normas de produção de sementes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL PRODUÇÃO E TECNOLOGIA DE SEMENTES NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES Rondonópolis- MT 2014

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NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES As normas para produção de sementes são de extrema importância para que se tenham sementes de alta qualidade, uma vez que, permitem verificar se a lavoura é proveniente de semente cuja pureza e origem são conhecidas e aceitáveis, como também se é cultivada em terreno que satisfaça aos requisitos quanto à cultura ou culturas anteriores, de forma que seja evitada a contaminação por plantas voluntárias indesejáveis que induzam a contaminações físicas e por plantas que venham se transformar em fontes de inóculo de patógenos transmissíveis; se é isolada convenientemente e/ou tenha as bordaduras convenientemente implantadas; se está plantada nas proporções prescritas de linhagens progenitoras masculinas e femininas no caso de produção de híbridos, como também convenientemente limpa, de forma a impossibilitar a presença de plantas indesejáveis, tais como outras cultivares, plantas atípicas, plantas doentes, plantas silvestres ou plantas de outras culturas cuja semente seja difícil de separar e também quanto à uniformidade, em relação às características da cultivar.

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Page 1: Normas de Produção de Sementes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

PRODUÇÃO E TECNOLOGIA DE SEMENTES

NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES

Rondonópolis- MT

2014

Page 2: Normas de Produção de Sementes

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

PRODUÇÃO E TECNOLOGIA DE SEMENTES

NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES

Docente: Dr. Niédja Marizze Cezar Alves

Discentes: Azemar Oliveira, Crislane Reis, Matheus Mulatti e

Ritielly Carvalho

Rondonópolis- MT

2014

Page 3: Normas de Produção de Sementes

Sumário

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2. NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES ............................................................. 2

2.1. Origem da semente e cultivar ...................................................................... 2

2.2. Escolha do campo ....................................................................................... 3

2.3. Semeadura ................................................................................................. 4

2.4. Adubação ................................................................................................... 6

2.5. Manutenção da Variedade ........................................................................... 6

2.6. Irrigação...................................................................................................... 7

2.7. Isolamento .................................................................................................. 8

2.8. Descontaminação........................................................................................ 9

2.8.1. Suscetibilidade da cultura à contaminação .......................................... 11

2.8.2. Localização dos contaminantes ........................................................... 12

3. CONCLUSÃO .................................................................................................... 14

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 15

Page 4: Normas de Produção de Sementes

1

1. INTRODUÇÃO

A produção de sementes é um processo com diversas fases, que

incluem a pesquisa, o melhoramento, a produção, a certificação, a manutenção

depois da colheita e, se as sementes se destinarem à venda, a

comercialização.

A produção de sementes é regulada pela Lei 10.711 de 05 de Agosto de

2003, chamada de Nova Lei de sementes. Essa lei criou o Sistema Nacional de

Sementes e Mudas. Para que as sementes ou as mudas sejam

comercializadas, toda cultivar deve ser primeiro registra no Sistema Nacional

de Sementes e Mudas. Os campos de produção de sementes devem ser

inscritos no Ministério da Agricultura (MAPA) para serem fiscalizados. Esses

campos também precisam de um responsável técnico. As sementes são

divididas em várias categorias. As categorias de sementes são: semente

básica, semente genética, semente certificada de primeira geração (C1) e

semente certificada de segunda geração (C2).

Vários cuidados devem ser tomados para a produção de sementes.

Entre eles temos o isolamento, que é a distância mínima entre duas cultivares

da mesma espécie para evitar o cruzamento indesejável. Essa distância varia

de acordo com a espécie, mas está ligada ao tipo de sistema reprodutivo.

Outro cuidado que se tem que ter durante a produção das sementes é a

operação que tem por finalidade a remoção de plantas indesejáveis do campo

de sementes, tais como plantas silvestres nocivas e proibidas e plantas da

mesma espécie fenotipicamente atípicas, para manter os padrões exigidos.

