page 41: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

41

d) A proposta de medida disciplinar sancionatória aplicável ou de arquivamento do

procedimento.

10- No caso da medida disciplinar sancionatória proposta ser a transferência de escola ou de

expulsão da escola, a mesma é comunicada para decisão ao diretor-geral da Educação,

no prazo de dois dias úteis.

Artigo 31.º

Celeridade do procedimento disciplinar

1 - A instrução do procedimento disciplinar prevista nos n.ºs 5 a 8 do artigo anterior pode

ser substituída pelo reconhecimento individual, consciente e livre dos factos, por parte

do aluno maior de 12 anos e a seu pedido, em audiência a promover pelo instrutor, nos

dois dias úteis subsequentes à sua nomeação, mas nunca antes de decorridas vinte e

quatro horas sobre o momento previsível da prática dos factos imputados ao aluno.

2 - Na audiência referida no número anterior, estão presentes, além do instrutor, o aluno, o

encarregado de educação do aluno menor de idade e, ainda:

a) O diretor de turma ou o professor-tutor do aluno, quando exista, ou, em caso de

impedimento e em sua substituição, um professor da turma designado pelo

diretor;

b) Um professor da escola livremente escolhido pelo aluno.

3 - A não comparência do encarregado de educação, quando devidamente convocado, não

obsta à realização da audiência.

4 - Os participantes referidos no n.º 2 têm como missão exclusiva assegurar e testemunhar,

através da assinatura do auto a que se referem os números seguintes, a total consciência

do aluno quanto aos factos que lhe são imputados e às suas consequências, bem como a

sua total liberdade no momento da respetiva declaração de reconhecimento.

Page 42: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

42

5 - Na audiência, é elaborado auto, no qual constam, entre outros, os elementos previstos

nas alíneas a) e b) do n.º 9 do artigo anterior, o qual, previamente a qualquer assinatura, é

lido em voz alta e explicado ao aluno pelo instrutor, com a informação clara e expressa

de que não está obrigado a assiná-lo.

6 - O facto ou factos imputados ao aluno só são considerados validamente reconhecidos

com a assinatura do auto por parte de todos os presentes, sendo que, querendo assinar,

o aluno o faz antes de qualquer outro elemento presente.

7 - O reconhecimento dos factos por parte do aluno é considerado circunstância atenuante,

nos termos e para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 25.º, encerrando a fase da

instrução e seguindo-se-lhe os procedimentos previstos no artigo anterior.

8 - A recusa do reconhecimento por parte do aluno implica a necessidade da realização da

instrução, podendo o instrutor aproveitar a presença dos intervenientes para a realização

da audiência oral prevista no artigo anterior.

Artigo 32.º

Suspensão preventiva do aluno

1 - No momento da instauração do procedimento disciplinar, mediante decisão da entidade

que o instaurou, ou no decurso da sua instauração por proposta do instrutor, o diretor

pode decidir a suspensão preventiva do aluno, mediante despacho fundamentado

sempre que:

a) A sua presença na escola se revelar gravemente perturbadora do normal

funcionamento das atividades escolares;

b) Tal seja necessário e adequado à garantia da paz pública e da tranquilidade na

escola;

c) A sua presença na escola prejudique a instrução do procedimento disciplinar.

Page 43: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

43

2 - A suspensão preventiva tem a duração que o diretor do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada considerar adequada na situação em concreto, sem prejuízo de, por

razões devidamente fundamentadas, poder ser prorrogada até à data da decisão do

procedimento disciplinar, não podendo, em qualquer caso, exceder 10 dias úteis.

3 - Os efeitos decorrentes da ausência do aluno no decurso do período de suspensão

preventiva, no que respeita à avaliação da aprendizagem, são determinados em função

da decisão que vier a ser proferida no final do procedimento disciplinar, nos termos

estabelecidos no presente Estatuto e no regulamento interno da escola.

4 - Os dias de suspensão preventiva cumpridos pelo aluno são descontados no

cumprimento da medida disciplinar sancionatória prevista na alínea c) do n.º 2 do artigo

28.º a que o aluno venha a ser condenado na sequência do procedimento disciplinar

previsto no artigo 30.º

5 - O encarregado de educação é imediatamente informado da suspensão preventiva

aplicada ao seu educando e, sempre que a avaliação que fizer das circunstâncias o

aconselhe, o diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve participar a

ocorrência à respetiva comissão de proteção de crianças e jovens.

