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NOTAS DE INVESTIGAÇÃO (*) III AINDA O LATIM DE GIL VICENTE No capítulo «XII — Algumas Observações sobre o Latim de Gil Vicente», de páginas 159 a 173 do meu livro Estudos sobre a Época do Renascimento, Coimbra, 1969, mostrei que D. Carolina Michaêlis de Vasconcelos minimizou até ao exagero a qualidade dos conheci- mentos latinos de Mestre Gil. Uma observação recente (1) do Professor Edward Glaser vem agora dar-me a oportunidade de trazer mais uma achega à questão dos conhecimentos de Latim que Gil Vicente possuía. O Professor Glasser que leu, mas não entendeu, o livro acima referido, alinhou a seu respeito uma colecção de dislates, de que comento aqui o seguinte: «Costa Ramalho ... points out in support of his view that the Frágua d'Amor contains citations in Latin taken from Pontano's rendering of Moscos' põem». É claro que não fiz aquilo que o Professor Glaser me atribui, até porque a Frágua d'Amor não contém citações em latim. (*) As duas primeiras notas saíram com a designação mais modesta de «Notas de Leitura». O nome, porém, causou alguns equívocos, nomeadamente, o de ser confundido, numa bibliografia actualmente em organização, com o de «Notícias e Comentários», secção que também existe nesta revista. Parece, por isso, prefe- rível, aliás de acordo com a verdadeira índole destas notas, dar-lhes a presente designação. As duas primeiras saíram em Humanitas, xxi-xxii (1967-68), com os títulos de «I — A propósito de Luísa Sigeia» (pp. 403-414) e «II — A Idade de João Rodrigues de Sá de Meneses» (pp. 414-416). (1) A circunstância de sair atrasado este número de Humanitas permite referir aqui Hispanic Review, University of Pennsylvania, Philadelphia, 41 (1973), pp. 112-114 e 713-715.

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Page 1: NOTAS DE INVESTIGAÇÃO (*) - uc.pt · maracote do desembargo dei Rei noso Senhor etc Rector» do Estudo Geral de Lisboa, assina actas universitárias, em 1518, apenas com o seu nome

NOTAS DE INVESTIGAÇÃO (*)

III — AINDA O LATIM DE GIL VICENTE

No capítulo «XII — Algumas Observações sobre o Latim de Gil Vicente», de páginas 159 a 173 do meu livro Estudos sobre a Época do Renascimento, Coimbra, 1969, mostrei que D. Carolina Michaêlis de Vasconcelos minimizou até ao exagero a qualidade dos conheci­mentos latinos de Mestre Gil.

Uma observação recente (1) do Professor Edward Glaser vem agora dar-me a oportunidade de trazer mais uma achega à questão dos conhecimentos de Latim que Gil Vicente possuía.

O Professor Glasser que leu, mas não entendeu, o livro acima referido, alinhou a seu respeito uma colecção de dislates, de que comento aqui o seguinte: «Costa Ramalho ... points out in support of his view that the Frágua d'Amor contains citations in Latin taken from Pontano's rendering of Moscos' põem».

É claro que não fiz aquilo que o Professor Glaser me atribui, até porque a Frágua d'Amor não contém citações em latim.

(*) As duas primeiras notas saíram com a designação mais modesta de «Notas de Leitura». O nome, porém, causou alguns equívocos, nomeadamente, o de ser confundido, numa bibliografia actualmente em organização, com o de «Notícias e Comentários», secção que também existe nesta revista. Parece, por isso, prefe­rível, aliás de acordo com a verdadeira índole destas notas, dar-lhes a presente designação.

As duas primeiras saíram em Humanitas, xxi-xxii (1967-68), com os títulos de «I — A propósito de Luísa Sigeia» (pp. 403-414) e «II — A Idade de João Rodrigues de Sá de Meneses» (pp. 414-416).

(1) A circunstância de sair atrasado este número de Humanitas permite referir aqui Hispanic Review, University of Pennsylvania, Philadelphia, 41 (1973), pp. 112-114 e 713-715.

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Mas, ao reler a «tragicomédia», deparei com mais um sinal evidente, conquanto subtil, de que Gil Vicente conhecia a língua latina.

Reporto-me ao passo em que o frade quer passar a leigo e faz a sua autobiografia:

Frade Senores fuy carpinteyro da ribeyra de Lixboa 7 muyto boa pessoa Z de mero malhadeyro me fuy fazer de coroa. Cousas maquecem a mi que o demo anda comigo conselhoume hum meu amigo que fosse frade, Z filo assi, de Ruy pirez, frey Rodrigo.