A semente é o veículo que congrega para as inovações e os avanços

tecnológicos visando à agregação de valor ao produto a ser transferido ao

produtor rural, representando altos ganhos econômicos ao setor agrícola. Entre

os fatores que compõem o processo de produção, a inspeção de campos é o

mais importante passo para a obtenção de sementes da mais alta qualidade

em termos de pureza genética, física e sanitária de uma cultivar, pois é nessa

etapa que são avaliados se esses fatores atendem aos padrões de qualidade

estabelecidos para cada cultura (MAPA, 2010).

Page 5: Normas de Produção de Sementes

2

2. NORMAS DE PRODUÇÃO DE SEMENTES

Entre os componentes de um programa de sementes, o de produção é o

mais importante, sendo, obviamente, os demais também indispensáveis. Para

que a semente realmente tenha impacto na agricultura, para maior obtenção de

alimento para a humanidade, é necessário que, além de ser de alta qualidade e

de uma variedade melhorada, também seja utilizada em larga escala pelo

agricultor (Peske, 2003).

2.1. Origem da semente e cultivar

A semente é o ponto de partida para se ter uma boa lavoura e,

consequentemente, uma boa produção. Desse modo, uma lavoura destinada à

produção de sementes deve obedecer às normas de produção de cada cultura.

Essas normas são estabelecidas pelas Comissões Estaduais de Sementes e

Mudas - CESMI's e devem ser observadas rigorosamente.

A seleção da semente pura da espécie é o primeiro passo na direção da

obtenção da semente de alta qualidade. Dessa maneira, a semente a utilizar

deverá ser:

a) de origem e classe conhecida, aceitável para a reprodução da espécie;

b) de alta pureza genética (caso a semente adquirida esteja geneticamente

contaminada, não será possível produzir sementes geneticamente puras);

c) livre de doenças, de sementes de plantas daninhas, de insetos, de sementes

de outras espécies e de material inerte e;

d) com alta geminação e vigor (Peske, 2003).

A escolha correta da cultivar para um determinado ambiente e sistema

de produção é de grande importância para a obtenção de uma boa

produtividade. Contudo, isso por si só não é suficiente para o sucesso da

exploração. É necessário, também, que a cultivar tenha características de grão

e de vagem, que atendam às exigências de comerciantes e consumidores

(EMBRAPA, 2003).

A cultivar a ser plantada deve atender à recomendação técnico-

científica. Por ocasião da escolha da cultivar para plantio, o produtor deve

observar as características agronômicas mais favoráveis, pois o

Page 6: Normas de Produção de Sementes

3

melhoramento genético das empresas de pesquisa oferece aos produtores

uma série de opções que passam por cultivares menos exigentes em fertilidade

do solo e mais tolerantes à deficiência hídrica - as quais são geralmente

recomendadas para solos de cerrados que apresentam períodos

de veranico durante o ciclo vegetativo- até cultivares mais exigentes, mais

produtivas e com boa resistência ao acamamento, sendo essas recomendadas

para solos corrigidos e férteis. Dentre as características desejáveis para uma

cultivar destacam-se: tolerância às doenças, principalmente brusone e

manchas dos grãos; resistência ao acamamento; alta produtividade; boa

qualidade industrial dos grãos; alto rendimento de grãos inteiros; boa

classificação comercial; e boa qualidade culinária (EMBRAPA, 2006). Outro

aspecto que deve ser considerado é a preferência em termos de cultivares por

parte do consumidor (agricultor).

A procura por parte do agricultor de uma determinada cultivar, em

algumas espécies, além do aspecto de produção da cultura, leva em conta a

facilidade de comercialização do produto, em função das exigências do

mercado consumidor. O produtor de sementes poderá trabalhar com mais de

uma cultivar de uma determinada espécie. Entretanto, para que misturas

genéticas e/ou de cultivares sejam evitadas, é recomendável que trabalhe com

poucas. Se trabalhar com vários cooperantes, essa recomendação será válida

para esses. Também em nível de UBS, devem ser tomadas as devidas

precauções (Peske, 203).

