nova dinamica desenvolvimento regional brasil crub99

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1 A Nova Dinâmica do Desenvolvimento Regional no Brasil: Globalização, Desigualdades Sócio-Econômicas e Integração 1 Silverio T. Baeta Zebral Fiho 2 Wanderley Mariz 3 Centro de Estudos em Reforma do Estado (CERES) Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) Fundação Getulio Vargas (FGV) Praia de Botafogo, 190 – sala 1124 – Botafogo 22253-900 - Rio de Janeiro / RJ – Brasil Tel: 55 21 5525099 - Fax: 55 21 5369409 e-mail: [email protected] / [email protected] Julho de 1998 Resumo É crescente a preocupação dos economistas e dos cientistas sociais com a crise do federalismo brasileiro e com os desequilíbrios sócio-econômicos entre as regiões do país. Tal preocupação advêm dos efeitos negativos que tais desequilíbrios produzem sobre a integração nacional, principalmente num ambiente de superação da unidade político-institucional tradicional - o Estado Nacional - por uma outra: a de novas regiões de vanguarda produtiva que desenvolvem sua própria institucionalidade e identidade econômica e, desta forma, iniciam uma corrida competitiva na atração de recursos privados e públicos necessários a seu desenvolvimento. O presente trabalho pretende lançar luz sobre este problema de modo a identificar a natureza, a ambiência e a evolução histórica do desenvolvimento regional desigual no Brasil. Quer ainda advogar a tese da emergência de uma nova dinâmica do desenvolvimento regional no Brasil caracterizada pelo surgimento de áreas de vanguarda produtivamente orientadas à exportação e pólos produtivos especializados. Esta dinâmica, teoricamente, deveria alimentar um processo de despolarização, e, por conseguinte, de continuidade da convergência das rendas regionais, iniciada no início dos anos 70. Entretanto, de acordo com os resultados do modelo teórico adotado, verificou-se que esse processo se arrefeceu em função da crise fiscal do Estado, do esgotamento da ampliação de novas fronteiras e dos novos elementos trazidos pela globalização e abertura econômica. Este arrefecimento sugere a necessidade da adoção de políticas públicas que redinamizem a despolarização, impedindo a reversão do quadro e contribuindo assim, para a redução das desigualdades sócio-econômicas entre as regiões brasileiras, incrementando a integração nacional. 1 Trabalho originalmente elaborado para o Centro de Estudos em Reforma do Estado da Fundação Getulio Vargas (CERES/FGV), com o apoio do CNPq/MCT. Posteriormente apresentado ao Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) para participação na 2ª. edição do Prêmio Senador Milton Campos, onde foi premiado com o 2º. Lugar, em março de 1999. 2 Pesquisador do Centro de Estudos em Reforma do Estado da Fundação Getulio Vargas (CERES/FGV) 3 Graduando do Departamento de Economia da Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e assistente de pesquisa no CERES/FGV.

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A Nova Dinâmica do Desenvolvimento Regional no Brasil: Globalização, Desigualdades Sócio-Econômicas e Integração 1

Silverio T. Baeta Zebral Fiho2 Wanderley Mariz 3

Centro de Estudos em Reforma do Estado (CERES)

Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) Fundação Getulio Vargas (FGV)

Praia de Botafogo, 190 – sala 1124 – Botafogo 22253-900 - Rio de Janeiro / RJ – Brasil

Tel: 55 21 5525099 - Fax: 55 21 5369409 e-mail: [email protected] / [email protected]

Julho de 1998

Resumo

É crescente a preocupação dos economistas e dos cientistas sociais com a crise do federalismo brasileiro e com os desequilíbrios sócio-econômicos entre as regiões do país. Tal preocupação advêm dos efeitos negativos que tais desequilíbrios produzem sobre a integração nacional, principalmente num ambiente de superação da unidade político-institucional tradicional - o Estado Nacional - por uma outra: a de novas regiões de vanguarda produtiva que desenvolvem sua própria institucionalidade e identidade econômica e, desta forma, iniciam uma corrida competitiva na atração de recursos privados e públicos necessários a seu desenvolvimento. O presente trabalho pretende lançar luz sobre este problema de modo a identificar a natureza, a ambiência e a evolução histórica do desenvolvimento regional desigual no Brasil. Quer ainda advogar a tese da emergência de uma nova dinâmica do desenvolvimento regional no Brasil caracterizada pelo surgimento de áreas de vanguarda produtivamente orientadas à exportação e pólos produtivos especializados. Esta dinâmica, teoricamente, deveria alimentar um processo de despolarização, e, por conseguinte, de continuidade da convergência das rendas regionais, iniciada no início dos anos 70. Entretanto, de acordo com os resultados do modelo teórico adotado, verificou-se que esse processo se arrefeceu em função da crise fiscal do Estado, do esgotamento da ampliação de novas fronteiras e dos novos elementos trazidos pela globalização e abertura econômica. Este arrefecimento sugere a necessidade da adoção de políticas públicas que redinamizem a despolarização, impedindo a reversão do quadro e contribuindo assim, para a redução das desigualdades sócio-econômicas entre as regiões brasileiras, incrementando a integração nacional.

1 Trabalho originalmente elaborado para o Centro de Estudos em Reforma do Estado da Fundação Getulio Vargas (CERES/FGV), com o apoio do CNPq/MCT. Posteriormente apresentado ao Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB) para participação na 2ª. edição do Prêmio Senador Milton Campos, onde foi premiado com o 2º. Lugar, em março de 1999. 2 Pesquisador do Centro de Estudos em Reforma do Estado da Fundação Getulio Vargas (CERES/FGV)

3 Graduando do Departamento de Economia da Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e assistente de pesquisa no CERES/FGV.

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1. Introdução

A estabilização da economia certamente vem abrindo espaço para a discussão de

temas outrora obscurecidos ou mesmo, podemos dizer, relegados a segundo plano no

debate nacional. Em um cenário caracterizado pela preocupação emergencial com a

formulação de estratégias e ações que permitissem ao país superar o processo

inflacionário - no caso brasileiro este assumiu nuances e peculiaridades que tornaram

a questão da estabilização ainda mais complexa - praticamente não havia espaço

institucional para que aspectos estruturais da nossa economia fossem analisados com a

devida importância.

Nesse contexto, a consolidação do processo de estabilização, calçada nas reformas

institucionais que o balizam cria o ambiente para que, o país experimente um novo

ciclo de crescimento econômico. Diante dessa perspectiva, torna-se crucial o debate

acerca de qual o padrão de desenvolvimento desejado, para que esse processo de

crescimento não venha a agravar ainda mais o quadro de desigualdades já existente,

tornando-se insustentável no longo prazo.

Dentro dessa perspectiva, faz-se necessário aprofundar na identificação e discussão de

inovadores e diferentes aspectos que permeiam a problemática. A realidade da

economia neste final de século introduz elementos fundamentais para o

amadurecimento do tema, e consequentemente para a busca de alternativas políticas e

econômicas para o problema colocado.

1.1. Definindo Conceitos Fundamentais

As tentativas recentes de reconstrução teórica para a interpretação das questões de

localização e desenvolvimento regional têm sido fortemente influenciadas por

problemas específicos dos países industrializados (desindustrialização, por exemplo)

e/ou relacionadas com a emergência das indústrias de alta tecnologia. Embora

relevantes, essas interpretações não podem ser tomadas como paradigma totalizante

para análise do caso brasileiro, consideradas as especificidades estruturais e setoriais

de nossa indústria e a atual etapa de nosso desenvolvimento, necessitando adaptações.

Nesse sentido, conceitos como desenvolvimento poligonal e polarização reversa

serão aqui apresentados conforme posto em Diniz (1986,1987,1993), Lemos (1986) e

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Richardson (1980), de forma a prosseguir na tentativa de traçar, juntamente com a

assimilação de novos elementos que vem sendo incorporados à realidade

(globalização, revisão do papel do Estado, dentre outros), um padrão mais adequado à

situação brasileira.

O conceito de polarização reversa deve ser entendido como um movimento aonde as

tendências de polarização espacial da economia nacional dão lugar a um processo de

dispersão espacial para fora da região central, em direção a outras regiões do sistema,

conforme explicitado por Haddad (1997). Tais regiões capturam a maior parte das

novas atividades econômicas, consistindo em pólos de crescimento, que configuram-

se como os vértices do chamado polígono de desenvolvimento. Porém, os pontos

desse polígono não estão necessariamente interligados, determinando, nesse caso,

uma perspectiva de integração fragmentada, com segmentos espaciais que se

destacaram economicamente (as chamadas áreas de vanguarda), integrando-se com

parcelas do restante da economia brasileira ou ao mercado externo e constituindo

pólos de dinamismo diferenciados e, muitas vezes, desarticulados entre si.

A assimilação dos estudos teóricos relativos às noções de desenvolvimento poligonal

e polarização reversa são de extrema importância para que se possa traçar um

diagnóstico realista acerca da questão das desigualdades sócio-econômicas e suas

implicações na integração nacional, bem como para o entendimento das mais diversas

considerações sobre o tema. Na verdade, essas formulações são os principais

balizadores da ambiência do desenvolvimento regional desigual no Brasil, consistindo

no ponto de partida para a elaboração de um diagnóstico sobre a evolução recente do

quadro de desigualdades regionais.

Para a definição instrumental do conceito de integração propriamente dito,

amadurecendo as proposições de SOUZA (1996), a melhor alternativa seria comparar

fluxos de comércio entre as áreas, e derivar daí uma medida mais restrita do grau de

integração das mesmas. Porém, a dificuldade em obtenção dos dados referentes às

exportações e importações de cada unidade da federação tem impossibilitado essa

intenção na literatura recente, obstacularizando o desenvolvimento de um modelo

econométrico formal que leve em conta estas varáveis. Apesar desse entrave, é válido

colocar o raciocínio que envolve esse método, pois será abordado mais adiante,

quando da descrição do processo vivido pela economia brasileira nos anos 70 e 80.