(Copilaçam, foi. CLV)

Em conclusão, Rui Pires, carpinteiro da Ribeira de Lisboa, ao tornar-se frade, enobreceu o nome de «Rui», tornando-o «Rodrigo».

Ora esta erudita transformação onomástica tem por base o conhe­cimento de que «Rodrigo» e «Rui» são ambos representantes em português de Rodoricus, latinização de um nome inicialmente ger­mânico. Assim, por exemplo, «o muito honrado Senhor Ruy Gonçallvez maracote do desembargo dei Rei noso Senhor etc Rector» do Estudo Geral de Lisboa, assina actas universitárias, em 1518, apenas com o seu nome próprio latinizado de «Rodericus».

O esquecimento deste facto já tem levado a chamar D. Rodrigo de Sousa ao pai dos dois estudantes salmantinos que D. João II mandou fazer companhia a seu filho D. Jorge, em Aveiro, sob o preceptorado de Cataldo Sículo (2). Os «Rodorici Souzae filii» eram filhos de Rui de Sousa, o bem conhecido senhor de Beringel e Sagres, cuja campa, gravada em bronze, ainda hoje pode ser vista na Igreja dos Lóios, em Évora.

E Henrique Caiado, quando dedicou a écloga II ao cronista Rui de Pina, com uma carta em latim que lhe enviou de Florença,

(2) Epistolae Cataldi, I, foi. e iij.

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a 5 de Novembro de 1495 (3), trata-o naturalmente por «Rodericus Pina».

Portanto, Gil Vicente seguia na esteira da latinidade humanística, ao promover socialmente à esfera eclesiástica o seu «mero malha-deiro» Rui Pires, tratando-o na nova condição por «frei Rodrigo».

AMéRICO DA COSTA RAMALHO

IV — TITUVILENSIS EM CATALDO

Aparece o qualificativo de «tituvilensis» em uma carta de Cataldo Sículo, assim endereçada: Cataldus Simoni vallasco tituvilensi. S. (JEp. I, foi. d vj v°).

A carta é amável e nela discute Cataldo, sentenciosamente, uma questão de moral corrente que lhe pusera o destinatário.

O nome de Simon Valascus ocorre de novo, mais adiante, numa epístola do mesmo Cataldo à marquesa de Vila Real, D. Maria Freire, mãe do seu dicípulo dilecto D. Pedro de Meneses, conde de Alcoutim. Simon Valascus, por quem o Sículo professa grande consideração («vir magnae apud me auctoritatis», Ep. I, foi. c iij v°), foi um dos intermediários que a marquesa escolheu para recomendar ao huma­nista que não fosse tão exigente nos esforços intelectuais que pedia a seu filho D. Pedro, então com 12 anos de idade, pois há muitas razões para crer que a carta é de 1499. Aí se chama a Simon Valascus «comi-tis ... quondam praeceptor», possivelmente seu mestre de latim.

E não devia ser mau no ofício, pois não só o respeito de Cataldo por ele, nestas cartas, é disso penhor, mas ainda, em mais uma epís­tola, encontramos o seguinte enunciado: Cataldus Simoni vallasco erudito viro. S. (Ep. I. foi. i iij v°). Também aí se trata de D. Maria Freire e dos elogios excessivos que o Sículo lhe teria consignado numa

(3) Wilfred P. Mustard, The Eclogues of Henrique Cayado. The Johns Hopkins Press, Baltimore, 1931, p. 70. É curioso notar que também Mustard, traduzindo à letra o latim, chama ao cronista «Rodrigo». E a propósito: aproveito a oportunidade para corrigir um lapso da p. 442 deste volume de Humanitas onde saiu errado o nome de «Rodericus Pina».

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epístola latina que a ela dirigira. Um cortesão havia estranhado que o humanista se referisse à marquesa de Vila Real em termos que melhor ficariam, para respeitar a hierarquia, à rainha viúva D. Leonor. Cataldo resolve a dificuldade, entre outras razões, com a de que os louvores de uma não empecem à outra: se a marquesa é ornamento do seu País, a rainha é glória do Universo. E decora D. Leonor de um nome mitológico feminino que logo nos traz ao pensamento Gil Vicente. A rainha é «Panthesilea nostra». Passava-se isto antes de 1500, pois o livro 1 das Epistolae foi publicado em 21 de Fevereiro deste ano.

