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NOTÍCIAS driving science & innovation 43 JULHO 2016 trimestral OPINIÃO À conversa com: Engº Albertino Santana - Gestor dos PEDIP I e II INOVAÇÃO SEAPR – Simulador de Ensaio Acelerado de Pavimentos Rodoviários Projeto MICROFÁBRICA – Fábricas Contentorizadas CONSULTORIA Consultoria na área da Eficiência Energética com a FADEUP COOPERAÇÃO PAIXÃO PELA INOVAÇÃO AMBIÇÃO ORIENTAÇÃO AO CLIENTE RESPONSABILIDADE 1986 > 2016 30º ANIVERSÁRIO

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NOTÍCIASdriving science & innovation 43

JULHO 2016 trimestral

OPINIÃOÀ conversa com:

Engº Albertino Santana

- Gestor dos PEDIP I e II

INOVAÇÃOSEAPR – Simulador de Ensaio

Acelerado de Pavimentos

Rodoviários

Projeto MICROFÁBRICA

– Fábricas Contentorizadas

CONSULTORIAConsultoria na área da

Eficiência Energética

com a FADEUP

COOPERAÇÃO

PAIXÃO PELA INOVAÇÃO

AMBIÇÃO

ORIENTAÇÃO AO CLIENTE

RESPONSABILIDADE

1986 > 2016

30º ANIVERSÁRIO

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CORRELAÇÃO DIGITAL DE IMAGEMREVOLUCIONA A AVALIAÇÃO MULTIESCALA DA INTEGRIDADE ESTRUTURAL

A monitorização multiescala da integridade estrutural é uma das necessidades tecnológicas mais prementes nas sociedades contemporâneas, pelo impacto que a sua falha pode ter em bens materiais e vidas humanas.

A análise do desempenho de sistemas complexos em aplicações de domínios avançados como a aeronáutica, o espaço, a engenharia naval, ou ainda as aplicações que envolvem tecidos biológicos ou seus substitutos, requerem abordagens inovadoras para medições de campo completo, em substituição das medições tradicionais ponto-a-ponto.

Uma nova geração de ferramentas de análise baseadas em imagem, como a Correlação Digital de Imagem (DIC), surge para dar resposta a desafios como este, abrindo a possibilidade de desenhar soluções de sensores que podem ser integrados em rede para a avaliação multiescala de componentes em serviço. Desta forma, contribui para o desenho otimizado destes componentes e para a melhoria, sem precedentes, da sua disponibilidade, com um impacto significativo na respectiva capacidade de manutenção dos sistemas.

O INEGI tem vindo a utilizar e desenvolver a tecnologia DIC em componentes cujas dimensões variam entre alguns milímetros e vários metros, em aplicações estáticas e dinâmicas.

O estudo de fadiga em materiais metálicos em carrega-mentos de Modo I e Modo II, produziu já resultados relevantes que foram publicados. Por sua vez, a aplicação de DIC em suporte ao estudo do comportamento de estruturas civis, quando solicitadas a carregamentos em corte e compressão, foi realizada em colaboração com o Laboratório de Engenharia Sísmica e Estrutural do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, numa instalação experimental de alvenaria com 9.66m2.

Esta aplicação exigiu o desenvolvimento de uma forma inovadora para a aposição de um padrão aleatório de pontos, necessário para o cálculo, e o desenvolvimento de novos algoritmos de correlação, imunes às variações de intensidade luminosa. A comparação dos resultados obtidos com métodos tradicionais de medição ponto-a-ponto demonstrou a clara superioridade desta técnica para a monitorização de estruturas de grande porte.

Uma outra aplicação em objetos de grande dimensão foi a monitorização realizada no ensaio à flexão em três pontos

dos painéis produzidos no âmbito do projeto LighTRAIN (apoiado pelo Programa QREN), cujo objetivo foi o desenvolvimento construtivo de uma estrutura de estrado para carruagens de passageiros em liga de alumínio com soldadura laser. O painel demonstrador produzido foi instrumentado por extensometria convencional e os campos de deformação durante o ensaio foram monitorizados com recurso a DIC. Os resultados obtidos mostraram uma boa correlação com os resultados de extensometria e as distorções medidas no painel permitiram concluir que a técnica construtiva utilizada necessita de bastantes melhorias.

A Correlação Digital de Imagem permite ainda a utilização de extensómetros virtuais para efetuar medições ponto-a-ponto, ideal para as aplicações nas quais as deformações esperadas são muito elevadas. Para além disso, é possível realizar medições em fenómenos transientes muito rápidos, como acontece com os carregamentos a altas velocidades para a obtenção de elevadas taxas de deformação na Barra de Hopkinson ou Split-Hopkinson pressure bar (SHPB), como é conhecida.

O INEGI continua a aplicar e a desenvolver a técnica DIC, tendo em vista aplicações exigentes em ambientes de campo. Prevê-se para breve a transposição para 3D dos algoritmos imunes às variações de iluminação que já funcionam em 2D, assim como as primeiras aplicações a objetos em rotação a alta velocidade.

INVESTIGAÇÃO

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Utilização de DIC em diferentes escalas

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INOVAÇÃO

A CAETANOBUS, em conjunto com o INEGI, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e a EFACEC, levou a cabo, no âmbito do Projeto UEB - Urban Electric Bus, o desenvolvimento integral de um autocarro urbano, com 12 metros, com motorização 100% elétrica, capacidade para transporte de 75 passageiros e uma autonomia até 200 km, bem como o desenvolvimento de um sistema de carregamento de baterias universal para veículos pesados assente na tecnologia CCS (do inglês CO2 capture and storage). A equipa multidisciplinar do INEGI teve uma intervenção articulada em diferentes aspetos, colaborando no projeto no sentido de desenvolver e validar o chassis e carroçaria deste novo autocarro 100% elétrico. Com a necessidade de trabalhar em diversas vertentes, o INEGI envolveu várias unidades internas e um conjunto de competências abrangente.

Efetuou-se trabalho de projeto, análise e simulação estrutural do autocarro completo, nas vertentes de análise estática e dinâmica (utilizando o software de simulação ABAQUS), simulação dinâmica de veículo (utilizando MSC ADAMS), otimização topológica (utilizando o módulo de software Tosca Structure), análise de modularidade e análise de fadiga, o que permitiu conceber um projeto

robusto e dimensionado, tendo em atenção um amplo leque de solicitações e condições de funcionamento.

