notas epidemiológicas sôbre algumas doenÇas …

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ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PóRTO ALEGUE 9 NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS TRANSMISSíVEIS NO RIO GRANDE DO SUL * Paulo Maurell Moreira Professor Catedrático de Higiene. Meus senhores ! . Honrado com a designação da douta Con- gregação de nossa Faculdade para fazer a pt.d.eção inaugural do ano letivo que ora se mtcta e não sendo lícito fugir a esta pezada responsabilidade, aqui estamos para cumprir expressa disposição do Regulamento, em- bora cônscio da modéstia de nossas creden- ciais. Desde <JUe nos dispusemos a obedecer a ordem recebida, deparamos com um obstá- culo que não fácil vencer - a escolha do tema para esta preleção. Não que faltassem assuntos, mas a dificuldade estava em encon- trar um motivo ele interêsse geral, daí n termos escolhido o tema NOTAS EPI- DEMIOLóGICAS SOBRE ALGUMAS DOENÇAS TRANSMISSíVEIS NO RIO GRANDE DO SUL, matéria que interessa tanto ao sanitarista como ao clínico. As doenças transmissíveis, também co- nhecidas pelo têrmo de infecto-contagiosas, constituem problemas sempre atuais, pois, diz Eugênio Coutinho, "as doenças m.fe:tuosas c parasitárias constituem, sem o capítulo mais importante e mais tttJhtário da medicina prática, não só por- que representam as espécies mórbidas mais comuns na clínica, como para o reconheci- mento das quais não faltam recursos exa- tos de investigação, mas ainda porque são suscetíveis de fácil propagação, com prejuí- zo da coletividade, e podem em grande par- te. eficazmente tratadas por meios tera- peuttcos específicos." Ressalta-lhes ainda a tmportância, a aparição brusca de algumas rle maior ou menor gravidade, muitas vezes com característicos especiais, chaman- do. a atenção desde logo de médicos e sani- tanstas. Vêzes outras são entidades com- pletamente desconhecidas desafiando a ar- gúcia do epidemiologista e do laboratarista, que só ao cabo de estudos estaíantes podem determinar-lhes a extensão e gravidade. Não bastassem êsses motivos para mos- trar a importância do conhecimento da no- sologia regional, ainda deveríamos conside- rar que a luta contra as doenças transmis- síveis constitui uma das maiores tarefas das repartições sanitárias. Não a única exclu- siva, como antigamente, pois como as re- centes aquisições da higiene, da medicina preventiva e da medicina social, inúmeras outras tarefas assoberbam as organizações de saúde pública. A frase de Miguel Pereira "o Brasil é um vasto hospital", embora datando de 1 916, ainda é uma realidade, não obstante existir quem diga ser recurso de oratória para im- pressionar as multidões e demagogia fácil para causar sucesso. Mas, como ·bem acen- tua Samuel Pessoa, provecto professor de parasitologia da Universidade de São Pau- lo, à medida que médicos, higienistas, es- critores, políticos ocupando cargos adminis- trativos ou não, isto é, a elite responsável pelo país, despertada pela dureza da reve- lação, começou a abrir um pouco os olhos e examinar com mais cuidado o que se pas- sava entre o povo, concordaram :todos que rea!mente aquêle cientista tinha falado com conhecimento de causa. E hoje, 30 anos decorridos do discurso de Miguel Pereira, depois de remodelações de serviços com e criação de departamentos e órgãos assistenciais, a saúde dos nossos homens da lavoura, ope- rários e artífices das cidades, crianças das escolas, do povo enfim, será melhor do que naquela época, ou continua o Brasil ainda • a ser um vasto hospital? Parece-me, diz Samuel Pessoa com jus- teza, que a realidade e dura para (*) Preleção realizada por ocasiilo da dos em 18 de março de 1946.

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Page 1: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PóRTO ALEGUE 9

NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS TRANSMISSíVEIS NO

RIO GRANDE DO SUL * Paulo Maurell Moreira

Professor Catedrático de Higiene.

Meus senhores ! .

Honrado com a designação da douta Con­gregação de nossa Faculdade para fazer a pt.d.eção inaugural do ano letivo que ora se mtcta e não sendo lícito fugir a esta pezada responsabilidade, aqui estamos para cumprir expressa disposição do Regulamento, em­bora cônscio da modéstia de nossas creden­ciais.

Desde <JUe nos dispusemos a obedecer a ordem recebida, deparamos com um obstá­culo que não fácil vencer - a escolha do tema para esta preleção. Não que faltassem assuntos, mas a dificuldade estava em encon­trar um motivo ele interêsse geral, daí n termos escolhido o tema NOTAS EPI­DEMIOLóGICAS SOBRE ALGUMAS DOENÇAS TRANSMISSíVEIS NO RIO GRANDE DO SUL, matéria que interessa tanto ao sanitarista como ao clínico.

As doenças transmissíveis, também co­nhecidas pelo têrmo de infecto-contagiosas, constituem problemas sempre atuais, pois, ~omo diz Eugênio Coutinho, "as doenças m.fe:tuosas c parasitárias constituem, sem <l~~tda, o capítulo mais importante e mais tttJhtário da medicina prática, não só por­que representam as espécies mórbidas mais comuns na clínica, como para o reconheci­mento das quais não faltam recursos exa­tos de investigação, mas ainda porque são suscetíveis de fácil propagação, com prejuí­zo da coletividade, e podem em grande par­te. s~r eficazmente tratadas por meios tera­peuttcos específicos." Ressalta-lhes ainda a tmportância, a aparição brusca de algumas d~las, rle maior ou menor gravidade, muitas vezes com característicos especiais, chaman­do. a atenção desde logo de médicos e sani­tanstas. Vêzes outras são entidades com­pletamente desconhecidas desafiando a ar-

gúcia do epidemiologista e do laboratarista, que só ao cabo de estudos estaíantes podem determinar-lhes a extensão e gravidade.

Não bastassem êsses motivos para mos­trar a importância do conhecimento da no­sologia regional, ainda deveríamos conside­rar que a luta contra as doenças transmis­síveis constitui uma das maiores tarefas das repartições sanitárias. Não a única exclu­siva, como antigamente, pois como as re­centes aquisições da higiene, da medicina preventiva e da medicina social, inúmeras outras tarefas assoberbam as organizações de saúde pública.

A frase de Miguel Pereira "o Brasil é um vasto hospital", embora datando de 1 916, ainda é uma realidade, não obstante existir quem diga ser recurso de oratória para im­pressionar as multidões e demagogia fácil para causar sucesso. Mas, como ·bem acen­tua Samuel Pessoa, provecto professor de parasitologia da Universidade de São Pau­lo, à medida que médicos, higienistas, es­critores, políticos ocupando cargos adminis­trativos ou não, isto é, a elite responsável pelo país, despertada pela dureza da reve­lação, começou a abrir um pouco os olhos e examinar com mais cuidado o que se pas­sava entre o povo, concordaram :todos que rea!mente aquêle cientista tinha falado com conhecimento de causa.

E hoje, 30 anos decorridos do discurso de Miguel Pereira, depois de remodelações de serviços com desdobra~ento e criação de departamentos e órgãos assistenciais, a saúde dos nossos homens da lavoura, ope­rários e artífices das cidades, crianças das escolas, do povo enfim, será melhor do que naquela época, ou continua o Brasil ainda • a ser um vasto hospital?

Parece-me, diz Samuel Pessoa com jus­teza, que a realidade do~orosa e dura para

(*) Preleção realizada por ocasiilo da Ab~rhtra dos c~rHQS, em 18 de março de 1946.

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10 ANAIS DA FACUL.DADJ;; DE l\IEDIC!NA DE PôRTO ALEGRF:

todos nós é que, não obstante tudo o que se tem feito, escrito e falado, a favor ela saúde do nosso povo, a situação sanitária do país, revelada pelos índices de capacidade vi tal. ele mortalidade, nati-mortalidade e mortali­dade infantil. ele disseminação das doenças in fectuosas e parasitárias, afinal o nosso grau de saúde, não é muito me'hor elo que na época de Miguel Pereira.

Verifica-se, com efeito, que a hemoglo­bina do nosso homem rural raramente ul­trar:;assa a 70%; a malária alastra-se cicli­camente em epidemias mortíferas; as úlceras, em determinadas regiões ele natureza bsh­manióticas e em outras fagedênicas ou tropicais, são males generalizados, as ver­minoses parecem zombar de tudo o que se tem feito para combatê-Ias e assim o Ne­cator nas zonas rurais e o Ascaris e o Tri­churis nas urbanas não poupam as popula­ções.

Em certas regiões do Brasil a esquisto­somose é ele tal forma universal, que, de africana e importada, já está sendo conhe­cida como esquistosome brasileira. A zona rural de muitos Estados é assolada pela bouba que determina horríveis muti!ações e pelo tracoma, causa de enorme percen­tagem de cegueira entre os habitantes do nosso "hinterland". A tuberculose, mais disseminada nas grandes cidades industriais e do litoral, alcança entre nós índices muitas vêzes maiores do que em cidades america­nas ou européias, e a lepra, zombando ele todo o aparelhamento nosocomial contra ela erigido, derruba anualmente, só em São Paulo, quase um milheiro e meio ele novas vítimas.

Vêem os senhores, portanto, a gravidade das doenças transmissíveis no Brasil e, se nos reportarmos únicamente ao nosso meio, verão que aqui ainda gozamos de concliçôes excepcionais, até certo ponto, pois, como ve­remos mais adiante, a malária, uma das doen­ças mais generalizadas em vastas áreas de nosso território, a febre amarela que pe­riodicamente aparece em surtos epidêmicos na sua forma silvestre, a esquistosomose tão generalizada como vimos, bem como inú­meras outras doenças, tôdas de certa gra­vidade, não constituem aqui problemas sa-

nitários de tanta importância dada a sua baixa ou nenhuma incidência no conjunto de nossa população.

Veremos, também, que certas doenças in­fecto-contagiosas constituem prob'cmas de muito maior importância do que até agora pensávamos, pela falta de dados estatísticos perfeitos. É evidente a necessidade ele um maior conhecimento da nosologia local, co­operando dessa maneira com a autoridade sanitária no sentido não só do conhecimento ele um maior número de casos, como, tam­bém, para permitir sejam imediatamente postas em execução as medidas ptofiláticas indicadas para cada caso.

Dividiremos o nosso estudo em duas par­tes: a primeira versará, em linhas gerais, sôbre a interpretação da etio!ogia das doen­ças transmissíveis em épocas remotas, para chegarmos ao seu verdadeiro sentido bem como a situação da Higiene na atualidade; a segunda, constará ele considerações epi­demiológicas sôbre algumas doenças em nos­so meio, baseadas em dados que nos foram permitidos agrupar daqui e dali c que per­mitem aquilatar da sua verdadeira situação e importância.

I

Os povos que viveram nos alhores da hu­lllanidade só podiam conceber a doença, prin­cipalmente, as epidemias, como algo de so­brenatural, um demônio, que siderava desa­piedadamente os homens. Pouco a pouco, o melhor conhecimento da natureza e suas leis, permitiu in ferir a origem natural da maio­ria das doenças.

Quando a humanidade se fêz crente e for­jou as divindades, acreditou que as epickmias eram a conseqüência ela ira dos deuses, co­mo um castigo divino. No Antigo Testa­mento a doença era a expressão da cólera dos deuses, que se JXldia combater, iwica­mcnte, por meio da reforma moral, elos sacri­fícios, das súplicas. No Panteon grego, o principal deus da medicina era Apolo, deus do sol e da saúde, cujos dardos, curioso con­tra-senso, engendravam as pestes e as epide­mias, que desapareciam q11ando a divindade julga v a necessário.

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ANAIS DA FACUI.DADE DI<; MEDICINA DE PôRTO ALEGRE 11

Com Hipócrates, que viveu na época de ouro de Atenas, homem genial, que edificou a medicina interna sem mais instrumentos que sua inteligência superior e seu penetran­te~ sentidos, deixou-se de atribuir as epide­tll!as aos deuses. Dizia: "quando muitos ho­mens são atacados de uma mesma doença, na mesma época, devemos pensar que se ck~v·~ ao que aspiramos. Logo, o ar é maligno por­que contém uma secreção ela doença. Esta ~ue impregna o ar e tem a capacidade ck Infectar, é o miasma, hostil à natureza hu­mana."

Contra a concepção mística dos primitivos povos selvagens, que atribuíam as enfermi­dades a um castigo divino, Hipócrates lhes deu base científica. Diríamos que êle fêz b~ixar elo céu à terra as concepções da hi­giene.

As grandes epidemias ele peste, de varíola, e~c. <ttte assolaram periodicamente a huma­nl(lade na idade m{-xlia, ensinaram a impor­t~ncia cada vez mais predominante do contá­gio de homem a homem e elos objetos con­taminados.

Frente ao conceito elos m;asmas levanta­va-se imponente a idéia do contágio.

_A introdução da sífilis na Europa, no co­meço do sécu!o X VI, ensinou como se pro­pagava a epidemia de homem a homem pelo contágio venéreo. Tal foi a convicção do contágio da sífilis, que Girolamo Fra­r~s.toro, sábio veronês, por sua vez médico, fls1co, geólogo, astrúnomo e patúlogo, cuja fé~tna como médico ficou consagrada no mais celebre dos poemas médicos: Syphilis sivc: rnorhus Gal'icus, em seu tratado "De Con­tagionç", pela primeira vez compila a teoria do contágio.

O melhor conhecinl<'nto que se teve das doenças no século XVIII a j)rova de inocu-1 I 'J· ' a li 1:ladc de homem a homem que se con-seguiu em muitas delas (varíola, saramrn, J.>est~, .etc.), fizeram com que a teoria elo contagio se aplicasse a quase tôdas as docn­ç?s·. :Como tipo de doença miasmática, sub­Sistiu ~ ma~ária, por que não se conhecia o mecalllsmo de sua transmissão.

':;~r~ fica-se assim que desde a mais remota antrg.llldac!c a humanidade se perguntava qual a ongcm, r1ual a causa das doenças. Mas

só o descobrimento do microscópio, no co­mêço do século XVII, permitiu vislumbrar a doutrina do "contagium vivum" que saiu triunfante depois de debater-se durante dois séculos no caos, graças ao cérebro genial daquele que em vida se chamou Luiz Pastew·.

Como por encanto surge, então, a idade de ouro da higiene, no campo tão sàbiamen­te devassado por Pasteur e a legião de inves­tigadores nescida sob o calor de suas dou­trinas.

É a era da especificidade em qu.e foram sendo conhecidos os diferentes germes cau­sadores das doenças, permitindo um maior conhecimento das mesmas e a criação de meios eficazes de luta contra elas.

Foi o momento em que se deu o golpe de misericúrdia nos miasmas, da época da ge­ração sepontânca, que já havia destruído a crença da origem divina das doenças.

Com Pasteur e os que o seguiram, a hi­giene tomou bases definidas, separando-se definitivamente ela medicina curativa. En­tra, assim, em sua época moderna, que se prolonga até a primeira conflagação euro­péia, onde, com os adiantamentos científicos resultantes dessa, e o maior conhecimento da importância dos fatôres chamados indi­retos (salário insuficiente, família nume­rosa, a ignorância, a imprevisão, etc.), a higiene vive nova era distinta da anterior c que se chama de medicina social. Até ago­ra, a higiene preocupava-se somente do ho­mem do2nte, para evitar a disseminação do seu mal, seja por meios diretos ou indiretos. A medicina social preocupa-se mais com o hcmcm são, em estuclá-~o no seu meio normal ou fisiológico de vida, ou seja, a vida social. Estuda problemas outros de grande impor­tância, como por exemplo: orientação e se­leção profissional, reeducação profissional dos mutilados, cegos, surdos e mudos, regi­me dos subsídios sociais, desporto, etc. A medicina social estuda assim todos os fa­tôres de ordem médica que existem nas ques­tües sociais ( René Sanei). A medicina so­cial tende a estudar o homem em sociedade, tendo em vista o seu aperfeiçoamento e ele­vação física e espiritual.

