novas tecnologias e aplicações na saúde · 2018-06-06 · novas tecnologias e aplicações na...
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Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
• Instituto criado em 1987
• Atuante na defesa dos direitos do consumidor
• Independente e autônomo
IDEC - Temas Prioritários
3
Água e Saneamento
Alimentos
Bancos e serviços financeiros
Energia elétrica
Serviços e produtos de saúde
Qualidade de produtos e
serviços
Telecomunicações e acesso ao
conhecimento
Em todas essas áreas – preocupação central:
PRIVACIDADE
PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS
Ambientes
Analógicos Ambientes
Digitais
Privacidade - mercado de consumo
tradicional - “analógico”
- Comercialização indevida e desautorizada de bancos de dados
para fins diversos;
- cruzamento de bancos de dados para fins publicitários e
comerciais, como telemarketing e propaganda direcionada;
- Solicitação desproporcional de dados e informações, sem qualquer
aviso sobre as finalidades de uso;
- falta de proteção especial com “dados sensíveis”;
- Registro indevido de dados em cadastros negativos;
CONSUMIDOR NA INTERNET
Ferramentas tecnológicas servindo para acessar bens culturais, produtos, serviços, ferramentas de cidadania
Alteração no comportamento de consumo
Transmissão de dados pessoais
Compartilhamento de conteúdos
Redimensionamento do papel do consumidor
Internet, por outro lado
• Versatilidade das tecnologias de captação, guarda,
organização e tratamento dos dados;
• Velocidade do uso e do compartilhamentos dos dados
pessoais pelas empresas;
• manipulação virtual desses dados.
Pode significar:
AMEAÇA À PRIVACIDADE E À PROTEÇÃO DOS DADOS PESSOAIS
Cenário complicado no Brasil hoje
Não existe uma lei de proteção de dados
O Marco Civil com princípios, direitos e
responsabilidades, NÃO foi aprovado
Empresas já cometem abusos com
relação ao direito à privacidade e proteção
dos dados
!
Cenário complicado no Brasil hoje
Várias violações à privacidade
GRANDES PROVEDORES
Pesquisa IDEC
(Junho 2011) - contratos que infringem direito fundamental à
privacidade e proteção de dados
- contratos que CONTRARIAM as
políticas de privacidade
- empresas que se eximem da
responsabilidade de tratamento adequado
dos dados
- repasse indevido de dados a terceiros
(parceiros comerciais)
- compulsoriedade do fornecimento de
dados
Ameaça à Privacidade
Phorm
- Oi
- Telefônica
Monitoramento da navegação -Desde a conexão -Empresas de telecomunicações - Comercialização e tratamento indevido de bancos de dados
PRIVACIDADE
Monitoramento do consumo
Spam
Monitoramento da
navegação
Empresas
Publicidade
comportamental
Acesso aos
dados dos
consumidores
Proteção de Dados
• Inexistência de um PL de Proteção de Dados • Guarda e sigilo de dados • Publicidade indevida (opt-in; opt-out) • Anti-spam (regulamentação da porta 25) • Utilização e comercialização de banco de dados Princípios: AUTODETERMINAÇÃO, FINALIDADE, etc
Preocupação central:
DADOS SENSÍVEIS
DADOS MÉDICOS
Idec - Concepção UNA de saúde: público e privado
com garantias plenas aos consumidores
Dados médicos
são considerados
dados sensíveis
Podem potencialmente
originar discriminação
Assim como opiniões
políticas, fé religiosa,
hábitos sexuais e outros
(Doneda)
Exigem
MÁXIMA PROTEÇÃO
Para evitar:
-vazamento;
- uso indevido;
- comercialização;
- informação depreciativa;
- preconceito.
e
consequências sociais
mais graves
Dados
personalíssimos
Proteção legal dos dados médicos
Constituição Federal – Direito fundamental à intimidade
Artigo 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Código Penal - Violação do segredo profissional
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Código Civil – Segredo processual
Art. 229. Ninguém pode ser obrigado a depor sobre fato:
I - a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo;
II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau
sucessível, ou amigo íntimo;
III - que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de
demanda, ou de dano patrimonial imediato.
Proteção legal dos dados médicos
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
Código de Ética Médica
Art. 8° - O médico não pode, em qualquer circunstância, ou sob qualquer pretexto,
renunciar à sua liberdade profissional, devendo evitar que quaisquer restrições ou
imposições possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho.
Resolução 1.819, de 22 de maio de 2007, do Conselho Federal de Medicina
Art. 1º Vedar ao médico o preenchimento, nas guias de consulta e solicitação de
exames das operadoras de planos de saúde, dos campos referentes à Classificação
Internacional de Doenças (CID) e tempo de doença concomitantemente com qualquer
outro tipo de identificação do paciente ou qualquer outra informação sobre diagnóstico,
haja vista que o sigilo na relação médico-paciente é um direito inalienável do
paciente, cabendo ao médico a sua proteção e guarda.
Parágrafo único. Excetuam-se desta proibição os casos previstos em lei ou aqueles em
que haja transmissão eletrônica de informações, segundo as resoluções emanadas do
Conselho Federal de Medicina.
! Questão: exceção à transmissão eletrônica: brecha para repasse
indevido de dados?
Lei 6259/75 – EXECEÇÕES
Casos de comunicação compulsória (art. 7º)
I - de doenças que podem implicar medidas de isolamento ou quarentena, de
acordo com o Regulamento Sanitário Internacional.
