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Nos braços de Morpheus: A grande metanarrativa pós-moderna de Neil Gaiman Lucca Maia 1 RESUMO Inserido em uma “sociedade pós-moderna”, o roteirista inglês Neil Gaiman busca nas mais diversas referências estilísticas – da mitologia grega às histórias em quadrinhos de super-heróis norte americanos – subsídios para tecer uma história sobre o “Imperador do mundo dos sonhos”: Sandman, que nomeia a série criada pelo próprio Gaiman. Este artigo objetiva analisar esta obra a partir dos aspectos estudados por teóricos da contemporaneidade. Palavras-Chave: Neil Gaiman; Sandman; Pós-Modernismo; Pastiche; Metanarrativa. Apresentação Inicio este texto fazendo referência às narrativas gregas que em sua maioria possuíam como cenário o Monte Olimpo, morada dos deuses gregos que regiam as forças naturais e a vida dos homens. Dentre estes, destacamos Morpheus, deus que rege o mundo dos sonhos, dotado de poderes inimagináveis, ponto de partida para a análise que faço neste artigo. Dentro de seu mundo, Morpheus podia assumir a forma que quisesse e viajar por todo mundo “real”, através dos devaneios humanos em apenas uma única noite. Ora, o protagonista da série de quadrinhos intitulada Sandman (em português: “Homem de Areia”) é uma recriação, talvez uma releitura do já conhecido literariamente deus Morpheus. Individuo dotado de poderes fantásticos, como alguns já citados anteriormente, o personagem central da série de Neil Gaiman 2 não compartilha em sua totalidade de todas as características do deus grego, porém, apresenta vários aspectos de uma “entidade”, entendido em nossa cultura como “sobre-humana”. No contexto da narrativa, Sandman não é apresentado como um deus, entretanto, faz parte de um grupo de seres que existem desde a criação do universo, 1 Estudante de graduação do curso de Comunicação Social-Publicidade e Propaganda, email: [email protected] . 2 Neil Gaiman (1960-) é um roteirista inglês de romances e quadrinhos. É criador, além da série Sandman (1989), de obras como "Deuses Americanos" e "Belas Maldições", sendo conhecido principalmente por trabalhar temáticas relacionadas a mundos fantásticos. 1

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Nos braços de Morpheus: A grande metanarrativa pós-moderna de Neil Gaiman

Lucca Maia1

RESUMO

Inserido em uma “sociedade pós-moderna”, o roteirista inglês Neil Gaiman busca nas mais diversas referências estilísticas – da mitologia grega às histórias em quadrinhos de super-heróis norte americanos – subsídios para tecer uma história sobre o “Imperador do mundo dos sonhos”: Sandman, que nomeia a série criada pelo próprio Gaiman. Este artigo objetiva analisar esta obra a partir dos aspectos estudados por teóricos da contemporaneidade.

Palavras-Chave: Neil Gaiman; Sandman; Pós-Modernismo; Pastiche; Metanarrativa.

Apresentação

Inicio este texto fazendo referência às narrativas gregas que em sua maioria possuíam

como cenário o Monte Olimpo, morada dos deuses gregos que regiam as forças naturais e a vida

dos homens. Dentre estes, destacamos Morpheus, deus que rege o mundo dos sonhos, dotado de

poderes inimagináveis, ponto de partida para a análise que faço neste artigo. Dentro de seu

mundo, Morpheus podia assumir a forma que quisesse e viajar por todo mundo “real”, através

dos devaneios humanos em apenas uma única noite. Ora, o protagonista da série de quadrinhos

intitulada Sandman (em português: “Homem de Areia”) é uma recriação, talvez uma releitura do

já conhecido literariamente deus Morpheus.