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De acordo com esse procedimento, o grau de integração entre diferentes regiões é

indicado pela estrutura de fluxos inter-regionais de bens e serviços, onde uma

economia será mais integrada quanto maior for sua propensão a importar da outra

região. Assim, um aumento na demanda pelos produtos dessa região fará com que esta

aumente sua demanda de bens e serviços provenientes da própria área, de outras

regiões e do exterior. As ditas regiões-chave na geração da produção/emprego são

aquelas que exercem, simultaneamente, efeitos de encadeamento verticais (compra de

bens e serviços) e horizontais (vendas) acima da média do sistema. A reprodução

desse mecanismo, no longo prazo, vai tornar a estrutura produtiva de cada região mais

homogênea, reduzindo-se as desigualdades regionais. Além disso, a integração

econômica e diversificação interna de cada região contribuirão para que as crises

externas não exerçam um impacto tão intenso, na medida em que os seus efeitos

passam a ser distribuídos de forma mais equânime.

Cabe também colocar que a forma como será tratado, no transcurso deste trabalho, o

tema: Desigualdade Sócio-Econômicas e suas repercussões na Integração Nacional,

já faz uma superposição importante e necessária dos conceitos: Desigualdade e

Integração Nacional. Ao adotar o enfoque do desenvolvimento regional, parte-se do

princípio de que a questão da integração entre as regiões deve ser analisada segundo o

grau de desigualdade sócio-econômica entre as mesmas

Para fins do prosseguimento de nossa análise, entenda-se integração nacional como o

processo de redução das desigualdades sócio-econômicas relativas entre as regiões

nacionais.

1.2. Definindo parâmetros de análise

A articulação entre modalidades de medidas de desigualdades permite investigar

conseqüências destas últimas para a definição de tendências do processo de

integração.

Dessa forma, a análise das desigualdades sócio econômicas relativas basear-se-á,

dentre outros indicadores de desenvolvimento humano e econômico, em dois índices

fundamentais:

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a) Coeficiente de Gini: É medida mais freqüente de concentração de renda, calculada

através da análise da participação relativa da população na renda nacional. O índice é

construído a partir da relação entre parcelas (%) da população e suas respectivas

participações (%) na renda nacional.

c) Índice de desigualdade de Theil: Com este indicador, podemos decompor a

desigualdade total entre desigualdade entre regiões e intra-regiões.

1.3. O Verdadeiro Desafio

Todos essas perspectivas levantadas, que consistem no eixo fundamental de análise do

trabalho, têm como objetivo principal a constatação da hipótese central deste estudo:

a emergência de um uma nova dinâmica de desenvolvimento regional no Brasil,

fortemente relacionada com a ambiência da abertura econômica e globalização, e cuja

caracterizada principal é o movimento chamado de polarização reversa. Esse

movimento, até então, vinha contribuindo para diminuir as desigualdades entre as

Regiões. Porém, evidências recentes do arrefecimento da “desconcentração” levantam

dúvidas quanto a continuidade imediata do processo.

2. Antecedentes

2.1. Desenvolvimento e Integração: O passado revisitado

As desigualdades regionais com seus significativos impactos no processo de

integração nacional tem sido uma característica marcante da economia brasileira

desde os tempos coloniais. A partir de então, verificamos um padrão caracterizado por

uma série de grandes ciclos de exportação primária que dominaram o crescimento

econômico e, em parte, a ocupação territorial do Brasil até o século XX., aonde

regiões específicas foram beneficiadas em detrimento de outras, tornando-se a área

pólo de desenvolvimento do país.

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O primeiro importante produto de exportação no Brasil foi o açúcar, produzido

principalmente próximo à úmida zona litorânea do Nordeste brasileiro, conhecida

como a Zona da Mata. O ciclo da cana de açúcar predominou nos séculos XVI e

XVII, fazendo da Zona da Mata nordestina o pólo de desenvolvimento do país

naquela época. A medida que o século XVI foi chegando ao fim, a atividade

exportadora começou a enfraquecer, principalmente devido ao desenvolvimento de

uma crescente quantidade da oferta do produto nas colônias inglesas, holandesas e

francesas, que tinham acesso preferencial aos respectivos países de origem.

Uma nova “onda” de crescimento foi iniciada em 1869 com a descoberta do ouro na

região onde hoje situa-se o estado de Minas Gerais. Alguns historiadores afirmam que

o Brasil chegou a ser responsável por cerca da metade da produção mundial de ouro

no século XVIII. O ciclo de exportação de ouro mudou o centro de atividade

econômica do Brasil para o Centro-Sul, esvaziando a região Nordeste, outrora

promissora, e atraindo migrantes de toda parte do país. O incremento da mineração

também surtiu consideráveis efeitos de encadeamento, estimulando o

desenvolvimento da pecuária em áreas relativamente próximas e o desenvolvimento

acelerado do Rio de Janeiro como o porto por onde os metais eram escoados para o

mercado externo. O ciclo do ouro terminou no final do século XVIII, quando a

maioria das minas haviam-se esgotado.

A expansão do café do século XIX foi impulsionada pela melhoria dos padrões de

vida na Europa e na América do Norte, principalmente após a acumulação de capital

decorrente da Revolução Industrial. As exportações de café foram o instrumento de

crescimento durante todo o século XIX. Os efeitos de acumulação de capital da

economia paulista aprofundaram o dualismo regional entre o Centro-Sul e o restante

do Brasil. Na última parte desse século, a economia cafeeira transferiu-se para São

Paulo, e o centro econômico mudou gradualmente para essa região, onde permanece

até os dias de hoje.

Dessa forma, a substituição histórica de regiões economicamente favorecidas chegou

ao fim e a região Sudeste, que liderou o processo de industrialização, vai aumentar

significativamente sua participação no PIB até o início dos anos 70.

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3. Anos 50/Meados dos anos 80 – Concentração e “Desconcentração”

3.1. O Primeiro Momento: A expansão dos anos 50.

Nos anos 50, com o programa de metas de JK, pode-se dizer que o Brasil

experimentou seu primeiro grande ciclo de expansão, vivenciando um intenso

processo de substituição de importações. Para se ter uma idéia da magnitude desse

crescimento, observa-se que o País cresceu 5.7% em 1956, 5.4% em 1957, 16.8% em

1958 e 13.24% em 59. Nessa fase, consolidou-se no Brasil o parque industrial mais

moderno tecnologicamente e mais diversificado entre as nações do terceiro mundo à

época. Porém, a maciça concentração dos investimentos realizados na região Sudeste

e a falta de uma preocupação do governo em relação à questão regional fez com que

esse processo agravasse substancialmente o quadro de desigualdades sócio-

econômicas existente, bem como dificultam a integração das regiões periféricas ao

pólo dinâmico (região Sudeste) - daí a migração maciça de nordestinos para as

grandes metrópoles e os graves impactos sociais resultantes.

Em 1970, a região Sul do Brasil possuía um nível de esperança de vida ao nascer

cerca de vinte anos maior do que o Nordeste. O Estado de São Paulo isoladamente

absorveu 57% dos novos empregos criados no período de 1950 a 1970, e passou a

deter 58% da produção industrial do país e 50% da participação no total do emprego

industrial, enquanto o Nordeste passava de uma participação de 16.8% em 1950 para

10.3% em 1970. Já em 1960, o setor industrial ultrapassava o setor agrícola em termos

de participação no PIB nacional (Tabela 02).

3.2. O processo de “desconcentração”

A partir dos anos 70 a economia brasileira começa a presenciar um processo de

desconcentração, que apesar de não alterar substancialmente os níveis de

concentração espacial da atividade econômica e da renda na economia brasileira,

interrompeu a tendência secular de concentração espacial, acentuada com a expansão

econômica da década de 50.

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3.2.1. Desconcentração Regional e Intra-Regional

Nesse processo, a região (e o Estado) mais industrializado do País apresenta perda em

sua posição relativa em favor das regiões economicamente mais atrasadas (Diniz e

Santos, 1993). Em 1970, o Sudeste registrava uma participação de 65,5% no total do

produto interno a custo de fatores, passando para 62% em 1980 e 59,1% em 1995

(Tabela 01).

Outra forma de desconcentração é a intra-regional, evidenciada de forma mais clara

nas regiões que registram maiores níveis de renda por habitante: o Sudeste e o Sul.

No tocante ao Sudeste, a desconcentração se expressa na redução da participação da

economia de São Paulo no Produto Interno Bruto - PIB (de 39.4% em 1970 para

35.4% em 1985) e, sobretudo, no declínio relativo do Rio de Janeiro (de 16.7% em

1970 para 12.3% em 1985). Por outro lado, aumentam as participações de Minas

Gerais (8.3% e 9.8%, respectivamente) e Espírito Santo (1.2% e 1.7%) na economia

nacional.

Com relação à região Sul, esse processo de desconcentração foi menos expressivo,

evidenciando-se pela redução da participação do Rio Grande do Sul no PIB (8.6% em

1970 parta 7.9% em 1985) e pelo aumento da participação do Paraná (5.4% e 6.1%,

respectivamente) e de Santa Catarina (2.7% e 3.2%, respectivamente).

No Nordeste, todos os estados aumentaram sua participação no produto, com exceção

de Pernambuco, atentando-se para o crescimento significativo da economia baiana

que representava 3.8% do PIB nacional em 1970, e passou a 5.2% em 1985,

articulando-se fortemente à economia do Sudeste. No Norte, ao lado do aumento da

concentração no Pará e Amazonas - os dois estados que registram maior participação

no produto interno - verificou-se um incremento da participação de Rondônia. No

Centro-Oeste, todas as unidades federadas aumentaram seu percentual na economia

nacional, principalmente o Distrito Federal.

Além disso, as regiões cujo produto interno por habitante era inferior ao do País

apresentaram, entre 1970 e 1985, melhora sistemática de sua posição relativa,

aproximando-se gradativamente do valor 100 assinalado para o Brasil. O Sudeste -

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única região cujo produto por habitante em 1970 era maior do que o produto per

capita do país em seu conjunto apresentou uma redução também sistemática, partindo

do valor 153, no primeiro ano da série considerada, e alcançando 137 em 1985

(Tabela 03).