2.2. Escolha do campo

No momento de escolha da área destinada à produção de sementes, ao

analisar o seu histórico, deve-se considerar a cultura anteriormente plantada, a

qual não deve ter sido o arroz. Sementes de cultivos anteriores podem originar

plantas voluntárias que irão comprometer a pureza varietal da semente

produzida. O conhecimento prévio das plantas daninhas que ocorrem na área

auxilia na escolha, pois se pode prever a dificuldade de seu controle, conforme

Page 7: Normas de Produção de Sementes

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o grau de infestação e também da retirada das sementes nocivas e silvestres

no processo de beneficiamento (EMBRAPA, 2006).

Fonte: Sementes: Fundamentos Científicos e Tecnológicos, 2003.

2.3. Semeadura

a) Época de semeadura - Há regiões onde o período das chuvas é bem

definido, podendo planejar-se para que a semeadura seja realizada de

forma que a colheita seja realizada em período de seca. Eliminando-se o

principal fator de deterioração de campo, que é a incidência de chuvas

após a maturidade das sementes, obtém-se assim, potencialmente,

sementes de alta qualidade (Peske, 2003). A semeadura deve ser

realizada no período indicado para cada município, de acordo com o

zoneamento agrícola para a cultura (EMBRAPA, 2009).

b) Densidade de semeadura – Definida como o número de plantas por

unidade de área, tem papel importante no rendimento de uma lavoura de

milho, uma vez que pequenas variações na densidade têm grande

influência no rendimento final da lavoura. A densidade de plantio

(ou estande) inadequada é uma das causas responsáveis pela baixa

Page 8: Normas de Produção de Sementes

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produtividade de milho no Brasil. O rendimento de uma lavoura se eleva

com o aumento da densidade de plantio, até atingir uma densidade

ótima, que é determinada pela cultivar e por condições externas

resultantes das condições edafoclimáticas do local e do manejo da

lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é máximo, o

aumento da densidade resultará em decréscimo progressivo na

produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para

cada situação, sendo basicamente dependente de três fatores: cultivar,

disponibilidade de água e de nutrientes. Quaisquer alterações nestes

fatores, direta ou indiretamente, afetarão a densidade ótima de plantio

(EMBRAPA, 2000). Para produção de sementes certificadas, utilizam-se

sementes da classe registrada ou básica, consideradas como de maior

qualidade genética. É aconselhável que essas sementes tenham uma

alta taxa de multiplicação, ainda mais quando forem de novas

variedades, para que realmente sejam utilizadas pelos agricultores em

larga escala. Nessas condições, recomenda-se que se utilizem baixas

densidades de semeadura, propiciando que cada planta resultante

produza mais sementes. Com baixos estandes de campo há, dentro de

certos limites, uma compensação onde as plantas se desenvolvem mais

ou emitem mais perfilhos. Em suma, uma baixa densidade de

semeadura proporcionará uma maior taxa de multiplicação semente-

semente.

c) Preparo do solo - Uma boa emergência é essencial tanto para

produção de grãos como para produção de sementes. Entretanto, é

mais importante para produção de sementes, onde é necessário

também que haja uniformidade no estande e, neste sentido, o solo deve

ser bem preparado para que as sementes tenham a mesma

profundidade de semeadura e mesmo contato solo-semente, a fim de

haver sincronismo na emergência e posterior floração, o que é bastante

importante no caso de soja. Campos desuniformes de produção de

sementes, além dos problemas de produção, dificultam as inspeções de

controle de qualidade e não são um bom cartão de visitas da empresa

de sementes (Peske, 2003).

Page 9: Normas de Produção de Sementes

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2.4. Adubação

Como qualquer organismo vivo, a semente também precisa se alimentar

para crescer saudável. Quando adubamos um solo, estamos enriquecendo-o e

disponibilizando um estoque de nutrientes para que o alimento possa suprir as

necessidades da semente. Esses alimentos são classificados em

macronutrientes, consumidos em grandes quantidades; e micronutrientes,

necessários em menor quantidade, mas igualmente importantes para a saúde

das plantas.

Os solos férteis devem ser preferidos para multiplicação de sementes,

pois neles se obtém não só as maiores produções, bem como sementes de

maior qualidade. Os nutrientes, NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio), são

necessários para formação e desenvolvimento de novos órgãos e de materiais

de reserva a serem acumulados. Dessa maneira, a disponibilidade de

nutrientes influi na boa formação do embrião, do órgão de reserva e do tecido

protetor, assim como na sua composição química e, consequentemente, em

sua qualidade fisiológica e física (Peske, 2003)

2.5. Manutenção da Variedade

Durante a produção de sementes, busca-se a manutenção da identidade

genética das sementes. Durante o processo de produção da semente pode

haver misturas mecânicas com sementes de outras variedades (na semeadora

ou na colhedora, por exemplo), cruzamentos e mutações.

