notícias hospitalares - edição 74

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Sonho em construção Diretor médico do IECPN, que homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital para a neurocirurgia no Brasil EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | 2º SEMESTRE 2013 GESTÃO DA SAÚDE EM DEBATE POR DENTRO DO IECPN Com tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS Dr. Paulo Niemeyer, diretor médico do IECPN

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Revista Notícias Hospitalares

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Page 1: Notícias Hospitalares - Edição 74

Sonho em construçãoDiretor médico do IECPN, que

homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital

para a neurocirurgia no Brasil

EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | 2º SEMESTRE 2013

G E S T Ã O D A S A Ú D E E M D E B A T E

POR DENTRO DO IECPNCom tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia

PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS

Dr. Paulo Niemeyer,diretor médico do IECPN

Page 2: Notícias Hospitalares - Edição 74

MAIS DE 45 ANOS CUIDANDO DA SAUDE DOS BRASILEIROS

A Pró-Saúde é uma das maiores

entidades de gestão de serviços de

saúde e administração hospitalar do

País. Tem sob sua responsabilidade

mais de 3.500 leitos e o trabalho

de cerca de 20 mil profissionais.

Está presente em todas as regiões

do Brasil, contribuindo para

a humanização do atendimento

hospitalar, em especial do SUS.

Com excelência técnica e credibilidade

nacional, oferece uma gama

de serviços em benefício da vida.

WWW.PROSAUDE.ORG.BR

AcreRondônia

Pará

Tocantins

Bahia

Alagoas

Goiás

Minas Gerais

São Paulo

Paraná

Rio de Janeiro

Maranhão

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Page 3: Notícias Hospitalares - Edição 74

MAIS DE 45 ANOS CUIDANDO DA SAUDE DOS BRASILEIROS

A Pró-Saúde é uma das maiores

entidades de gestão de serviços de

saúde e administração hospitalar do

País. Tem sob sua responsabilidade

mais de 3.500 leitos e o trabalho

de cerca de 20 mil profissionais.

Está presente em todas as regiões

do Brasil, contribuindo para

a humanização do atendimento

hospitalar, em especial do SUS.

Com excelência técnica e credibilidade

nacional, oferece uma gama

de serviços em benefício da vida.

WWW.PROSAUDE.ORG.BR

AcreRondônia

Pará

Tocantins

Bahia

Alagoas

Goiás

Minas Gerais

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Page 5: Notícias Hospitalares - Edição 74

Expediente Transformação da saúde pública

Revista Notícias Hospitalares

74º edição2º Semestre / 2013CapaDr. Paulo Niemeyer FilhoFoto - Cecilia Acioli

Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar

DIRETORIA ESTATUTÁRIA

PRESIDENTEDom Eurico dos Santos Veloso

Padre Guanair da Silva Santos

Marcio Gonçalves Moreira

Dailton Rodrigues Vieira

DIRETORIA EXECUTIVA

DIRETOR-GERALRonaldo Pasquarelli

DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIROCarlos Alberto Filippelli Giraldes

DIRETOR DE FILANTROPIACarlos José Massarenti

DIRETOR DE OPERAÇÕESDanilo Oliveira da Silva

NOTÍCIAS HOSPITALARES

Diretor ResponsávelCarlos Alberto Filippelli Giraldes

Gerente de ComunicaçãoHelton Zuccon

Produção editorialDoxa Conteúdo & Design

Jornalista responsávelCleide Floresta (MTB 46219)

Direção de arteAdriano Frachetta

Colaboraram nesta ediçãoMariana Botta e Priscilla Murphy

FotografiaCecilia Acioli

ImpressãoHawaii Gráfica e Editora

Tiragem15.000

Dom Eurico dos Santos Veloso, presidenteRonaldo Pasquarelli, diretor-geral

ED

ITO

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Assumir a gestão do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer

é uma honra e, ao mesmo tempo, uma grande responsabilidade

para nós da Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência

Social e Hospitalar. É um privilégio, em primeiro lugar, pela confiança

demonstrada em nossa competência administrativa. Em segundo,

por nos permitir proporcionar atendimento de qualidade aos usuá-

rios do SUS (Sistema Único de Saúde). Finalmente, parabenizamos

o Governo do Rio de Janeiro pelo empreendimento. Sentimo-

nos honrados pela oportunidade de operacionalização do IECPN,

através de contrato de gestão, e de ajudar a dar continuidade ao

trabalho de um dos maiores neurocirurgiões brasileiros, o Dr. Paulo

Niemeyer, mantendo vivo seu espírito empreendedor.

Quanto às responsabilidades, sabemos que não são poucas. En-

tretanto, nossos quase 50 anos de experiência na gestão hospitalar

nos levam à certeza de que iremos alcançar o nível mais alto de

excelência para os serviços dos centros de neurocirurgia e de epi-

lepsia, que formam o complexo hospitalar composto por 44 leitos.

A Pró-Saúde é uma das maiores entidades de gestão de serviços

de saúde e administração hospitalar do país, tendo sob sua respon-

sabilidade mais de 3.500 leitos e cerca de 20 mil profissionais.

A humanização do atendimento hospitalar, em especial o do SUS,

é o que norteia nosso trabalho. E no IECPN não vai ser diferente:

estamos a serviço da sociedade e nos comprometemos a atuar

com solidariedade, humanização e profissionalismo na prestação

de serviços, promovendo resultados positivos na vida das pessoas.

Temos certeza de que será um prazer fazer parte desta jornada e

compartilhamos aqui este desafio.

Boa leitura!

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EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | NOV/DEZ 2013

G E S T Ã O D A S A Ú D E E M D E B A T E

Sonho em construçãoDiretor médico do IECPN, que

homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital

para a neurocirurgia no Brasil

EDIÇÃO ESPECIAL | ANO 12 | 2º SEMESTRE 2013

G E S T Ã O D A S A Ú D E E M D E B A T E

POR DENTRO DO IECCom tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia

PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS

Dr. Paulo Niemeyer,diretor médico do IECPN

Sonho em construçãoDiretor médico do IECPN, que

homenageia seu pai, Paulo Niemeyer Filho fala da importância do hospital

para a neurocirurgia no Brasil

POR DENTRO DO IECPNCom tecnologia de ponta e grandes nomes da medicina, hospital tem meta de realizar seis cirurgias por dia

PIONEIRISMO E INOVAÇÃO Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é primeiro centro dedicado à neurocirurgia do SUS

Page 6: Notícias Hospitalares - Edição 74

ÍND

ICE

SALA DE ESPERA

ENTREVISTA

HISTÓRIA E CONTRIBUIÇÕES

IECPN

Eventos e pesquisas trazem novas reflexões sobre questões relacionadas ao cérebro humano

Paulo Niemeyer Filho fala sobre o desafio que tem à frente do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, que homenageia seu pai

Conheça a trajetóriade Paulo Niemeyer Soares, pioneiro da neurocirurgia no Brasil e reconhecido mundialmente comoum dos grandes nomes da área

O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é o primeiro centro do país voltado exclusivamente ao tratamento de doenças neurocirúrgicas no SUS

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Page 7: Notícias Hospitalares - Edição 74

PESQUISA

ESPECIALIDADES PRÓ-SAÚDE

O IECPN contará com um centro de pesquisa e inovação voltado à produção de conhecimento em sete áreas da neurociência. Conheça todas elas

Saiba como funciona cada uma das áreas do IECPN, que conta com grandes especialistas da neurociência no Brasil

Conheça a história da gestora do IECPN, a Pró-Saúde, uma das maiores entidades de gestão de serviços de saúde e administração hospitalar do país

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Page 8: Notícias Hospitalares - Edição 74

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Rio de Janeiro sedia congresso de neuropatologia - De 14 a 18 de setembro

de 2014 será realizado pela primeira vez na

América Latina o XVIII International Congress of

Neuropathology (ICN 2014), no Sheraton Rio

Hotel & Resort, no Rio de Janeiro. Participam

do congresso especialistas de renome interna-

cional nas áreas de neurologia, neurocirurgia,

oncologia, neurorradiologia, genética e neu-

ropatologia veterinária, entre outras. O evento

vai promover o intercâmbio de conhecimento

da neuropatologia com outros campos da neu-

rociência. Informações: www.icn2014.com.

Feira traz tendências da área hospitalar - A Pró-Saúde estará na

21ª Hospitalar 2014, que reunirá 1.250

expositores de 37 países em São Paulo,

entre 20 e 23 de maio. Maior evento de

saúde das Américas, a feira multissetorial

é voltada à apresentação de produtos e

ao desenvolvimento de negócios.

