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Novembro/Dezembro 2015 Ano 3 Nº 16 CIDADANIA –DEBATE O MINHOCãO NãO NECESSITA SER DEMOLIDO Pág. 3 ACONTECE NA POLI EQUIPE THUNDERATZ PODE VOLTAR A COMPETIR NO JAPãO Pág. 4 ACONTECE NA POLI II ENCONTRO CHAVE Pág. 5 BIOGRAFIA DéCIO LEAL DE ZAGOTTIS INTEGRAçãO DA ACADEMIA COM O SETOR PRODUTIVO Pág. 6 EDUCAÇÃO POLI TERá O PRIMEIRO CURSO INTERNACIONAL DE ENGENHARIA GENERALISTA DO BRASIL Pág. 7 TIME LINE A PRIMEIRA CENTRAL TELEFôNICA CPA DIGITAL FOI DESENVOLVIDA NA POLI Pág. 8 O superintendente da FDTE, André Steagall Gertsenchtein, iniciou o II Encontro-Chave FDTE/Poli comentando as mu- danças no cenário nacional. “As condições do Brasil mu- daram para pior e achamos importante mostrar o que foi possível fazer ao longo deste ano. Apesar das dificuldades de 2015 sentimos que foi possível fazer muito, tanto em projetos desenvolvidos pela Poli quanto em iniciativas de interesse social, mostrando a força do compromisso da FDTE com a Poli e com a sociedade”, afirmou. Sobre os contratos da FDTE com os professores da Poli, Gert- senchtein apresentou os trâmites e condições necessárias para o desenvolvimento dos projetos, para os quais é impor- tante ter regras claras e transparentes na relação FDTE-Poli-USP e na relação da FDTE com os docentes em Regime de Dedi- cação Integral à Docência e à Pesquisa (RDIDP), que têm um compromisso especial com a USP. Afirmou que esta relação não é livre e precisa seguir um conjunto de regras estabeleci- das pela Universidade, a saber: 1) Todo trabalho envolvendo RDIDP deve ser objeto de aprovação no respectivo Conselho de Departamento; 2) Todo RDIDP deve estar em dia com a Comissão Especial de Regimes de Trabalho (CERT); 3) Todo projeto envolvendo aprovação de departamento (os chamados pela FDTE de “Projetos USP”) devem recolher suas taxas de acordo com as disposições das portarias vigentes; 4) Mesmo em pro- jetos “não USP”, sempre que um docente RDIDP participar, devem ser recolhidas as taxas previstas para estes casos nas portarias; 5) A FDTE informará à Poli todo docente RDIDP que trabalhar em projeto, ainda que não se trate do coor- denador. Quando à remuneração como pessoa jurídica, ex- plicou que não há objeção da USP, desde que as condições acima sejam respeitadas. As dúvidas podem ser sanadas no site da FDTE ou entrando em contato com a Fundação. Retribuição à sociedade – Gertsenchtein discorreu sobre o importante papel das fundações de apoio e que a FDTE vive para a Poli e acredita ser possível separar uma parcela de seu tempo e de seus recursos para atuar em programas da Poli voltados aos alunos da graduação. “Sem os estudantes a escola não tem razão de existir. Existe a pesquisa, a carrei- ra acadêmica, mas eles são os futuros acadêmicos e futuros engenheiros”. Explicou que a Poli tem vários programas que buscam retribuir aquilo que ela recebe da sociedade, au- xiliando alunos que deveriam ser privilegiados por não ter recursos para pagar uma escola privada, mas que acabam sendo os excluídos. “Em 2015 a FDTE apoiou um conjunto de projetos que nos faz muito felizes“, explicando que o apoio a estes programas é parte do que a FDTE realiza com as taxas que recebe. “A Fundação precisa se manter saudável, mas não tem objetivo de acumular. Cem por cento do que rece- be, e não gasta com custeio, investe nesse tipo de programa. Para nós esta é uma finalidade importante e temos a satisfa- ção de estar ao lado da Poli”, afirmou. No ano passado a FDTE apoiou os seguintes projetos: Bolsas AEP, iPoli, KeepFlying, PACE, Poli Cidadã, Poli Baja, PoliGen, Poli Júnior, Poli Racing, Pré-IC - Programa de Pré-Iniciação Científica, Projeto Fonte Mirim, Projeto Navegando, Revista Babel e ThundeRatz. Bolsas AEP - A FDTE ajuda a Associação dos Engenheiros Politécnicos (AEP) com a doação de cinco bolsas no valor de um salário mínimo por mês. PREPARANDO UM NOVO TEMPO André Steagall Gertsenchtein: Apesar das dificuldades foi possível fazer muito, tanto em projetos quanto em iniciativas de interesse social Continua na página 2.