É importante levar em conta que essa convergência ocorreu tanto na fase em que a

economia brasileira crescia a taxas aceleradas (1970-75) - a exceção da região Norte -,

como na fase de desaceleração (1975-80) - excetuando-se a região Sul -, fase de crise

e instabilidade. Tal evidência significa que, de forma geral, em termos per capita, as

economias das regiões mais pobres cresceram mais intensamente na fase expansiva ou

desaceleraram menos na fase de declínio do que a região economicamente mais

adiantada.

3.2.2. Desconcentração Intra-Estadual

Nessa outra dimensão da desconcentração espacial, o caso mais investigado é o da

economia paulista, em que há perda da posição relativa da Região Metropolitana de

São Paulo (RMSP) em favor das demais sub-regiões (Negri, 1992). Em 1970, a

RMSP concentrava 43.4% do valor da transformação industrial do País e 74% do total

de São Paulo; em 1985, tais indicadores eram, respectivamente, 29.4% e 56.6%. Em

contrapartida, as sub-regiões do interior aumentaram de forma significativa sua

participação na indústria nacional e na de São Paulo, conforme posto em Diniz e

Santos (1993).

Embora ainda não estejam disponíveis estudos a respeito da evolução econômica das

metrópoles nacionais - salvo para a Região Metropolitana de Porto Alegre, para a qual

também se verifica um processo de desconcentração (Bandeira e Grundling, 1986) -

análises mais recentes sobre a dinâmica demográfica, realizadas a partir de dados do

censo de 1991, registram um processo de reversão da metropolização, no qual o

crescimento populacional passa a se manifestar mais intensamente no centros

intermediários. Tais informações sugerem que a desconcentração intra-estadual possa

ter ocorrido de forma mais generalizada.

Um aspecto interessante dessa dimensão intra-estadual da desconcentração é que em

cidades de porte médio, como Vitória (ES) e Natal (RN) esse processo, em grande

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parte devido à estagnação econômica (basicamente “gargalos” de infra-estrutura e

mão-de-obra) do interior dos respectivos estados, ocorre uma desconcentração

desordenada e restrita, resumindo-se, basicamente em criação de novas aglomerações

no chamado “entorno” dessas cidades, reproduzindo fortes impactos na demanda e

oferta de serviços públicos e privados disponíveis nessa respectivas áreas.

Assim, as dimensões do processo de desconcentração mostram que este está associado

a novas formas de articulação das unidades da Federação e de sub-regiões no interior

de espaços maiores. Essa constatação coloca a necessidade de repensar uma nova

partição do território brasileiro que apreenda as novas formações regionais em curso.

3.2.3. A Distribuição da Grande Empresa

O processo de desconcentração também pode ser perceptível quando se considera a

distribuição da grande empresa no território brasileiro nas duas últimas décadas

Considerando-se as mil maiores empresas de todos os setores produtivos (Revista

Visão), percebe-se que o Sudeste que detinha 80.3% das empresas em 1975, passou a

concentrar 73.8% em 1980 e 62.8% em 1990; já no Sul, esses mesmos dados eram,

respectivamente, 10.9% e 14% e 15.4%; no Nordeste, 6.3%, 8.1% e 10.5%; na região

Norte, 0.9%, 1.8% e 3%; e no Centro-Oeste, 1.6%, 2.3% e 2.9%. Em Guimarães Neto

(1993), mostra-se que a desconcentração foi constatada tanto quando se considerou o

número de grandes empresas, como quando se levou em conta o seu faturamento ou

receita.

Porém, apesar do processo de desconcentração espacial, os grandes grupos

econômicos e conglomerados mantiveram, no mesmo período analisado, o mesmo

nível de concentração, com suas sedes localizadas no Sudeste e em São Paulo. Isso

acontece apesar do processo de desconcentração espacial que também atingiu as

empresas pertencentes à esses grupos. Ou seja, permaneceu concentrado o centro de

decisão, desconcentrando-se a base de operação do grande capital.

3.3. Causas e Fatores da Desconcentração Econômica

Dentre os múltiplos e complexos fatores explicativos do processo de desconcentração

espacial, podem ser considerados:

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3.3.1. Deseconomias de Aglomeração

À medida que a cidade se São Paulo se megapolizou, a partir da década de 50, tanto

os custos privados como sociais começaram a aumentar, tais como: elevação do preço

da terra, dos aluguéis e salários relativos, dos custos de co-gestão e infra-estrutura,

além da pressão sindical na área metropolitana de São Paulo. Essa elevação dos custos

de concentração gerou o que alguns autores costumam chamar de deseconomias de

aglomeração (Negri, 1992),

3.3.2. Infra-Estrutura

Avanço da infra-estrutura em direção a outros estados e regiões, destacando-se aí os

maciços investimentos estatais em rodovias (Belém-Brasília, por exemplo),

hidrelétricas (Itaipu e Tucuruí) e telecomunicações. Vale lembrar que o período de

“desconcentração” corresponde à criação dos grandes conglomerados de empresas

estatais destinados a atuar no setor de infra-estrutura (Telebrás, Embratel, Portobrás,

dentre outras);

3.3.3. Incentivos Fiscais

Políticas públicas e investimentos fiscais regionais, com destaque para as políticas

contidas no II PND. No que se refere à Amazônia e ao Nordeste, dentre os fatores que

influenciaram a implantação de empreendimentos de maior porte, deve-se considerar

as políticas de desenvolvimento regional e alguns dos seus mecanismos fiscais e

financeiro, em especial os da SUDAM e Banco da Amazônia (BASA), SUDENE e

Banco do Nordeste (BNB) e os da SUFRAMA. Do mesmo modo, no Sul e Sudeste, as

políticas de incentivo à exportação (soja, laranja, carne e outros produtos agrícolas), o

Próálcool, as refinarias de Paulínea e São José dos Campos e a Companhia

Siderúrgica Paulista S/A (COSIPA), além da implementação de instituições de

pesquisa associadas a investimentos produtivos, como a UNICAMP (Universidade

Estadual de Campinas) e o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica);

3.3.4. Ampliação das fronteiras agrícola e mineral

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O deslocamento geográfico dos investimentos em mineração atuaram no sentido da

desconcentração regional, uma vez que as indústrias orientadas por recursos naturais

ainda exercem (principalmente no auge deste movimento - segunda metade dos anos

70) peso significativo na estrutura econômica do país. Tais setores - metalurgia,

cimento, fertilizantes, agroindústrias - tendem a se localizar junto à fonte de matérias-

primas ou ao mercado potencial, indo na direção dessa expansão da disponibilidade de

recursos naturais.

3.3.5. Unificação do mercado nacional

Esse ponto está diretamente relacionado aos investimentos do Estado na ampliação da

malha rodoviária e telecomunicações, que criou externalidades positivas para a

interligação dos mercados de consumo e produção, ampliando os fluxos de comércio

entre as regiões, que, de acordo com SOUZA (1996), pode significar um grau maior

de integração.

3.4. A formação do polígono de desenvolvimento

A interação desse conjunto de causas e fatores apontou para o surgimento de pólos

dinâmicos, os quais formam os vértices do chamado polígono de desenvolvimento.

Essa região inclui o próprio Estado de São Paulo, podendo ser caracterizada como o

polígono BeloHorizonte-Uberaba-Londrina-Maringá-Porto Alegre-Florianópolis-São

José dos Campos-Belo Horizonte. Assim, excluindo-se a Área Metropolitana de São

Paulo, a região que vai de Belo Horizonte a Porto Alegre aumentou sua participação

na produção industrial do país de 33% para 51%, entre 1970 e 1990.

É importante ressaltar que a assimilação do conceito de desenvolvimento poligonal

não significa colocar que outras áreas situadas fora do “polígono”, não tenham

apresentado desenvolvimento. Como exemplos, podem ser citados o complexo agro-

industrial no submédio São Francisco e o químico na Bahia (Nordeste), o mineral e o

siderúrgico no Pará e a produção de produtos eletro-eletrônicos na Zona Franca de

Manaus (Norte)

4. Impactos na Integração Nacional

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O traço mais marcante das transformações verificadas no período foi certamente a

redução da importância relativa da atividade agrícola em favor das atividades

industriais. Os dados apontam que tais mudanças ocorreram principalmente nos anos

em que antecederam a década de 80. Inclusive entre 1980 e 1985 , percebe-se a

redução do ímpeto das transformações ou mesmo sua inflexão, com o setor agrícola,

em algumas regiões, voltando a ganhar posição relativa em detrimento do setor

industrial. Mesmo assim, o setor agrícola passou por transformações importantes nos

anos 60 e 70, principalmente no Sudeste e Sul.

4.1. Nordeste

Na região Nordeste, destaca-se a consolidação da indústria de bens intermediários

concentrada no setor químico, em particular a petroquímica da Bahia, que deslocou

para a região parte significativa dessa indústria. É importante também ressaltar o

desenvolvimento da industria tradicional, notadamente a de produtos alimentares, com

maior expansão dos cultivos voltados para a exportação e para o processamento

industrial, em detrimento das culturas voltadas para o abastecimento alimentar. A

participação dessas últimas no valor da produção agrícola nordestina passou de 46.7%

em 1970 para 62.1% no mesmo período (FUNDAJ, 1992). Em grande parte isso se

deve ao considerável aumento do cultivo da cana-de-açúcar, associado à produção de

álcool, que deu novo alento à economia canavieira nordestina. A indústria têxtil

também apresentou desempenho satisfatório no período.

No que se refere à atividade agropecuária, a recente produção de grãos na parte

ocidental da região, sobretudo no oeste baiano, e a produção agrícola irrigada, com a

formação de um complexo agro-industrial no submédio São Francisco (Araújo, 1994).

Outras atividades, que seriam extremamente importantes para o desenvolvimento da

região, tais como a moderna agricultura irrigada e a produção de grãos na parte

ocidental da região, ainda não influenciaram de maneira relevante as informações

estatísticas disponíveis.

