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Economia do ambiente 1/57 Feliz Mil-Homens Notas da Cadeira de Economia em Ambiente e Qualidade Feliz Mil-Homens Fevereiro de 2004 Advertência aos alunos Estas folhas são simplesmente um guia de estudo, elas não esgotam a matéria da cadeira nem excluem a consulta/estudo de outros textos. Os conceitos aqui apresentados de forma muito condensada e resumida, não tem por objectivo “explicar” mas simplesmente funcionar como apontamentos de referência para apoio às aulas.

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Economia do ambiente

1/57 Feliz Mil-Homens

Notas da Cadeira de Economia em Ambiente e Qualidade

Feliz Mil-Homens Fevereiro de 2004

Advertência aos alunos Estas folhas são simplesmente um guia de estudo, elas não esgotam a

matéria da cadeira nem excluem a consulta/estudo de outros textos. Os conceitos aqui apresentados de forma muito condensada e resumida,

não tem por objectivo “explicar” mas simplesmente funcionar como apontamentos de referência para apoio às aulas.

Economia do ambiente

2/57 Feliz Mil-Homens

Bibliografia [1] Cesar das Neves, J., Introdução à economia, Universidade Católica;

[2] Samuelsom, P. , Nordhaus, W. (1985) Economia, Mc. Graw Hill

[3] Frank, Robert, Microeconomia e Comportamento, McGraw-Hill

[4] Barry Field, Economia Ambiental - Una introduction, Mc. Grow Hill.

[5] Turner, Pearce and Batman, Environmental Economics- an elementary introduction,

Harvester Weatsheaf.

[6] D.W.Pearce, A.Markandya, E.B.Barbier, Blueprint for a green economy, Earthscan,

London

Programa I- Introdução e Conceitos Básicos

1- Âmbito e metodologia da ciência económica

2- Conceitos de:

- Bens económicos, recursos económicos, capital, terra e trabalho;

- Custo de oportunidade, fronteira das possibilidades de produção;

- Consumo, escassez e escolha;

- Mercados: mercado de bens e serviços, mercado dos factores de

produção;

- Funcionamento dos mercados, a procura e a oferta, o modela da

concorrência perfeita;

- Efeitos de substituição e rendimento, elasticidade.

3- Elementos da teoria do consumidor.

- Conceito de Utilidade;

- Lei da Utilidade Marginal Decrescente;

- O “problema de consumidor” e o “comportamento do consumidor”.

- Excedente do consumidor.

4- Elementos da teoria do produtor.

- Função de produção;

- Produtividade, lei dos rendimentos marginais decrescentes;

- Análise de custos e comportamento das empresas.

II- Elementos de economia do ambiente.

1- A economia do ambiente, âmbito e objectivos;

2- O sistema económico e o sistema ambiental, relações e interacções;

3- O desenvolvimento económico e o ambiente, o tecnocentrismo e o ecocentrismo;

Economia do ambiente

3/57 Feliz Mil-Homens

4- Mercados e ambiente.

- Mercados e alocação de recursos;

- Falhas de mercado, externalidades, bens públicos e recursos de livre

acesso;

- Óptimo privado e óptimo social;

5- Economia da qualidade ambiental.

- A poluição como externalidade;

- Dado e função de dano. Função de dano marginal e de dano total;

- Custos de redução da poluição. Funções de custo marginal e de custo

total;

- Princípio equimarginal;

- Niveis óptimos de poluição. Óptimo privado e óptimo social.

6- Análises de custo benefício, incluindo a componente ambiental.

- A componente ambiental na análise de projectos;

- Taxas de desconto. Taxa de desconto pública e privada;

- A valorização dos bens ambientais. Introdução às respectivas

metodologias;

7- Análise de projectos de investimento, incluindo a componente ambiental.

- fases de desenvolvimento de um projecto de investimento;

- Metodologias de avaliação financeira: TIR, VAL e Período de

recuperação.

8- Instrumentos de política ambiental.

- Tipologia dos intrumentos;

- Instrumentos de comando e controlo, instrumentos financeiros,

instrumentos voluntários, instrumentos de informação;

- Análises comparativas dos vários instrumentos, do ponto de vista da

implementação, eficiência e eficácia,

- Os novos mecanismos: IPPC, acordos voluntários, comércio de

emissões.

- Estudos de caso. Quioto, EUA, UE,

Economia do ambiente

4/57 Feliz Mil-Homens

Parte I : revisão de conceitos básicos de economia I.1: revisão de conceitos gerais O que é a economia ?

Algumas definições da bibliografia:

“Economia é o estudo da humanidade nos assuntos correntes da vida” Marshall (1980)

“A economia é o estudo das actividades de produção e de troca entre as pessoas”

“A economia é o estudo de como os seres humanos se comportam na organização das

suas actividades de consumo e produção”

“ A economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregrar

recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens

variados e para os distribuir para consumo, agora ou no futuro, entre várias pessoas

e grupos da sociedade”. Samuelson, Nordhous (1948)

Exercício: discutir as definições transcritas tomando em consideração os termos realçados.

Notar que:

A economia é uma ciência humana porque tem como objecto o homem e a sociedade

humana;

Em economia não há, geralmente, experimentação, mas sim observação;

A economia procura encontrar leis utilizando o método científico (hipótese, confrontação

com a realidade, síntese);

As leis económicas verificam-se apenas em média e nunca como relações exactas.

Exercício: Comparar as notas referidas com o que acontece com a Química.

De que é que trata a economia ?

Agentes económicos: famílias, empresas, Estado

Bens. Bem: algo que satisfaz uma necessidade humana.

Recurso ou factor produtivo: algo que se utiliza para produzir um bem. Recursos: terra e

recursos naturais, trabalho, capital.

Capital: bens duraveis produzidos pela economia para serem utilizados na produção de

outros bens.

Exercício: exemplos de capital?

Economia do ambiente

5/57 Feliz Mil-Homens

Possível resposta: edifícios, estradas, sistemas de abastecimento de água, máquinas de

fazer sapatos, camiões de transporte de bens, acções da empresa kapa, depósitos

bancários.

O que é que todas estas formas de capital têm em comum?

Todas resultam do sacrifício de consumo no presente para investir e poder consumir mais no

futuro. O capital resulta desse esforço de poupança das famílias. Pode dividir-se em capital

físico e capital financeiro. O capital físico ainda se pode dividir em estruturas e stocks e diz

respeito a todos os recursos físicos afectos á produção. O capital financeiro – que é mais

geralmente associado ao conceito de capital (p.e. acções, obrigações e depositos) não pode

ser usado directamente na produção, mas representa a posse desse capital físico e facilita a

sua transacção.

Consumo. Os agentes económicos consomem bens e serviços. O estudo da satisfacção

das necessidades humanas e, portanto, do consumo é um dos objectos da economia.

Escassez. “Não se pode ter tudo” frase feita traduz o conceito de escassez. Os desejos

de consumo de bens e serviços, estão além das possibilidades de produção desses bens

pelas sociedades. A economia existe porque os agentes económicos gostariam de ter

mais bens que os que o sistema económico pode produzir. A escassez de um bem

depende da vontade da sociedade de consumir esse bem. P.e. o petróleo e o urânio não

eram escassos enquanto não se descobriu a tecnologia para os utilizar. Par certas

pessoas que viviam à beira de rios, a água não era escassa enquanto não começou a

ficar poluída.

Exercício: discutir as seguintes questões: há bens que não sejam escassos? Um bem grátis

pode ser escasso? Será que o progresso eliminará a escassez? Quando se diz que o

ambiente é um recurso escasso o que é que isso significa?

Escolha. Havendo escassez, há que (as pessoas e as sociedades) fazer escolhas.

Escassez e escolha são a razão de ser da economia.

“Só existe problema económico quando existe necessidade de tomar uma decisão e esta só

aparece quando existe escassez e escolha.”

João Cesar das Neves

Custo. Qualquer escolha tem sempre associado um custo: custo de oportunidade. Custo

de oportunidade de uma escolha é o valor da alternativa de que se abdica num processo

de escolha. Tudo tem um custo: “Não há almoços grátis”.

Economia do ambiente

6/57 Feliz Mil-Homens

O problema económico: Escassez ⇒ Escolha ⇒ Custo

Fronteira das possibilidades de produção (FPP) é a capacidade máxima de produção

de bens bens e serviços, para determinado nível de recursos e para determinada

tecnologia/conhecimento. A FPP representa o “menu” de escolhas de determinada

sociedade.

Exercício: na econolândia fazem-se refeições, que levam 1h a fazer e brinquedos, que

levam 5h. A mão de obra disponível na econolândia são 100 horas por dia. Traçar a FPP

diária. Na econolândia, qual o custo de uma refeição? E de um brinquedo?

Notar que a FPP tem inclinação negativa, denotando que não podemos aumentar a

produção de um bem sem sacrificar a produção de outro (análise do custo de oportunidade

do recurso a partir da FPP).

Será que na econolândia se produziam, na prática os bens referidos pela FPP ?

A FPP corresponde à condição de máxima eficiência: retiram-se dos recursos tantos bens e

serviços quantos eles podem produzir. Geralmente as sociedade (e as pessoas) funcionam

aquem (dentro) da FPP: não se aproveitam todos os recursos.

Exercício: Eficiência e eficácia são o mesmo conceito ou conceitos diferentes pensar

exemplos.

Lei dos custos relativos crescentes. Na realidade a FPP é um curva convexa. Tal

significa que cada vez se tem que prescindir de maior quantidade de um bem para

aumentar a produção do outro.

Exercício: explicar com exemplos da econolândia a lei dos custos relativos crescentes.

Será que a FPP de uma sociedade é imutável no tempo?

Exercício: repetir o problema anterior mas admitir que se comprou uma máquina que

permite fazer brinquedos em 3 horas.

Desenvolvimento tecnológico: produzir mais com os mesmos recursos.

Espaço. Qualquer matéria de estudo em economia exige a definição de um espaço de

estudo (a empresa, a região, o país, o mundo…). A partir daí pode estudar o que se

passa nesse espaço ou as relações com os outros espaços.

Economia do ambiente

7/57 Feliz Mil-Homens

Tempo. A economia estuda as relações dos agentes económicos com as outras

gerações e, dentro de uma mesma geração, as escolhas dos agentes económicos

relacionadas com o tempo (p.e. consumir/investir - consumir agora ou investir e consumir

mais no futro).

I.2: mercados – a oferta e a procura “Vivemos numa economia de mercado”. O que é que isto significa? O que é o mercado ?

Mercado: mecanismo pelo qual compradores e vendedores se encontram para acertar

preços e quantidades de bens e serviços.

Para haver mercado tem que haver possibilidade de troca livre, grande número de agentes

económicos oferecendo e procurando no mercado (concorrência) liberdade de acesso

(entrada e saída) ao mercado e informação.

Mercado ou mercados ?

mercado de bens e serviços mercados dos factores de produção Os bens e serviços são pagos pelos consumidores aos produtores, a sua remuneração

é o preço pago no mercado de bens e serviços.

Mercado dos bens e serviços

sapatos, cinemas…

Euros- preço dos bens e serviços

Famílias Euros- salários, rendas e juros

Empresas

Mercado dos factores de produção

Economia do ambiente

8/57 Feliz Mil-Homens

A terra é remunerada pela renda que é paga pelas empresas às famílias.

O trabalho é remunerado pelo salário pago aos trabalhadores.

O capital é remunerado pelo juro pago às famílias

“Num mercado perfeito, os mercados conseguirão extrair tantos bens e serviços, quantos os

recursos permitirem (Adam Smith) –eficiente afectação de recursos– economia desloca-se

para FPP.”.

Mercado perfeito é aquele onde há concorrência perfeita - grande número de produtores e consumidores;

- informação perfeita;

- todos os custos e benefícios devem estar incluídos no preço dos bens e serviços.

Exercício: que mercados se aproximam do conceito de mercado perfeito? Que exemplos

existem de “fortes imperfeições no mercado”?

Exercício: Duas empresas produzem o mesmo bem. Uma polui o ambiente, a outra trata os

seus efluentes, isso afecta de alguma modo o mercado desse bem? Porquê? Como?

Todos os bens e serviços que consumimos são adquiridos no mercado?

Exercício: enumerar bens e serviços que não são adquiridos no mercado (oferecidos por

empresas).

Qual o papel do Estado na economia ?

promoção da eficiência: garantir que os mercados funcionam e que não se formam

monopólios, nem existem externalidades. Exemplos de actuação: legislação da

concorrência, legislação ambiental, supervisão dos mercados, regras para a

obrigatoriedade de afixação de preços, legislação de defesa do consumidor, etc.

Fornecimento de bens públicos (faróis, estradas, defesa, segurança, ensino,

investigação/inovação, regras de transito) necessários ao funcionamento da economia.

promoção da equidade: Mercado é cego às questões sociais Estado tem papel

redistributivo (políticas de protecção à saúde (sistema nacional de saúde), protecção

social (sistemas de reforma e pensões várias, economia (legislação laboral), educação

(políticas de ensino e formação, etc.).

promoção da estabilidade: controlo de inflacção, do custo do dinheiro, combate aos

efeitos perniciosos dos ciclos económicos, etc. Exemplo: quando a procura agregada

(consumo público e privado + investimento público e privado) baixa a economia tem

tendência a entrar em recessão (ciclo vicioso de redução da procura, redução do

Economia do ambiente

9/57 Feliz Mil-Homens

investimento desemprego). Estado deve estimular a procura agregada. Como? baixando

impostos (liberta $ para consumo) baixando juro (estimula investimento e consumo a

crédito) ou fazendo investimentos públicos (naturalmente quando faz investimentos

públicos isso faz aumentar a dívida pública). Quando a economia está em expansão faz-

se tudo ao contrário, de modo a conter a procura agregada e não gerar inflacção.

Do ponto de vista do comprador como é que preço e quantidade se relacionam ?

Curva da procura de um consumidor para um bem.

