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NOTAS DE AULA 1 Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Equações Diferenciais Ordinárias Professora: Dr a . Camila N. Boeri Di Domenico

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NOTAS DE AULA 1

Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Equações Diferenciais Ordinárias Professora: Dra. Camila N. Boeri Di Domenico

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Notas de Aula - EDO Profa.Dra Camila Nicola Boeri Di Domenico

1

EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

1. INTRODUÇÃO

Em ciências, engenharia, economia e até mesmo em psicologia, frequentemente

desejamos descrever ou modelar o comportamento de algum sistema ou fenômeno em termos

matemáticos. Essa descrição começa com:

i) identificação das variáveis que são responsáveis por mudanças do sistema, e

ii) um conjunto de hipóteses razoáveis sobre o sistema.

A estrutura matemática de todas essas hipóteses, ou o modelo matemático do sistema,

é muitas vezes uma equação diferencial ou um sistema de equações diferenciais.

O estudo das equações diferenciais começou com os m´métodos do Cálculo Diferencial

e Integral, descobertos por Newton e Leibnitz, e elaborados no último quarto do século XVII

para resolver problemas motivados por considerações físicas e geométricas. Esses m´métodos,

na sua evolução, conduziram gradualmente à consolidação das Equações Diferenciais como

um novo ramo da matemática, que em meados do século XVIII se transformou numa disciplina

independente.

Um modelo matemático de um sistema físico geralmente envolve a variável tempo. A

solução do modelo representa o estado do sistema: em outras palavras, para valores

apropriados do tempo t, os valores da variável dependente (ou variáveis) descrevem o sistema

no passado, presente e futuro.

As equações diferenciais representam uma série de fenômenos tais como:

O crescimento de culturas de bactérias;

Competitividade entre as espécies de um ecossistema,

Escoamento de fluidos em dutos,

O movimento dos planetas em torno do sol,

Trajetória de projeteis,

A formação do granizo na atmosfera,

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2

Circulação sanguínea,

Movimento angular de ciclones,

Fenômenos de difusão,

Previsão de baixas em batalhas,

Jogos de guerra,

O formato de um ovo,

Mecanismos de transferência de calor,

A maré dos oceanos,

Ondas de choque,

A mudança diária da temperatura do vento,

Problemas de servos-mecanismos,

Evolução de uma epidemia devido a vírus,

Realimentação de sistemas, etc.

Para verificar o que foi dito anteriormente, vamos analisar alguns exemplos:

Exemplo 1: Colheita Marinha

Começamos por investigar o efeito da pesca sobre uma população de peixes. Suponha

que, se deixada em paz, uma população de peixes cresça a uma taxa contínua de 20% ao ano.

Suponha também que peixes estejam sendo colhidos (apanhados) por pescadores a uma taxa

constante de 10 milhões de peixes por ano. Como varia a população de peixes com o tempo?

Observe que nos foi dada a informação sobre a taxa de variação, ou derivada, da

população de peixes. Combinada com a informação sobre a população inicial, poderemos usar

isto para predizer a população no futuro.

Para predizer variações na população, P, de peixes, em milhões, escrevemos uma

equação diferencial que relaciona P e sua derivada dP/dt, onde t é o tempo em anos. Sabemos

que:

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Notas de Aula - EDO Profa.Dra Camila Nicola Boeri Di Domenico

3

= -

Se deixados em paz, a população de peixes cresce a uma taxa contínua de 20% ao ano,

portanto temos:

Taxa de crescimento devido à reprodução = 20% . (população atual) =

= 0,20P milhões de peixes/ano.

Além disso:

Taxa de peixes removidos por colheita = 10 milhões peixes/ano

Como a taxa de variação da população de peixes é dP/dt, temos:

𝑑𝑃

𝑑𝑡= 0,20𝑃 − 10

Esta é uma equação diferencial que modela a variação da população de peixes. A

quantidade desconhecida na equação é a função que dá P em termos de t. Usamos a equação

para predizer a população a qualquer tempo no futuro.

Exemplo 2:

Antes de tomar um café, geralmente esperamos um pouco até que o líquido esfrie. Uma

xícara de café fica quase intragável se esfriar até chegar à temperatura ambiente.

Taxa de

variação da

população de

peixes

Taxa de

crescimento

devido à

reprodução

Taxa de peixes

removidos por

colheita

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Notas de Aula - EDO Profa.Dra Camila Nicola Boeri Di Domenico

4

Uma lei empírica de resfriamento atribuída a Isaac Newton assegura que a taxa de

resfriamento de um corpo é proporcional à diferença entre a temperatura do corpo e a

temperatura do meio.

A frase acima é uma descrição verbal de uma equação diferencial, conhecida por Lei de

Resfriamento de Newton. Essa lei é expressa matematicamente como:

𝑑𝑇

𝑑𝑡= 𝑘(𝑇 − 𝑇𝑚)

em que T(t) é a temperatura do corpo no instante t, Tm é a temperatura do meio (constante), 𝑑𝑇

𝑑𝑡

representa a taxa de variação da temperatura do corpo, k é uma constante de proporcionalidade

(como o corpo está esfriando, devemos ter T > Tm, logo, k <0).

Essa equação diferencial pode ser resolvida por meio de variáveis separáveis, que será

discutido a seguir.

Exemplo 3:

Frequentemente, observa-se que a taxa de crescimento de certas bactérias é

proporcional ao número de bactérias presentes num dado instante de tempo.

𝑑𝑥

𝑑𝑡= 𝑘𝑥, 𝑥(𝑡0) = (𝑥0)

em que k é uma constante de proporcionalidade, t é o tempo e x é o número de bactérias.

2. DEFINIÇÕES BÁSICAS

Definição 1: Equação Diferencial

Uma equação que contém as derivadas ou diferenciais de uma ou mais variáveis

dependentes, em relação a uma ou mais variáveis independentes, é chamada de Equação

Diferencial (ED).

Simbolicamente, uma equação diferencial pode ser escrita como:

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5

F(x, y, y’ , y ’’, ... , y (n)) = 0 ou F(x, y, dx

dy,

2

2

dx

yd, ...,

n

n

dx

yd ) = 0.

As equações diferenciais são classificadas de acordo com o tipo, a ordem e a

linearidade.

Tipo: Se uma equação contém somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis

dependentes, com relação a uma única variável independente, ela é chamada Equação

Diferencial Ordinária (EDO). Uma equação que envolve as derivadas parciais de uma ou mais

variáveis dependentes de duas ou mais variáveis independentes é chamada de Equação

Diferencial Parcial (EDP).

Exemplos:

a) yxdx

dy 2 → EDO

b) xdx

dysen → EDO

c) 02

2

ydx

dyx

dx

yd → EDO

d) 02

2

2

2

t

u

x

u, onde u = (x, t) → EDP

e) 𝜕𝑢

𝜕𝑦= −

𝜕𝑣

𝜕𝑥 → EDP

Notação: Ao longo deste texto, derivadas ordinárias serão escritas utilizando-se a notação de

Leibniz dy/dx, d2y/dx2, d3y/dx3, ..., ou a notação prima y’, y’’, y’’’,... Na verdade, a notação

prima e utilizada para indicar apenas as primeiras três derivadas; a quarta derivada e escrita

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6

y(4) em vez de y’’’’. Em geral, a derivada de ordem n e dny/dxn ou y(n). Apesar de ser menos

conveniente de escrever e digitar, a notação de Leibniz e mais vantajosa em relação à notação

prima pelo fato de apresentar de modo mais claro tanto as variáveis dependentes como as

variáveis independentes. Por exemplo, na equação diferencial d2x/dt2 +16x = 0, percebe-se

imediatamente que o símbolo x agora representa uma variável dependente, enquanto a variável

independente é t. Deve-se estar consciente que em física e engenharia a notação em ponto de

Newton e algumas vezes utilizada para indicar derivadas em relação ao tempo t. Assim, a

equação diferencial d2s/dt2 = -9,81 se escreve �� = -9,81. Derivadas parciais são

frequentemente apresentadas por uma notação de subscrito indicando as variáveis

independentes. Por exemplo: uxx + uyy = 0 e uxx = utt - 2ut.

Ordem: A ordem da derivada de maior ordem em uma equação diferencial é, por definição, a

ordem da equação.

O grau de uma equação diferencial é a maior potência da derivada de maior ordem.

Exemplos: Determinar o grau e a ordem de cada uma das seguintes equações diferenciais.

(a) 07

3

2

2

dx

dy

dx

dy

dx

yd

É uma equação diferencial de primeiro grau de ordem 2 porque d2y/dx2 é a derivada de

maior ordem na equação e está elevada à primeira potência. Notar que a terceira potência de

dy/dx não tem influência no grau da Equação (a) porque dy/dx é de menor ordem que d2y/dx2.

(b) 03

2

y

dx

dy

dx

dy

É uma equação diferencial de segundo grau e primeira ordem; dy/dx é a derivada de

maior ordem (ordem 1) e 2 é a maior potência de dy/dx aparecendo na equação.