Foi instalada instrumentação (extensómetros e aceleró-metros) no protótipo, de modo a assegurar, por um lado, a sua monitorização ao longo da vida e, por outro, os testes de validação experimental da estrutura.

A contribuição do INEGI no projeto capacitou a CAETANOBUS com uma estrutura validada, capaz de resistir às solicitações impostas, tendo em conta, para além dos exigentes requisitos da indústria automóvel, as necessidades específicas de um autocarro 100% elétrico, com a integração do pack de baterias no tejadilho.

O novo produto que garante à CAETANO Bus a entrada num setor em forte crescimento, presente e futuro, já teve a sua apresentação comercial oficial, adotando o nome CAETANO e.CITY GOLD, e terá ao longo de 2016 ações de divulgação e testes em operação real em diversas cidades portuguesas (Guimarães, Coimbra, Lisboa, Braga e Porto).

As empresas e parceiros recorreram a um financiamento QREN no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT – Projetos em Co-Promoção.

PROJETO CAETANO UEB - URBAN ELECTRIC BUS

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HYPERTURB – DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO DE FABRICO DE TURBINAS PARA TURBOCOMPRESSORES EM ALUMINETOS DE TITÂNIO

INOVAÇÃO

A Zollern & Comandita Portugal (ZCP) é uma fundição de precisão pelo método de cera perdida, cujo core-business é a produção de peças técnicas em variadas ligas para mercados de elevado valor acrescentado, como os setores da aeronáutica, automóvel e saúde.

O fabrico de componentes em superligas de níquel e titânio surgiu na ZCP como resultado direto de uma grande aposta desta empresa em I&D, em estreita colaboração com o INEGI, o que proporcionou a introdução de tecnologias avançadas de fusão e vazamento em vácuo/atmosfera controlada nas suas linhas produtivas. Como continuação desta colaboração de sucesso em projetos I&D, a ZCP propôs ao INEGI uma nova parceria em copromoção que resultou no projeto HYPERTURB. Este teve como objetivos principais o desenvolvimento e implementação de um processo de fabrico de turbinas para turbocompressores em aluminetos de titânio (TiAl) e, paralelamente, o desenvolvimento de um processo inovador de afinação de grão com a utilização de campos eletromagnéticos rotativos durante o processo de solidificação das ligas.

No âmbito do desenvolvimento do processo de fabrico das turbinas em TiAl, foram formuladas novas composições de barbotinas cerâmicas, quimicamente inertes às ligas TiAl. Novas estratégias de projeto de sistemas de gitagem e alimentação, suportadas por simulações de solidificação e enchimento (Figura 1), foram também implementadas.

Desta etapa de modelação e cálculo numérico resultaram várias configurações de cachos, as quais foram validadas experimentalmente por ensaios de vazamento (Figura 2) e resultaram em peças de elevada qualidade. Por outro lado, neste projeto foram ainda estudados processos pós--vazamento como a maquinagem química e a soldadura para reparação de turbinas.

Para o desenvolvimento do processo de afinação de grão, foi projetado e implementado um sistema inovador, composto por uma câmara para colocação da carapaça cerâmica e um estator de motor elétrico para ativação de um campo eletromagnético de frequências variáveis. Este sistema foi montado no INEGI onde foram feitos ensaios experimentais com provetes e turbinas em inconel. Os testes realizados produziram resultados prometedores com uma afinação de grão eficaz sob o ponto de vista morfológico e dimensional dos grãos.

Figura 1 - Simulação de Enchimento no ProCAST

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Figura 2 - Vazamento de Turbina em TiAl no INEGI

A qualidade de todos os provetes e peças vazados no âmbito do HYPERTUB foi devidamente controlada e analisada por caraterização microestrutural e mecânica.

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HYPERTURB – DESENVOLVIMENTO DE UM PROCESSO DE FABRICO DE TURBINAS PARA TURBOCOMPRESSORES EM ALUMINETOS DE TITÂNIO

INOVAÇÃO

O INEGI participa como Core Partner no programa Europeu Clean Sky 2, uma Parceria Público-Privada entre a Comissão Europeia e as principais empresas europeias do setor aeronáutico, que gere 1800 milhões de euros para a Investigação, Desenvolvimento e Inovação (ID&I) no setor aeronáutico europeu. Como Core Partner, o INEGI irá participar nas reuniões onde se definem as estratégias de ID&I de médio e longo prazo para o setor aeronáutico. Uma oportunidade que em muito se deve ao AeroCluster Portugal, uma associação de empresas do sector Aeronáutico, criada em 2014, que tem como objetivo promover o crescimento do sector, através de projetos colaborativos entre os associados, focando-se especialmente em projetos com financiamento Europeu.

São quatro as empresas coordenadoras do consórcio ibérico que promoveu esta participação no Clean Sky 2 – INEGI, Caetano Aeronautic, ISQ e Aertec, a única empresa espanhola do consórcio – juntamente com mais oito empresas portuguesas ligadas ao setor aeronáutico – Active Space Technologies, Almadesign, Ceiia, Critical Materials, Edisoft, GMV, Optimal, Spin.works e Tekever. Juntas conceberam o projeto PASSARO, aprovado para financiamento no âmbito de uma call para Core Partner do Clean Sky 2, cujo contrato foi assinado durante o mês de julho.

A participação do INEGI no PASSARO irá concentrar-se no desenvolvimento de novos materiais multifuncionais e soluções estruturais compósitas para cockpits de aero-naves, com especial foco nas propriedades de resistência a impactos de média e alta energia, e na redução do ruído no seu interior. Haverá ainda a aplicação de uma metodologia desenvolvida internamente, nos últimos anos, para o desenvolvimento de soluções eco eficientes inovadoras em processos de produção e assemblagem de compo-nentes aeronáuticos.

Com esta participação, o INEGI consolida a sua posição como ator muito relevante no desenvolvimento de novas tecnologias para o setor aeronáutico, especialmente estruturas compósitas de alta performance, e solidifica sua posição no restrito grupo de empresas portuguesas inovadoras neste setor.