A quantidade de bem que um consumidor pretende comprar (procura do bem) varia

inversamente com o preço (se tudo o resto fôr igual) – curva da procura do bem. A curva da

procura do mercado para dado bem ou serviço é a soma das curvas de procura individuais

preço(p)

Idas ao cinema (Q)

Exercício: o que acontece à procura de cinema se: i) o rendimento médio dos consumidores

aumentar; ii) os actores de teatro fizerem greve;

A procura de um bem depende do preço, mas também da moda, hábitos, nível de

rendimento, população, clima, preço de outros bens…

Procura/Quantidade procurada. Distinguir entre procura e quantidade procurada:

altera-se a procura se mudarem as condições de modo a que haja um deslocamento da

própria curva. Altera-se a quantidade procurada quando, para dadas condições, uma

variação de preço faz variar a quantidade procurada.

Porque é que a curva da procura tem inclinação negativa ?

Efeito de substituição: quando o preço de um bem aumenta, o consumidor procura

substituir esse bem por outros que lhe proporcionem a mesma utilidade. (p.e. se o preço

da carne da vaca sobe, passa a consumir-se mais carne de porco e vice-versa).

Efeito de rendimento: quando o preço de um bem aumenta, os consumidores tendem a

prescindir desse bem uma vez que a utilidade do bem por unidade monetária diminuiu.

Bens substitutos: satisfazem a mesma necessidade (ex: arroz e massa).

Bens complementares: ambos necessários para satisfazer uma necessidade (ex: leitor

de CD e CD).

Economia do ambiente

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A “soma” das procuras dos consumidores individuais para determinado bem origina a

procura agregada desse bem no mercado.

Exercício: considere as procuras de 3 consumidores, indicadas abaixo. Traçar a curva da

procura agregados dos consumidores.

Procura consumidor A Procura consumidor B Procura consumidor C

15

8

4 10 6 3 8

A quantidade procurada varia com o preço do mesmo modo para todos os bens ?

elasticidade preço da procura:

Ed= variação(%) da quantidade procurada/variação(%) preço

Se Ed>1 diz-se que o bem tem uma procura elástica relativamente ao preço (pequenas

alterações de preço conduzem a grandes alterações da procura); São em geral bens superfulos ou substituíveis. Se Ed<1 diz que o bem tem uma procura rígida (A quantidade

procurada varia pouco, mesmo para variações grandes de preço), são em geral bens de

primeira necessidade e/ou bens sem substituto disponível.

Notar que se Ed>1 quando preço sobe, a quantidade consumida desce mais que

proporcionalmente e a despesa total com o bem desce. Se Ed<1 quando preço sobe a

despesa sobe. Se Ed=1 a despesa com o bem mentêm-se constante.

Factor tempo: para alguns bens a variação da quantidade procurada dá-se quase

instantaneamente com a alteração de preço (p.e. carne de porco é substituida por cane de

vaca, ou vice versa), noutros bens o ajuste da quantidade procurada com o preço é mais

lento porque o consumo do bem está ligado a hábitos (p.e. gasolina, tabaco, etc).

Elasticidade procura rendimento. A procura de bens depende do rendimento do

consumidor. Consumidores de maior rendimento disponível procuram bens de maior

qualidade e/ou maior preço.

EdI= variação (%) da quantidade procurada/variação (%) rendimento

Economia do ambiente

11/57 Feliz Mil-Homens

Bens supriores: bens cuja procura aumenta com o aumento de rendimento; Bens inferiores: bens cuja procura diminui com o aumento de rendimento;

Exercício: identificar exemplos de bens superiores e inferiores. O ambiente será um bem

superior ou inferior ?

No mercado só há bens se alguém estiver disponível para os produzir e vender

A quantidade de bens que um produtor está disponíveis a produzir e vender também

depende do preço? Como ?

Curva da oferta do mercado para dado bem ou serviço. Se o produtor poder vender o

seu produto mais caro, justifica-se contratar mais trabalhadores (mais caros), utilizar

máquinas menos eficientes, comprar a matéria prima de mais longe. Temos curva

crescente. O mesmo se passa para o conjunto de produtores desse bem. Um preço

crescente de um bem ou serviço dá um sinal aos produtores para deslocarem recursos

produtivos para a produção desse bem os serviço, aumentando a sua oferta.

Preço(p)

Q. oferecida

Tal como para a procura, a oferta agregada é a oferta do conjunto de produtores de

determinado bem ou serviço.

A quantidade oferecida de um bem só depende do preço ?

Não. A oferta depende de multiplos factores, por exemplo:

- Variação do custo dos factores: variação de juros, salários, energia, etc.

- Clima: influência nas produções agrícolas.

- Organização do mercado: muita ou pouca concorrênica, monopólios.

- Tecnologia: novas tecnologias para produção do bem

Tal como na procura, há variações ao longo da curva e variações da própria curva de oferta.

Exercícios: qual o efeito na oferta de maçãs se houver um temporal em Maio? Qual o efeito

na oferta de carros do desenvolvimento de robots nas linhas de montagem ?

Economia do ambiente

12/57 Feliz Mil-Homens

As curvas de procura e oferta representam uma infinidade de pontos possíveis (p e Q), no

entanto a quantidade de os produtores vendem é a que os consumidores compram e o preço

que os últimos pagam é o que os primeiros recebem. Estabelece-se o equilíbrio de

mercado.

Equilíbrio de mercado: a quantidade de os produtores vendem é a que os

consumidores compram e o preço que os últimos pagam é o que os primeiros recebem.

Excedente. Existe excedente de mercado quando a oferta é maior que a procura, para o

preço de mercado em vigor. Os produtores não vendem toda a produção, tendem a

deslocar os factores produtivos para outros bens e serviços, o preço tende a baixar o que

leva os consumidores a procurar mais bem. O processo evolui até se atingir o equilibrio.

Escassez. Existe escassez quando a quantidade procurada é maior que a oferecida.

Nesse caso os consumidores manifestam o seu desejo de aumentar o consumo, os

produtores deslocam recursos de outras produções aumentando a produção do bem o

preço tende a aumentar e o processo evolui até se atingir o equilibrio.

A área pxQ representa o montante (dinheiro) pago pela quantidade total transaccionada.

Exercícios: analisar o que acontece ao equilíbrio quando:

- aumenta de rendimento médio dos consumidores;

- ocorre um ano agrícola particularmente bom;

- se descobre uma nova tecnologia para produção de um bem;

- se introduz de um imposto (ambiental) sobre um bem;

- se impõe um preço máximo a um bem (p.e. rendas de casa)

- se impõe uma quantidade de oferta fixa (transportes públicos, urgências)

I.3: O comportamento do consumidor Preço e valor; o paradoxo do valor

“Nada é mais útil que a água, mas com ela praticamente nada pode comprar-se;

praticamente nada se pode obter em troca dela. Pelo contrário o diamante não

tem praticamente nenhum valor de uso, no entanto pode geralmente obter-se

grande quantidade de bens em troca dele”.

Adam Smith

Qual é o “problema” do consumidor ?

Como tirar o melhor partido do seu recurso escasso em matéria de consumo: o rendimento. Que razões levam uma pessoa a adquirir um bem ?

Economia do ambiente

13/57 Feliz Mil-Homens

Exercício: listar o maior número possível de razões que levam um consumidor a consumir

um bem. (possível resposta: fome, sede, necessidade de deslocação, gosto, vaidade….)

Utilidade: alguma forma de “satisfacção” que cada ser humano tira do uso do bem.

Utilidade é um conceito abstrato, que encerra a razão pela qual os consumidores expressam

vontade de consumir um bem (seja por fome, vontade, gosto, necessidade, etc.). A utilidade

varia de bem para bem e de consumidor para consumidor (há pessoas que pagam caro bens

que outras não quereriam dados.)

A utilidade de um bem é constante para dado consumidor ?

Utilidade marginal: utilidade adicional resultante do consumo de mais uma unidade de

um bem. Ou: utilidade da última unidade de bem consumido. Lei da utilidade marginal decrescente. Quando um consumidor consome

repetidamente um bem, a utilidade marginal desse bem vai diminuindo (1ª Lei de

Gossen) (embora a utilidade total, resultante do consumo de várias unidades do bem,

aumente). No mercado, o que determina o comportamento do consumidor é a utilidade

marginal (o consumidor “esquece” a utilidade dos bens que já consumiu).

utilidade

unidades consumidas

Exercícios: Será que a lei da utilidade marginal decrescente ajuda a explicar: i) porque é

que geralmente as pessoas da cidade valorizam mais a natureza que as do campo; ii) porque

é que quem gosta muito de cinema não passa todas as suas férias no cinema.

Valor do bem para o consumidor = utilidade marginal Disponibilidade para pagar. A utilidade marginal de um bem para um consumidor

mede-se pela sua disponibilidade para pagar (DPP) esse bem. Se um consumidor está

disponível para pagar o bem A, isso significa que de entre os bens que ele pode adquirir,

é o bem A o que lhe dá maior utilidade marginal. Como a utilidade marginal vai

diminuindo, mas o preço do bem é sempre o mesmo, o consumidor consumirá enquanto

a utilidade marginal for maior que o preço (custo de oportunidade). (três unidades no

exemplo gráfico acima).

Excedente do consumidor. Notar que o preço pago pelo bem é menor que a DPP (e

que a utilidade marginal), a diferença é o excedente do consumidor.

Economia do ambiente

14/57 Feliz Mil-Homens

Exercício: Um bem grátis tem uma curva de procura? Pode aplicar-se nesse caso o conceito

de excedente do consumidor ?

Como escolher o próximo bem a consumir ?

No mercado há bens com preços muito variados, pelo que não faz sentido comparar

utilidades marginais totais (comparar um automóvel com um gelado). Fará sentido comparar

utilidade marginal por unidade monetária. O consumidor consumirá em cada momento o bem que lhe der maior utilidade por unidade monetária. Mas ao consumir a utilidade

marginal desse bem desce, o que significa que na próxima escolha é provável que outro bem

já tenha maior utilidade marginal por unidade monetária.

Solução do problema do consumidor: o último euro gasto tem a mesma utilidade marginal

em todos os bens.

Exercício: dois bens (B1 e B2) cujos preços de mercado são, respectivamente 3 e 2

unidades monetárias (u.m.), têm as seguintes utilidades para dado consumidor, em função

da quantidade consumida. Traçar a curva de utilidade marginal dos dois bens. Se o

orçamento do consumidor fôr 20 u.m. qual o consumo de bens. Nesse caso qual a utilidade

total e qual o excedente do consumidor.

Q 1 2 3 4 5 6 7 8 Ut.B1 27 24 21 18 13.5 7.5 1.5 0 Ut.B2 40 20 10 5 2 1 0

utilidade marginal decrescente ⇔ curva de procura decrescente. A lei da utilidade

marginal decerescente explica a curva da procura decerescente para uma dado bem, no

mercado.

Exercícios: - identificar o excedente do consumidor no diagrama de utilidade marginal (gráfico acima)

e identificar o excedente do consumidor na curva da produra de um bem no mercado;

- explicar o “paradoxo” do valor enunciado no início da aula;

- primeira discussão de:“o valor de um jardim público para os moradores do bairro”.

I.4: O comportamento do produtor O que é a produção de bens e serviços?

Utilização dos factores produtivos (terra trabalho e capital) para produzir bens e serviços

Economia do ambiente

15/57 Feliz Mil-Homens

Função de produção: função que relaciona os “inputs” e “outputs” de uma produção.

Claro que a produção de bens e serviços não se restringe às empresas, quando fazemos

uma refeição em casa estamos a produzir um bem, mas a análise do comportamento do

produtor tem por base as empresas.

Qual o objectivo do produtor ?

O produtor tem por objectivo o máximo lucro ou benefício da produção tendo em conta os

factores de produção que tem disponíveis. Para atingir o seu objectivo, o produtor pode:

escolher a quantidade que produz (quanto produzir ?) e qual a combinação de factores que

pretende utilizar (como produzir?)

O que é que acontece se aumentarmos um factor de produção (p.e. trabalho) ?

Produtividade marginal de um factor: acréscimo de produção (output) por cada

acréscimo de uma unidade de um factor produtivo, quando os outros factores se mantêm

constantes.

No início é natural que a produtividade marginal cresça (verificam-se economias de escala positivas) o acréscimo inicial de trabalhadores permitirá organizar melhor a produção (p.e.

especialização), mas a partir de determinado número, o acréscimo de produção por cada

trabalhador adicional diminui.

Exercício: imaginar exemplo com capital em vez de mão de obra.

Lei dos rendimentos decrescentes. Quando um produtor aumenta um factor de

produção (ex: mão de obra) mantendo os restantes factores constantes, o acréscimo de

produção por cada unidade adicional de factor vai diminuindo. (Esta lei esplica porque é

que a curva da oferta não é uma recta - vide acima – e é outra forma da lei dos custos

relativos crescentes já referida).

Uma empresa tem custos de produção e tem receitas resultantes da venda de bens e

serviços.

EMPRESA Factores

de produção Bem ou serviço

Economia do ambiente

16/57 Feliz Mil-Homens

Receitas. (R=pxQ). Se a empresa produz Q unidades de um bem que vende ao preço p,

as receitas são pxQ. Para uma empresa individual, num mercado competitivo, o preço é

um dado. Uma das condições para a existência de mercado é que nenhum agente

económico por si só pode influenciar o preço (embora este varie com a quantidade total –

de todos os produtores).

Exercício: comparar as curvas da oferta e da procura do mercado de um bem no mercado e

as mesmas curvas “vistas” por uma empresa individual.

Custos fixos (CF). Custos que são independentes da quantidade produzida (rendas,

patentes, juros de empréstimos, salários de trabalhadores do quadro…) Custos variáveis (CV). Custos que dependem da quantidade produzida (p.e. custo de

matérias primas, energia, trabalhadores eventuais, etc), Custo total de produção (CT). CT= CF+CV(Q)

Nota: estes conceitos estão dependentes do factor tempo. Há custos fixos que numa análise

de longo prazo se tornam variáveis (no longoprazo não há custos fixos). Do mesmo modo, no

muito curto prazo, há custos variáveis que são fixos.