Individuo dotado de poderes fantásticos, como alguns já citados anteriormente, o

personagem central da série de Neil Gaiman2 não compartilha em sua totalidade de todas as

características do deus grego, porém, apresenta vários aspectos de uma “entidade”, entendido em

nossa cultura como “sobre-humana”. No contexto da narrativa, Sandman não é apresentado como

um deus, entretanto, faz parte de um grupo de seres que existem desde a criação do universo,

1 Estudante de graduação do curso de Comunicação Social-Publicidade e Propaganda, email: [email protected] Neil Gaiman (1960-) é um roteirista inglês de romances e quadrinhos. É criador, além da série Sandman (1989), de obras como "Deuses Americanos" e "Belas Maldições", sendo conhecido principalmente por trabalhar temáticas relacionadas a mundos fantásticos.

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chamados de “Os Perpétuos”: uma família de irmãos que regem forças superiores ao alcance

humano, não obstante da forma que os deuses do Olimpo faziam.

Não afirmo aqui que a série é mera imitação de uma narrativa já consagrada. Ao

contrário: a mitologia é utilizada como referência para a criação de uma nova novela (no sentido

literário) pelo mundo da imaginação coletiva.

Tal relação, em que se utiliza como base outras histórias já conhecidas e facilmente

assimiladas pelo público encontra-se no livro “PósModernismo: a lógica cultural do capitalismo

tardio”, de Fredric Jameson ao se referir ao “pastiche” (2002, pp. 44-48), um dos conceitos que

norteia esta análise, pois não trato aqui de uma narrativa essencialmente original: narrativas

gregas são recriadas para a composição das personagens principais. Um pastiche, por fim,

causado não por falta de “criatividade” ou “conteúdo”, mas em que se utiliza uma grande

referência para a criação de uma nova narrativa, que expressa desejos, anseios, temores e

dogmas, presentes em um quadrinho de super-heróis, em que ação e aventuras são muito

marcantes, porém em que o autor também trabalha questões sociais entre seus personagens (ver

imagem 01 dos Anexos).

Sandman ainda possui metanarrativas de várias outras histórias da cultura popular,

criando uma obra cheia de referências e citações, assumindo uma grande característica pós-

moderna: a chamada “hibridação” do conteúdo (JAMESON, 2002).

Fluxo contínuo de imagens e Heterotopia: de Batman a Lúcifer.

Para entendermos melhor os objetivos de Gaiman ao utilizar as areias de Morpheus3 para

percorrer os mais variados temas, personagens e cenários, primeiramente temos que observar o

conceito de heterotopia de Michel Foucault:

Significativamente, podemos detectar essa mesma preocupação com a "alteridade" e com "outros mundos" na ficção pós-moderna. McHale, ao acentuar o pluralismo de mundos que coexistem na ficção pós-moderna, considera o conceito foucaultiano de heterotopia uma imagem perfeitamente apropriada para capturar o que a ficção se esforça por descrever. Por heterotopia Foucault designa a coexistência, num "espaço impossível", de um "grande número de mundos possíveis fragmentários", ou, mais simplesmente, espaços incomensuráveis que são justapostos ou superpostos uns aos outros. As personagens já não contemplam como desvelar ou desmascarar um mistério central, sendo em vez disso forçadas a perguntar "Que mundo é este? Qual dos meus eus deve fazê-lo?" (HARVEY, 1993, p. 52).

3 “Areias de Morpheus” ou “Areias de Sandman” diz respeito o um conto infantil em que o personagem do “mundo dos sonhos” utilizava uma algibeira contendo areia para levar as pessoas ao seu mundo.

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Esse conceito se relaciona com a grande variedade de ícones, citações presentes na série,

afinal, dentro do mundo dos sonhos (e do real), acompanhamos a saga do protagonista, passando

por várias histórias, mundos e realidades diferentes, sejam essas com personagens de outros

quadrinhos, mitológicos, religiosos e até mesmo as inúmeras citações de cultura pop, como arte,

cinema, música e literatura. Em um primeiro momento, devemos observar que não seria possível

tanta informação em um único lugar, porém, nas páginas de um quadrinho isto se torna possível,

caracterizando o desejo de se ter tudo ao mesmo tempo e em um único espaço, o que o período

contemporâneo tornou mais possível. Para nós, tal relação que se estabelece já é considerada

“comum” em uma sociedade pós-moderna em que há uma abrupta facilidade para se abastecer de

informações e conhecimento.