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7

Linearidade: Uma equação diferencial é chamada linear quando pode ser escrita na forma:

𝑎𝑛(𝑥)𝑑𝑛𝑦

𝑑𝑥𝑛+ 𝑎𝑛−1(𝑥)

𝑑𝑛−1𝑦

𝑑𝑥𝑛−1+ ⋯ + 𝑎1(𝑥)

𝑑𝑦

𝑑𝑥+ 𝑎0(𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥)

As equações diferenciais lineares são caracterizadas por duas propriedades:

i) A variável dependente y e todas as suas derivadas são do primeiro grau, ou seja, a potência

de cada termo envolvendo y é 1.

ii) Cada coeficiente depende apenas da variável independente x.

Uma equação que não é linear é chamada de não-linear.

Exemplos A:

a) 𝑥𝑑𝑦 + 𝑦𝑑𝑥 = 0 → Equação diferencial ordinária linear de primeira ordem

b) 𝑦′′ − 2𝑦′ + 𝑦 = 0 → Equação diferencial ordinária linear de segunda ordem

c) 𝑥3 𝑑3𝑦

𝑑𝑥3− 𝑥2 𝑑2𝑦

𝑑𝑥2+ 3𝑥

𝑑𝑦

𝑑𝑥+ 5𝑦 = 𝑒𝑥 → Equação diferencial ordinária linear de

terceira ordem

d) 𝑦𝑦′′ − 2𝑦′ = 𝑥 → Equação diferencial ordinária não-linear de segunda ordem

e) 𝑑3𝑦

𝑑𝑥3+ 𝑦2 = 0 → Equação diferencial ordinária não-linear de terceira ordem

Exemplos B:

Em cada aplicação abaixo, classificar a equação diferencial dada quanto ao tipo, ordem

e linearidade.

a) Fatos experimentais mostram que materiais radioativos desintegram a uma taxa

proporcional à quantidade presente do material. Se Q=Q(t) é a quantidade presente de

um certo material radioativo no instante t, então a taxa de variação de Q(t) com respeito

ao tempo t, aqui denotada por dQ/dt, é dada por:

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8

𝑑𝑄

𝑑𝑡= 𝑘𝑄(𝑡)

onde k é uma constante negativa bem definida do ponto de vista físico.

Tipo: __________________

Ordem: ________________

Linearidade: ____________

b) A taxa de variação da população em relação ao tempo, aqui denotada por dP/dt, é

proporcional à população presente. Em outras palavras, se P=P(t) mede a população,

nós temos:

𝑑𝑃

𝑑𝑡= 𝑘𝑃(𝑡)

onde a taxa k é uma constante.

Tipo: __________________

Ordem: ________________

Linearidade: ____________

c) Em um circuito em série, contendo apenas um resistor e um indutor, a Segunda Lei de

Kirchhoff diz que a soma da queda de tensão no indutor (L (di/dt)) e da queda de tensão

no resistor (iR) é igual à voltagem (E(t)) no circuito, ou seja:

𝐿𝑑𝑖

𝑑𝑡+ 𝑅𝑖 = 𝐸(𝑡)

Tipo: __________________

Ordem: ________________

Linearidade: ____________

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Definição 2: Resolução de uma Equação Diferencial

Resolver uma ED é determinar todas as funções que, sob a forma finita, verificam a

equação, ou seja, é obter uma função de variáveis que, substituída na equação, transforme-a

numa identidade. A resolução de uma equação diferencial envolve basicamente duas etapas:

a primeira, que é a preparação da equação, que consiste em fazer com que cada termo da

equação tenha, além de constantes, um único tipo de variável. A segunda etapa é a resolução

da equação diferencial e consiste na aplicação dos métodos de integração.

Definição 3: Solução

É a função que quando substituída na equação diferencial a transforma numa identidade.

As soluções podem ser:

• Solução geral: A família de curvas que verifica a equação diferencial, (a primitiva de

uma equação diferencial) contem tantas constantes arbitrárias quantas forem as unidades de

ordem da equação.

• Solução particular: solução da equação deduzida da solução geral, impondo condições

iniciais ou de contorno. Geralmente as condições iniciais serão dadas para o instante inicial. Já

as condições de contorno aparecem quando nas equações de ordem superior os valores da

função e de suas derivadas são dadas em pontos distintos.

• Solução singular: Chama-se de solução singular de uma equação diferencial à

envoltória da família de curvas, que é a curva tangente a todas as curvas da família. A solução

singular não pode ser deduzida da equação geral. Algumas equações diferenciais não

apresentam essa solução.

As soluções ainda podem ser:

• Solução explícita: Uma solução para uma EDO que pode ser escrita da forma y = f(x)

é chamada solução explícita.

• Solução Implícita: Quando uma solução pode apenas ser escrita na forma G(x,y)=0

trata-se de uma solução implícita.

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10

Exemplos:

(a) Verificar que y = 4.e-x + 5 é uma solução da equação diferencial de segunda ordem e

primeiro grau .02

2

dx

dy

dx

yd

Observando que xedx

dy .4 e xedx

yd .42

2

e substituindo na equação diferencial dada,

temos:

4.e-x + (– 4.e-x) = 0

0 = 0

A solução y = 4.e-x + 5 no exemplo acima é um exemplo de uma solução particular de

uma equação diferencial. Podemos verificar que y = 4.e-x + 3 é também uma solução particular

da equação diferencial no exemplo (a). Deste modo, uma equação diferencial pode ter mais do

que uma solução particular.

(b) Verificar que y =x

x

eC

eC

.1

.1

é uma solução da equação diferencial de primeira ordem e

primeiro grau )1(2

1 2 ydx

dy.

A primeira derivada da equação dada é 2.1

..2

x

x

eC

eC

dx

dy

. Substituindo este resultado na

equação diferencial dada, temos:

2.1

..2

x

x

eC

eC

=

1

.1

.1

2

12

2

x

x

eC

eC

2.1

..2

x

x

eC

eC

=

2

2222

.1

..21..21

2

1

x

xxxx

eC

eCeCeCeC

2.1

..2

x

x

eC

eC

=

2

.1

..4

2

1

x

x

eC

eC

2.1

..2

x

x

eC

eC

.

Page 12: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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11

Uma solução y = f(x) de uma equação diferencial de ordem n contendo n constantes

arbitrárias é chamada uma solução geral. Assim, a solução y =x

x

eC

eC

.1

.1

no Exemplo (b) ou

y = 4.e-x + C no Exemplo (a) é um exemplo de uma solução geral.

(c) Verifique que 𝑦 =𝑥4

16 é uma solução para a equação não-linear:

𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑥𝑦1/2

(d) Verifique que a função 𝑦 = 𝑥𝑒𝑥 é uma solução para a equação linear:

𝑦" − 2𝑦′ + 𝑦 = 0

Curvas Integrais:

Geometricamente, a primitiva é a equação de uma família de curvas e uma solução

particular é a equação de uma dessas curvas. Estas curvas são denominadas curvas integrais

da equação diferencial.

Exemplo:

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12

3. PROBLEMA DE VALOR INICIAL (P.V.I.)

Uma solução particular pode ser obtida se forem dadas certas condições iniciais. Uma

condição inicial de uma equação diferencial é uma condição que especifica um valor particular

de y, y0, correspondente a um valor particular de x, x0. Isto é, se y = f(x) pode ser uma solução

da equação diferencial, então a função deve satisfazer a condição: y0 = f(x0). O problema de ser

dada uma equação diferencial com condições iniciais é chamado um problema de valor inicial.

Ou seja, estamos interessados em resolver uma equação diferencial de 1º ordem:

𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑓(𝑥, 𝑦)

sujeita à condição inicial 𝑦(𝑥0) = 𝑦0, em que 𝑥0 é um número no intervalo I e 𝑦0 é um número

real arbitrário. O problema:

{

𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑓(𝑥, 𝑦)

𝑦(𝑥0) = 𝑦0

é chamado de P.V.I

Exemplos:

a) Mostre que y = C.e-2x é uma solução para a equação diferencial y’ + 2y = 0 e encontre a

solução particular determinada pela condição inicial y(0) = 3.

Sabemos que y = C.e-2x é solução porque y’ = - 2.C.e-2x e y’ + 2y = - 2.C.e-2x + 2.( C.e-2x ) = 0.

Usando a condição inicial y(0) = 3, ou seja, y = 3 e x = 0, obtém-se:

y = C.e-2x 3 = C e-2.0 C = 3

e conclui-se que a solução particular é y = 3.e-2x .

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b) Verificar que y = C1.cosx + C2.senx é uma solução geral da equação diferencial y’’ + y = 0.

Primeiro, determinar as derivadas da função dada:

y' = - C1.senx + C2..cosx

y’’= - C1.cosx - C2..senx

Substituindo na equação diferencial, temos:

y’’ + y = 0

- C1.cosx - C2..senx + ( C1.cosx + C2..senx) = 0

- C1.cosx - C2..senx + C1.cosx + C2..senx = 0

0 = 0

Portanto, y = C1.cosx + C2..senx é uma solução geral da equação diferencial dada com duas

constantes arbitrárias distintas.