Custo unitário de produção ou custo médio (CM): CM=CT/Q

Custo variável médio (CVM): CV/Q Custo marginal (Cm): custo da última unidade produzida, ou seja o acréscimo de custo

devido ao acréscimo de produção de uma unidade. Como evolui o custo médio com com a quantidade produzida? E o custo marginal?

Exercício: considere a estrutura de custos indicada na

tabela, com os custos fixos, custos variáveis e as

quantidades referidas. Calcular e representar CF, CV,

CT, CM Cm. Analisar. Evolução típica da curva de custos médios e marginais:

para pequenas quantidades, o peso dos custos fixos é

muito elevado, existe elevados custos médios e custos

marginais, mas estes baixam muito rapidamente (rápido

aumento de produtividade); depois segue-se uma região onde se mantém a elevada

produtividade e os custos médios e marginais variam pouco com a quantidade. A partir de

determinada altura com o aumento de produção começa a fazer sentir-se a lei dos rendimentos marginais decrescentes e o custo marginal começa a crescer (cada vez é

maior o custo de produzir uma unidade adicional) arrastando o custo médio para cima.

Q CF CV 0,0 55,0 0,0 10 55,0 30,0 20 55,0 55,0 30 55,0 75,0 40 55,0 105,0 50 55,0 155,0 60 55,0 225,0 70 55,0 315,0 80 55,0 425,0 90 55,0 555,0

100 55,0 705,0

Economia do ambiente

17/57 Feliz Mil-Homens

Exercício: demonstre que a curva de custos marginais corta sempre a curva de custos

médios no seu mínimo.

Exercício: qual o efeito da inovação tecnológica na curva de custos marginais ?

Receita marginal (Rm): Acréscimo de receita resultante de uma unidade adicional

vendida. Num mercado concorrencial, a receita marginal é simplesmente o preço de

mercado do bem ou serviço.

Lucro = Receita – custos totais (Π=R-CT)

Benefício marginal (Bm) = receita marginal-custo marginal (Rm-Cm): acréscimo de

beneficio, para o produtor, pelo facto de produzir e vender uma unidade adicional de bem

Exercício: calcular e representar o beneficio marginal, admitindo que o preço de venda é de

12 um. Representar no diagrama anterior.

Qual a quantidade que o produtor deve escolher para maximizar o seu lucro ?

Exercício: calcular e representar, em função da quantidade, o custo total, receita total lucro

total para o exemplo anterior, admitindo que o preço de venda é de 12 um. Concluir.

$(valores totais) R

CT

$(valores unitários) Cm

CM

P a

c b

Bm

0 Q

Enquanto o benefício marginal for positivo, o lucro aumenta, com o aumento da quantidade

produzida, isso significa que o produtor tem interesse em aumentar a quantidade que produz.

A partir de determinada altura o benefício marginal torna-se negativo, isso significa que as

últimas unidades produzidas contribuem para reduzir o lucro total, nesse caso o produtor tem

Economia do ambiente

18/57 Feliz Mil-Homens

interesse em reduzir a quantidade produzida. O lucro máximo obtém-se para a quantidade

em que o custo marginal iguala o beneficio marginal (ou o preço). Ou seja P=Cm. Essa deve

ser a regra para os agentes económicos fixarem a sua produção, num mercado

concorrencial.

Com base na representação feita pode facilmente calcular-se:

Custo total CT= QxCM (quantidade x custo médio (0cbQ) ou ainda a área sob a curva de

custos marginais.

Receita total R = QxP (0PaQ)

Lucro (Pcab). Ou ainda a área entre a curva de custo marginal e o preço; ou ainda a área

sob a curva de benefício marginal.

A curva de custos marginais de uma empresa representa a sua curva de oferta do bem num

mercado concorrencial. Para um conjunto de produtores, ou para o conjunto de unidades de

produção, temos a oferta agregada que é a “soma” das curvas de custos marginais das

várias unidades de produção.

Exercício: uma empresa tem duas unidades de produção para produzir o mesmo bem. Os

custos marginais das duas unidades são dados por: Cm1=0,4Q e Cm2=2+0,2Q, sendo Q a

quantidade produzida, em milhares, em cada uma das unidades. Se a empresa pretender

produzir 8000 unidades do bem, qual a forma mais económica de repartir a produção pelas

duas unidades? E se pretender produzir 4000 unidades? Quais os custos totais de produção

em cada unidade de produção, em cada caso?

O que é que acontece se houver muitos produtores, boa informação e se o mercado fôr

muito concorrencial ?

Se o benefício do produtor for elevado (Pcab grande) os produtores tenderão a deslocar

recursos de outras produções para a produção deste bem e serviço. Ao fazê-lo aumentam a

quantidade total produzida e o preço tenderá a baixar reduzindo assim os lucros (dado que a

curva de custos marginais se mantém). O processo mantêm-se enquanto P> mínimo do

custo médio. Se o preço baixar desse ponto a produção não há lucro, portanto não é atraente

para os produtores, alguns deixarão de produzir reduzindo a Q, o que leva ao aumento de P.

Assim, um mercado concorrencial tende para que nos produtores se verifique: P=Cm=CM. É

essa a afectação óptima de recursos, numa óptica privada, num mercado perfeito. Nota: o que determina a afectação de recursos para a produção é a concorrência entre

produtos.

Economia do ambiente

19/57 Feliz Mil-Homens

Exercício: Numa empresa de produção de farinhas os custos totais de produção variam com

a quantidade produzida, de acordo com: CT = 0,5 Q2 + 25 Q +1000. Com CT em euros/Ton e

Q em T/dia. Determinar:

a) a curva de custo médio e o custo médio mínimo;

b) a curva de custo marginal de produção;

c) a quantidade que a empresa deve produzir se o preço de mercado fôr 200 euros/ton.

d) a essa quantidade, quais os custos totais, receita e lucro da empresa.

O segundo problema que se coloca a qualquer produtor é:

Como produzir a quantidade Q de bens que se considera óptima ?

Viu-se que qualquer produção precisa de contributos independentes dos factores de

produção (trabalho, terra e capital) mas o mesmo bem pode ser obtido com proporções

distintas dos factores. Exemplos: i) pode usar-se mais mão de obra (trabalho) ou substituir

a mão de obra por uma máquina e nesse caso usa-se mais capital; ii) pode usar-se mais

matéria prima ou ter melhores máquinas (mais capital) que produzam o mesmo bem com

menos matéria prima.

Haverá uma combinação óptima para a função objectivo do produtor ?

Consideremos apenas dois factores de produção, p.e. trabalho e capital. Para a mesma

quantidade de bem produzido, é natural que quanto mais trabalhadores o produtor utilizar, de

menos máquinas necessitará, e vice-versa. Ou seja há uma relação inversa entre trabalho e

capital.

trabalho

∆L

∆K capital

Estas curvas chamam-se isoquantas: e representam as combinações possíveis de dois

factores de produção, que permitem produzir determinada quantidade de bem (Q1).

Exercício: justificar a forma das “curva” isoquantas.

Q1

Q2

Economia do ambiente

20/57 Feliz Mil-Homens

Naturalmente, se pretender produzir maior quantidade de bem (Q2), terei que ter maior

quantidade de ambos os factores e terei outra isoquanta. Uma produção tem assim um

conjunto de isoquantas.

Quando se caminha numa isoquanta está-se a substituir um factor de produção por outro,

mantendo constante a produção (no exemplo acima reduziu-se o trabalho ∆L e aumentou-se

o capital ∆K).

Taxa marginal de substituição técnica (TMST) é a taxa à qual um factor pode ser

substituindo por outro, sem alterar a produção. No exemplo TMST=∆L/∆K

No limite, a TMST é inclinação (derivada) da isoquanta em cada ponto diz a quantidade de

um recurso que é necessário utilizar para substituir uma unidade do outro recurso. Notar que

quanto menos se tem L, maior quantidade precisamos de K para substituir uma unidade de L

e vice versa.

Exercício: mostrar que a TMST é igual à razão das produtividades marginais dos dois

factores.

E em termos de custos para o produtor será indiferente a combinação de factores utilizada ?

Os dois factores têm preços unitários diferentes. Se o custo unitário do trabalho fôr w

(salário) e se o custo unitário do capital for r (juro), o custo que a empresa tem com os dois

factores é:

C=wL+rK

Onde L e K são as unidades de trabalho e capital empregues na produção. Dividindo por r:

C/r=(w/r)xK+L.

As rectas de isocusto são o conjunto de combinações possíveis dos dois factores que

originam o mesmo custo para a empresa.

Capital

C/r

C/w trabalho

Economia do ambiente

21/57 Feliz Mil-Homens

As intersecções com os eixos representam as unidades de capital e de trabalho que se

comprariam se utilizasse exclusivamente esse factor de produção e inclinação da recta

(declive) é a relação entre custos unitários dos factores (-w/r).

Há uma infinidade de isocusto, paralelas, uma para cada custo C. Obtemos então que a

combinação de factores que origina o custo mínimo, para a produção de uma determinada

quantidade de produto é a que corresponde ao ponto de tangência da isoquanta, com a

isocusto. Ou dito de outro modo: a tangência corresponde ao ponto onde se obtém a maior

produção para um determinado custo dos factores.

Capital

K/r

L/w trabalho

Notar que o ponto de tangência corresponde à condição: TMST=w/r. Ou seja, o óptimo

obtem-se quando a taxa marginal de substituição técnica iguala a razão do preço unitário dos

factores de produção. Como a TMST é a razão entre as produtividades marginais, também

se pode escrever:

PmL/w=PmK/r. Ou se houver n factor produtivos: Pm1/p1= Pm2/p2= Pm3/p3=… Pmn/pn

O custo mínimo de produção de uma quantidade de produto Q obtêm-se quando é igual para

todos os factores a razão entre a sua produtividade marginal e o preço do factor.

Exercício: A montagem de televisores pode ser mais ou menos automatizada. Considerando

que o salário de um montador na Alemanha é o dobro de Portugal e que o juro do capital é

igual, mostrar gráficamente as proporções trabalho e capital na Alemanha e em Portugal

para a montagem de televisões.

Exercício: Uma empresa adquire trabalho e capital a r=6 e w=4. Com a combinação de

factores produtivos que tem as produtividades marginais do trabalho e do capital são

respectivamente 18 e 12. A empresa está a minimizar os seus custos ? Se não está o que

deve fazer ?

O modelo exposto traduz a seguinte visão do sistema económico: os consumidores

exprimem as suas preferências no mercado através dos seus votos monetários e em função

da utilidade que encontram nos bens e serviços que consomem; os consumidores comparam

Economia do ambiente

22/57 Feliz Mil-Homens

constantemente utilidade marginal (ou a disponibilidade marginal para pagar) e preço do

bem. Os produtores utilizam os recursos produtivos nos bens e serviços que maximizem os

seus lucros; os produtores produzem a quantida de bens de tal modo que o custo marginal

de produção seja igual ao preço. O preço traduz a disponibilidade marginal para pagar dos

consumidores e os custos marginais do produtor. A quantidade produzida e consumida é a

que maximiza a utilidade total dos consumidores e os lucros dos produtores. Se o mercado

funcionar, evolui naturalmente para esse ponto de equilíbrio onde se obtem o máximo de

eficiência económica: retiram-se tantos bens e serviços dos recursos, quanto possível,cada

um faz o que melhor sabe fazer e consome o que mais gosta de consumir.

Será uma visão demasiado perfeita do mundo económico ?

É uma visão compatível com a exitência de óbvias situações de poluição?

É uma visão compatível com a existência de óbvias situações de desigualdade socio-

económica?

Economia do ambiente

23/57 Feliz Mil-Homens

Parte II : elementos de economia do ambiente II.1. O sistema económico e o meio ambiente – conceitos gerais

O que é a Economia do Ambiente ?

Sendo a economia a ciência que estuda a forma como as sociedades e os indivíduos utilizam

os seus recursos escassos. A EA é a economia aplicada a um recurso escasso em particular:

o ambiente.

Que tipo de problemas estuda a EA ?

- Como e porquê os agentes económicos tomam decisões que afectam o ambiente;

- O que se ganha e o que se perde quando se faz um parque natural e não uma região de

desenvolvimento agrícola;

- Que custos a sociedade suporta por poluir um rio;

- Qual o nível mais eficiente de redução da poluição que uma empresa deve desenvolver;

- Como repartir, pelos agentes económicos, os custos de despoluição de uma região

afectada;

- Qual a forma mais eficiente de explorar um recurso pesqueiro, uma floresta ou um

reserva de petróleo;

- Que políticas e instituições e instrumentos podem ser desenvolvidos para atingir

determinado objectivo de protecção/preservação ambiental;

- Que relações existem entre a protecção do ambiente e outras variáveis económicas,

como por exemplo o emprego a taxa de crescimento (p.e. qual o impacte na taxa de

crescimento económico de uma política forte de redução de emissões de CO2;

Porque é que os agentes económicos (cidadãos e empresas) poluem o ambiente e utilizam

inadequadamente os recursos naturais ?

- Não percebem as consequências das suas acções ?

- Têm falta de educação ?

- Não têm valores morais ?

- O quadro de incentivos conduz a esse comportamento ?

A EA parte do princípio que os agentes económicos são racionais e agem racionalmente em

função do quadro de incentivos em que tomam decisões.

Economia do ambiente

24/57 Feliz Mil-Homens

O que é o “quadro de incentivos” ?

- Enquadramento legal (regulamentação, multas, obrigações, proibições);

- Enquadramento económico e financeiro (subsídios, taxas, impostos);

- Enquadramento cultural (educação, valores, imagem, prestígio, moda).

Todos nos comportamos em função do “quadro de incentivos” em que vivemos. O quadro de

incentivos compreende penalizações “pau” e recompensas “cenoura”. A sociedade criou

mecanismos de penalizar as acções que considera prejudiciais (ex: proibição de

estacionamento na praça do Rossio; reprovação social da falta de higiene) e criou

mecanismos de valorizar os comportamentos que considera positivos (ex: valorização do

estudo por via do salário dos diplomados, valorização social da generosidade)

Afirmações polémicas ?

Se uma empresa retirar benefícios líquidos de poluir um rio, poluirá!

Um cidadão não alterará o seu comportamento ambientalmente incorrecto se não for

penalizado!