Simultaneamente, são realizados con-

gressos, jornadas e reuniões setoriais.

A entrada é gratuita, com convite ou

credenciamento antecipado.

Informações: www.hospitalar.com

Pesquisas e eventos discutem o cérebro humanoPela primeira vez, a América Latina recebe evento internacional de neuropatologia; congresso acontece no Rio em setembro de 2014

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Feira Fórum

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Pesquisa mede atividade cerebral em ações cotidianas - Uma nova técnica desenvolvida por

pesquisadores da Universidade Stanford, nos EUA,

mostra ser possível detectar pensamentos que

envolvem valores numéricos. No estudo, três pacien-

tes com epilepsia tiveram eletrodos implantados no

cérebro, e os cientistas conseguiram identificar uma

região do cérebro que, quando ativa, corresponde ao

pensamento em números. A descoberta pode levar a

diversas aplicações no futuro. Fonte: Nature

Communications (http://bit.ly/1bSrFVV)

Proteínas no diagnóstico de Parkinson Baixos níveis de determinadas proteínas no fluido

cerebrospinal podem acusar a presença da doença

de Parkinson mesmo antes dos primeiros sintomas.

É o que mostra uma pesquisa realizada na Universi-

dade da Pensilvânia, nos EUA. Segundo os autores,

a descoberta pode levar a um teste para detectar a

condição do cérebro de forma mais precoce do que

é feito atualmente. Fonte: Jama Neurology

(http://bit.ly/19Af0L0)

Alimentação x AlzheimerUm estudo da universidade austra-

liana Edith Cowan, apresentado na

reunião anual Neuroscience 2013,

em San Diego (EUA), mostra que há

uma relação direta entre os hábitos

alimentares ocidentais e a incidência

da doença de Alzheimer. De acordo

com a pesquisa, aplicada em 527

voluntários, o consumo de carnes

vermelhas e de alimentos industri-

alizados em um período de apenas

três anos pode ser relacionado a um

maior declínio cognitivo entre pes-

soas idosas.

Fonte: http://bit.ly/1bSrLjx

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2º Semestre / 2013

Page 10: Notícias Hospitalares - Edição 74

De paipara filho

Assim como o pai, Paulo Niemeyer Filho vem expandindo as fronteiras da neurocirurgia. Na direção médica do IECPN, comanda um projeto inovador que introduz a excelência no serviço público de saúde do Rio

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Page 11: Notícias Hospitalares - Edição 74

O álbum de fotos na mesa do

neurocirurgião Paulo Niemeyer

Filho retrata a construção de

um sonho. “Foram tiradas com o celu-

lar,” diz o Dr. Paulo, ao folhear as pági-

nas que remontam as diversas etapas

da construção do Instituto Estadual do

Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), do

qual é diretor médico.

Foram dois anos de obras sobre a

estrutura do antigo prédio do Instituto

de Traumato-Ortopedia, no centro do

Rio de Janeiro, até a inauguração em

junho de 2013. “O pessoal trabalhava

dia e noite”, diz, apontando uma foto

noturna da obra com luzes acesas.

“Às vezes eu vinha com o então secre-

tário de Saúde Sérgio Côrtes conferir

a obra à meia-noite”, conta.

Tamanha dedicação se justifica. O

hospital que leva o nome de seu pai, o

neurocirurgião Paulo Niemeyer Soares,

morto em 2004, é um projeto desafia-

dor: dar ao sistema público de saúde

do Rio de Janeiro um centro de neuro-

cirurgia com tecnologia de ponta.

É o que ele está conseguindo fazer

graças ao modelo de gestão da Pró-

Saúde, que qualificada como uma

OSS (Organização Social de Saúde)

mantém um contrato de gestão com o

Governo do Estado do Rio. “Foi muito

bonito quando o governador Sérgio

Cabral visitou a obra para dar auto-

rização para a inauguração. Ele reuniu

todos os operários e teve uma conver-

sa com eles. Disse que este hospital

que eles estavam fazendo com tanto

capricho, no qual havia tanto inves-

timento emocional e físico de todos,

não era para quem tinha plano de

saúde. Era para todos os cariocas. E

para eles, inclusive.”

Nesta entrevista, o Dr. Paulo Niemeyer

Filho conta como vem conseguindo, a

exemplo do pai, estender as fronteiras

da neurocirurgia no Brasil.11

2º Semestre / 2013

Page 12: Notícias Hospitalares - Edição 74

Qual foi a importância do

seu pai na sua carreira?

Meu pai foi o pioneiro na neu-

rocirurgia. Na época dele

existiam três ou quatro neu-

rocirurgiões no Brasil. Ele foi

o primeiro de todos. Foi o

homem que modernizou a

neurocirurgia brasileira ao in-

troduzir a microcirurgia em

uma época na qual só havia

a neurocirurgia tradicional, a

olho nu. Além disso, em 1954

ele desenvolveu uma técnica

de cirurgia para epilepsia que

é a mais usada no mundo até

hoje. Quando eu era garoto,

não tinha essa dimensão, mas

tinha uma admiração enorme

por ele, porque as pessoas

ligavam no meio da noite e

ele tinha de sair de casa para

atender. Era um mito, um ídolo

dentro de casa. Por isso nunca

tive dúvidas sobre querer fazer

neurocirurgia. Adorava aquilo.

Em que você ampliou o le-

gado dele?

Acho que no ensino, do qual

ele gostava muito. Sou pro-

fessor da Escola Médica de

Pós-Graduação da PUC-RJ,

no curso de especialização

em neurocirurgia. Formamos

muitos neurocirurgiões, gente

do Brasil inteiro. Em uma re-

alidade muito diferente. Meu

pai trabalhava em uma época

em que não existia centro de

terapia intensiva. Então, quan-

do vejo um hospital como o

IECPN, fico imaginando que

ele adoraria ver isso aqui fun-

cionando. Ele trabalhava em

condições precárias e não

poderia imaginar que um dia

existiria um espaço assim.

O que está ocorrendo hoje

em neurociências no Brasil?

A neurociência vem tendo um

desenvolvimento muito grande

no Brasil. Em 2015, o Con-

gresso Mundial de Neurociên-

cias vai ser no Rio. Na verdade,

está forte no mundo todo. O

presidente norte-americano

Barack Obama há pouco tem-

po fez uma doação de US$

100 milhões para a iniciativa

BRAIN, para o mapeamento

das funções cerebrais. É uma

das áreas que mais recebe in-

vestimento para pesquisa atu-

almente. Como um hospital de

neurocirurgia, podemos fazer a

pesquisa aplicada. Já há muita

coisa sendo feita com células-

tronco injetadas na fase aguda

dos acidentes vasculares cere-

brais na tentativa de regenerar

o tecido cerebral, de diminuir

a sequela neurológica. São

pesquisas em andamento que

pretendemos retomar aqui.

Neste cenário, qual é a im-

portância de uma iniciativa

como o IECPN para a saúde

pública?

É muito importante esse tipo

de iniciativa, porque na neu-

rocirurgia, e na neurologia de

uma maneira geral, os casos

podem ter sequelas incapaci-

tantes. O paciente pode ficar

sem falar, sem enxergar, sem

andar. Essas doenças de alta

complexidade cirúrgica de-

vem ser concentradas em

um centro especializado. É

importante que se tenha um

centro de referência gratuito

que possa oferecer à popula-

ção uma tecnologia de ponta,

e profissionais treinados para

esses casos mais complexos.

Por exemplo, teremos aqui um

Gamma Knife. É um aparelho

caríssimo, que é impossível ter

na clínica privada. Só uma ins-

tituição pública pode ter um

aparelho desses, e ele é fun-

damental para os casos mais

graves de lesões cerebrais pro-

fundas nas quais é necessário

Às vezes, você tem um sonho e, quando menos espera, não é mais sonho: por meio da ciência, é possível encontrar o tratamento e a cura

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Page 13: Notícias Hospitalares - Edição 74

fazer uma radiocirurgia. Tenho

certeza de que isso vai ser

replicado em outros Estados.

Se temos institutos de cardio-

logia e de ortopedia, devemos

ter um do cérebro, que é uma

especialidade tão importante

quanto as outras.

Na sua opinião, qual o

grande desafio em neuro-

ciência atualmente?