6 - Ao aluno suspenso preventivamente é também fixado, durante o período de ausência da

escola, o plano de atividades previsto no n.º 5 do artigo 28.º

7 - A suspensão preventiva do aluno é comunicada, por via electrónica, pelo diretor do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada ao serviço do Ministério da Educação e

Ciência responsável pela coordenação da segurança escolar, sendo identificados

sumariamente os intervenientes, os factos e as circunstâncias que motivaram a decisão

de suspensão.

Page 44: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

44

Artigo 33.º

Decisão final

1 - A decisão final do procedimento disciplinar, devidamente fundamentada, é proferida no

prazo máximo de dois dias úteis, a contar do momento em que a entidade competente

para o decidir receba o relatório do instrutor, sem prejuízo do disposto no n.º 4.

2 - A decisão final do procedimento disciplinar fixa o momento a partir do qual se inicia a

execução da medida disciplinar sancionatória, sem prejuízo da possibilidade de

suspensão da execução da medida, nos termos do número seguinte.

3 - A execução da medida disciplinar sancionatória, com exceção da referida nas alíneas d) e

e) do n.º 2 do artigo 28.º, pode ficar suspensa por um período de tempo e nos termos e

condições que a entidade decisora considerar justo, adequado e razoável, cessando a

suspensão logo que ao aluno seja aplicada outra medida disciplinar sancionatória no

respetivo decurso.

4 - Quando esteja em causa a aplicação da medida disciplinar sancionatória de transferência

de escola ou de expulsão da escola, o prazo para ser proferida a decisão final é de cinco

dias úteis, contados a partir da recepção do processo disciplinar na Direção-Geral de

Educação.

5 - Da decisão proferida pelo diretor-geral da Educação que aplique a medida disciplinar

sancionatória de transferência de escola, deve igualmente constar a identificação do

estabelecimento de ensino para onde o aluno vai ser transferido, para cuja escolha se

procede previamente à audição do respetivo encarregado de educação, quando o aluno

for menor de idade.

6 - A decisão final do procedimento disciplinar é notificada pessoalmente ao aluno no dia

útil seguinte àquele em que foi proferida, ou, quando menor de idade, aos pais ou

respetivo encarregado de educação, nos dois dias úteis seguintes.

Page 45: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

45

7 - Sempre que a notificação prevista no número anterior não seja possível, é realizada

através de carta registada com aviso de recepção, considerando-se o aluno, ou quando

este for menor de idade, os pais ou o respetivo encarregado de educação, notificados na

data da assinatura do aviso de recepção.

8 - Tratando-se de alunos menor, a aplicação de medida disciplinar sancionatória igual ou

superior à de suspensão da escola por período superior a cinco dias úteis e cuja

execução não tenha sido suspensa, nos termos previstos nos n.ºs 2 e 3 anteriores, é

obrigatoriamente comunicada pelo diretor da escola à respetiva comissão de proteção de

crianças e jovens em risco.

SECÇÃO III

Execução das medidas disciplinares

Artigo 34.º

Execução das medidas corretivas e disciplinares sancionatórias

1 - Compete ao diretor de turma e ou o professor-tutor do aluno, caso tenha sido

designado, ou ao professor titular o acompanhamento do aluno na execução da medida

corretiva ou disciplinar sancionatória a que foi sujeito, devendo aquele articular a sua

atuação com os pais ou encarregados de educação e com os professores da turma, em

função das necessidades educativas identificadas e de forma a assegurar a

corresponsabilização de todos os intervenientes nos efeitos educativos da medida.

2 - A competência referida no número anterior é especialmente relevante aquando da

execução da medida corretiva de atividades de integração na escola ou no momento do

regresso à escola do aluno a quem foi aplicada a medida disciplinar sancionatória de

suspensão da escola.

3 - O disposto no número anterior aplica-se também aquando da integração do aluno na

nova escola para que foi transferido na sequência da aplicação dessa medida disciplinar

sancionatória.

Page 46: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

46

4 - Na prossecução das finalidades referidas no n.o 1, a escola conta com a colaboração dos

serviços especializados de apoio educativo e ou de equipas de integração e apoio ao

aluno, a definir no regulamento interno, nos termos do artigo seguinte.