Dessa maneira, muito se tem conseguido com as maravilhosas conquistas da medicina

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12 ANAIS DA F'ACULDADE DE MJ<miCINA DE PôRTO ALEGlUJ

preventiva e da medicina social. Assinale­mos em primeiro lugar a erradicação quase completa da febre amarela, pelo menos na sua forma urbana. As epidemias de varíola são juguladas ou prevenidas em todos os países civilizados, com a vacinação em mas­sa. A difteria começa a perder terreno des­de a introdução da anatoxina. A depuração da água, a pasteurização do leite, a vigilância sôbre alimentos e manipuladores e as vaci­nas específicas, fizeram quase por completo desaparecer as infecções tíficas e paratíficas nos países mais adiantados. A tuberculose, descoberta em tempo, desce vertica!mentc nos países que sabem e podem utilizar as armas mais modernas na luta contra êsse terrível flagelo. A malária vai sendo ven­cida com os diferentes agentes terapêuticos, associados às campanhas anticulicidianas. As doenças carenciais reduzem-se cada vez mais. Enfim, a idade do homem sobe estatistica­mente em decênios c não há doença evitável <JUC não sinta em maior ou menor grau o pêso das investigações constantes e fecundas.

Entretanto, apesar de todos os recurso:; disponíveis c as já regulares vcrhas desti­nadas à saúde pública no Brasil, muito s<.: tem a fazer para mantermos a posição qu~ conseguimos de líder da América do Sul.

Não podemos permitir que ainda em inú­meras zonas, principalmente nos centros agrí­colas, industriais ou pecuários, e até em gran­des cidades, seja o trabalho incessantemen­te perturbado pela presença de endemias lo­cais que podem e devem ser combatidas, para evitar que a doença que deveria ser a exceção ou acidente, seja, ao contrário, a generalidade.

II

Passemos agora à segunda parte ele nossa dissertação, que versará sôhre a incidência de algumas doenças no Rio Grande do Sul para mdhor avaliarmos nossas condil;tíes sanitárias e mostrarmos aos senhores, mé­dicos de amanhã, alguns dos problemas que terão de enfrentar, despertando-lhes unn consciência sanitária em prol da melhoria de vida das nossas populações, asso!adas por endemias diversas que podem ser debelada:; sem que para isso haja a necessidade exclu-

siva de técnicos especializados em saúde pú­blica. Já disse alguém, com muita justeza: "Se até há pouco se distinguia a medicina cha­mada preventiva da medicina curativa, na atualidade se tende mais e mais a não fazer esta distinção, porque com justiça se pensa que em tôda atividade médica, incluindo a cirúrgica, existe sempre algo de trabalho preventivo, quer dizer, higiênico."

FEBRE TIFóiDE:

Iniciaremos nossas notas epidemiológicas, sôbre as doenças do grupo tífico ou tifoses, por serem um dos problemas sanitários de maior importância, visto sua elevada inci­dência em nosso meio. O problema não é de hoje; há decênios nos debatemos nessa si­tuação, inferiorizados em relação à maioria dos Estados da União e de grande número d·~ cidades do nosso continente. Sempre rl!­signados esperamos providências, que clw­gam, mas ele maneira insu ficicntc, pois a en­demia tífica continua sem demonstrar ten­dências a uma diminuição.

J ú em 1 905, Baltazar de lkm, em sua Geografia Médica, chamava a atenção sôbrc a doença, trazendo interessantes co111parações com Buenos Aires c outras cidad~s, salien­tando a importância do tratamento da água, c aguardando medidas sanitárias tenden!<:s a reduzir a mortalidade da doença, o que, em parte, atua1mentc já foi conseguido.

Comparando os dados de cidarks ameri­canas c brasileiras, melhor poderemos colll­precnder. a importância da doença em no-;­w meio: as estatísticas de mortalidade, rela­tivas à cêrca ele 80 das grandes cidades aine· ricanas, apontavam em 1 910, um coeficiente de mortalidade um pouco superior a 20 por lCO 000 habitantes, mas que 20 anos mais tarde, ficava por volta de 1.5 c, mais rcccn­tcmente, <'lll 1 941, orçava apenas em 0.33. E111 I IJ42, em 93 cidades com mais de 3X milhiícs <k habitantes, no total, houve ap::­nas 95 óbitos por febre ti fóide,

Os <lados disponíveis para o Brasil, cn­g!ohando as fehrc paratifóides, são igual­mente impressionantes, mas no .;cntido opos­to. No decênio 1 932 a 1 941, as capitais brasileiras pode,u, segundo Barros Barreto,

Page 5: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

COEFICIÊNTE5 DE MORTI,\LIDADE POQ 100.000 Hbs. PEL~ FEBRE TI FOI DE EM PORTO A..LEGRE.

COEFICIEHTEl ~ ~

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14 A~AIS DA FACULDADJD DI<:: l\UJDICINA DE Pôfi'rú ALEGHE

dividir-se em 5 grupos, consoante a situação em mais ele 2/3 elo período em aprêço.

No primeiro gi·upo, com coeficientes abai­xo de 10, estão: Kiterói, São Paulo, Rio de Janeiro c Salvador.

O segundo grupo, compreende: Belo Ho­rizonte, São Luiz, Recif.é·, com os coeficien­tt·s t•ntre 10 c 25; Manaus, com êlcs entre 10 c 30 c Guiabá, com 10 e 40.

Num terceiro grupo, com coeficientes aci­ma de 15 em mais de 2/3 do período, cn­gloham-se: Belém, Maceió e Fortaleza.

O quarto grupo, com coeficientes acima de 20 em 7 ou mais anos elo período, abrange: Jcão Pessoa, Natal, Vitória c Aracaju.

No quinto grupo, estão: Pôrto Alegre c Florianópolis, nas quais os coeficientes fo­ram superiores a 25 em sete (7) dos 10 anos.

Sendo a febre tif6ide o me:hor índice para medir o grau de adiantamento sanitário de uma localidade, vemos, pelo que foi dito acima, nossa flagrante inferioridade em con­diçr3-es gerais ele saneamento.

Quanto à situação da doença em Pôrto Alegre, depreende-se elo Quadro n." 1, apre­sentando os coeficientes de mortalidade por 100 mil habitantes, no período de 1 910 a l 945, que neste largo período êles nunca baixaram de 20, encontrando-se alguns nú­meros e:cvaclos, a atestarem surtos epidêmi­cos da doença, como acontece em 1 9L3 em que atinge a 107.7 c em 1 927 atingindo 88.0. Observamos ainda tflle depois de 1 928, quan­do foi iniciado o tratamento completo da úgua (filtração rápida e cloração) h ou v~~ queda apreciável nos coeficientes, pois até então êles estavam em média na casa dos 50, baixando, para oscilar entre 21.7 e 36.0 em 1 936. É o conhecido fenômeno de Mills­Reinckc, mostrando (Jl!C uma única medida pode poupar milhares de vidas, como ocor­reu entre n6s, vielas preciosas, pois a doen­ça atinge os grupos de idade de maior valor econômico para a coletividade, atacando de preferência a mocidade e os indivíduos adul­tos jovens.

Observamos, ainda, que a partir de 1 935, a doença sofreu novo incremento em nosso meio, apesar de um mawr número de me­didas sanitárias, talvez em virtude do há­bito que se generaliza de fazer "weck-ends",

QUADRO: I

óBITOS POR FEBRE TIFóiDE E COI<JFICIEN· TE POR 100 000 HABITANTES E POR 1 000

óBITOS GERAIS, NA CIDADE IHJ POHTO ALEGRE

1 no 1911 1 912 1 913 1 914 1 D 1 ií 1 91G 1 917 1 91ll 1 fl19 1 f!20 1 921 1 922 1 n:J 1 n24 1 925 1 92G 1 927 l 928 1 929 l v:w 1 D:ll 1 932 18:-l:l 1 9:.14 1 9:J(í 1 !J:l6 1 9:!7 1 9:18 1 !J:l!J 1 940 1 941 1 !H2 1 94:! 1 944

ANOS: 1910 - 1945

106 485 111195 115 905 120 615 125 320 130 030 134 740 1:39 450 144 160 14ll 870 153 586 159 060 164 530 170 000 175 470 180 940 186 410 191 880 197 350 202 821) 20S 290 213 760 ~19 230 224 7()0 2:30 170 235 640 241 110 246 580 252 050 257 520 263 000 268 470 273 940 279 410 2S4 880 290 350

2 702 3 488 3 821 3 689 3 310 :J311 3 305 3 ll45 5 087 3 091 3 864 3 515 3 580 4 124 4 269 4 080 4 250 4 501 4 252 4 84:! 4 259 4 5ll6

63 45 81

130 75 49 67 66 93 75 78 6G 80 07

109 103 116 163 l:l:l 100

GO 64

4 572 1 55 4 17 4 I 5·1 4 22:! 11 51 4 757 71 4 834 I 87 s 236 1 62 5 t9o I 75

5 4131 56 5 109 67 5 626 88 5 689 1 9o 5 655 1 7o 5 213 I 78 5 461 66

!:i9,1 40,4 69,8

107,7 59,ll 37,6 49,7 47,3 64,5 50,3 50.7 41,4 48,6 fí7.() 62,1 56,9 62,2 88,0 ()7 ,3 49,a 2ll,8 29,9 2ã,O 24,0

25,1 29,7 21,7 25,4 :~2.7 ~2.8 25,1 27,3 22,7

23,3 12,9 21,1 :!5,2 22,6 14,7 20,2 17,1 18,2 24,2 20,1 1S,7 22,3 2:~,5

25,5 25,2 27,2 37,3 :!1,2 20,6 14,0 ta,!) 12,0 12,9 12,0 14,9 17,9 11,8 14,4 10,:! 13.1 15,6 15,8 12,3 14,9 12,0

·- ~-L-~~~---·-· __ _L ________ ---···-· ·--·-··-~~~

durante os quais grandes partes da popula­ção tlcixando suas comodidades transporta­se ao campo ou às praias, onde as condições de saneamento muito deixam a desejar, fa­zendo-se mais fácil o contágio da doença.

Em nosso meio é a doença endêmica por excelência, po1s os casos e óbitos distri-

Page 7: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE Dl'J MEDICINA DEl PORTO ALJ<JGHEJ

------------~-----= 15

buem-se regularmente pelos diferentes me­ses, com um aumento nos meses mais quentes.

Quanto aos demais municípios do Estado, vcrificámos no triênio 1 941- 1 943, que só em 11 dêles não se constataram óbitos pda doença, estando porém e~a quase sempre

QUADRO II:

""' presente com um número pequeno de ca-sos, são êles: Arroio do Meio, Erva!, Iraí, Piratiní, Santa Vitória, São José do Norte, São Vicente, Tôrres, Triunfo e Viamão. Nos de mais 76 municípios, a febre tifóide ocasionou um determinado número de óbi­tos, como podemos observar no Quadro 2,

O PROBLEMA DA FEBRE TIFôiDE NO RIO GRANDE DO SUL

:YIUNICiPIOS:

1 ·· - Alegret,e .............. . 2 - Alfredo Chaves :: -- Antôn!o Prado ....... , 4 - Arrolo G'rande ....... . r. -- Arrolo do Melo ....... . G ·-- Bagé ................. . 7 Bento Gonçalves ...... . 8 ·--- Bom Jesus ........... . 9 - Caç.-1-pava ............. .

lO - Cachoeira do Sul ..... . 11 -- Caí ................... . 12 -- Camaquã. ............. . 1 :l -- Candelárla ............ . 1 ·1 ---- Cangussú .. , .......... . l!i -- Canoas ............... . 16 --- Carazlnho ............ . 17 -- Caxias do Sul ........ . l8 - Cruz Alta do Sul ..... . l~J -- D. Pedrlto ........... . 20 - ~Jncuntado ............ . 21 - Encruzilhada do Sul .. . 22 -- l<Jrva:l ................ . 23 -- Estrêla ....... , ....... . 24 ---- Farroupilha .......... . ;5 -· Flores 1da Cunha ..... .

6 - Garibaldl ... _ ......... . ~7 -· Gal. Câmara ........ , .

2 S - Getúlio Vargas ....... .

39 - Grav'afuí ............. . ~O - Gualba ............... . .,1 -- nuapor~ 82- Uuí " .............. .

33 -· Iraí · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ? ................. ..

~4 ··-- ltaqui .. , ............. . ,,5 - Jaguarã 36 'o ............. . ~7• - .r aguar! ............... . •> -- T<Jsé nonifáci 38 . . '() ....... -. 39 - JuUo de Castllhos .... . 4o - Lajeado .............. . ~ ·-- Lagoa v.amelha ..... . .1 --.. LavraR ............... .

I 6bitvs ocorridcs

1 -------r----~ ---1

1 941 I 1 942 : 1 943

. I l

10 1 3 1 o

18 9 2 4

15 1 6 4 2 ~

10 2

15 s 5 ·i o 2 1 1 7

0' I 1 2

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10 1 4 3 o

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29 8 o 7

13 2 o 1

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12 5 :l o 2 2 1

1 3 2 1

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2 4 1 9 1 9 4 I

5

15 1 5 o o

24 7 1 1

H 2 3 1 3 o 7

12 12 22 1 2 o

10 o 6 3 o 1 3 4

2 o 1 3 1

12 1 6

14 o

1 941

5

28 12 11

42 15

1

o

18 17 21

9

2 o

17

10

15 o

10 o 4

27

5 o

o 4

Casos conhz,ci<los

1942 19H

10

2 106

5 o o

20 ! lfi 2

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9 12

6 ' 24 I

7 I

1 34

42

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1 13

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3 1., ,, 43 33 o

20 14 o

2ü 6 g

19 10 2'l

4 1

13

8

25 1 4

15 o o

13

1 o

17 1

Page 8: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

16 ANAIS DA PAClJLDADE DE: MEDICINA DE PôRTO ALEGRE

QUADRO N." 2 : -

óbitos ocorridos Casos conhecidos ------- -~- .. --·---~---------- ---·- -----··- ---T------, ---MUNICíPIOS: I I

1 941 I 1 942 I 1 943 1 941 I 1 942 I 1 943 I

I I

42 - Livramento ............ 10 I 4'' ---· Montenegro 8 i " •••••• o •••••

44 ----- Novo Hamburgo 1 I ........ 4:J - Osório o ! ................. 4G -- Palmeira .............. 7 I F' ~~ j -- Fass[} Fundo ........... 8 I 18 ---·· Pelc:as ............ ' ... 10 i 49 -- Pinheiro Machado ...... 1 I GO --- Pôr to Alegre .......... 97 I ii1 -- Piratini ............... o I ;~2 Prata 1 I - .................. ;; =-~ - Quaral 7 o ••••• o ••••••••• I

~d -- Rio Grande ............ 4 ! GG --- H lo Pardo o O o o O o o o O I O O o o I

GG - Rosário d<> S·ul 3 I ......... !)7 - ~anta Cmz do Sul .... 7 i r;s -- Santa Maria ........... 17 ! ii9 --- Santa Hosa o o o o o o o o I o o o 12 ! t;() --- Santa Vit6ria ......... o li l ----.. Santiago .............. 20 I

I

r·> Santo Ânge-lo 10 I ---~ ..........

r·• )o) Santo Antúnio ......... 1 fi4 - - São li<J.rja ............. 7 l;ii - São F' e." 1le Ass:s ...... 1 t;t; --- São F' e." de Paula ...... o t;7 --- Sii<l G11briel ........... r,

I

fi X -- São Jerônimo 11 I .......... fjl) -- Sãn .JoBé <lo ~orle (I

I .... 'i O - - Sào L:opo!do .......... fi I 71 -- São Lourenço () ' O o o I o o o o o

72 -- São Luiz nonzaga ..... r, 7:l -- São Pedro I) ............. H - São Se pé .............. 2 '{;j - São Vicente o. o o ••• o ••• o 76 - Sarandi •••••••••••• o •• 8 ~ ... I I --- Sobradinho • o •••••••••• lO 78 - S.Jledad·e • o •••••••••••• 2 I 79 - Ta,pe6 •••• o •••••••••••• o I 80 - Taquara O o o o o o O tI o o O o o O 2 I 81 - Taquarl ••••••••• o ••••• 1 I S2 - Tôrres f) •• o •••• o ••• o o. o o. : S:-1 - Triunfo O o o o o o o o O o O o o o I o I

X4 -- Tupanciretã 1 I o o o tI o O O o o o

l\5 -- Uruguaiana ••• o •••• o ••• 12 I ~~ 6 -- Vacaria ................ o I 87 - Venâncio Aires o I

o •••••••

88 - Viamã<> ................ o ! -- - --

sendo que em alguns c0mo Santa Maria, Santiago, Santo Ângelo e Uruguaiana, os ent'ficientes são muito elevados, acima de 30.