Tendo a internet como carro chefe e outros tipos de mídia como os próprios quadrinhos

impressos, filmes e desenhos veiculados na televisão, o cinema, entre outros meios, o “mundo

imaginário de Gaiman” agrega em harmonia desde contos de fadas, narrativas bíblicas e,

obviamente, com bastante ênfase, o universo das revistas em quadrinhos.

Quando me refiro a estas citações retomo a temática do pastiche, ao notar exemplos de

momentos em vemos signos já conhecidos pelos leitores (ou não), tanto da cultura pop

(contemporânea) quanto da “cultura moderna”, como o fato de serem cantados os versos de

Sweet Dreams4, os diálogos diretos entre Sandman, Batman e a Liga da Justiça5, ou citações a

Alfred Hitchcock6, todas presentes na narrativa (ver exemplo disto na imagem 02 dos Anexos).

A priori tais ideias podem criar certo estranhamento, certa confusão por parte do leitor da

série e deste artigo. Para um olhar destreinado das minúcias da dita “era pós-moderna” elas

fluem, em sua maioria, despercebidas e atuam da mesma forma que um videoclipe e seu contínuo

fluxo de imagens. Falo, especificamente, de muitos signos juntos e relacionados uns aos outros

criando uma nova semântica, sem aparentemente, portanto, tornar a narrativa sem sentido.

Levando em consideração o estudo feito por Fredric Jameson sobre tal fluxo imagético e

semântico, que na contemporaneidade é bem recebido pelos consumidores, sendo veiculados

especialmente nas mídias destinadas às massas (2002), observamos muita informação sem haver

4 Sweet Dreams (1983), hit da banda Eurythmics no início dos anos 80, até hoje muito reproduzido como “cover” por outras bandas e intérpretes.5 Batman e a Liga da Justiça, personagens da mesma editora de quadrinhos de ação, a DC Comics. 6 Alfred Joseph Hitchcock (1899-1980), um dos mestres do cinema de gênero – suspense –, considerado um dos maiores diretores de todos os tempos. Autor de filmes como “Psicose” (1960) e “Janela Indiscreta” (1954).

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uma análise profunda dos assuntos. Trabalha-se, portanto, apenas com sua superfície, sem

grandes significados aparentes.

“Super-Arquitetura”

Imagine-se assistindo a um grande filme, em uma cena, ou melhor, um plano sequência de

“tirar o fôlego”, que hipnotiza a cada frame apresentado na tela. É possível ainda transcrever tais

sensações de uma obra em película para as páginas freneticamente coloridas de um quadrinho, e

isto se faz na obra de Neil Gaiman (ver imagem 03 dos Anexos).

Como as aqui já citadas características do pós-modernismo encontramos um fator

importante nesta análise: seu grande potencial estético-narrativo. Novamente retomo os ensaios

de Fredric Jameson, entretanto agora em sua conceituação da esquizofrenia pós-moderna:

O que desejo sublinhar, contudo, é precisamente o modo pelo qual o significane isolado se torna sempre mais material – ou, melhor ainda literal -, sempre mais vívido em termos sensórios, quer a nossa experiência seja atraente quer atemorizante. A mesma coisa pode ser demonstrada no domínio da linguagem: o que o distúrbio esquizofrênico da linguagem faz a cada palavra remanescente é reorientar o sujeito ou o falante a dirigir uma atenção ainda mais literalizante para cada uma delas. Ao passado que, na fala normal, procuramos penetrar a materialidade das palavras (suas estranhas sonoridades, sua aparência impressa, meu timbre de voz e especial acento, e assim por diante) em direção ao seu sentido (JAMESON, 2002).