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Novembro/Dezembro 2015Ano 3Nº 16

CIDADANIA –DEBATEO MinhOcãO nãO necessita ser deMOlidO Pág. 3

ACONTECE NA POLIequipe thunderatz pOde VOltar a cOMpetir nO JapãO Pág. 4

ACONTECE NA POLIii encOntrO chaVe Pág. 5

BIOGRAFIAdéciO leal de zagOttis integraçãO da acadeMia cOM O setOr prOdutiVO Pág. 6

EDUCAÇÃOpOli terá O priMeirO cursO internaciOnal de engenharia generalista dO brasil Pág. 7

TIME LINEa priMeira central telefônica cpa digital fOi desenVOlVida na pOli Pág. 8

O superintendente da fdte, andré steagall gertsenchtein, iniciou o ii encontro-chave fdte/poli comentando as mu-danças no cenário nacional. “as condições do brasil mu-daram para pior e achamos importante mostrar o que foi possível fazer ao longo deste ano. apesar das dificuldades de 2015 sentimos que foi possível fazer muito, tanto em projetos desenvolvidos pela poli quanto em iniciativas de interesse social, mostrando a força do compromisso da fdte com a poli e com a sociedade”, afirmou.

sobre os contratos da fdte com os professores da poli, gert-senchtein apresentou os trâmites e condições necessárias para o desenvolvimento dos projetos, para os quais é impor-tante ter regras claras e transparentes na relação fdte-poli-usp e na relação da fdte com os docentes em regime de dedi-cação integral à docência e à pesquisa (rdidp), que têm um compromisso especial com a usp. afirmou que esta relação não é livre e precisa seguir um conjunto de regras estabeleci-das pela universidade, a saber:

1) todo trabalho envolvendo rdidp deve ser objeto de aprovação no respectivo conselho de departamento; 2) todo rdidp deve estar em dia com a comissão especial de regimes de trabalho (cert); 3) todo projeto envolvendo aprovação de departamento (os chamados pela fdte de “projetos usp”) devem recolher suas taxas de acordo com as disposições das portarias vigentes; 4) Mesmo em pro-jetos “não usp”, sempre que um docente rdidp participar, devem ser recolhidas as taxas previstas para estes casos nas portarias; 5) a fdte informará à poli todo docente rdidp que trabalhar em projeto, ainda que não se trate do coor-denador. quando à remuneração como pessoa jurídica, ex-

plicou que não há objeção da usp, desde que as condições acima sejam respeitadas. as dúvidas podem ser sanadas no site da fdte ou entrando em contato com a fundação.

retribuição à sociedade – gertsenchtein discorreu sobre o importante papel das fundações de apoio e que a fdte vive para a poli e acredita ser possível separar uma parcela de seu tempo e de seus recursos para atuar em programas da poli voltados aos alunos da graduação. “sem os estudantes a escola não tem razão de existir. existe a pesquisa, a carrei-ra acadêmica, mas eles são os futuros acadêmicos e futuros engenheiros”. explicou que a poli tem vários programas que buscam retribuir aquilo que ela recebe da sociedade, au-xiliando alunos que deveriam ser privilegiados por não ter recursos para pagar uma escola privada, mas que acabam sendo os excluídos. “em 2015 a fdte apoiou um conjunto de projetos que nos faz muito felizes“, explicando que o apoio a estes programas é parte do que a fdte realiza com as taxas que recebe. “a fundação precisa se manter saudável, mas não tem objetivo de acumular. cem por cento do que rece-be, e não gasta com custeio, investe nesse tipo de programa. para nós esta é uma finalidade importante e temos a satisfa-ção de estar ao lado da poli”, afirmou. no ano passado a fdte apoiou os seguintes projetos: bolsas aep, ipoli, Keepflying, pace, poli cidadã, poli baja, poligen, poli Júnior, poli racing, pré-ic - programa de pré-iniciação científica, projeto fonte Mirim, projeto navegando, revista babel e thunderatz.

Bolsas AEP - a fdte ajuda a associação dos engenheiros politécnicos (aep) com a doação de cinco bolsas no valor de um salário mínimo por mês.

PREPARANDO UM NOVO TEMPO

André Steagall Gertsenchtein: Apesar das dificuldades foi possível fazer muito, tanto em projetos quanto em iniciativas de interesse social

Continua na página 2.

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EDITORIAL

André Steagall Gertsenchtein

quando cursam o ensino médio, os estudantes recebem a informação de que a engenharia deve ser classificada entre as ciências exatas. aprendem que aqueles que são mais “criativos” devem buscar as áreas de humanas.

a realidade, no entanto, é outra: a iniciativa é parte imprescindível da engenharia. O saudoso professor fadigas ensinava que a “engenharia é a arte de re-solver problemas”, e a solução de novos problemas sempre envolve criatividade. é a parcela “arte” da de-finição do professor fadigas.

há escolas de engenharia que se limitam a ensinar a reproduzir soluções conhecidas. a poli não é uma

ENgENhARiA: CiêNCiA CRiATiVA...?NA EsCOlA POliTéCNiCA DA UsP, é.

delas. seus engenheiros saem preparados para bus-car soluções alternativas, melhores, sem que lhes falte formação para aplicar aquelas já consagradas. daí o grande número de empreendedores entre os politécnicos.

Mas, a escola politécnica da usp não parou por aí. re-centemente, além da formação técnica, tem caminha-do no sentido de integrar seus alunos de graduação, por meio de projetos multidisciplinares, e também de quebrar seu isolamento em relação ao mundo, por meio de projetos diversos voltados à sociedade. a poli, sempre criticada por envolver uma comunidade muito voltada para si mesma, demonstra qualidades surpreendentes: desde a publicação de uma revista de crônicas e poemas (revista babel) até a disposição evi-

dente de voluntários de projetos sociais (poli cidadã) em fazer algo pelos menos favorecidos.

é uma nova dimensão de criatividade. Já éramos bons em inventar soluções para problemas de enge-nharia, hoje estamos nos aperfeiçoando em buscar soluções para os problemas da sociedade, de manei-ra mais ampla.

enfim, se vivemos um período político e econômico terrível, nem tudo é razão para desânimo. há espe-rança, e ela está nos jovens, sempre melhores que aqueles que os antecederam, e na mudança evi-dente de cultura (para melhor) na direção da escola politécnica, que a cada dia entrega para a sociedade gente mais criativa e capaz.