Acho que o mais importante é

o que a gente chama de neuro-

cirurgia reparadora, que usa a

célula-tronco. Tivemos a neu-

rocirurgia convencional, a que

retira os tumores, os aneuris-

mas. Depois tivemos um de-

senvolvimento muito grande,

a neurocirurgia funcional, que

interfere nas funções. Opera-

se um doente para que ele

pare de tremer, por exemplo.

A próxima etapa será dominar

as células-tronco. Atualmente

pode-se injetar a célula-tron-

co, mas não se pode garantir

que ela vai chegar ao cérebro

e ter a função desejada. Este

é o grande desafio, é poder

reparar as sequelas neurológi-

cas de acidentados, de um

paciente que está hemiplégico

[tipo de paralisia que atinge

um dos lados do corpo] por

causa de um acidente vascu-

lar cerebral, ou que não está

enxergando. Esse é o desafio

dos anos que vêm pela frente,

que talvez não sejam tantos.

Às vezes, você tem um sonho

e, quando menos espera, não

é mais sonho: por meio da

ciência, é possível encontrar o

tratamento e a cura. 13

2º Semestre / 2013

Page 14: Notícias Hospitalares - Edição 74

“Um mal que trago comigo e que destruiu em mim

o encanto da vida.” Esta foi a definição dada pelo

escritor Mário de Alencar para a enfermidade da

qual era portador, em uma carta enviada ao colega Machado de

Assis, em 1907. Os dois escritores, que fizeram parte do grupo

de fundadores da Academia Brasileira de Letras, compartilhavam

discretamente em suas correspondências o medo, o sofrimento

e o constrangimento de viverem com uma doença carregada de

estigmas e preconceitos na sociedade do final do século XIX e

início do XX: a epilepsia.*

Cinquenta anos os separaram da criação de uma técnica cirúr-

gica revolucionária, que poderia ter mudado suas vidas. Em

1957, Paulo Niemeyer Soares realizou sua primeira amígdalo-

hipocampectomia, procedimento cirúrgico que visa tratar as cri-

ses temporais dos pacientes diagnosticados com epilepsia do

lobo temporal, uma das formas mais frequentes da doença e que

responde pouco ao tratamento medicamentoso.

Por conta desse método, o neurocirurgião brasileiro que dá nome

ao Instituto Estadual do Cérebro do Rio de Janeiro ganhou reco-

nhecimento internacional. “A técnica de ressecção do hipocampo,

criada por Paulo Niemeyer Soares, é conhecida mundialmente e é

usada até hoje. Graças a ele, a produção científica brasileira nesta

área tem destaque internacional”, diz a Dra Magda Lahorgue Nunes,

professora-titular de neurologia da Faculdade de Medicina da Pon-

tifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

(PUCRS), que foi presidente da Liga Brasileira de

Epilepsia (LBE) entre 2002 e 2004, instituição da

qual Paulo Niemeyer foi um dos fundadores.

“Quando se fala da cirurgia de epilepsia, sempre

se fala dele, porque a técnica que ele criou na

década de 1950 ainda é uma das melhores do

mundo”, explica o Dr. Jaderson Costa da Costa,

professor-titular de neurologia da Faculdade de

Medicina da PUCRS e diretor do Instituto do

Cérebro da PUCRS. “Tudo começou com o

Dr. Paulo Niemeyer, e todo mérito é de pionei-

ros como ele, que fizeram um grande esforço

inovador em uma época de poucos recursos,

em que não havia a infraestrutura necessária

para descobertas tão significativas”, completa o

neurocirurgião, que presidiu a LBE entre 1992 e

1993. (Leia mais sobre a LBE na pág. 17).

Feitos históricos

Pessoa com características excepcionais, Pau-

lo Niemeyer Soares era precoce, ousado e au-

todidata. Com apenas 16 anos foi aprovado no

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Desbravador dos mistérios do cérebro Pioneiro da neurocirurgia no Brasil e reconhecido mundialmente, Paulo Niemeyer Soares é um dos grandes nomes da neurocirurgia

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Page 15: Notícias Hospitalares - Edição 74

vestibular da Faculdade Nacional de Medicina,

no Rio de Janeiro (hoje pertencente à UFRJ).

Aos 24 anos, o então médico já realizava a

primeira transfusão de sangue conservado no

país, em uma época em que a prática corrente

era a transfusão direta.

Incansável, o interesse pela cirurgia do sistema

nervoso foi apurado enquanto fazia residência

em cirurgia-geral em prontos-socorros do Rio

de Janeiro e de Niterói e, ao mesmo tempo,

atuava como monitor e assistente das cadeiras

de técnica operatória e cirurgia experimental, da

Faculdade Nacional de Medicina e da Escola de

Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano

(que faz parte da UFRJ).

Durante essa experiência, desenvolveu diver-

sos trabalhos de pesquisa, entre eles um so-

bre a cirurgia do sistema nervoso simpático e

seu efeito sobre a circulação colateral. A partir

desse estudo, o médico descreveu a técnica de

angiografia da aorta por cateterismo, que era

feita com uma sonda vesical (material disponível

na época), usada para injetar contraste na aor-

ta. Foi por pouco que ele não realizou o primeiro

cateterismo de artérias cerebrais.

Sem medo de inovar, acabou se aprimorando

como neurocirurgião de maneira autodidata.

Em 1942, foi convidado a criar um Departa-

mento de Neurocirurgia na Santa Casa da Mi-

sericórdia e, em 1945, inaugurou o primeiro

serviço de Neurocirurgia da América Latina des-

tinado à traumatologia neurológica, no Hospital

de Pronto Socorro do Rio de Janeiro.

Workaholic assumido, Paulo Niemeyer realizou

mais de 1.500 cirurgias ao longo de quase 70

anos de profissão. Ele sempre afirmava que

seus hobbies eram estudar e trabalhar, espe-

cialmente na sala de cirurgia. Foi nesse ambien-

te que orientou centenas de residentes e con-

tribuiu para a formação de várias gerações de

neurocirurgiões brasileiros –seu maior orgulho.

No dia 10 de março de 2004, estava em seu

consultório, fazendo o que mais gostava, quan-

do foi surpreendido por um rompimento em sua

válvula mitral. Não resistiu e morreu, 30 dias an-

tes de completar 90 anos. Deixou uma contri-

buição indelével para o estudo da neurociência

brasileira que até hoje auxilia muitas pessoas.

Dr. Paulo

Niemeyer Filho,

com o pai, Dr.

Paulo Niemeyer

Soares, na Santa

Casa do Rio

* Fonte: SOUZA,

Samantha

Valério Parente.

“A experiência

da epilepsia na

correspondência

de Machado de

Assis, Mário de

Alencar e Carlos

Magalhães de

Azeredo”. Resumo

de relatório de

pesquisa de

Iniciação Científica.

PUC- Rio/FAPERJ,

2007. Disponível

em: http://bit.

ly/1fpO0y6

Arq

uivo

Pes

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2º Semestre / 2013

Page 16: Notícias Hospitalares - Edição 74

Fontes: Epilepsia, Vol. 45, No. 9, 2004, e Arquivos brasileiros de neurocirurgia, Vol. 23, No. 1, 2004. Disponível em: http://bit.ly/1cD5YKs

T R A J E T Ó R I A de Paulo Niemeyer SoaresAos 16 anos, é aprovado no vestibular para a Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, onde forma-se aos 22 anos

Passa a utilizar o microscópio cirúrgico na amígdalo-hipocampectomia e realiza a 1ª cirurgia transesfenoidal da hipófise

Recebe, na Holanda, a medalha de honra da World Federation of Neurosurgical Societies

É eleito membro honorário da Academia Nacional de Medicina

10 de março – sente-se mal em seu consultório e morre no hospital, 30 dias antes de completar 90 anos

Realiza, pela 1º vez na América do Sul, uma cirurgia estereotáxica para o tratamento de Parkinson, o que lhe rendeu citações internacionais

Desenvolve uma nova técnica cirúrgica, chamada de amígdalo-hipocampectomia, que visa tratar as crises temporais nos casos de epilepsia

• Recebe o prêmio Antonio Austregésilo, da Academia Nacional de Medicina, pela publicação do trabalho “Angiografia Cerebral Percutânea”.