Artigo 35.º

Equipas de integração e apoio

1 - Para os efeitos previstos no artigo anterior, a par da designação de professores-tutores, a

escola pode, se necessário, constituir equipas de integração e apoio destinadas a

acompanhar em permanência os alunos, designadamente aqueles que revelem maiores

dificuldades de aprendizagem, risco de abandono escolar, comportamentos de risco ou

gravemente violadores dos deveres do aluno ou se encontrem na iminência de

ultrapassar os limites de faltas previstos no presente Estatuto.

2 - As equipas a que se refere o presente artigo têm, preferencialmente, uma constituição

diversificada, prevista no regulamento interno, na qual participam docentes detentores

de formação especializada ou de experiência e vocação para o exercício da função,

podendo integrar ainda, sempre que a situação o justifique, os diretores de turma,

professores-tutores, técnicos e serviços especializados de apoio, psicólogos e médicos

escolares ou que prestem apoio à escola, serviços de ação social, responsáveis pelas

diferentes áreas e projetos de natureza extracurricular, equipas ou gabinetes escolares de

promoção da saúde, bem como voluntários cujo contributo seja relevante face aos

objetivos a prosseguir.

3 - Os membros das equipas, coordenadas por professores, devem ser detentores

designados em função do seu perfil, sentido de liderança e motivação para o exercício da

missão.

4 - A atuação das equipas de integração e apoio aos alunos prossegue, designadamente, os

seguintes objetivos:

Page 47: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

47

a) Atuar preventivamente relativamente aos alunos que se encontrem nas situações

referidas no n.º 1;

b) Acompanhar os alunos nos planos de integração na escola e na aquisição e

desenvolvimento de métodos de estudo, de trabalho escolar e medidas de

recuperação da aprendizagem;

c) Supervisionar a aplicação de medidas corretivas e disciplinares sancionatórias,

sempre que essa missão lhe seja atribuída;

d) Aconselhar e propor percursos alternativos aos alunos em risco, em articulação

com outras equipas ou serviços com atribuições nessa área;

e) Propor o estabelecimento de parcerias com órgãos e instituições, públicas ou

privadas, da comunidade local, designadamente, com o tecido socioeconómico e

empresarial, de apoio social na comunidade, de modo a participarem na

proposta ou execução das diferentes medidas de integração escolar, social ou

profissional dos jovens em risco previstas neste Estatuto;

f) Estabelecer ligação com as comissões de proteção de crianças e jovens em risco,

designadamente, para os efeitos e medidas previstas neste Estatuto, relativas ao

aluno e ou às suas famílias.

5 - Nos termos do n.º 1, no âmbito de cada agrupamento de escolas ou escola não

agrupada, as equipas de integração oferecem, sempre que possível, um serviço que cubra

em permanência a totalidade da período letivo diurno, recorrendo para o efeito,

designadamente a docentes com ausência de componente letiva, às horas provenientes

do crédito horário ou a horas da componente não letiva de estabelecimento, sem

prejuízo do incentivo ao trabalho voluntário de membros da comunidade educativa.

Page 48: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

48

SECÇÃO IV

Recursos e salvaguarda da convivência escolar

Artigo 36.º

Recursos

1 - Da decisão final de aplicação de medida disciplinar cabe recurso, a interpor no prazo de

cinco dias úteis, apresentado nos serviços administrativos do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada e dirigido:

a) Ao conselho geral do agrupamento de escolas ou escola não agrupada,

relativamente a medidas aplicadas pelos professores ou pelo diretor;

b) Para o membro do governo competente, relativamente às medidas disciplinares

sancionatórias aplicadas pelo diretor-geral da Educação.

2 - O recurso tem efeitos meramente devolutivo, exceto quando interposto de decisão de

aplicação das medidas disciplinares sancionatórias previstas nas alíneas c) a e) do n.º 2 do

artigo 28.º

3 - O presidente do Conselho Geral designa, de entre os seus membros, um relator, a quem

compete analisar o recurso e apresentar ao conselho geral uma proposta de decisão.

4 - Para os efeitos previstos no número anterior, pode o regulamento interno prever a

constituição de uma comissão especializada do conselho geral constituída, entre outros,

por professores e pais ou encarregados de educação, cabendo a um dos seus membros o

desempenho da função de relator.

5 - A decisão do conselho geral é tomada no prazo máximo de 15 dias úteis e notificada aos

interessados pelo diretor, nos termos dos n.ºs 6 e 7 do artigo 33.º

6- O despacho que apreciar o recurso referido na alínea b) do n.º 1 é remetido à escola, no

prazo de cinco dias úteis, cabendo ao respetivo diretor a adequada notificação, nos

termos referidos no número anterior.