O quadro de incentivos deve fazer com que as motivações dos agentes coincidam com os

objectivos que se pretende atingir.

Exemplos: - nalguns municípios alemães, quem não separar o lixo devidamente, deixa de ter o lixo

recolhido;

- nalguns municípios americanos, a taxa de recolha do lixo é função da quantidade;

- na Holanda e em Portugal existem acordos voluntários com sectores da indústria com

base nos quais o cumprimento de metas ambientais dá acesso a condições preferênciais

de financiamento de projectos;

- nalguns países a taxa de imposto paga ao Estado depende no nível de poluição gerada;

- na maioria dos países europeus (com a possível excepção de Portugal) cuspir ou

mandar papeis para o chão é alvo de forte reprovação social;

A economia do ambiente estuda os instrumentos de política de ambiente que permitem

levar os agentes económicos a terem um comportamento de acordo com objectivos de

protecção do ambiente. De um modo geral os instrumentos dividem-se me três grandes

grupos: instrumentos de natureza regulamentar; instrumentos de natureza financeira e instrumentos de formação/informação.

Servem de pouco os juízos de valor sobre os comportamentos dos agentes económicos,

apelar ao altruísmo ou criticar a falta dele. Importa é compreender o quadro de incentivos em

Economia do ambiente

25/57 Feliz Mil-Homens

que os agentes económicos tomam as suas decisões. À economia do ambiente ajuda a

compreender, avaliar e definir o quadro de incentivos e permite avaliar a eficiência e eficácia

dos instrumentos.

Como é que se processa a interacção entre actividade económica e ambiente ?

O sistema económico é um sistema aberto.

O meio ambiente fornece matérias primas e energia ao sistema económico e recebe os

resíduos e a dissipação de calor: sistema económico é parte do meio ambiente

O que é que diz a Termodinâmica de um sistema deste tipo ?

1º princípio: a massa e a energia conservam-se.

Isso significa: acumulação (matéria e energia) = entrada (matéria e energia) – saída (matéria

e energia)

Acumulação de matéria e energia no sistema económico é o aumento de capital no sistema

económico (casas, estradas, hospitais, máquinas). Ocorre entrada de matéria energia no

sistema económico a partir do meio ambiente, na forma de matérias primas várias e ocorre

saída de matéria e energia do sistema económico para o meio ambiente na forma de

resíduos vários

2º princípio: sempre que ocorre uma transformação (não reversível) a qualidade da energia

“degrada-se” diminuindo a energia útil e aumentando a entropia.

Exercício: fazer o balanço ao planeta terra, com base nos princípios da termodinâmica.

Para onde vai a energia que consumimos na forma de alimentos ?

Para onde vai o combustível que colocamos no automóvel ?

Matérias primas

Energia

Resíduos

Calor

Sistema económico:Produção e

consumo de bens e serviços

Economia do ambiente

26/57 Feliz Mil-Homens

Consequência: o calor de elevada entropia é (de longe) o maior resíduo do sistema

económico.

É possível fazer balanços de massa e energia separados ao sistema económico se

excluirmos a transformação de massa em energia no sistema económico (p.e. produção de

energia por via nuclear, o que é uma aproximação razoável em termos globais).

Balanço de massa.

Em termos de matéria, a actividade económica interage directamente com o ambiente em

duas grandes áreas. Por um lado o m.a. é uma fonte de matérias primas, ou genericamente

recursos. O estudo desta interface economia/ambiente está na origem da economia dos

recursos naturais. A economia dos recursos naturais divide os recursos em renováveis e não

renováveis e procura responder a questões como:

- qual a taxa de extracção de petróleo de um dado reservatório ?

- qual a taxa óptima de pesca de sardinha num determinado pesqueiro ?

- qual a ritmo de corte de árvores numa floresta que maximiza o benefício, mantendo a

floresta sustentável ?

A segunda área de interacção com a economia é quando o ambiente funciona como local de tratamento/eliminação de resíduos. Esta interface é uma das áreas da economia do ambiente. A economia do ambiente preocupa-se com uma multiplicidade de assunto

relacionando o ambiente e a actividade económica. Por exemplo:

- qual o quadro de incentivos que leva os agentes económicos a ter uma atitude

ambientalmente benigna ?

- qual o interesse para uma sociedade na criação de um parque natural ?

- qual a forma óptima de reduzira a poluição num determinado meio ?

- qual o custo ambiental de construir uma auto estrada num parque ?

Bens e serviços (G)Matérias primas (M) Produção de bens e serviços

Consumo de bens e serviços

Resíduos (Rp)

Reciclados Rrp

Resíduos (Rdp)

Resíduos (Rc)

Resíduos (Rdc)

Reciclados Rrc

Economia do ambiente

27/57 Feliz Mil-Homens

Nota: Ao considerar apenas estas duas áreas está-se a simplificar e a omitir

propositadamente aspectos importantes do ambiente como a fruição da natureza, a reserva

de património genético, a própria sustentabilidade da vida, etc.

Equilíbrio global

A longo prazo, segundo a primeira lei da termodinâmica, relativa à conservação da matéria,

têm-se: M= Rdp+ Rd

c

Naturalmente que se o sistema está em crescimento, há uma acumulação positiva de

matéria sob a forma de capital (edifícios, estradas, máquinas, etc.), mas se o sistema estiver

estacionário o fluxo de matéria a entra no sistema é igual ao que sai do sistema económico.

Assim, todas as matérias primas retiradas ao ambiente acabam por ser devolvidas ao

ambinete na forma de resíduos. Como tal a redução de resíduos implica necessariamente

a redução de m.p. e vice versa.

Notar o aspecto “duplamente vencedor” contido no processo de racionalização da utilização

de m.p: ao reduzirmos os conteúdo de matérias primas contido num bem reduz-se não só a

extracção de recursos, mas também, no fim da cadeia, a emissão de resíduos.

Por outro lado, fazendo o balanço dos produtores: M= G + Rp- Rrp - Rr

c

O que significa que a quantidade de matérias primas necessárias ao funcionamento da

economia (M) é igual ao bens produzidos (G), mais os resíduos de produção menos as

quantidades recicladas pelos produtores e consumidores. Tal significa que há três formas de

reduzir a quantidade de matérias primas utilizadas e consequentemente de resíduos

gerados.

a) reduzingo G. Redução/manutenção da quantidade de bens e serviços fornecidos à

sociedade. Teorias do crescimento zero da população e da economia, tal significaria

a impossibilidade de gerar excedentes para desenvolvimento tecnológico, a prazo

significaria o “retorno às origens”;

b) reduzindo resíduos da produção de bens e serviços. Pode ser conseguido por dois

processos: produzindo os mesmos bens e serviços com menor quantidade de resíduos

reduzindo a intensidade de resíduos na produção ou deslocando a produção para bens e serviços que utilizam cada vez menos matérias primas.

c) aumentar as quantidades recicladas (Rdp+ Rd

c ). Desenvolvimento tecnológico.

Economia do ambiente

28/57 Feliz Mil-Homens

Notar que exceptuando a solução indicada pela alínea a) todas as outras passam pelo

desenvolvimento tecnológico.

Será possível uma economia (e portanto uma sociedade) onde houvesse 100% de

reciclagem de matéria ?

Boas notícias: nada impede que tal aconteça, aplica-se o 1º princípo da termodinâmica:

conserva-se a matéria.

Más notícias: também se aplica o 2º princípio.

Quais as consequências ?

Em cada um dos nós referidos há uma entrada de energia de baixa entropia e elevado

conteúdo de energia útil (petróleo, electricidade, gás, etc.) e uma saída de energia de

elevada entropia (calor).

Exercício: considerar o percurso de 1Kg de ferro no seguinte processo: Oxido de ferro na

natureza, chapa de ferro, componente de um automóvel novo, resíduo de um automóvel

velho, chapa de ferro reciclado. Esquematizar a evolução da entropia e os fluxos de energia.

Óxido de ferro chapa de ferro peça nova peça de sucata chapa de ferro

Quando ocorre uma redução de entropia (transformações 1,2 e 4) há uma violação do 2º

princípio ?

Não, porque a redução de entropia é feita à custa do consumo de energia ou seja da

transformação de energia útil em calor, cujo aumento de entropia é maior que a redução de

entropia no ferro. Há sempre, portanto um aumento global de entropia.

entropia

+energia+inform.

+energia+inform.

+energia+inform.

Degradação expontânea

Economia do ambiente

29/57 Feliz Mil-Homens

Nota: na reciclagem (transformação 4) há necessidade de consumir energia para diminuir o

conteúdo entrópico da matéria. Ocorre assim um aumento global de entropia do sistema

(resultante do consumo de energia útil e libertação de calor).No entanto essa necessidade é

menor do que se produzisse a chapa a partir de óxido de ferro.

Mesmo numa sociedade com reciclagem total de matéria há produção de grandes

quantidades de “resíduo térmico” de alta entropia. Não podemos escapar ao 2º princípio.

A economia alimenta-se de recursos naturais de baixa entropia e liberta resíduos de alta entropia para a natureza.

A análise das interacções economia ambiente deve tomar sempre em consideração os dois

princípios e como tal, os fluxos de matéria, energia e entropia. Por exemplo, os objectivos de

maximizar as produções (em matéria) na agricultura fortemente mecanizada levou a saldos

energéticos negativos: a energia fóssil utilizada nos vários factores de produção é maior que

a energia obtida dos produtos agrícolas. Enquanto o benefício da agricultura resulta da sua

capacidade de produzir energia de baixa entropia (alimentos) à custa da energia solar.

Produzir e consumir bens e serviços implica inevitavelmente consumir recursos naturais e

gerar resíduos, ou seja implica uma redução da qualidade ambiental. Existe um “trade-off” (negociação, escolha) entre bens de mercado e qualidade ambiental. Essa escolha entre

salvaguardar o ambiente e promover a actividade económica é feita todos os dias em todas

as sociedades e por todos os indivíduos.

Nessa escolha, as sociedades e os indivíduos assumem posicionamentos filosóficos distintos

sobre a relação entre economia e ambiente. No limite podemos dizer que cada indivíduos

tem a sua posição própria. No entanto, simplificando muito, podem identificar-se dois

posicionamentos contrastados (vide [2] capítulo 2): uma posição tecnocentrista e uma

posição ecocentrista. Estas são duas posições bastante extremadas (que genericamente

têm as características indicadas na tabela seguinte), mas entre elas existe uma infinidade de

posições intermédias. No entanto estes tipos de posicionamentos filosóficos são evidentes

em todos os debate envolvendo o ambiente (p.e. como a posição relativamente ao protocolo

de Quioto ou à exploração do petróleo do Alasca).

Não existem posições certas e erradas, inteligentes e estúpidas. Existem posições bem e

mal fundamentadas. A forma como o homem encara as relações da economia com o

ambiente depende da forma como se posiciona filosófica e moralmente face ao mundo e,

como tal, à natureza.

Economia do ambiente

30/57 Feliz Mil-Homens

Tecnocentrismo Ecocentrismo

Tipo de economia Economia de mercado livre, oposição a qualquer regulamentação que restrinja ou dificulte a actividade económica.

Economia de mercado regulada, aceitando restrições à actividade económica em nome de bens “superiores”.

Função objectivo Crescimento económico. Maximização do PIB.

Manutenção do património/capital natural. Equilíbrio homem natureza

Fundamentação A criação de riqueza permitirá o desenvolvimento tecnológico que por sua vez permitirá ultrapassar, limitar ou mesmo anular os efeitos negativos do crescimento económico.

Existem perdas irreparáveis, nomeadamente ambientais, pelo que o crescimento se deve submeter à salvaguarda desses bens para as gerações futuras.

Gestão de recursos Orientada para o crescimento económico e aumento do capital.

Orientada por critérios de conservacionismo e solidariedade intergeracional.

Visão da natureza A natureza não tem valor intrínseco, existe para “serviço” o homem. Do ponto de vista económico é um factor produtivo.

A natureza tem valor por si independentemente do homem. O homem é parte da natureza, com quem deve estar em equilíbrio.

Visão do homem Primado da livre iniciativa e da liberdade individual

Aceita restrições à livre iniciativa e à liberdade individual em nome de valores superiores

Divisa “a pobreza é o pior inimigo do ambiente”.

“Não herdámos o mundo dos nossos pais, pedimo-lo emprestado aos nossos filhos”

II.2: Instrumentos analíticos. II.2.1. Mercados e ambiente – o conceito de externalidade

Viu-se que os consumidores:

- têm por objectivo maximizar a utilidade;

- estão sujeitos à lei da utilidade marginal decrescente;

- estão disponíveis para pagar bens em função da sua utilidade marginal;

- o seu comportamento no mercado é descrito pela sua curva da procura;

e os produtores

- têm por objectivo maximizar o lucro;

- estão sujeitos à lei dos rendimentos marginais decrescentes;

- produzem uma quantidade tal que preço = custo marginal de produção;

- o seu comportamento no mercado é descrito pela sua curva da oferta.

Exercício de revisão: foram estudadas as curvas da procura e da oferta de um bem no

mercado e encontrou-se: PD=30-06QD e PS=2+0.8QS . Representar graficamente e calcular:

- o preço e a quantidade de equilíbrio desse mercado.

- o custo de produção dessa quantidade de bem.

Economia do ambiente

31/57 Feliz Mil-Homens

- a utilidade total para os consumidores por consumirem essa quantidade de bem.

- o excedente dos produtores e o excedente dos consumidores desse bem.

No mercado quer produtores quer consumidores agem em função das suas lógicas privadas procurando o seu óptimo privado (máxima utilidade para o consumidor, máximo

lucro para o produtor).

E do ponto de vista da sociedade ?

A sociedade é o conjunto de todos os agentes económicos: produtores e consumidores.

Para produzir aquele bem a sociedade tem custos (matérias primas, mão de obra e capitar

que podiam ser utilizados noutros bens foram utilizados para produzir aquele). A curva da

oferta reflecte os custos de produção do bem. O custo total para a sociedade da produção

da quantidade Q de um bem é dado pela área sob a curva da oferta até essa quantidade (C

no gráfico anterior).