Continuação da matéria de capa: PREPARANDO UM NOVO TEMPOFonte Mirim – projeto, desenvolvido pelo professor sérgio de eston com crianças da comunidade são remo. é uma escola de capoeira e a fdte contribui com 20 cestas básicas mensais aos alunos partici-pantes.

Projeto Navegando - desenvolvido pelos alunos do departamento de engenharia naval, que buscam nas empresas pessoas para fazer palestras na poli, trazendo para a academia uma visão de mercado.

Revista Babel - a fdte foi procurada por um grupo de alunos que apresentou esta revista que traz poemas, arte e crônicas. Os alunos chegaram à fdte por indica-ção da diretoria da poli. a fdte, junto com a fundação Vanzolini, ajudou a imprimir e distribuir a revista na usp.

universitário. a fdte, com apoio do professor piqueira, conseguiu bolsas para o cursinho vestibular, que são oferecidas aos quatro alunos do pré-ic melhor posi-cionados no eneM. trata-se de uma oportunidade de mudança de perspectiva de vida para estes alunos.

Poli Racing - projeto também desenvolvido com a coordenação do professor Marcelo alves. O poli ra-cing cria um carro de corrida para participar de com-petições no brasil e no exterior.

ThunderRatz - a equipe thunderatz é coordenada pelo professor Marcos barretto, do departamento de Mecatrô-nica, e tem por objetivo desenvolver robôs de combate. no ano passado, com o stonehenge, robô da categoria sumô rádio controlado de 3 kg, a equipe disputou um campeonato de sumô no Japão e ficou em terceiro lugar.

Poligen - a fdte entende que a questão de gênero é importante na sociedade e dentro da escola de enge-nharia. “a ideia de apoiar o poligen, que é um grupo de estudos de gênero, surgiu na gincana integra poli, que se degringolou e virou uma coisa que nos envergonha no que diz respeito ao tratamento à mulher. O machis-mo, tanto do homem quanto da mulher, vem de berço. a poli precisa debater esse assunto e mudar a cultura das pessoas. para isso é preciso apoiar iniciativas como a do poligen, para quem a fdte dá apoio logístico”.

Poli Júnior - a empresa Júnior da poli desenvolve o empreendedorismo. uma vez por ano a poli Júnior promove a semana da cultura empresarial, que tem o apoio da fdte.

Keep Flying - projeto coordenado pelo professor antonio luiz campos Mariani desenvolve protótipos, modelos de aviões para participar de competições promovidas pela sae brasil.

iPoli - grupo de extensão da poli que auxilia a todos os interessados da poli a ter contato internacional. trata-se de uma iniciativa da vice-diretoria da poli, que tem por objetivo receber estudantes estrangeiros de engenharia.

Poli Cidadã - programa desenvolvido pelo professor Mariani. é um projeto multidisciplinar que trata de in-clusão social.

PACE - trata-se de uma competição da qual partici-pam universidades do mundo inteiro. elas criam gru-pos compostos por uma escola de design e três de engenharia. para o biênio 2014/2016 o Reconfigurable Shared-Use Mobility Systems (rsMs) desafia os alunos a desenvolver um veículo de uso compartilhado e re-configurado.

BAJA - a equipe poli de baja, coordenada pelo pro-fessor Marcelo alves, é formada por um grupo mul-tidisciplinar para desenvolver um carro Off-Road que participa de competição nacional e internacional.

Pré-IC - projeto estimulado pelo diretor da poli José roberto castilho piqueira e coordenado pelo professor diolino José dos santos filho. O programa de pré-ini-ciação científica seleciona 20 alunos do ensino médio de escolas públicas para que participem do ambiente

Entrega de cestas básicas aos alunos de capoeira do projeto Fonte Mirim

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CIDADANIA – DEBATE

Professor Alex Abiko*O parágrafo único do artigo 375 do plano diretor es-tratégico de são paulo, lei 16.050 de 31 de Julho de 2014, em suas disposições transitórias, estabelece que lei específica deverá ser elaborada determinan-do a gradual restrição ao transporte individual mo-torizado no elevado costa e silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque.

neste específico caso os legisladores agiram de for-ma correta, pois incluíram este importante assunto do conhecido Minhocão nesta lei, mas sem definir um prazo, pois existem ainda inúmeras dúvidas téc-nicas quanto a implantação de tal iniciativa.

em sendo uma questão polêmica, é necessário que estudos aprofundados sejam feitos, com a parti-cipação de técnicos de diversas especialidades e também com a participação da comunidade, não somente a que vive e trabalha na região, mas tam-bém a comunidade que se utiliza desta importante infraestrutura urbana. no entanto, a inexistência de um prazo não poderá fazer com que a questão caia no esquecimento perante tantos outros problemas urbanos existentes em são paulo. cabe a todos man-ter viva a discussão, tanto a favor de sua demolição quanto de sua transformação em alguma infraestru-tura mais adequada para a cidade.

esta discussão a respeito do que fazer com esta "obra de arte" existe há muito anos e lembro que talvez a mais importante contribuição organizada para esta questão tivesse sido o concurso organizado pela

