notas sobre o diagnÓstico diferencial da psicose e do autismo na infÂncia

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NOTAS SOBRE O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA PSICOSE E AUTISMO NA INFÂNCIA M. Cristina M. Kupfr Rosângela Oliveira 06 de Maio de 2015.

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Slide sobre o texto NOTAS SOBRE O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA PSICOSE E DO AUTISMO NA INFÂNCIA de M. Cristina M. Kupfer complementado pelo texto Autismo: controvérsias na psicanálise Fulvio Holanda Rocha.

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NOTAS SOBRE O DIAGNSTICO DIFERENCIAL DA PSICOSE E DO AUTISMO NA INFNCIA

M. Cristina M. Kupfer Rosngela Oliveira06 de Maio de 2015. Um dos principais entraves ao avano dos estudos sobre a psicose infantil e o autismo est na disputa diagnstica.

No h um consenso sobre o que sejam verdadeiramente uma psicose infantil ou um autismo infantil, e tampouco sobre a sua etiologia.

Estudos lacanianos: Mannoni (1977, 1979, 1987), Dolto (1972, 1985)

"portadores de distrbios globais do desenvolvimento. DSM IV.Autism spectrum disorder (ASD)DSM 5:

Using DSM-IV, patients could be diagnosed with four separate disorders: autistic disorder, Aspergers disorder, childhood disintegrative disorder, or the catch-all diagnosis of pervasive developmental disorder not otherwise specified. Researchers found that these separate diagnoses were not consistently applied across different clinics and treatment centers []. People with ASD tend to have communication deficits, such as responding inappropriately in conversations, misreading nonverbal interactions, or having difficulty building friendships appropriate to their age. In addition, people with ASD may be overly dependent on routines, highly sensitive to changes in their environment, or intensely focused on inappropriate items. Again, the symptoms of people with ASD will fall on a continuum, with some individuals showing mild symptoms and others having much more severe symptoms. This spectrum will allow clinicians to account for the variations in symptoms and behaviors from person to person. Descrio vs. CompreensoAt o incio deste sculo, o olhar mdico ainda no havia subtrado, do grupo das crianas deficientes mentais, aquelas que apresentavam bizarrices, alheamentos, auto-agresses ou desconexes significativas ao lado do rebaixamento intelectual.

Na psicanlise...Mahler: psicose autstica e psicose simbitica, depois sndrome psictica infantil.Klein e o pequeno Dick: esquizofrncia ou autismo?Ledoux: "H evidentemente diferenas radicais.Rocha: termo psicose infantil precoce englobando autismo e psicose simbitica, depois... Autismos

Jerusalinsky marca radicalmente a diferena, e prope que se entenda o autismo como uma quarta estrutura clnica.

Logica que articula a posio do sujeito a respeito do significante, entre psicose e autismo no h nenhuma identidade de estrutura, porque num caso se trata da forcluso e no outro se trata da excluso.

A diferena entre forcluso e excluso consiste em que, no caso da forcluso se produz uma inscrio do sujeito numa posio tal que esta inscrio no pode ter conseqncias na funo significante. No caso da excluso no h inscrio do sujeito; no lugar onde a inscrio deveria se encontrar, se encontra o Real, ou seja, a ausncia de inscrio.

No autismo, falha a funo materna; na psicose, falha a funo paterna. Tambm a concepo de Kupfer.

Kanner: nova estrutura em psiquiatria infantil em psicanlise: ousou comentar que as mes das crianas pareciam frias e distantes, insinuando que talvez isso pudesse relacionar-se tambm com os problemas de contato daquelas crianas.

Repdio das mes de autistas.Poderia-se afirmar: As mes tm razo e Kanner tambm.

No so as mes reais: so as mes postas no exerccio de uma funo que desconhecem exercer, e que cumpre descrever.

Funo: uma me sustenta para seu beb o lugar de Outro primordial. Impelida pelo desejo, antecipar em seu beb uma existncia subjetiva que ainda no est l, mas que vir a instalar-se justamente porque foi suposta.

Cotidiano construdo de pequenos e imperceptveis reconhecimentos recprocos, dos quais escutar o choro de seu beb sem que ningum mais o houvesse escutado

Metfora do espelho (Lacan): imagem do corpo a partir do desejo ou do olhar materno.

Atos de reconhecimento recproco comeam a falhar: traos autistas.

A relao me-beb opera sobre um universo de grande complexidade, que comea com o equipamento material com o qual a criana vem ao mundo e termina no entorno social em que me e beb encontram-se mergulhados.

Falhou a funo materna, no porque a me no tivesse condies de exerc-la, mas porque seu beb no podia absorv-la.

Poder ocorrer uma inoperncia radical da funo e do desejo maternos. Nesses casos, estaremos diante do autismo infantil precoce. Mas podero ocorrer falhas pontuais, a que alguns tericos chamam de falhas na especularizao, e a surgiro os traos autistas Sindrome de Down.

A diferena entre os termos culpa e responsabilidade.

Um psicanalista no culpa me alguma. Mas a responsabiliza.

Responsabilizar uma me significa faz-la perguntar-se a respeito da parte que lhe cabe na criao de seus filhos.

Desculpabilizadas" e desresponsabilizadas pela sociedade de massas, interessada em faz-las deixarem seus filhos em creches e diante da televiso para correr atrs de novos valores flicos no mundo do consumo.

Responsabilizar uma me significa engaj-la neste movimento de resgate do que no pde acontecer quando seu filho era ainda um beb.