• É um dos fundadores da LBE

Cria o Serviço de Neurocirurgia da Casa de Saúde Dr. Eiras, no Rio de Janeiro, que se torna centro de referência nacional de neurocirurgia

14 de abrilNasceu no Rio de Janeiro

Começa a trabalhar como cirurgião-geral residente em prontos-socorros do Rio e de Niterói

Opera casos de neurinomas do acústico, preservando os nervos faciais e acústicos com o uso do microscópio cirúrgico

Cria o primeiro serviço de neurocirurgia da América Latina, no Rio de Janeiro, e começa a se dedicar à neurocirurgia funcional

É o primeiro colocado no concurso público para cirurgião-geral do Hospital de Pronto Socorro do Estado do Rio de Janeiro, que teve 270 candidatos

1914

1939

1943

1949

1955

1974

1997

2004

1981

1957

1950

1945

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Page 17: Notícias Hospitalares - Edição 74

LBE busca desmistificar doença

Conhecida desde a Antiguidade, a

epilepsia foi, durante muito tempo,

associada a forças sobrenaturais e à

possessão espiritual ou demoníaca.

Até as primeiras décadas do século

XX, muitos médicos ainda associavam

essa enfermidade à loucura, e os pa-

cientes eram submetidos a tratamen-

tos com anticonvulsivos e sedativos,

ou eram internados em hospitais

psiquiátricos para evitar o constrangi-

mento da família diante das constan-

tes crises e da discriminação.

Por tudo isso, sempre foi um diag-

nóstico de difícil aceitação. Para ten-

tar desmistificar a doença, em 15

de maio de 1949, foi criada a Liga

Brasileira de Epilepsia (LBE), que teve

como primeiro presidente o neuro-

cirurgião Paulo Niemeyer Soares.

Associação civil sem fins lucrativos,

reúne médicos e outros profissionais

dedicados à saúde das pessoas com

epilepsia. Sua missão é promover re-

cursos para o ensino e a pesquisa,

destinados a prevenção, diagnóstico

e tratamento. De acordo com o Dr.

Jaderson Costa da Costa, da PUCRS,

as finalidades da instituição são dar

assistência aos profissionais e me-

lhorar as condições de vida dos paci-

entes com epilepsia, difundindo entre

os leigos mais conhecimento sobre a

doença, contribuindo, assim, para di-

minuir o preconceito.

Entre as atividades da LBE está a pro-

moção de reuniões anuais e, a cada

dois anos, a instituição oferece prê-

mios para os melhores trabalhos de

médicos, pesquisadores e estudantes

participantes dos encontros. Um dos

prêmios, entregue desde 2004, leva o

nome de Paulo Niemeyer e reconhece

o mérito em neurocirurgia. A próxima

edição será em abril de 2014.

Realiza a primeira transfusão de sangue conservado no país –até então, só se fazia transfusão direta

É convidado a criar o Departamento de Neurocirurgia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

Realiza as primeiras eletrocorticografias, trabalho de grande repercussão internacional na época

Publica os primeiros casos de aneurismas e más formações arteriovenosas cerebrais operados no Brasil, diagnosticados pelo método angiográfico

Depois de fazer um estágio na Suíça, realiza a primeira anastomose extra-intracraniana temporal superficial-cerebral média do Brasil, introduzindo no país a microneurocirurgia

Recebe medalha de honra pela contribuição à neurocirurgia na América Latina, no Congresso Latino- Americano de Neurocirurgia, em Miami

Hospital construído pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro recebe o nome de Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e passa a ser gerido pela Organização Social de Saúde, Pró-Saúde2013

1991

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Conheça o primeiro centro do Brasil voltado exclusivamente para o tratamento de doenças neurocirúrgicas que atende apenas pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com técnicas inéditas na rede pública

referência emneurocirurgiano país

IECPN:

Page 20: Notícias Hospitalares - Edição 74

Imagine um neurocirurgião poder ter a

certeza, por meio de um exame de alta

precisão, de que retirou todo o tecido

afetado por um tumor cerebral de um paciente

enquanto este ainda está na mesa de cirurgia.

Procedimento que vai diminuir não apenas a

necessidade de sessões posteriores de radio

e/ou quimioterapia como a possibilidade de

novas intervenções. Tudo isso sem custo para

o paciente, em um hospital que atende exclusi-

vamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Isso será realidade na sala híbrida do Instituto

Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, equipada

com uma máquina de ressonância magnética

intraoperatória de 1,5 Tesla -a primeira do

Estado do Rio de Janeiro. E este é apenas um

dos exemplos que confirmam a excelência

da nova unidade de saúde do Estado, aberta

ao público em 24 de junho de 2013 e que

homenageia um neurocirurgião brasileiro

reconhecido mundialmente: o Dr. Paulo Nie-

meyer Soares.

Multiespecializado, o IECPN atende apenas

doenças cerebrais com possibilidade cirúrgica.

Em quatro meses de funcionamento, até 31

de outubro de 2013, já havia realizado 1.487

atendimentos ambulatoriais e 189 cirurgias,

com uma média de seis por dia.

O hospital do Governo do Estado do Rio tem

gestão da Pró-Saúde - Associação Benefi-

cente de Assistência Social e Hospitalar, que

é qualificada como uma Organização Social

de Saúde (OSS). Neste contrato de gestão,

como explica o diretor médico do hospital,

Paulo Niemeyer Filho, é preciso atingir metas,

e a do hospital hoje é realizar seis cirurgias/dia.

“No ano que vem, a OSS pode simplesmente

trocar o corpo médico, assim como o governo

pode trocar a OSS se ela não estiver cumprin-

do as metas com as quais se comprometeu.

Isso só é possível na gestão por organizações

sociais.” E completa: “É uma gestão ágil,

eficaz, motivadora. Se um aparelho quebra,

em menos de 24 horas ele já está funcionando

novamente. Não há aquele espírito que a gente

associa a um hospital público, de lentidão, de

ficar se queixando do governo. A gente aqui

vem com muita motivação e temos metas a 20

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Page 21: Notícias Hospitalares - Edição 74

do Estado em obras e equipa-

mentos de última geração foi

de R$ 80 milhões, e o Minis-

tério da Saúde irá investir

anualmente R$ 45,3 milhões,

valor equivalente a 50% dos

gastos com a manutenção

de leitos, realização de

procedimentos e compra de

medicamentos do chamado

Complexo Hospitalar –do

qual fazem parte o IECPN e

o Hospital Estadual Anchieta.

Uma das salas

cirúrgicas

do IECPN;

no detalhe,

equipamento

de tomografia

computadorizada

cumprir, o que também não

existe na administração direta.

A ideia é que não se formem

filas e que haja um número

mínimo de exames que jus-

tifiquem todo o investimento

que o governo fez”, afirma o

diretor médico, que visitou

hospitais em Baltimore e Nova

York, nos Estados Unidos,

para conhecer o que havia de

mais moderno no setor.

O investimento do Governo 21

2º Semestre / 2013

Page 22: Notícias Hospitalares - Edição 74

Salas cirúrgicasinteligentes

• Contam com a tecnologia com-

putacional de neuronavegadores

para a realização de estereotaxia,

uma técnica moderna da neuro-

cirurgia que permite a localização

e o acesso preciso a lesões cere-

brais. Os aparelhos projetam em

3D, nos exames de ressonância

magnética expostos nos monitores

da sala de cirurgia, o local exato

onde se encontra a lesão;

• As salas também são equipadas

com equipamentos de videoconfe-

rência, possibilitando o intercâmbio

de conhecimento com hospitais do

Brasil e de outros países;

• Os médicos contam, ainda, com

três câmeras: uma acoplada a um

microscópio, outra que reproduz

uma imagem geral da sala, e a

terceira fica no foco cirúrgico para

evitar sombras no local que está

sendo operado.

Tecnologia como aliada

RadiocirurgiaGamma Knife

O hospital contará com o aparelho

que possui a mais avançada e

confiável tecnologia disponível hoje

no mundo para a realização de ra-

diocirurgia estereotáxica, indicada

nos casos de lesões cerebrais

profundas. Por meio de exames

de imagem, são localizadas as

lesões do paciente e é feito um

cálculo baseado nas coordenadas

de todos os pontos da cabeça.

Essas coordenadas serão usadas

pela máquina para direcionar

corretamente os feixes de radiação

gama na região a ser tratada.

Sala híbrida

A quarta sala cirúrgica do IECPN

será equipada com aparelho de

ressonância magnética intraope-

ratória de 1,5 Tesla, que possibilita

a realização de exames durante a

cirurgia, com o paciente

ainda no ato operatório. Com ele, o

neurocirurgião pode confirmar se

conseguiu retirar completamente

a lesão cerebral antes de finalizar

o procedimento. São duas salas

contíguas: o equipamento fica em

uma sala ao lado, separado por

uma porta de correr e, quando

necessário, entra na ressonância

magnética por meio de um trilho.