Page 49: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Artigo 37.º

Salvaguarda da convivência escolar

1 - Qualquer professor ou aluno da turma contra quem outro aluno tenha praticado ato de

agressão moral ou física, do qual tenha resultado a aplicação efetiva de medida

disciplinar sancionatória de suspensão da escola por período superior a oito dias úteis,

pode requerer ao diretor a transferência do aluno em causa para turma à qual não

lecione ou não pertença, quando o regresso daquele à turma de origem possa provocar

grave constrangimento aos ofendidos e perturbação da convivência escolar.

2 - O diretor decidirá sobre o pedido no prazo máximo de cinco dias úteis, fundamentando

a sua decisão.

3 - O indeferimento do diretor só pode ser fundamentado na inexistência na escola ou no

agrupamento de outra turma na qual o aluno possa ser integrado, para efeitos da

frequência da disciplina ou disciplinas em causa ou na impossibilidade de corresponder

ao pedido sem grave prejuízo para o percurso formativo do aluno agressor.

SECÇÃO V

Responsabilidade civil e criminal

Artigo 38.º

Responsabilidade civil e criminal

1 - A aplicação de medida corretiva ou medida disciplinar sancionatória não isenta o aluno e

o respetivo representante legal da responsabilidade civil e criminal a que, nos termos

gerais de direito, haja lugar.

2 - Sempre que os factos referidos no artigo 47.º ou outros comportamentos especialmente

graves sejam passíveis de constituir crime, deve o diretor do agrupamento de escolas ou

escola não agrupada comunicá-los, com a máxima brevidade, ao Ministério Público

junto do tribunal competente em matéria de família e menores ou às entidades policiais.

Page 50: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

50

3 - Sem prejuízo do recurso, por razões de urgência, às autoridades policiais, quando o

comportamento do aluno menor de 16 anos, que for suscetível de desencadear a

aplicação de medida disciplinar sancionatória, puder constituir facto qualificado de

crime, deve a direção da escola comunicar tal facto à comissão de proteção de crianças e

jovens ou ao representante do Ministério Público junto do tribunal competente em

matéria de menores, conforme o aluno tenha, à data da prática do facto, menos de 12 ou

entre 12 e 16 anos.

4 - O início do procedimento criminal pelos factos a que alude o presente artigo depende

apenas de queixa, competindo esta à própria direção da escola, devendo o seu exercício

fundamentar-se em razões que ponderem, em concreto, o interesse da comunidade

educativa no desenvolvimento do procedimento criminal perante os interesses relativos

à formação do aluno em questão.

CAPÍTULO V

Responsabilidade e autonomia

SECÇÃO I

Responsabilidade da comunidade educativa

Artigo 39.º

Responsabilidade dos membros da comunidade educativa

1 - A autonomia dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas pressupõe a

responsabilidade de todos os membros da comunidade educativa pela salvaguarda

efetiva do direito à educação e à igualdade de oportunidades no acesso à escola, bem

como a promoção de medidas que visem o empenho e o sucesso escolares, a

prossecução integral dos objectivos dos referidos projetos educativos, incluindo os de

integração sociocultural, e o desenvolvimento de uma cultura de cidadania capaz de

fomentar os valores da pessoa humana, da democracia e exercício responsável da

liberdade individual e do cumprimento dos direitos e deveres que lhe estão associados.

Page 51: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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2 - A escola é o espaço coletivo de salvaguarda efetiva do direito à educação, devendo o seu

funcionamento garantir plenamente aquele direito.

3 - A comunidade educativa referida no n.o 1 integra, sem prejuízo dos contributos de

outras entidades, os alunos, os pais ou encarregados de educação, os professores, o

pessoal não docente das escolas, as autarquias locais e os serviços da administração

central e regional com intervenção na área da educação, nos termos das respetivas

responsabilidades e competências.

Artigo 40.º

Responsabilidade dos alunos

1 - Os alunos são responsáveis, em termos adequados à sua idade e capacidade de

discernimento, pelo exercício dos direitos e pelo cumprimento dos deveres que lhe são

outorgados pelo presente Estatuto, pelo regulamento interno da escola e pela demais

legislação aplicável.

2 - A responsabilidade disciplinar dos alunos implica o respeito integral pelo presente

Estatuto, pelo regulamento interno da escola, pelo património da mesma, pelos demais

alunos, funcionários e, em especial, professores.