O MiNhOCÃO NÃO NECEssiTA sER DEMOliDOprefeitura em 2006, o concurso prestes Maia de ur-banismo. tive o prazer de participar da comissão Jul-gadora deste concurso, junto com 7 colegas repre-sentantes das mais importantes instituições e órgãos públicos da cidade.

foi muito interessante analisar o trabalho desenvol-vido por mais de 30 equipes, a maioria multidiscipli-nar, contemplando as diversas possibilidades que o desafio de resolver tal problema trazia: desde as soluções de demolir por completo o elevado, até as ideias de reformá-lo, tornando-o mais agradável e adequado para a sua vizinhança e para a cidade.

as melhores soluções, no caso da demolição, traziam um detalhado estudo de como a cidade poderia ab-sorver o volume de viagens que ocorre pelo elevado, um cronograma de sua desmobilização e a correta disposição dos resíduos. as boas soluções de refor-má-lo preocupavam-se com o seu aspecto estético, o ruído e a poluição produzidos pelos veículos, a via-bilidade de se plantar diversas espécies de plantas e árvores e a construção de acessos complementares aos atuais existentes. a partir deste conjunto de in-formações e das mais diversas ideias, manifestações e argumentos contra e a favor de várias alternativas, e também levando em consideração a viabilidade financeira das opções apresentadas, não há dúvida que é fundamental propiciar uma melhoria ambien-tal na região hoje atravessada pelo Minhocão.

porém, a ideia de se construir uma alternativa para o fluxo de pessoas e mercadorias por meio da im-plantação de uma via resultante do enterramento da atual via férrea, entre os pátios da lapa e da Mooca,

também me parece muito pertinente e já havia sido proposta pela prefeitura em 2010. a cidade de turim na itália implantou com sucesso esta ideia para os Jogos Olímpicos de inverno de 2006. esta ideia tran-quilamente poderia conviver com um parque linear no Minhocão, sem que o mesmo seja necessaria-mente demolido.

Ou seja, as duas principais propostas não são mu-tuamente excludentes e o que se faz necessário é um projeto detalhado das propostas, técnico, urba-nístico, de engenharia, financeiro e um cronograma de implantação das obras. cabe enfatizar que, em ambos os casos, a experiência dos projetos urbanos tem nos ensinado que uma etapa fundamental dos empreendimentos não seja esquecida, que é a sua manutenção e a sua operação.

finalmente, para quem ficou curioso em conhecer as propostas do concurso mencionado, basta con-sultar o belo livro "caminhos do elevado: Memória e projetos" de Joana Mello, rosa artigas e ana claudia castro, publicado pela imprensa Oficial em 2008.

*Professor Alex Abiko -engenheiro Civil e Professor Titular em Gestão Habitacional e Urbana da Escola Politécnica da USP

O MINHOCÃO DEVE SER DEMOLIDO? a demolição do Minhocão é o tema que o fdte in-forma coloca para reflexão da sociedade. abrimos espaço para que sejam publicadas opiniões favorá-veis e contrárias à medida. participe. envie sua opi-nião pelo e-mail para [email protected].

Região afetada pelo Minhocão precisa de melhorias ambientais

Professor Alex Abiko

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Os alunos lucas rebelo dal’bello, da engenharia elétrica, e lucas eder alves, da engenharia Meca-trônica, da equipe thunderatz, estão tentando representar a poli e o brasil no Japão, onde devem participar da International Robot-Sumo Tourna-ment, competição organizada pela fujisoft incorpo-rated como uma versão internacional da All Japan Robot-Sumo Tournament, que está em sua 27ª edição. O professor Marcos barreto, do departamento de en-genharia Mecatrônica, comenta que a thunderatz participou do torneio no ano passado e conquis-tou o 4º lugar na categoria sumô rádio controlado de até 3 kg, com o robô stonehenge.

lucas eder alves, um dos responsáveis pelos pro-jetos de robôs de sumô da equipe thunderatz, explica que o objetivo de um combate de sumô é empurrar o robô adversário para fora de uma arena circular, chamada de dojô. a competição ocorrerá no dia 13 de dezembro, em tóquio, logo após a fi-nal do All-Japan Robot-Sumo Tournament, onde os campeões do torneio japonês se classificam para a competição internacional.

sobre a participação no campeonato do ano pas-sado, alves comenta que a equipe aprendeu muito sobre os robôs estrangeiros. “apesar das regras se-rem as mesmas, a arena internacional é diferente da brasileira e torna nosso robô menos competiti-vo”. devido a isso, e também com o conhecimento adquirido, a thunderatz está reprojetando o robô a fim de que ele seja tão competitivo no exterior

EqUiPE ThUNDERATz PRETENDE VOlTAR A COMPETiR NO JAPÃO

CuRTAs

CONBRAVA - na XiV edição do congresso brasileiro de refrigeração, ar condicionado, Ventilação, aquecimento e tratamento do ar (cOnbraVa 2015), realizado entre 23 e 25 de setembro, os engenheiros politécni-cos recém-formados, andré fransolin rollo e Matheus bruno ferraz foram premiados como 2º e 3º melhores trabalhos. O 1º lugar foi obtido por Vanessa cavalcanti paes duar-te, ana paula Melo e pelo professor rober-to lamberts, da ufsc. O trabalho de andré fransolim rollo trata da “eficiência energéti-ca e qualidade do ar em laboratórios didáticos e de pesquisa”. Matheus bruno ferraz apresentou o “estudo de alternativas para sistema de condicio-

Entrega dos Certificados - da esquerda para a direita André F. Rolo, Antonio Luís C. Mariani, Matheus B. Ferraz, Roberto Lamberts e Arnaldo Basile (presidente do CONBRAVA).

namento de ar para edifício histórico”. ambos contaram com a coordenação do professor antonio luís de campos Mariani, que agra-deceu o apoio da fdte aos projetos de gra-duação da poli, em especial ao engenheiro João Machado, motivador e incentivador do projeto de Matheus ferraz, presente inclusive na sua banca de apresentação final.