Fuselagem do cockpit onde serão instaladas e testadas as soluções em materiais compósitos a desenvolver pelo INEGI

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INEGI INTEGRA PROGRAMA EUROPEU DE INVESTIGAÇÃO EM AERONÁUTICA CLEAN SKY 2

O projeto PASSARO e o programa Clean Sky 2 inserem--se no Horizonte 2020, o programa de investigação e inovação lançado pela União Europeia que tem como propósito o crescimento e a criação de postos de trabalho no continente Europeu.

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SEAPR – SIMULADOR DE ENSAIO ACELERADO DE PAVIMENTOS RODOVIÁRIOS

INOVAÇÃO

O 1º “Simulador de Ensaio Acelerado de Pavimentos Rodoviários” (SEAPR) instalado em Portugal, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, é um equipamento que foi concebido e construído pelo INEGI, para a simulação acelerada de tráfego pesado em pavimentos rodoviários. Caracterizado como inovador, com características que o distinguem de outros simuladores existentes no estran-geiro, destaca-se pela sua capacidade de ser “portável”.

Este simulador tem vindo a ser utilizado no âmbito do projeto de I&D – TROPICAL PAV – Soluções de Pavimentos Rodoviários para Países com Climas Tropicais, que envolve as empresas ELEVO GROUP e MOTA ENGIL, bem como o Instituto Superior Técnico e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

O TROPICAL PAV pretende desenvolver estruturas de pavimento inovadoras, especificamente para países com climas tropicais. Assenta na utilização de materiais locais e no desenvolvimento de uma mistura betuminosa inovadora. Pretende-se, com esta solução, um “aumento no período entre reabilitações do pavimento, estimando--se numa redução de custos de reabilitação em 50%”.

Para o cumprimento destes objetivos, o SEAPR revela-se uma enorme mais valia, permitindo a realização de ensaios sob condições controladas (4.000 passagens/dia), a valida-ção de técnicas de construção e reabilitação de pavimentos, a avaliação de novos materiais e o desenvolvimento de novas soluções de pavimentação.

Graças à sua mobilidade, o SEAPR pode ser temporaria-mente retirado da pista de ensaio, para que se procedam a alterações no pavimento em estudo, ou transportado para uma outra pista com diferentes condições de ensaio.

O equipamento, desenvolvido para dar apoio às ativi-dades de investigação dos grupos de pavimentos das Universidade de Coimbra e Universidade do Minho, tem revelado a sua utilidade ao potenciar a cooperação entre os grupos de investigação do ensino superior e as empresas do setor da construção.

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DESCRIÇÃOCARACTERÍSTICA

elevada- pode ser instalado em diferentes

pistas de ensaio

- módulo central removível

Capacidade de carga máx.

Velocidade de Translação máx.

Movimentos de “Wander”

Pneus em Ensaio Simples

Pneus em Ensaio Duplos

Potência instalada

Comando

Acionamento

Massa em movimento

Mobilidade

95 [kN]

20 [km/h]

± 250 [mm]

385R22,5

315R22,5

25 [kW]

automático

hidráulico

2 000 [kg]

Modelo 3D do SEAPR

Simulador instalado no Laboratório Nacional de Engenharia Civil

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INOVAÇÃO

PROJETO MICROFÁBRICA – FÁBRICAS CONTENTORIZADAS

O projeto ADIRA MicroFábrica visou o desenvolvimento e construção de um bem de equipamento modular e reconfigurável para trabalho de metais em chapa, instalado numa unidade, ou conjunto de unidades contentorizadas.

O sistema foi concebido recorrendo a metodologias e abordagens de conceção modulares, criando conjuntos funcionais ou módulos que possibilitem a fácil evolução para diferentes configurações e adaptabilidade a aplica-ções e mercados, através da aplicação de critérios de modularidade e adaptação da matriz DSM (Design Structure Matrix).

No decurso do projeto foram desenvolvidos equipamentos dedicados ao corte e conformação de chapa metálica, com elevada eficiência energética, projetados recorrendo a metodologias de conceção modular e de ecodesign, de forma a poderem ser instalados num espaço limitado.

A ADIRA MicroFábrica é constituída pelos módulos de Armazenamento de Materiais, Manuseamento e Movimen-tação de Materiais, Engenharia, Produção, Acabamento, Comunicações, Energia, Gestão de Produção e Telema-nutenção, e Sistemas de Suporte.

A configuração de cada MicroFábrica é apoiada por um configurador, constituído por uma metodologia de projeto e uma ferramenta informática que permitirão, caso a caso, desenvolver a solução mais adequada às especificidades dos produtos a produzir. A utilização desta ferramenta só foi possível graças ao desenho modular e interoperável dos módulos e seus constituintes, que serão concebidos de forma a permitir uma grande diversidade de layouts, quer dentro de cada módulo, quer na interligação entre módulos.

A ADIRA MicroFábrica pode ser configurada para a produção de peças técnicas em chapa metálica genéricas ou para a produção de uma gama de produtos específicos.No âmbito do projeto foi construído e testado um protó-tipo da ADIRA MicroFábrica, cujo módulo de produção é composto por equipamentos com capacidade para realizar operações de corte por laser, quinagem e rebitagem.

Sob o ponto de vista científico-tecnológico e de inovação, a participação do INEGI neste projeto mostrou-se de grande interesse e importância. O INEGI colaborou no desenvolvimento das novas soluções de equipamentosa incluir numa MicroFábrica, desenvolvendo e aplicandoconhecimentos ao nível da modularidade, reconfigura-bilidade, optimização estrutural e ecodesign. É também

de realçar a experiência adquirida pela equipa envolvida no projeto e na especificação de produtos capazes de serem produzidos em ambientes do tipo MicroFábrica, com recursos reduzidos e com grande incerteza quanto ao seu cenário de instalação.

O consórcio é composto pela empresa ADIRA Metal Forming Solutions SA, que explorará comercialmente os resultados, e por duas entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional: INEGI e INESC TEC.

Configurador MicroFábrica

Configuração MicroFábrica

Módulo de Produção Equipamento Quinadora

Módulo de Produção Equipamento Laser de Díodos

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CONSULTORIA

CONSULTORIA NA ÁREA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA COM A FADEUP

Vista aérea da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

As instalações da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) caraterizam-se por um consumo ener-gético significativo (de energia térmica e eletricidade) decorrente da especificidade da sua atividade. Esse facto motivou a sua direção a promover um estudo a dois anos com o intuito de realizar um diagnóstico da situação atual e, consequentemente, identificar ineficiência e promover medidas de promoção de eficiência energética e/ou integração de tecnologias de fontes de energias renováveis, por forma a reduzir os custos operacionais da instalação e os impactos ambientais daí decorrentes.