4. TEOREMA DA EXISTÊNCIA DE UMA ÚNICA SOLUÇÃO

Seja R uma região retangular no plano xy definida por 𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑, que

contém o ponto (𝑥0, 𝑦0) em seu interior. Se 𝑓(𝑥, 𝑦) e 𝑑𝑓

𝑑𝑦 são contínuas em r, então existe

um intervalo I, centrado em x0 e uma única função y(x) definida em I que satisfaz o problema

de valor inicial 𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑓(𝑥, 𝑦), sujeito a y( x0 ) = y0 .

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14

Três perguntas importantes sobre soluções para uma EDO.

1. Dada uma equação diferencial, será que ela tem solução?

2. Se tiver solução, será que esta solução é única?

3. Existe uma solução que satisfaz a alguma condição especial?

Para responder a estas perguntas, existe o Teorema de Existência e Unicidade de

solução que nos garante resposta para algumas das questões desde que a equação tenha

algumas características.

Teorema: Considere o problema de valor inicial {𝑑𝑦

𝑑𝑥+ 𝑝(𝑥)𝑦 = 𝑞(𝑥)

𝑦(𝑥0) = 𝑦0

Se p(x) e q(x) são contínuas em um intervalo aberto I e contendo x0, então o problema

de valor inicial tem uma única solução nesse intervalo.

Observa-se que descobrir uma solução para uma Equação Diferencial é algo “similar”

ao cálculo de uma integral e sabe-se que existem integrais que não possuem primitivas, como

é o caso das integrais elípticas. Dessa forma, não é de se esperar que todas as equações

diferenciais possuam soluções.

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15

LISTA DE EXERCÍCIOS 1

1) Determinar o grau e a ordem de cada uma das seguintes equações diferenciais.

a) 07

3

2

2

dx

dy

dx

dy

dx

yd

b) 03

2

y

dx

dy

dx

dy

c) 22 yxdx

dy

d) y’’’- 4y’’ + xy = 0

e) 023

2

dx

dyx

dx

dy

f) y’+ x.cosx = 0

g) yxdx

dyxy

dx

yd 2

2

2

5

h) (y’’)3 - xy’ + y’’ = 0

i) 0

2

2

dx

dyy

dx

dyx

j) y’’+ ex y = 2

2) Verificar que y = 4.e-x + 5 é uma solução da equação diferencial de segunda ordem e

primeiro grau .02

2

dx

dy

dx

yd

3) Mostre que y = C.e-2x é uma solução para a equação diferencial y’ + 2y = 0 e encontre a

solução particular determinada pela condição inicial y(0) = 3.

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16

4) Verificar que cada uma das funções dadas y = f(x) é uma solução da equação diferencial

dada.

a) 3dx

dy; y = 3x – 7

b) yxdx

dyx 2 ; y = x2 + Cx

c) 242 xxydx

dy ; y = x2 - 4x

d) x xydx

dy42 ; y = x2 - 4x

5) Na aplicação abaixo, classificar a equação dada quanto ao tipo, ordem e linearidade.

Suponhamos que uma certa quantia 𝐴0 de dinheiro seja depositado em uma instituição

financeira que paga juros à taxa 𝑘% a.a. O valor do investimento 𝐴(𝑡), em qualquer instante

𝑡, depende da frequência na qual o juro é capitalizado e também da taxa de juros. As instituições

financeiras seguem várias orientações no que se refere a capitalização dos juros: alguns fazem-

na mensalmente, outras semanalmente e até diariamente. Admitiremos que a capitalização seja

contínua.

Seja 𝑑𝐴

𝑑𝑡 a taxa de variação do valor do investimento e esta taxa é proporcional a taxa

na qual o investimento cresce a cada instante 𝑡, ou seja:

𝑑𝐴

𝑑𝑡= 𝜆 ∙ 𝐴, onde 𝜆 =

𝑘

100 então:

{

𝑑𝐴

𝑑𝑡=

𝑘

100∙ 𝐴

𝐴(0) = 𝐴0

A solução dessa equação diferencial fornece o valor do montante A(t) creditado ao

investidor em qualquer instante 𝑡.

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17

Gabarito Lista de Exercícios 1

Exercício 1:

a) Segunda ordem e primeiro grau

b) Primeira ordem e segundo grau

c) Primeira ordem e primeiro grau

d) Terceira ordem e primeiro grau

e) Primeira ordem e segundo grau

f) Primeira ordem e primeiro grau

g) Segunda ordem e primeiro grau

h) Segunda ordem e terceiro grau

i) Primeira ordem e segundo grau

j) Segunda ordem e primeiro grau

Exercício 2:

y = 4.e-x + 5

y’ = -4.e-x

y’’ = 4.e-x

00

04e4e

.0

x-x-

2

2

dx

dy

dx

yd

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18

Exercício 3:

y = C.e-2x

y’ = -2C.e-2x

y’ + 2y = 0

-2C.e-2x + 2C.e-2x = 0

0 = 0

Para: y(0) = 3.

y = C.e-2x

3 = C.e0

C = 3 y = 3.e-2x

Exercício 4:

a) y = 3x – 7 3dx

dy

y’ = 3 3 = 3

b) y = x2 + Cx yxdx

dyx 2 ;

y’ = 2x+C x(2x+C) = x2 + x2 + Cx

2x2+Cx = 2x2+Cx

Page 20: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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19

c) y = x2 - 4x 242 xxydx

dy ;

y’=2x-4 2x - 4 + x2 - 4x + 2x + 4 = x2

x2 = x2

d) y = x2 - 4x x xydx

dy42 ;

y’=2x-4 x(2x-4)-2(x2 - 4x) = 4x

4x = 4x

Exercício 5:

Equação diferencial ordinária linear de primeira ordem e primeiro grau.

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20

5. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM DE VARIÁVEIS SEPARÁVEIS

5.1 Motivação

A taxa de crescimento de uma população é diretamente proporcional a população num

instante considerado. Determinamos a variação populacional em função do tempo, sabendo

que no tempo 𝑡 = 0 a população era 𝑃0. Seja

𝑃 a população no instante 𝑡

𝑑𝑃

𝑑𝑡 a taxa de crescimento populacional no instante 𝑡 segundo as condições do

problema então

{

𝑑𝑃

𝑑𝑡= 𝑘𝑃

𝑃(0) = 𝑃0

Este modelo é conhecido como modelo de Malthus. Ele também é aplicado em certos

tipos de microorganismos que se reproduzem por mitose.

A equação acima é classificada como uma Equação Diferencial Ordinária de Primeira

Ordem de Variáveis Separáveis.

Vejamos, agora, como determinar a sua solução geral.

5.2 Introdução

No estudo da metodologia de resolução de equações de primeira ordem, a forma mais

simples de EDO é dada por:

𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑔(𝑥) (1)

Se g(x) é uma função continua dada, então (1) pode ser resolvida por integração e sua

solução é:

𝑑𝑦 = 𝑔(𝑥)𝑑𝑥

𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐

A equação (1) bem como a sua resolução é um caso especial das equações com

variáveis separáveis.

Page 22: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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21

Exemplos:

a) 𝑑𝑦

𝑑𝑥= 1 + 𝑒2𝑥

Solução:

b) 𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑠𝑒𝑛(𝑥)

Solução:

5.3. Definição de Equação Separável

Uma equação diferencial da forma

𝑑𝑦

𝑑𝑥=

𝑔(𝑥)

ℎ(𝑦)

é chamada separável ou tem variáveis separáveis.

Observa-se que uma equação separável pode ser escrita como

ℎ(𝑦)𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑔(𝑥) (2)

Se ℎ(𝑦), a equação (2) fica reduzida a (1).

Agora, se y = f(x) denota uma solução para (2), tem-se:

ℎ(𝑓(𝑥))𝑓´(𝑥) = 𝑔(𝑥)

Logo,

∫ ℎ(𝑓(𝑥))𝑓´(𝑥)𝑑𝑥 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐 (3)

Page 23: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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22

Mas, 𝑑𝑦 = 𝑓´(𝑥)𝑑𝑥, assim (3) é o mesmo que

∫ ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐 (4)

5.4. Método de Solução

A equação (4) indica o procedimento na resolução para equações separáveis.

Integrando-se ambos os lados de ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 obtém-se uma família a um

parâmetro de soluções.

Obs: Não há necessidade de usar duas constantes na integração de uma equação separável,

pois

∫ ℎ(𝑦)𝑑𝑦 + 𝑐1 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐2

∫ ℎ(𝑦)𝑑𝑦 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐2 − 𝑐1 = ∫ 𝑔(𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐

em que c é arbitrária.

Observação 1: Quando a solução de uma equação diferencial envolver a integração

de um termo na forma u

du, escrevemos agora Cu

u

du ln em vez de Cu

u

du ln .

Estamos agora percebendo que a solução é válida apenas quando u é positivo.

Lembrar também de incluir a constante de integração C.

Observação 2: Algumas regras para logaritmo na base e (e 2,718....)