AERODESIGN - entre os dias 29/10 e 01/11 foi realizada em s. J. dos campos - sp a 17ª com-petição sae brasil de aerodesign. a equipe

Keep flying concorreu com outros 94 aviões pro-jetados e construídos por alunos de engenharia do brasil e do exterior.

quanto no brasil, onde já foi campeão por cinco vezes seguidas e conquistou o segundo lugar na última prova realizada em junho deste ano. “estamos desenvolvendo tec-nologia para controlar motores elétricos não-escovados, que são mais eficientes e mais potentes, porém mais difíceis de serem utili-zados do que os moto-res escovados, ampla-mente utilizados nos robôs da categoria. com esses novos mo-tores, usaremos menos massa do robô (limitada a 3kg) para o sistema de locomoção, podendo investir mais massa em ou-tros sistemas, aumentando a confiabilidade do projeto”, afirma.

alves conta que neste ano a equipe pretende le-var o Moai, robô de sumô 3kg autônomo, para participar de um pré-campeonato que ocorrerá no dia 12 de dezembro. “caso ele obtenha uma boa colocação também se classifica para o cam-peonato internacional, na categoria autônoma”, afirma.

Os robôs sumôs são subdivididos em catego-rias Rádio Controladas e Autônomas:

Rádio Controlado

Autô-nomo

Mini-Sumô (Autô-nomo)

LEGO (Au-tônomo)

(3 kg) (3 kg) (500 g) (1 kg)

nas categorias rádio controlado 3 kg e autônomo 3 kg a arena da competição é de aço, enquanto nas categorias Mini-sumô (autônomo – 500g) e legO (autônomo – 1kg) é feita de madeira.

Alunos da Equipe ThundeRatz recebendo a premiação pelo 4º lugar conquistado no Japão

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ACONTECE NA POLI

no dia 02 de outubro a fdte promoveu o ii encon-tro-chave fdte/poli, realizado nas dependências da engenharia civil da poli, na cidade universitária. O evento contou com a presença de representantes da fdte, docentes, coordenadores de projetos, chefes de departamentos e dos laboratórios de pesquisa da escola politécnica da usp (poli-usp). O primeiro en-contro foi realizado no dia 15 de agosto do ano pas-sado. O objetivo do evento é levar aos professores da poli informações sobre a totalidade dos serviços prestados pela fundação e também estreitar o rela-cionamento entre as pessoas das instituições.

O superintendente da fdte, andré steagall gertsen-chtein, fez um relato dos projetos desenvolvidos em 2015 e também das iniciativas de interesse social es-timuladas pela poli, que contam com apoio da fun-dação. a fdte, como instrumento de transferência de recursos da sociedade para a escola politécnica, possibilita que os professores, além de desenvolver projetos para o setor produtivo, mantenham sua atividade docente na escola, auxiliando na formação técnica, intelectual e social dos futuros engenheiros.

O diretor da poli, professor José roberto castilho piqueira, discorreu sobre a importância do auxílio da fdte para a poli, escola que foi fundada pelos republicanos abolicionistas para erradicar a pobreza no país. comentou que ao longo do ano passado e também em 2015, com todos os problemas orça-mentários da universidade de são paulo, a poli não foi afetada porque tem receita própria gerada pelo trabalho dos professores junto às empresas, seus cursos, etc. “a poli precisa formar engenheiros cons-

FDTE REAlizA sEgUNDO ENCONTRO COM PROFEssOREs DA POli

cientes de que o brasil é um país forte e que o aluno precisa ser um engenheiro internacional, que ajude a erradicar a pobreza, gerando tecnologia, empregos e riqueza. a poli está nesta direção”, afirmou.

destacou que as fundações são parceiras impor-tantíssimas e que a escola politécnica tem profunda gratidão por tudo o que a fdte faz pelos programas sociais nos quais a escola está envolvida. piqueira afirma que para dar continuidade às suas ações, a poli precisa captar recursos e que, neste sentido, existem duas ações importantes que a fdte está realizando junto com a poli. “primeiro, estamos aprendendo a utilizar a lei rouanet, e pretendemos apresentar

uma proposta para a empresa brasileira de pesquisa industrial (embrapi) no próximo edital. O professor tem o conhecimento e a fdte é o nosso escritório de engenharia”, afirma. a segunda ação refere-se ao projeto de internacionalização firmado com a école centrale de paris. trata-se de um acordo para criar um curso de duplo diploma para funcionar no cam-pus de santos. “O aluno vai entrar na faculdade para o programa de duplo diploma desde o primeiro ano e terá aulas em francês, inglês e português. iremos precisar de recursos e para tanto contamos com a ajuda da fdte”, afirma.

Palestra neste ano, o encontro chave fdte/poli teve como pa-lestrante convidado o professor de estratégia empre-sarial do Mba da fundação instituto de administração da universidade de são paulo - fia-usp, fernando lu-zio, que expôs aos presentes uma visão diferenciada sobre alguns paradigmas do mundo empresarial.