Essa “esquizofrenia semântica” relaciona-se, aqui, ao “frenesi imagético” presente nas

páginas de Sandman. Planos, campo, contra-campo e extra campo, diretamente relacionados à

estilística de grandes realizadores do cinema moderno somam-se a elementos já conhecidos da

linguagem dos quadrinhos (balões, onomatopéias, elementos tracejados etc.): ou seja, há uma

enorme mescla de elementos ilustrativos que compõem visceralmente a narrativa.

Os significantes se tornam predominantes em sua composição, independente de haver

sentido real ou não. As imagens moldam as páginas de forma a denotarem o sentido das mesmas.

Exemplos disso são a ocasião em que um personagem coadjuvante entrelaça-se com a própria

moldura do quadro em que se encontra, ou ainda quando quadros que desacompanhados não

expressam nada, porém, juntos em uma determinada composição é possível compreendê-los. Sem

esta riqueza no seu conteúdo visual, podemos entender que haveria uma grande lacuna na

dinâmica da fruição, recepção da obra (ver imagem 04 dos Anexos).

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Podemos ainda comparar Sandman a outras histórias em quadrinhos da própria DC

Comics, em que a dinâmica da narrativa é feita de quadros simples e diretos, prevalecendo,

sobretudo, uma rápida associação às ações e diálogos ditados. Entretanto, de forma díspar a esta

estética convencional, nosso objeto analisado apresenta elementos estéticos bem mais complexos,

em que poucas situações seguem apenas uma determinada lógica estética.

Outra comparação (ousada, observemos), que se pode fazer, dentro da temática do

potencial da fusão de metanarrativas mais a “metailustração”, encontra-se em um exemplo que

aqui nos convêm: a película do diretor italiano Federico Fellini (1920-1993), que desempenhava

com notoriedade tal estilo narrativo, observada em “8½” (1963), filme que, pelas palavras do

próprio diretor, é autobiográfico e constituído de fragmentos de seus próprios sonhos,

organizados em imagens, sem seguir uma única vertente estética, para construir sua “narrativa”,

do mesmo modo que Gaiman faz a montagem de seus quadrinhos. À primeira vista, o filme pode

parecer ausente de significado, entretanto sua semântica se faz a partir da leitura de suas

sequências de imagens narradas de forma peculiar. Sem seguir uma linha temporal cronológica e

um único sentido nas ações e personagens, trabalha com a criação dos significantes a partir das

imagens (planos e quadros).

Mesmo observando todas estas nuances presentes em Sandman, podemos classificá-la

como pertencente ao estilo dos conhecidos suspenses fantásticos, que prevalece por toda a obra

de Gaiman. Compõe molduras, com referências que intercalam de góticas a surreais,

enquadrando as páginas por inteiras e o grande jogo barroco de sombras que trazem por inquietas

vezes uma atmosfera tétrica e surreal esquizofrênica, híbrida.

Presente perpétuo aos “Perpétuos”

O protagonista Morpheus, ou Sandman, além de outros vários nomes pelos quais é

chamado na série, é membro da família já citada, dos “Perpétuos”, possuindo seis irmãos: Morte,

Destino, Desejo, Desprezo, Destruição e Delírio. Juntos a eles vários outros personagens de

histórias já contadas, são recriados em novas semânticas para o desenvolvimento da narrativa,

que nos leva ao pastiche novamente. Porém, agora a intenção é enfatizar o grande desejo intimo

de Gaiman ao “presente perpétuo”, que parece nunca se encerrar, sobretudo na dinâmica pós-

moderna em que “desejo e metonímia, substituem sintoma e metáfora” (HASSAN; HARVEY

1993, p. 48). Os tempos passados não se tornaram apenas lembrança nostálgica, pois, Sandman

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compartilha dessa visível questão com várias obras pós-modernas. Como o exemplo de Star

Wars (1977) de George Lucas, que retoma ás histórias de ficção científica dos quadrinhos dos

anos 30, com o heroico “mocinho” salvando a sua dama indefesa em outro qualquer planeta da

galáxia, como Flash Gordon ou Buck Rogers, melhor explicitadas por Jameson em “Pós-

Modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio” (2002, p. 46).