Desde 2009, as preocupações com os consumos energéticos, por parte da FADEUP, têm sido constantes e muito têm investido no sentido de implementar metodologias e técnicas conducentes a poupanças energéticas. Neste contexto, realizaram uma auditoria energética às suas instalações que possibilitou a identificação das áreas com consumos mais exacerbados e preconizou um conjunto de medidas estruturais. Como consequência, a FADEUP avançou com a instalação de algumas medidas tendo visto a diminuição da fatura energética.

Não obstante os investimentos realizados, constata-se que os mesmos, por diferentes motivos (ausência de boas práticas de manutenção preventiva, deficiente atividade de gestão energética, entre outros), não produziram os impactos esperados e, por isso, os custos energéticos continuam atualmente a ter um peso significativo na estrutura de custos operacionais das instalações do edifício, pelo que o INEGI está atualmente a colaborar com a direção da FADEUP por forma a identificar as ineficiências e apoiar a implementação de um plano de sustentabilidade energética das instalações.

Como resultado prévio e decorrente do trabalho de diagnóstico já realizado pelo INEGI, a FADEUP vai proceder à implementação de uma série de medidas em diversos setores consumidores.

Especificamente no que respeita ao sistema de iluminação interior, proceder-se-á à substituição de um conjunto de lâmpadas, em diferentes áreas do edifício, por tecnologias mais eficientes que permitirão (segundo os estudos de viabilidade técnica e económica realizados) poupanças da ordem dos 55% (relativamente aos modelos de lâmpadas atualmente existentes) e um reduzido tempo de retorno de investimento.

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Paralelamente, dada a relevância dos consumos térmicos do edifício, proceder-se-á à otimização do sistema de aquecimento de água quente sanitária e da piscina, através da reativação do sistema solar térmico instalado (com inerente otimização da sua arquitetura) e à substituição (por soluções mais eficientes) e otimização do funciona-mento do grupo de caldeiras.

Proceder-se-á, em simultâneo, à implementação de medidas de racionalização de consumos energéticos e de promoção do conforto térmico dos utilizadores das instalações (nomea-damente no que se refere aos sistemas de desumidificação) que decorrerão de estudos aprofundados atualmente em curso.

Como impacto da colaboração do INEGI com a FADEUP é expectável a diminuição efetiva dos seus consumos energéticos, com consequente diminuição dos seus custos operacionais e da pegada ambiental decorrente da operação das suas instalações.

Desagregação dos consumos energéticos (dados 2010)

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iNEGi TURKEY RENEWABLES TEM VINDO A TORNAR-SE UM DOS PRINCIPAIS CONSULTORES DO SETOR NA TURQUIA

Inicialmente circunscrita ao território nacional, a atividade do INEGI no domínio da Energia Eólica estende-se atualmente a diversas áreas geográficas. Nos últimos anos foram estabelecidas várias parcerias em diferentes países, com o intuito de reforçar a capacidade do INEGI de acompanhar, por intermédio dos seus parceiros locais, as evoluções dos mercados, assim como os anseios dos seus clientes. Na Turquia, em particular, optou-se pela criação de uma empresa, em parceria com um sócio local, vocacionada para a prestação de serviços de consultoria e denominada iNEGi Turkey Renewables. Desde a sua criação, em finais de 2012, a filial turca com sede em İstambul tem vindo a afirmar-se no mercado, com o apoio da casa-mãe, como um dos principais consultores do setor.

De entre os motivos conducentes à criação da filial turca salientam-se, por um lado, as metas ambiciosas definidas pelo governo turco, por outro a dificuldade de penetração naquele mercado operando a partir de Portugal. De facto, e apesar de um volume de negócios interessante gerado a partir da Turquia, entendeu-se que a capacidade do INEGI acompanhar o expectável crescimento do mercado estaria limitada pela ausência de um interlocutor local que assegurasse um diálogo comercial e técnico com osclientes. Na sequência desta aposta, o volume de negócios

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CONSULTORIA

que o mercado turco representa mais do que quadruplicou quando comparados o ano anterior à abertura da filial turca – 2011 – e o último ano de operação – 2015.

O iNEGi Turkey Renewables é hoje uma unidade de negócio sustentável, com quadros técnicos próprios e competentes e cujo volume de negócios ronda os 3% do volume de negócios do Grupo INEGI.

INEGI COLABORA COM GRUPO AQUINOS

considerada uma das mais modernas empresas de sofás e colchões da Europa - detendo 15% das exportações nacionais do setor e exportando 92% da sua produção para empresas líderes na venda de produtos neste mercado.

Dado o crescimento do Grupo, e de modo a redesenhar processos e práticas orientados a um maior grau de eficiência, a Aquinos sente necessidade de formar os seus colaboradores dotando-os de competências nas áreas de Planeamento Integrado e Gestão de Operações, entre outras.

Deste modo estabeleceu uma parceria com o INEGI, sendo que o Instituto preparou ações de formação nestas áreas adequadas ao perfil do Grupo e dos seus Colaboradores.

Aproveitando o know-how gerado pelas suas diversificadas atividades, o INEGI tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, um conjunto de ações de formação desenhadas de acordo com as necessidades específicas de empresas.

Neste âmbito o INEGI estabeleceu, recentemente, uma parceria com o Grupo Aquinos que é constituído por diversas empresas e iniciou, em 1986, a sua atividade na área da fabricação de móveis estofados. Com sede no Município da Tábua, o Grupo tem expandido as suas instalações industriais (em Tábua e noutros Municípios) e alargado as suas áreas de negócio.

Empregando mais de 2.400 colaboradores, a Aquinos é reconhecida pela qualidade dos seus produtos, sendo hoje

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BREVES

O INEGI apresentou, a um grupo restrito de entidades, a primeira instalação de ar condicionado solar em Portugal que utiliza tecnologia de arrefecimento por ejeção.

Uma tecnologia que, embora tenha ainda desafios a resolver, promete dar que falar no mercado de equipamentos de ar condicionado, já que o mesmo sistema serve para aquecer e arrefecer o ar, podendo ser utilizado durante todo o ano.