O facto de existir um bem representa um benefício para a sociedade: a utilidade total que

os consumidores retiram de consumirem Q unidades do bem, ou seja a área sob a curva da

procura até Q (A+B+C no gráfico anterior).

Relembrar que a curva da oferta resulta das curvas de custo marginal de produção do bem

pelos produtores e que a curva da procura resulta da disponibilidade marginal para pagar dos

consumidores.

O benefício líquido para a sociedade é a diferença entre os benefícios resultantes da

existência do bem e os respectivos custos (A+B no gráfico anterior). O benefício líquido é,

naturalmente, a soma dos excedentes do produtor e do consumidor.

Continuação do exercício anterior: demonstrar que o benefício líquido para a sociedade é

máximo no ponto de encontro das curvas da procura e da oferta.

B Procura

Oferta = cm

A

C

Economia do ambiente

32/57 Feliz Mil-Homens

No encontro entre a disponibilidade marginal para pagar dos consumidores (procura) e os

custos marginais dos produtores (oferta) é máxima a diferença entre os benefícios e os

custos da produção e consumo de Q unidades do bem, ou seja é máximo o benefício para a

sociedade decorrente da existência de dado bem; ou ainda: é máxima a soma do excedente

do consumidor e do excedente do produtor. Ou seja atinge-se o máximo benefício para o

conjunto dos produtores e consumidores, e portanto para a sociedade, no ponto de encontro

entre a oferta e a procura, ou seja quando a disponibilidade marginal para pagar dos

consumidores iguala o custo marginal dos produtores.

Isto significa que produtores e consumidores na procura dos seus óptimos individuais

(óptimos privados) conduziram o sistema ao óptimo colectivo (óptimo social): o óptimo

social coincide com os óptimos privados.

Será que este modelo funciona quando estão em causa bens ambientais ?

Será que um rio poluído ou o esgotamento de um recurso corresponde ao óptimo social ?

A experiência empírica mostra que para a muitos bens ambientais o mercado não conduz ao

óptimo na utilização desses bens: as industrias têm tendência a poluir o meio ambiente em

que se instalam, as populações têm tendência para sobre-explorar os recursos (florestas,

recursos pesqueiros, etc).

Porque é que isso acontece e não se atinge o óptimo como prevê o modelo exposto ?

Todo o modelo de mercado assenta na avaliação de custos e benefícios resultantes da

produção e consumo de um bem, isso significa que uma das condições mais importantes

para que se aplique o modelo de mercado que conduz ao óptimo colectivo é que todos os

custos da produção de um bem sejam reflectidos no preço do bem.

Porque muitos bens ambientais são utilizados pelos agentes económicos sem que eles

paguem pela utilização desses bens. Nesse caso, um recurso escasso que está a ser

utilizado sem que o seu custo esteja a ser incorporado no bem que é produzido. Quando tal

acontece há uma falha de mercado, custo externo ou externalidade.

Por exemplo, se uma empresa (ex. papeleira) poluir um rio, ela está a impor um custo à

sociedade (diminuição da pesca, diminuição da fruição visual, e qualidade de vida) custos

que deveriam ser afectados ao produto produzido pela fábrica (o papel) e não são. Portanto

o preço do produto não reflecte todos os custos. A produção daquele produto utiliza recursos

que não está a pagar, no entanto o custo de utilização do recurso existe mas está a ser pago

Economia do ambiente

33/57 Feliz Mil-Homens

pela sociedade. Do ponto de vista económico uma situação de poluição é simplesmente uma

transferência de custos do produtor para a sociedade.

A consequência deste processo de transferência de custos é que os custos totais (sociais)

são maiores que os custos do ponto de vista do produtor (custos privados)

Custos sociais = custos privados + custos externos (ambientais)

Quando existem externalidades, o preço do bem não reflecte todos os custos associados à

sua produção.

Há também casos de externalidades positivas, ou seja casos em que a produção de um bem

tem benefícios cujo custo não se reflecte no preço do bem.

- a construção uma estrada para acesso a uma fábrica;

- os benefícios resultantes de alguma actividade florestal: fornecimento de oxigénio,

biodiversidade, etc.

- benefícios externos resultantes da actividade agrícola.

Genericamente: verificam-se externalidades sempre que o preço de um bem não reflecte

todos os custos e benefícios associados à produção do bem, ou: verificam-se

externalidades sempre que pessoas ou empresas, impõem custos ou benefícios a outros, sem que estes recebam qualquer indemnização ou efectuem o devido pagamento (Samuelson). Ou: externalidade é o efeito da actividade de um agente

económico sobre o bem estar de outro agente económico que não se reflecte em

transacções de mercado.

Existem múltiplas situações de ocorrência de externalidades:

- um agente económico pode impor externalidades a outro (p.e. uma fábrica que polui um

rio ao pescador a jusante;

- um agente económico a uma comunidade;

- múltiplos agentes a múltiplos agentes (eg. poluição urbana)

Quais as consequências no modelo de mercado resultantes da existência de externalidades?

Tal como para os custos de produção podemos definir custo marginal externo: acréscimo

de custo externo (ou externalidade) resultante do acrescimento de produção de uma unidade

de produto.

Exercício: considerar que à produção do bem referido no último problema estava associada

um custo externo dado por Cme=0.15Q , sendo Cme o custo marginal externo e Q a

Economia do ambiente

34/57 Feliz Mil-Homens

quantidade. Determinar o ponto de equilíbrio se forem considerados todos os custos.

Representar graficamente a nova situação. Analisar para as duas situações (com e sem

tomar em consideração os custos externos): custos e benefícios de produtores e

consumidores associados à produção deste bem.

P

custo marginal total

c custo marginal privado

d

e custo marginal externo

procura

a b

Qs Q*

Verifica-se que:

- ao considerar os custos externos nos custos totais a quantidade produzida é menor e o

preço maior, do que quando não se consideram esses custos ao não considerar os custos

ambientais o produtor tem tendência a sobre-explorar um recurso que não paga. (os

agentes são racionais, é o quadro de incentivos que pode favorecer uma acção predatória);

- quando ocorrem externalidades, o óptimo social não coincide com o óptimo privado. O

óptimo privado só coincide com o óptimo social quando todos os custos e benefícios

(incluindo custos e benefícios ambientais) estão considerados, e só nesse caso o mercado

permite atingir o óptimo social, caso contrário (quando há custos não considerados) ponto

de encontro do mercado não coincide com o óptimo social.

Notar a diferença entre custos externos e internos, do ponto de vista do produtor: para os

custo de produção internos ou privados − mão de obra, matérias primas, etc.− o produtor

recebe o sinal da escassez do recurso e como tal procura racionalizar a utilização desses

recursos na produção. Por exemplo, quando a mão de obra é escassa, os salários tendem a

aumentar, o empresário recebe esse sinal e tenderá a gerir melhor os trabalhadores

disponíveis e possivelmente a automatizar mais a produção (substituir mão de obra por

capital), ou seja o sinal da escassez do recurso é transmitido ao produtor através do preço do

recurso. Mas se a empresa utiliza um recurso sem pagar (polui, ou pesca em demasia); parte

dos custos desse comportamento são externos à empresa, como tal a empresa não recebe o

sinal da escassez do recurso, uma vez que ele não é pago, do ponto de vista da empresa é

como se fosse infinitamente abundante e, portanto o produtor não tem incentivos a utilizar

racionalmente esses recursos. Conclusão: a ocorrência de externalidades resulta em

ineficiência na gestão dos recursos.

Economia do ambiente

35/57 Feliz Mil-Homens

Poderia argumentar-se que o preço do produto é menor quando não se consideram os

custos ambientais, o que seria uma forma de compensar a sociedade pelos custos

ambientais. Tal não é correcto uma vez que os agentes que sofrem a externalidade não

coincidem com os que vão consumir o bem que gerou a externalidade.

A redução de externalidades na economia é um dos papeis do Estado. Para tal o Estado tem

ao seu dispor um conjunto de instrumentos (a ver mais à frente), nomeadamente

regulamentares e financeiros.

Notar que todas as situações de poluição e de sobre-utilização de recursos ocorrem em

casos em que há externalidades. As políticas modernas de controlo de poluição e de gestão

de recursos vão sempre no sentido de eliminar as externalidades. Essa é a fundamentação

económica do princípio do poluidor pagador (PPP) e do utilizador pagador. O preço de

mercado de cada bem deve reflectir escassez de todos os recursos que são utilizados na sua

produção, desse modo se dará ao produtor e ao consumidor o sinal adequado à sua

utilização racional.

A compreensão do conceito de externalidade e a sua aplicação às políticas de ambiente tem

levado a uma alteração profunda nessas políticas. A primeira geração de políticas basearam-

se na regulamentação (criação de leis, regulamentos, proibições, etc.). Actualmente a

tendência vai no sentido de desenvolver políticas ambientais que procurem reduzir as

externalidades ambientais da actividade económica e, desse modo, criar um quadro de

incentivos adequado às boas práticas ambientais dos agentes económicos.

II.2.2. Bens de mercado e bens ambientais

No mercado existem bens privados: são bens relativamente aos quais, em cada momento

existe um proprietário que detém o direito exclusivo de utilização do bem. Para os bens

privados existem direitos de propriedade estão claramente definidos. (O meu automóvel só

utilizo eu ou quem eu autorizar − possuo direito de exclusão quanto à utilização do automóvel

− é o facto de ter um direito de propriedade do automóvel que me permite vendê-lo no

mercado e uma vez vendido, deixo de ter qualquer direito sobre o veículo)

Será que o mesmo se verifica para os bens ambientais ?

Muitos dos bens ambientais são bens públicos. Estes têm duas características:

- não rivalidade no consumo, que significa que a utilização desse bem por uma pessoa

não impede a utilização do mesmo bem por outra;

Economia do ambiente

36/57 Feliz Mil-Homens

- condição de não exclusão, que significa que qualquer agente económico pode utilizar o

bem (mesmo que não pague).

Tratam-se de bens que estando disponível para um agente económico, estão também

disponível para todos os outros que o pretendam. Ou, posto de outra forma: um bem onde o

facto de um agente económico o utilizar não impede que qualquer outro o utilize. Exemplos

de bens públicos são: o ar, a paisagem, a defesa nacional, a segurança, as estradas, os

faróis, os sinais de rádio etc.

Um bem público é fornecido a toda a comunidade, independentemente das escolhas

individuais dos consumidores, ao contrário dos bens de mercado que são fornecidos a

consumidores individuais que optam por esses bens e, como tal suportam o respectivo custo

de oportunidade. No bem público é a sociedade que suporta o custo de oportunidade. A

existência de bens privados depende das opções individuais, a existência de bens públicos

depende das opções colectivas.

Discutir a aplicação do conceito de custo, comparando bens ambientais (públicos) e bens

privados.

Uma das características dos bens públicos é serem bens de livre acesso: bens cujo acesso

e/ou utilização está disponível aos agentes económicos que de algum modo o queiram fazer,

retirando daí alguma utilidade ou benefício sem que, em geral, nada tenham que pagar em

troca.

Podem ser bens com valia económica directa (pesqueiros no mar alto, baldios de pastoreio)

bens de utilização trivial ou de fruição (estradas, praias, parques e paisagens naturais). São

bens que se caracterizam pela inexistência de direitos de propriedade. A teoria económica

prevê que quando vários agentes económicos utilizam bens de livre acesso, segundo as

suas lógicas privadas, resultam externalidades.

Exercício: considere-se um caminho ligando os pontos A e B. O tempo de percurso depende

do número de utilizadores do caminho, da seguinte forma:

Nº utiliz. 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (min) 10 10 10 11 12 14 18 24

Considerar no início do caminho há um quadro que informa quantos utilizadores tem o

caminho em cada momento e considere que há um caminho alternativo onde se leva sempre

18 min a fazer o percurso.

Economia do ambiente

37/57 Feliz Mil-Homens

Imagine que quer ir de A para B, chega ao início da estrada e verifica que ela tem 5

utilizadores. Que opção toma ? Vai pela estrada e não pela alternativa porque passa a haver

6 utilizadores e ele levará 14 minutos a fazer o percurso e não os 18 da alternativa. Mas a

consequência é que todos os 6 utilizadores passam a gastar 14 minutos, cada um perdeu 2

min. A decisão do último utilizador impôs um custo aos restantes. O conjunto dos 6

utilizadores perdeu porque passou a gastar 6x14mn=84mn, enquanto se o 6º utilizador

utilizasse a alternativa o tempo total de percurso seria 5x12+18=78mn. Mas tal pressupunha

que ele altruisticamente gastasse 18mn em vez dos 14.

Quando está envolvido um bem de livre acesso se o agente económico agir segundo a sua

lógica privada geram-se ineficiências na gestão do recurso (contrariamente ao que acontecia

com os bens privados) resultando a sobre-utilização do recurso.

Dar exemplos de situação como as referidas e discutir.

Exercício: três proprietários partilham um pequeno lago que está poluído. Perguntou-se a

cada proprietário quanto estaria disposto a pagar para “limpar” o lago (procura de água pura).

Sabe-se também o o custo de despoluição (vide tabela). Analisar e discutir o óptimo privado

de cada proprietário e o óptimo colectivo.

Poluição (ppm)

Proprietário 1 (euros)

Proprietário 2 (euros)

Proprietário 3 (euros)

Custo marginal de despoluição

4 85 60 30 50 3 70 35 20 65 2 58 10 15 95 1 48 0 10 150 0 40 0 5 240

Cabe ao Estado eliminar ou minimizar a existência de externaliades, tendo em vista a

maximização da eficiência da economia. Do mesmo modo, o fornecimento de bens públicos

(defesa, segurança, paisagens naturais etc.) está geralmente a cargo do Estado. O mercado

e os agentes económicos privados são muito eficientes a fornecer e a gerir bens privados,

mas não têm incentivos para fornecer bens públicos à sociedade e eram inficiencias na

gestão desses bens.

II.3. Economia da qualidade ambiental.