Sendo a > 0 e b > 0 e IR, então:

P1) ln (a . b) = ln a + ln b P3) ln (a) = .ln a

P2) ln (a : b) = ln a - ln b P4) elna = a

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23

Exemplos:

1) Retornando ao exemplo inicial:

A taxa de crescimento de uma população é diretamente proporcional a população num

instante considerado. Determinamos a variação populacional em função do tempo, sabendo

que no tempo 𝑡 = 0 a população era 𝑃0. Seja

𝑃 a população no instante 𝑡

𝑑𝑃

𝑑𝑡 a taxa de crescimento populacional no instante 𝑡 segundo as condições do

problema então

{

𝑑𝑃

𝑑𝑡= 𝑘𝑃

𝑃(0) = 𝑃0

A solução geral é dada por:

2) Uma colônia de bactérias cresce a uma razão proporcional ao número de bactérias

presentes. Se o número de bactérias duplica em 24 horas, quantas horas serão

necessárias para que as bactérias aumentem em 100 vezes a sua quantidade original?

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24

3) Desintegração Radioativa

A velocidade de uma substância radioativa é diretamente proporcional a sua massa no

instante considerado. Determinamos a lei de variação da massa da variação da massa da

substância radioativa em função do tempo, sabendo que no instante 𝑡 = 0 a massa era 𝑚0.

Determina-se a velocidade de desintegração como segue. Seja

𝑚 a massa no instante 𝑡

𝑑𝑚

𝑑𝑡 a velocidade de desintegração no instante 𝑡

Segundo a condição do problema

{𝑑𝑚

𝑑𝑡= −𝑘𝑚

𝑚(0) = 𝑚0

em que 𝑘 é um coeficiente de proporcionalidade (𝑘 > 0). Introduzimos o sinal

negativo uma vez que a massa decresce quando o tempo cresce.

A solução geral desta equação é dada por:

Page 26: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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25

4) O isótopo radioativo tório 234 desintegra-se numa velocidade que é diretamente proporcional

a sua massa no instante considerado. Se 100 miligramas desta substância são reduzidas a

82,04 miligramas em uma semana, ache uma expressão para a massa presente em qualquer

tempo.

Chamamos de meia vida de uma substância, ao período de tempo gasto para que a massa

dessa substância se reduza a metade. Com base nisso determine a meia vida de 100

miligramas de tório 234.

Page 27: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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26

5) A lei de variação de temperatura de Newton afirma que a taxa de variação da temperatura

de um corpo é proporcional a diferença de temperatura entre o corpo e o meio ambiente. Seja

𝑇 a temperatura de corpo e 𝑇𝑚 a temperatura do meio ambiente.

Então a taxa de variação da temperatura do corpo é 𝑑𝑇

𝑑𝑡 e a lei de Newton relativa à

variação de temperatura pode ser formulada como:

𝑑𝑇

𝑑𝑡= −𝑘(𝑇 − 𝑇𝑚) ou

𝑑𝑇

𝑑𝑡+ 𝑘𝑇 = 𝑘𝑇𝑚

onde 𝑘 é uma constante de proporcionalidade. Se 𝑘 > 0, torna-se necessário o sinal negativo

na lei de Newton, a fim de tornar 𝑑𝑇

𝑑𝑡 negativa em um processo de resfriamento.

A solução geral dessa equação é dada por:

Page 28: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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27

6) Sabendo que uma xícara de café se encontra à temperatura de 100ºC e é colocada num

ambiente à temperatura de 20ºC, tendo resfriado até 80ºC ao fim de 2 minutos, determinar

quanto tempo será necessário para que a temperatura seja reduzida para 40ºC.

7) Suponha que, se deixada em paz, uma população de peixes cresça a uma taxa contínua de

20% ao ano. Suponha também que peixes estejam sendo colhidos (apanhados) por pescadores

a uma taxa constante de 10 milhões de peixes por ano. Levando em consideração estas

informações, podemos predizer a população P de peixes no futuro por meio de uma equação

diferencial. Escreva-a:

Page 29: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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28

Considerando que a população de peixes, inicialmente, seja de 60 milhões:

a) encontre a expressão que determina a população para qualquer tempo futuro;

b) determine a população de peixes no segundo ano.

Page 30: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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29

8) Resolva (1 + 𝑥)𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥 = 0

A solução é dada resolvendo-se as integrais de ambos os lados, após reescrever a

equação:

9) Resolva o problema de valor inicial

𝑑𝑦

𝑑𝑥=

−𝑥

𝑦, 𝑦(4) = 3

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30

LISTA DE EXERCÍCIOS 2

1) Resolver a equação diferencial y’ – 2x = 0 sujeita à condição inicial y(2) = 1.

2) Resolver a equação diferencial y + xy’ = 0 sujeita à condição inicial y(3) = 2.

3) Resolva: 02 dxyxdy

4) Resolva: 03 23 xydydxyx

5) Resolva: 0 ydxxdy

6) Resolva: 0cos3 xydx

dy

7) Determinar a solução particular da equação diferencial sujeita à condição dada:

42 yxdx

dy ; y (1) = 1

8) Determinar a solução geral da equação diferencial x2yy’ – 2xy3 = 0.

9) Resolver a equação diferencial x(1 + y2) – y(1 + x2)y’= 0.

10) Resover: 02

y

e

dx

dy x

11) Segundo a lei de resfriamento de Newton, a velocidade de resfriamento de um corpo é

proporcional à diferença entre as temperaturas do corpo e a do meio ambiente. Se a

temperatura ambiente é 20oC e a temperatura de um corpo passa de 100oC para 60oC

em vinte minutos, qual é o tempo necessário para que a temperatura do corpo seja igual

a 30oC?

12) A taxa de variação da temperatura de um objeto é proporcional à diferença entre sua

temperatura e a do meio circundante. Um objeto cuja temperatura era de 40 graus foi

colocado num ambiente cuja temperatura é de 80 graus. Após 20 minutos, a temperatura

do objeto chegou a 50 graus. Expresse a temperatura do objeto como função do tempo.

Page 32: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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31

13) Uma substância, a 98º C, é colocada em uma pia contendo água a 18º C. Depois de 5

minutos, a temperatura desta substância é de 38º C. Supondo que durante o experimento

a temperatura da água não aumente apreciavelmente, quanto tempo a mais será

necessário para que a substância atinja 20º C?

14) A velocidade de desintegração do rádio é diretamente proporcional a sua massa no

instante considerado. Se 10g de rádio são reduzidas a 9,93g em 15 anos, ache uma

expressão para a massa dessa substância presente em qualquer tempo e encontre a

meia vida de 10g dela.

15) Numa certa cultura de bactérias a taxa de aumento é proporcional ao número de bactérias

presente. Verificando que o número dobra em 4 horas, quantas se pode esperar no fim

de 12 horas?

16) Numa determinada cultura de bactérias a taxa de aumento é proporcional ao número de

bactérias presentes em determinado instante. Sabe-se que no fim de 3 horas existiam

104 e no fim de 5 horas 4 ∙ 104, quantas bactérias existiam no começo, ou seja, qual a

população inicial de bactérias?

17) Sabendo que uma determinada substância radioativa se decompõe numa razão

proporcional a quantidade existente e que sua meia vida se dá em 1600 anos, calcular a

percentagem perdida em 100 anos.

18) O nuclídeo radioativo plutônio 241, decai de acordo com:

𝑑𝑚

𝑑𝑡= −0,0525𝑚

onde 𝑚 está em miligramas e 𝑡 em anos.

Page 33: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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32

a) Determinar a meia-vida do plutônio 241.

b) Se 50 mg de plutônio estiverem presentes numa amostra no dia de hoje, quanto plutônio

existirá daqui 10 anos?

19) Suponhamos que uma certa quantia 𝐴0 de dinheiro seja depositado em uma instituição

financeira que paga juros à taxa 𝑘% a.a. O valor do investimento 𝐴(𝑡), em qualquer

instante 𝑡, depende da frequência na qual o juro é capitalizado e também da taxa de juros.

As instituições financeiras seguem várias orientações no que se refere a capitalização dos

juros: alguns fazem-na mensalmente, outras semanalmente e até diariamente. Admitiremos

que a capitalização seja contínua.

Seja 𝑑𝐴

𝑑𝑡 a taxa de variação do valor do investimento e esta taxa é proporcional a taxa na

qual o investimento cresce a cada instante 𝑡, ou seja:

𝑑𝐴

𝑑𝑡= 𝜆 ∙ 𝐴, onde 𝜆 =

𝑘

100 então:

{

𝑑𝐴

𝑑𝑡=

𝑘

100∙ 𝐴

𝐴(0) = 𝐴0

A solução dessa equação diferencial fornece o valor do montante A(t) creditado

ao investidor em qualquer instante 𝑡. Determine esta solução geral.

20) Empresta-se 100 u.m a juros compostos de 4%a.a. Em quanto tempo teremos um total

de 200 u.m.