O IECPN conta com um parque tecnológico de última geração

para garantir maior precisão no diagnóstico

e eficácia no tratamento de doenças neurológicas. Conheça

alguns destaques:

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Page 23: Notícias Hospitalares - Edição 74

Aparelho de hemodinâmicaArtis Zee

Para o tratamento de doenças vas-

culares, como aneurismas sem a

necessidade de cirurgias, o IECPN

usa o equipamento Artis Zee.

Trata-se de um angiógrafo com

qualidade de imagem superior, que

permite diagnósticos mais preci-

sos, além da possibilidade de gerar

imagens dos vasos sanguíneos em

três dimensões.

Dopplertranscraniano

O IECPN possui dois aparelhos

que permitem uma avaliação cere-

brovascular rápida, segura e não

invasiva. São usados para avaliar

possíveis modificações no fluxo

sanguíneo cerebral.

Microdiálise cerebral

O equipamento de microdiálise

cerebral realiza monitorização

cerebral e possibilita colher e ava-

liar –na beira do leito– substâncias

(neurotransmissores) produzidas

pelas células cerebrais de pacien-

tes com aneurismas, por exemplo,

em estado grave, internados

em centros de terapia intensiva.

Utilizando um cateter específico,

o médico retira uma amostra,

que é analisada imediatamente

no equipamento acoplado ao

leito. A análise das dosagens e as

alterações desses líquidos podem

nortear as intervenções

terapêuticas de forma mais racio-

nal e dirigida.

Tomografiacomputadorizada

Para diagnósticos mais precisos, o

Instituto também conta com o apa-

relho Somatom Emotion 16 canais,

que realiza tomografia computa-

dorizada em espiral para o corpo

inteiro, com um sistema concebido

para gerar ótima qualidade de

imagem com a menor exposição

possível à radiação.

Page 24: Notícias Hospitalares - Edição 74

Instalações e pioneirismo

O hospital possui quatro salas

cirúrgicas, com capacidade

para realizar cirurgias neuro-

navegacionais, intervenção

menos invasiva e guiada por

um computador que localiza

lesões profundas no cérebro.

Há, também, estrutura de vi-

deoconferência, possibilitando

o intercâmbio de conheci-

mento com hospitais do Brasil

e de outros países.

Dos 200 leitos previstos, os

44 em funcionamento estão

nas Unidades de Terapia

Intensiva (UTI). Nove salas de

ambulatório –cinco de adultos

e quatro infantis– já estão em

funcionamento, e a previsão é

atender de 100 a 200 pes-

soas por dia, com a realização

de seis cirurgias diárias.

Completando as instalações,

já existe o projeto para a

construção de prédio anexo

que será usado para a amplia-

ção da internação, com área

para pesquisas científicas e

para o treinamento de micro-

cirurgia. O novo edifício tam-

bém vai abrigar uma unidade

de reabilitação, com fisiotera-

pia e treinamento de familiares

e pacientes com sequelas

provisórias e permanentes.

Além da infraestrutura e tec-

nologia de ponta, o Instituto

Estadual do Cérebro Paulo

Niemeyer conta com um time

que é um dos seus grandes

ativos: mais de 470 fun-

cionários e de 100 médicos,

sendo em torno de 30 neuro-

cirurgiões, mais 40 médicos

na UTI, que atuam na parte de

pós-operatório, e 30 no setor

de epilepsia.

O IECPN abriga o primeiro

Centro de Epilepsia do Estado

e tem uma UTI do protocolo

do Acidente Vascular Cerebral

(AVC) do tipo isquêmico, con-

siderado um grave problema

de saúde pública, pois repre-

senta cerca de um terço das

mortes por doenças vascula-

res no Brasil, principalmente

entre as camadas sociais mais

pobres da população e entre

os mais idosos. O problema

atinge cerca de 16 milhões de

pessoas por ano no mundo,

com 6 milhões de vítimas

fatais. Para ser atendido no

IECPN, o paciente deve pro-

curar uma Unidade de Pronto

Atendimento (UPA) ou Centro

de Saúde e, se tiver diagnósti-

co com indicação neurocirúr-

gica, será encaminhado para

a Secretaria de Estado de

Saúde que, por meio da Cen-

tral Estadual de Regulação,

agendará a consulta. Por se

tratar de uma unidade espe-

cializada de referência, não há

atendimento de emergência.

“O que se encontra aqui não

está reunido em nenhuma

outra unidade de saúde. É

o estado da arte na neu-

rocirurgia. Vamos ter uma

modernidade que no serviço

público praticamente não

existe”, finaliza Dr. Paulo

Niemeyer Filho.

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* Dados até 31 de outubro de 2013

** De 1º de agosto a 31 de outubro de 2013

44189

4721487

2º andar: 10 leitos de UPO

3º andar: 4 leitos UTI Pediatria

3º andar: 13 leitos UTI Adulto

4º andar: 17 leitos UTI Adulto

O IECPN em números *

Cirurgias **

Consultas ambulatoriais

Funcionários

Leitos

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Page 25: Notícias Hospitalares - Edição 74

TRANSFORMANDO O JEITO DE FAZER

CONTEÚDO, RELACIONAMENTO

E NEGÓCIOS,365 DIAS AO ANO.

Anu Pro Saúde.indd 1 28/01/14 16:35

1487

Page 26: Notícias Hospitalares - Edição 74

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Uma das principais novidades do

Instituto Estadual do Cérebro Paulo

Niemeyer para 2014 é a inaugu-

ração de uma área reservada a pesquisa e

inovação científica. Criado com o objetivo de

gerar produção científica nacional em neu-

rociências, contará com sete linhas de pes-

quisa, todas relacionadas à neurocirurgia, e

pretende realizar parcerias com instituições

nacionais e internacionais.

A primeira delas foi firmada com a PUC-RJ

para fazer parte da formação dos neurocirur-

giões. “Um instituto como este, que quer

realizar seis cirurgias por dia -um movimento

enorme-, não pode se restringir apenas à

assistência. Temos a obrigação de formar,

transmitir conhecimento e, se possível, de-

senvolver novas técnicas” afirma o Dr. Paulo

Niemeyer Filho, diretor médico do Instituto

Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer.

O objetivo é realizar estudos que possibilitem

ampliar o conhecimento científico em neuro-

ciências e oferecer condições para que

as descobertas possam ser aplicadas

no diagnóstico e no tratamento dos

pacientes. Para a Dra. Mônica Gadelha,

coordenadora do setor de neuroendo-

crinologia, como o IECPN conta com

uma equipe altamente especializada e

com experiência em pesquisas, há um

enorme potencial para o desenvolvi-

mento de novas tecnologias que poderão

melhorar o tratamento dos pacientes

com patologias cerebrais.

A expectativa do grupo de pesquisa-

dores que se reuniu para planejar o

Centro de Estudos e Pesquisas é de

contribuir não apenas no avanço de seus

respectivos campos de atuação, mas

também ampliar os conhecimentos sobre

o cérebro humano e encontrar novas for-

mas de intervir nas doenças que podem

afetá-lo. “As pesquisas clínicas são de

fundamental importância para o desen-

Conhecimento científico a favor do pacienteCentro de Estudos e Pesquisas, que começa a funcionar no primeiro semestre de 2014, vai contemplar sete áreas da neurociência

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Page 27: Notícias Hospitalares - Edição 74

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2º Semestre / 2013

volvimento imediato do nosso

trabalho à beira do leito”,

afirma o Dr. Fabio Guimarães

de Miranda, coordenador

do setor de Medicina Inten-

siva, que já firmou parcerias

com diversas instituições de

pesquisa, tais como Fiocruz,

ID’Or e Instituto Pasteur.

Outras parcerias com universi-

dades nacionais e internacio-

nais também estão em análise

e devem ser confirmadas em

breve. A pesquisa contribui

para o desenvolvimento do

pensamento crítico, ajuda a

desenvolver as competências

necessárias para importantes

tomadas de decisão, e isso

se reflete positivamente no

atendimento aos pacientes.

O Centro de Pesquisa do

As sete linhas de pesquisa

Neurocirurgia: tem como objetivo fornecer dados

epidemiológicos nacionais consistentes acerca das

patologias cerebrovasculares, neuro-oncológicas

e dos distúrbios do movimento. Realizar estudos

clínicos prospectivos randomizados especial-

mente com neoplasias de hipófise, meningiomas,

gliomas, aneurismas cerebrais, más-formações

cavernosas, schwannomas, epilepsia, doença de

Parkinson e distonias.