Concluiram-se, no passado dia 11 de julho, as “Sessões Ciência” que o INEGI promoveu no âmbito das atividades que tem vindo a desenvolver em torno do tema “Energia e Ambiente Construído”.

Estas sessões, de entrada livre, pretenderam divulgar os trabalhos desenvolvidos no INEGI sobre esta temática e fomentar a partilha do conhecimento com a comunidade científica e as instituições da sociedade em geral, nomeadamente, da Administração Pública e das Empresas.

Ao longo de um ciclo de seis sessões, que decorreram entre março e julho, foram apresentados os resultados decorrentes de sete projetos/provas de doutoramento e discutidos temas relacionados com as condições de conforto nos edifícios e a sua relação com a energia.

SESSÕES CIÊNCIA DO INEGI

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1ª INSTALAÇÃO DE AR CONDICIONADO SOLAR EM PORTUGAL COM ARREFECIMENTO POR EJEÇÃO

Instalação de Teste e Demonstração de Ar Condicionado Solar

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BREVES

O INEGI marcou presença naquela que é uma das maiores feiras do setor aeroespacial no contexto internacional. A Farnborough International Airshow 2016 decorreu de 11 a 17 de julho, em Farnborough - Inglaterra, e contou com mais de 1500 expositores provenientes de todo o mundo, potenciando o contacto com potenciais clientes e fornecedores. Com muito trabalho já desenvolvido para o setor aeroespacial, o INEGI deu a conhecer as suas mais-valias para o setor, nomeadamente através da exposição de algumas tecnologias/demonstradores já desenvolvidos e aplicados em projetos tais como EUCARBON, WASIS, LATCH, RTM E-BOX e TOOLING EDGE. O INEGI aproveitou também esta feira para anunciar novos projetos relevantes a que está associado tais como o PASSARO (Clean Sky 2) e MODCOMP (H2020).

INEGI PARTICIPA NUMA DAS MAIORES FEIRAS INTERNACIONAIS DO SETOR AEROESPACIAL

O INEGI e a Universidade do Algarve, através do seu Centro de Investigação Marinha e Ambiental, celebraram um protocolo, a 11 de julho, cujo principal objetivo visa o desenvolvimento de atividades de cooperação que reforcem os interesses mútuos das duas Instituições, nomeadamente na área da investigação científica e desenvolvimento tecnológico,em torno da economia do mar.

O evento, que se realizou na Universidade do Algarve, contou com a presença de empresas dos setores do mar e ambiente que atuam na região do Algarve, bem como outros atores da Região.

PROTOCOLO CELEBRADO ENTRE O INEGI E O CENTRO DE INVESTIGAÇÃO MARINHA E AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE

O Professor Mário Vaz, investigador do INEGI, foi distinguido com o prémio internacional “Robert Hooke’s Award for outstanding achievement in the field of Experimental Mechanics”, atribuído pela EURASEM – European Society for Experimental Mechanics, e foi ainda eleito Presidente da EURASEM para o biénio 2016/2017-2017/2018.

Estas distinções decorreram durante a Conferência ICEM17 - 17th International Conference on Experimental Mechanics que decorreu em Rhodes, na Grécia, entre os dias 3 e 7 de julho.

PROFESSOR MÁRIO VAZ DISTINGUIDO COM O PRÉMIO “ROBERT HOOKE’S AWARD FOR OUTSTANDING ACHIEVEMENT IN THE FIELD OF EXPERIMENTAL MECHANICS”

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PRÓXIMAS INICIATIVAS

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CONFERÊNCIA “INOVAÇÃO DE BASE

TECNOLÓGICA E COMPETITIVIDADE”

A Conferência “INOVAÇÃO DE BASE TECNOLÓGICA E COMPETITIVIDADE” realizar-se-á em novembro e reunirá um vasto leque de personalidades/entidades relevantes – empresas, poder político, institutos internacionais.

Esta Conferência organizar-se-á em torno de quatro painéis:

• A Inovação, a Economia e o Desenvolvimento

• Energia e Ambiente

• Transportes

• Indústria

procurando, a partir de exemplos atuais, perspetivar o futuro para cada uma destas áreas em matéria de inovação.

OPEN DAY TEMÁTICOS

O Programa Comemorativo do 30º Aniversário do INEGI contempla a realização de quatro OPEN DAY Temáticos, cujo objetivo é fomentar, em torno de uma área de competências tecnológicas do INEGI, o diálogo e a troca de experiências entre os Colaboradores do Instituto e os profissionais do tecido empresarial e científico. Havendo espaço para a apresentação de competências, para a descrição de projetos em que o INEGI está envolvido, para a visita às instalações laboratoriais e para a identificação de pontos de convergência dos quais podem resultar projetos futuros.

• O terceiro OPEN DAY Temático terá como mote as TECNOLOGIAS AVANÇADAS DE PRODUÇÃO e está agendado para o dia 28 de setembro.

• O quarto OPEN DAY Temático, a realizar em data a definir, será dedicado ao tema ENERGIA.

A participação nestas iniciativas é livre mas com inscrição obrigatória por intermédio do email:

[email protected]

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À CONVERSA COM: ENGENHEIRO ALBERTINO SANTANA

O curriculum é longo e, inquestionavelmente, meritório. O seu caminho cruza-se com o nosso pouco depois de existirmos como gente, ou organização, no caso. Corria o final da década de 80 e o Eng.º Albertino Santana recebe a grande missão de gerir o PEDIP – Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa. E é graças a este programa que dedicava uma parte importante dos fundos disponíveis ao apoio a Infraestruturas Tecnológicas, vocacionadas para apoiar as empresas industriais e em especial as PME’s, que o INEGI consegue, desde tenra idade, posicionar-se como infraestrutura tecnológica de referência em Portugal. Razão mais do que válida para integrar o leque das grandes conversas que assinalam o nosso 30º aniversário.

Bem, comecemos pelo início... Como surgiu este grande desafio que lhe entregaram em mãos chamado PEDIP?

Na sequência da adesão de Portugal à Comunidade Eco-nómica Europeia, em 1987 o Parlamento Europeu aprovou um programa de desenvolvimento destinado a apoiar os projetos do Estado Português visando o seu desenvolvimento económico (o primeiro Quadro Comunitário de Apoio).