011trn f:~tn não poderíamos esperar, pois

j I I

: I I, 14 I 16 4 I 7 I 16

g I 6 9 I 11 I 15 9 8 6 I :n I 25 I

1 I ., o I ., i 2 ,, ,,

14 I 1:l I 1 - 2 8 I 4 :l I 2 1

! 11 ' l!í 18 I GH 5G I <J I 5 - I o i 14 " !l l 74 356 I ' :172 281 () I I) -- I 1 ! ()

4 I 1 o I 1 4 i p I lO 45 I 28 I 17 •> ! I 4 11 (j I 17 22 1 I 4 o I 1 ! 4 7 i 5 I 7 I 3 -7 I 12 3 I 52 110

lii 24 54 I 72 4'1 9 9 7 I 5 25 o () 1 I 1 :!

lS u l:l!í I 22fi ! IH 1'l IX (j I (j 1

2 I :1 o I :l I () : :! 1 lO I 5 2 () () :l I I I 1 1 o o I 4 ! 4

lO 21 11 I 7 r ;)f)

11 ' 4 1:l I 4 I 4

o o - I - I -lO 11 5 I Hí I 15 2 ' 2 o I !I 10 4 fi 22 I 4 I 7 () I o - I - I - ..

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() o I 1 I o o ! o - i - I --2 I :! - I - I ---r; I 1 -- I ·-- I --I 1 I 9 5 I 7 ' 11 o ! 1 - I 6 I 1!í 1 8 s I 9 I 1R ;~ 2 - I - !

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o I () o I o I o o ! () - I - I - -o I () o I 2 I r,

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17 34 I 32 I 40 1 I 1 - I o I 2 1 I 1 - I o I 2 o I o o I o I f)

i I I . - _.,._ ··-"-

apenas 26% das cidades, sedes de muntcl­pios, são abastecidas de água potável canali-7.ada e 17% são esgotadas por rrdt•s de canalizações cloacais, incompletas.

Page 9: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 17

Dessa maneira, a endemia tífica no Estado tende a aumentar, assertiva esta que é com­provada pelo número de óbitos em ascensão.

1940 423

1 941 469

1942 492

1943 551

Aquilo que não se tem gasto em obras sa­nitárias, água tratada, esgotos cloacais, luta contra môscas, etc. se perde muitas vêzes em vidas, despesas de assistência e horas de trabalho.

A campanha a empreender contra a doen­ç~ é árdua. Sanitaristas, de um lado o mé­dico, do outro o engenheiro, têm os seus encargos. :S.stes encargos, porém, entrela­çam-se de tal modo, em muitos dos proble­mas a atender, que a bem dizer é melhor pedir aos dois técnicos um trabalho em con­junto, que .lhes querer delimitar muito rigi­damente. as funções. Desta perfeita coopera­<;~~ ?o epidemiologista e do engenheiro sa­nitano, da articulação dos seus esforços, den­tro de um programa hem estabelecido, e de antemão estudado nos detalhes, é que resul­tará o sucesso que se almeja, e que se pode, de fato, conseguir.

DISENTERIAS:

. As disentcrias, entidades clínicas produ­Zidas por agentes diversos, constituem ma­les generalizados em nosso meio. • A incidência verdadeira dessas doenças não e exatamente conhecida, porque os coeficien­te~ de _mortalidade não exprimem a verda­d~Ira Situação dessas endemias, pois não só nao podemos, com os dados encontrados, es­pecificar a natureza das mesmas como tam-b' ' · em um grande número de casos são rotu-lados como outras entidades mórbidas. Ha­ja vista os óbitos em crianças menores de 2 an?s, rotulados como diarréia e gastro­entente, nos quais se praticássemos exames 1~??r~toriais constataríamos com grande fre­quen:Ia .a origem shigelósica das mesmas. p N ~o e outra a orientação da American

ubhc Health Association e das autorida­des do Ministério da Saúde da Inglaterra,

que mandam se notifiquem ou se rotulem os casos de diarréias e gastro-enterites, nas crianças, como de disenterias bacilares.

A freqüência das disenterias, quer pro­duzidas por shigelas quer pelas Entamoeba histolítica, que parecia maior nas regiões tropicais e nas que lhes ficam próximas, é acentuada em todos os climas, até no cír­culo Ártico.

A freqüência das shigeloses em países da zona temperada, é bem maior do que pri­meiramente se imaginou. Isto, em grande parte, pelo aprimoramento dos meios de diagnóstico bacteriológico, a estabelecerem a natureza bacilar de manifestações mór­bidas, que se não diriam disentéricas ao sim­ples exame clínico. Assim, por exemplo, nos Estados Unidos, ao contrário da febre tifóide, a incidência das disenterias não se tem visto reduzir. Na Europa, a mesma tendência ao aumento tem sido assinalada, sendo na Inglaterra ·bem nítido a partir de 1935.

Quanto à disenteria amebiana, vai au­mentando gradativamente a sua freqüência, sôbretudo, onde são más as condições de saneamento. Nos trópicos, porém, no sen­tir de Craig, a amebíase se acompanha de síndrome disentérica, mais freqüentemente que nas outras regiões.

Nos Estados Unidos, Faust calcula que 20% da população está atingida pela Enta­moeba histolítica ou por seus cistos. Bel­tran, em certas regiões do México, aponta a presença do parasito em 40% da po­pulação.

No Brasil, entre soldados, Y oung encon­trou mais de 27% de positividades e Dá­cio Amaral, em São Paulo, recentemente, denunciou o índice de 39%.

Em nosso Estado é relativamente alta a mortalidade pelas disenteriais, em a quase totalidade dos municípios, onde são encon­trados, às vêzes, pequenos surtos epidêll')i­cos da doença. Em ,Pôrto Alegre, os coefi­cientes de mortalidade pelas disenterias em tôdas as suas formas, tem osciladdo, cQmo podemos verificar no gráfico n.0 2, atin~n­do no ano de 1 937 a 54.7. Ainda em Pôrto

Page 10: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

18 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PôH.TO ALEGUE

Alegre, como podemos verificar nos arqui­vos do laboratório bacteriológico do De­partamento Estadual de Saúde, predomi­nam, na disenteria bacilar, as shigelas para­disenriae (grupo Flexner) numa proporção de 901J'o, sendo nas demais encontradas a shigela disenteriae e a shigela schmitz.

QUADRO N." 3 :

óBITOS POR DISENTERIAS, TôDAS AS FORMAS, E COEFICIENTES PARA 100 000 HABITANTES E POR 1000 óBITOS GEHAIS,

NA CIDADE DE PôRTO Al..EG'RE

ANOS: 1 910 - 1 945

Cll o l'l <

1 910 1911 l 912 1 913 1914 1 915 1 916 1917 1 918 1919 1920 1921 1 922 1 923 1924 1925 1926 1927 1 928 1 929 1930 1 931 1 932 1 933 1 934 1 935 1 936 1937 1 938 1 939 1 940 1 941 1 942 1943 1 944

106 485 111195 115 905 120 615 125 320 130 030 134 740 139 450

1144 160 148 870

'153 586

1

159 060 164 530 170 000 175 470 180 940 186 410 191 880

I 197 35o

1202 820

1

2ÔS 290 213 760 219 230 224 701) 230 170 235 640 241110 246 580 252 050 267 520 263 000 268 470 273 940 279 410

1 946 I 284 880 290 350

_j' ... -- -

2 702 'I 46 43.1 3 488 62 55,7 3 821 115 99,2 3 689 1 123 tot,1 3 310 I 86 68.6 3 311 64 49,2 3 305 40 30,4 a 845 1 38 21.2 5 087 I 32 22.1 3 091 I 25 16,7 3 864 I 30 19,5 3 515 11 6,9 3 580 I 19 11,5 4 124 15 8,8 4 269 24 13,6 4 080 49 27,0 4 250 39 20,9 4 501 40 20,8

I 17,(} 17,7

I 3o,a

I 33,3 10,8 19,3

I 12,1 9,7

I s,2 I 8,0

7,7 3,1 5,3 3,6 5,6

12,0

4 252 39 14.2 I 4 843 29 14,2

9,1 8,8 9,1 5,9 4,6 4 259 20 9,6

4 586 I 40 18,6 4 572 43 19,6 41741 61 27,1 4 223 63 27,3 4 757 64 27,1 4 834 I 98 40,6 5 236 1135 54,7 5 190 107 42,4 5 4131 93 36,1 5 109 48 18,2 5 626 55 20,4 5 ss9 I 33 12,o 5 655) 32 11,4 5 213 38 13,3 5 461 ' 69 23,7

I -- -------

8,7 9,4

14,6 14,9

I 13,0 I 20.2 I 25,7 I 2o,6

1

1 17,1 9,3

I 9,7 I 5,8

5,6 7,2

12,6

SARAMPO:

É o sarampo a mais comum das doenças infcctuosas, dada a sua fácil transmissihili­dacle, talvez por nenhuma outra ultrapassa­da. Mau grado às causas de êrro, que não são poucas, o método dos inquéritos em amostras de população, evidencia, melhor­mente, que, pelas notificações, há grande di fusão elo sarampo. Até os 16 anos, cêrca ele 94% dos inqueridos acusam a doença, conforme demonstram os trabalhos norte­americanos, inglêses e canadenses. Em Ni­terói, Doull, Ferreira e Parreiras, num in­quérito realizado, constataram-na nos ante­cedentes do 907o das pessoas de menos de 20 anos.

É uma doença de incidência marcada­mente maior nas primeiras idades, apesar de I){){ler atacar indivíduos de qualquer idade, conservando-se êsse característico de doença infantil porque os aclttltos, em sua quase totalidade, já estão imunizados por um ata­que anterior.

O nosso Estado, aliás como os demais da União, neste particular, mostra-se em situa­ção de inferioridade comparado a maior par­te elos países civilizados. Nestes, de fato, aponta-se diminuição sensível da mortalida­de pelo sarampo, explicável pelo reconhe­cimento elo perigo da infecção no período pré-escolar, com as precauções conseqüen­tes para evitar o contágio; efeito, também, da prática, cada vez mms difundida, ela sôro-profilaxia e do emprêgo de terapêutica eficiente ; decorrente ainda da extensão, ca­da vez maior, das medidas de proteção à infância, tornando-a mais forte e mais re­sistente.

Com relação ao nosso meio, não fugimos à regra geral: quase todo indivíduo acusa em seu passado a doença, como nós mesmos podemos comprovar no período de quase cinco ( 5) anos em que trabalhámos na Junta Médica de Inspecções de Saúde dos Funcio­nários Civis da União. Entretanto, as es­tatísticas demonstram que as notificações ela doença são mínimas, fato aliás observado em todo mundo, pois mesmo nas cidades americanas, com serviços perfeitos de hi­giene, Boyd afirma que só 50% dos casos

Page 11: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

COEF/CIÊNfE5 DE 110QT}..LIDI.\DE POR 100.000 Hbs. PELI,t5 DISENTEQ/~5 COEFICIÊNTES

f11 PORTO ~LEGRE .f OO

I • 90

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. o lllftf flUO 1911. 1914 1916 1918 1920 1'122 19U 1926 1928 1930 /9J2 19J<I 19j6 19J8 19~~ 1942 ,JQJti/14

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Page 12: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

20 ANAIS DA FACULDADE DE ;\>fEDICINA DE PôHTO ALEGHE

são conhecidos c isto mesmo em condições muito favoráveis.

Quanto à mortalidade em nosso meio, os coeficientes são muito irn~gulares, não de­monstrando exatamente a situação, visto grande número de óbitos s·~rcm rotulados como outras doenças, principalmente bron-

QUADRO N." 4:

óBITOS POR SARAMPO E COEFICIENTE PARA 100 000 HABITANTES E POR 1000

óBITOS GERAIS, NA CIDADE DE PôRTO ALEGRE

ANOS: 1910- 1945

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1 910 I 106 485 2 702 I l,S I 0,7 I 1911 I 111195 3 488 I 17.0 I 5,4 1 912 I 115 905 3 821 I 8 ü.9 I 2,0 1 913 120 615 3 689 I 2 1.6 i 0,5 1.914 I 125 320 3 310 I 1k 14,0 I 5,4 1 915 I 130 030 3 311 I 6 4,5 I 1,8 1 916 ! l:J4 740 3 305 I 1 2,9 I 1,2 1917 i 139 450 3 815 I lG i ll,O I 4,1 I I

1 918 i 144 160 5 087 I 1 0.6 I 0,1 1 919 I 148 870 3 091 I 1 0,6 I 0,3 1 920 I 153 586 3 864 I l1 7,1 I 2,7 1 921 I 159 060 3 515 I o o I o 1922 I 164 530 3 580 I 13 7,8 I 3.6 I I

1 923 I 170 000 4124 I ., ,, 1,7 I 0,7 1 92•l I 175 470 4 269 I 2'' " 15,0 I 6,5 1925 I 180 940 4 080 I ') ,, 1.6 I (},7 1 926 I 186 410 4 250 I 4 2,1 I 0,9 1927 i 191 880 4 501 I 29 15,0 I 6,4 1 928 I 197 350 4 252 I 3 1,5 ! 0,7 1 929 I 202 820 4 843 I 1 ü,1 I 0,2 1 930 I 208 290 4 259 I 2 0,!) I 0,4 1 931 I 213 760 4 586 I 67 31,0 I 14,6 I 1932 I 219 230 4 572 I 36 16,0 I 7,8 1 933 224 700 4174 I 24 10,6 5,7 1934 I 230 170 4 223 I 5 2,1 1,1 1 935 I 235 640 4 757 :32 13,0 6,7 I

1 936 I 2<11 110 4 834 I 21 8,7 4,3 I

1937 I 21!6 580 5 236 I 56 22,0 10,6 1 938 I 252 050 5190 I 2'' ,, fl,l 4,4 1 939 I 257 520 5 413 I 42 16,0 7,7 1 940 263 000 5 109 I 'l 2,6 1,3 1 941 268 470 5 616 I 1'' ,, 4,4 2,3 1 942 27:l 940 5 689 I 33 12,0 I 5,8 1 94:~ 279 410 5 655 I 23 S,2 i 4,0 1 944 284 880 5 213 I 7 2,4 I 1,3 1 945 290 350 5 461 I 30 10,3 I 5,4

_____________ L __ _t I ·-· ·-- ---~------ -----

co-pneumonia, a complicação mais freqüen­te do sarampo. Observando-se os dados ck~ mortalidade, verificamos períodos de ascen­são da curva, sendo que no último decênio tivemos 4 coeficientes maiores ele 10.

Quanto aos demais municípios do Estado, a doença apresenta-s·;: da mesma forma en­dêmica com surtos epidêmicos de pouca ex­tensão.

VAIHOLA:

Í~ talvez a varíola uma das doenças mais remotamente conheciçlas em nosso meio, pois nos albores da colonização os índios, primitivos senhores de nosso so~o, jú lhe pagavam pesado tributo em vidas. É o que se depreende de uma memória publicada em 1 687 pelo dr. Francisco Xarquc, sôbre a viela drJ célebre jesuíta Francisco Dias Tefío.

Desde essa época, portanto, a varíola vem cci fando numerosas vidas em nosso Estado, ou então deixando a marca inde­lével de sua sinistra passagem.