Considere-se uma qualquer industria, por exemplo uma papeleira, instalada na margem de

um rio e que lança emissões poluentes para o rio. A jusante há uma povoação. Os

utilizadores do ambiente sofrem impactes negativos (danos) em consequência da sua

degradação do rio provocada pela fábrica. Esses danos são de vária natureza: redução da

Economia do ambiente

38/57 Feliz Mil-Homens

esperança de vida (doenças), redução da qualidade de vida (cheiro e visão desagradáveis,

redução da utilização recreativa do m.a.), redução do potencial do m.a. como recurso

económico (pesca, turismo,…), entre outras. Os danos prolongam-se no tempo, durante e

para além do período de existência da fábrica.

Problema: será possível avaliar o dado total causado por uma situação de poluição quando

estão presentes danos de natureza tão diversa? Como? Se for possível avaliar esse “dano

global” como exprimir ? Em que unidades ?

Admitamos simplesmente que é possível avaliar todos os danos, reporta-los à mesma

unidade e somá-los de modo a obter o “dano total de uma situação de poluição.

Naturalmente que quanto maior a poluição maior esse dano. A relação entre a quantidade de

um poluente (ou a sua concentração) e o dano que ocasiona é a funções de dano (damage

function).

Notar que o dano depende não só do poluente, mas também do meio ambiente receptor (p.e.

a mesma poluição tem funções de dano totalmente distintas se ocorrer num local

densamente povoado ou desertificado), As funções de dano são específicas de cada

situação de poluição, porque dependem de muitos factores, por exemplo da população exposta (quanto maior a população maior o dano), das condições naturais (p.e. dispersão

de poluentes, ventos, caudais de rios, etc.) além, naturalmente, do tipo de poluente.

O dano total reflecte os custos totais que os poluídos (a sociedade) suporta pela existência

de determinado nível de poluição.

Podemos pensar também no acréscimo de dano resultante do acréscimo de uma unidade no

nível de emissões (de fluxo de emissões ou de concentração no m.a.). Trata-se do dano

marginal. A funções de dano marginal, é a derivada da função de dano total e,

naturalmente, o dano total, para dada emissão poluente é dado pela área sob a curva até

essa emissão.

Exercício: esboçar as funções de dano marginal e de dano total para as seguintes situações

de poluição: i) o dano é proporcional à carga de poluição para todos os níveis de poluição; ii)

até certo nível de poluição o dano é nulo e a partir desse nível o dano marginal é crescente.

Do ponto de vista do poluidor, a redução da poluição representa custos (abatment costs),

qualquer que seja a metodologia utilizada (utilização de nova tecnologia – prevenção −

utilização de melhores matérias primas, tratamentos de fim de linha, redução da actividade).

Para o poluidor há uma função de custo de redução da poluição. Podemos pensar no custo total para reduzir a poluição até um determinado nível, ou podemos pensar no acréscimo de

Economia do ambiente

39/57 Feliz Mil-Homens

custo por cada unidade adicional de poluição que se reduz. Esta é a função de custo marginal de redução da poluição e é a derivada da função de custo total. Por sua vez o

custo total de redução da poluição até determinado nível é a área sob a curva de custo

marginal de redução da poluição.

Exercício: esboçar uma curva típica de custo marginal de redução da poluição.

Quanto menor a poluição, mais caro é reduzir uma unidade adicional. Uma primeira redução

pode ser facilmente obtida por simples filtração ou decantação, mas uma redução adicional

pode exigir metodologias caras de ultrafiltação, técnicas electrolíticas ou caras tecnologias de

reciclagem extensiva, uma redução ainda mais aprofundada pode exigir a reformulação de

todo o processo produtivo. Quando a poluição se aproxima de 0 o custo marginal de redução

tende para infinito.

Do ponto de vista do poluidor é importante conhecer a curva de custos marginais de redução

da poluição para as várias tecnologias/metodologias possíveis de redução da poluição.

Exercício: uma empresa tem duas alternativas tecnológicas para reduzir a poluição emitida.

Na alternativa A o custo marginal de redução da poluição é dado por Cmrp= −2+40/Q e na

alternativa B é: Cmrp=6−0,3Q, onde Q é a poluição emitida em Kg/dia. Se a empresa

pretender reduzir a poluição para 10Kg/dia, por que solução tecnológica deve optar. E se o

objectivo fôr 3 Ton/dia.

E se em vez de uma só fonte de emissões tivermos várias (situação vulgar) ?

Exemplo: uma determinada empresa tem 3 fontes emissoras de SO2 (p.e. uma fonte ligada

ao processo, outra fonte na caldeira que produz vapor e a terceira fonte num forno). Se os

custos custos marginais de redução das emissões de SO2 para as 3 fontes forem: Cmr1=390-

65Q; Cmr1=60-4Q; Cmr1=180-20Q e se a empresa quiser reduzira a metade as sua

emissões de SO2 qual a froma mais económica de atingir esse objectivo? Calcular o custo

total e a repartição desse custo pelas 3 fontes.

Trata-se de determinar a distribuição do esforço de redução pelas 3 fontes que é mais

económico para a empresa. A forma de o conseguir será começar por reduzira a primeira

unidade de poluição na fonte que tiver o custo de redução mais baixo, depois volta a fazer-se

a mesma análise para a segunda unidade de poluição e assim sucessivamente até se

reduzira a poluição a metade. Ou seja: atinge-se o custo mínimo de redução da poluição

se reduzirmos cada unidade de polição adicional na fonte onde o custo marginal de

redução da polição for menor.

Economia do ambiente

40/57 Feliz Mil-Homens

Obtém-se o custo marginal de redução de poluição agregado para as três fontes,

“somando horizontalmente” as três curvas de custos marginais de redução da poluição. Esta

curva traduz o custo marginal de redução da poluição do conjunto das 3 fontes. Em qualquer

caso o custo total de redução será sempre a soma das áreas sob as curvas.

Será então fácil de calcular que a distribuição óptima do esforço de redução da poluição será

5,3 unidades na fonte 1; 3,1 na fonte 2 e 6,6 na fonte 3. Pode ainda calcular-se o custo

suportado em cada fonte e o custo total.

O mesmo tipo de abordagem se pode aplicar quando há várias poluidores num mesmo meio.

Exercício: duas unidades industriais A e B poluem um rio com determinado poluente. Os

custos marginais de redução da poluição são os indicados

Emissões(T/dia) 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Cmr A ($/dia) 0 1 2 3 4 5 6 8 10 14 24 38 70

Cmr B ($/dia) 0 2 4 6 10 14 20 25 31 38 58 94 160

As duas fábricas estão inicialmente a emitir sem qualquer redução: 12T/dia cada. Pretende-

se reduzir as emissões totais de 12 T/dia. Qual a distribuição ideal do esforço de redução

pelas duas fábricas ? Qual o custo associado ? (8 na A e 4 na B com um custo total de

61$/dia)

Mais uma vez, a forma óptima de despoluir consiste promover a redução da unidade

seguinte de poluição na instalação que tiver menores custos marginais de despoluição.

0

20

40

60

80

100

120

140

4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Cmr 1 Cmr 2 Cmr 3 Cmr A

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Numa situação de poluição os “poluídos” sofrem danos. O seu objectivo será ter danos

mínimos (nulos se possível), ou seja os poluídos gostariam que a poluição fosse nula (ver

funções de dano). Mas poluição nula só é possível ou na ausência de produção de bens e

serviços os impondo custos infinitos aos produtores (ver custos marginais de redução da

poluição). Do ponto de vista do poluidor, ele gostaria de ter o mínimo de custos de redução

de poluição possível. Temos uma situação em que há objectivos conflituantes para os

diferentes agentes económicos.

Qual o nível ideal (mais eficiente) de poluição?

O nível ideal será o que maximiza o bem estar total- poluidores e poluídos É o óptimo

social: o ponto que minimiza a soma de custos de despoluição (do poluidor) com os custos

sociais totais (custos decorrentes da poluição, no poluidor e danos nos poluídos). Trata-se do

ponto de intersecção das duas curvas, onde os custos marginais de despoluição são

iguais aos danos marginais impostos aos poluídos (valem w). O nível eficiente de

poluição será e*.

$

w

a b

e*

As áreas representam os custos totais: a- danos totais para o nível de emissões e* e b-

custos totais de redução para esse nível de poluição – note-se que a e b não são

necessariamente iguais, ou seja: o nível mais eficiente não é obtido pela partilha em

igualdade de custos entre poluidores e poluídos. a+b representam os custos sociais totais.

O que é que se entende por nível “eficiente” de poluição ?

O ecologista e (talvez) o engº do ambiente poderão dizer que a poluição ideal é a que tende

para zero. Mas os custos marginais de redução de poluição, crescem exponencialmente

quando a poluição emitida tende para zero. Ou seja, procurar a poluição zero (mesmo que

tecnicamente possível em certos casos) conduz à alocação de um volume de recursos à

redução de poluição muito superior aos benefícios associados à redução de poluição (ver

curva de danos marginal quando a poluição tende para zero).

Discutir locação de recursos, do ponto de vista do custo de oportunidade.

Economia do ambiente

42/57 Feliz Mil-Homens

Notar também que a consequência de se sub-avaliarem os dados totais (p.e. não se

considerarem algumas componentes de danos) é que o nível eficiente de poluição passa a

ser artificialmente elevado.

O ponto mais eficiente de poluição é específico para cada poluente, tecnologia e situação.

Alguns exemplos:

$

Cmr Dm

w a b a b

e*

No primeiro caso, temos uma situação em que os danos marginais crescem muito

lentamente, o que permite que o equilíbrio se dê para elevados níveis de poluição e com

danos bastante pequeno, por outro lado o custo suportado, quer pelos poluidores, quer pelos

poluidos são baixos. Poderá ser o caso de zonas pouco povoadas e/ou poluentes pouco

agressivos.

No segundo caso a curva de dano marginal cresce muito acentuadamente, o ponto óptimo

ocorre para elevados custos marginais e os custos totais são suportados de forma muito

distinta por poluidores e poluídos, com os primeiros a suportar grande parte do custo (b>a).

Poderá ser o caso de um poluente muito pouco tolerado, com elevados custos de

despoluição.

O terceiro caso é uma situação em que os danos marginais são sempre superiores ao Cmr.

O óptimo social é poluição zero, uma vez que é possível poluição zero com custos finitos

(notar que se o Cmr tender para infinito, há sempre intersecção com poluição >0). Será o

caso de um poluente muito pouco tolerado para o qual existe solução tecnológica e o

poluente pode ser banido (p.e. CFC’s).

$

Cmr Dm2 Dm

Dm1 Cmr1

Cmr2

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43/57 Feliz Mil-Homens

O óptimo social é dinâmico. Por exemplo podem aumentar os danos, como consequência

o equilíbrio passa a ocorrer a níveis de poluição mais baixos e com maiores custos totais

para ambas as partes (é o caso em que ocorrem aumentos de população nas imediações de

zonas industriais). Pode aumentar a sensibilidade ao ambiente, por efeito da educação e

como tal aumentam os danos. Por outro lado há permanentes desenvolvimentos

tecnológicos que permitem reduzir os Cmr. Nesse caso o óptimo ocorre a níveis de poluição

mais baixos, mas com menores custos para ambas as partes.

Exercício: considere um bem cuja procura é dada por P=170-2Q, sendo P o preço em euros

e Q a quantidade procurada. O custo marginal de produção é Cm=20+Q. Foi determinado o

custo marginal externo associado à produção do bem Cme=20+3Q.

a) Determinar a quantidade e o preço correspondente ao óptimo social. Calcular o custo

externo suportado, o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o benefício

social total.

b) Determinar as mesmas grandezas para a situação em que funcione exclusivamente o

equilíbrio das forças de mercado (óptica privada) comparar os resultados obtidos.

II.4. Instrumentos da política ambiental.

Viu-se que os bens ambientais não são, geralmente, bens de mercado, mas sim bens

públicos de acesso livre, como consequência os agentes económicos não são sensíveis à

sua escassez e tendem a sobre-utilizar esses bens e a transferir custos para a sociedade

(externalidades). Como consequência, não há coincidência entre o nível verificado de

poluição e o nível correspondente à óptima alocação de recursos (óptimo social).

Como fazer com que se atinja o óptimo social em questões de ambiente?

A correcção de situações de externalidades cabe ao Estado. Este tem ao seu dispor

múltiplos instrumentos com o objectivo de “influenciar” o comportamento dos agentes

económicos em questões de ambiente.

Os principais instrumentos são:

A- atribuição de direitos de propriedade;

B- instrumentos de comando e controlo (“Standards”, legislação restritiva);

C- instrumentos financeiros:

taxas ambientais;

subsídios;

autorizações negociáveis de poluição;

D- formação/informação

Economia do ambiente

44/57 Feliz Mil-Homens

II.4.1. Atribuição de direitos de propriedade.

Muitos dos problemas de poluição resultam de os agentes económicos utilizarem bens

públicos, bens que não têm proprietário (ar, um rio, um lago, etc.). Nesses casos resulta

sobre-exploração dos recursos.

Um exemplo simples com dois agentes económicos. Considere-se um fábrica num rio, e a

jusante uma empresa de piscicultura. A fábrica tende a sobre-explorar o rio (bem público),

impondo um custo ao piscicultor (externalidade).

E se a propriedade do recurso natural fosse atribuídos a um agente económico?

Ou, de outra forma: o que aconteceria se o rio do exemplo anterior pertencesse a um dos

agentes económicos ?

O que é que significa ser proprietário do recurso ? Ele i) decide como é utilizado o activo; ii)

pode impedir qualquer outro agente de utilizar o recurso; iii) pode negociar com outros

agentes a utilização do recurso.

$

a Cmr i

b Cem g

c h

Q0 Q3 Q1 Q4 Q2

Supor que os direitos de propriedade são atribuídos ao proprietário da fábrica. Nesse caso

ele começará por pretender produzir ao nível de produção Q2 para não suportar nenhum

custo de redução da poluição, mas será se houver racionalidade económica, ele será

abordado pelo proprietário da piscicultor para reduzir a sua produção para Q4 a troco de uma

compensação, uma vez que assim o piscicultor economiza Q2Q4gi e, portanto pode

compensar o proprietário da fábrica cujas percas devidas à redução da produção são Q2Q4h.