Em fevereiro de 1988 o Conselho Europeu sancionou o princípio de um apoio comunitário adicional, específico para acelerar o desenvolvimento da Indústria Portuguesa.

Nascia assim o PEDIP. Tratava-se de um programa financiado por uma linha específica do orçamento comunitário, no valor de 500 milhões de ECUS para o período de 1988 a 1992 (o ECU era a unidade monetária que na altura vigorava na Comunidade Europeia com um valor em escudos aproximado ao que viria a ser posteriormente o EURO). Tratava-se, como se referiu, de um apoio adicional ao já concedido a Portugal em 1987 no âmbito das intervenções dos fundos estruturais da Comunidade Europeia.

A Gestão deste Programa foi entregue ao Ministério da Indústria com um adicional de mais 500 milhões de ECUS provenientes dos fundos estruturais FEDER e FSE. O Programa visava acelerar o desenvolvimento do tecido industrial portu-guês com ênfase no aumento da produtividade das PME, na salvaguarda dos postos de trabalho e na promoção da formação profissional.

O PEDIP devia desenvolver-se através de quatro grandes eixos: I) infraestruturas de base e tecnológicas a favor da indústria, II) formação profissional III) financiamento de investimentos produtivos e IV) missões de produtividade, eixos que vieram a materializar-se em sete Programas.

Tendo em conta que esta conversa tem como enfoque o 30º aniversário do INEGI, proponho que a foquemos quase exclusivamente na parte do eixo 1 que veio a designar-se pelo Subprograma 1.2 - Infraestruturas Tecnológicas.

Albertino José Santana, Engenheiro, Eletrotécnico pelo I.S.T. e “Master of Science in Industrial and Management Engineering” pela Universidade de Columbia em Nova York, está atualmente aposentado. Foi Professor Associado Convidado no ISCTE e IST exercendo funções de docente durante mais de três décadas. Exerceu no Ministério da Indústria funções de Diretor do IAPMEI, Diretor Geral das Indústrias Transformadoras Ligeiras e de Gestor do PEDIP e PEDIP II. Em atividades de gestão empresarial desempenhou funções de Direção na Standard Elétrica, da multinacional ITT, e de Diretor Geral da ALUEMBA; foi Administrador não executivo na GEFEL, da TECMAIA - Parque Industrial da Maia e da EDM - Empresa de Desenvolvimento Mineiro; foi Presidente executivo do Conselho de Administração da PGS-Gestão de áreas Industriais e Serviços, Presidente da Comissão Executiva da APIPARQUES e membro executivo do Conselho de Administração da PORTUCEL. Consultor em várias empresas e organizações. Participou como orador em numerosas conferências em Portugal, na União Europeia e nos EUA. Foi agraciado pelo Presidente da República como Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial.

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O apoio dado pelo PEDIP, que como se referiu terminava em 1992, foi prosseguido pelo chamado PEDIP II com o período de vigência coincidente com o 2.º Quadro Comunitário de Apoio. O PEDIP I apoiou a criação e consolidação da maioria das infraestruturas tecnológicas que ainda hoje funcionam em Portugal, quer os centros tecnológicos, quer as desenvolvidas pelas Universidades, financiando as suas instalações, o equipamento e a formação dos seus técnicos. O PEDIP II, além de continuar a apoiar o desenvolvimento de novas linhas de investigação, a atualização tecnológica e a formação, deu grande relevância à ligação das infraestruturas às empresas. Com estas lógicas, adotadas tanto no PEDIP I como no II, pretendia-se fomentar a ligação das empresas às infraestruturas tecnológicas, nomeadamente as muitas que, nessa altura, foram promovidas pelas Universidades.

Havia muito para fazer. Apenas a título de curiosidade, sabe quantas empresas tinham certificação de qualidade quando o PEDIP apareceu? Uma. Quando terminou o PEDIP I havia já umas centenas. Quando terminou o PEDIP II havia uns milhares.

Talvez por termos ainda uma indústria pouco competitiva à data...

Não podemos generalizar, pois sempre houve empresas altamente competitivas no nosso tecido industrial. No entanto, na maioria das nossas PME havia muito pouca preocupação no que se refere à noção de dois conceitos fundamentais que já eram percebidos e praticados por muitas PME de outros países europeus: a preocupação pela inovação tecnológica e pela qualidade. Portugal estava muito atrás da maioria dos restantes países da CEE. Na altura visitei várias organizações tecnológicas na maioria dos países desenvolvidos na Europa e nos EUA e percebi quão importantes eram nesses países os apoios públicos para a competitividade das PME, e quão intensa era já a interligação das empresas com as Universidades e outras

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infraestruturas tecnológicas fortemente apoiadas pelos Governos. De facto, havia o conhecimento da necessidade destes apoios públicos para lançar a indústria portuguesa no mercado competitivo. Para dar um exemplo, a Finlândia tinha um método muito interessante, já na altura, que consistia em colocar antigos investigadores, altamente conceituados, nas embaixadas dos países tecnologicamente mais evoluídos como antenas e uma espécie de “espiões”, para saberem quais as tecnologias mais modernas para depois reportarem ao respetivo governo, com vista à implementação de políticas que potenciassem a inovação tecnológica. E este é só um exemplo das lógicas que já eram seguidas lá fora.

Considera, pois, que os apoios públicos são importantes para as empresas?

Completamente, em particular para as PME, quer através da definição das políticas adequadas, quer através da disponibilização de dinheiros públicos. Do meu ponto de vista, nenhuma PME que se queira manter atualizada face à evolução rápida que se verifica nos domínios tecnológicos pode subsistir sem apoios públicos e uma forte ligação a infraestruturas tecnológicas. O INEGI é exemplo disso, tem projetos excecionais como é o caso da parceria com a Vulcano que para mim é um “case study” extraordinário da capacidade de trabalhar com empresas. E vi, pela leitura dos vossos Relatórios que casos como a Vulcano se multiplicaram ao longo dos 30 anos que já tem o INEGI.