Desde 1 939, com as medidas tomadas quando da reorganização elos Serviços de Saúde Pública, nossa capital ficou pràtica­tncnk livre ela doença até fins de 1 944.

Observando-se o obituário de nossa ca­pital de 1 910 a 1 945, vemos que a doença ocasionou em 1 917, I I 1 óbitos equivalendo a um coeficiente ele 79.6. Depois dessa épo­ca a mortaliclade reduziu-se bastante, expli­cável pelo predomínio, cada vez mais nítido, de um tipo mais brando ele infecção.

A incidência soh forma epidêmica da doença, está condicionada, mais f[Ue qual­quer outro fator, a un1 número de .pessoas suscetíveis existentes em uma comunidade, r:or falta de proteção assegurada pela va­cinação.

Para os não imunizados, pela doença ou pela vacina, a receptividade é universal, quaisquer que sejam as condições raciais, econômicas e sociais.

Dessa maneira, por um descuido lamen­tável, viu-se o Estado, em 1 945, a braços com um surto cpidêmicó da doença, sendo conhecidos 567 casos, sendo os municípios

Page 13: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

COEF/CIÊNTE5 DE MORTI.\LID~DE POR 100. 000 Hbs. PELO 51,\RI.\MPO EM PO~TO 1,\LEGRE .

COEFICIENTES ' ' 30

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~ • v ~ _O ~ ~ I 1912 1014 /0/{, 1918 1920 19.Z2 1924 1926 1928 1930 19S2 19J4 1936 1938 1940 1942 1<144 I ~-~~~~~~~~~~~~~~~~~

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Page 14: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

22 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PóRTO ALEGRE

mais assolados: RIO GRANDE, 191; P6RTO ALEGRE, 116; e URUGUAIA­NA, 39.

VARíOLA NO ESTADO

No qüinqüênio 1 941 - 1 945:

1 941: Houve em Quaraí um pequeno surto epidêmico da doença. Em Pôrto Alegre, houve um caso em dezem­bro. Mais alguns casos verificaram­se em Bento Gonçalves, Santiago, Santa Maria, Erva!, Soledade, S. Francisco de Paula, S. Francisco de Assis, Ijuí e C. Alta.

1942: Foram confirmados apenas 8 casos: Erva!, 2; G. Vargas, Gravataí, No­vo Hamburgo, S. Cruz, Santiago c S. Sepé, 1 caso em cada município.

1 943: Foram conhecidos 38 casos, assim distribuídos: S. Leopoldo, 23 ; Caí, 5; N. Hamburgo, 4; S. Maria, 4; R. Pardo, 1 ; S. Antônio, 1.

1 944: 48 casos ao todo: B. Gonçalves, 4; Canoas, 1 ; Carazinho, 6; Caxias, 7 ; Erechim, 2 ; Monte Negro, 7 ; Novo Hamburgo, 1 ; Palmeira, 4; Rio Grande, 1; Santa Rosa, 6; S. Francisco de Paula, 5; S. Leopoldo, 2; Taquara, 2.

1 945: (ver quadro anexo).

Em sua maioria foram casos de alastrim, que determinaram em Pôrto Alegre 3 óbitos.

Sendo a varíola a doença transmissível que melhor exemplifica o alto valor das práticas imunizantes, por técnica de enor­me simplicidade, não se justifica em um país que diz civilizado o aparecimento de surtos epidêmicos da doença.

POLIOMIELITE

A doença de Heine-Medin apresenta-se no mundo moderno como um dos mais gra­ves problemas que ainda desafiam a argúcia dos higienistas.

A despeito dos esforços empregados no mundo inteiro para desvendar e encadea-

mento dos seus fatôres epidemiológicos, mui­tos pontos permanecem ainda obscuros, não sendo .possível, por isso, o emprêgo de me­didas profiláticas capazes de resolver o pro· blema higiênico de um modo completo.

A doença existe no Estado há muitos anos, não tendo sido possível, entretanto, marcar a data exata de sua penetração. Manifesta­se sob caráter esporádico, e, de quando em quando, sob a forma de pequenas epidemias.

Ela se apresenta aqui, com em tôda parte, com um característico epidemiológico que a aproxima da meningite cérebro-espinhal epi­dêmica: o número de casos na população, mesmo levando em conta as formas atípicas, é relativamente pequeno.

Outra característica da paralisia in f anti! é a sua prevalência sazonal. A doença ma­nifesta-se sob forma epidêmica durante o verão, assemelhando-se, por êsse aspecto, às doenças infecciosas do aparelho digestivo, em oposição às infecções do aparelho res­piratório, quase sempre de maior prevalên­cia durante o inverno.

No qüin{tüênio 1 938- 1 942, ocorreram no Estado 34 óbitos pela doença distribuí­dos em 16 municípios: Canoas, D. Pedrito, Getúlio Vargas, Guaporé, Lagoa Vermelha, Livramento, Monte Negro, Pelotas, Pôrto Alegre, Rio Grande, Santa Cruz, S. Borja, S. Luiz, Sobradinho, Soledade e Tapes.

No período de 1 941 a 1 944, foram con­firmados no Estado 141 casos da doença.

Nestes últimos anos, devemos ressaltar o surto epidêmico da doença em Quaraí, em 1 943, no qual foram confirmados 34 casos da doença e o surto ocorrido na entrada do presente verão em Pôrto Alegre, sendo já confirmados até 15 de maio 48 casos da doença, assim distri·buídos: 4 em novembro, 8 em dezembro, 21 em janeiro, 10 em fe­vereiro e 5 em março, distribuição feita de acôrdo com o aparecimento dos primeiros sintomas. Tendo se verificado até agora 10 óbitos, ou seja uma letalidade de 20.87o, levando-se em conta apenas os casos conhe­cidos.

A doença, grave pelos efeitos causados nos organismos tocados pelo mal, vai a pou­co e pouco constituindo um problema sani·

Page 15: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULJ)ADE DE MEDICINA DT•J PORTO ALEGRE 23

CASOS DE V ARfO LA

1945 QUADRO N.o 5:

MUNICfPIOS I .ê I ~ I

1 - Pórto Alegre .... I 2 2- Canoas .......... 1 a - 'ra!Iuarí . . . . . . . . . . 1 4 - Caxias do Sul .. . 5 -- G"aribaldl ....... . 6 - Bento Gonçalves . 7 - São Fco. de Paula 8 - LaJeado ......... . 9 - S. V. do Palmar

lO - Rio Grande .... . 11 - São Leopoldo ... . 12-- Gravata{ ........ . 13 - Triunro ........ . 14- Osório ......... . 15 - Soledade ........ . 16 - Palmeira ....... . 17 - Ere:chlm ........ . 18 - D. Pedrito ..... . 19 -- Uruguaiana ..... . 20 - Montenegro ..... . 21 - Santo Antônio .. . 22 -- V1lamão ......... . 23 -- Tapes .......... . 24 -- Erva! .......... . 25 - .Jaguarão ....... . 26 - Livramento ..... . 27 - Santo Angelo ... . 28 - Passo Fundo ... . 29 - São Lourenço .. . 30 - Pelotas ......... . 31 - Cachoei.ra do Sul. 32 - .Júlio de Castllhos. :13 -- São Jerônimo .. . 34 - Itaqul .......... . 35 - Nova Trento ... . 36 -- Venâncio Aires .. 37 - Novo Hamburgo .. 38 - Alegrete ........ . 39- Tórres .......... . 40- Bagé ........... . 41 - São S. do Caí ..

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TOTAL NO Mt!JS: ..... 1 I I

3 1 10 I 8 I 13

tário de maior importância, pois de casos esporádicos a princípio, num período de apenas 2 anos e ~. dois surtos epidêmicos

I 1 I

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I 7 I 2 I s I 26 I 8 I 1 I 3 I 38

5 1191 I 12 I 3 I 7 ! 3 I 2 I 1 i 1 I 6 I 39 i 9 ! 3 I l I 2 I 1 I 30

1 : 5 I 2

1 I 4 I 2 I 7 I 1 I 1 I 2 I 5 I 1 I 2 I 1

1 ! 2 I

3 I 2 I

1 3 2 i I

I I I I ---!--1- -1--1--

1 I I I 159 I 68 : 45 17 I 17 I 566

I i I I

já foram verificados, mostrando o maior alas­tramento do mal que alguns autores situam entre as doenças chamadas irreprimíveis.

Page 16: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

24 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PôRTO ALEGRE

CASOS E óBITOS DE PARALISIA INFANTIL, NO ESTADO DO RIO QUADRO N.• 6: GRANDE DO SUL, DESDE 1938

MUNICíPIOS

1 - Alegrete ..... . 2 - Antônio Prado. 3 - Ap. da Serra . 4 - Arroio Grande. 5-Bagé ....... .. 6 - Bento Gonçalv·es ·7- Cai ......... . 8- Canoas ...... . 9 - Carazinho ... .

10 - Ca:x;ie.s do Sul. 11 - C. Alta do Sul. 12 - D. Pedrito ••.. 13 - Encr. do Sul . 14 - EreohLm .... . 15- El'Vad ...... .. 16 - f'lores da Cunha 17 - General CàmaTa 18 - Getft.Jio Vargas. 19- Guaiba •...... 20 - GuapoTé ..... . 21- ljui ........ .. 22- Itaquf ....... . 23 - Lajeado .... .. 24 - Lagoa Vermelha 25 - Livramento .. . 26 - Montenegro .. . 27- Osório ...... .. 28 - P. das Missões 29 - Pelotas ....... 30 - POrto Alegre 31- Quaraf ....... 32 - Rio Grande .. 33 - Rosário do Sul 34 - S. Cruz do SUl 35 - Santa Maria .. 36 - Santa Rosa .. 37 -Santiago .... . 38 - São Borja ... . 39 - São F. de Assis 40 - São G'abriel .. 41 - São Leopoldo . 42 - S. L. Gonzaga. 43 - SaTandi ...... . 44 - Sobradinho .. . 45- Soledade ..... . 46- Tapes .. , .... . 47 - Tupanclret!i. .. 48 - Urugualana .. . 49' - Vacaria ..... . 50 - Veranópolls .. .

Totais anuais .

I ', 11 I I I I I I I I I 11 I I I I I 1 i l I i 2 I 1 I I I I I I I I I 2 I I I

I i l I I I 1 l 111 1 I l,l I

i I I I I I i 2 I 1 I 2 ! I I I I I I I i 1 I 1 I I I I I I 1 I 1 I I 1 I I I I I I I I I I 1 11 I I i I I I I I I I 1

1!11 I li 11 I I I 1 1 1 I l I I i I 1 I I I i 2 I I

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I l I l l I I I I i I 2 I I I I ai 31 I I I 21 1 11 I I ! I I I : I I ! 2 I I I I I 11111!1 I 111 I I I I I

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I 1 I 1 I I I 1 I I I I I

I I I I I i I I 2 l 1 l I 1 I I 1 I 1 I I 1 I I 2 i I I

2 I 1 I 16 I 4 6 I 1 I 8 I 3 3 I 2 I 2 1 1 6 I I 14 ! I I I I I I I 34 I 2 I I I I I I I 1 I 1 I I 7 I 2 I I I I I I I I I I I 1 I I

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1111 I 1111 I I 111 I 1 I I 1 ! 1 I 1 I I I ! I ! I I 1 I 1 I I ! I 1 I I I I I I I I I I 2 I I I I I I I i I I 9 I 1 I I I I I I ! I I 3 I 1 I i I I I I ! I I I 1 1 I

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I I I I I I I I I I

Page 17: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA I~ACUJ~DADE DE MEDICINA DE PôRTO ALEGRE 25

TRACOMA:

Paga o Rio Grande elo Sul pesado tributo ao tracoma, doença de evolução insidiosa c que, não raro, conduz à segueira.

No decorrer do qüinqüênio 1 941 - 1 945, foram notificados ao Departamento Esta­dual de Saúde numerosos casos ( cêrca de 1 COO por ano) que não representam, nem remotamente, a realidade dos fatos, pois em­hora tratando-se de uma doença de motifi­cação compulsória, a grande maioria dos casos verificados, por motivos vários, não são comunicados às autoridades sanitárias.

No segundo semestre de 1 945, técnicos especializados do Departamento Estadual de Saúde realizaram, em 3 zonas elo Estado, in­quéritos sistemáticos sôbre a incidência do tracoma no meio escolar que, por conter amostras de tôclas as classes sociais, melhor índice proporcionaria em relação à popula­ção geral.

Do trabalho apresentado pelo dr. Alfredo Schermann, um dos especialistas que reali­zaram o inquérito em questão, obtivemos o seguinte quadro sôbre os resultados colhidos:

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MUNICfPIOS gl'l (fj o 1'1 ~·~ ó '-' 11> -E 1'1 ~ '-' -r.., ...

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Arroio do Meio .j 362 85 23.5 Santa Rosa I 3 386 745 I 22.0 ..... r

Garlbaldl ....... 508 80 I 15.7 Lajeado ......... 995 146 I 14.8 Estréia ......... 475 69 I 14.5 Venâncio Aires .. 495 70 I 14.1 Ijuí ............. 797 57 I 7.2 Bento Gouçalves . 722 49 I 6.8

Santo Âng;elo .... 1413 96 I 6.8 Caxias do Sul 1174 61 I 5.2 ... I Cruz Alta 1609 32 I 2.9 ....... I

São Borja ....... 374 8 I 2.1 Uruguaiana ..... 810 2 0.2 I.!vramento O I O O o 1 539 o o Bagé ........... 1 045 o o Quaraf ......... , 553 o o

Sabe-se que o contágio do tracoma é emi­nentemente familiar. É sobretudo a mãe tracomatosa que em 80% dos casos se tor­na responsável pela transmissão da doença. A contagiosiclade aumenta para 85%, se ambos os pais estão atacados. Numa fa­mília tracomatosa, via de regra, apenas 15% dos filhos estarão livres da doença. A cada colegial atacado, por corresponder 2 ou, quiçá, mais casos na família.

DOENÇA DE CHAGAS:

A Tripanosomiase-cruzi foi conhecida em 1 909 depois elos memoráveis trabalhos de Carlos Chagas, em Minas Gerais, constituin­do hoje uma endemia bastante disseminada por quase todo o continente americano, onde já eram conheciddos em 1 942 mais de um milhar ele casos no homem, comprovados parasitologicamente, nos seguintes países:

Argentina . . . . . . . . . . . . . . . . . 700 Uruguai ................... 203 Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Venezuela . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Chile . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Panamá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 México . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Guatemala . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Paraguai . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 S. Salvador . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Equador • . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Perú 2

1080

No Brasil, a Divisão de Endemias do Ins­tituto Oswaldo Cruz tinha apontados, até dezembro de 1 944, cêrca de 380 casos da doença, distribuídos em 9 Estados: Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, S. Paulo, Rio Grande elo Sul e Goiás, sendo que 11% elo total ou sejam 42 casos, per­tencem ao nosso Estado.

É, portanto, uma endemia em que, a me­dida que vai sendo pesquisada sistemàtica­mente com pessoal competente e meios apro­priados, os casos humanos vão sendo encon­trados as centenas, e o problema aparece sob gravidade antes não 'mspeitada. É o

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26 A::-<AIS DA I•'A~UL.DADI:: DI:: l\II<:DICINA DI:: PôH'I'O ALI::GIUJ

l

que aconteceu na Argentina e no Uruguai onde até poucos anos a doença era desconhe­cida. Depois dos estudos de Mazza e Ta­lice, mais de um milhar de casos já foram encontrados.

O primeiro caso humano da doença no Estado foi conhecido em 1 939, quando Ugon e Talice de Montevidéo encontraram o Tripattozoma cruzi em um doente brasi­leiro que vivia no município de Santana elo Livramento.

Em agôsto de 1 940, em Ramada, 2." dis­trito de Santa Maria, foi conhecido o se-

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gundo caso da doença, em uma criança com menos de 2 anos de idade, caso êste que serviu para alertar nossas autoridades sani­tárias, determinando apurado estudo epide­miológico por parte do Departamento Esta­dual de Saúde, que encontrou outros casos agudos e crônicos da doença.