3 - Nenhum aluno pode prejudicar o direito à educação dos demais.

Artigo 41.º

Papel especial dos professores

1 - Os professores, enquanto principais responsáveis pela condução do processo de ensino,

devem promover medidas de carácter pedagógico que estimulem o harmonioso

desenvolvimento da educação, em ambiente de ordem e disciplina nas atividades na sala

de aula e na escola.

Page 52: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

52

2 - O diretor de turma ou, tratando-se de alunos do 1.o ciclo do ensino básico, o professor

titular de turma, enquanto coordenador do plano de trabalho da turma, é o principal

responsável pela adoção de medidas tendentes à melhoria das condições de

aprendizagem e à promoção de um bom ambiente educativo, competindo-lhe articular a

intervenção dos professores da turma e dos pais ou encarregados de educação e

colaborar com estes no sentido de prevenir e resolver problemas comportamentais ou

de aprendizagem.

Artigo 42.º

Autoridade do professor

1 - A lei protege a autoridade dos professores nos domínios pedagógico, científico,

organizacional, disciplinar e de formação cívica.

2 - A autoridade do professor exerce-se dentro e fora da sala de aula, no âmbito das

instalações escolares ou fora delas, no exercício das suas funções.

3 - Consideram-se suficientemente fundamentadas, para todos os efeitos legais, as

propostas ou as decisões dos professores relativas à avaliação dos alunos quando

oralmente apresentadas e justificadas perante o conselho de turma e sumariamente

registadas na ata, as quais se consideram ratificadas pelo referido conselho com a

respetiva aprovação, exceto se o contrário daquela expressamente constar.

4 - Os professores gozam de especial proteção da lei penal relativamente aos crimes

cometidos contra a sua pessoa ou o seu património, no exercício das suas funções ou

por causa delas, sendo a pena aplicável ao crime respetivo agravada em um terço nos

seus limites mínimo e máximo.

Page 53: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

53

Artigo 43.º

Responsabilidade dos pais ou encarregados de educação

1 - Aos pais ou encarregados de educação incumbe uma especial responsabilidade, inerente

ao seu poder-dever de dirigirem a educação dos seus filhos e educandos no interesse

destes e de promoverem ativamente o desenvolvimento físico, intelectual e cívico dos

mesmos.

2 - Nos termos da responsabilidade referida no número anterior, deve cada um dos pais ou

encarregados de educação, em especial:

a) Acompanhar ativamente a vida escolar do seu educando;

b) Promover a articulação entre a educação na família e o ensino na escola;

c) Diligenciar para que o seu educando beneficie, efetivamente, dos seus direitos e

cumpra rigorosamente os deveres que lhe incumbem, nos termos do presente

Estatuto, procedendo com correção no seu comportamento e empenho no

processo de ensino;

d) Contribuir para a criação e execução do projeto educativo e do regulamento

interno da escola e participar na vida da escola;

e) Cooperar com os professores no desempenho da sua missão pedagógica, em

especial quando para tal forem solicitados, colaborando no processo de ensino

dos seus educandos;

f) Reconhecer e respeitar a autoridade dos professores no exercício da sua

profissão e incutir nos seus filhos ou educandos o dever de respeito para com os

professores, o pessoal não docente e os colegas da escola, contribuindo para a

preservação da disciplina e harmonia da comunidade educativa;

Page 54: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

54

g) Contribuir para o correto apuramento dos factos em procedimento de índole

disciplinar instaurado ao seu educando, participando nos atos e procedimentos

para os quais for notificado e, sendo aplicada a este medida corretiva ou medida

disciplinar sancionatória, diligenciar para que a mesma prossiga os objetivos de

reforço da sua formação cívica, do desenvolvimento equilibrado da sua

personalidade, da sua capacidade de se relacionar com os outros, da sua plena

integração na comunidade educativa e do seu sentido de responsabilidade;

h) Contribuir para a preservação da segurança e integridade física e psicológica de

todos os que participam na vida da escola;

i) Integrar ativamente a comunidade educativa no desempenho das demais

responsabilidades desta, em especial informando-a e informando-se sobre todas

as matérias relevantes no processo educativo dos seus educandos;

j) Comparecer na escola sempre que tal se revele necessário ou quando para tal for

solicitado;

k) Conhecer o presente Estatuto, bem como o regulamento interno da escola e

subscrever declaração anual de aceitação do mesmo e de compromisso ativo

quanto ao seu cumprimento integral;

l) Indemnizar a escola relativamente a danos patrimoniais causados pelo seu

educando;

m) Manter constantemente atualizados os seus contactos telefónico, endereço

postal e eletrónico, bem como os do seu educando, quando diferentes,

informando a escola em caso de alteração.