O sucesso do PEDIP deve-se fundamentalmente à visão política do Eng.º Mira Amaral - Ministro da Indústria e Energia à data – que apostou fortemente no que ele denominava de fatores complexos de competitividade, com especial destaque para a inovação e qualidade. Infelizmente essa visão política nem sempre esteve clara nos últimos 30 anos. Na verdade, continuo convencido que o êxito de programas públicos para tornar a indústria competitiva a nível internacional só é possível se o poder político tiver a capacidade de definir medidas de política adequadas, se instituir um sistema de controlo independente que consiga corrigir em tempo útil as ações que não se estão a mostrar adequadas, e se, igualmente, for possível criar na Administração Pública um sistema desburocratizado e se existir uma equipa de pessoas extremamente interessadas e motivadas para executar os programas que forem criados. Creio, sem falsas modéstias, que estas condições existiram na implementação dos PEDIP I e II.

Considera que as pessoas são a chave para o sucesso?

Sem dúvida. Na minha convicção as organizações para terem sucesso têm de ter sempre no topo uma pessoa que puxe, que acredite nos objetivos da sua organização e que, por isso, seja capaz de motivar os seus colaboradores. No caso das infraestruturas tecnológicas que vingaram na sequência dos apoios do PEDIP e que souberam aproveitar convenientemente os apoios que lhes foram concedidos destaca-se, claramente, esse facto. No INEGI o Professor Rui Guimarães foi um fator fundamental para o êxito da organização, a quem quero, de facto, prestar a minha homenagem. Felizmente, o Professor Rui Guimarães não foi o único e poderia nomear outras pessoas, o que não faço pelo risco que correria ao esquecer alguém.

Hoje em dia, ao olhar para trás, qual é o balanço que faz? Houve muitas apostas em vão?

Na altura que nós estávamos a apreciar os projetos das infraestruturas tecnológicas eu costumava dizer que se daquilo tudo 50% fosse um êxito, o programa seria quanto a mim um

sucesso. E, em relação ao dinheiro gasto nas universidades, também costumava dizer que mesmo que 50% não originasse “INEGI’S”, pelo menos os professores e estudantes passavam a ter equipamento útil em que podiam trabalhar e, portanto, já era dinheiro bem gasto. Mas passados 30 anos eu tenho algum orgulho em poder referir que muito mais de 50% das infraestruturas tecnológicas que foram criadas, ou que foram apoiadas fortemente nessa altura, foram um êxito. Tenho para mim que, se fizessem um estudo sério daquilo que era a inovação em Portugal até 88 e o que é atualmente, nas instituições ligadas às universidades, veriam que não tem comparação.

Fez-se muita coisa nesta altura nas áreas da inovação, da qualidade, da produtividade, e no que agora se chama de ações coletivas, ou ações de demonstração. Tudo ideias implementadas na altura e que surgem da tentativa de ligar os centros de investigação das Universidades às empresas, bem como de potenciar sectores industriais tradicionais.

Era um risco que tinham a consciência de estar a correr?

Sim, nós sabíamos, em alguns casos, que estávamos a correr riscos, principalmente em projetos ligados às universidades, mas achávamos que valia a pena. Na realidade alguns dos projetos apresentados por essas entidades tinham custos desproporcionados ou não se enquadravam nos objetivos do PEDIP, tendo muitos deles sido reformulados e alguns rejeitados.

O INEGI já vai no 30º aniversário. Como analisa a sua evolução?

Fiquei extremamente satisfeito ao ler os vossos últimos Rela-tórios de Atividades porque percebe-se que mantém o mesmo espírito de inovação que eu vi na altura do PEDIP. Continuam a apostar fortemente na ligação às empresas, estão a desenvolver projetos altamente inovadores, prestam serviços, são autónomos e continuam a apostar em aproveitar todos os apoios nacionais e comunitários, o que me dá uma certa alegria. Está, sem dúvida, num bom caminho, já que as razões que nos levaram a apostar no INEGI, na altura do PEDIP, não só se mantiveram, como também melhoraram. Julgo que o papel de organizações como o INEGI é funda-mental para que as pequenas e médias empresas sejam capazes de se manterem competitivas, dando os saltos tecnológicos com a velocidade com que são necessários, e para que, com o apoio de mão-de-obra extremamente qualificada, sejam capazes de dar resposta aos desafios impostos pelos mercados.

Há algum conselho que nos queira deixar?

Ao INEGI sugiro que estude bem a legislação nacional e comunitária que existe, que a aproveite e principalmente que continue a canalizar esforços para influenciar os políticos a alterar aquilo que achar que não está correto na atual legislação, alertando o Governo para as modificações que são necessárias. Isto porque, se politicamente as coisas não são apoiadas, depois quem tecnicamente está no terreno terá muitas dificuldades. O INEGI tem uma experiência muito grande no campo do apoio às indústrias, por isso deve aproveitar essa experiência; deve continuar a incentivar o aparecimento, de “spin-offs”, para empresas que possam engrandecer o país; e deve continuar a seguir a sua linha de ligação às indústrias, para que possamos chegar a um momento em o país não compita com uma mão de obra pouco qualificada, mas sim na base da tecnologia e inovação.

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Spin off

“O NOSSO PARCEIRO NATURAL QUANDO ESTAMOS A TENTAR RESOLVER PROBLEMAS CIENTÍFICOS É O INEGI” - OPT

A relação é umbilical e parece estar para durar. Já diz o ditado “em equipa que ganha não se mexe” e ambas as partes decidiram não mexer. Nesta edição do INEGI Notícias damos a conhecer a OPT - Optimização e Planeamento de Transportes, S.A. - uma empresa com 24 anos de existência, pioneira em Portugal no desenvolvimento de projetos de I&D em planeamento operacional de transportes coletivos, que é uma spin-off do INEGI.

Corria o final da década de 80 e no Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia, associado à Faculdade de Ciências de Lisboa (ICAT/FCUL), e no INEGI, associado à Faculdade de Engenharia do Porto, havia um conjunto de investigadores debruçados sobre o estudo de uma problemática: como otimizar o planeamento operacional das empresas de transportes que lhes estavam mais próximas, a Carris e a STCP, respetivamente. Isto é, a título de exemplo, como minimizar o número de viaturas ou o número de condutores necessário para cumprir determinado nível de oferta.