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33

Gabarito Lista de Exercícios 2

1) S.G.: 𝑦 = 𝑥2 + 𝑐 S.P.: 𝑦 = 𝑥2 − 3

2) S.G.: 𝑦 =𝑐

𝑥 S.P.: 𝑦 =

6

𝑥

3) S.G.: 𝑦 =−1

𝑙𝑛|𝑥|+𝑐

4) S.G.: 𝑦 = 𝑐𝑒𝑥3

5) S.G.: 𝑦 =𝑐

𝑥

6) S.G.: 𝑦2 =1

2(𝑠𝑒𝑛(𝑥)−𝑐)

7) S.G.: 𝑦3 =−1

𝑥3+3𝑐 S.P.: 𝑦3 =

−1

𝑥3−2

8) S.G.: 𝑦 =−1

2𝑙𝑛|𝑥|+𝑐

9) S.G.: 𝑦2 = 𝑐(1 + 𝑥2) − 1

10) S.G.: 𝑦 = √3𝑒𝑥 + 𝑐3

11) 𝑡 ≅ 59,4𝑚𝑖𝑛

12) 𝑇(𝑡) = −40𝑒−0,014𝑡 + 80

13) t 13 minutos

14) 𝑚(𝑡) = 10𝑒−0,00047𝑡 ; 𝑡 ≅ 1475 𝑎𝑛𝑜𝑠

15) P(12)=7,69P0

Page 35: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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34

16) P(0) = 1250

17) m(100) = 0,96m0 → Perdeu 4%

18) a) 𝑡 ≅ 13,2 𝑎𝑛𝑜𝑠; 𝑏) 𝑚 ≅ 29,58𝑚𝑔

19) 𝐴(𝑡) = 𝐶 ∙ 𝑒𝑘𝑡

100

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35

6. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM LINEARES

6.1. Motivação

Na década de 1960-70, a poluição nos Grandes Lagos tornou-se uma preocupação

pública. Estabeleceremos um modelo para quanto tempo levaria até que os lagos se livrassem

da poluição, supondo que não fossem jogados mais poluentes no lago.

Seja 𝑄 a quantidade total de poluentes num lago de volume 𝑉 ao tempo 𝑡. Suponha que

a água limpa está fluindo para o lago a uma taxa constante 𝑟 e que a água escorre para fora à

mesma taxa. Suponha que o poluente esteja uniformemente distribuído pelo lago e que a água

limpa que entra no lago se mistura imediatamente com o resto da água.

Como varia 𝑄 com o tempo? Primeiro, observe que como poluentes estão saindo do

lago mas não estão entrando, 𝑄 decresce e a água que deixa o lago se torna menos poluída,

de modo que a taxa à qual saem os poluentes diminui. Isto nos diz que 𝑄 é decrescente e

côncava para cima. Além disso, os poluentes nunca serão totalmente removidos do lago, ainda

que a quantidade que resta se torne arbitrariamente pequena.

Para entender como varia 𝑄 com o tempo, escrevemos uma equação diferencial para

𝑄. Sabemos que

𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑄 = −𝑇𝑎𝑥𝑎 à 𝑞𝑢𝑎𝑙 𝑠𝑎𝑒𝑚 𝑝𝑜𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

O sinal negativo representa o fato de 𝑄 estar decrescendo. Ao tempo 𝑡 a concentração

de poluentes é 𝑄

𝑉⁄ e água contendo essa concentração está saindo à taxa 𝑟. Assim

𝑇𝑎𝑥𝑎 à 𝑞𝑢𝑎𝑙 𝑝𝑜𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑠𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚 = 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 × 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜

= 𝑟 ∙𝑄

𝑉

Portanto, a equação diferencial é

𝑑𝑄

𝑑𝑡= −𝑟 ∙

𝑄

𝑉

Page 37: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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36

A equação acima é caracterizada como sendo uma equação diferencial de primeira

ordem linear.

6.2. Introdução

Definimos a forma geral para uma equação diferencial linear de ordem n como,

g(x)yxadx

da

dx

da

dx

dxa 011-n

1-n

1-nn

n

n y

xy

xy

Lembre-se de que linearidade significa que todos os coeficientes são funções de x

somente e que y e todas as suas derivadas são elevadas à primeira potência. Agora, quando n

= 1, obtemos uma equação linear de primeira ordem.

6.3. Definição – Equação Linear

Uma equação diferencial da forma

)()()( 01 xgyxadx

dyxa

é chamada de equação linear.

Dividindo pelo coeficiente a1(x), obtemos uma forma mais útil de uma equação linear:

Q(x).yxPdx

d

y. (1)

Procuramos uma solução para (1) em um intervalo I no qual as funções P(x) e Q(x) são

contínuas. Na discussão a seguir, supomos que (1) possui uma solução.

Usando diferenciais, podemos escrever a equação (1) como

Page 38: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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37

dy + [P(x).y - Q(x)]dx = 0 (2)

Equações lineares possuem a agradável propriedade através da qual podemos sempre

encontrar uma função (x) em que

(x)dy + (x)[P(x).y - Q(x)]dx = 0 (3)

é uma equação diferencial exata. Pelo Teorema (Critério para uma Diferencial Exata), o lado

esquerdo da equação (3) é uma diferencial exata se

x

(x)dy =

y

(x)[P(x).y - Q(x)]dx (4)

ou

P(x)dx

dμ .

Esta é uma equação separável em que podemos determinar (x). Temos

P(x)dxd

P(x)dxln (5)

assim

P(x)dx

)( ex (6)

Assim a função (x) definida em (6) é um fator de integração para a equação linear. Note

que não precisamos usar uma constante de integração em (5), pois (3) não se altera se a

Page 39: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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38

multiplicarmos por uma constante. Ainda, (x) 0 para todo x em I, e é contínua e diferenciável.

Multiplicando a equação (1) por (6), obtemos:

P(x)dxe Q(x)eyxPe

dx

d P(x)dxP(x)dx y

P(x)dxP(x)dx

).(.dx

dexQey (integrando ambos os lados)

CdxexQey P(x)dxP(x)dx

).(. .

Assim sendo a solução geral é dada por

CdxexQey P(x)dxP(x)dx

).( (7)

Teorema: Solução de uma Equação Diferencial Linear de Primeira Ordem

Um fator integrante para a equação diferencial linear de primeira ordem y’ + P(x).y =

Q(x) é P(x)dx

)( ex . A solução da equação diferencial é

CdxexQey P(x)dxP(x)dx

).( .

Page 40: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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39

6.4. Sintetizando o método de solução:

(1) Para resolver uma equação linear de primeira ordem, primeiro coloque – a na forma abaixo, isto é, faça o coeficiente de

)()( xfyxpdx

dy

(2) Identifique P(x) e encontre o fator de integração

dxxPe

)(

(3) Multiplique a equação obtida em pelo fator de integração:

)()()()()(

xfeyxpedx

dye

dxxPdxxPdxxP

(4) O lado esquerdo da equação em é a derivada do produto do fator de integração e a

variável independente y; isto é,

)()()(

xfeyedx

dy dxxPdxxP

(5) Integre ambos os lados da equação encontrada e obtemos

)(

)()(xfeye

dxxPdxxP

Page 41: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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40

Exemplos: 1) Retornando ao exemplo da seção 6.1 sobre o problema da poluição e usando o quadro

abaixo, que contém valores de r e V para quatro dos Grandes Lagos, determine: a) quanto

tempo levará até que 90% da poluição seja removida do Lago Erie; b) para que 99% seja

removida.

Quadro: Volume e escoamento nos Grandes Lagos

Lago V (milhares de km3) r (km3/ano)

Superior 12,2 65,2

Michigan 4,9 158

Erie 0,46 175

Ontario 1,6 209

Page 42: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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41

2) A mistura de duas soluções de sal de concentrações diferentes resulta em uma equação

diferencial de primeira ordem para a quantidade de sal contida na mistura. Vamos supor que

um tanque de mistura grande comporte 300 litros de salmoura. Outra solução de salmoura é

bombeada para dentro desse tanque grande a uma taxa de 3 litros por minuto; a concentração

de sal neste fluxo é de 2kg de sal por litro. Quando a solução do tanque estiver bem misturada,

ela é bombeada para fora à mesma taxa da solução de entrada. Se 𝐴(𝑡) corresponde a taxa

de sal (medida em quilos) no tanque no instante de tempo 𝑡, a taxa com a qual 𝐴(𝑡) se modifica

é uma taxa líquida:

𝑑𝐴

𝑑𝑡= (𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑙) − (𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎𝑙) = 𝑅𝑖𝑛 − 𝑅𝑜𝑢𝑡

A taxa de entrada 𝑅𝑖𝑛 com a qual o sal entra no tanque é o produto do fluxo da

concentração de sal e o fluxo da concentração de fluído. Observe que 𝑅𝑖𝑛 é medido em quilos

por minuto

𝑅𝑖𝑛 = (2 𝑘𝑔/𝑙) ∙ (3 𝑙/𝑚𝑖𝑛) = (6 𝑘𝑔/𝑚𝑖𝑛)

Agora, como a solução está sendo bombeada para fora do tanque com a mesma taxa

que ela é bombeada para dentro, a quantidade de litros de salmoura no tanque no instante de

tempo 𝑡 é um valor constante de 300 litros. Consequentemente, a concentração de sal no

tanque, assim como no fluxo para fora, é

𝑐(𝑡) =𝐴(𝑡)

300𝑘𝑔/𝑙

e assim, a taxa de saída 𝑅𝑜𝑢𝑡 de sal é

𝑅𝑜𝑢𝑡 = (𝐴(𝑡)

300𝑘𝑔/𝑙) ∙ (3 𝑙/𝑚𝑖𝑛) =

𝐴(𝑡)

100𝑘𝑔/𝑚𝑖𝑛

A taxa líquida então se escreve

𝑑𝐴

𝑑𝑡= 6 −

𝐴

100

Ou

𝑑𝐴

𝑑𝑡+

1

100𝐴 = 6

Assim, propõe-se a seguinte questão: se existissem 50kg de sal inicialmente dissolvidos

em 300 litros, qual é a quantidade de sal no tanque após um longo período de tempo?