A pureza varietal representa a ausência de outras espécies e/ou

cultivares de forrageiras no lote de sementes. Ela é obtida quando os campos

de produção de sementes são acompanhados em rígido controle de qualidade,

utilizando-se sementes puras da cultivar na semeadura e ocupando áreas que

anteriormente não eram utilizadas com outros cultivares da mesma espécie.

Isso porque as sementes dormentes da cultura anterior podem contaminar a

nova área de produção. Vale ressaltar que, no laboratório de análise de

sementes, muitas vezes é impossível distinguir diferentes cultivares em uma

Page 10: Normas de Produção de Sementes

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amostra de sementes. Daí a vital importância do lote vir do campo com pureza

varietal, já que no campo é possível fazer a distinção das plantas. Outros

cuidados para a obtenção da pureza varietal estão ainda relacionados à

secagem, transporte, armazenamento e beneficiamento, para que não haja

mistura varietal nessas fases de produção.

A pureza varietal também pode ser mantida semeando-se pequenas

parcelas todos os anos e retirando-se as plantas atípicas. Através desse

procedimento, a porcentagem de misturas de variedade decrescerá ano a ano

(Peske, 2003).

2.6. Irrigação

A produção de sementes de boa qualidade, de uma forma

economicamente viável, invoca o uso adequado das tecnologias de produção

disponíveis como a irrigação, que é frequentemente associada à garantia e ao

aumento da produtividade agrícola, de forma generalizada (Tavares, 2007).

Outro fato que vem enfatizar a importância da irrigação para a produção

de sementes é a necessidade de clima compatível com a qualidade das

sementes. O aconselhável é ter baixa umidade relativa do ar, baixa

precipitação pluvial e um período bem definido na fase de maturidade e

colheita das sementes. Tais condições são fundamentais na produção de

hortaliças, para aquelas espécies de frutos secos e, mais especificamente,

para as de sementes expostas, como alface e cenoura.

Como a produção é feita na estação seca do ano, a irrigação torna-se,

nesse caso, imprescindível. Situação semelhante ocorre com o feijoeiro, pois o

cultivado no período da seca ou inverno, sob irrigação, apresenta-se com

melhores condições que o das águas, mais sujeito a problemas fitossanitários e

de altas precipitações na fase de colheita. Apesar das necessidades máximas,

ou dos períodos críticos de déficit de água, variarem de acordo com as

culturas, o suprimento ou as necessidades da maioria das espécies para a

produção de sementes podem ser assim especificados em função dos estádios

de desenvolvimento da planta:

Page 11: Normas de Produção de Sementes

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a) fase de estabelecimento da cultura e de crescimento vegetativo até

o início de florescimento - água em abundância;

b) fase de florescimento - água limitada;

c) fase de desenvolvimento da semente - água em abundância; isso

para assegurar o desenvolvimento do maior número possível de

sementes; nesse estádio, a planta não pode sofrer nenhum processo de

estresse;

d) final de maturidade da semente - sem água (Peske, 2003).

Diversos fatores contribuem para que os resultados econômicos

alcançados fiquem aquém do potencial máximo que esta técnica possibilita.

Entre estes fatores podem ser citados: a escolha, dimensionamento e operação

inadequados dos sistemas, e o manejo inadequado da água em relação às

características da cultura, do clima e do solo. No caso da aplicação da irrigação

em áreas voltadas à produção de sementes, além dos fatores citados, ocorrem

também deficiências ocasionadas pela não consideração das diferenças

existentes entre as necessidades específicas das culturas, quando o objetivo é

a obtenção de sementes de boa qualidade.