Neurorradiologia: desenvolver e demonstrar

aplicações clínicas das técnicas convencionais e

avançadas de neuroimagem em pacientes com

lesões intracranianas.

Medicina Intensiva: a linha de pesquisa em

medicina intensiva adulta e pediátrica tem como

objetivo ser um centro de excelência em pesquisa

e ensino em neurointensivismo, contribuindo com

o enriquecimento do conhecimento científico e

com o desenvolvimento da especialidade e da as-

sistência aos pacientes neurológicos e neurocirúr-

gicos agudos.

Neuroendocrinologia: melhorar o manejo clínico

dos pacientes com adenomas hipofisários e o

conhecimento sobre os mecanismos de desen-

volvimento desses tumores, através do estudo

dos mecanismos de tumorigênese hipofisária,

resposta ao tratamento medicamentoso e do cor-

reto manejo peroperatório desses pacientes.

Neuropatologia: tem como objetivo fornecer

indicativos da frequência das doenças, criando

condições de análises epidemiológicas e desen-

volvimento de métodos que permitam avançar no

conhecimento das mesmas.

Neurofisiologia: tem como missão promover

e desenvolver pesquisa clínica e translacional

de ponta e inovadora em todas as áreas do

conhecimento relacionadas com o diagnóstico

e o tratamento das epilepsias, gerando saúde

e qualidade de vida às pessoas com

epilepsia e seus familiares.

Saúde Neurofuncional: desenvolve estudos

relacionados à saúde das pessoas em condição

de neurocirurgia, incluindo a abordagem da

fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, psicologia e

enfermagem, no sentido de facilitar e promover o

bem-estar desses indivíduos.

IECPN vai dar importante

contribuição neste grande

projeto, no sentido de torná-

lo uma referência também na

produção de conhecimento

científico.

Conheça a missão do Centro de Pesquisa

Realizar pesquisas clínicas e

translacionais em neurociên-

cias, de modo a contribuir

com a produção do conheci-

mento científico nas diferentes

áreas, assim como promover

o contínuo aperfeiçoamento

da qualidade assistencial para

a sociedade, por meio da for-

mação e da capacitação dos

profissionais da saúde.

Page 28: Notícias Hospitalares - Edição 74

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Cada especialidade do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer responde por um serviço, o que possibilita que as pessoas atendidas pelo SUS tenham acesso ao que há de mais avançado nessas áreas. Nas páginas a seguir, entenda ao que cada uma delas se dedica a fazer

Os mistérios do cérebro por sete áreas

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Page 29: Notícias Hospitalares - Edição 74

PRECISÃO E SEGURANÇA NOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS

Reunir no mesmo lugar

tecnologia de ponta e

profissionais experientes

e especializados em cada

uma das áreas da medicina

relacionadas à saúde do

cérebro é o grande diferencial

do Instituto Estadual do

Cérebro Paulo Niemeyer para

diminuir os riscos das cirurgias

e garantir a exatidão nos

diagnósticos e no tratamento

dos pacientes.

Prova deste compromisso

Dr. Paulo Niemeyer Filho - diretor médico do IECPN e coordenador do setor de Neurocirurgia - Homenageado como o “Médico

do Ano” pela Sociedade de Medicina e Cirurgia

do Rio de Janeiro, em outubro de 2013, estudou

neurologia na University of London, na Inglaterra,

após formar-se em medicina na Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Fez doutorado na

Escola Paulista de Medicina, em São Paulo.

Além de diretor médico do

Instituto Estadual do Cérebro

Paulo Niemeyer, é chefe de

neurocirurgia da Santa Casa de

Misericórdia do Rio e professor

do curso de pós-graduação

em Neurocirurgia da Pontifícia

Universidade Católica do Rio

de Janeiro.

é o setor de neurocirurgia,

que conta com os

serviços de especialistas

em neurohemodinâmica,

neuroendocrinologia,

diagnóstico e tratamento

da epilepsia, doença de

Parkinson, distonias e tumores

cerebrais. O centro cirúrgico

é composto por quatro salas

cirúrgicas – uma delas híbrida,

com acesso a um aparelho

de ressonância magnética.

Todas são equipadas com

sistema de neuronavegação,

neuroendoscopia e

neuromonitorização,

microscópios cirúrgicos,

Neurocirurgia

ultrassom percirúrgico, sistema digital com

acesso aos exames de imagem e sistema Full

HD para a gravação e a exibição das cirurgias na

sala de reuniões. Tudo para propiciar precisão e

segurança no procedimento cirúrgico.

Dos 189 procedimentos realizados até outubro

de 2013, os casos de maior impacto foram

relacionados à doença de Parkinson. O primeiro

paciente operado no IECPN, em agosto, sofria

com o mal havia mais de três anos e saiu livre

dos tremores decorrentes da doença. Ele foi

submetido a uma talamotomia estereotáxica,

procedimento inédito nas unidades públicas de

saúde do país. “Queremos operar seis pacientes

por dia, para que não se formem filas. Para

isso, o governo montou um hospital de primeira

qualidade”, afirma Paulo Niemeyer Filho,diretor

médico e coordenador de Neurocirurgia.

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2º Semestre / 2013

Page 30: Notícias Hospitalares - Edição 74

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Dr. Elias Tanus - coordenador do setor de Neurointervenção - Formou-se em medicina

em 2000, pela Faculdade de Medicina de

Campos (RJ) e, dois anos depois, já integrava

a equipe do Dr. Paulo Niemeyer Filho na Santa

Casa de Misericórdia, mesmo local em que

fez sua especialização. Entre 2007 e 2008,

fez um curso de aperfeiçoamento no Instituto

Eneri, na Argentina, com o renomado cirurgião

endovascular Pedro Lylyk. “A hemodinâmica

é uma área que, apesar

de consolidada, está em

franca expansão no Brasil,

pois ainda enfrentamos

uma certa dificuldade para

importar os materiais mais

modernos. Esperamos que

os bons resultados do IECPN

nos ajudem a vencer essa

burocracia”, afirma.

Neurointervenção

TODOS OS ESFORÇOS CONTRAOS ANEURISMAS Os aneurismas cerebrais são doenças

muito graves, com taxa de mortalidade

de 50% quando rompem. Além disso,

30% dos pacientes que sobrevivem

a eles acabam com sequelas graves.

Entretanto, se for diagnosticado e

tratado antes de sangrar, o risco de

morte fica entre 2% e 3%.

Esta é apenas uma das doenças das quais

se ocupa o setor de Neurointervenção do

IECPN, coordenado pelo Dr. Elias Tanus.

Subespecialidade que cuida das doenças

circulatórias do sistema nervoso, seu

objetivo é minimizar o trauma cirúrgico,

evitando grandes incisões e cicatrizes.

A equipe da hemodinâmica do Instituto

Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer é

composta por 12 pessoas, sendo três

neurocirurgiões. “Contamos com o que

há de mais moderno e, por isso, temos a

oportunidade de atender problemas raros.

Desde que começamos os trabalhos,

já tivemos dois casos de aneurismas

gigantes, que são os mais graves e,

geralmente, atingem os pacientes mais

humildes. Fizemos, com sucesso, um

tipo específico de cirurgia de embolização

de aneurisma, que até então não era

contemplada na rede pública de saúde”,

conta Tanus, satisfeito por poder utilizar

materiais e equipamentos de ponta no

hospital, como o Artis Zee.

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2º Semestre / 2013

PESQUISA E CONTRIBUIÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS

A neuropatologia estuda as alterações

morfológicas de células e tecidos relacionadas

a doenças do sistema nervoso central e

periférico e também de outros órgãos intra-

cranianos, como a hipófise, a pineal e algumas

enfermidades musculares. Trata-se de uma

especialidade que colabora, principalmente,

com outras quatro áreas: a neurologia, a

neurocirurgia, a neuroendocrinologia e a

neurorradiologia. Pois somente pela descrição

das alterações morfológicas observadas nos

tecidos provenientes das cirurgias ou de

autópsias, é possível chegar a um diagnóstico

preciso de algumas doenças, sendo possível

atuar em sua prevenção e no tratamento.