Culp-la, de outro lado, significa apoiar-se nos sinais imaginrios que a nossa cultura habituou-se a pensar como relevantes quando se trata da maternidade.

Responsveis pelos destinos subjetivos de seus filhos.

Se ele efeito de uma falha da funo materna, no deveria ser encontrado em outros momentos histricos?

Sempre existiram/ autismo seria uma criao moderna ?

A terceira tese, com a qual estamos mais inclinados a concordar, afirma ser o autismo um significante moderno que d nome a um fenmeno estrutural na constituio do sujeito, nome esse que o representa porm, dentro de uma particular inflexo do discurso social contemporneo, e que ao represent-lo, o recria.Falha nos neurotransmissores: ao serem desculpabilizadas (e precisam s-lo, pois efetivamente no tm culpa), so pelo mesmo ato desresponsabilizadas.

Autista: sofre os efeitos desta significao social, carrega a excluso da linguagem e da circulao social, submetido a tcnicas de condicionamento para permanecer a, na borda, lugar em que ele, de forma valente e surpreendente, se equilibra Psicose: falha da funo paterna Psicose se estrutura a partir da forcluso do significante Nome-do-Pai (Lacan).

Impede a operao paterna o qual carrega os significantes capazes de funcionar como pontos de basta, como articuladores, como pontos nodais dos feixes de cadeias significantes necessrias constituio e ao exerccio de um sujeito. A forcluso, o recalque e a recusa so reunidos como trs modos de defesa em Freud: estilos de obturao da falta no Outro.

o significante Nome-do-Pai um significante primordial, cuja ausncia provoca um "furo" no campo das significaes.

Excludos da cadeia, da rede simblica da qual emergem as significaes, no simbolizados portanto, retornam sob forma alucinatria - relao do sujeito com a linguagem.Psicoce infantil para Mannoni:

O destino do psictico se fixa a partir da maneira pela qual foi excludo por um ou por outro dos pais de uma possibilidade de entrada numa situao triangular [...] no poder jamais assumir uma identidade [...] estado de objeto parcial [...] sistema de linguagem no qual se encontra aprisionado se modifique de incio.

Se separar dos discursos dos pais.

A psicose no se d, "de jeito nenhum," da mesma maneira na criana e no adulto. (Lacan).

A construo de uma estrutura precisa de um tempo, de fato queremos dizer que precisa de tempos: disposio j inscrita no Outro; algo relativo primeira relao com o Outro dito "materno; tempo do dipo; tempo da latncia e a sada na puberdade. Algo de provisrio nessa estruturao (Jerusalinsky).

O lugar do orgnico na discusso etiolgica: a impossibilidade de deixar um lugar que seja para a questo do Sujeito.

Mais, porm, do que se posicionar criticamente em relao ao discurso da Cincia e da Medicina, torna-se necessrio levar em conta alguns avanos da rea mdica. Os eixos no so mais as perguntas pelo orgnico ou pelo psicognico, e sim a indagao pela posio do sujeito no enodamento do simblico, do imaginrio e do real.

Nas falhas do imaginrio, uma ateno construo da imagem corporal. Nas falhas do simblico, um reordenamento da relao da criana com o Outro, para barr-lo, ainda que de modo ortopdico. Autismo: controvrsias na psicanliseFulvio Holanda Rocha

Tomando como eixo o debate sobre a estrutura, podem ser esquematizadas basicamente em trs posies: os defensores da unidade estrutural; os que apontam o autismo como uma estrutura subjetiva diferente e os que o definem como uma a-estrutura.

Kupfer (1999) defende que, no autismo, falha a captao doinfansno desejo materno, pois a encarnao do lugar de Outro primordial no existiria.

A defesa da existncia de uma estrutura diferente no autismo, em geral, se baseia na tese de que aqui falha a captao primeira do sujeito no significante, que deveria ser promovida pelo Outro primordial (materno).

Primeiro a afirmao, unnime a qualquer uma destas alternativas sobre a estruturao das crianas autistas e das psicticas, de que no h nada a aproxim-las de um sujeito do desejo, do inconsciente, ou seja, sujeito divido ante a falta do Outro.

As crianas no autismo ou na psicose, representam a impossibilidade de fazer uso da medida flica, pela no inscrio do significante Nome-do-Pai. Embora, no decidamos a se h uma foracluso, uma variante desta ou mesmo outro mecanismo.

O autismo se localiza em um certo tempo prvio ao da psicose, sendo este, o segundo ponto de acordo.

Falha na simbolizao primordial

Recorra-se a tentativas de situar o autista no limiar da subjetivao (sujeito inconstitudo, em constituio); ou mesmo, afirme-se a inexistncia de qualquer possibilidade de sujeito, reduzindo-o a no ser mais que um vivo; assim como, proponha-se a inexistncia de Outro.

Mas, de outro lado, as mesmas crianas so descritas como evitando, desviando-se de sinais da presena do Outro.

Ora, mas isto no implica que ao menos h algo a, o que j ser diferente de nada?

Apesar de certas descries apontarem para um fora da linguagem, pela inexistncia de um Outro, as descries clnicas no so condizentes com um fora do humano.

RefernciasKupfer, M. C. M, (2000). Notes on the Diagnostic Differences Between Psychosis and Autism in Childhood. Psicologia USP, 11 (1), 85-105.

ROCHA, Fulvio Holanda. Autismo: controvrsias na psicanlise. InProceedings of the 4. Colquio do LEPSI IP/FE-USP,2002, San Pablo, So Paulo (SPSPSP) [online]. 2002 [cited 06 May 2015]. Available from: http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000032002000400007&lng=en&nrm=iso>