3 - Os pais ou encarregados de educação são responsáveis pelos deveres dos seus filhos e

educandos, em especial, quanto à assiduidade, pontualidade e disciplina.

4 - Para efeitos do disposto no presente Estatuto, considera-se encarregado de educação

quem tiver menores à sua guarda:

Page 55: Novo Estatuto do Aluno

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

55

a) Pelo exercício do poder parental;

b) Por decisão judicial;

c) Pelo exercício de funções executivas na direção de instituições que tenham

menores, a qualquer título, à sua responsabilidade;

d) Por mera autoridade de facto ou por delegação, devidamente comprovada, por

parte de qualquer das entidades referidas nas alíneas anteriores.

Artigo 44.º

Incumprimento dos deveres por parte dos pais ou encarregados de educação

1 - O incumprimento pelos pais ou encarregados de educação, relativamente aos seus filhos

ou educandos menores ou não emancipados, dos deveres previstos no artigo anterior,

de forma consciente e reiterada, implica a respetiva responsabilização nos termos da lei e

do presente Estatuto.

2 - Constitui incumprimento especialmente censurável dos deveres dos pais ou

encarregados de educação:

a) O incumprimento dos deveres de matrícula, frequência, assiduidade e

pontualidade pelos filhos e ou educandos, bem como a ausência de justificação

para tal incumprimento, nos termos dos n.ºs 2 a 5 do artigo 16.º;

b) A não comparência na escola sempre que os seus filhos e ou educandos atinjam

metade do limite de faltas injustificadas, nos termos do n.º 3 do artigo 18.º, ou a

sua não comparência ou não pronúncia, nos casos em que a sua audição é

obrigatória, no âmbito de procedimento disciplinar instaurado ao seu filho ou

educando, nos termos previstos nos artigos 30.º e 31.º;

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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c) A não realização, pelos seus filhos e ou educandos, das medidas de recuperação

definidas pela escola nos termos do presente Estatuto, das atividades de

integração na escola e na comunidade decorrentes da aplicação de medidas

disciplinares corretivas e ou sancionatórias, bem como a não comparência destes

em consultas ou terapias prescritas por técnicos especializados.

3 - O incumprimento reiterado, por parte dos pais ou encarregados de educação, dos

deveres a que se refere o número anterior, determina a obrigação, por parte da escola, de

comunicação do facto à competente comissão de proteção de crianças e jovens ou ao

Ministério Público, nos termos previstos no presente Estatuto.

4 - No âmbito das respetivas atribuições, as autoridades competentes a que se refere o

número anterior, sem prejuízo da prioridade na promoção dos direitos e proteção das

crianças e jovens, darão especial atenção a eventuais necessidades de intervenção

relacionadas com o desempenho do exercício do poder paternal e ou de implementação

de programas de educação parental.

5 - Tratando-se de família beneficiária de apoios sociofamiliares concedidos pelo Estado, o

facto é também comunicado aos serviços competentes, para efeito de reavaliação, nos

termos da legislação aplicável, dos apoios sociais que se relacionem com a frequência

escolar dos seus educandos e não incluídos no âmbito da ação social escolar ou do

transporte escolar recebidos pela família.

6 - O incumprimento por parte dos pais ou encarregados de educação do disposto na parte

final da alínea b) do n.º 2 do presente artigo presume a sua concordância com as

medidas aplicadas ao seu filho ou educando, exceto se provar não ter sido cumprido,

por parte da escola, qualquer dos procedimentos obrigatórios previstos nos artigos 30.º

e 31.º do presente Estatuto.

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Proposta de Lei n.º

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Artigo 45.º

Contraordenações

1 - Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, o incumprimento consciente e reiterado

pelos pais ou encarregados de educação de alunos menores de idade dos deveres a que

se refere o n.º 2 do referido preceito constitui contraordenação.

2 - As contraordenações previstas no n.º 1 são punidas com coima de valor igual ao valor

máximo estabelecido para os alunos do escalão B do ano ou ciclo de escolaridade

frequentado pelo educando em causa, na regulamentação que define os apoios no

âmbito da ação social escolar para aquisição de manuais escolares.