Dentre os casos já atendidos no IECPN, a

coordenadora da área, Dra. Leila Chimelli,

destaca o de uma criança que aparentava

ter um meningioma. “O exame do espécime

cirúrgico não confirmou essa hipótese,

tratando-se de uma lesão pseudo-tumoral [não

neoplásica] raríssima no cérebro, a primeira

vez que vi, razão pela qual apresentei em uma

sessão de casos raros de neuropatologia em

um congresso latino-americano de patologia

pediátrica”, conta.

NeuropatologiaAtualmente ela conta com

a colaboração de outra

patologista e de uma bióloga,

responsável pelo preparo

do material e serviços

administrativos. No primeiro

semestre de 2014, com a

reforma de outra área do

prédio do IECPN, o setor

passará a contar com um

laboratório de neuropatologia

completo. “Teremos uma

área maior, com um espaço

dedicado à pesquisa e todos

os equipamentos necessários

para armazenamento

e preparo dos tecidos

[contêiner de nitrogênio

líquido, freezer, microscópios

de fluorescência] para o

diagnóstico morfológico,

imuno-histoquímico e

molecular, já que o IECPN

contará também com um

laboratório de diagnóstico

molecular com máquinas

de PCR (Polymerase Chain

Reaction), além de outros

equipamentos”, afirma.

Dr. Leila Maria Cardao Chimelli - coordenadora do Laboratório de Neuropatologia

Livre-docente pela

Universidade de

São Paulo (USP),

professora permanente

do Programa de

Pós-Graduação em

Anatomia Patológica da

Universidade Federal

do Rio de Janeiro

(UFRJ) e pesquisadora

do INCA, é doutora

em Neuropatologia

pela University of

London (1982 – 1985),

na Inglaterra, com

pós-doutorado na

Université Paris-Est

Créteil Val-de-Marne,

na França (1989). “A

neuropatologia é uma

área que ainda tem

poucos especialistas

no Brasil, somos 14.

Por isso, em um local

como o IECPN, um

dos nossos maiores

objetivos é formar

mais profissionais

qualificados”, diz.

Page 32: Notícias Hospitalares - Edição 74

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SUPORTE TECNOLÓGICO À VIDA

O neurointensivismo é uma subespecialidade

médica que envolve conhecimentos

avançados e integrados nas áreas de terapia

intensiva, neurologia e neurocirurgia. O

responsável por este setor no IECPN é o

Dr. Fabio Guimarães de Miranda.

As instalações sob os cuidados de Miranda

se espalham por três dos quatro andares

do prédio: no segundo, encontra-se o

CTI (Centro de Terapia Intensiva) pós-

operatório, com 10 leitos; no terceiro, ficam

o CTI adulto, com 11 leitos, e o pediátrico,

com 6; e, no quarto, há mais 17 leitos de

CTI adulto. “Todos esses ambientes são

equipados com monitores, respiradores

e aparelhos de última geração, como

os ventiladores mecânicos Servo-i e os

monitores multimodulares”, exemplifica.

Medicina IntensivaEm apenas quatro meses de

funcionamento, cerca de 250

pacientes já passaram pelo

CTI do Instituto. “Apesar de

toda a infraestrutura com a

qual contamos, considero

a qualificação dos nossos

profissionais como o principal

diferencial”, afirma.

Integram o time de Medicina

Intensiva médicos dedicados

ao neurointensivismo e

participantes das principais

sociedades de terapia intensiva

nacionais e internacionais.

Todos com ampla experiência

em pesquisa clínica, além de ter

em seus membros revisores de

diversos periódicos clínicos.

Dr. Fabio Guimarães de Miranda - coordenador de Terapia Intensiva

Clínico e intensivista,

formou-se pela

Universidade Federal

do Rio de Janeiro

em 1980, fez MBA

Executivo em Saúde

na Fundação Getúlio

Vargas e é membro

da European Society

of Intensive Care

Medicine. Segundo

Miranda, no IECPN

existe o desafio de

criar uma formação

especializada. “No

Brasil, ainda não

existem cursos de

pós-graduação nem de

residência específicos

na área. Um dos

nossos desafios no

hospital é justamente

mudar isso.”

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Page 33: Notícias Hospitalares - Edição 74

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR PARA TRATAMENTO ADEQUADO

A maioria dos atendimentos

realizados no Instituto Estadual

do Cérebro Paulo Niemeyer é

de pacientes com epilepsia, o

distúrbio neurológico crônico

mais comum e que afeta cerca

de 8 milhões de pessoas só

na América Latina. Deste total,

estima-se que 3,5 milhões não

recebem tratamento médico

adequado, segundo dados

da Associação Brasileira de

Epilepsia.

O Centro de Epilepsia é o

primeiro do Estado do Rio de

Janeiro e faz parte do Programa

Nacional de Atenção à Saúde

de Pessoas com Epilepsia,

do Sistema Único de Saúde,

regulado pelo Ministério da

Saúde. Atualmente dispõe de

quatro salas de ambulatório, uma

unidade de videomonitorização,

com duas suítes e mais

um leito de isolamento em

UTI para a investigação

invasiva. “Temos uma equipe

multidisciplinar envolvendo

mais de 40 profissionais de

saúde e atendemos todas as

faixas etárias, exceto neonatos.

Também contamos com uma

estrutura neurocirúrgica de

ponta, com neuronavegação,

estereotaxia, ressonância

magnética intraoperatória,

monitorização neurofisiológica

intraoperatória e, em breve,

teremos mais uma ressonância

e um setor de medicina

nuclear”, diz Eduardo Faveret,

coordenador do Centro de

Epilepsia do IECPN.

Eduardo de Sá Campello Faveret - coordenador do Centro de Epilepsia

Formado em medicina pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ), em 1988, realizou intercâmbio

acadêmico na Alemanha, entre 1996

e 1999, no Centro de Epilepsia da

Universidade de Bonn e no Bethel

Epilepsie Zentrum, em Bielefeld.

“A especialização em epilepsia é

complexa, é necessário fazer uma

longa formação em neurologia e

em neurofisiologia, além

de adquirir experiência

nos diversos métodos

diagnósticos por imagem,

em neuropsicologia e em

neurocirurgia. Existe uma

demanda muito grande de

profissionais, pois há em torno

de 30 mil pessoas por ano,

apenas no Estado do Rio, que

precisam de uma cirurgia”,

fala o médico.

Centro de Epilepsia

33

2º Semestre / 2013

Page 34: Notícias Hospitalares - Edição 74

CUIDADOS ESPECIAIS COM A HIPÓFISE

A Neuroendocrinologia é a área que se

dedica ao estudo das interações entre os

dois sistemas de integração do organismo,

o sistema nervoso e o sistema endócrino.

“A prevalência de tumores da região selar,

em especial dos adenomas hipofisários,

tem aumentado progressivamente. Eles

podem ocasionar perda visual, cefaleia,

amenorreia, infertilidade, diminuição de

libido, alterações articulares, hipertensão

arterial, diabetes mellitus, complicações

que diminuem a qualidade de vida dos

pacientes e levam a um aumento da

mortalidade”, explica a Dra. Mônica

Dra. Mônica Roberto Gadelha - coordenadora do setor de Neuroendocrinologia

Graduada em medicina pela UFRJ em

1989, fez residência médica nos serviços

de endocrinologia e nutrologia na mesma

instituição. É especialista em endocrinologia

e metabologia pela Sociedade Brasileira de

Endocrinologia e Metabologia (1992), fez

mestrado (1995) e doutorado (1999) em

endocrinologia pela Faculdade de Medicina da

UFRJ e realizou estágio doutoral na University

of Illinois at Chicago, nos EUA. É membro da

diretoria do Departamento

de Neuroendocrinologia

da Sociedade Brasileira de

Endocrinologia e Metabologia

e da European Neuroendocrine

Association. É professora-

adjunta do Departamento de

Clínica Médica da Faculdade

de Medicina da UFRJ e

pesquisadora 1D do CNPq,

com extensa produção

científica.

Neuroendocrinologiavasta experiência da equipe

cirúrgica, o que pode ser

encontrado em poucos

serviços, não só no Brasil,

como no mundo”, afirma.

Um dos procedimentos de

maior destaque da área é

o exame de cateterismo

bilateral e simultâneo de seios

petrosos inferiores. “Ele é um

procedimento diagnóstico

essencial em muitos casos

de síndrome de Cushing, que

apresenta disponibilidade

bastante limitada no Brasil”,

diz a médica.

Gadelha, coordenadora de

Neuroendocrinologia.