4.2. Centro - Oeste

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A agropecuária do Centro-Oeste expandiu-se nos anos 70 e 80 de forma variada. O

efetivo bovino passou de 9.7 milhões de cabeças em 1970 para 36.1 milhões em 1985,

de acordo com dados censitários, o que representa expansão anual de 9.2%. A

produção de grãos cresceu significativamente, baseada principalmente na soja, cuja

produção passou de 24 mil toneladas em 1970 para 6.4 milhões em 1990; e no trigo,

que passou de 1.7 mil para 205.2 mil toneladas. A terceira vertente da expansão

agropecuária do Centro-Oeste foi a produção de cana-de-açúcar, com a produção

passando de 297.1 mil toneladas em 1970 para 14.1 milhões em 1980.

A presença de fatores de atração - maior disponibilidade de terras, implantação de

infra-estrutura econômica e incentivos fiscais atribuídos à Amazônia Legal, que

abrange parte do seu território, além da existência de financiamento do BNDES para

projetos agro-industriais e do grande número de programas governamentais voltados

para a agropecuária e agroindústria - tem levado à região grandes empresas e grupos

econômicos originários de outras regiões, principalmente da região Sul (Castro e

Fonseca, 1992).

4.3. Sul

Nas décadas recentes, a região Sul perdeu posição como região voltada à produção

agrícola e ganhou como região industrial. De fato, em 1970 e 1975, sua participação

no produto agrícola era de 33.4% e 36.1% respectivamente, e em 1985 registrava

apenas 27.1%; sua participação no produto industrial que era de 12% em 1970, passou

para 15.7% em 1985. Essas mudanças estão associadas, por um lado, à

desconcentração industrial que parte de São Paulo (Diniz e Santos, 1993) e, por outro,

ao crescimento da produção de grãos e pecuária no Centro-Oeste (Bandeira, 1994)

Embora verifique-se essa redução da participação da região Sul no produto agrícola

do País, a produção de grãos e carnes e a formação de complexos agro-industriais

garantem, para os estados da região, um importante papel no suprimento da demanda

interna e na participação da pauta de exportações do País. A atividade industrial na

região Sul do país apresenta-se de forma diversificada, inclusive associada à produção

agrícola, destacando-se: o pólo de couro-calçados com forte articulação com o

mercado externo; a indústria de bens de capital (máquinas, equipamentos e

implementos agrícolas) muito articulada aos complexos agro-industriais; a indústria

15

de bens de consumo não-duráveis (ligada à produção de carnes e grãos); e o segmento

associado à indústria da madeira (móveis, papel e celulose).

4.4. Norte

Durante o período de “desconcentração” analisado (1970 - finais dos anos 80), houve

um significativo aumento na participação do grupo de bens de consumo duráveis e de

bens de capital no valor total da transformação industrial da região (de 5% em 1970

para 48% em 1985), o que está em parte associado à instalação de grande número de

empresas voltadas para a produção de eletroeletrônicos e eletrodomésticos na Zona

Franca de Manaus.

Além disso, os incentivos fiscais e financeiros da política regional coordenada pela

Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - SUDAM possibilitaram o

desenvolvimento de empreendimentos industriais em outras partes da região,

notadamente no Pará, destacando-se a atividade extrativa mineral e metalúrgica,

sobretudo a vinculada ao alumínio. Há autores que interpretam o surgimento e

consolidação do pólo siderúrgico de Carajás como o provável nascimento de uma

nova “região industrial” (Machado, 1992).

4.5. Sudeste

No Sudeste, destaca-se o processo de desconcentração das atividades industriais

ocorrido a partir da RMSP. Ressalta-se também uma maior diversificação produtiva

do Estado do Espírito Santo, sobretudo em relação à produção siderúrgica e de papel e

celulose, e também em Minas Gerais, tradicional fornecedora de produtos

industrializados intermediários para São Paulo e para o restante da economia nacional,

influenciada pela maior disponibilidade de infra-estrutura e pela sua proximidade com

as áreas de concentração industrial de São Paulo.

Aliás, no período analisado é latente uma maior integração entre as economias de

Minas Gerais e São Paulo, a partir do eixo São Paulo-Belo Horizonte, que se desdobra

na direção da sub-região do Triângulo Mineiro (Martine e Diniz, 1991). O Estado do

Rio de Janeiro, por sua vez, tem ficado a margem da desconcentração industrial

iniciada a partir da RMSP, reduzindo gradativamente participação relativa no total do

16

PIB nacional, onde representava 16,7% em 1970, 15.3% em 1975, 13.7% em 1980 e

12.3% em 1985.

De acordo com Negri (1992) é importante também ressaltar o papel desempenhado

pela sub-região do interior do Estado de São Paulo, onde destacam-se: os complexos

agro-industriais voltados para a soja, café, laranja, carne e cana-de-açúcar

(aproximadamente dois terços da produção nacional de álcool estão concentrados no

interior do Estado de São Paulo); o aumento da produção petroquímica (refinarias de

Paulínea e São José dos Campos, além do pólo petroquímico da região de Santos); o

pólo eletroeletrônico e de informática de Campinas e o complexo aeroespacial e da

indústria bélica de São José dos Campos.

5. Desigualdades Sociais

As transformações examinadas tiveram também sua correspondência na evolução dos

indicadores sociais. Em termos absolutos, em todas as regiões e tanto na fase de

expansão econômica dos anos 70 como na desaceleração da década de 80, houve

melhoria nos indicadores sociais: esperança de vida, mortalidade infantil, instrução e

saneamento básico. Porém isso ocorreu de forma desigual e com perda de intensidade

nos anos 80, em razão da crise econômica do País, da crise fiscal e financeira do

Estado nacional e da falência da maioria das políticas sociais.

Em relação à esperança de vida ao nascer, embora as informações revelem aspectos

de uma convergência em torno da média nacional para todas as regiões, apresentou

algumas particularidades. As regiões Norte e Nordeste além de convergirem para a

média nacional, melhoraram as suas posições relativas, enquanto o Sul e o Sudeste,

atingiram posições piores, convergindo para a média nacional, uma vez que situavam-

se bem acima desta. Sendo a média nacional igual a 100 (é conveniente trabalhar com

os dados em base 100 para se ter uma melhor visualização dos desvios), as regiões

Norte e Nordeste que apresentaram valores de 103 e 84, respectivamente, em 1970,

passam a 105 e 91 em 1988. As regiões Sul e Sudeste apontaram para 114 e 108 em

1970, passando a 103 e 104 em 1988. A região Centro-Oeste permaneceu com

posição praticamente inalterada, apresentando índice de 106 em 1970 e 105 em 1988

(Tabela 04).

17

Os dados referentes a mortalidade infantil apontam para um padrão distinto,

assumindo um comportamento divergente e mostram que o Nordeste possuía um

coeficiente de mortalidade infantil 29% superior ao coeficiente médio do País e em

1988 apresentou diferencial próximo a 68%. A região Norte, que em 1970 registrava

um valor ligeiramente inferior à média nacional, nos últimos anos passou a exibir

coeficiente um pouco superior ao do País. Nas regiões Sul e Sudeste houve uma

redução sistemática da mortalidade infantil em termos absolutos e em relação à média

nacional (=100), passando de 77 e 86 respectivamente para 62 e 71 (Tabela 05). O

mesmo padrão divergente foi constatado na participação da população de 15 anos ou

mais sem instrução na população total (Tabela 06), bem como na participação

relativa dos domicílios com abastecimento de água no total de domicílios (Tabela 07).

Na análise dos indicadores sociais das décadas de 70 e 80, observa-se. primeiramente,

uma maior concentração da pobreza no Nordeste, que, apesar de ter apresentado

maior expansão do produto por habitante, não conseguiu reduzir sua participação

relativa no número de pobres do País: em 1970 participava com 43.3% e alcançou

53% em 1988 (Tabela 08). Em segundo lugar, a pobreza brasileira passou a ser cada

vez mais urbana, com os pobres vivendo em centros urbanos passando de 35% do

total em 1970 para 50% em 1988.

As estimativas feitas Albuquerque e Vilela (1991), além de análise de Azzoni (1997)

mostram que o coeficiente de Gini (indicador de concentração de renda) assumiu

comportamento diferenciado, apontando para um nítido aumento da concentração da

renda nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste com os coeficientes aproximando-

se da unidade (quanto mais próximo a unidade, maior a concentração de renda),

enquanto que no Sudeste o coeficiente reduziu-se e no Sul permaneceu constante

(Tabela 09). É interessante observar a trajetória dos Índices de Gini registrados pelo

Ceará para os anos de 1970, 1980 e 1988 (0.616, 0.645 e 0.666) em contraste com a

performance do Estado de São Paulo (0.578, 0.543 e 0.555, respectivamente).

A evolução do coeficiente de Gini nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste mostra

que o crescimento econômico nessa regiões foram acompanhados por aumento de

concentração de renda. Em Neto (1995), coloca-se que a reversão do caráter

polarizado do desenvolvimento brasileiro não foi igualmente acompanhada por uma

maior convergência dos indicadores de mortalidade infantil, níveis de instrução e

18

saneamento básico nas áreas ou regiões que apresentaram crescimento mais acelerado,

reafirmando o caráter concentrador do crescimento econômico.

6. O Quadro Resultante (1970 – 1985).

Em geral, um processo de desconcentração pode, possivelmente, assumir aspectos

positivos no sentido em que as chamadas novas zonas de vanguarda geram em suas

áreas equipamento público e privado, tais como uma maior rede de hospitais, escolas,

comércio, e outras economias externas que atuarão inclusive como fatores de estímulo

para o próprio alargamento dessa fronteira de vanguarda . Por outro lado, um segundo

ponto a ser analisado são os aspectos motivadores de desequilíbrios provenientes

desse movimento entendido como polarização reversa. Dentre estes, dois se destacam,

a priori, com maior nitidez: a) nas regiões que outrora atuavam como pólo dinâmico

central, há indícios do surgimento de deseconomias, aonde o ambiente de dinamismo

característico perde força, abrindo espaço, em princípio, para o agravamento do

quadro de desigualdades (queda do ritmo de crescimento - ou até mesmo corte - dos

postos de trabalho, possível redução na taxa de formação de capital bruto com

impactos na produtividade da economia, a investigar); b) a própria continuidade desse

processo dinâmico nas chamadas regiões de vanguarda geram novas demandas que

muitas vezes o processo em curso não é capaz de suprir.