Mas voltemos a Simon Valascus. Porquê «tituvilensis»? Durante muito tempo, julguei que fosse um estrangeiro, mas não

lhe atinava com a naturalidade. Enfim, um dia, ao ler um poema «de victoria arcillana», incluído

nos Visionum libri, encontrei este dístico elegíaco:

Menesia interea generosus stirpe ioannes: Tintuuelensis magnificusque comes:

Ora entre os combatentes de Arzila (1), tomada e logo perdida pelo rei de Fez em 1508, figuraram, entre outros, a que Cataldo também se refere, D. João de Meneses e o conde de Tentúgal, D. Rodrigo de Melo. É este o «Tintuuelensis ... comes».

E não se estranhe que Simon Valascus seja «tituvilensis», enquanto o conde é «tintuuelensis». É que aquela forma do adjectivo aparece num trecho em prosa, ao passo que esta se encontra no começo de um pentâmetro dactílico, onde importava garantir a quantidade longa da sílaba inicial.

Deste modo, Simon Valascus Tituvilensis deve ser, com muitas probabilidades, a latinização humanística dum nome português, a saber, Simão Vaz, de Tentúgal.

A. C. R.

(1) Cf. Damião de Góis, Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel. Nova ed. conforme a l.a de 1566. Parte II, Coimbra, 1953, p. 94 e segs.

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NOTAS DE INVESTIGAÇÃO 477

V —TRÊS DOCUMENTOS RESPEITANTES A SALVADOR FERNANDES

No artigo «Uma oração desconhecida, de Salvador Fernandes: Vila Real, 1509», publicado em Panorama, n.° 38/IV Série, pp. 3-5, a duas colunas, fiz uma rápida biografia deste humanista, baseando-me em informações facultadas, quer pelo discurso de que me ocupava, quer pelo volume de Actas dos Conselhos da Universidade de 1505 a 1537 (1), quer pelo livro de Luís de Matos, Les Portugais en France au XVI? Siècle (2).

A oratio mostra que Salvador Fernandes a imprimiu, ou tentou imprimir, em 1 de Março de 1509, e que, portanto, se encontrava em Portugal, antes dessa data. As Actas impressas dão conta da sua actividade, desde 18 de Outubro de 1510 a 13 de Novembro de 1512, última ocasião em que é mencionado, pois o volume publicado termina com o fim desse ano. A obra de Luís de Matos refere pormenores da carreira de Salvador Fernandes, em França, antes e depois do período em que leccionou em Lisboa.

A oração de Vila Real, mencionando expressamente D. Pedro de Meneses, conde de Alcoutim, como tendo a ela assistido, vem provar uma vez mais que este não deve ser confundido com D. Pedro de Mene­ses, estudante de Teologia em Paris, por essa altura. O erro de atri­buir a este a oração de Sapiência, proferida na Universidade de Lisboa em 18 de Outubro de 1504, vem já de Leitão Ferreira (3), mas foi moder­namente corrigido por vários investigadores, entre eles o autor desta nota (4). Todavia, ao que parece, em vão, pois o erro continua a ser impresso e até reimpresso.

Quanto a Salvador Fernandes, apenas se sabe que saiu de Portugal em 1518. Sobre as circunstâncias em que se deu a saída da pátria lançam alguma luz as três actas, até agora inéditas, que vou transcrever. Devo a sua busca e leitura à Senhora Dr.a Maria Georgina Trigo

(1) Publicadas por MáRIO BRANDãO. Revisão de Maria Lígia Patoilo Cruz. Vol. I, Coimbra, 1968.

(2) Coimbra, 1952, pp. 156-181. (3) Noticias Chronologicas da Universidade de Coimbra I, segunda edição...

por JOAQUIM DE CARVALHO, Coimbra, 1937, p. 810.

(4) Estudos sobre a Época do Renascimento, Coimbra, 1969, p. 115, n. 18.

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Ferreira, conservadora do Arquivo da Universidade de Coimbra, a

quem aqui agradeço a prestimosa colaboração. Ei-las:

24 de Fevereiro de 1518

Aos xxiiij dias do mes de fevereiro de mil bcxbiij annos nas scolas geraes do studo de lixboa em conselho stando hi o Senhor Ruy gonçallvez maracote e etc vice Rector lentes deputados e conselheiros juntos pêra fazerem conselho / e antre as cousas que se no dicto conselho determinaram asi foy que se ponha a substituicam da cadeira de cânones de véspera vaga per três dias segundo forma do statuto a que se venham oppor os que quiserem a ela e se ponha logo alvará de vacatura da dieta substituicam / E porque asi foy acordado eu bedel o seprevi e os dictos Senhores assinado (sic) // e isto por o lente proprietairo .s. salvador fernandez star preso no castelo onde eu bedel lhe fui falar e per ele foy dicto que os Senhores do conselho fizesem o que lhe bem parecese acerca dello // porque ele stava naquela torre onde nom tinha vele (sic) nec nolle.