Ela ressalta que o tratamento

e a redução da morbi-

mortalidade associada a

esses tumores têm grande

importância social, pois os

pacientes com adenomas

hipofisários estão, em sua

maioria, na faixa etária

economicamente ativa.

Uma das principais formas

de tratamento desses tipos

de tumores é a cirurgia.

“No IECPN contamos com

tecnologia de ponta aliada à

ES

PE

CIA

LID

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ES

34

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ospi

tala

res

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Dr. Emerson Leandro Gasparetto - coordenador do setor de RadiologiaGraduado em Medicina pela Universidade

Federal do Paraná (UFPR) em 2001, Emerson

Gasparetto tem três especializações em

neurorradiologia: pelo Hospital das Clínicas

da Faculdade de Medicina da Universidade

de São Paulo (USP/2005), pela University of

Pennsylvania, nos Estados Unidos (2006), e

pela Universidade Federal

do Paraná (UFPR / 2006).

Fez mestrado e doutorado

em Medicina (Radiologia)

na Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ / 2004

- 2005) e pós-doutorado

na Universidade Federal do

Paraná (2006).

também é professor-adjunto

de radiologia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ), os profissionais do

setor são responsáveis pela

realização e interpretação

de exames de raio-X,

tomografia computadorizada

e ressonâncias magnéticas.

“O exame de raio-X foi

descoberto em 1895, e a

ressonância magnética é

usada na medicina há menos

de 35 anos. A neuroimagem

é uma área da qual ainda

sabemos pouco e que

Neuroimagem

NA BUSCA DO DIAGNÓSTICO

A neuroimagem é o ramo

da radiologia que engloba o

conjunto de técnicas voltadas

à obtenção de imagens que

permitem a observação do

sistema nervoso central dos

pacientes, de maneira não

invasiva, com o objetivo de

diagnosticar enfermidades.

Com uma equipe de

30 profissionais sob a

coordenação do Dr. Emerson

Leandro Gasparetto, que

pode evoluir muito. Além disso, ela é

fundamental, porque como o cérebro

não se regenera, o tempo é ainda mais

precioso para quem apresenta um

problema neurológico”, afirma.

Para ele, a criação do Instituto Estadual

do Cérebro Paulo Niemeyer já tem como

resultado a diminuição da fila de espera

para algumas indicações de cirurgias

neurológicas no Rio de Janeiro. “Aqui

temos tudo, a melhor tecnologia, os

melhores profissionais e não há falta

de material, o que é raro na rede

pública. Por isso, estou confiante de

que vamos realizar seis cirurgias por

dia”, finaliza o médico.

35

2º Semestre / 2013

Page 36: Notícias Hospitalares - Edição 74
Page 37: Notícias Hospitalares - Edição 74

37

2º Semestre / 2013

Pró-Saúde: gestão de excelência

Com experiência de mais de 45 anos na gestão de hospitais, entidade prioriza

humanização, qualidade no atendimento e responsabilidade ambiental

Mais de 600 mil atendimentos por

ano, 5 milhões de exames e quase

3 milhões de consultas. Os números

expressivos revelam a magnitude de uma das

maiores entidades de gestão de serviços de

saúde e administração hospitalar do país, a Pró-

Saúde – Associação Beneficente de Assistência

Social e Hospitalar.

Há quase 50 anos no mercado, a Pró-Saúde

tem sob sua responsabilidade mais de 3.500

leitos e o trabalho de cerca de 20 mil profis-

sionais, entre eles mais de 3.500 médicos. Uma

gestão que se baseia em um atendimento hu-

manizado e de qualidade, capaz de assegurar

aos usuários do Sistema Único de Saúde quali-

dade, conforto e segurança no diagnóstico.

É o que têm visto os usuários do Instituto Es-

O reconhecimento à excelên-

cia dos serviços da Pró-Saúde

vem em forma de prêmios e

certificações nacionais e inter-

nacionais. Um deles é a con-

quista, em 2010, da Acredi-

tação Nível 2 de excelência

da Organização Nacional de

Acreditação (ONA) para os

hospitais Regional Público da

Transamazônica (PA), Munici-

pal de Araucária (PR) e Munici-

pal de Barueri (SP). Em 2013,

o Regional do Baixo Amazo-

nas Dr. Waldemar Penna (PA)

também recebeu o certificado.

A ONA é uma organização que

tadual do Cérebro Paulo Nie-

meyer (IECPN), no Rio de Ja-

neiro, assim como os usuários

de todos os hospitais admi-

nistrados pela Pró-Saúde em

30 municípios de 12 Estados

brasileiros. Além do IECPN, a

instituição administra outros

dois centros de excelência:

o Hospital Metropolitano de

Urgência e Emergência, em

Ananindeua, Pará, que é es-

pecializado nos cuidados aos

queimados, e o Hospital Re-

gional do Baixo Amazonas, em

Santarém, também no Pará,

especializado em oncologia.

PR

Ó-S

DE

Page 38: Notícias Hospitalares - Edição 74

Os resultados alcançados pelas unidades administradas são significativos e impactam diretamente na comunidadeDanilo Oliveira, diretor de Operações

2,7 3,5617 20 12303500

5MAIS DE MAIS DE

MAIS DE

MAIS DEMAIS DE PRESENÇAEM

ESTADOS E

MUNICÍPIOSMÉDICOS

MILPROFISSIONAISSENDO MAIS DE

38

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Not

ícia

s H

ospi

tala

res

dimento (UPAs). O SAMU de

Mogi das Cruzes, na Grande

São Paulo, administrado pela

Pró-Saúde desde 2012, por

exemplo, transformou-se em

uma referência nacional e rece-

beu o Certificado de Qualidade

em Excelência de Serviço, do

Ministério da Saúde.

Este compromisso com a

qualidade da saúde gera resul-

tados surpreendentes: os pa-

cientes atendidos diariamente

nos hospitais administrados

pela Pró-Saúde passaram de

100 mil, em 2007, para mais

de 600 mil em 2012.

Para Danilo Oliveira, diretor de

Operações da Pró-Saúde, es-

ses números são consequên-

cia de uma atuação que abre

espaço à criatividade e ao

empenho dos colaboradores,

para disseminar novos valores

nas comunidades nas quais a

instituição está inserida.

Um exemplo de gestão com-

prometida é o sucesso obtido

em ações de combate à ma-

lária. Em 2007, quando as-

sumiu a gestão do Hospital

de Porto Trombetas, no Pará,

havia um quadro grave de in-

fecção por esta doença. Por

meio de um modelo de atua-

ção, o índice de contamina-

ções foi reduzido a dois casos

por ano, o que rendeu à insti-

tuição o Prêmio BHP Billiton

em Saúde, Segurança, Meio

Ambiente e Comunidade.

A Pró-Saúde tem ainda uma

forte preocupação com as

questões ambientais, como

afirma Oliveira: “A pauta da

sustentabilidade já está incor-

porada no dia a dia da insti-

tuição, e vai além da adoção

de práticas de reciclagem,

redução no consumo de

energia e água e eliminação

do uso de mercúrio nos hospi-

tais. Os resultados alcançados

pelas unidades administradas

são significativos e impactam

diretamente na comunidade”.

Mais que o cumprimento de

uma obrigação, a Pró-Saúde

demonstra sua vocação para

o engajamento em causas am-

bientais e pode contribuir para

a mudança de paradigma no

setor, capaz de inspirar institu-

ições na permanente luta pela

preservação da vida.

tem por objetivo promover a implanta-

ção de um processo permanente de

avaliação e de certificação da quali-

dade dos serviços de saúde.

Foram classificados Nível 1 de Excelên-

cia pela ONA o hospital Dr. Luiz Camar-

go da Fonseca e Silva (SP). Além disso,

o Hospital e Maternidade São José de

Ribamar (MA), o Hospital Municipal

Nossa Senhora da Luz dos Pinhais

(PR) e o Hospital Dr. Luiz Camargo

da Fonseca e Silva (SP) foram reco-

nhecidos pela Unicef com o título de

Hospital Amigo da Criança.

A Pró-Saúde também atua com desta-

que no gerenciamento de Unidades

Básicas de Saúde (UBS), do Serviço

de Atendimento Movél de Urgência

(SAMU) e em Unidades de Pronto Aten-

MILHÕES MILHÕESMIL

MILLEITOS

EXAMES: CONSULTAS: PACIENTES/DIA

*Dados de 2012

PR

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PR

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MAIS DE 45 ANOS CUIDANDO DA SAÚDE DOS BRASILEIROS

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