A Resposta ao Inconsciente Coletivo: Considerações Finais

Sandman talvez não pudesse existir se não fosse posterior a uma série de histórias

compreendida como “modernas” ou não. No entanto, a obra de Neil Gaiman apresenta uma

denotação diferente das demais, talvez por suas complexidades estéticas tanto visuais quanto

narrativas e/ou por um número considerável de referências de diferentes “níveis de cultura”, o

que nos leva a interpretações mais elaboradas de seu conteúdo, que podem não ser assimiladas

com facilidade por uma massa educada ao óbvio, da mídia contemporânea, ao “rizoma”.

Sandman desde sua criação atraiu um público que ansiava por algo que os distinguisse dos

demais. Tal grupo social portador dessa exigência cultural pode ser denominado como midcult,

cultura média - denominada de midcult e não de mid culture terminologia que a desvaloriza propositadamente; caracteriza-a como sendo a banalização da cultura superior, esta cultura empenha-se na busca convencional para garantir ampla aceitação, remetendo-a ao mundo dos valores dos pequenos burgueses. O público midcult quer ser diferente da massa, por isso caracterizado como indústria é a indústria do desejo de ser diferente, da paródia e falsificação da cultura legítima, com fins comerciais; (MacDONALD, 1973, p. 77)

É importante ainda observar que a obra de Neil Gaiman é diversificada de quadrinhos

comuns em muitos aspectos: seja no nível estético ou narrativo, é uma obra inovadora e,

sobretudo, pós-moderna. Como um programa de cultura contemporânea, diversificado, daqueles

transmitidos de madrugada – já destinados a um público diferenciado – para ser fruído enquanto

se escuta um jazz em baixa intensidade, um quadrinho de ação e super-heróis ou mesmo um livro

de reflexões até mesmo filosóficas. Tudo isso em meio a imagens ora vibrantes e pitorescas, ora

imagens tétricas e sombrias. Há, por fim, o desejo de se fazer presente e de se tentar explicar tudo

ao mesmo tempo.

Não objetivo aqui classificar o que exatamente o autor quisera expressar ao recriar seu

rico mundo dos sonhos em páginas de história em quadrinho, onde tudo é presente e não é ao

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mesmo tempo. Apenas podemos compreendê-lo ao melhor analisarmos seu grito esquizofrênico

como um objeto midiático e uma obra da pós-modernidade.

Referências:

ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2004.

FELLINI, Frederico. Oito e meio (1963).

GAIMAN, Neil. Sandman. 01#-74#: New York, DC Comics, 1988.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2006.

HARVEY, David. Condição Pós-moderna: Uma Pesquisa Sobre as Origens da Mudança Cultural. São Paulo: Loyola, 1993.

JAMESON, F. PósModernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. 2ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2002.

LYOTARD, J-F. A condição pós-moderna. 7ª edição. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 2002.

MACDONALD, Dwight. Uma teoria da cultura de massa. In: ROSENBERG, Bernard; WHITE, David Manning (Orgs.). Cultura de massa: as artes populares nos Estados Unidos. São Paulo: Cultrix, 1973. p.77-93.

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ANEXOS

Imagem 01:

Capa de uma das edições de Sandman. Imagem disponível em http://www.megaupload.com/?d=TQMRGOF1

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Imagem 02:

De bruxas da mitologia grega à Batman: série de referências presentes em Sandman. Imagem disponível em http://www.megaupload.com/?d=TQMRGOF1

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Imagem 03:

Cores e composição imagética de cada página independente umas das outras. Imagem disponível em http://www.megaupload.com/?d=TQMRGOF1

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Imagem 04:

Moldura “livre” e que por vezes interage com os quadrinhos de Sandman. Imagem disponível em http://www.megaupload.com/?d=TQMRGOF1

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