nota promissÓria rural

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NOTA PROMISSÓRIA RURAL

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NOTA PROMISSRIA RURAL

1. Dos princpios gerais do direito cambirio

Os ttulos de crdito so documentos representativos de obrigaes pecunirias. No se confundem com a prpria obrigao, mas se distinguem dela na exata medida em que a representam (COELHO, 2007, p. 231). Trs so os princpios que informam o regime jurdico-cambial: cartularidade, literalidade e autonomia. A cartularidade nada mais que o prprio ttulo, aqui formalizado pela emisso de um documento fsico. preciso salientar que a evoluo tecnolgica atualmente permite a confeco deste documento por meios digitais, virtuais.

Ultimamente, o direito tem criado algumas excees ao princpio da cartularidade, em vista da informalidade que caracteriza os negcios comerciais. Assim, a Lei das Duplicatas admite a execuo judicial de crdito representado por este tipo de ttulo, sem a sua apresentao pelo credor (LD, art. 15, 22) (COELHO, 2007p. 234).Todavia, no deixa de ser um padro de documento que tem por finalidade garantir um crdito ou o direito a ele. Ainda segundo o mesmo autor, no princpio da literalidade,

No tero eficcia para as relaes jurdico-cambiais aqueles os atos jurdicos no-instrumentalizados pela prpria crtula a que se referem. O que no se encontra expressamente consignado no ttulo de crdito no produz consequncias na disciplina das relaes jurdico-cambiais (COELHO, 2007p. 234).Ou seja, devem estar de forma explicita os termos que garantam a plena execuo do direito representado pela crtula. J com relao ao princpio da autonomia o autor no ensina que As obrigaes representadas por um mesmo ttulo de crdito so independentes entre si. Se uma dessas obrigaes for nula ou anulvel, eivada de vcio jurdico, tal fato no comprometer a validade e eficcia das demais obrigaes constantes do mesmo ttulo de crdito (COELHO, 2007p. 234).

2. Suas classificaes

Quatro so os critrios para classificao dos ttulos de crdito: a) quanto ao modelo; b) quanto estrutura; c) quanto s hipteses de emisso; d) quanto circulao.

O primeiro desses critrios distingue os ttulos de crdito entre aqueles de modelo livre e os de modelo vinculado. No primeiro grupo, de que so exemplos a letra de cmbio e a nota promissria, esto os ttulos de crdito cuja forma no precisa observar um padro normativamente estabelecido.

No tocante ao critrio pertinente estrutura, os ttulos de crdito sero ordem de pagamento ou promessa de pagamento. No primeiro caso, o saque cambial d nascimento a trs situaes jurdicas distintas: a de quem d a ordem, a do destinatrio da ordem e a do beneficirio da ordem de pagamento. No caso da promessa, apenas duas situaes jurdicas distintas emergem do saque cambial: a de quem promete pagar e a do beneficirio da promessa.

Quanto s hipteses de emisso, os ttulos de crdito ou so causais ou no-causais (tambm chamados de abstratos), segundo a lei circunscreva, ou no, as causas que autorizam a sua criao.

Finalmente, em relao ao ato jurdico que opera a transferncia da titularidade do crdito representado pela crtula, ou seja, quanto circulao, os ttulos de crdito podem ser ao portador ou nominativos (COELHO, 2007, pp. 236 e 237).Dentre os vrios ttulos de crdito especficos para o mbito rural, numeramos abaixo, a ttulo de conhecimento, alguns, cuja finalidade formalizar o crdito destas atividades. 3. Especificidades

Os ttulos de crdito rural tambm so obrigaes pecunirias, ou melhor, promessas de pagamento, semelhante de outros ttulos. A garantia pode ser ofertada pelo prprio financiado, ou por um terceiro. um ttulo civil, contudo, evidente seu contedo comercial, pois se sujeita disciplina do direito cambirio.

Os ttulos de crdito podem ser formalizados por:

- Nota Promissria Rural;- Duplicata Rural;- Nota de Crdito Rural; - Cdula Rural Pignoratcia (CRP);- Cdula Rural Hipotecria (CRH); - Cdula Rural Pignoratcia e Hipotecria (CRPH); - Cdula de Produto Rural (CPR);- Cdula de Produto Rural Financeira (CPRf)- Certificado de Depsito Agropecurio (CDA) e Warrant Agropecurio (WA)- Certificado de Direitos Creditrios do Agronegcio (CDCA)- Letra de Crdito do Agronegcio (LCA)- Certificado de Recebveis do Agronegcio (CRA)

No mbito deste trabalho trataremos exclusivamente da Nota Promissria Rural.