Entretanto, o conhecimento da existên­cia de triatomídeos transmissores em nosso meio, data de 1 911, (!ttando o dr. Alcides da Nova Gomes apanhou exemplares vivos de Eutriatoma rubrovária na cidade de Pe­lotas. Posteriormente, outros médicos e pes-

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ANAIS DA I<'ACULDADE DE MEDICINA DE PôRTO ALEGHE 27

quisadores consequiram demonstrar a exis­tência de pelo menos 5 espécies transmisso­ras, das quais o Triatoma infestans é a mais importante, infestadas pelas fórmas evolu­tivas de Tripanosoma cruzi.

Gastão de Oliveira, em 1 920, demonstrou a existência de Triatoma infestans, parasi­tados, em 20 municípios do Estado.

Pelos estudos realizados por Gastã.o de Oliveira, César Pinto, Vieira da Cunha, Al­varo José Pinho Simões e Antônio Augus­to Tupinambá, êstes dois últimos do Ser­viço Especial de Grandes Endemias do Ins­tituto Oswaldo Cruz, constatou-se a existên­cia de transmissores infestados em 37 mu­nicípios do Estado.

Dessa maneira, já é a endemia bastante generalizada em nosso tf1eio, tendo um as­pecto epidemiológico característico: ser ti­picamente das zonas rurais, de população pobre, vivendo em casas toscas, que propi­ciam abrigo para os triatomídeoii, dificultan­do em muito o reconhecimento exato da in­cidência da doença e sua profilaxia.

HIDATIDOSE:

A situação geográfica do Rio Grande do Sul e o intercâmbio intenso com o Uruguai e a Argentina, onde a hidatidose é muito difundida, tanto no gado como no homem, explicam a razão .porque é o nosso Estado que apresenta em todo o país o maior nú­mero de doentes <le cisto-hidático.

Já em 1 918, Hugo Brusque, em sua tese de doutoramento, nesta Faculdade, fazia re­ferências a 82 casos de hidatidose humana, sendo 31 dêles operados em Pe!otas.

Os últimos trabalhos do dr. Mario Me­neghetti, realizados no Departamento Esta­dual de Saúde, consignam até fins de 1 944 o número de 497 doentes operados de cisto hidático nos hospitais de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

Pelotas, Piratini, Santa Vitória do Pal­mar, Bagé, e Rio Grande são as cidades que figuram com maior número de casos.

A cifra acima não corresponde ao verda­deiro número de casos ocorridos no Estado,

já que muitos doentes não são hospitaliza­dos, outros existem sem diagnóstico e outros enfim sucumbem sem assistência médica.

O alto grau de infestação dos bovinos, suínos e ovinos, no Estado, a ignorância do nosso homem do campo e seu íntimo con­vívio com o cão, representam condições que aconselham a organização imediata da pro­filaxia integral da hidatidose. Se assim não se proceder, o Rio Grande do Sul, já con­siderado o maior foco dessa par"asítose no Brasil, poderá converter-se em um dos maio­res do mundo.

As cidades do Estado que figuram com o maior número de doentes operados são as seguintes:

Pelotas Piratlni Santa Vitól.'ia do Palmar ... . Bagé ..................... . Rio Grande ............... . Jaguariio ................. . D. Pedrlto ................ . Erv\a.l •.•.................. Pinheiro Machado ......... . Cangussú ••..............•. Urugualana ............... . Livramento ............... . Arroio Grande ............ . Carchoeira do Sul .......... .

MALARIA

136 31 30

27 26 25 24 21 20 18 16 15 14 11

É das doenças êndemo-epidêmicas a mais grave pela maior soma de prejuízos que acar­reta, impedindo o desenvolvimento econômi­co das regiões onde grassa, perturbando a cultura dos campos, detendo a fôrça criado­ra das indústrias, anulando, em suma, tôdas as atividades fecundas.

É doença social por excelência, porque afeta diretamente a principal fôrça social que é o trabalho.

Atinge às populações em massa, não dis­tinguindo classes nem raças, não escolhen­do climas ou latitudes. Não se limita a ferir os indivíduos, mas desorganiza ou devasta os elementos vitais que o cercam.

Page 20: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

28 ANAIS DA F'ACULDADE DE MI~DICINA ng PôRTO ALEGRF:

Pelo menos 35% da população do globrJ sofre seus malefícios, representando isto cêrca de 700 (X)() 000 de indivíduos clornte~, segundo estimativa de alguns autores.

A mortalidade média calculada no num­do é ele 7 milhões ele indivíduos por ano, e isto, por ser uma doença de baixa leta­lidade, o que equivale a 20 mil óbitos por dia; 830 por hora; 15 aproximadamente por minuto.

r No Brasil é doença largamente dissemi­nada, superando no obituário, em certas capitais do norte, a própria tuberculose, o problema n.0 1 brasileiro.

Representando um problema sanitário de tanta importância para o Brasil, onde Souza Pinto numa estimativa geral calcula 8 mi­lhões de indivíduos doentes, é a doença no nosso meio um problema secundário, mais de vigilância elos focos de Santa Catarina e Argentina, para evitar a sua penetração e extensão, já que são encontradas condi­ções propícias para o seu desenvolvimento em nosso meio.

O momento exato ele penetração da doen­ça em nosso Estado não podemos precisar, entretanto encontramos algumas referências à doença no trabalho de Baltazar de B{~rn, em que são citados casos em 1 877 em Uru­guaiana, em 1 894 em São Borja e São Ga­briel, bem como casos isolados, principal­mente importadC3s, em diversos outros mu­nicípios, casos êstes, entretanto, que não me­recem fé absoluta, dado o exagêro da época em considerar qualquer estado fehril como um acesso de malária.

Em 1 918, em Tôrres, às margem do Mampituba e ao pé da serra, Basil Sefton verificou a existência de malária de forma

benigna em moradores daquela rcg~ao limí­trofe cem Santa Catarina, foco endêmico ela doença. Na mesma época, Pereira Filho observou o plasmodium vivax num indiví­duo vindo de Tôrres.

Em 1 928 e 1 929, Raul Di Primio verifi­cou, em Tôrres e Osório, casos autóctones de malária, todos causados pelo plastnodium mvax.

Entretanto, como afirma Leônidas Ma­chado, a malária não era desconhecida em outros municípios, pelos casos importados quer por estrangeiros ou nacionais vindos ele outros Estados.

Em 1 939, foi. encontrado pela 1." vez pelo clr. Custódio Vieira da Cunha o j;las­nwdimn falciparmn tanto em doentes ck Osório como de 'II<.)rres.

Em 1 940, foi verificado um caso de ma­lária não importado em Santa Rosa. No mesmo ano foram positivaclos 56 casos ela doença em Osório e 82 em Tôrres ou se­jam 138 casos positivos, contra 360 em 1 939.

Em 1 941, a doença foi encontrada em outros municípios: Lajeado, Iraí, São Bor­ja, Alegrete c Uruguaiana.

De 1 942 para cá inúmeros casos têm sido confirmados nas localidades dos municípios ele Osório e Tôrres, principalmente n'~stc último, no qual, só em 1 945, foram positi­vados 2 508 casos de malária e apenas 35 em Osório.

Dos estudos entomológkos que têm sido realizados pelo Serviço Nacional de Malá­ria, em nosso Estado, depreende-se qu~ a!; espécies com maior responsabilidade na di­fusão da malária, pertencem ao subgêncro Kerteszia, as quais têm criadouro na água retida nas bromeliáceas.

Page 21: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PôR'l'O ALEGRE 29 --------------------------------------------------------------------· QUADRO N.o 7:

SERVIÇO NACIONAL DE MALÁRIA

SETOR - Rio Grande do Sul ----------------------------------. --------------~---····------------

EVOLUÇÃO DA MALARTA NA ÁREA SOB CONTR6LE DESDE A

INSTALAÇÃO DOS SERVIÇOS

LOCALIDADES

Serlc do Setor Tôrres

Cnlônia São Pedro

ANOS

1 942

1944

1 945

1 942

l 91:1

19H

1 945

I Total de ·Ca-

l so~ de ~~lá­na com:.!r­mados .pelo

[ laboratório j

21

38

281

:J4G

146

312

639

Mês üe maior inci­Jência de malária

Abril- 6

Março - 21

Maio - 48

Abril - 140

:'viaio- 90

Março - 62

Ahril - 82

Dezembro -- 90

OBSEHVAÇõES

---------------------------------.-----------------;---------------1942 317 Maio- 115

73 Maio - 50

Pirataba 1914 432 Março - 88

1 945 710 Fevereiro - 200

--·-----~--··--·--·--· --------··---

1 942 21ti Novembro -· 1:32

1 !!<13 Jm~siro - !:!51

Morro Azul 1 944 273 Maio- 100

1 945 Fevereiro - 90

Page 22: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

3(} k'l'AIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PôRTO ALEGRE

QUADRO N.0 7 (oont.)

-j Tote.l de ca-sos de malá- Mês de maior inei-

LOCALIDADES ANOS ria confiir- <lência de malária OBSERVAÇõES mados .pelo laborató-rio

-

1942 I 653 Janeiro - 106

1 943 308 Agô.sto - 72

Guananazes 1944 162 Março- 77

1 945 86 Dez,embro - 19

----- ----------- ,......._ - .. ·----· I

l 942 o o

1 943 386 Junho - 277 Passo do

Sertão 1 944 1 832 Março- 393

1 945 1 639 Abr!l - 361

--·---------·

1942 o o

1943 596 Junho - 363

Sombrio 1 944 1 641 Fevereiro - 360

1 945 1 019 Março - 222

1942 o o

1 943 413 Maio - 206

Praia Grande 1 944 870 Setembro - 140

1 945 782 Fevereiro - 137

Page 23: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PõRTO ALEGRE 31

QUADRO N." 7 (cont.)

LOCALIDADES ANOS

1 942

1 943

Jacinto Machado 1 944

1 945

i Total de ca- i I sos de malâ- · · Môs de maior inci-

ria coni.lr­mados pelo laboratório

dência de malâria

o o

300 Julho - 67

781 Abril - 144

949 Junho - 142

OBSERVAÇõES

-----·"·-~--· --------~--··-------------------·---~ ~------ ·-----~--------

Osório

Itatl

Sanga I<'unrla

Maq!Linó

1942

1 943

1 944

1 945

1 942

1 943

1944

1 945

349

166

21

8

Outubro- 80

Abril - 71

Maio- 6

Junho- 2 Trabalhos encerrados

em Setembro

12 --r- -~ .... : =-.- -----------------8 Setembro - 4

1

17 I Agôsto- 1

Junho- 5 Trabalhos encerrados

em Setembro

- ------- ------------ _! _______________ ----------------·--------

1 942 41

1 943 60

1944 o

1 945 10

1 942 421

1 943 43

1944 27

1 945

Novembro - 19

Julho- 35

o

Março e Maio-

Abril - 129

Abr!l - 43

Maio- 22

3 Trabalhos encerrados

em Setembro

Somente pequena hidrografia

Page 24: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

32 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DI<J PôRTO ALEGRE

QUADRO N." 8:

SERVIÇO NACIONAL DE MALARIA

SETOR - Hio Grande do Sul

ENTOMOLOGIA

fndlce Larvárlo I ~;~~.:21g1~~s ~~s::~~~~·ad~= I Ee.péc!os ~;Jmícil:iares I ------ -- ---- - -- -- --- ll _____ l --

; I I I ! I . ~: I ! ~ l ~ --~

I ·;;; .;; I "' ~ I ! ~ ·a~~~~~.~~~ ·~ I -~s·~~;z:c~o~~ ~·~ ~ ~ ~ ~ "" ;: ·s, i ~ ~ • ; I I ~ :õ ·~ 3 ~ - ~ ~ ~, ::> ~,c .;. ..... ~ ~ o Q) o <lJ

E o:l

Se(le •jo Setor I~ '< ; (; 5 ~I ~ 111 i ~: ~ < ~ 1 li' i i ~I ~ ~ -:; -r. I -r. r ~ ~ -:; ~i ~ ~ "1j •

--T-OR_R_E_S-~~+--';i-,i-+l~-~~~~--~-~-~ ~i ---~-~---------·-~~~~~f--

LOCALIDADES! i I

Col~aroSão -;T~I-=FI,+I+Trl+l]--~-~ F~---r-~ ~~:~ Pirate.ba + I I + / + + + I+ I j + 10 I 90 I I Março

I i I I I I I I (19,13) : I I I I I I I I I I

Morro Azul + I' I + I + I + + I + I + I + I I I

I I I I I I I i' I I I I Gouananazes '+I I+ I+ I+ I+ + + 100 I I j' I

I I I I I I I 11 I I I

I I ! ! I I I I I I I Passo do + /' i+ I+ +l1 +I+ I+ I +j I 1100 I I Sertão I I I I I I I I I l

Março ( 16,51)

Dezembro ( 4,28)

Novembro (5,87)

Janeiro (2,54)

Novembro (2,46)

Janei-ro (1,26)

Junho (0,42)

J·ulho (0 56)

Page 25: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA l!'Ar!ULDADE bE 1\H<,biCINA DE PóRTÓ ALEÓRE 33

QUADRO N." 8 (eont.)

r_,~r~-~ ~,rn A D.l•JS I I

Snmhrlo +

Praia Oran(IP· -I

.I aei n to Maduulo

O:;(lt io

I Hat.l I+

!

i San1;a Funda !+I I I ' I

Maqniné I i

Lista tias I•Jspécics de Allo.f,elfneos Encontrados

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I i I I I I I

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I 1 ; \ I I 2f( r..J,s r.71142 s-11 + +I++ I+ I+ I+ i I '···•lt•• ,.J I ' ;)i

I I I I I I I I ! I i+l+ .+1 I 1+1 I I I I I I I I I I I I I I I I I i I I I I I I ! I +1+1+ I 1+1 I I I ' I I I I ! I I I I ! I I I I I I I I I I 1

I + I+ I +i I I+ I -h I 1100 I I I I I I ! I I I I I

I I I I I I I I I I . I I 1, I l I I I I I I

índice Larvário

I

I

I I

I I

o s

I I ·;;; •ol

~

Q) o <I> 'Q E 'Q

lfl :§ 00 <Q) •OJ

~ ~ ~

- - ·------------- -------~-~----~-~---I I I I Abril Agôsto I I ( 4,44) ( 1,40)

I I I I Setemhro Fevereiro I I ( 15,24) (2,30)

I I I I Setemhro Fevereiro I I (7,76) (0,56)

I I I I Março Julho I I (9,63) (2,31) I I I I Março Julho I I (9,36) (0,53)

I I I I Fevereiro Julho I I (18,42) (6,56) I I I I I I - ----- -- ~- --------------------

Page 26: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

34 ANAIS DA FACULDADE DE .MP~DICINA DE POH'l'O ALEGim

QUADRO N.0 9 :

SERVIÇO NACIONAL DE MALARIA

SETOR - Rio Grande do Sul

--------------

Sede do Setor

Tõrres

ENTOMOLOGIA

TIPOS DOS FOCOS DAS ESPÉCIES VECTORAS E SUA

DISTRIBUIÇÃO NA AREA TRABALHADA

FOCOS DAS ESPÉCIES VECTOHAS

I I

DISTRIBUIÇÃO NA MtEA TRABALHADA DOS FOCOS DAS ESPftCIES VECTORAS

(juntar croquis ou mapas redur.ldo"i se ,possível).

-----------,--------~--- ---I

Do subgê­nero

Kerteszla

Do subgê­nero Nys­

sorhynchus

De outros subgêneros

----:-----·----------------

Bromélias Depressão, vala, lagoa

e brejo.

Do subgênero Kerteszla

Do suhgênero NyHsorhynchus

De outros suhg,'rwros

-----------''-----·---------- -

Grande quantidadelos focos ne•Bta d-1 de bromeliáceas na dade estão na sua parte oeste da ci· totalitdade na lagoa dade {Jnde o Ser- da clchule e parte vir;o rnantt>m uma baixa ( Honda). turma de destrui-

ção.