Page 43: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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42

Solução: Para obter a quantidade de sal 𝐴(𝑡) no tanque no instante t, resolvemos o problema

de valor inicial

𝑑𝐴

𝑑𝑡+

1

100𝐴 = 6, 𝐴(0) = 50

Page 44: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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43

3) Para um circuito em série contendo apenas um resistor e um indutor, a segunda Lei de

Kirchhoff estabelece que a soma das quedas de voltagem do indutor (L(di/dt)) e no resistor (iR)

é igual à voltagem aplicada no circuito (E(t)). Obtemos, assim, a equação diferencial linear para

a corrente i(t):

𝐿𝑑𝑖

𝑑𝑡+ 𝑅𝑖 = 𝐸(𝑡) (1)

onde L e R são constantes conhecidas como a indutância e a resistência, respectivamente. A

corrente i(t) é também chamada de resposta do sistema.

A queda de voltagem em um capacitor com capacitância C é dada por q(t)/C, em que q

é a carga no capacitor. Assim, para o circuito em série, a segunda Lei de Kirchhoff nos dá

𝑅𝑖 +1

𝐶𝑞 = 𝐸(𝑡) (2)

Mas a corrente i e a carga q estão relacionadas por i=dq/dt; desta forma, (2) transforma-

se na equação diferencial linear

𝑅𝑑𝑞

𝑑𝑡+

1

𝐶𝑞 = 𝐸(𝑡) (3)

Considerando que uma bateria de 12 volts é conectada a um circuito em série, no qual

a indutância é ½ henry e a resistência é 10 ohms, determine a corrente i se a corrente inicial

for 0.

Page 45: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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44

4) Encontre a solução geral de x6ex4ydx

dyx .

Solução:

Escreva a equação como

x5exy4

dx

dy

x (dividindo por x) (1)

Como P(x) = -4/x, o fator integrante é

dx

x

4-

P(x)dx)( eex = e-4 lnx = x –4.

Aqui, usamos a identidade básica blogbN = N, N > 0. Agora, multiplicamos (1) por este

termo

x –4. x544 exx.yx

4x.

dx

dy

x –4. x5 xeyx.4dx

dy (2)

e obtemos

x4 xe.yx.dx

d . (3)

Segue-se da integração por partes que

x –4y = xex – ex + c

ou

y(x) = x5 ex – x4ex + c x 4.

Page 46: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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45

LISTA DE EXERCÍCIOS 3

1) Um tanque contém 200 litros de fluido no qual foram dissolvidos 30 gramas de sal. Uma

salmoura contendo 1 grama de sal por litro é então bombeada para dentro do tanque a

uma taxa de 4 L/min; a solução bem misturada é bombeada para fora à mesma taxa.

Ache a expressão para A (t) de gramas de sal no tanque no instante t.

2) Uma força eletromotriz de 100 volts é aplicada a um circuito em série RC no qual a

resistência é de 200 ohms e a capacitância é de 10-6 farads. Ache a carga q(t) no

capacitor se q(0)=0. Ache a corrente i(t).

3) Depois de cessar a administração de uma droga no corpo de um paciente, a taxa à qual

a droga deixa o corpo é proporcional à quantidade de droga que permanece no corpo.

a) Se Q representar a quantidade remanescente, encontre uma EDO que expresse Q.

b) Sabendo-se que ácido volpróico é uma droga usada para controlar epilepsia e que

sua meia-vida no corpo humano é de cerca de 15h, use esta meia-vida para achar a

constante k da EDO obtida na questão anterior.

c) A qual tempo restarão 10% da droga?

4) Um fumante em cadeia fuma cinco cigarros por hora. De cada cigarro, 0,4mg de nicotina

são absorvidas na corrente sanguínea da pessoa. A nicotina deixa o corpo a uma taxa

proporcional à quantidade presente, com constante de proporcionalidade -0,346.

a) Escreva uma equação diferencial para o nível de nicotina no corpo, N, em mg, como

função do tempo, t, em horas.

b) Resolva a EDO anterior. Suponha que inicialmente não há nicotina no sangue.

c) A pessoa acorda às 7h da manhã e começa a fumar. Quanta nicotina há no seu

sangue quando ela vai dormir às 23h?

Page 47: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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46

5) Resolver cada EDO abaixo:

a) xeydx

dy 35 h) dxxydxxdy 223

b). xeydx

dy 23 i) xdy – 5ydx = (4x + x6)dx

c). 23 3 xx

y

dx

dy j) 32 )4(2 xy

dx

dyx

d). 52 2 xx

y

dx

dy k) dxxxydxdyx 22 32)1(

e). )23(2 3 xexydx

dy x l) xxydx

dysentan

f) )13(3 22 xeyxdx

dy x m) 72 42 xxydx

dyx

g) dxexydxdy x424 n) 52 32 xxydx

dyx

6) Determinar uma solução particular para cada uma das seguintes equações diferencial

sujeitas às condições iniciais dadas.

a) xeydx

dy 23 ; y (0) = 2 c) xyecxdx

dycotcos ; y (/2) = 3/2

b) 32 xx

y

dx

dy; y (1) = 3 d) dxyxdy 3 ; y (0) = 1

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47

Gabarito Lista de Exercícios 3

1) 𝐴(𝑡) = 200 − 170𝑒−𝑡/50

2) 𝑞(𝑡) =1

100−

1

100𝑒−50𝑡; 𝑖(𝑡) =

1

2𝑒−50𝑡

3)

a) 𝑑𝑄

𝑑𝑡= −𝑘𝑄

b) 𝑘 ≈ 0,0462

c) 𝑡 ≈ 49,84

4)

a) 𝑑𝑁

𝑑𝑡= 2 − 0,346𝑁

b) 𝑁(𝑡) = 5,78 − 5,78𝑒−0,346𝑡

c) 5,76𝑚𝑔

5) ..

a) y = -1/2e3x + Ce5x g) y = 1/3x³e4x + C x4e m) 5x²y = x5 – 35x + C

b) y = e-2x + Ce-3x h) y = (-1/3) + C3xe n) y = x². lnx – (5/3x) + C.x²

c) y = x 4 /7– x /2+ Cx-3 i) y = x 6 – x + Cx 5

d) y = x³ - 5x + Cx² j) y =

22

42

x

C

x8

4x

e) 23 xx ceey k) (1 + x²).y = x³ + C

f) y = - e x + C3xe l) y = -cos(x)/2 + c/cos(x)

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48

6)

a) y = e 2x (3e x – 1)

b) y = (x³/2) + 3x.lnx + Cx

c) y.senx = x +

d) y = (x/3) – (1/9) + Ce -3x

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49

7 – EQUAÇÃO DE BERNOULLI

A equação diferencial

nQ(x).y.yxPdx

d

y (1)

em que n é um número real qualquer, é chamada de equação de Bernoulli. Para n = 0 e

n = 1, a equação (1) é linear em y. Agora, se y 0, (1) pode ser escrita como

Q(x).yxPdx

dy n-1n-

y (2)

Se fizermos w = y1 – n, n 0, n 1, temos

dx

dyyn1

dx

dw n

Com essa substituição, (2) transforma-se na equação linear

n).Q(x)(1.wxn).P(1dx

dw (3)

Resolvendo (3) e depois fazendo y1 – n = w, obtemos uma solução para (1), ou seja,

CdxexQney n n).P(x)dx-(1n).P(x)dx-(11 ).().1(

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50

Exemplos

1) Resolva .1 2xyyxdx

dy (1)

Solução Em (1), identificamos P(x) = 1/x, Q(x) = x e n = 2. Logo, a mudança de variável w = y1-2

= y –1 e dx

dy

dx

dw 2 y nos dá

x.wx

1

dx

dw (*)

O fator de integração para essa equação linear é 1ln

1

xee xdx

x .

Multiplicando ambos os lados de (*) pelo seu fator integrante x –1, obtemos:

xwx

1

dx

dw 111 xxx

ou

1wdx

dw 21 xx

assim

1.dx

d 1 wx.