A Nota Promissria Rural (NPR) utilizada nas vendas a prazo de bens de natureza agrcola, quando efetuadas diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas. Estas a utilizao nos recebimentos de produtos da mesma natureza entregues pelos seus cooperados, e nas entregas de bens de produo ou de consumo, feitas pelas cooperativas aos seus associados. O devedor , geralmente, uma pessoa fsica.

A Nota Promissria Rural emitida nas seguintes situaes: 1 venda de produtos rurais;2 entrega de produtos cooperativa para revenda a terceiros.

Diferentemente da nota promissria comum, a Nota Promissria Rural espcie de ttulo de crdito causal, no abstrato, uma vez que sua emisso est condicionada venda a prazo de produtos rurais, diretamente pelo produtor rural, ou por intermdio de sua cooperativa.

Um ttulo causal somente pode ser emitido se ocorrer o fato que a lei elegeu como causa possvel para sua emisso, ao passo que um ttulo no-causal, ou abstrato, pode ser criado por qualquer causa, para representar obrigao de qualquer natureza no momento do saque (COELHO, 2007, p. 237).

O art. 60 1 da Lei 6.754/79 (antigo Decreto-lei n. 167/67) estabelece que o endossatrio da nota promissria rural no tem direito de regresso contra o primeiro endossante e seus avalistas. Significa dizer que a lei coloca a salvo da ao regressiva, o produtor rural, primeiro endossante, caso o endossatrio no logre receber o crdito do devedor emitente da nota promissria rural. Isso difere da nota promissria normal e dos demais ttulos de credito, onde o endossante responde, em regra, tanto pela existncia do crdito quanto pela solvncia do devedor (COELHO, 2007, p. 252).

O art. 60 2 e 3 da Lei 6.754/79 estabelecem respectivamente a nulidade do aval, ou quaisquer outras garantias, salvo quando dado pela pessoa fsica participante da pessoa jurdica emitente oupor outras pessoas jurdicas. Parece no se aplicar aqui tambm a regra do aval, conforme lio de Fabio Ulhoa Coelho, quando diz que

O avalista responsvel da mesma forma que o seu avalizado, diz o art. 32 da LU (CC, art. 899). Isto no significa, contudo, uma atenuao do princpio da autonomia. A obrigao do avalista autnoma em relao do avalizado, como esclarece a prpria lei (2007, p. 254).

As disposies dos 1 a 3 da Lei 6.754/79 so aplicveis tanto para a nota promissria rural quanto para a duplicata rural.

Ressalva-se, no entanto, que as disposies dos 1 a 3 da Lei 6.754/79 no se aplicam s transaes realizadas entre produtores rurais e entre estes e suas cooperativas, conforme exceo expressamente prevista no 4.

Na forma do art. 45 do Decreto-lei n. 167/67 (atual Lei 6.754/79), a nota promissria rural, a exemplo da nota de crdito rural, goza do privilgio especial estabelecido no art. 964 do Cdigo Civil, razo pela qual, o portador da nota promissria rural no se submete aos efeitos da concordata preventiva impetrada pelo emitente.

Tal condio se mostra importante nos casos em que haja falncia e concordata, por exemplo, j que os credores do falido no so tratados igualmente. A natureza do crdito importa para a definio de uma ordem de pagamento, que deve ser rigorosamente observada na liquidao. Esta ordem , hoje, resultado da convergncia de um conjunto variado de dispositivos legais, fonte constante de conflitos e incertezas (COLEHO, 2007, 365).

4. Requisitos essenciais e diferenas entre: Nota Promissria (NP): - A denominao Nota Promissria expressa na lngua em que for emitida;

-A promessa de pagar uma quantia certa;

-A data em que for passada;

-A assinatura do emitente.Nota Promissria Rural (NPR):

-A denominao Nota Promissria Rural expressa na lngua em que for emitida;

-A data do pagamento;

-O nome do emitente;

-A clusula ordem;

-O nome do credor ou a quem deve ser paga;

-A praa de pagamento;

-A soma a pagar em algarismo e por extenso;

-A discriminao dos produtos objetos da venda e compra;

-A data e localidade da emisso;

-A assinatura do prprio punho do emitente ou de mandatrio especial

Referncias:COELHO, Fbio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. So Paulo: Saraiva, 2007. PORTAL DOS ADMINSTRAORES. Ttulos de Crdito. Disponvel em: . Acesso em 25 out. 2015.EXEMPLO DE NOTA PROMISSRIA RURAL