3 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, quando a sanção prevista no presente

artigo resulte do incumprimento por parte dos pais ou encarregados de educação dos

seus deveres relativamente a mais do que um educando, são levantados tantos autos

quanto o número de educandos em causa.

4 - Na situação a que se refere o número anterior, o valor global das coimas não pode

ultrapassar, na mesma escola ou agrupamento e no mesmo ano escolar, o valor máximo

mais elevado estabelecido para um aluno do escalão B do 3.º ciclo do ensino básico, na

regulamentação que define os apoios no âmbito da ação social escolar para a aquisição

de manuais escolares.

5 - Tratando-se de pais ou encarregados de educação cujos educandos beneficiam de apoios

no âmbito da ação social escolar, em substituição das coimas previstas nos n.ºs 3 a 5,

podem ser aplicadas as sanções de privação de direito a apoios escolares e sua

restituição, desde que o seu benefício para o aluno não esteja a ser realizado.

6 - A negligência é punível.

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Proposta de Lei n.º

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7 - Compete ao diretor-geral da Administração Escolar, por proposta do diretor da escola

ou agrupamento, a elaboração dos autos de notícia, a instrução dos respetivos processos

de contraordenação, sem prejuízo da colaboração dos serviços inspectivos em matéria

de educação, e a aplicação das coimas.

8 - O produto das coimas aplicadas nos termos dos números anteriores constitui receita

própria da escola ou agrupamento.

9 - O incumprimento, por causa imputável encarregado de educação ou ao seu educando,

do pagamento das coimas a que se referem os n.ºs 2 a 4 ou do dever de restituição dos

apoios escolares estabelecido no n.º 5, quando exigido, pode determinar, por decisão do

diretor da escola ou agrupamento:

a) No caso de pais ou encarregados de educação aos quais foi aplicada a sanção

alternativa prevista no n.º 5, a privação, no ano escolar seguinte, do direito a

apoios no âmbito da ação social escolar relativos a manuais escolares;

b) Nos restantes casos, a aplicação de coima de valor igual ao dobro do valor

previsto nos n.ºs 2, 3 ou 4, consoante os casos.

10 - Sem prejuízo do estabelecido na alínea a) do n.º 9, a duração máxima da sanção

alternativa prevista no n.º 5 é de um ano escolar.

11 - Em tudo o que não se encontrar previsto no presente diploma em matéria de

contraordenações, são aplicáveis as disposições do Regime Geral do Ilícito de Mera

Ordenação Social.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Artigo 46.º

Papel do pessoal não docente das escolas

1 - O pessoal não docente das escolas deve colaborar no acompanhamento e integração dos

alunos na comunidade educativa, incentivando o respeito pelas regras de convivência,

promovendo um bom ambiente educativo e contribuindo, em articulação com os

docentes, os pais ou encarregados de educação, para prevenir e resolver problemas

comportamentais e de aprendizagem.

2 - Aos técnicos de serviços de psicologia e orientação escolar e profissional, integrados ou

não em equipas, incumbe ainda o papel especial de colaborar na identificação e

prevenção de situações problemáticas de alunos e fenómenos de violência, na

elaboração de planos de acompanhamento para estes, envolvendo a comunidade

educativa.

Artigo 47.º

Intervenção de outras entidades

1 - Perante situação de perigo para a segurança, saúde, ou educação do aluno,

designadamente por ameaça à sua integridade física ou psicológica, deve o diretor do

agrupamento de escolas ou escola não agrupada diligenciar para lhe pôr termo, pelos

meios estritamente adequados e necessários e sempre com preservação da vida privada

do aluno e da sua família, atuando de modo articulado com os pais, representante legal

ou quem tenha a guarda de facto do aluno.

2 - Para efeitos do disposto no número anterior, deve o diretor do agrupamento de escolas

ou escola não agrupada solicitar, quando necessário, a cooperação das entidades

competentes do sector público, privado ou social.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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3 - Quando se verifique a oposição dos pais, representante legal ou quem tenha a guarda de

facto do aluno, à intervenção da escola no âmbito da competência referida nos números

anteriores, o diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada deve comunicar

imediatamente a situação à comissão de proteção de crianças e jovens com competência

na área de residência do aluno ou, no caso de esta não se encontrar instalada, ao

magistrado do Ministério Público junto do tribunal competente.