O diretor superintendente da fdte, andré steagall gertsenchtein, comentou que a palestra do profes-sor fernando luzio trouxe uma visão que os enge-nheiros nem sempre têm, mas que é preciso lembrar que tanto a poli quanto a fdte não são empresas, são instituições. “está correto usarmos paradigmas do mundo empresarial que privilegiam mérito, competência, mas não podemos esquecer que uma empresa vive para o lucro e a fdte vive para a poli e para a comunidade politécnica. fora isso, todas as ideias apresentadas podem ser ajustadas como fer-ramentas competentes para que possamos atingir essa finalidade”, concluiu.

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BIOgRAfIA

“Como diretor da Poli, deu todo o apoio aos

docentes para que pudessem realizar

trabalhos junto ao setor produtivo.”

décio leal de zagottis nasceu em itapetininga, in-terior de são paulo, em 31 de janeiro de 1940, da união entre paulo zagottis e Jandira seadra leal de zagottis. foi casado com rosalia pipponzi raia com quem teve três filhos: eugênio, alexandre e Marcello. décio zagottis estudou no colégio rio branco, em são paulo, e em 1958 ingressou na escola politécnica de são paulo da usp (poli), optando pelo curso de engenharia civil. em 1962 recebeu o diploma e por mérito como estudante o prêmio lucas nogueira garcez. após cinco anos titulou-se doutor, com tese inovadora sobre estruturas. iniciou a carreira acadê-mica aos 28 anos, quando se tornou professor do de-partamento de engenharia de estruturas e funções da poli, onde fez sua livre-docência. entre 1967 e 1970 ministrou aulas na poli e na faculdade de ar-quitetura e urbanismo (fau). em 1973 foi nomeado professor adjunto da poli, tornando-se professor titu-lar em 1977. além de exercer as atividades docentes, também atuou como consultor e foi empresário da construção civil.

na década de 1980 ocupou vários cargos em sua tra-jetória. de 1982 a 1985, chefiou o departamento de engenharia de estruturas de fundações; no período de 1985 a 1987, dirigiu o instituto de engenharia de são paulo e entre 1986 e 1989 esteve à frente da di-retoria da escola politécnica da universidade de são paulo.

ao chefiar o departamento de engenharia de estru-turas de fundação entre 1982 e 1985, criou cursos cooperativos e, em 1983, fez convênio com o insti-tuto superior técnico da universidade de lisboa, na época representado pelo reitor arantes de Oliveira. como representante da américa do sul foi eleito membro efetivo do conselho científico do interna-tional network of centers for computer aplications (incca), com sede em paris.

O professor décio leal de zagottis assumiu a direto-ria da escola politécnica em 1986, cargo que ocupou até 1989. em sua gestão, como diretor, deu todo o apoio aos docentes dedicados em tempo integral para que pudessem realizar trabalhos junto ao setor produtivo. logo, incentivou a formação de uma série de fundações que dessem suporte aos investimen-tos privados, dentre elas a fundação para o desen-volvimento tecnológico de engenharia e a organiza-ção do núcleo de engenharia industrial.

“O professor zagottis foi uma figura de grande im-portância científica e deu grandes contribuições tecnológicas, principalmente nas áreas de estruturas

e de concreto. quando foi diretor da poli teve uma gestão marcante e promoveu mudanças na nos-sa estrutura curricular e foi o ministro da ciência e tecnologia que promoveu o início da integração da ciência com o setor industrial do país”, afirma o pro-fessor José roberto castilho piqueira, diretor da poli.

Cargos públicosem março de 1989, décio leal de zagottis deixou a direção da poli para assumir o cargo de secretá-rio especial de ciência e tecnologia no governo de José sarney. a idéia era que sua plataforma possi-bilitasse a integração entre o setor industrial e a ciência e tecnologia. a perspectiva consistia que o brasil investisse 3% de seu produto interno bruto (pib) em pesquisas. para o conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico (cnpq), o então secretário destinou maiores recursos às bolsas de estudo no exterior. em seu modo de ver, o orçamento deveria ter por base o capital público em conjunto ao privado, de maneira a impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico.

em novembro daquele ano, sarney recriou o Mi-nistério da ciência e tecnologia e zagottis passou à condição de ministro da pasta, prestigiado pela comunidade científica e prometendo lutar pela integração da ciência com o setor industrial, con-tando com o apoio da sociedade brasileira para o progresso da ciência (sbpc).

Membro do pMdb, ligado ao ex-governador Ores-tes quércia, zagottis foi secretário de ciência e tecnologia. ele contava com o apoio da federa-ção das indústrias do estado de são paulo (fiesp) por seu esforço no engajamento da universidade em programas conjuntos com a iniciativa privada. consta que foi um dos idealizadores da implanta-ção de um campus avançado da usp em cubatão, junto ao polo petroquímico, com cursos como engenharia química, computação e produção in-dustrial, e que foi um dos mentores intelectuais do projeto da universidade tecnológica de são paulo. décio leal de zagottis se aposentou da poli em 1995 e no ano seguinte recebeu o título de professor emérito da escola politécnica.

a convite do então ministro da educação, paulo renato souza, foi secretário do ensino superior do Mec no governo fernando henrique cardoso. dé-cio leal de zogottis faleceu no dia 14 de abril de 1996, aos 56 anos, vítima de complicações hepá-ticas, e foi cremado no crematório de Vila alpina.