Integrando essa última forma, obtemos: x -1 w = - x + c ou w = - x2 + cx. Como w = y –1, então y = 1/w ou y = 1/(- x2 + cx)

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51

2) Uma parte de uma corrente uniforme de 8m de comprimento está enrolada de forma livre

em torno de uma estaca na beirada de uma plataforma horizontal elevada, estando a

parte restante da corrente pendurada em repouso além da beirada da plataforma.

Suponha que o comprimento da corrente pendurada seja de 3m, que o peso da corrente

seja de 2N/m, e que a direção positiva seja para baixo. Iniciando em t=0 segundos, o

peso da parte pendurada faz com que a corrente na plataforma se desenrole

suavemente e caia no chão. Considerando que x(t) represente o comprimento da

corrente pendurada no instante de tempo t>0, então v=dx/dt é sua velocidade. Quando

todas as forças de resistência são ignoradas, pode-se mostrar que um modelo

matemático relacionando v a x é dado por

𝑥𝑣𝑑𝑣

𝑑𝑥+ 𝑣2 = 9,81𝑥

Determine a velocidade com a qual a corrente deixa a plataforma.

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52

3) No estudo da dinâmica de população, um dos mais famosos modelos para o crescimento

de uma população de modo limitado consiste na equação logística

𝑑𝑃

𝑑𝑡= 𝑃(𝑎 − 𝑏𝑃)

onde a e b são constantes positivas. Resolva esta EDO.

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53

LISTA DE EXERCÍCIOS 4

Gabarito Lista de Exercícios 4

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54

8. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM HOMOGÊNEAS

8.1. Definição – Função Homogênea

Se uma função f satisfaz ),(),( yxfttytxf n

Para algum número real n, então dizemos que f é uma função homogênea de grau n. Exemplos:

(1) f(x,y) = x2 – 3xy + 5y2

(2) f(x,y) = x3 + y3 + 1.

OBS: Muitas vezes uma função homogênea pode ser reconhecida examinando o grau de cada

termo.

Exemplos: (1) f(x,y) = 6xy3 – x2y2

A função é homogênea de grau quatro.

grau 4 grau 4

Page 56: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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55

(2) f(x,y) = x2 – y

A função não é homogênea, pois os graus dos dois termos são diferentes

grau 2 grau 1

8.2. Definição: Equação Homogênea

Uma equação diferencial da forma

M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0

é chamada homogênea se ambos os coeficientes M e N são funções homogêneas do mesmo

grau.

Para resolver uma equação diferencial homogênea pelo método de separação de

variável, basta fazer a mudança de variáveis dada pelo Teorema a seguir.

Teorema Mudança de Variáveis para Equações Homogêneas

Se M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é homogênea, então ela pode ser transformada em uma

equação diferencial cujas variáveis são separáveis pela mudança de variável y = u.x onde u é

uma função diferenciável de x e dy = u dx + x du.

OBS: São válidas também as substituições x = y.v e dx = y dv + v dy.

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56

Exemplo 1: Resolva (𝑥2 + 𝑦2)𝑑𝑥 + (𝑥2 − 𝑥𝑦)𝑑𝑦 = 0

Exemplo 2: Resolva o PVI 𝑥𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑦 + 𝑥𝑒𝑦/𝑥, y(1) = 1

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57

LISTA DE EXERCÍCIOS 5

1) Resolva cada uma das equações:

a) 𝑑𝑦

𝑑𝑥=

𝑦−𝑥

𝑥

b) 𝑦′ =2𝑦+𝑥

𝑥

c) (𝑥2 + 2𝑦2) 𝑑𝑥 − 𝑥𝑦 𝑑𝑦=0

d) 𝑦′ =𝑥2+𝑦2

2𝑥𝑦

e) 𝑦′ =𝑥4+3𝑥2𝑦2+𝑦4

𝑥3𝑦

f) 𝑑𝑦

𝑑𝑥=

2𝑥𝑦

𝑦2−𝑥2

g) (2𝑦4 + 𝑥4) 𝑑𝑥 − 𝑥𝑦3𝑑𝑦 = 0

h) (𝑦2 + 𝑦𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑥2 𝑑𝑦 = 0

i) (𝑥 − 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 = 0

j) (𝑥 + 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 = 0

k) 𝑥𝑑𝑥 + (𝑦 − 2𝑥)𝑑𝑦 = 0

Page 59: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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58

l) (𝑦2 + 𝑦𝑥)𝑑𝑥 − 𝑥2𝑑𝑦 = 0

m) 𝑥𝑦2 𝑑𝑦

𝑑𝑥= 𝑦3 − 𝑥3, 𝑦(1) = 2

Gabarito Lista de Exercícios 5

a) 𝑦 = 𝑥 ln (𝑐

𝑥)

b) 𝑦 = 𝑐𝑥2 − 𝑥

c) 𝑦2 = 𝑥4𝑐 − 𝑥2

d) 𝑦2 = 𝑥2 − 𝑐𝑥

e) 𝑦2 = −𝑥2 (1

2ln 𝑥+𝑐+ 1)

f) 𝑦3 − 3𝑦𝑥2 = 𝑐

g) 𝑦4 = 𝑥8𝑐 − 𝑥4

h) 𝑦 =𝑐(𝑦+2𝑥)

𝑥2

i) 𝑦 = −𝑥𝑙𝑛(𝑥) + 𝑐𝑥

j) 𝑦 =𝑐

𝑥−

𝑥

2

k) 𝑙𝑛 (𝑦−𝑥

𝑥) −

𝑥

𝑦−𝑥= − ln(𝑥) + 𝑐

l) 𝑦 =−𝑥

ln(𝑥)+𝑐

m) 𝑦3 = −3𝑥3 ln(𝑥) + 8𝑥3

Page 60: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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59

9. EQUAÇÃO EXATA

9.1. Definição – Equação Exata Uma expressão diferencial

0),(),( dyyxNdxyxM

é uma diferencial exata em uma região R do plano xy se ela corresponde à diferencial total de alguma função f (x, y). Uma equação diferencial da forma

0),(),( dyyxNdxyxM

é chamada de uma equação exata se a expressão do lado esquerdo é uma diferencial exata.

9.2. Teorema – Critério para uma diferencial exata

Sejam M (x, y) e N (x, y) funções contínuas com derivadas parciais contínuas em uma região

retangular R definida por a < x < b, c < y < d. Então, uma condição necessária e suficiente para que

0),(),( dyyxNdxyxM

seja uma diferencial exata é

x

N

y

M

9.3. Método de Solução

Dada a equação

0),(),( dyyxNdxyxM

Mostre primeiro que

x

N

y

M

Depois suponha que

Page 61: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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60

),( yxMx

f

daí podemos encontrar f integrando M(x, y) com relação a x, considerando y constante. Escrevemos,

)(),(),( ygdxyxMyxf

em que a função arbitrária g (y) é a constante de integração. Agora, derivando f(x,y) com relação a y e supondo :),( yxNyf

),()´(),( yxNygdxyxM

yy

f

Assim,

.),(),()´( dxyxM

yyxNyg

Finalmente, integre g’(y) com relação a y e substitua o resultado em f(x,y). A solução para a equação é f (x, y) = c.

Exemplos:

Page 62: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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61

LISTA DE EXERCÍCIOS 6

1) Resolva 2xy dx + (x2 – 1) dy = 0

R: x2y – y = c.

2) Resolva o problema de valor inicial

(cosx senx – xy2) dx + y.(1 - x2) dy = 0, y (0) = 2.

R: y2 (1 – x2) – cos2x = 3

3) Verifique se a equação diferencial dada é exata e, se for, encontre sua solução geral.

a) (2x – 3y)dx + (2y – 3x)dy = 0 R: x² - 3xy + y² = C

b) yexdx + exdy = 0 R: yex = C

c) (3y2 + 10xy2)dx + (6xy – 2 + 10x2y)dy = 0 R: 3xy² + 5x²y² - 2y = C

d) 2.cos(2x – y)dx - cos(2x – y)dy = 0 R: sen(2x – y) = C

e) (4x3 – 6xy2)dx + (4y3 – 6xy)dy = 0 R: não é exata

4) Encontre a solução particular que satisfaz a condição inicial dada.

a) 0)3cos3(sen3 ydyydxe x ; y(0) =

R: e3x.sen3y = 0

b) (x2 + y2)dx + 2xydy = 0; y(3) = 1

R: xy² + 3

x3

= 12

Page 63: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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62

10. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS REDUTÍVEIS A EXATAS

Algumas vezes, é possível converter uma equação diferencial não exata em uma

equação exata multiplicando-a por uma função (x,y) chamada fator de integração. Porém,

a equação exata resultante:

M(x,y) dx + N(x,y) dy = 0

pode não ser equivalente à original no sentido de que a solução para uma é também a solução

para a outra. A multiplicação pode ocasionar perdas ou ganhos de soluções.