O mesmo raciocínio é válido até Q1 a partir daí, para maiores reduções da produção os

prejuízos da fábrica são maiores que o aumento de benefício do piscicultor e, portanto a

compensação deixa de ser possível. O óptimo social (Cmr=Cem) é atingido por simples

negociação entre poluidor e poluído.

Supor agora que os direitos de propriedade são atribuídos ao piscicultor (poluído). Num

primeiro impulso ele vai pretender impor um nível de actividade à fábrica de Q0 (ao qual ele

Economia do ambiente

45/57 Feliz Mil-Homens

não sofre nenhuma externalidade) ou seja vai exigir que a fábrica pare. No entanto ele

acabará por reparar que se permitir que a fábrica funcione, por exemplo ao nível Q3, a fábrica

ganhará Q0abQ3, enquanto ele próprio perderá Q0cQ3 ou seja o proprietário do rio perde

menos que o que ganha o poluidor. Se houver possibilidade de negociação há possibilidade

de ganharem os dois uma vez que o poluidor ganha o suficiente para atribuir ao poluído uma

compensação para os custos que suporta. Este raciocínio é válido até se atingir o nível de

actividade Q1, a partir daí, o que a fábrica ganha em aumentar a produção não é suficiente

para compensar o que perde o piscicultor. Mais uma vez se atinge o óptimo social.

Concluindo: se os direitos de propriedade do rio forem do poluído e se houver negociação

ambos estarão de acordo para que a fábrica trabalhe ao nível Q1.

Em conclusão: independentemente de quem possui os direitos de propriedade do meio,

desde que eles estejam atribuídos, e desde que se estabeleça uma negociação entre

poluidor e poluído, o sistema tenderá para o óptimo colectivo, sem nenhuma regulação

externa, o mercado poderá funcionar para bens ambientais. Esta afirmação é conhecida pelo

teorema de Coase - Roland Coase (1960). Para Coase a poluição é simplesmente um

problema de ausência de direitos de propriedade. Atribuindo direitos de propriedade os

agentes económicos encontram “automaticamente” a solução.

Embora haja exemplos de negociações deste tipo (empresas poluentes que ao instalarem-se

num local negoceiam contrapartidas para a população local, ou países que compensam

outros pela poluição trans-fronteiriça) e embora esses mecanismos sejam cada vez mais

postos em prática, a verdade é que estes mecanismos ainda são raros em política de

ambiente. Alguns obstáculos à aplicação deste princípio são:

- problemas de informação: i) poluidor e polido não conhecem as suas curvas de Cmrp e

Cem e/ou ii) informação assimétrica: em geral o poluidor tem em geral mais informação

que o polido, o primeiro é em geral um agente económico tecnicamente informado,

enquanto o poluído é muitas vezes um conjunto de agentes económicos vasto com

motivações distintas, o que dá ao primeiro uma força negocial muito superior aos

poluídos;

- a negociação entre poluidor e poluído tem custos por vezes elevados que ao recaírem

sobre o poluído, podem ser mais elevados que a compensação que podem vir a obter,

isso desincentiva o poluídos a defender os seus direitos;

- em muitos casos os poluentes não têm limitação geográfica e temporal clara (p.e.

poluentes que têm uma dispersão geográfica muito grande ou que ficam no meio

ambiente durante um período de tempo muito longo, podendo afectar, inclusivamente

várias gerações) por isso é difícil ocorrer negociação quando o universo não é bem

definido;

- por vezes poluidor e poluído são o mesmos (ou mesmos) agente económico, nesses

caso a negociação entre poluidor e poluído é impossível.

Economia do ambiente

46/57 Feliz Mil-Homens

Em conclusão:

- na ausência de restrições e na ausência de negociação, os poluidores tendem a fixar o

seu nível de produção de acordo com o seu óptimo privado, que é superior ao óptimo

social;

- a negociação entre poluidor e poluído é possível e, desde que sejam atribuídos direitos

de propriedade, ao poluidor ou ao poluído, ela conduz ao óptimo social;

- em geral a negociação não ocorre por algum dos obstáculos enunciados acima;

- quando não ocorre negociação entre poluidor e poluído a salvaguarda do ambiente só

pode ser feita por intervenção de um agente económico exterior ao mercado, em geral o

Estado através do Governo ou de alguma instituição delegada para o efeito.

II.4.2. Mecanismos de comando e controlo

São os mecanismos tradicionalmente mais utilizados em política de ambiente. O Estado ou a

entidade reguladora estabelece um “standard” (emissões, concentração de poluente

admissível ou outro) e obriga os agentes económicos a cumprir esse “standard”. São

instrumentos de cumprimento obrigatório, que estipulam obrigações iguais para todos os

agentes económicos e a sua implementação exigem o estabelecimento de um procedimento

pesado: estabelecimento do standard, criação de um instrumento jurídico que o torne

obrigatório, criação de um sistema de fiscalização e contra-ordenação.

O Estado recorre correntemente a este tipo de mecanismo para procurar influenciar o

comportamento dos agentes económicos para o óptimo social. Existem 3 tipos de

“standards”: ambientais, de emissões e tecnológicos.

“Standards” ambientais referem-se à fixação de limiares mínimos para os descritores

ambientais. Exemplo: o O2 dissolvido num rio não pode ser menor que x ppm; o O3

atmosférico não pode ser maior que y µg/m3. Este tipo de “standads” podem ser bastante

complexos, por exemplo existirem patamares distintos que dão origem ao desencadear de

acções restritivas diferentes indo até à situação de emergência pública e à imposição de

fortes restrições aos agentes económicos (p.e. poluição atmosférica nas cidades)

“Standads” de emissões fixam um determinado nível de emissões (quantidade de poluente

emitido por unidade de tempo) que os agentes económicos podem praticar, tornando ilegais

as emissões acima desse nível. Podem designar-se também “standads” de desempenho.

Notar que o cumprimento de determinado “standard de emissões, pode não significar o

cumprimento de “standards” ambientais respectivos, porque isso depende do número de

agentes económicos e das condições de dispersão dos poluentes (caudais, velocidades de

Economia do ambiente

47/57 Feliz Mil-Homens

dispersão, temperaturas, etc.) (exemplo: mesmo que todos os automóveis de uma cidade

cumpram “standads” de emissões restritivos, tal não significa que não existam problemas de

ultrapassagem de “standards” ambientais na cidade.

“Standard tecnológicos” especificam que os agentes económicos devem utilizar

determinada tecnologia, considerada como de boa prática ambiental. (ex: a obrigatoriedade

de utilização de conversores catalíticos nos escapes automóveis; a obrigatoriedade de

distâncias de segurança e ambientais em vias de comunicação, pedreiras, etc.) ou, por

exemplo a recente directiva de controlo e prevenção integrada de poluição - IPPC.

Verifica-se, em geral, uma certa tendência para a proliferação de legislação com base

“standards” ambientais. Tal dever-se-á, provavelmente, a que tais instrumentos dão uma

imagem de poder e autoridade do Estado que é “psicologicamente reconfortante” embora,

por vezes, ineficaz. Algumas questões relacionadas com a eficiência e eficácia dos

mecanismos de comando e controlo são:

Como fixar um “standard”? Que critério utilizar para fixar, p. e., um valor de emissões?

i) fixá-lo de modo a ter dano nulo (e1) ou perto disso. É a aplicação do conceito de Safe

Minimum Standard. Esse caminho pode conduzir rapidamente à procura da poluição

zero (notar que certos poluentes, em baixos teores são inócuos para a generalidade

da população, mas extremamente agressivos para quem tem alergias ou asma, qual

seria o mínimo a fixar?), mas tal implicaria fortes custos na actividade económica.

ii) fixá-lo de acordo com o nível correspondente à “eficiência económica” igualdade de

danos e custos de redução. Põe-se o problema do conhecimento da curva de danos

marginais, que geralmente não é fácil, e o problema das minorias particularmente

sensíveis que podem considerar excessivo esse nível de poluição;

iii) fixá-lo de acordo com a melhor tecnologia disponível para determinado processo

(Best available tecnology-BET). Parte do princípio que a sociedade precisa de bens,

logo eles têm que ser produzidos, então que se produzam com a melhor tecnologia

disponível em cada momento histórico. É uma prática bastante seguida, mas tem o

problema de ter em consideração apenas os mecanismo de produção da poluição e

não os seus efeitos sobre o ambiente.

iv) fixa-lo com base no conceito de carga crítica de poluente para o ecossitema. Tal

consiste em admitir que até determinado nível de poluente, este é “bastante inóquo”

e a partir desse nível começa a fazer-se sentir o dano provocado pelo poluente, pelo

que o nível de poluição seria fixado nesse nível. Trata-se de uma visão simplista do

problema, porque por um lado raramente é possível definir com algum rigor essa

carga crítica e por outro, varia conforme as condições ambientais.

v) fixá-lo com base no mecanismo da tentativa e erro. Fixar um determinado standard

ver os efeitos ao nível do ambiente e os danos provocados e fazer evoluir o standard

Economia do ambiente

48/57 Feliz Mil-Homens

de acordo com o efeito pretendido. É uma prática bastante seguida, mas tem o

problema de ser necessário alterara várias vezes os “standard” de modo a obter o

nível pretendido, o que pode não ser viável.

Conclusão: não há um método simples o objectivo de fixar um standard, procura-se o

equilíbrio entre restringir o mínimo possível a actividade económica e manter elevados níveis

de protecção do ambiente e qualidade de vida.

Discutir os casos da legislação da qualidade do ar, da IPPC e da legislação sobre emissões

de poluentes

Os “standards” são uniformes, logo todas as empresas cumprem os mesmos “standards”,

mas:

Será económicamente eficiente fixar os mesmo limites de emissões de cloro para todas as

papeleiras (independentemente do local onde ela se situa)?

Quais as consequências de se proceder dessa forma ?

Se tivermos em conta o dano provocado, naturalmente que uma fábrica que está perto de

uma povoação (maiores danos marginais) deveria estar sujeita a maiores restrições

ambientais que uma fábrica semelhante num local desabitado onde a curva de danos

marginais é mais baixa.

$

Cmr Cem1

Cem2

0 eu er

No exemplo da figura, havendo duas unidades com danos marginais distintos, se o

“standard” for fixado em eu estamos a impôr custos excessivos à unidade com menores

danos marginais (2), se o standard fôr fixado em er estamos a fazer com que se originem

custos externos excessivos à comunidade, provocados pela outra unidade.

Do mesmo modo, se tivermos duas instalações industriais com custos marginais de redução

da poluição diferentes no mesmo meio, o nível eficiente de poluição é distinto para as duas

empresas mas se tiverem sujeitas a mecanismo de comando e controlo, ambas devem

cumprir o mesmo “standard”. Estes mecanismos são “cegos” às especificiades das

empresas.

Economia do ambiente

49/57 Feliz Mil-Homens

$

Cmr1 Cmr2 Cem

0 eu er

A racionalidade também aconselharia que, por exemplo, as restrições ambientais fossem

maiores no verão, quando há pouca água nos rios, do que no inverno. No entanto não é

viável, na prática, introduzir “standards” diferenciados por região e por época do ano dada a

rigidez do mecanismo.

Em conclusão, a fixação de “standards” uniformes não conduz ao óptimo económico.

II.4.3. Mecanismos financeiros

Os mecanismos financeiros para controlo da poluição assentam no princípio do poluidor

pagador e pretendem introduzir uma penalização financeira no bem ou serviço que está na

origem da poluição. Procura-se com estes mecanismos que seja o próprio mercado a

discriminar os produtos em função da sua valia ambiental, transmitindo os sinais de mercado

adequados a um comportamento ambientalmente correcto de produtores e consumidores.

Contrariamente aos mecanismos de comando e controlo, nos mecanismos financeiros o

poluidor não é impedido de poluir, mas é financeiramente penalizado se o fizer. Há muitos

mecanismos financeiros, todos com o mesmo objectivo. Os mais correntes são: as taxas

sobre a poluição (ou taxas ambientais) e autorizações negociáveis de poluição.

Taxas ambientais

Sobre o preço final de um bem no mercado é adicionada uma taxa ambiental que idealmente

deverá ser cobrir ao dano causado pela poluição associada à produção do bem. O

comprador do bem ou serviço é responsabilizado pela poluição gerada na produção do bem

ao pagar o imposto ou taxa pela poluição que o seu consumo origina. O objectivo é

“internalizar” a externalidade económica resultante da poluição associada à produção e

consumo do bem. Cria-se um incentivo financeiro que leva o poluídor a ter uma gestão mais

racional do ambiente.

Exercício: discutir qual o efeito das taxas ambientais nas escolhas dos consumidores?

Quem paga uma taxa ambiental? O consumidor do bem ou o seu produtor ?

Economia do ambiente

50/57 Feliz Mil-Homens

Admitir um produto não sujeito a qualquer taxa, cuja curva de oferta é S1 se a procura fôr

dada pela curva D o equilíbrio de mercado será p0, Q0. Considerar que sobre esse produto é

colocada uma taxa ambiental t. A curva da oferta desloca-se para cima t (porquê ?). O novo

equilíbrio será p1, Q1. Comparando este novo equilíbrio com o anterior, verifica-se:

p0+t S2

p1 t S1

p0

p1+t D

Q1 Q0

- os produtores vendiam o produto a p0, passaram a vender a p1, mas como por cada

unidade vendida têm que entregar a taxa t ao Estado, o que fica efectivamente para o

produtor é p1-t, ou seja a taxa fez com que o produtor passe a vender a um preço inferior;

- os produtores vendiam a quantidade Q0, passam a vender a quantidade Q1, menor;

- os consumidores consumiam uma quantidade Q0 a um preço p0, passam a consumir

menos quantidade (Q1) e a pagar um preço maior (p1)

Exercício: representar no diagrama os quantitativos pagos pelos produtores e pelos

consumidores, com a introdução da taxa.

Se quer produtores, quer consumidores perderam com a introdução da taxa ambiental, o que

é que se ganhou ?