No período aludido, tantos os efeitos positivos quanto os negativos acima

apresentados foram verificados, cada qual de diferentes formas, em locus

determinados e em sub-períodos distintos. Entretanto, o que nos interessa é que,

apesar do movimento de desconcentração verificado a partir do início dos anos 70,

com as decorrentes transformações na estrutura produtiva e no intercâmbio comercial

das regiões, ainda persiste significativa heterogeneidade na sociedade brasileira,

heterogeneidade esta que tem como base uma desigualdade de renda e de condições

sócio-econômicas, com marcante viés locacional (diferenças acentuadas entre regiões

geográficas).

No território brasileiro, convivem regiões, sub-regiões e unidades federadas com

níveis de renda e de vida muito baixos e outras, cujos indicadores sociais e

econômicos se aproximam aos de países mais industrializados. Essas desigualdades

referem-se não mais exclusivamente a espaços economicamente independentes ou

19

autônomos, mas dizem respeito a economias regionais ou sub-regionais intensamente

articuladas no comércio e integradas através de grupos e conglomerados econômicos

presentes em várias regiões, fazendo a soldagem de um sistema produtivo

espacialmente disperso, mas articulado.

Vale reafirmar que, nesse período, o Estado brasileiro era o único “ator social” capaz

de funcionar como o agente propulsor do processo de desconcentração, seja através da

oferta de infra-estrutura e de incentivos fiscais, do fornecimento de crédito e

incentivos financeiros e, sobretudo, da articulação dos capitais envolvidos. No início

do período referido, em especial nos anos 70, a chamada Doutrina de Segurança

Nacional (ESG 1972) norteava as políticas públicas relativas à questão da integração

nacional. Essa lógica será rompida mais adiante pela emergência de novos atores

sociais e pelo esgotamento da capacidade de investimento do Estado, diante de sua

crise fiscal, dentre outros fatores.

7. Anos 90 – A Nova Dinâmica do Desenvolvimento Regional

7.1 Globalização e a nova unidade geo-política

A partir do início dos anos 90, novos e contundentes elementos, tais como

globalização, reforma do Estado, polarização reversa, desenvolvimento poligonal,

novas regiões de vanguarda e integração fragmentada, vão se agregando ao estudo do

tema, determinando um novo e complexo paradigma de análise.

Este paradigma está determinado pelo processo de desintegração do Estado Nação, e a

perda de seu status de unidade fundamental da análise político-econômica das

relações internacionais e das análises político-institucionais das sociedades nacionais,

para o que Ohmae (1993) chama de regional-state.

No ambiente de globalização, uma nova divisão internacional do trabalho rompe as

tradicionais fronteiras do Estado Nacional, determinando o confronto entre áreas

específicas que não necessariamente integram um mesmo Estado-Nação ou, que,

também, não obedecem outras classificações previamente estabelecidas.

20

Este confronto traduz-se na adoção de estratégias de inserção econômica e

desenvolvimento social próprias por sub-regiões, pólos ou clusters produtivos. Tais

estratégias estão baseadas, em grande medida, na identificação de um papel a

desempenhar dentro de um determinado processo produtivo, agora com etapas

internacionalizadas. Estas estratégias são específicas, pois definem-se em função das

economias externas locais que permitem a obtenção de vantagens competitivas em

determinadas etapas produtivas, de determinados processos relativos a determinado

produto. Esta estratégias são autônomas, pois a “construção” ou ampliação destas

vantagens competitivas requerem do governo nacional a condução de ações e medidas

de política econômica - no que diz respeito ao padrão de inserção no comércio

exterior – especiais (vide o caso de cidades como Xangai e Hong Kong). Em alguns

casos, o próprio Estado Regional recebe autonomia parcial de direito para definir

alguns parâmetros de seu comércio exterior.

Essa nova realidade torna a implicação das desigualdades sócio-econômicas regionais

na integração nacional ainda mais complicada. O processo de incremento da

integração entre regiões nacionais – quando entendido como o resultado final da

diminuição dos hiatos sócio-econômicos - também passa a não obedecer a critérios de

fronteira previamente estabelecidos.

As transformações ocorridas na economia brasileira, destacando-se aí os efeitos da

globalização e da abertura comercial, vêm corroborar essa colocação, uma vez que,

as diferenças sócio-econômicas dentro dos próprios Estados e/ou Regiões têm se

mostrado de forma cada vez mais latente. Como exemplos, podem ser citados a

reconcentração regional dentro do próprio Estado de São Paulo e contradições

verificadas em Estados como Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, aonde

existem áreas de desenvolvimento acelerados e áreas estagnadas ou decadentes.

Também merece ser citada, na Região Nordeste, a disparidade entre a problemática

área do semi-árido vis-a-vis o fortalecimento de indústrias intensivas em de mão-de-

obra principalmente no entorno das Regiões Metropolitana de cidades de porte médio

(Fortaleza e Natal, por exemplo).

Esse novo sistema, caracterizado por vanguardas produtivas regionais, reforça a

necessidade de se flexibilizar a nomenclatura tradicional utilizada para a análise das

21

regiões (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste, Centro-Oeste), impondo um nova metodologia

de análise da dinâmica dos desenvolvimentos regionais, uma vez que na realidade

atual convivem áreas-pólo e regiões-chave não mais identificadas com recortes geo-

políticos internos.

Além disso, a globalização também tem como uma de suas principais características

a velocidade e disseminação das tendências que nela se manifestam, indicando a

necessidade de urgência com que deve ser tratada a questão.

7.2. Abertura Comercial e Nova Dinâmica do Desenvolvimento Regional.

A abertura comercial, do modo como foi conduzida, inaugurou uma nova lógica do

desenvolvimento regional nacional através de dois de seus produtos: a) o surgimento

de áreas de vanguarda em regiões desfavorecidas com viés eminentemente exportador

e competidoras em preço, e b) o processo de ajuste industrial do período 1991-1994.

Ambos se complementam e se confundem.

O processo de abertura comercial, desencadeado no início dos anos 90, vem

reproduzindo fortes impactos na economia brasileira. O processo de

“desconcentração” ou polarização reversa teve como pano de fundo uma economia

cartorial, protegida, que criava um mercado cativo para os novos pólos de dinamismo

que se desenvolveram no período e principalmente para que a região mais

industrializada escoasse a sua produção. Além disso, a prática de uma taxa de câmbio

tida por alguns economistas como sobrevalorizada - âncora principal do programa de

estabilização implementado em 1994 (Plano Real) -, atuou como reforço ao aumento

das importações, impactando em diversos setores da economia.

A “substituição” de produção nacional - em determinados setores - por produtos

importados certamente implicou em fechamento e transferência de inúmeras

empresas, modificando a divisão inter-regional do trabalho e a integração produtiva

entre as regiões. Competindo em preços com a presença de novos produtos

estrangeiros no mercado nacional, as indústrias localizadas principalmente na Região

Sudeste passam por um dramático processo de ajuste industrial, que resulta, após

alguns anos, na migração parcial inter-regional da produção industrial de menor valor

agregado para regiões menos desenvolvidas como o Nordeste e o Centro-Oeste – à

22

busca da menores custos de mão-de-obra, dada a intensividade em trabalho – e da

produção industrial de maior valor agregado para regiões ao menos tão desenvolvidas,

como a Região Sul – à busca de maior escolaridade da mão de obra, menores

deseconomias de aglomeração e proximidade com os demais países do Mercosul.

Como exemplos do primeiro caso podem ser citados os anúncios recentes de

transferências de plantas têxteis e de calçados para o Nordeste, bem como a

implantação de grandes projetos de produção de celulose na Bahia. No caso da Região

Sul, ressalta-se a instalação de duas plantas automobilísticas de novas montadoras no

entorno da capital gaúcha e no interior do estado do Paraná.

A abertura comercial deve ser incorporada como um elemento intransponível,

implicando necessariamente na subversão da estratégia de desenvolvimento do

passado recente (para dentro, no sentido de povoar o interior e ampliar as fronteiras

para Centro-Oeste e Norte) pela moderna estratégia de estimular o desenvolvimento

de pólos específicos onde estejam presentes economias externas adequadas à

transformação de vantagens comparativas locais em “vantagens competitivas”, de

acordo com a teoria de Ricardo revistada em Porter (1996).

7.3. Integração Nacional e Integração Internacional

Como então se conjugam os processos de integração internacional destas áreas de

vanguarda com o exterior e o processo de integração destas regiões internamente. Isto

chega a configurar um problema ? Fishlow (1996) acredita que a resolução da tensão

entre globalismo e regionalismo é conciliável. Segundo ele (...) “é inclusive mais

apropriado considerar este último como parte e/ou desdobramento do movimento de

globalização”.

Essa realidade reforça a necessidade de elaboração de estratégias de integração

regional externa (blocos entre países) em concomitância com estratégias de

desenvolvimento “internas”, de forma que o engajamento inevitável nos blocos

internacionais não venha a agravar ainda mais o quadro de desequilíbrios entre as

regiões brasileiras.

7.4. A formação de clusters industrais

23

Todas estas características do processo de abertura comercial e suas conseqüentes

concorrências internas vêm abrindo espaço para iniciativas de inserção locais e

alternativas – em geral, regionalmente coordenadas – como por exemplo, a formação

de clusters produtivos - alternativa a um modelo de inserção aproveitador do sistema

de global sourcing.

Caracterizados pela concentração geográfica de atividades econômicas similares e

complementares – nos quais emerge uma conjunto de serviços de suporte à produção,

infra-estrutura especializada etc.. – os clusters começam a surgir como um novo e

interessante mecanismo de desenvolvimento regional, onde a interação entre os

diversos agentes facilita o contínuo surgimento de inovações, o aprendizado conjunto

e a eficiência coletiva. Exemplos internacionais de sucesso podem ser observados no

caso do Silicon Valley, na Califórnia, e na chamada Terceira Itália.

Embora este novo padrão de organização industrial - que congrega locacionalmente

empresas produtoras e fornecedoras, centros de aprendizagem profissional, centros de

tecnologia e pesquisa aplicada e instituições e mecanismos de fomento a produção

direta e a inovação tecnológica – seja uma opção organizacional distinta ao global

sourcing (apresentado anteriormente e caracterizado pela fragmentação internacional

das cadeia produtivas), não há incompatibilidade entre ambos, posto que um cluster

pode limitar-se a determinada etapa do processo integrando-se a rede internacional de

produção. .

No mecanismo de impulsão do desenvolvimento regional em regiões menos

favorecidas, a iniciativa privada tem sido o protagonista no processo – em contraste

com os projetos e programas de desenvolvimento regional dos anos 70. Todavia, a

condução do processo de implantação dos clusters (chamados em alguns casos de

distritos industriais autônomos) congrega os mais diversos atores sociais regionais,

reservando aos governos estaduais, o papel de facilitador e catalizador, limitando-se à

articulação do fornecimento de infra-estrutura básica e/ou especializada. Esta, em

muitos casos, é operada por parcerias entre agentes exclusivamente privados. Este

tipo de iniciativa tem como exemplo o Grupo Executivo da Iniciativa pelo Nordeste

(GEIN) – destinado a fomentar a formação de clusters na região - surgido por

iniciativa de empresários regionais, pelo esforço de governos estaduais e locais da

Região, sob a orientação do Banco Mundial.

24

7.5. O problema tecnológico

Um olhar mais aguçado para a competição internacional como estratégia de melhoria

do bem-estar sócio econômico da população local, e por conseguinte, para a

diminuição do hiato relativo das desigualdades de renda, pode sugerir um obstáculo à

continuidade da despolarização, em função do recrudescimento de fatores de atração –

no que pese o contínuo incremento de fatores de expulsão nas grandes aglomerações

que sofrem com largas deseconomias.

Trata-se da sustentabildade de longo prazo do desenvolvimento baseado nos ganhos

de competitividade e produtividade voltados para o fator preço. A resposta à este

importante questionamento sugere uma pequena digressão, apresentada a seguir:

Como vimos, pode-se afirmar, em certa medida, que entre os anos 50 e 70, era

possível conduzir um processo de desenvolvimento num espaço estritamente nacional.

O modelo produtivo keynesiano de produção em massa não foi complementado por

um padrão de distribuição de renda que garantisse o desenvolvimento de um mercado

interno, impedindo a expansão dos sistemas de produção, bloqueando economias de

escala, que, por conseguinte, permitiu a sobrevivência dos oligopólios e reduzido grau

de competição. O desenvolvimento industrial contribuiu para o problema da hiper-

concentração regional: na ausência de uma expansão previsível e viável, as indústrias

modernas concentraram-se em torno de alguns centros urbanos, que foi acompanhada

da concentração da riqueza e da pobreza. O modelo de produção em massa deixou de

ser o princípio propulsivo da economia mundial em meados dos anos 70. A este

modelo, o chamado substituição de importações, sobreveio um aumento do comércio

internacional sem precedentes no período 70-94 (a produção mundial dirigida ao

mercado internacional saltou de 10% para 26% do total), acompanhada das duas crise

do petróleo e da crise da dívida externa dos países latino-americanos, a década

perdida e, finalmente a inserção com quinze anos de atraso do Brasil na economia

internacional através de commoditties e produtos semi-elaborados exportáveis e

competitivos em preço .

Porém, estas áreas de vanguarda, muitas vezes, estão aprisionadas (em função de

especificidades de ativos e outras especializações produtivas) à um círculo vicioso de

25

competição de preço, cuja tendência atual é o caminho “ladeira abaixo”, com redução

de margens brutas e excedentes do produtor.

Como aponta Stroper (1994), como áreas consumidoras (e não produtoras) de

tecnologia, estas regiões estão ainda “atreladas a um ritmo menos veloz de inovação e

à uma certa defasagem tecnológica, somente recuperada num segundo momento do

ciclo de vida de um produto, quando o ritmo continuado da inovação já diminuiu e o

processo de produção se padronizou”

Neste sentido, é imprescindível que algumas dessas áreas de vanguarda possam

alcançar os níveis tecnológicos das firmas dos países exportadores de tecnologia.

Cada país inserido na economia mundial tem algum complexo industrial regional (ou

diversos) deste tipo, pois somente produtos competitivos em tecnologia podem ser

vendidos a preços mundiais que sustentem altos níveis de salários e de acumulação de

capital, e assim, gerem excedentes nos mercados internacionais para financiar o resto

do processo de desenvolvimento e de redução das desigualdades

8. Evolução Recente das Desigualdades Regionais: uma Análise Empírica.

A partir dos dados referentes à renda per capita dos Estados e Regiões como

proporção da renda per capita nacional entre os anos de 1970 e 1995, e conforme

realizado em Ferreira (1998), constrói-se o chamado Índice de Theil, de forma a

decompor a desigualdade total entre as regiões da federação.

Índice Theil / Desigualdade Inter-Regional – Lr :

L = Σ r ( 11 , 25) p r ln (pr/yr)

Onde, pr = participação da região r na população do país; yr = participação da renda da

região r na renda interna; Σ = operador da soma e ln = logarítmo natural.

Para que se tenha uma situação em que todos as regiões apresentem a mesma renda

per capita, ou seja, uma distribuição inter-regional da renda perfeitamente igualitária,

o índice de Theil-Lr deverá ser igual a zero. Um maior diferencial positivo deste

número em relação a zero significa um maior diferencial entre as rendas per capita das

26

regiões, apontando para um nível de desigualdade sócio-econômica maior. Os dados

utilizados nessa análise estão dispostos nas tabelas 11 e 12 do anexo.

A evolução do índice Theil-Lr sugere que o período 1970-95 pode ser dividido em

duas fases distintas, no que diz respeito ao processo de convergência entre as rendas

per capita regionais no Brasil. Em uma primeira fase, de 1970 a 1986, esse índice

tende a se reduzir de forma contínua e relativamente rápida, alcançando em 1986,

0,0867, um valor equivalente a pouco mais da metade daquele observado em 1970

(0,1482). A partir desse ponto, passa a registrar, em média, uma estabilidade entre

1987 e 1995 (0,0870 e 0,0870 respectivamente, após ligeiras flutuações) .

Quando são analisados os dados referentes ao Índice de Theil-L relativos à

distribuição de renda interestadual, os resultados obtidos por Ferreira (1998) não

apresentam diferenças significativas em comparação ao enfoque regional.

Conclui-se, portanto, que o movimento de desconcentração iniciado nos anos 70 é

manifestado através de uma maior convergência entre as rendas regionais, e que este

movimento vêm dando sinais de arrefecimento desde meados dos anos 80.

9. Avaliações e Perspectivas

Os resultados obtidos pela análise quantitativa e dados mais recentes referentes à

evolução da participação relativa de cada região no PIB brasileiro (1985-1986),

constatam, não somente um esgotamento do processo de “desconcentração”

econômica, mas também sérios indícios de uma tendência de reconcentração do PIB

na Região Sudeste. A participação da Região Sudeste foi ampliada, segundo os dados,

de 59.1% em 1985 para 62.6% em 1996, enquanto a participação conjunta das

Regiões Nordeste, Centro-Oeste, Norte e Sul, no mesmo período caiu de 40.8% para

37.4%.

O arrefecimento do processo de desconcentração através da polarização reversa, pode

ser visto como resultado de que a maior parte das forças que desencadearam esse

movimento a partir dos anos 70, cessaram de operar, ao menos em parte. Este

arrefecimento ocorre mesmo à despeito das iniciativas de formação de ilustres

industriais no Nordeste e da migração inter-regional da indústria para fora do eixo

27

Rio-São Paulo. Possivelmente, a redução dos investimentos públicos em infra-

estrutura básica e dos incentivos fiscais e subsídios diante da crise financeira vivida

pelo Estado brasileiro, além da perda de impulso do processo de ocupação de novas

áreas do país que levou à expansão da fronteira agrícola e mineral, somados à crise

econômica que atingiu mais fortemente os Estados mais endividados, tenham

determinado esse novo movimento.

O processo de interrupção na convergência das rendas, já verificado empiricamente,

pode ser dramatizado – ou até mesmo, no longo prazo, revertido em divergência – se a

existência do “problema tecnológico” apresentado na seção anterior persistir.

Problema este que dificulta a sustentabilidade (sempre no longo prazo) do processo de

criação de novos pólos dinâmicos, além da manutenção e expansão de alguns já

existentes.

Vale lembrar, que, diante da ambiência de globalização e abertura econômica, o

crescimento econômico tende a ser intensivo em ciência e tecnologia, dificultando a

posição das regiões mais distantes dos centros de pesquisa avançada, a ver justamente

aquelas situadas em posição desfavorável no quadro de desigualdades (Norte,

Nordeste e Centro-Oeste).

O fato de o PIB brasileiro, ter apresentado, neste período (85-96), taxas positivas

(embora moderadas) de crescimento, corrobora os indícios de que o crescimento

econômico pode estar associado a um movimento de reconcentração econômica

regional, conforme colocado em Haddad (1997) e na seção anterior.

A configuração dessa perspectiva deve servir de alerta para que a questão do

desenvolvimento regional não continue obscurecida na agenda de debates sobre os

grandes temas nacionais e que se dê ao debate o caráter estratégico e a visão de longo

prazo que ele merece. .

10. Políticas Públicas Alternativas

10.1. Apresentação

28

Abaixo apresenta-se um rol de alternativas de políticas públicas e privadas para a

redução dos desequilíbrios sócio-econômicos inter-regionais no Brasil, de modo a

obter repercussões ditas “positivas” sobre o grau de integração regional, contribuindo

para um desenvolvimento regional mais equilibrado e menos excludente.

Quanto aos atores sociais envolvidos, serão apresentadas as estratégias e ações

adotadas pelo setor privado e por entidades de terceiro setor ligadas a questão regional

(institutos de pesquisa, gestores de programas sociais) e pelo poder público (a nível

federal, estadual e municipal) no trato da questão da desigualdade e da integração,

com especial atenção para as ações de planejamento estratégico em pólos produtivos.

Destacam-se ainda os desafios a serem enfrentados no próximo século, oportunidades

a serem aproveitadas e obstáculos a serem contornados.

10.2. Diretrizes fundamentais

De modo geral, é possível construir diretrizes conceituais que norteiem a

implementação de políticas de desenvolvimento regional. Estes pressupostos devem

permear a análise da efetividade de determinado um conjunto de ações selecionadas e

articuladas que venha a constituir uma política de governo.

Ao se discutir as políticas públicas e privadas a serem eventualmente implementadas,

é necessário ter em vista os novos papéis que os agentes econômicos vem assumindo

com as transformações recentes da economia brasileira, aonde sobressaem-se novos

mecanismos de articulação entre Estado e Sociedade Civil para a formulação de

estratégias de desenvolvimento. O setor privado vem assumindo novas

responsabilidades, passando a atuar em setores outrora monopolizados pelo Estado,

dentre os quais se destaca a área de infra-estrutura - elemento essencial para o

desenvolvimento sustentável.

Por outro lado, quanto à adoção de políticas públicas nessa direção, cabe questionar

até que ponto o Estado, na atual crise fiscal em que se encontra, deve se envolver em

políticas compensatórias e/ou ativas no tratamento das desigualdades geradas por essa

nova dinâmica. É importante atentar que no último grande ciclo de crescimento

presenciado pela economia brasileira, as políticas públicas compensatórias e ativas

foram muito importantes no sentido de que o quadro de desigualdades não se

agravasse ainda mais. Porém, na atual crise financeira em que se encontra o Estado

29

brasileiro, dificilmente poderá se contar com esse dispositivo em uma nova fase de

crescimento.

Nesse sentido, tanto para as responsabilidades do setor público quanto do setor

privado, tenha-se em vista a necessidade de soluções conseqüentes, pertinentes e

viáveis do ponto de vista fiscal, operacional e político. Caso contrário, qualquer

iniciativa significará uma contribuição meramente retórica.

Vale lembrar que as políticas sugeridas abaixo devem responder ao novo modelo de

inserção externa de economia brasileira e, consequentemente, à nova dinâmica

regional ora em curso, caracterizada pela necessidade imperativa da dinamização

produtiva para o setor externo de pólos produtivos integrados em eixos de

desenvolvimento. Estas políticas devem estar adequadas ao mais latente paradoxo da

globalização: o fortalecimento do papel das regiões, e mesmo de espaços localizados e

o crescimento da importância de sua integração sistêmica .

Cabe ainda aos policy-makers identificar regiões/eixos-chave de desenvolvimento,

selecionando aquelas que exerçam, em maior grau e simultaneamente, efeitos de

encadeamento horizontal e vertical (medidos pelas vendas e compras de bens e

serviços respectivamente). Investimentos realizados nestas regiões teriam o poder de

provocar maiores impactos no resto do sistema, maximizando o crescimento da

produção e do emprego. Esta identificação é fundamental para a formulação de

políticas vencedoras e redutoras de desigualdades regionais.

Desta forma, de modo geral, tais políticas devem:

a) adequarem-se à nova ambiência de abertura econômica e globalização, e por

conseguinte a nova lógica do desenvolvimento regional por ela engendrada,

internalizando seus novos elementos e padrões como realidades objetivas .

b) estar identificadas e em conformidade com um projetos local de desenvolvimento

elaborado em conjunto com a sociedade organizada local. Tais projetos devem

envolver principalmente a formulação de uma visão do desenvolvimento

30

c) articularem-se particularmente com os projetos locais de dinamização do setor

exportador local, incorporando à políticas de desenvolvimento e integração

regional, elementos relativos à integração da região de referência aos fluxos de

comércio e aos processos produtivos internacionais

d) objetivar esta visão do desenvolvimento através de programas autônomos,

nominados, identificáveis, locais e inter-articulados

e) redefinir o antigo modelo de atuação do Estado na implementação das políticas e

ações de desenvolvimento com o intuito de corrigir as desigualdades abandonando

a priorização de grandes projetos de viés colonizador. Tais projetos, embora

contribuíssem para a integração da região de referência com as demais, não

impactavam significativamente a cadeia produtiva, uma vez que praticamente não

existia articulação ou integração entre a frágil base produtiva local.

f) reduzir de custos de transação relativos a integração dos pólos produtivos em

eixos de desenvolvimento estratégicos

g) implementar-se através da descentralização das ações e projetos, respeitando-se o

princípio da subsidiariedade

h) atentar para a sustentabilidade dos programas e projetos autônomos, garantindo às

regiões mais atrasadas livre acesso a capitais e tecnologia.

i) maximizar a geração de economias externas e minimizar as deseconomias de

aglomeração à nível local.

10.3. Sugestão de políticas públicas e privadas

As políticas aqui indicadas pretendem servir de estímulo ao desenvolvimento regional

mais integrado das regiões produtivas brasileiras, de acordo com os desafios a serem

enfrentados no próximo século, tudo de acordo com as oportunidades sistêmicas e

setoriais, limitadores e potencialidades identificadas ao longo deste trabalho.

31

As políticas sugeridas concentram-se em torno da ação do Estado. De modo geral, as

ações relativas ao planejamento e desenvolvimento regional são atividades “típicas de

governo”. Parece claro, entretanto, que, em função da crise fiscal do Estado, arranjos

inter-institucionais diversos terão de ser implementados para garantir a necessária

participação dos demais atores sociais na formulação, implementação e avaliação de

tais políticas. Estão apontadas ainda algumas ações de caráter acessório, a serem

desenvolvidas pelo setor privado e por entidades não governamentais. Estas ações,

apesar de não agirem diretamente sobre os problemas identificados, podem gerar

economias externas e uma ambiência institucional adequada à implementação,

eficácia e eficiência das políticas públicas fundamentais.

Vale destacar que a efetividade e o custo fiscal de tais políticas alternativas aqui

arroladas para o trato da questão identificada como central – garantir um

desenvolvimento sócio-econômico relativamente equilibrado e convergente dos

diversos pólos produtivos do país e de suas regiões de influência em função da nova

dinâmica do desenvolvimento regional identificada – devem ser posteriormente

estudados com mais vagar. A perfeita identificação de políticas prioritárias e

acessórias, de curto e de longo prazo, mais ou menos custosas, dar-se-à na medida em

que o arrefecimento da tendência de despolarização se consolidar, recrudescer,

reanimar-se ou mesmo, reverter-se de vez em polarização. A avaliação da “eficiência

alocativa” de tais políticas e de sua efetividade estará sempre condicionada ao sentido

da tendência do processo.

10.3.1. Políticas de desenvolvimento e integração

Mecanismos institucionais de participação social

As ações devem resultar de amplo processo participativo que busque a convergência,

a parceria, a qualidade e a sustentabilidade dos processos. A gestão participativa do

projeto de desenvolvimento regional pressupõe:

a) visão ampliada do espectro dos atores sociais, incluindo-se aí empresas privadas,

movimentos sociais, organismos de fomento nacionais e internacionais e outras

esferas de governo.

32

b) gestão negociada e participativa deste atores sociais na visão e implementação do

projeto de desenvolvimento, através de fóruns de participação da sociedade e

mecanismos institucionais não permanentes de acesso às decisões de governo.

Política Industrial : Governo e setor privado

a) desenvolver ações de política industrial voltada, exclusivamente, a criação de

institucionalidade macroeconômica que potencialize vantagens comparativas

regionais já existentes. As políticas industriais e projetos de desenvolvimento (tipo

Plano de Metas, PND´s e similares) caracterizadas por soluções de incentivo fiscal e

subsídio que intencionam a criação de vantagens artificiais são, em geral, custosas,

ineficientes e proibitivas no cenário atual.

c) Identificar nichos mercadológicos e vantagens competitivas regionais, voltadas a

dinamização do setor externo, objetivando o incentivo à geração de clusters

produtivos (locus geográfico onde se desenvolvem atividades econômicas interligadas

ou fortemente correlacionadas) com especial atenção a cadeias sócio-produtivas

típicas. Não há aqui incompatibilidade entre o desenvolvimento de clusters e o padrão

de global sourcing característico do processo de globalização, posto que um cluster

deve limitar-se a realização de etapas do processo produtivo onde possua vantagens

competitivas.

d) Deixar que seja esta formação quando espontânea, seja orientada pela liderança

privada e incentivada pelo governo através da ampliação da competitividade sistêmica

do país, via redução dos chamados custo e risco Brasil. O governo local deve atuar

como facilitador – principalmente na provisão de infra-estrutura, inclusive a

especializada – e como estimulador – dos investimentos produtivos dos diversos

componentes dos cluster.

10.4. A “importância” dos recursos naturais

Na identificação destas vantagens competitivas orientadas ao exterior, o elemento

“disponibilidade de recurso naturais” não deve ser identificado como elemento

limitador. Surpreendentemente, uma plotagem de PIB per capita de diversas regiões

da vanguarda produtiva internacional (clusters selecionados) e exportações de

33

recursos in natura em percentagem do PIB, verifica-se uma relação de

proporcionalidade inversa (ver Sachs, J & Warner A (1997)). Tais disponibilidades

de recursos naturais importam mais quando falamos da dinamização da economia para

o setor interno e vêm progressivamente perdendo sua importância face a queda

generalizada no nível de preços das commoditties.

10.5. Dinamização local do setor exportador

O investimento deverá ser preponderante em esforços na dinamização do setor

exportador de todas as regiões e pólos produtivos, na medida em que a demanda

internacional pelas exportações locais exerce efeitos de encadeamento sobre as

demais regiões produtoras de bens complementares.

10.6. Grandes projetos de desenvolvimento

a) Dar continuidade ao Programa Brasil em Ação, que se caracteriza pela realização

de investimentos visando a geração de infra-estrutura para o desenvolvimento. O

Programa deve estar mais atento a especificidades de cada localidade em matéria da

especificação destes ativos, de modo a atender não somente a geração de empregos,

mas às necessidades de ganhos regionais de competitividade externa e inter-regionais.

b) Encerrar á termo todos os projetos de desenvolvimento, de viés colonizador,

característico dos Planos Nacionais de Desenvolvimento dos anos 70.

10.7. Infra-estrutura, tecnologia, economias externas e descentralização

a) desenvolver ação pragmática no incentivo a construção de uma rede local de

serviços a produção e de uma infra-estrutura local especializada, com especial atenção

ao fator logístico no caso de pólos industriais.

b) Criar mecanismos de difusão e transferência tecnológica e da inovação produtiva,

de modo a disseminar os novos padrões por todas as regiões produtivas aplicáveis.

c) Incentivar a interiorização da produção industrial, através de investimentos de

infra-estrutura adequada em pólos produtivos em parceria com o setor privado

34

investidor. Nesta regiões as taxas de retorno são mais elevadas devido em parte a

ausência de deseconomias de aglomeração.

10.8. Desigualdade social: o papel da educação

a) Entender o nível de escolaridade médio como grande operador de impacto sobre o

alargamento da desigualdade de renda entre as regiões. Vale lembrar que a

desigualdade educacional explica entre 35% e 50% das diferenças nos níveis de

salários quando tomado o agregado da economia (Paes e Barros (1995)).

b) A partir do entendimento anterior incentivar em parcerias com o sistema dos “S”

(SESI,SENAI, etc...), Universidades e Escolas Técnicas a implantação de Programas

de Capacitação e Formação Técnica especializada orientada para as potencialidades e

necessidades produtivas locais.

10.9. Agências de fomento e desenvolvimento e Associativismo

a) Incentivo a criação de agências e instituições de desenvolvimento local

comprometidas com o desenvolvimento regional sustentável, segundo o modelo

adotado pela Associação Européia de Agências de Desenvolvimento (EURADA) ou

pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.

10.10. Financiamento do desenvolvimento

Fatores e diretrizes principais:

a) garantir o nexo e a correspondência entre carga tributária e provisão de bens

públicos como princípio racionalizador da despesa pública, principalmente em

sistemas onde existem grandes disparidades de capacidade tributária regional,

minimizando as transferências inter-governamentais que objetivam correções nas

disparidades acima referidas. Todavia, é preciso ter em mente, que estas

transferências, em geral, promovem uma subvaloração dos custos dos bens públicos

locais, promovendo uma provisão ineficiente e excessiva, incentivando a separação

entre impostos e decisões de gasto público, que em geral resulta no repasse do

financiamento das despesas das unidades descentralizadas pelo conjunto da federação.

35

Este financiamento não-tributário incentiva ainda a redução dos esforço de

arrecadação de recitas próprias pelas unidades locais)

b) Mitigar e desincentivar estratégia de guerra fiscal que comprometem a

sustentabilidade dos projetos de desenvolvimento de longo prazo, em detrimento do

aproveitamento de oportunidades presentes.

c) Reduzir as isenções de ICMS e manter concessões financeiras e incentivos para-

fiscais relacionados a aquisição de ativos fixos na região e simplificação dos trâmites

burocráticos de instalação das empresas, assistência técnica na elaboração de projetos.

d) Criar um mecanismos alternativo de desoneração das exportações, de modo a

dinamizar internamente os pólos produtivos voltados a competição com o exterior. O

arranjo efetivado pela Lei Kandir, produziu perdas para os Estados da federação que

já tem sua capacidade de investimentos reduzida em função de sua crise fiscal.

e) Alterar o perfil dos itens financiáveis através dos fundos de financiamento

regionais. No caso do FINOR, por exemplo somente os investimentos em capital fixo

são financiáveis (projetos, instalações, equipamentos). É preciso que tais programas

passem a premiar também investimentos em programas de treinamento instrumental

de mão-de-obra, programas de capacitação gerencial, bem como a instalação de

laboratórios de ensaio e certificação de produtos.

11. Referências Bibliográficas

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12. Anexo Estatístico (Tabelas e Gráficos)

41

Tabela 01Produto Interno Bruto por Regiões e Unidades da Federação

Regiões e Unidadesda Federação 1970 1975 1980 1985

BRASIL 100,0 100,0 100,0 100,0NORTE 2,2 2,0 3,3 4,1Rondônia 0,1 0,1 0,3 0,5Acre 0,1 0,1 0,1 0,1Amazonas 0,7 0,7 1,1 1,3Roraima 0,0 0,0 0,0 0,1Pará 1,1 1,0 1,6 1,8Amapá 0,1 0,1 0,1 0,1Tocantins // // 0,2 0,1NORDESTE 11,7 11,1 12,0 13,6Maranhão 0,8 0,7 0,8 1,0Piauí 0,4 0,4 0,4 0,4Ceará 1,4 1,3 1,5 1,7Rio Gde do Norte 0,5 0,6 0,6 0,9Paraíba 0,7 0,7 0,7 0,7Pernambuco 2,9 2,7 2,5 2,4Alagoas 0,7 0,6 0,7 0,7Sergipe 0,4 0,4 0,4 0,7Bahia 3,8 3,7 4,3 5,2SUDESTE 65,5 64,9 62,3 59,1Minas Gerais 8,3 8,4 9,4 9,8Espírito Santo 1,2 1,0 1,5 1,7Rio de Janeiro 16,7 15,3 13,7 12,3São Paulo 39,4 40,1 37,7 35,4SUL 16,7 17,9 17,0 17,1Paraná 5,4 6,6 5,8 6,1Santa Catarina 2,7 2,8 3,3 3,2Rio Gde do Sul 8,6 8,5 7,9 7,9CENTRO OESTE 3,9 4,1 5,4 6,0Mato Grosso do Sul // 0,4 0,6 0,8Mato Grosso 1,1 0,8 1,1 1,0Goiás 1,5 1,5 1,7 2,0Distrito Federal 1,3 1,4 2,0 2,2Fonte: IBGE - Anuário Estatístico - 1992

Participação no Total do País

Tabela 02

Setores 1953 1960 1970 1975 1980 1992Agricultura 26,0 23,0 11,7 9,7 8,8 9,9Indústria 24,0 25,0 35,4 36,8 38,2 31,6Serviços 50,0 52,0 52,9 53,5 53,0 58,5Fonte: Baer, 1995

Distribuição Setorial do PIB

42

Tabela 03

1970 1975 1980 1985BRASIL 100 100 100 100NORTE 56 47 68 72NORDESTE 39 37 41 47SUDESTE 153 150 143 137SUL 94 107 106 110CENTRO-OESTE 71 69 85 93Fonte: Britto, 1995

Evolução do Produto per capita

Tabela 04

Regiões 1970 1980 1988BRASIL 100 100 100NORTE 103 107 105NORDESTE 84 86 91SUDESTE 108 106 103SUL 114 111 108CENTRO-OESTE 106 108 105Fonte: IBGE

Esperança de Vida ao nascer

Tabela 05

Regiões 1970 1980 1985 1988BRASIL 100 100 100 100NORTE 96 81 101 101NORDESTE 129 154 152 168SUDESTE 86 71 70 71SUL 77 61 59 62CENTRO-OESTE 81 78 74 80Fonte: IBGE

Mortalidade Infantil

43

Tabela 06Participação da população de 15 anos ou mais sem instrução

Regiões 1970 1980 1990BRASIL 100 100 100NORTE 109 123 //NORDESTE 168 178 196SUDESTE 76 66 60SUL 79 63 62CENTRO-OESTE 111 97 89Fonte: IBGE

na população total de 15 anos ou mais

Tabela 07

Regiões 1970 1980 1988BRASIL 29,3 51,6 69,2NORTE 13,4 29,4 60,3NORDESTE 9,7 25,2 38,7SUDESTE 46,6 69,3 84,7SUL 24,4 55,9 78,4CENTRO-OESTE 15,8 36,1 59,2Fonte: Baer, 1995

Domicílios c/ Abast. De Água (%)

Tabela 08

Regiões 1970 1980 1988BRASIL 54,5 80,1 73,8NORTE 49,5 74,5 75,4NORDESTE 29,8 58,1 48,8SUDESTE 70,1 91 85,2SUL 58,1 86 79,4CENTRO-OESTE 50,7 80,6 75,3Fonte: Baer, 1995

(%) Pessoas c/ Renda Acima da Linha de Pobreza

Tabela 09

Regiões 1970 1980 1988BRASIL 66 74,6 81,1NORTE 63,4 70,7 88,1NORDESTE 45,3 54,6 63,5SUDESTE 76 83,1 88,2SUL 75 83,7 87,5CENTRO-OESTE 64 74,7 83,1Fonte: Baer, 1995

Taxa de Alfabetização (%)

44

Tabela 10

Regiões 1970 1980 1988BRASIL 47,6 68,5 85,9NORTE 27,3 45,8 92,9NORDESTE 23,3 43,6 67SUDESTE 68,7 85,4 94,8SUL 43,1 71,4 91CENTRO-OESTE 28,6 57,3 81,9Fonte: Baer, 1995

Domicílios c/ Energia Elétrica (%)

Tabela 11

Regiões 1970 1975 1980 1985 1990 1995NORTE 0,58 0,51 0,67 0,76 0,79 0,72NORDESTE 0,40 0,39 0,41 0,48 0,48 0,48SUDESTE 1,52 1,47 1,43 1,37 1,36 1,34SUL 0,96 1,08 1,08 1,11 1,05 1,16CENTRO OESTE 0,68 0,73 0,81 0,81 0,96 0,97Fonte: Ferreira, 1998

Brasil: Rendas per Capita Regionais como proporção da Renda per Capita do Brasil 1970/95

Tabela 12

1970 0,14821975 0,14811980 0,12311985 0,09161986 0,08671987 0,08701988 0,08631989 0,08301990 0,08541991 0,08531992 0,08801993 0,08611994 0,08391995 0,0870

Fonte: Ferreira, 1998

Índice de Theil - Lr