Fontes:http://www.bv.fapesp.br/namidia/noticia/20994/morre-aos-56-anos-ex/

http://www.poli.usp.br/pt/a-poli/historia/galeria--de-diretores/215-prof-dr-decio-leal-de-zagottis.html

DéCiO lEAl DE zAgOTTis: iNTEgRAÇÃO DA UNiVERsiDADE COM O sETOR PODUTiVO

Professor Décio Leal de Zagottis

de acordo com o professor piqueira, o tripé das ativi-dades da universidade é formado pelas atividades de ensino, pesquisa e extensão, sendo que esta última teve impulso decisivo do professor décio zagottis. “ele trabalhou para que os professores contratados em tempo integral pudessem prestar serviços remu-nerados à sociedade, o que foi reconhecido pela usp como de importância estratégica para o seu desen-volvimento”, afirma.

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EDuCAÇÃO

recentemente, a escola politécnica da usp (poli) assinou acordo com a école centrale de paris para desenvolver o projeto poli-centrale school (pcs), que será implantado no campus da poli na cidade de santos e terá forte base científica. O curso for-mará engenheiros generalistas e será ministrado em três idiomas: parte das matérias em francês, parte em inglês e parte em português. um terço dos professores virá da école centrale para le-cionar no brasil. O diretor da poli, professor José roberto castilho piqueira, afirma que o curso será de duplo diploma desde o início e que o aluno também estudará em alguma unidade da école centrale fora do brasil.

O projeto pcs teve origem em discussões entre professores da école centrale de paris e professores da poli durante o fórum brafitec-2014, realizado em bordeaux. a poli é parceira das écoles centrales desde o ano 2000, e com elas tem acordos de du-plo diploma. durante o fórum os representantes da centrale mostraram que têm um projeto forte de internacionalização, iniciando escolas no Marrocos, na china e na Índia, e que tinham muito interesse em ter uma école centrale também no brasil. “eles tinham a clareza de que só conseguiriam fazer algo de bom nível se associando a uma escola de enge-nharia pública de ponta. entre várias opções, resolve-ram fazer a parceria com a poli porque temos muitos alunos na frança”, afirma o professor piqueira.

O projeto poli-école school seguirá as normas do acordo de bologna adotado pelos países da eu-

POli TERÁ O PRiMEiRO CURsO iNTERNACiONAl DE ENgENhARiA gENERAlisTA DO BRAsil

ropa, de modo que o estudante fará o curso de quatro anos. no quinto e sexto ano (o sexto ano é facultativo) o formando fará uma especialidade ou o mestrado. “este não será um curso de enge-nharia tradicional. em quatro anos o estudante será engenheiro generalista e em cinco ou seis ele será mestre em engenharia”, explica. assinado na itália em 1999, o acordo de bolonha preserva as características dos sistemas de ensino nacionais e possibilita a qualquer estudante concluir sua formação superior com diploma europeu reco-nhecido nas universidades dos estados membros. “O que estamos implantando na poli tem por ob-jetivo fazer com que o nosso aluno seja o mais in-ternacionalizado possível e que tenha capacidade de encarar os problemas do mundo, ter visão glo-balizada, mas que também saiba olhar para a sua comunidade. isso é importante para a cidade de santos, que tem muitos problemas a serem resol-vidos, desde engenharia de portos até problemas ambientais e sociais”.

CURSO GRATUITO - a école centrale de paris é uma escola pública, mas é paga. entretanto, os alunos brasileiros que forem matriculados na poli--centrale school terão o curso gratuito. “todos os nossos acordos de duplo diploma são assim, o es-tudante brasileiro não paga e o aluno que vem de fora paga na origem, lembrando que a poli-école school terá também alunos franceses, marroqui-nos e chineses. O sistema das diversas école cen-trales tem essa mobilidade de maneira que diver-sos alunos transitam por suas escolas. do mesmo

modo que um aluno brasileiro fará o terceiro ano no exterior, alguns estrangeiros farão um período em santos”.

uma comissão formada por três professores da poli e três da école centrale está preparando o projeto pedagógico e definindo também o que a pcs vai necessitar de laboratórios, instalações, infraestrutura e professores. irá definir como deve ser o currículo do aluno, como será sua entrada e saída, e regularizar tudo diante do conselho re-gional de engenharia.

piqueira explica que, por enquanto, a fdte não atua no projeto, mas que ela pode ser uma par-ceira importante na captação e administração de recursos. quem paga uma escola de qualidade gratuita é a sociedade por meio do estado, e tam-bém via captação de recursos. a école centrale de paris tem uma grande quantidade de laboratórios patrocinados por indústrias e a poli pretende bus-car recursos nas diversas instâncias. “a prefeitura de santos, por exemplo, tem dado apoio decisivo ao nosso campus de engenharia de petróleo, que está funcionando muito bem. além dessa grande ajuda temos nossa receita própria e conseguimos manter o campus sem onerar o dinheiro público”. ele explica que, sem contar o salário dos profes-sores e funcionários, todo o custo do campus de santos está absorvido pela poli, com recursos oriundos de projetos e cursos de extensão.