LOCALIDADES

Colônia São Pedro Bromélias

Depre::>são, br.ejo, cór­

rego, e vala.

Plrataba Deprco.1osão,

Bromélias vala, brejo e escavação de olaria.

Bastante hr(Jmeliá- li' oco~ n·u mcros<Js ceas na úroa traba· nos brejos a l!!.~tf~

lhada e seus arre· da vlla. dores.

I --------------" -----

1

Grande quantidade Bastantes focos d.e bromeliácea;~ por tôda 'Vila e

por tl}da área tra- suas atljacl}nclas. balhadn.

Page 27: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICI.NA DE PôRTO ALEGRE 35

QUADRO N." 9 (cont.)

FOCOS DAS ESPÉCIES DISTRIBUIÇÃO NA ÃREA TRABALHADA DOS FOCOS DAS ESPÉCIES VECTORAS

(juntar croquis ou mapas reduzidos L OCALI-

DADES

-

I M orro Azul

j.

Ouananazesl

I

Passo do Sertão

Do subgê-nero

Kerteszi.a

Bromélias

Bromélias

Bromélias

----~---

Sombrio I Bromélias

_I __ _ Praia

Grande

Jacinto Machado

----

Brom é lias

Brom é lias

--

I

VECTORAS

Do su~ê-nero Nys-sorhyrrchus

Córrego, I brejo e pegada.

Deproosão, I córrego es­·cavação .de

I olaria, <Vala, poço e brejo.

Depree.são, vala e

córrego.

De.pressão, .córrego e

br&jo.

Córrego, brejo e

depreooão.

Depressão, brejo e

vala.

---

se ,possivel).

I De outros Do subgênero Do subgênero l De outros

subgêneros Kerteszia Nyssor.hynchus subgênero.s

Bromeliáceas em !Focos ld1sa.eminados tôda área. A ·parte por tôda ár-ea já de,stru~da .pelo trabalhada. I Serviço. l

Bromeliáceas por I tôda 'Vila em re-I guiar quantidade.

Distribuem-se os focos por tôda

vila.

- --BromeliáceaJS nos I . ---·--arredores da 'área IPo~cos focos d:Istrl-trabalhada em re- bmdos ·pelo. área I guiar quantidade. I trabalhada. I ____ ,

Grande quantidadeiFocos em tôda vila de bromeliáceas tid d

tôd 11 em quan a e em a v a e r d "d I s.eus arredores. · e uzi a. I

Grande quantidade Focos em regular de bromeliáceas na quan'tidaKle desse-

vila e seus minados .por tôda arredores. ár.ea trabalhada.

Na ,parte norte e Os foco.s distri-oeste da vila existe1 buem-se por tôda regular quantidade vila em pequena

de bromeliáceas. 'quantidade.

-- -----

Page 28: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

36 ANAIS DA FACULDADE D:BJ MEDICINA DE PôRTÜ ALEGRFJ

QUADRO N.• 9 (cont.)

LOCALI-

DADES

FOCOS DAS ESPÉCIES VECTORAS

---

DISTRIBUIÇÃO NA ÁREA TRABALHADA DOS FOCOS DAS ESPÉCIE:S VECTORAS

(juntar croquis ou mapa.'! reduzid08 se •possível).

------------ ------ ------·- ---------·------- -------· -- --

subgê- Do subgê-De outros I Do subgênero Do subgênero De outros nero nero Nys-

Do

Ke rteszia

Osório Br omélias

···-·--··- -----

Itatl Bromélias

sarhync:hus

Depressão, vala, brejo, córrego, po-

pegadas. ço, tanquo 'I ------

Depressão, brejo e córrego.

Depressão, Sanga Funda Bromélias eórrego e

h rejo,

suhgêneros I

---- ·- -- ---------

Kerteszia Nyssorhynchus

-

I<Jxistiam bromélias >Jnoontc"n., f~J na parte norte da cidade, as quais em tôtla área tra-'

foram destruídas. baihadu.

-- -- - ---·--···-·· --·-

Bromeliáceas disse- I minadas pQr tô<la • vlla •pequeno núme- Focos ('m numero ro, havendo mais •·egulat· nm; arr(~-nas proximidades dores ela vila.

do l'lo.

-- -· -------~------· -···---·-

Encontrem-se bro- I rnelláceas em gran- Encontram-se focrs 1 de número na .par- por t~da vila e~ re-,

te sul da vila. guiar -quantidade.

I ------------- . ~- - - -~- [,,,m b::éiiJ::,,~,:Inadoo Depressão, em tôda área tra-1por tôda vila, po-

Broméllas vala, brejo ba!.hada, J)()l'ém em rém em númem •C córrego. n(tmero reduzido. muito reduzido.

Maquiné

subgêucros

-

-==~==~=~~~=~==-----·····--····-~---;;;.;.;···-·,;,.,;;o,-==--····----·-··--·-··--------

Page 29: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PôRTO ALEGRE

DISTRIBUIÇÃO GEOGRAFICA DA MALARIA ANO DE 1945

SETOR: RIO GRANDE DO SUL

MUNICfPIOS LOCALIDADES LOCALIZAÇÃO

Araranguâ, Sta. Catarina Sümbrio I 1 Bacia do Rio I Mampit·uba

" "

"

....... •,• ...... .

0 0 0 0 0 0 0 o 0 o O I O o o o o O O o o o O o o o o O I I O 0 O O 0

0 0 O 0 0 0 0 O O o O O o o O O o O O o o O O O O I o O o O 0° 0 0 0

......... ' ........................ .

...................................

... ' .............. ' ............... .

................................... 0 O 0 O 0 o o o o I o o o o o 0 0 o O O O O O I O o O I O o o O tO 0

••••••• o •• o o •••••••••••••••••••••••

. ' ................................ . 0 0 O o O O O o o o o o 0 0 O 0 0 o o o o o o o o O O o O o O O O O 0

•••••••••••••••••••••••••••••• o ••••

o O O o o O 0 0 o I 0 O O o I I O o O o o O O O o o O 0 O o o o o o O

O o O O o I O O o o o o 0 o o o 0 o o O O o o O O O o o 0 0 0 O 0 O O

••••••••••• ' ••••••• o •••••••••••••••

o o O 0 O O O O O O O O O o O o I O O O O. O O O O O O O o O o O O o

'• o'''' o' o'' o o o o o o o o I o o o o o o o o o o o o o o

................................... ..................................

o O o O o O O O O o O O 0 O I O o O O o o o o O o o O o o o o O o O o

...................................

...................................

...................................

................................... o o o O O I O o O O O O O o o o o O O O O O O O O O o o o o o o I O O

.................................. ~

... ~ ............. ~ ................. .

...................................

........ ~ ......................... .

...................................

...................................

Passo do Sertão Praia Grande Santa Rosa Tenente Cachoeira Dois Irmãos Timbopéoo Guarita Peróba PasEo Magn us Espigão Geral Vila Vel·ha Sanga da Madeira Pirão Frio Alegrete Vista Alegr.e Chanchas ·Pardas Sanga da Areia Jacinto Machado Ermo Serra da Pedra Sanga da Toca Pinheirinho Alto Pinheir!nho Baixo Turvo Itatl Serra da Bananeira Três Pinheiros Encruzilhada Sanga Funda Cornélios RabiCho Ressaco Maquiné Marquês do Herval Morro Alto Aguapés· Plnguela Osório Laranjeira P'rainha Tôrres Morro Azul Plrataba C os tão Morro do Forno Colônia São Pedro Barro Cortado Pôrto Gueneiro Três Cachoeiras Lageadlnho Chrupéu Chimarrão Pôrto Alaglo Costa de Dentro Guananases

Bacia 'do Rio Araranguá

Zona Lacustre

Zona Lacustre

Bacia do Rio Mampltuba

Zona Lacustre

37

Page 30: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

38 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PôRTO AL EGRE

, 5ERVI~O NACIONAL Df MALAQIA

SETOR : RIO GRANDE DO SUL ' EXAMES DE SANGUE - ESPECIES PARASITARIAS

1945

lm . P. VIVA'/. 5.167 75,2'o 25,6% 1,2%

~ - P. ~ALCIPARUM 1. 622 •- I. MIXTA 8S

Gráfico n.0 4

ESPIROQUETOSE íCTERO-HEMORRAGICA

Durante a enchente ocorrida em abril c maio de 1 941, a maior de que há memória na capital do Estado, a cidade foi surpreen­dida por um surto epidêmico de espiroque­tose íctero-hemorrágica (doença de Weil), doença de rara observação em surtos epi­dêmicos na América elo Sul, despertando, por isso, grande interêsse científico, dando margem a um estudo apurado da mesma, realizado pelos técnicos do Departamento Estadual de Saúde.

O momento era propiCIO à eclosão de doenças epidêmicas, devido ao profundo de­sequilíbrio na vida social onde dezenas de milhares de pessoas foram obrigadas a aban­donar seus lares, invadidos pela água ela cnchurracla c instaladas em abrigos ele emer­gência.

Número ele notificações de cspiroque-tosc rcccbi ch~ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ú7

Casos considerados uegati vos . . . . . . . 22

Casos considerados ;1ositivos c'inica-mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4~

Page 31: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 39

·· --· Aspeto da destruição de gravatás

Casos considerados positivos laboralo-rialmente ............. · · · · · · · · · ·

Casos positivos elo sexo masculino Casos positivos elo sexo feminino ... Casos positivos de côr branca . . . . .. Casos positivos de côr parda ...... · · Casos positivos de côr preta ....... . Casos positivos de brasileiros Casos positivos de estrangeiros ..... .

Turma de destruição de gravatás em atividade

17 43 2

40 2 3

-10 5

Casos positivos de operários . . . . . . . . 23 Casos positivos de comerciários . . . . . 10 Casos positivos de escolares . . . . . . . . 4 Casos positivos de funcionários pú-

blicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Casos positivos de donas de casa . . . . 1 Casos positivos de músicos . . . . . . . . . . 1 Casos positivos de empregados em

transportes . . .. ... .. .... . . .. . .. . Casos positivos que tiveram contato di-

reto com a água da enchente . . . . . . 37 Casos positivos, cujo contato com a água

da enchente não foi apurado . . . . . 5 Casos positivos, óbitos . . . . . . . . . . . . . 5

Destruição de gravatás na Colônia São Pedro

IDADE DOS CASOS POSITIVOS:

De o a 5 anos ... • o o ••••••••••••

De 6 a lO ........... o ••••••

De 11 a 20 " •••••••••••••• o o ••

De 21 a 30 " . . .. . . . . . • •• o o • • ••

De 31 a 40 " •••••••••••• o . .... De 41 a 50 " • o. o •••• o ••••• . . . . De 51 a úO ••• o o •• o • • o . o •••• •

De 61 a 70 • o o ••••• o •••• o o ••

De 71 a 80 " •••• o ••• • o o •••••••

2 3 5 9 8

10 5 2 1

Nessas condições, mau grado o intenso serviço realizado pelas nossas autoridades sanitárias, no dia 19 de maio, duas semanas depois do dia de altura máxima das águas e dez dias depois da data em que se iniciou o declínio, foi notificado pelo professor Ba­sil Scfton o primeiro caso suspeito, o qual, tempos antes, por mais de uma vez, no li fi­cara casos esporádicos de leptospirose. De­pois dêsse primeiro caso, outros foram sen­do no ti ficados e que determinaram severas

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40 _______ A_N_AI_S_D __ A_F_•A_C_'ULDADE DE MEDlCil\'A DE l'ÕHTO AI,EG1U<:

E!;pécic de Bromeliacca podendo conter até 5 litros de água

medidas por parte das nossas autoridades sanititrias, que puderam controlar c debelar o surto epidêmico.

Foram ao tudo confirmados -~5 casrJs da doença, tendo havicl0 4 óbitos, ou seja uma lctalidade ele 8.8%.

O maior núm~ro de incli víduo;, atingid11~, pertencia ao sexo masculino ( 43 casos) 1110-ranclo, a grande maioria, na zona inundada, acusando cont<J.to direto ou indireto com a água ela enchente ( 40 casos), mostrando, dessa m;Jncira, a origem hídrica ela cpitkmia.

O relato dêslc surto epidêmico serve para demonstrar a po~sibilidadc de ser o Estadll assolado por surtos epidêmicos de doenças novas ou que, esporàdicamcntc, aparecem, bastando, !;ara isso, condições propícias às n1~smas.

ESQUISTOSOl\IOSE

.A. esqui losomose foi conhçcida p:· la pri­meira vez no Brasil, em 1 908 por Pirajá da Silva, que a c~assificou como fr~qücnt ~ na Bahia.

Depois dêste estudo, hem como os de 1\dol f o Lutz e outros pesquisadores brasilei­ros, Heraldo Maciel em 1 930 chamou a aten­ção sôbre a larga disseminação da doença no país, dizendo ser um dos maiores f ocos endêmicos da csquístosomo:;e no mundo de­vido a grande extensão dos focos, principal­mente os do nordeste.

Atua~mente é tamanha a disseminação da doença que, infelizmente para nós, de afri­cana e importada, já está sendo conheci<h como esquistosomose brasileira. De falo, até 1 940 já eram conhecidos casos autóctones

em quase todos os Estado~ ti<t União, com cxclw:ão do l~io Grande do Sul.

O cx'tme sistemático tk: amostras de fí­gado. colhidas J;Or visc2rotom~a pelo ServiçrJ N2.cional de Febre /\mareia, m c.strava já em 1 937 resultados positivos do Acre a Santa Catarina, mais elevados os pcrc,:ntuais rk positiviclaclc em Nagms (18<}'o), Scrgip:.: (1 <1%). Pcmambuco (13.5%), Bahia c l\lat(J Grosso (55-'a). Minas Gerais (4%), ~cwJq que para um total ele 116 900 amostras exa­minadas 5 397 evidenciaram o Schistosoma ( 4.6% ).

Em Fernambuco mais imprcss:onante ain­da é a veri ficaçfLO da Cadeira de /\natomi·t l'ato!úgica da Faculdade de l\l cdicina ck .Reei fc: em 2 O 14 autópsias ( 11a sua nnioria ele indivíduos ele J~<· ci fe) 33.7% C!Jilsignam '' par a si tose.

No último rclalúrio de U·tri'rJS H;u r·:t ,, relativo ao ano de 1 911, collslata-:;r Clll

Calendc, em Pernambuco, owk o I )qnrla-

<11 avatrL porlcnrlo conl<•r atr• 7 litro~ c r,oo gramas tlc água

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A:-.IAIS DA FACULD."DJ•; DL•; )!J.<.:DlCINA DE PôR'l'O '\LEGHE 41

mento N acionai ele Saúde mantém um pôs to experimental de combate à doença, uma in­cidência de 54.7% na população.

De~sa maneira, bem se pode avaliar a im· rortâncía dessa endemia, que agora já atin­giu o nosso Estado.

{.; uma do~orosa verdade, qu2 se diz pch prinF~ira vez, baseada em documcnt'J oficial ror nós recebido, c que já tínhamos co:Js­tatado quando em fevereiro do ano passado visitúmos o Serviço de Histopatologia do s~rviço de Febre Amarela.

l'clos dados que recebemos, constatamos qnc em 1 944 em 124 amostras ck fígado un condi(;rícs de exame, retiradas p:'los pos­tos de vise<·rotomia distribuídos no Estado, 7 espécimens mm;travam lesões de esquisto­somose, o que significa uma incidência, srJ­hrc aquêle total, de 5.64%. São as seguin­tes as localidade em que foram assimdados os <:<1sos: Tilrres -- 2; Iraí -- 1; l'ôrto Xavier-- I; São Borja- l; São Luiz Gon­zaga - I ; Tuparendí - 1.

Em I 945 o total de fígado úteis ·exami­nados fni de 125. Para êstc total se adw­ram 3 fígados crm1 lesões de csquistosomosc, o que representa uma incidência (!e 2.40%,. nsses (rês casos são das localidades s·eguin­tcs: Giruá --- 1 ; São Luiz Gonzaga - 1; Erechim -- 1.