Rodericus Me fr. Johanes Clarus Abbas S. Johanis. doctor parisiensis Joham monteiro doctor Pedro Machado Augustius Micas Licentiatus P. gundisalvus franciscus gentill ho bacharel Joham ayres Augustinus Licentiatus Diogo muniz Andreas lúpus bacalarius Petrus Noronha Andreas mendez Frater Johanes dazevedo bacalarius Anthonius soarez

{T. I dos Livros da Universidade de Lixboa de 1505 ate 1526, Liv.° 1, fl. [161 v.0])

(Acta riscada) 29 de Maio de 1518

Acordo sobre a cadeira de cânones de véspera

Aos xxix dias do mes de mayo de bcxbiij annos nas scolas geraes do studo de lixboa em conselho stando hi o muito honrrado Senhor Ruy gonçallvez maracote do desem­bargo dei Rey noso Senhor etc Rector do dicto studo e alguns lentes .s. o doctor

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NOTAS DE INVESTIGAÇÃO 479

gonçalo vaz e o Licenciado augustinho afonso e o bacharel francisco gentil lentes e André lopez bacharem (sic) e diogo muniz e Antam soarez e garcia froez e o bacharel diogo alvarez e fernam gomez abbade e pedro machado conselheiros e deputados E logo hy no dicto conselho foy dicto que o doctor salvador fernandez avia muitos dias que era absente desta cidade sem licença do Rector que mandase poer ha sua cadeira de cano (sic) de véspera por vaga segundo forma do statuto e o dicto Rector tomou as vozes sobre o dicto caso e conformandose com o statuto e como Era mani­festo o dicto doctor ser absente porquanto depões de sua soltura ele nom falou ao Rector nem foy visto no dicto studo e asy vasta a fee do doctor stevam corea chan­celer e do doctor alvaro fernandez Corregedor da corte os quaes afirmaram que o dicto doctor salvador fernandez avia mães de xx dias que era partido desta cidade pêra fora do Reino / Acordaram que a dieta cadeira fose posta por vaga a quem quer que se a ella quiser vir oppor / E porque isto asy foy acordado eu bedel o seprevi

Adiante staa este acordo

(T. I dos Livros da Universidade de Lixboa de 1505 ate 1526, Liv.° 1, fl. (173])

29 de Maio de 1518

Acordo sobre a vacatura da cadeira de cânones de véspera

Aos xxix dias do mes de mayo de bcxbiij annos nas scolas geraes do studo de lixboa em conselho stando hy o muito honrado Senhor Ruy gonçallvez maracote do desem­bargo dei Rey noso Senhor etc Rector do dicto studo e alguns lentes .s. o doctor gonçalo vaz e o Licenciado Augustinho afonso e o bacharel francisco gentil e asi alguns conselheiros e deputados .s. André lopez e Antam soarez e diogo muniz e fernam gomez abbade e o bacharel diogo alvarez e o bacharel garcia froez e pedro machado e logo no dicto conselho foy dicto que avia muitos dias que o doctor salvador fernandez lente de cânones de véspera era partido desta cidade sem licença do Rector e por ser asy absente sua cadeira era vaga segundo forma do statuto que neste caso fala e que se devia de mandar por por vaga pupricamente / E o dicto Rector tomou sobre yso vozes / E conformandose o dicto Rector e conselho com o dicto statuto e asi com a ffee dos doctores ,s. stevam corea chanceler da casa do civil e com ho Corregedor alvaro ferrnandez os quaes hi afirmaram que o dicto salvador fernandez lente era partido pêra fora do Reyno avia mais de xx dias / pelo qual o dicto Rector e conselho pronunciaram ha dieta cadeira de cânones da hora de véspera por vaga e mandaram a mim bedel que posese nas portas das scolas huum alvará da vacatura

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pêra os que se a ella quiserem vir oppor / E porque esto asi foy acordado eu bedel scprevi.

Rodericus Augustius Micas Licentiatus Joham monteiro doctor Augustinus Didacus alvari bacalarius Andrea mendez Fernanduz gometii bacalarius Anthonius soarez

{T. I dos Livros da Universidade de Lixboa de 1505 ate 1526, Liv.° 1, fl. [173 v.°])

A leitura das actas deixa a impressão de Salvador Fernandes ter sido castigado pela Universidade que, visivelmente, o substituiu com uma presteza que nos faz suspeitar da pouca simpatia dos seus pares ou, pelo menos, de alguns deles pela sua presença. Porquê, ignoramos.

A. C. R.