Campus da Poli na Vila Mathias, região central da cidade de Santos

José Roberto Castilho Piqueira, diretor da Poli

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Expediente

FDTEDiretor-superintendente: andré steagall gertsenchteinDiretor de Operações: João antonio Machado netoDiretor Administrativo e Financeiro: antonio carlos fonsecaDiretora de Assuntos Especiais: edith ranziniCONsElhO CURADORPresidente: nelson zuanellaVice-Presidente: claudio amaury dall’acqua

Membros: antonio hélio guerra Vieira, claudio amaury dall’acqua, ivan gilberto sandoval falleiros, João cyro andré, José roberto car-doso, José roberto castilho piqueira, lucas MoscatoEndereço: av. eusébio Matoso, 1375 – 6º andar pinheirossão paulo / sp - cep: 05423-180 - telefone: (11) 3132 - 4000Jornalista responsável: luiz Voltolini (Mtb - 11.095)Revisão: Maria aparecida MasucciFotos: zé barretta - [email protected]ção: samuel coelho - [email protected]

Tiragem: 2.000 exemplaresPeriodicidade: bimestrala reprodução do conteúdo desta publicação é permitida mediante autorização prévia e citada a fonte.

FDTE informa é uma publicação da fdte - fundação para o desenvolvimento tecnológico da engenharia. disponível no site da entidade (www.fdte.org.br) e distribuída gratuitamente. Os textos e artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

TIME LINE

a primeira ligação telefônica por discagem direta internacional (ddi) foi realizada por uma central telefônica eletrônica cpa (controle por programas armazenados) desenvolvida na escola politécnica da universidade de são paulo (poli) na década de 1970. a central, em versão protótipo, operava com comutação distribuída temporal e foi ligada à central da telesp, localizada no bairro de pinheiros, em são paulo, como mais uma central telefônica da rede. foi amplamente ensaiada e colocada em operação experimental. este projeto, que visava a implantação de sistemas de comutação cpa (ou spc - stored program control) foi desenvolvido pela escola politécnica da usp para a telebras te-lecomunicações brasileiras, de outubro de 1973 a outubro de 1976. a fundação para o desenvolvi-mento tecnológico da engenharia (fdte) foi con-tratada pela telebras para executar este ambicioso projeto de pesquisa aplicada visando projetar uma central telefônica temporal no brasil.

O trabalho, que envolveu cerca de 20 engenheiros, foi coordenado pelo professor Jacyntho José an-gerami e resultou no desenvolvimento da central denominada siscOM (sistema de comunicação) da telebrás, que em seu relatório anual de 1977 dava destaque à implantação do centro de pes-quisa e desenvolvimento, em campinas, com a seguinte menção especial ao projeto siscOM ii: “desenvolvimento de um sistema de comutação eletrônica (cpa - temporal) que, ao findar-se o ano, estava em fase de definição da arquitetura do sis-tema.”

O professor angerami diz que a central siscOM usava a comunicação de voz por Modulação delta com compansão silábica, desenvolvido pelo pro-fessor paul Jean etienne Jeszensky, e que resultou em sua tese de mestrado em 1981.

segundo angerami, este projeto começou por iniciativa do professor antonio hélio guerra Viei-

A PRiMEiRA CENTRAl TElEFÔNiCA CPA DigiTAl FOi DEsENVOlViDA NA POli

anel e é captada por aquele para o qual é desti-nada, estabelecendo uma ligação telefônica. “a comutação digital distribuída foi implementada na escola politécnica no projeto siscOM em ver-são plenamente operacional. entretanto, de certa forma esse sistema foi abortado - versões indus-trializáveis de centrais telefônicas utilizando comu-tação tradicional foram posteriormente desenvol-vidas pelo centro de pesquisa e desenvolvimento da telebras, criado como spin-off do nosso projeto.

Jacyntho José angerami conta que o diretor da te-lebras, na época, resolveu criar um centro de pes-quisa em campinas e contratou parte da equipe da poli para compor o centro de pesquisa e desen-volvimento cpqd da telebras. “esse pessoal havia desenvolvido o tc-03 da fdte (siscOM). da equi-pe da escola politécnica ficamos eu, o professor paul Jean etienne Jeszensky e o professor edson benedicto feris”, conta. O professor explica que a versão criada pela telebras para ser industrializada seguiu os moldes de central tradicional e não por comutação distribuída, ou seja, cada assinante é conectado por uma linha física à central. “enten-do que posteriormente a comutação em anel te-nha sido utilizada, mas na área digital em algum sistema para rede de dados, não em telefonia”. O interessante é que os engenheiros da poli criaram a central, colocaram-na em pleno funcionamento interligada à rede de telefonia pública, conseguin-do fazer ligações com discagem direta interna-cional pela primeira vez. “eu testei e fiz a primeira ligação”, conclui.

Jacyntho José Angerami - Engenheiro Mecânico--Eletricista formado pela Escola Politécnica da Uni-versidade de São Paulo (1958); PhD em Engenharia Elétrica pela Universidade de Stanford - USA (1966); Professor Livre docente da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1973); Professor Adjun-to (1974) e Professor Titular (1977) da Escola Poli-técnica da USP.

ra, que conheceu em brasília três engenheiros que voltavam da europa e tinham a idéia de fazer um sis-tema telefônico com comutação distribuída. “O pro-fessor hélio guerra Vieira os trouxe e eu me associei a eles e discutimos essa filosofia de projeto”.

Comutação distribuída - neste sistema, os telefo-nes dos assinantes são todos conectados em anel, um único par de fios interligando todos os aparelhos e uma central que controla as ligações. para um te-lefone fazer uma ligação, ele envia uma mensagem para a central, que aloca a ele uma faixa do canal temporal para que disque o número desejado. a mensagem enviada passa por todos os telefones do

Professor Jacyntho José Angerami, coordenador do projeto SISCOM