Exercício: discutir o benefício resultante da redução da externalidade; discutir o benefício

resultante do montante financeiro obtido com a taxa ambiental

Exercício: analisar repartição da taxa entre produtores e consumidores tal como se viu

acima, para dois bens com curvas de procura distintas: em combustíveis que são bens com

uma procura bastante rígida (porquê ?) e em detergentes com fosfatos que são bens com

procura elástica (porquê ?). Concluir sobre a repartição de taxas em função da tipologia de

produtos.

Qual o efeito de um imposto sobre o comportamento da empresa em termos de emissões ?

Imagine-se a empresa do exemplo anterior: a empresa produzia um bem que não estava

sujeito a taxa ambiental e passa a estar, que estratégia deve seguir a empresa ? Face a uma

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taxa sobre emissões as empresas comparam os custos resultantes do pagamento da taxa (t)

com os custos marginais de redução da poluição (Cmrp). A empresa adoptará estratégias de

redução da poluição enquanto Cmrp<t e poluirá, pagando a taxa sempre que Cmrp>t.

Exemplo: Considere que os Cmrp de uma empresa para dado poluente são os indicados na

tabela. Se a empresa tiver que pagar uma taxa ambiental sobre a poluição emitida de

120euros/ton Determinar qual a estratégia que conduzia ao custo mínimo para a empresa e

qual o nível de poluição que a empresa praticaria. Sugestão: calcular custos totais (taxa mais

custos de redução) para cada estratégia.

Emissões (T) 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0

Cmrp (euros) 0 15 30 50 70 90 115 135 175 230 290

Cmrp

t

a b

Q*

A estratégia que corresponde ao custo mínimo consiste em reduzir a poluição até Q*

(quando Cmrp=t), suportando custos de redução da poluição de b e pagando um montante

de taxa a associada à emissão de Q* unidades de poluição. Naturalmente, quanto maior a

taxa maior a redução de poluição que é racional para a empresa levar a cabo (ver efeito de

aumento de imposto no exemplo anterior).

A empresa não pode continuar a poluir e transferir os custos do imposto para os

consumidores ?

A empresa vive num ambiente competitivo e portanto só vendem os seus produtos se o

fizerem ao preço de mercado. Se a empresa simplesmente optar por transferir os custos para

o consumidor, teria que vender os seus produtos a preços mais elevados que as suas

concorrentes (comparar os custos das duas opções no exemplo anterior) e não sobreviveria.

Assim, em ambientes competitivos, todas as empresas reduzirão as suas emissões até ao

ponto em que os seus custos marginais de redução da poluição igualem a taxa sobre a

poluição. Assim quanto maior a taxa, maior a redução de emissões que provoca nas

empresas, mas:

Qual é o nível de taxa que conduz à eficiência económica ?

Se for conhecido a função de dano marginal e se o objectivo for deslocar o nível de poluição

até ao óptimo social (Dm=Cmrp), o imposto deve ser fixado tal que t*= Dm=Cmrp. Nesse

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caso a empresa reduzirá a poluição até e*. A esse nível o poluidor suportará um custo em

redução de poluição de (e), e um custo em imposto de (a+b+c). Notar que nesse caso, o

imposto pago é superior ao dano total provocado (c), o que significa que o poluidor será

levado a pagar um imposto pela poluição superior ao dano que a sua poluição provoca.

Assim, é prática corrente haver um limiar de emissões até ao qual não se pagam impostos e

a partir desse limiar é pago o imposto t*. Por exemplo, se esse limiar for e1, o imposto pago

será (b+c), o que está mais de acordo com o dano causado. Mesmo nesse caso, se a taxa

fôr t a empresa continua a ter interesse em reduzir a poluição até e*.

$ Cmrp

Dano marginal

t a b

c e

0 e1 e*

Embora haja um óptimo teórico para fixar a taxa, na maioria das situações é difícil aplicar

esse óptimo porque não é conhecida com rigor a curva de dano marginal. Em muitos casos

as taxas são fixadas por um mecanismo de tentativa e erro: é fixado um valor de taxa e

monitoriza-se o impacte da taxa ao nível da actividade económica e da qualidade do

ambiente, o valor da taxa vai sendo alterado de modo a que se maximize a melhoria

ambiental e, simultaneamente, se penalize o mínimo possível a actividade económica.

II.4.4. Comparação taxas ambientais com instrumentos de comando e controlo. Do ponto de vista da eficiência Qual o instrumento que permite atingir o objectivo ambiental ao menor custo ?

Exemplo: considere-se que há um lago para o qual 3 empresas (A, B, C) descarregam os

seus efluentes. Admita-se que se pretende reduzir as emissões totais para metade e que se

pode utilizar um mecanismo de comando e controlo (p.e. impor um nível máximo de

emissões igual para todas as empresas – um standard de emissões Q*) ou um mecanismo

tipo taxa – impor uma taxa t. Quais as consequências no comportamento das empresas de

se escolher um ou outro mecanismo e quais os custos de redução de poluição pelas

empresas?

Se fôr fixado um standard de emissões Q* igual para todas as empresas as emissões totais

seriam 3xQ*. Se fôr fixada uma taxa t, a empresa C polui QC, a B polui Q* e a A polui QA. A

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polição total com a taxa será QA+Q*+QC. Se admitirmos que QA+QC=2Q*, de modo que os

resultados dos dois instrumentos em termos de poluição sejam os mesmos, em termos de

custos para as empresas teremos:

B A

C a*

t c b a

c*

QC Q* QA Q

- A implementação do standard é a soma dos 3 triangulos: ∆(Q,a*,Q*)+∆(Q,b,Q*)+∆(Q,c*,Q*).

- A implementação da taxa é a soma dos 3 triangulos: ∆(Q,a,QA)+∆(Q,b,Q*)+∆(Q,c,QC).

Resultado:

- no mecanismo tipo standard todas as empresas poluem o mesmo, no mecanismo tipo

taxa os níveis de poluição praticados são diferentes, sendo que as empresas mais

eficiente (que tem menores custo marginal de despoluição) são incentivadas a despoluir

mais que as menos eficientes.

- os custos totais de despoluição, para o o conjunto das empresas, são menores nos

mecanismos tipo taxa.

- a taxa põe “naturalmente” em prática o princípio equimarginal, de tal modo que tem

interesse em reduzir mais a poluição a empresa que tiver menores custos marginais de

redução da poluição.

- a taxa é geralmente mais eficiente: o resultado é obtido com menores custos. Do ponto de vista do incentivo à inovação tecnológica

O aumento da eficiência ambiental na produção de bens e serviços (produzir bens e serviços

com menores custos ambientais) resulta quase sempre da inovação tecnológica na

produção. Por isso é importante que os instrumentos de política ambiental incentivem as

empresas a inovar.

Que tipo de instrumentos (standards uniformes de poluição ou taxas) são incentivadores da

inovação pelas empresas?

Se a empresa tiver uma curva de Cmrp1, e o imposto for t, terá incentivo a reduzir a sua

poluição até e1. Nesse caso terá custos de redução da poluição de (d+e) e custos com o

pagamento de imposto de (a+b+c). Mas se a empresa promover inovação tecnológica de

modo a que os seus custos marginais de redução da poluição passem a Cmrp2, nesse os

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54/57 Feliz Mil-Homens

custos de redução de poluição seriam (d+e) e os custos com o imposto (a+b), ou seja a

empresa teria um ganho nos custos totais decorrente da inovação de (c+d) e

simultaneamente o nível de poluição que a empresa passava a praticar seria e2.

Cmrp2

Cmrp1

t c

a b d

e

0 e2 e1

Para a mesma empresa se ela estiver sujeita a um mecanismo de comando e controlo e se

o standard estivesse fixado em e1, a empresa gastaria d+e para cumprir esse “standard” e se

promovesse uma redução dos seus custos marginais de redução de poluição para CMR2 ,

passava a gastar (e) donde o ganho com a inovação seria só de (d) e as emissões

mantinham-se em e1.

Assim as taxas sobre emissões são mais eficazes em promover a inovação permanente nas

empresas e a redução permanente do nível de emissões, do que os instrumentos de

comando e controlo. Esta análise confirma a ideia simples de que face a um standard a

atitude da empresa é procurar cumpri-lo e, a partir daí deixar de se preocupar com as

emissões ambientais, enquanto que face a uma taxa ambiental a atitude da empresa é

sempre minimizar o pagamento da taxa e, como tal, inovar permanentemente ao nível dos

sistema produtivo e do sistema de redução de poluição.

As taxas ambientais dão os sinais adequados aos consumidores e aos produtores do bem:

os consumidores vêm o preço do bem subir no mercado e, portanto tendem a substituir esse

bem por um bem substituto com menores custos ambientais; os produtores ao suportarem o

custo de utilização do ambiente no pagamento da respectiva taxa tendem a substituir os

factores de produção com maiores custos ambientais por outros com menores e a inovar no

sentido da redução permanente de emissões.

Porque é que se as taxas ambientais são mais eficientes como instrumentos de redução da

poluição que os mecanismos de comando e controlo, estes são muito mais utilizados que as

taxas ?

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Um dos problemas de implementação das taxas ambientais é a alteração da competitividade

internacional das empresas sujeitas a taxas ambientais. Os governos têm em geral grande

relutância em impor taxas ambientais às empresas dos seus países, porque estas reclamam,

uma vez que por via da taxa, os seus produtos ficam mais caros e as empresas ficam numa

situação desfavorável de competição nos mercados internacionais, relativamente às

empresas de outros países onde não vigorem as mesmas taxas ambientais.

Se todas as empresas de um mesmo mercado estiverem sujeitas ás mesmas taxas, estas

não alteram a competitividade relativas das empresas, mas se num dado mercado

concorrerem empresas sujeitas a taxas ambientais com empresas que não estão sujeitas a

essas taxas, elas contribuem para alteração da competitividade relativa das empresas, com

benefício das empresas não sujeitas a taxas ambientais. Daí que se procure que as taxas

ambientais sejam aplicadas simultaneamente em todos os países que concorrem no mesmo

espaço económico, nomeadamente a União Europeia.

II.1.5. Autorizações negociáveis de poluição- comércio de emissões

Este mecanismo de controlo da poluição existe nos EU há mais de uma década para controlo

do SO2 e está neste momento em vias de implementação na UE para o CO2, pelo que será

uma realidade muito em breve. O mecanismo funciona da seguinte maneira:

- as empresas poluidoras possuem títulos ou autorizações de poluição (p.e. 1 título que dá

direito a emitir uma T de CO2). Qualquer entidade pode possuir títulos.

- esses títulos são negociáveis num mercado de títulos (significa que as empresas podem

comprar e vender umas às outras os títulos ou autorizações a um preço livremente

acordado entre comprador e vendedor).

- Para que a empresa possa emitir CO2 deve ser detentora de títulos de emissão em

quantitativo equivalente, para o período em análise. P.e. se para trabalhar durante um

ano a empresa precisa de emitir xToneladas de CO2 ela deve possuir os títulos

respectivos e fazer prova disso no fim no fim do ano; se não possuir títulos suficientes

deve adquiri-los no mercado de títulos – o que constitui um custo para a empresa −, se

possuir títulos em excesso, relativamente às necessidades pode vendê-los no mercado −

o que constitui uma receita adicional.

- Existe uma entidade reguladora independente que supervisiona todo o processo; quer o

comércio dos títulos, quer a comprovação da existência de títulos para cobrir as

emissões por parte das empresas.

Como é que as empresas se comportam quando existe um sistema de autorizações

negociáveis de poluição ?

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Imagine-se as empresas A e B com custos marginais de redução diferentes para dado

poluente:

A B

3000

1500

1200

40 60 120 T 45 65 90 T

Na ausência de qualquer sistema a empresa A emitia 120 Toneladas de poluente e a

empresa B 90 T, ou seja um total de 210T. Supor que se pretende reduzir a poluição para

metade pelo mecanismo das autorizações negociáveis de poluição. Emitem-se 105

autorizações de 1T de poluente e distribuem-se proporcionalmente aos dois poluidores (60

para o A e 45 para o B). As empresas sendo detentoras de direitos para 60 e 45 T de

poluente seriam levadas a despoluir até esses montantes. Mas a última unidade que a

empresa A despoluí custa 1200 enquanto a última unidade que a B despolui custa 3000. Ou

seja: a empresa A está disposta a despoluir além das 60 unidades e libertar autorizações se

as puder vender acima de 1200 e a empresa B está disposta a comprar autorizações desde

que custem menos de 3000. Assim, se as autorizações forem negociáveis, ambas as

empresas ganham se a empresa A despoluir mais que 60 e vender as autorizações à

empresa B que pode então despoluir menos que 45. O óptimo atinge-se quando a empresa

A despolui até 40, a empresa B até 45 e o valor de mercado do título de poluição é 1500.

É por este processo que nasce o mercado das autorizações de poluição: cada empresa

despolui até que o custo marginal de despoluição seja igual ao valor da unidade de autorização de poluição no mercado. Se necessitar de poluir acima desse valor, tem

interesse em adquirir autorizações de poluição no mercado.

O mecanismo de autorizações negociáveis de polição reduz a poluição real emitida pelas

empresas ou é simplesmente um mecanismo de comércio de autorizações entre empresas,

sem efeito na poluição real emitida ?

O montante total de poluente emitido é, no máximo, igual ao valor de todas as autorizações

de poluição existentes, assim haverá uma redução real de pouição emitida até esse valor.

O sistema de autorizações negociáveis de poluição tem algumas vantagens:

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- flexibilidade – se a entidade reguladora pretender diminuir a emissão de poluição, basta

retirar autorizações do mercado (por exemplo por aquisição);

- eficiência − a redução da poluição dá-se preferencialmente nas empresas nas empresas

mais eficientes (as que têm menores custos marginais de redução de poluição);

- se o sistema funcionar adequadamente é extremamente eficaz na redução de poluição.

O sistema tem algumas dificuldades:

- é um sistema de arranque complexo − o inicio do processo é complexo porque exige o

estabelecimento de um conjunto de mecanismos próprios: uma bolsa de títulos, um

regulador e um sistema de atribuição inicial de autorizações.

- necessita de um grande número de intervenientes no mercado de emissões para evitar

manipulações de mercado.