Vai daí, decidiram unir forças para encontrar soluções. Juntaram a Carris, a STCP, a Horários do Funchal, a empresa que deu origem ao Grupo Barraqueiro e a Vimeca e partiram para um concurso para obterem um financiamento. Conseguiram. A partir daí, do consórcio nasceu o projeto, do projeto despontou o sistema GIST – Gestão Integrada de Sistemas de Transportes – e estava feita a antevisão para o pontapé de saída que daria origem à OPT.Embora a sua identificação marque 1992 como ano de nascimento, é cinco anos depois, em 1997 que se inicia a sua atividade empresarial com o lançamento do sistema GIST, atualmente na sua terceira versão e em permanente utilização em algumas das maiores empresas de transporte nacionais, como a Carris, a STCP e os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, entre outras.

“A partir de 1997, quando começamos a abordar a fase do escalonamento de pessoal tripulante, começamos também a enveredar por outras áreas - já na década de 2000 - como a produção de informação para o público que nestas últimas décadas tem mudado completamente aqui no Porto e em Lisboa”, refere Fernando Vieira, Diretor Geral da OPT.

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E é nesta área da produção de informação para o público, privilegiando a produção automática da informação que querem apostar mais atualmente, em particular no mercado internacional.

Para o Diretor Geral da OPT, a ligação da empresa à lógica de investigação nem sempre é boa do ponto de vista do negócio porque estão sempre “mais direcionados para resolver novos desafios do que propriamente para rentabilizar aqueles que já foram resolvidos”. Todavia, é com novos desafios que a relação com o INEGI se constrói e consolida. “O nosso parceiro natural quando estamos a tentar resolver problemas científicos é o INEGI. Temos pessoas que faziam parte da equipa que ainda lá estão e a relação sempre funcionou bem. Se nós hoje estamos cá é porque estas coisas são possíveis”, salienta.

A OPT é hoje uma empresa com 10 funcionários e um volume de negócios que tem vindo a oscilar entre os 700/800 mil euros anuais. Da sua lista de projetos mais emblemáticos constam o SMS Bus – sistema de informação à paragem em tempo real via SMS – ou o MOVE-ME – sistema que disponibiliza ao utilizador final um conjunto detalhado de informações proveniente de diferentes operadores de transporte público, permitindo planear rotas intermodais em tempo real. Para o futuro, garantem que a aposta chave passa por ter a capacidade de apresentar uma “oferta diferenciadora”, numa lógica de “soluções integradas”, não só mantendo o foco no campo da informação ao público, mas também “na ligação com o cliente do nosso cliente, na ligação com o passageiro”.

Fernando Vieira - Diretor Geral da OPT

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OPEN DAY TEMÁTICO SOBRE TRIBOLOGIA, VIBRAÇÕES E MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

INICIATIVAS REALIZADAS

A 6 de maio de 2016 realizou-se mais uma edição dos Open Day Temáticos no INEGI. Desta vez, o dia foi dedicado ao tema “Tribologia, Vibrações e Manutenção Industrial” e contou com a presença de cerca de cinco dezenas de participantes, vários dos quais provenientes de empresas industriais. A sessão dividiu-se em dois momentos: a manhã foi dedicada a uma visita aos laboratórios de Desgaste e Lubrificação, de Análise de Lubrificantes e Metrologia, e de Vibrações e Ruído, conduzida pelo Professor Jorge Seabra; durante a tarde decorreu a Sessão técnica “CETRIB: presente e futuro” assim como uma “Sessão comemorativa”.

ESPAÇO EXPOSITIVO - A EVOLUÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DO INEGI

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O Espaço Expositivo integra-se no programa comemorativo do 30º aniversário do INEGI com o intuito de realçar marcos que se tenham revelado determinantes ao longo destes 30 anos de vida. Com a pretensão de revisitar momentos de interesse a todos os que, de algum modo, partilham a casa INEGI, este espaço apresentará conteúdos temáticos que serão renovados periodicamente. A primeira exposição é dedicada ao tema “A Evolução dos Meios de Comunicação do INEGI“, destacando a relevância do Boletim, uma peça de comunicação nascida em julho de 1994 e batizada, à data, como “INEGI Informa”.

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Desenvolvida no âmbito das comemorações do 30º aniversário do INEGI, a iniciativa “Conheça a Sua Casa” destinou-se a todos os Contratados, Bolseiros e Colaboradores Universitários (tendo contado com a presença de cerca de 220 colaboradores), com o intuito de contribuir para:

• Mitigar os efeitos de algum “isolamento tecnológico” dentro de cada Unidade/Serviço/Grupo;• Facilitar o estabelecimento de projetos comuns e/ou a entreajuda interna;• Apetrechar todos os Colaboradores para o desenvolvimento de atividades “comerciais” do INEGI.

Para tal, os participantes foram divididos em diversos grupos que fizeram um périplo pelas diversas Unidades/Serviços/Grupos, onde receberam informações sobre a atividade desenvolvida em cada um(a).

INICIATIVA CONHEÇA A SUA CASA

INICIATIVAS REALIZADAS

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Este ano, o dia dedicado aos colaboradores do INEGI, que tem vindo já a ser celebrado nos últimos anos, foi também imbuído no espírito das comemorações do 30º aniversário, sem esquecer aquele que é um dos grandes objetivos para este ano – a consolidação dos valores do INEGI.

Fazendo uso da sua visão – crescer, ser o melhor a converter conhecimento em valor e confirmar a forte identidade institucional como parceiro tecnológico das empresas – o INEGI preparou para os seus colaboradores um dia repleto de atividades de team building em sintonia com os seus cinco valores fundamentais: orientação ao cliente, responsabilidade, cooperação, paixão pela inovação e ambição.

Promover a integração e o desenvolvimento humano da comunidade INEGI, com base no aprofundamento das relações sociais entre os colaboradores, são os principais objetivos desta iniciativa que pretende contribuir, ativamente, para a consolidação do clima organizacional de excelência.

DIA DO COLABORADOR

INICIATIVAS REALIZADAS

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INEGI

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E ENGENHARIA INDUSTRIAL

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INEGI NOTÍCIAS Nº 43 - JULHO 2016 Propriedade - INEGIEdição - INEGIDireção Editorial - Rui SáEquipa Editorial - Daniela Silva, Diana Sousa, Joana Pinto, Luís Pina, Margarida Machado, Paulo Tavares, Sílvia EstevesDesign - Três Sentidos DesignPeriodicidade - TrimestralTiragem - 1200 exemplares

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