Ainda podcJWls constatar com os rla<los do Serviço de H istopatologia, que, d'' total < ksscs dez casos de esquistosomost·. 4 ~ ã•' <k indivíduos pertencentes au primeiro ;.!1'11po

ditlico (0 --- 9 anos) e os outros (jo ao últi­llHJ grupo (mais de 50 anos), 5 são do sex·J

masculino, os outros 5 do sexo feminino, ver i f icando-st•, contudo. haver predominân­cia do sexo masculino entre os casos do pri­llH~i r o grupo etático ( 3 num total de 4 ca­sos).

Dessa maneira, já são conhecidos en1 nns­~o meio ca~os dessa parasitosc tão impor­taHtc pela sua fúcil difusão, como podcm·,s observar no exemplo de Minas G<'rais, na sua própria capital: Melo Teix~ira, em 1 920, encontrava uma incidência de apenas 0.5% que se levava em 1937 a 6% c em 1 9.38 a 11 o/o nas verificações de Renault

e Versiani. Num subúrbio cJ.:~ Belo Hori­zonte, em 1 944, ia a taxa a 28%.

nste é um novo prob~ema sanitário pan o Rio Grande do Sul e que deve m~reccr a atenção de todos, pois quando conhecida a doença e seu tratamento é elevada a percen-tagem de cura. •

PESTE

A peste, em nosso meio, apresenta apenas um interêssc histórico, pois desde l 932 não se tem conhecimento de casos ela doenç~t, demonstrando com isto o valor das medidas postas em execução e do saneamento geral.

Até 1 889, a peste bubônica resp~itara a América, nas suas múltiplas excursões que, de seu berço entre o Tigre e o Eufrates, fizera pela superfície da terra.

Naquele ano, porém, o mal levantiuo un­nifcstou-se em Santos, onde sua existência foi oficialmente declarada a 18 de outubro.

óBITOS E NOTIFICAÇõES DJ<J PJ<;STJ;; NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Ano o Lccalidll!des óbitos Notifi· eaçõcs

1 906 P. Alegre ......... 21) l 907 Po Alegre ......... ~·> o} 21;

1 90~ P. Alegre o o o o I O O I o 18 1 [)f)!) P. Alegre ......... 11 I !J10 f'. AlE-gre ......... l7 !J l 910 IL G'rande ........ IH 10' ., 1911 P. Alegre ......... lfi 1 !Jll Pelota~:~ I 2 I O O O o o o o o o o

1 912 P. Alegre O o O o O I I O o f)

L na P. Alegre I l!J 9 ......... 1 914 P. Alegre I 11 17 ......... 1 911 S. Maria ....... ' .. r:J

1 914 Vacaria I 1 ........... 1 :lUi P. Alegre ......... 8 1 915 i S. S. Cai '' ' ...... 2 1 916 P. Alegre ......... 5 i)

1 917 P. Alegre ......... 1 4 1 918 P. Alegre .. ' ...... 20' o)

1 919 P. Alegre o • o o to o o' I lO 1 919 Pelotas I 11 •• ' •••••••• i

1919 S. MGria I 1 .......... , 1 9~0 P. Alegre I 17 as ......... l 920 R. Grande I 1 14 .... ' ... 1 920 Cachoeira do Sul.. i [j 10 1 920 S. Maria I 11) 27 ••••• o' •••

1 920 P. Fundo ......... 2 3 1 920 ' M. Ramos 3 ••••• o •• 4

N'(YfA: Os ('iPO~ dP (·-~qui-tu-..uJII'iJ."'{' ('Ítad.f!<o; acir!la, ."ã~) (1~1\'ido; .. (J'-; Imis rm doCUIIH'IltO n·e('!Jitlo rw·--l,~· rionnnW a ]()itura dPs~a._ aula, o .s. ~. E\ .\. nao mai!Ii u ... c;fJilÍirma. por nãQ tcn•m '!ido enoontraüos OVO!i

•lo para~ilo ua~ 1lri1tara~oe~ cxauunada'i.

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42 ANAIS DA FACUI,DADE DE 1\H-::DICINA DE PôHTO ALI<::GIO<::

Ancs

1 920 1 920 1 920 1 921 1 921 1 921 1 921 1 921 1 922 1 922 1 922 1 922 1 922 1 922 1 922 1 922 1 923 1 923 1 923 1 923 1 923 1 92:'! 1 923 1 924 1 !J2 t 1 924 1 !}24 1 924 1 92·:1 1 92<:1 1 925 1 926 1 926 1 926 1 927 1 927 1 928 1 929 1 930 1 931 1 932

Localida<des

Cace,q uf ....... , , .. Uruguaiana ....... ' Livramento ....... ! P. Alegre .... , .... i Cachoeira <lo Sul .. ! Pelotas ............ ' S. Maria . , , .... , .. i D. Camoqu1í. .... , . i P. Alegre .... , .... I C. Alta do Sul .... 1

Cachoeira do Sul .. [ Gravataf ......... . Jaguarão .. , ...... . Pelotas ........... . S. Maria ....... , . Uruguaiana ....... i P. Alegre ......... 1

Caçapava do Sul .. 1

C. Alta do Sul .... I Juguarão .......... ! Livramento ....... 1

Pelotas .... , ...... 1

S. Gabriel .... , ... ! P. Alegre ......... I R. Grande ........ i Cachoeira do Sul .. ! C. Alta d<> Sul .... I Jaguarfw .......... i S. Gabriel ........ · S. Marin ..... , ... ! R. Grande ........ I P. Alegre . , ....... 1

H. Grande ........ 1

C. Alta do Sul .... I P. Alegre . , ....... 1

Estado ..... , , ... , . I P. Alegre ...... , .. ! P. Alegre , ........ I P. Alegre ......... I P. Alegre ......... I P. Alegre .... I

óbilcs Noti;fi-

o 19

6 19

5 G 1 1

28 1

12 1 1 7

11 1

11 6 3 ? .. 1 !l

17 10

9

1 1 fi ·I 2

17 3 3

26 ! o 1 o ! o o

·cações

1 33 15

69

43

27

l 2

1 .---!-----

494 404

Daí propagou-se a doença a S. Paulo, H i o de Janeiro, Campos, Niterói, S. João <b Barra, Petrópolis, Fortaleza, Paran;1guá, Re­cik, Vit{H·ia, Aracaju, Rio Grande, Pelotas e Pôrto Alegre.

Em Pôrto Alegre, os primeiros casos da doença ocorreram, segundo relatos da época, em novembro ele 1 901, apesar de serem os casos e óbitos, ocorridos nessa ocasião, ro­tulados como outras entidades mórbidas.

Num período ele 31 anos, a doença fêz di­versas incursões pelo interior elo Estado, oca­sionando um número relativamente alto de óbitos, e manifestando-se quer sob a forma bubônica, septicêmica e bronco-pncumônica.

Em 1 942, em levantamento realizado pc­lo Serviço Nacional de Peste, ficou provado que a peste no Estado não representa um problema autóctone, tendo sido sempre im­portada elo foco vizinho, na República Ar­gentina, através, principalmente, do trigo c ela alfafa.

DIFTERIA

É uma das endemias mais antigas em nos­so meio, ocasionando anualmente pouco mais de 18 óbitos só na capital.

i\ doença em nosso meio apresenta um aumento nos meses frios c principalmente nos de média temperatura, dado cpidcmio­i<)gico clássico, pois é o que se observa em quase todos os países elo mundo, dependen­do isso, na opinião da maioria dos autores, da diminuição ela receptividade nos meses mais quentes c da virulência do germe, êste último fator dependente da intensidade ela luz c do número maior ele horas ensoladas.

Quanto à distribuição da doença pelos vários bairros da cidade, foi observado, por Newton Neves da Silva, um fato aparente­mente paradoxal, isto é, a incidência maior não foi nos bairros ele população mais densa, corno é a regra, mas em bairros ny~nos po­pulosos c de habitações mais espalhadas. Nas veri ficaçôes do citado autor, que estudou a incidência da doença nos anos de 1 9.39 c 1 940, êle constatou que em São João c Navegantcs, bairros operários, onde a den­sidade de população é maior, ocorreram 13% dos casos, enquanto que, na G~ória c Par­tcnon, bairros de moradias mais espalhadas ele muito menos densidade c de população de nível social médio, êste índice chegou a 19%. A explicação dês te fato reside na maior incidência de portadores de germes nestes bairros.

i\ difteria, aqui como em qua!quer parte, é uma doença da infância, sendo raros c quase sempre benignos os casos em adultos. É o que se observa em nossa cidade onde a doença incide com mais freqüência dos 2

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ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 43

aos 5 anos, havendo entretanto maior leta-lidadc no primeiro ano de vida. ·

Quanto à curva de mortalidade por difte­ria em nossa capital, vemos que o coeficien­te mais alto corresponde ao ano d-e 1 936 ( 17.8) tendendo depois a baixar, sendo que em 1 945 é que foi observado um dos mais baixos coeficientes.

QUADRO N.0 10 :

óBITOS POR DIFTERIA E COEFICIENTES PARA 100 000 HABITANTES E POR 1000

óBITOS GERAIS, NA CIDADE DE PôRTO ALEGRE

ANOS: 1910 - 1945

I I ~ I ~o 01 fiJ .~-

o ~ 'g ~ ,., &aS ...,o~ Ol C)t Q) Ol w !! ~ ~ l'l l'lo;<ll o ~.,'g Q'~ .~ C!l ....,.,

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o •O C!l :EiS ~ .... ., Ql C>...., o o·-p.. •O 8 8.:r: o :3 I I I

1 910 I 106 485 2 702 I 4 3,7 I 1,4 1911 111195 3 488 I 6 5,3 I 1,7 1912 115 905 3 821 I 12 10,3 3,1 1 913 120 615 3 689 I 10 8,2 I 2,7 1 914 125 320 3 310 I 15 ll,9 I 4,5 1915

I 130 030 3 311 I 7 5,3 I 2,1

1916 134 740 3 3C5 I 7 5,1 I 2,1 1 !117 139 460 3 845 I 12 8,6 I 3,1 l 918 I 144 160 5 087 I 16 11,0 I 3,1 1 919 I 148 870 3 091 I 11 7,3 3,5 1 920 I 153 586 3 864 I 11 7,8 2,8 1 921 I 159 060 3 515 I 21 13,2 5,9 1 922 I 164 530 3 580 I 24 14,5 6,7 1 923 I 170 000 4 124 I 23 13,5 5,5 1 924 I 175 470 4 269 I 9 5,1 2,1 1 925 180 940 4 080 I 17 9,3 4,1 1 926 I 186 410 4 250 I 11 5,9 2,5 1 927 191 880 4 501 I 21 11,4 4,6 1 928 I 197 350 4 252 I l4 7,0 3,3 1 929 I 202 820 4 843 I 23 11.3 4,7 1 930 I 208 290 4 259 I 10 4,8 2,3 1 931 213 760 4 586 I 18 8,4 3,9 1 932 I 219 230 4 572 I 24 10,9 5,2 ] 933 I 224 700 4174 ! 12 5,3 2,8 1 9:!4 I 230 170 4 223 I 18 7,8 4,2 1 935 I 235 640 4 757 I 12 5,0

I 2,5

1 936 I 241110 4 834 I 43 17.8 8,8 1937

I 246 580 5 236 I 21 8,5 I 4,0

1 9:l8 252 050 5190 I 17 6,7 I 3,2 1 939 I 257 520 5 413 ' 32 12,4 I 5,8

I

1 940 I 263 000 5 109 I 23 8,7 I 4,5 1 941 I 268 470 5 626 I 23 8,5 I 4,0 1 942 I 273 940 5 689 I 22 8,0 I 3,8 1 943 I 279 410 5 655 I 17 6,0 I 3,0 1 944 I 284 880 5 213 I 20 7,0 I 3,8 1 945 I 290 350 5 461 I 12 4,1 I 2,2

I I I •

Em relação aos demais muntc1p:os do Estado a situação é mais ou menos a m~s­ma, mantendo-se a doença em forma en­dêmica com pequenos surtos epidêmicos aqui e ali, em quase todas as localidades do nos­so interior.

Raras são as doenças transmissíveis, que podem ser, hoje, tão eficientemente contro­ladas pela medicina preventiva; onde quer que se realize intensa e sistemática campanha contra a difteria pelos recursos de que agora dispomos, podemos ter certeza de conseguir uma redução sensível na incidência e na sua mortalidade.

BRUCELOSES

As bruccloses, pouco a pouco, vão assu­mindo um papel de significação em higiene e veterinária, dada a sua grande dissemina­ção, principalmente no carppo e, de um modo geral, entre pessoas que lidam com animais e seus produtos, assumindo, dessa maneira, os característicos de doença profissional.

Staub, em trabalho decente, diz .que mais de 10 a 15% da população dos Estados Uni­dos sofre de bruceloses. A grande maioria dos casos são de tipo crônico, ambulatório, que nunca deram conta da infecção, fazen­do com que, invariàvelmente, sejam classi­ficados como neurastênicos, psiconeuróticos ou paranóicos.

Para o Estado do Rio Grande do Sul, cuja pecuária representa uma das maiores fonks de riqueza, a brucelose já constitui um pro­blema veterinário de máxima impo.rtância, cuja solução merece uma ação firme e posi­tiva, pois os levantamentos rea!izados peh Secretaria da Agricultura, mostram uma in­cidência média de 24.33% nos bovinos.

Newton Neves da Silva, em estudo reaE­zado em animais leiteiros que abastecem a d­dade, encontrou uma p::!rcentagem média de 21.79.

Apesar da incidência tão elevada em nosso gado bovino, a verificação de casos huma­nos não está em relação com êsses dados, isto é, relativamente poucos são os casos até agora observados, como aliás acontece em quase todos os países .

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COEFICIÊNTE5 DE MOQT~LID~DE POR 100.000 Hbs. PELI.\ DIFTERI"' E.M PORTO ~LEGRE

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ANAIS DA l~ACULDADI<J DI': 1\!BDJCINA DE PôH'l'O ALBCRE 45

Até dezembro de 1 945, eram conhecidos no Estado cêrca de 24 casos humanos da doença, sendo o primeiro caso constatado em 1 913, pelo professor Carneiro Gonça~ves, aliás o primeiro assinalado na América do Sul.

Fm trabalho que está sendo realizado pelo dr. Newton Neves da Silva, nos emprega­de;,; dos Frigoríficos Nacionais Sul-Brasilei­ros, em Gravataí, em <JUe já foram exami­nados 101) \:lll[;rcgados, encarregados da ma­tança c piral;ão, foram at~ agora encontra­d<Js 18 casr,s positivos de infecção hrucé'ica, ou seja uma perccntagun de 1 6.9.

I kssa maneira, precisamos ter em muita atenção êste problema, pois a doença se apre­senta si'Jhre os mais di fercntes aspectos, con­fundindo o clínico e passando, f reqiir·ntc­tnente, despercebida.

LEPRA

Embora jft de há muito existente no Rio (;ran(k do Sul, durante longo período este­ve a lepra limitada a rechtzido número de casos. Nos últimos decênios, cntretauto, ctl­trou em fase francanwnto invasora, atestada J;da prepondcrància das formas tulwrosas e peln repetido aparecimento de casos au­t r'wtoncs (' incipientes.

Considerada, em 1 Sl05, doença raríss:mt <·ntre nós por Baltazar de Bem, em sua va­liosa ( ;cogra fia Médica, assim tida p: h maioria dos observadores da mesma época, tão impressionante foi a expansão da lepra <[tte jú em 1 Sl28 Nonohay, depois de assi­nar-lhe a raridade, calculava então em mais de 400 os casos existentes uo Estado. Poucrl depois, em 1 93.3, Maya Faillace, baseado <'lll invcstigaçiJcs pessoais cuidadosas, dava J;ara o Rio Grande elo Sul o número médio de 900 a 1 000 doentes, correspondente a(J índice de incidência de 0.33 por 1 000 habi­tantes. < )s iuquéritos oficiais, realizad•JS pos­teriormente, confirmaram esses cálculo~. aceitos como base para as previsões da cons­trução do atual Leprosário de Itapuã.