Exemplo Se a equação diferencial

2y dx + x dy = 0 (Não é uma equação exata)

for multiplicada pelo fator integrante (x,y) = x, a equação resultante

2xy dx + x2 dy = 0 (Equação exata)

é exata, ou seja, xx

N

y

M2

.

Exercício:

Verificar se 𝐹 =1

𝑥, em (0, ∞) é um fator de integração que torna a EDO (𝑥 + 𝑦)𝑑𝑥 +

𝑥𝑙𝑛𝑥 𝑑𝑦 = 0 uma equação exata. Se for, resolva-a.

Page 64: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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63

Pode ser difícil encontrar um fator integrante. No entanto, existem duas classes de

equações diferenciais cujos fatores integrantes podem ser encontrados de maneira rotineira -

aquelas que possuem fatores integrantes que são funções que dependem apenas de x ou

apenas de y. O Teorema a seguir, fornece um roteiro para encontrar esses dois tipos especiais

de fatores integrantes.

Teorema Fatores Integrantes

Considere a equação diferencial M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0.

1. Se

y)N(x,

1[My(x,y) – Nx(x,y)] = h(x)

é uma função só de x, então dxxhe

)( é um fator integrante.

2. Se

y)M(x,

1[ Nx(x,y) - My(x,y)] = k(y)

é uma função só de y, então dyyke

)( é um fator integrante.

Exemplo 1 Encontre a solução geral da equação diferencial (y2 – x) dx + 2y dy = 0.

Solução: A equação dada não é exata, pois My(x,y) = 2y e Nx(x,y) = 0. Entretanto, como

y)N(x,

1[My(x,y) – Nx(x,y)] =

y2

1[2y – 0] = 1 = x0 = h(x)

Page 65: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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64

temos que dxxhe

)( = xdxee 1 é um fator integrante. Multiplicando a equação dada por ex,

obtemos a equação diferencial exata

(y2ex – x ex) dx + 2yex dy = 0

cuja solução é obtida da seguinte maneira:

f(x,y) = )(y dy2yedy y)N(x, 2 xgexx

f ’(x,y) = )(y '2 xgex = y2ex – x ex

)(' xg = – x ex (integração por partes)

Logo, g(x) = – x ex + ex , o que implica na solução geral xe2y – x ex + ex = c.

OBS: Um outro fator integrante é:

Se M(x,y) = y. f(x,y) e N(x,y) = x. g(x,y), então

y)y.N(x, - y)x.M(x,

1),( yx (*)

Exemplo 2 Resolva y’ = x

yxy 2

.

Solução Escrevendo a equação sob forma diferencial, temos

x

yxy

2

dx

dy

Page 66: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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65

(xy2 – y)dx – xdy = 0

y.(xy – 1)dx – x.(1)dy = 0 (multiplicando por – 1)

y.(1 - xy)dx + x.(1)dy = 0 (1)

De acordo com (*), temos:

(x,y) = x.(1)y. - xy-1y.x.

1

= yx -x-x.y

1

22 y

= 22x-

1

y =

2)(x

1

y

Multiplicando (1) por (x,y), obtemos:

2)(x

1

y .[y.(1 - xy)dx + x.(1)dy] = 0,

ou seja,

0

11

22

dy

xydx

yx

xy

que é exata. Aplicando o método de resolução de equação exata, chegamos à solução y = -

1/(x.lncx)

Page 67: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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66

LISTA DE EXERCÍCIOS 7

a) Encontre o fator integrante que é função apenas de x ou apenas de y, e use-o para encontrar

a solução geral da equação diferencial dada.

1. ydx - (x + 6y2)dy = 0 6. (2x2y – 1)dx + x3dy = 0

2. (2x3 + y)dx - xdy = 0 7. y2dx + (xy - 1)dy = 0

3. (5x2 - y)dx + xdy = 0 8. (x2 +2x + y)dx + 2dy = 0

4. (5x2 – y2)dx + 2ydy = 0 9. 2ydx + (x – sen y )dy = 0

5. (x + y)dx + tgxdy = 0 10. (-2y3 + 1)dx + (3xy2 + x3)dy = 0

Gabarito Lista de Exercícios 7

1) FI: 1/y² (x/y) – 6y = C 6) FI: x -1 x²y - lnx = C

2) FI: 1/x² (y/x) – x² = C 7) FI: (1/y) xy - lny = C

3) FI: 1/x² (y/x) + 5x = C 8) FI: 2x

e 2x

e (2y + 2x² - 4x + 8) = C

4) FI: e-x e-x (y² - 5x² - 10x – 10) = C 9) FI: (1/ y ) x. y + cos y = C

5) FI: cosx y.senx + x.senx + cosx 10) FI: x -3 x -2y³ + y - (1/ 2x²) = C

Page 68: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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67

TABELA – DERIVADAS, INTEGRAIS E IDENTIDADES

TRIGONOMÉTRICAS

DERIVADAS

Sejam u e v funções deriváveis de x e n constante.

1. ny u

1' 'ny nu u .

2. y u v ' ' 'y u v v u .

3. u

yv

2

' ''

u v v uy

v

.

4. uy a ' (ln ) ', 0, 1uy a a u a a .

5. uy e ' 'uy e u .

6. logay u '

' loga

uy e

u .

7. lny u 1

' 'y uu

.

8. vy u

1' ' (ln ) 'v vy v u u u u v .

9. seny u ' 'cosy u u .

10. cosy u ' 'seny u u .

11. tgy u 2' 'secy u u .

12. cotgy u 2' 'cosecy u u .

13. secy u ' 'sec tgy u u u .

14. cosecy u ' 'cosec cotgy u u u .

15. seny arc u 2

''

1

uy

u

.

16. cosy arc u 2

''

1

uy

u

.

17. tgy arc u 2

''

1

uy

u

.

18. coty arc g u 2

'

1

u

u

.

19. sec , 1y arc u u 2

'' , 1

1

uy u

u u

.

20. cosec , 1y arc u u 2

'' , 1

1

uy u

u u

.

Page 69: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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68

INTEGRAIS

(01) C u du

(02) C uln u

du

(03) C 1α

uduu

1αα

(04) C lna

adua

uu

(05) C edue uu

(06) C u cos dusenu

(07) C u sen ducosu

(08) C seculndutgu

(09) C senulnducotgu

(10) C cotgucoseculnducosecu

(11) C tguseculndusecu

(12) C tgu duu sec2

(13) C cotgu - duu cosec2

(14) C secu dusecu.tgu

(15) C cosecu - dugu cosecu.cot

(16) C a

usen arc

ua

du

22

(17) C a

u tgarc

a

1

ua

du

22

(18) C a

usec arc

a

1

auu

du

22

(19) C coshu dusenhu

Page 70: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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69

(20) C senhu ducoshu

(21) C tghu duu sech2

(22) C cotghu - duu cosech2

(23) C sechu du sechu.tghu

(24) C cosechu - dutghu cosechu.co

(25) C auuln

au

du 22

22

(26) C au

auln

2a

1

ua

du

22

(27) C aa

ln1

u au

du 22

22

u

u

a

FÓRMULAS DE RECORRÊNCIA

(01)

duu senn

1nu u.cossen

n

1 duu sen 2-n1-nn

(02)

duu cosn

1nu u.sen cos

n

1 duu cos 2-n1-nn

(03) duu tut1-n

1 duu t 2-n1-nn ggg

(04) duu cotg-ucotg1-n

1 duu cotg 2-n1-nn

(05)

duu sec1-n

2nu u.tgsec

1-n

1duu sec 2-n2-nn

(06)

duu cosec1-n

2nu u.cotgcosec

1-n

1 duu cosec 2-n2-nn

(07)

1n2222

n122

n 22 au

du

1n2a

32n

1n2a

auu.

au

du

Page 71: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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70

INTEGRAÇÃO POR SUBSTITUIÇÕES TRIGONOMÉTRICAS

a u

22 ua

u = a sen

du = a cos d

22 ua = a.cos

u 22 ua

a

u = a tg

du = a sec2 d

22 ua = a.sec

22 au u

a

u = a sec

du = a sec tg d

22 au = a. tg

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS

1. 2 2sen cos 1x x .

2. 2 21 tg secx x .

3. 2 21 cotg cosecx x .

4. 2 1 cos 2

sen2

xx

.

5. 2 1 cos 2

cos2

xx

.

6. sen 2 2 sen cosx x x .

7. 2 sen cos senx y x y sen x y .

8. 2 sen sen cos cosx y x y x y .

9. 2 cos cos cos cosx y x y x y .

10. 1 sen 1 cos2

x x

.

11. senx cosy = ½ [sen(x – y) + sen(x + y)]

12. senx seny = ½ [cos(x – y) - cos(x + y)]

13. cosx cosy = ½ [cos(x – y) + cos(x + y)]

14. cos (a b) = cosa.cosb sena.senb

15. sen (a b) = sena.cosb senb.cosa

Page 72: NOTAS DE AULA 1 - UTFPR

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71

16. tgx = senx / cosx

17. cotgx = cosx / senx

18. secx = 1 / cosx

19. cosecx = 1 / senx

ALFABETO GREGO