II - de doenças constantes de relação elaborada pelo Ministério da Saúde, para
cada Unidade da Federação, a ser atualizada periodicamente.
Proteção legal dos dados médicos
Proteção legal dos dados médicos
Diplomas Internacionais
a) Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os
Direitos do Homem (11 de novembro de 1997)
b) Declaração Internacional sobre Dados Genéticos
Humanos (16 de outubro de 2003)
c) Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos
(19 de outubro de 2005)
Preocupações sobre o Padrão TISS
1. Problema precedente
Segmento dos planos de saúde tem falhas graves
no que tange aos direitos dos consumidores:
- A regulação é frágil e insuficiente. Não há
participação social plena e efetiva representação dos
consumidores;
- Operadoras estão no topo de reclamações dos
consumidores em serviços regulados;
- Não dão garantias suficientes sobre a efetiva
proteção dos dados dos clientes;
Fonte: Cadastro de Reclamações Fundamentadas 2010 – ProconSP
http://www.procon.sp.gov.br/pdf/acs_ranking_2010.pdf
Fonte: Ranking de reclamações - Idec 2011
http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=2614#
Principais problemas com relação aos planos de saúde:
-Interferência nas atividades profissionais de saúde;
- cobranças extras indevidas exigidas dos consumidores;
- os crescentes descredenciamentos;
- grande tempo de espera: urgência e emergência;
- quebras recorrentes de operadoras;
- constantes negativas de coberturas (exames, consultas);
- aplicação de reajustes abusivos;
- informações insuficientes e equivocadas aos consumidores;
- discrepâncias injustificadas entre as faixas de preços.
Nesse ambiente de
desrespeitos ao consumidor e
Ineficiente controle e fiscalização
uma normativa vai permitir o tratamento dos dados
médicos por essas empresas
Algo que exige o
MÁXIMO de confiança
E quais
garantias nos
são dadas?
Preocupações sobre o Padrão TISS
2. CP 43/2011 – Padrão TISS
Sob a justificativa de “padronização e interoperabilidade”
Permite a coleta de informações que antes não eram necessárias, extrapolando o
limite da eficiência do serviço
Informação sobre o campo da doença (CID) no formulário passa a ser opcional,
ainda que o CFM tenha expressamente proibido o seu uso
Informa-se que o Padrão (TISS) respeitará a legislação vigente. Mas há um vácuo
de normas específicas (ausência de Lei de Proteção de Dados), o que traz
vulnerabilidade aos titulares
Com o Padrão, não há garantias reais sobre :
-anonimato
- integridade
- acesso dos próprios consumidores titulares
- proibição de repasse a terceiros (operadoras e parceiros comerciais)
- designação exata da finalidade do tratamento
Preocupações sobre o Padrão TISS
3. Consequências:
Operadores têm o registro completo de todas os procedimentos e doenças.
Cruzamentos de bancos de dados e perfilação dos consumidores em categorias
econômicas e de saúde
Discriminação daqueles que necessitam de tratamentos custosos, inclusive negando
autorizações para tratamentos indicados pelo médico - com base apenas em critérios
econômicos.
Alteração dos contratos e das tarifas, de modo a serem elaborados “conforme o Padrão
TISS de cada consumidor”, o que torna-se abusivo
Aumento da negativa de cobertura, com “pré-análises” feitas a partir das guias
Comercialização e repasse a terceiros afetos à área médicas (de clínicas a redes de
exames admissionais)
Questionamentos:
I – Sem lei específica e autoridade garantidora de proteção de
dados, qual a garantia sobre o correto tratamento dos dados?
II – Caberá à ANS, que já possui problemas regulatórios
graves, fiscalizar os procedimentos de guarda e tratamento? É
competente pra isso?
III – Como impedir que o gerenciamento dos dados seja feito
por terceiros especializados (como nas telecomunicações), sem
qualquer tipo de controle? Isso já não ocorre?
IV – Como fica a questão da assistência farmacológica, com a
emissão de guias e o repasse de maior número de dados
médicos pessoais. Como evitar o uso indevido?
?
Jurisprudência sobre utilização indevida de
informações: 1. Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro
(CREMERJ) x ANS - ACP
Ação julgada procedente: abstinência da ANS da exigência de
informar o CID, pois este atende a interesses corporativos .
2. Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE) x
ANS – Ação anulatória de ato administrativo
Algumas operadoras exigem o CID como condição para autorizar
exames e serviços auxiliares, e dificultam ou negam o tratamento
em virtude de “doença preexistente” – recolhida do histórico.
Outras questões:
I – Anonimato: Como SUS (com o sistema, com o
prontuário unificado, DATA SUS) e as operadoras
conseguem integrar as informações e dados pessoais
sem afronta à intimidade dos usuários;
II – Mapeamento genético: como estão essa questão de
possibilidade de antecipação do diagnóstico dos
pacientes? As empresas não poderão usufruir
indevidamente disso? O quanto é de interesse dos
pacientes saber?
Princípios para o correto tratamento de dados
pessoais:
-Finalidade;
- Necessidade;
- Proporcionalidade;
- Acesso pleno dos titulares;
- Qualidade dos dados;
- Transparência;
- Segurança;
- Boa-fé objetiva;
- Responsabilidade;
- Prevenção.
O setor da saúde consegue atender a esses princípios
na proteção dos dados médicos?
Obrigado! [email protected]
@idec www.idec.org.br
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