4 - Se a escola, no exercício da competência referida nos n.os 1 e 2, não conseguir assegurar,

em tempo adequado, a proteção suficiente que as circunstâncias do caso exijam, cumpre

ao diretor do agrupamento de escolas ou escola não agrupada comunicar a situação às

entidades referidas no número anterior.

SECÇÃO II

Autonomia da escola

Artigo 48.º

Vivência escolar

O regulamento interno, enquanto instrumento normativo da autonomia da escola, prevê e

garante as regras de convivência que assegurem o cumprimento dos objetivos do projeto

educativo, a harmonia das relações interpessoais e a integração social, o pleno

desenvolvimento físico, intelectual e cívico dos alunos, a preservação da segurança destes e

do património da escola e dos restantes membros da comunidade educativa, assim como a

realização profissional e pessoal dos docentes e não docentes.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Artigo 49.º

Regulamento interno da escola

1 - O regulamento interno da escola tem por objeto:

a) O desenvolvimento do disposto na presente lei e demais legislação de carácter

estatutário;

b) A adequação à realidade da escola das regras de convivência e de resolução de

conflitos na respetiva comunidade educativa;

c) As regras e procedimentos a observar em matéria de delegação das competências

do diretor, nos restantes membros do órgão de administração e gestão ou no

conselho de turma.

2 - No desenvolvimento do disposto na alínea b) do número anterior, o regulamento

interno da escola pode dispor, entre outras matérias, quanto:

a) Aos direitos e deveres dos alunos inerentes à especificidade da vivência escolar;

b) À utilização das instalações e equipamentos;

c) Ao acesso às instalações e espaços escolares; e

d) Ao reconhecimento e à valorização do mérito, da dedicação e do esforço no

trabalho escolar, bem como do desempenho de ações meritórias em favor da

comunidade em que o aluno está inserido ou da sociedade em geral, praticadas

na escola ou fora dela.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Artigo 50.º

Elaboração do regulamento interno da escola

O regulamento interno da escola é elaborado nos termos do regime de autonomia,

administração e gestão dos estabelecimentos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e

secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 75/2008, de 22 de abril, na sua redação atual,

devendo nessa elaboração participar a comunidade escolar, em especial através do

funcionamento do conselho geral.

Artigo 51.º

Divulgação do regulamento interno da escola

1 - O regulamento interno da escola é publicitado no Portal das Escolas e na escola, em

local visível e adequado, sendo fornecido gratuitamente ao aluno, quando inicia a

frequência da escola e sempre que o regulamento seja objecto de atualização.

2 - Os pais ou encarregados de educação devem, no ato da matrícula, nos termos da alínea

k) do n.o 2 do artigo 43.o, conhecer o regulamento interno da escola e subscrever,

fazendo subscrever igualmente aos seus filhos e educandos, declaração anual, em

duplicado, de aceitação do mesmo e de compromisso ativo quanto ao seu cumprimento

integral.

CAPÍTULO VI

Disposições finais e transitórias

Artigo 52.º

Legislação subsidiária

Em tudo o que não se encontrar especialmente regulado na presente lei, aplica-se

subsidiariamente o Código do Procedimento Administrativo.

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Proposta de Lei n.º

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Artigo 53.º

Divulgação do Estatuto do Aluno e Ética Escolar

O presente Estatuto e demais legislação relativa ao funcionamento das escolas, devem estar

disponíveis para consulta de todos os membros da comunidade educativa, em local ou pela

forma a indicar no regulamento interno.

Artigo 54.º

Sucessão de regimes

O disposto na presente lei aplica-se apenas às situações constituídas após a sua entrada em

vigor.

Artigo 55.º

Norma revogatória

1 - São revogados:

a) O Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pela Lei

n.º 30/2002, de 20 de dezembro, alterado pelas Leis n.ºs 3/2008, de 18 de

janeiro e 39/2012, de 2 de setembro;

b) Os artigos 26.º e 27.º do Decreto-Lei n.º 301/93, de 31 de agosto.

2 - Consideram-se remetidas para disposições homólogas ou equivalentes do presente

Estatuto todas as remissões feitas em legislação anterior para o Estatuto do Aluno dos

Ensinos Básico e Secundário ora revogado.

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Proposta de Lei n.º

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Artigo 56.º

Entrada em vigor

O presente diploma entra em vigor no início do ano escolar de 2012-2013.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 31 de maio de 2012

O Primeiro-Ministro

O Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares