notificaÇÃo recomendatÓria 02/2020- dpe-mt

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO

Grupo de Atuação Estratégica em Defesa de Direitos Coletivos da Educação Pública

Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso – GAEDIC - EDUCAÇÃO

Rua 06 (esquina com a Rua 04), parte do Lote nº 01 da Quadra nº 11, Setor A, Centro Político Administrativo -CEP 78.050-970- Cuiabá-MT – Telefones: (65) 3613-4300/ 65 3613-3435

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NOTIFICAÇÃO RECOMENDATÓRIA 02/2020- DPE-MT

DESTINATÁRIO:

ESTADO DE MATO GROSSO, SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO.

NOTIFICADOS:

Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de Mato Grosso - Mauro Mendes

Ferreira.

Excelentíssimo Senhor Secretário Estadual de Educação, Sr. Alan Porto.

A DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO DO

GROSSO, por intermédio da Coordenadoria do Grupo de Atuação Estratégica

em Defesa de Direitos Coletivos em matéria de Educação Pública – GAEDIC -

Educação, por meio da Defensora Pública que esta subscreve, no uso de suas

atribuições institucionais conferidas por lei, com supedâneo no artigo 134 da

Constituição Federal; artigo 5º, II da Lei 7347/1985; artigo 128, inciso X, da Lei

Complementar Federal n. 080/94 (Normas Gerais de Organização da Defensoria

Pública nos Estados); do artigo 3º da Portaria 1091/2019/DPG e do artigo 1º da

Portaria 01215/2019/DP, vem, respeitosamente, REQUISITAR e RECOMENDAR

o que segue:

CONSIDERANDO que a Constituição Federal prevê a educação

como direito social (art. 6º, primeira figura); que a educação é dever do Estado e

será promovida visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205); que o ensino

será ministrado com base na igualdade de condições de acesso e permanência na

escola (art. 206, inciso I) e garantia de padrão de qualidade (art. 206, inciso VII);

que os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação

infantil (art. 211, § 2º), bem como que é dever da família, da sociedade e do Estado

assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito

à educação (art. 227, caput);





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CONSIDERANDO que a Constituição do Estado de Mato Grosso,

de forma expressa prevê como princípios fundamentais e objetivos prioritários do

Estado propiciar educação à infância e adolescência (art. 3º, inciso III) e eficiência

na prestação dos serviços públicos (art. 3º, inciso V); bem como que Estado e

Municípios terão como princípio a educação escolar pública, de qualidade,

gratuita, em todos os níveis e graus, como direitos de todos (art. 237, inciso I);

CONSIDERANDO que a Defensoria Pública é instituição

permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como

expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação

jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e

extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos

necessitados (art. 134 da CRFB/1988);

CONSIDERANDO que a Lei Complementar Federal 80 de 1994

(Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê que a Defensoria Pública tem o dever

de promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à

composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de mediação,

conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de

conflitos (art. 4º, inciso II), bem como exercer a defesa dos interesses individuais e

coletivos da criança e do adolescente (art. 4º, inciso XI);

CONSIDERANDO que a Lei Complementar Estadual 146 de 2003

de Mato Grosso prevê que a Defensoria Pública exercerá a defesa da criança e

adolescente (art. 3º, inciso VII), bem como que compete ao Defensor Público

promover, com absoluta prioridade, a defesa da criança e do adolescente,

assegurando-lhes os direitos e garantias fundamentais da Constituição Federal e

da lei (art. 33);





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CONSIDERANDO ser atribuição da Defensoria Pública a

expedição de recomendações visando a defesa dos interesses individuais e

coletivos da criança e do adolescente (art. 4º, XI, da Lei Complementar 80/94), bem

como requisitar de autoridade pública e de seus agentes exames, certidões,

perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações,

esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições (artigo

128, X, da Lei Complementar 80/94);

CONSIDERANDO, que fora noticiado e confirmado pelo

Excelentíssimo Secretário de Educação do Estado de Mato Grosso, que ocorreria o

fechamento de 19 (dezenove) escolas públicas estaduais, dentre elas duas na

Cidade de Cuiabá e três na cidade de Várzea Grande sob a alegação de

redimensionamento e reordenamento de unidades escolares;

CONSIDERANDO que a Organização Mundial da Saúde, em 30

de janeiro de 2020, declarou que o surto do novo coronavírus (Covid-19) constitui

uma Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional e que este

quadro ainda permanece inalterado;

CONSIDERANDO que a Comissão Interamericana de Direitos

Humanos (CIDH) – órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos

(OEA) - editou a Resolução 01/2020 PANDEMIA Y DERECHOS HUMANOS EN

LAS AMÉRICAS que imprimiu importância expressa aos cuidados com as

crianças e adolescentes nos itens 63/67, notadamente com o fim de assegurar ações

de prevenção ao contágio nas unidades escolares;

CONSIDERANDO que o fechamento de escolas públicas pode

implicar aumento substancial de alunos e profissionais nas escolas receptoras,

especialmente a possibilidade de lotação de salas de aula em um período de

pandemia de covid-19;





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CONSIDERANDO que a mencionada pandemia não tem

previsão de término, tampouco que há cronograma nacional oficial de vacinação e

informação sobre o período de eficácia da vacina;

CONSIDERANDO que a sociedade civil deve ser ouvida;

CONSIDERANDO especialmente que os reflexos dos atos de

gestão pública sobre a população economicamente vulnerável devem ser levados

em consideração para a tomada de qualquer decisão administrativa;

CONSIDERANDO que a distância e a dificuldade em se deslocar

até a escola são motivos de evasão escolar no Brasil;

CONSIDERANDO que é dever da Defensoria Pública atuar para

avaliar a melhor medida a ser adotada em prol da população vulnerável, no caso

em análise, crianças e adolescentes integrantes do ensino público de educação;

REQUISITA-SE

1) que informe o i. Secretário Estadual de Educação se há estudos

sobre os impactos que o fechamento destas 19 (dezenove)

unidades escolares trarão para os alunos e funcionários destas

escolas, notadamente no que tange a evasão escolar;

2) que informe quais escolas receberão eventuais alunos e

funcionários advindos das escolas fechadas, indicando número

de alunos a ser acrescido a cada turma de cada escola e

diagnóstico de possível lotação;





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3) que informe se houve estudo no âmbito do transporte público

municipal acerca da capacidade das linhas que contemplam as

escolas receptoras poderem receber esses novos usuários com a

manutenção dos padrões de qualidade na prestação do serviço

público em condições de regularidade, continuidade, eficiência

e segurança;

RECOMENDA-SE

4) A realização de audiência pública por videoconferência a fim

de ser ouvida a representação da sociedade civil e governo;

5) Seja informada a Defensoria Pública da designação de data da

audiência pública ou evento similar a fim de que a mesma

participe do evento por meio do seu Grupo de Atuação

Estratégico – GAEDIC - Educação;

6) Que não seja efetivado o fechamento de nenhuma escola antes

da apresentação das informações requeridas e discussão com a

população sobre o tema.

REQUISITA1-SE as informações e documentos comprobatórios

no prazo de 07 (sete) dias a serem encaminhados para o e-mail

[email protected].

1 MANDADO DE SEGURANÇA DEFENSORIA PÚBLICA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE.

REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES. PRERROGATIVAS DO DEFENSOR PÚBLICO. Mandado de

segurança impetrado pela Defensoria Pública em face do Presidente da Fundação Municipal de Saúde de Rio

Claro, objetivando resposta de ofício enviado administrativamente à autoridade coatora (...) Sentença de

procedência. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. CONFIGURAÇÃO. Constituição Federal determina que a

Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe,

como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção





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Certos de vossa resposta em tempo hábil, manifestamos protestos

de estima e elevada consideração.

De Rondonópolis para Cuiabá, 26 de novembro de 2020.

Tathiana Mayra Torchia Franco

Defensora Pública –Coordenadora do GAEDIC – Educação

Nelson Gonçalves de Souza Júnior

Defensor Público – Membro do GAEDIC – Educação

Cleide Regina Ribeiro Nascimento

Defensora Pública - Membro do GAEDIC – Educação

Bethania Meneses Dias

Defensora Pública – Membro do GAEDIC - Educação

dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e

coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados Inteligência do art. 134, da CF Lei Complementar

80/94 concede ao Defensor, dentre outras prerrogativas, o poder de requisitar, de autoridade pública ou de

seus agentes, exames, certidões, perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações,

esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições Art.128, inciso X. Logo, a

autoridade coatora, ao negar resposta ao ofício da Defensoria, o qual requisita informações acerca do

sistema de saúde municipal e de assistência social, violou direito líquido e certo do defensor. Concessão

da segurança que deve ser mantida. Reexame Necessário. Apelação 1006106-22.2019.8.26.0510. Julgado

em 31/03/2020. Oitava Câmara de Direito Público. Desembargador Leonel Costa.

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