Em 31 de dezembro de 1945, existiram llo Estado 9()0 doentes diagnosticados, dos quais 502 estavam intcmados naquela co­ltnJia.

Segundo os dados conhecidos, os muni­ctpws mais flagelados são: Pôrto Alegre, Santa Cruz do Sul, V cnâncio Aires, Va­caria, Bem J esús, S. Francisco de Paula, Cacl1•;:.:ira do Sul, I.>aJmeira e Pinheiro Ma­chado. Em resumo, a capital do Estado, ccmo centro ele convergência de doentes que acorrem em busca ele tratamento ou amparo, a região do N orclestc limítrofe com S. Ca­tarina e a região colonial italiana c alemã.

Embora extinto o tráfico africano dimi­nuída também a corrente imigratória ~stran­g-·~·ira, causas que sabidamente influíram na rrogres:-ão da lepra em nosso Estado, per­manec~m ainda outros fat<Jrcs leprogên:cos: grande natalidade na região dita colonial, tnaiur faci~idade de comunicações, afluência de adventícios nacionais, vizinhança de Es­tadus e países altamente infectados (Santa Catarina e Argentina).

Conclui-se, assim, que se deverá continuar a it~tl'nsificar a luta contra êste temeroso tllal, felizmente já iniciada segundo os mol­des técnicos modernos, através dos dispen­sári(Js anti-lepróticos, colêmia agrícola de J laJ;liÜ l' 1\111paro Santa Cruz, instituiçiJ.:.:s qtw aU nrkm ús ]'rincipais facêtas do pro­l;! Ulla.

(;J<,\0:u I ,ONIA T'ARACOCCIDT6I DTCO

[~ uma entidade nova em nosso m~io, pois .-;Ú em 1 ~41 foram puhl icado,; os doi,; primei­ros casos da doença, rx::u dr. Enio Campos do Departamento E. de Saúcl<?. Atualmente, já são conhecidos cêrca de 22 casos.

A doença já tem sido encontrada em nos­so país, principalmente em São Paulo, onde são conhecidos mais de 400 casos, Minas Ge­rais c l{io de Janeiro, encontrando-se, ainda, em menor número em outros Estados.

Em nosso meio, constata -se cum maior f re­qüência a localização pulmonar ( H7% dos ca~;os), encontrando-se ainda formas mucosas c tegumcntares.

A doetH~a é encontrada. mais frl'CJÜ2nk­mcnte. entre lavradores c agricultores, nos indivíduos iJUC· trah:dhan1 nas flor{'stas c em todrJs que cstüo <.'lll contato ma i.;; di reto com o reino vegetal.

() couhecimcn(,l e o diagnc'Jstico di fert>n­cial da hlastonliCiL'i(· é lwje i11di..;pensftvd f•

Page 38: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

46 ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

de alta importância, em virtude dos resul­tados terapêuticos animadores obtidos com os derivados sulfamídicos.

TUBERCULOSE

Para finalizar esta aula, elegemos, pro­positadamente, a tuberculose, por ser esta doença o problema sanitário máximo para o Brasil e, também, para o nosso Estado.

Quase desconhecida por nossos antepas­sados, a peste branca vem progredindo assus­tadoramente em nossa capital, ceifando atualmente mais de mil vidas por ano ( 1 322, em 1 945), e apesar ele tudo que se tem feito contra ela, caminhamos a passos lentos, sem conseguirmos tolher sua marcha.

A capital e a cidade do Rio Grande es­tão em, período de tuberculização maciça, com coeficientes muito fortes de mortalidade ( 440 para P. Alegre em 1 945; 426 para Rio Grande, em 1 943). Santa Maria, Uru­guaiana, Alegrete, Bagé, Itaqui, ]aguarão, Livramento, Quaraí c S. Gabriel apresentam coeficientes acima de 150 e nas demais ci­dades do Estado êles estão por vo~ta dos 80 ou um pouco acima.

Se compararmos nossa situação com a ele outros países estrangeiros, veremos que os Estados Unidos, com um coeficiente de 202 em 1 900, caiu para 55 em 1935. Em 1 940, estava em 46 para tôdas as formas ,da doença.

Observando-se a distribuição da doença por grupos etáticos em nossa capital, no período de 1 908 a 1 944, podemos observar que 54.9% elos óbitos são de indivíduos en­tre os 20 e os 40 anos, mais fork a mor­talidade entre os ele 20 e 30 que represen­tam 34.2% do total. Verificamos ainda não haver indício de transferência próxima dessa maior tributação para os grupos de idade mais avançada. Isto demonstra que a população está sob o pêso da invasão aguda do bacilo. Quando ocorrer o deslocamento do maior obituário para os indivíduos de maior idade será o início da destuberculiza­ção, como sucedeu na América do N(orte, onde a mortalidade, para os brancos, em 1 9'tl, atingiu o máximo depois dos 65 anos entre os homens c depois dos GO entre ::H

mulheres.

Dessa maneira, parece que vivemos um período de franca invasão tuberculosa, con­tribuindo a doença com a maior taxa sob obituário geral, pois no último qüinqüênio o coeficiente para mil óbitos gerais esteve em média acima de 200.

Os dados que dispomos, infelizmente, não autorizam nenhuma previsão otimista sôbre a marcha da tuberculose em nosso meio, a menos que medidas profíláticas radicais e tempestivas sejam postas em execução.

QUADRO N." 11:

óBITOS POR TUBERCULOSE (TODAS AS F'ORMAS) E COEFICIENTES DE MORTAL!· DADE PARA 100 000 HABITANTES E PARA

1 891 1 892 1 893 1 894 1 895 1896 1 897 1 898 1 899 1 900 1901 1 902 1 903 1 904 1 905 1 906 1 907 1 908 1 909 1 910 1911 1 912 1913 1914 1 915 1 916 1 917 1 918 1 919 1 920 1 921 1 922 1 923 1 924 1 925

1 000 óBITOS GERAIS

44 000 45 700 47 400 49 100 50 820 52 540 54 250 55 970 57 680 59 395 64 104 68 813 73 522 78 231 82 940 87 650 92 358 97 067

101 776 106 485 111195 115 905 120 615 125 320 130 030 134 740 139 450 144 160 148 870 153 586 159 060 164 530 170 000 175 470 1SO 940

2112 2115 2 082 2 100 1984 2 252 2 322 2 271 2 206 2 136 2 041 2 248 2118 2 276 2 850 2 699 2 459 2 461 2 685 2 702 3 488 3 821 3 689 3 310 3 311 3 305 3 815 5 087 3 091 3 864 3 515 3 580 4 124 4 269 1 080

220 208 210 213 217 233 235 324 348 354 364 370 362 366 398 378 384 395 472 467 568 560 584 578 634 626 588 724 611 658 643 667 694 769 767

500 455 443 434 427 443 433 579 603 596 568 538 492 468 480 431 416 407 464 438 511 483 484 461 488 646 422 502 430 428 404 105 408 438 424

104 98

101 101 109 103 101 143 158 166 178 164 171 161 140 140 156 160 176 173 163 147 158 175 191 189 153 142 207 170 1!"13 186 168 180 188

Page 39: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE 47

QUADRO N." 11 (cont.)

I I I

I I 1 026 I 186 410 4 250 1 802 430 189 1 936 1 241110 4 834 1 984 408 204 1 927 1191 880 4 501 I 827 431 184 1 937 1 246 580 5 236 11 004 407 192 1 928 197 350 4 252 I 875 443 I 206 1 938 I 252 050 5 190 995 395 192 1 n2n 1 202 820 4 843 920 454

I 190 1 939 257 520 5 413 11 004 390 I 185

1 930 I 298 290 4 259 I 870 418 204 1 94o 1 2s3 ooo 5 109 839 319 I

164 1 931 1 213 760 4 586 I 901 422 I 196 1 941 I 268 47o 5 626 1 988 368 175 1 932 1 219 23o 4 572 I 903 412

I 197 1 942 I 273 940 5 689 ; 1 075 392 I 189

1 933 i 224 700 1 174 I 874 389 209 1 9431279 410 5 655 11152 412

I 219

1 934 I 23o 110 4 223 I 882 383 209 1 944 284 880 1 2 213 11159 407 222 1 935 I 235 640 1 757 I 929 394 I 195 1 945 290 350 i 5 461 11 322 440 242

QUADRO N.o 12 :

óBITOS POR TUBERCULOSE NA CIDADE DE PORTO ALEGRE, DISTRIBUfDOS

POR GRUPOS DE IDADES.

I O a 1 \ 1 a 5\5 a 10\110 a 15 /l15a20\2oa3013oa40140a50 Anos I ano 1 anos I anos ancs anos I anos I anos anos

1 !!08 7 I 10 I 2 I 9 1 909 3 I 13 I 10 I 14 UJlO 5 I 16 6 I 8 1 911 10 I 33 I 11 25 1 912 10 I 25 I 14 I 16 1 913 2 1 17 14 16

n~: ~ 1 ~~ 1: 1 i: 1 916 4 1 19 12 15 1 9t7 5 1 161 12 · 20 1018 101 18 14 16 1 919 4 1 13 5 11

i ~ii ~ I 2~ I 1; ~~

1 922 4 1 10 12 31 1 923 12 1 23 1 17 24 1 924 10 1 21 1 1s 33 1 n25 11 1 21 11 I 10 1 926 5 I 30 13 I 21 11l27 15 1 4:J 15 23 1 92X 15 I 36 1181 24 1 929 13 i 28 32 1 93o 19 25 1 14 25 1 9:!1 1n ! 36 11 1 18 1 932 22 ~ 44 21 I 14 1 9:!3 21 I 1s 12 15 1 934 20 1 43 11 I ts 1 9:!5 20 1 48 1 10 I 13 1 nG 20 I 47 12 1 21 1 937 34 1 45 24 18 1 93s 35 ! 41 14 I 31

~ ~~~ i~ I ~~ ~~ I i~ 1 941 13 1 28 10 34 1 942 2!) I 43 19 I 22 1 943 I 7 i 36 14 I 31 1 944 1 12 1 31 28 36

-·----1----:----- ----~--Total:_;~-~--~-~5 -~-~-__7!~

% : i l~ii 1 _3.~_1 1,6 I 2,G

37 I 159 I 77 I 49 51 I 195 I 93 i 49 49 I 188 I 88 I 58 64 I 2oo I 101 10 65 1 197 i 111 I 61 73 I 2o8 I 110 I 78 58 I 235 I 1C3 I 66 79 I 205 139 79 76 I 21s 124 78 65 I 229 105 66 91 2'46 164 91 80 228 ' 134 95 s4 247 1 121 12 s1 233 I 178 78

102 237 I 119 80 82 248 i 134 93

115 260 i' 156 85 108 296 142 85

s9 273 I 176 94 63 303 I 174 95 uo 3o6 1 11o 1o8

113 299 i 179 122 t23 29s I 173 101 1o4 304 I 189 1os 1~o 3so 1 152 12s

94 269 1 192 118 s4 29s 1 189 1o5 s5 313 I 211 111 92 I 329 I 218 125 91 : 279 I 237 I 121 95 i so4 1 199 I 132

117 i 285 I 240 I 124 s5 I 245 . 186 128 96 1 as3 I 202 143

too I s1s I 228 1 tso 12s 1 399 ! 254 166

I 128 I 369 I 241 158 1--;---;-­j 3 240 I~! 5 984 a 678

I _!1,1 I 34.2 . 20,7 I 12,7

I I I I I 50 a 60 i 60 e +I Idade I anos I ancs I Ignor.l Total

I I I I 1 25 I 20 I o 1 395

31 I 13 I o 1 472 2s I 21 I o I 467 28 I 20 I 2 I 568 37 ! 17 I 12 I 560 45 I 19 I 584 42 I 34 I 1 I 578 35 I 40 I 5 I 634 43 i 35 I 21 I 626 40 I 29 I 5ss 38 I 34 I 2 I 724 43 I 28 o 1 641 47 I 31 I o I 658 12 I 21 I 1 I 643 41 : 3o I 1 1 667 30 I 31 I o I 694 35 : 30 I 2 I 769 45 I 29 I o I 767 51 I 48 I 2 I so2 56 I 37 I 3 I s21 69 I 41 I 2 I 875 69 I 54 I 3 920 45 ! 42 5 870 57 i 52 I 5 901 45 ! 45 I 4 903 58 I 43 I o 874 60 I 47 I 1 882 55 48 I 9 929 57 56 l 7 984 69 58 28 1 004 78 54 I 12 995 95 35 1 1 004 s1 5o 1 o 839

. 11 55 I 1 9ss I 83 I 4 7 I o I 1 075 I su i 51 i o I 1152

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Page 40: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

óBITOS POR TCBERCULOSE (TôDAS AS FORMAS CLfXICAS) E MORTALIDADE POR 100 OCO HABITAXTES, ~OS MU~ICfPIOS

DO ESTADO DO RIO GRAXDE DO St:L, DESDE 1938 ATÉ 1 934.

MU:'\ICfPIOS

1 l Alegrete ........ -2) Alfredo Chaves . · 3) Antônio Prado .. .; ) Arroio do Meio . 5) Arroio Grande .. 6) Bagé .......... . 7) Bento Gonçalv2s. ~) Bom Jesus ..... 9) Caçe.pava do Sul.'

10) Cachoeira do Sul. 1

11) Cai ............ . 12) Camaquã ...... . 13) Candelária ..... . 14) CanguçQ ....... . 15) Canoas ......... ' 16) Carazinho ...... 1

17) Caxias do Sul .. 1Sl Cruz Alta do Sul. 19 I D. Pedrito .... . 20) Encantado ..... . 21) Encr. do Sul .. . 22) Erva! .......... . 23 l Estrela ........ . 24 l Farroupilha ... . ::5 I Flores do Cunha. 26 I Garibaldi ...... . 27 I General Câmara. 2~) Getúli() Vargas .. 29 l Gravata i ....... . Si• 1 G'uaiba ........ . SI) Guaporé ....... . 32! Jjuí ............ . 23 l Iraí ........... . 34 l Itaqui ......... . 35 ., Jaguarão ...... . 36\ Jaguari ....... . :17) José B:::or;ifá!:ilc .. 38\ Júlio de Castilhoc

---- 1 938 ____ __! G.i , oc :-r.

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Page 41: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

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Page 42: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

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Page 43: NOTAS EPIDEMIOLóGICAS SôBRE ALGUMAS DOENÇAS …

ANAIS bA FACULDAbE bE MEb!CINA bE PóRTO ALEGRE 51

Senhores!

Ao terminar esta modesta preleção, exigi­da do menos credenciado de vossos profcs­sôres, stntir-me-ei bem compensado se con­~;tguir despertar o intc:rêsse de meus jovens futuros colegas para o vasto capítulo das moléstias transmissíveis, especialmente no que tange ao conhecimento apurado da no­S(Jiogia regional.

Dado o vulto, cada vez maior, da medi­cina social e da amplitude que dia a dia assume a carreira de sanitarista, certo es­tou de que em vários de meus discípulos de hoje, terei, mais tarde, colegas de especia­lização, companheiros diretos na bendita cru-

zada em prol da eugenia e da saúde de nos­sos patrícios. Porém, mesmo naqueles que seguirem o apostolado da clíniça, encontra­remos, todos nós, aliados inestimáveis, pois é o clínico, via de regra, a sentine:a vigilan­te que dá o alarme ao perceber, em sua la­buta diuturna, os primeiros sinais de acome­timento da coletividade pelas doenças que abastardam o indivíduo e a raça.

Aqui como alhures, o mundo melhor cuja aurora temos a ventura de vislumbrar, só atingirá sua plenitude se todos entrelaçarem seus esforços num mesmo anelo de so:ida­riedade social, de viver uma vida sã e no­bre, auxiliando-se mutuamente na longa es­trada que conduz a êsse ideal fecundo e redentor!