2.7. Isolamento

Os campos para produção de sementes de cada variedade ou híbrido

devem estar isolados ou separados, a fim de evitar contaminação genética

através da polinização cruzada e contaminação mecânica durante a colheita. A

melhor proteção contra a fertilização por pólen estranho é a de um suprimento

abundante de pólen da própria variedade na ocasião em que o estigma

encontra-se receptivo. Nessa situação, a chance de pólen estranho vir a

realizar a fecundação é pequena. Na prática, todavia, isso necessita ser

complementado pelo isolamento (Peske, 2003).

É muito importante evitar as possibilidades de contaminação genética

através da polinização cruzada. O isolamento dos campos de produção de

sementes pode ser realizado através de:

Page 12: Normas de Produção de Sementes

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Espaço: para cultivares de arroz irrigado o isolamento físico é de, no

mínimo, 3 metros para cultivo em linha e de 15 metros para cultivo à

lanço, tanto no plantio como na colheita.

Época de semeadura: esse tipo de isolamento pode ser utilizado de

maneira que o florescimento de cada variedade ocorra em épocas

diferentes. Para arroz uma defasagem de 20 dias é suficiente, desde

que não exista diferença de ciclo entre as cultivares.

Barreiras: a distância mínima de isolamento pode ser reduzida se forem

feitas semeaduras de bordaduras, que irão se constituir em barreiras

vegetais.

Como cuidados complementares, deve-se levar em consideração, ainda,

a direção e o sentido dos ventos predominantes no local, bem como a atividade

dos insetos, pois espécies autógamas com alguma polinização de insetos,

como solanáceas (berinjela, pimentão) e malváceas (quiabo), necessitam um

isolamento semelhante ao das alógamas, chegando a até 1500 m.

2.8. Descontaminação

É a limpeza total e sistemática de um campo de produção de sementes,

através da remoção de plantas indesejáveis. A descontaminação deve ser

realizada para retirar:

- Plantas atípicas: trata-se de plantas da mesma espécie da cultura, mas que

se diferenciam desta, por uma ou mais características, tais como: tipo de

planta, ramificação, pigmentação, pintas, pelos na haste ou na base da folha,

cor, forma e tamanho da flor ou partes da flor; cor, tamanho e forma do fruto e

da semente, ciclo de maturação, etc. Os descritores da cultivar sob cultivo,

depositados no Registro Nacional de Cultivares - RNC, deverão ser utilizados

como instrumento de observação das variações de plantas atípicas presentes.

Ao se classificar uma planta como atípica, deve-se considerar não só aquela

indubitavelmente classificável como tal, mas também aquelas não identificadas

ou duvidosamente tidas como de outra cultivar. Considera-se ainda planta

atípica, a planta liberadora de pólen incluindo pendão polinizador, indesejável

Page 13: Normas de Produção de Sementes

10

na produção de linhagens progenitoras de híbridos. Na contagem de plantas

durante a inspeção de campo, uma planta atípica será sempre contada como

tal, independentemente de seu estádio de desenvolvimento. Plantas atípicas

que não estejam causando contaminação à época da inspeção, mas que

possam causá-la posteriormente serão contadas e o produtor poderá optar pela

erradicação destes contaminantes ou pelo cancelamento do campo para

produção de sementes e consequentemente de sua homologação.

-Plantas atípicas de difícil separação das sementes no beneficiamento:

Numa inspeção de campo para produção de sementes, o inspetor deve estar

atento à presença de plantas de outras espécies, as quais podem prejudicar a

qualidade das sementes no campo ou no lote, por serem de difícil separação

no processo de beneficiamento. Pela sua presença, estas sementes são

conhecidas como contaminantes. Deverão ser considerados os seguintes

conceitos para plantas atípicas:

a) Planta de cultivar diferente: da mesma espécie, mas que possua

características agronômicas distintas.

b) Planta de espécie cultivada: é aquela reconhecida como de outra espécie

de interesse agrícola e cuja presença junto às sementes comerciais é individual

ou globalmente limitada, conforme normas e padrões estabelecidos;

c) Planta de espécie nociva: é aquela que produz sementes, que por serem

de difícil erradicação no campo ou de separação e remoção no beneficiamento,

representarem risco econômico para a cultura ou ao seu produto, sendo

relacionada e limitada, conforme normas e padrões estabelecidos;

d) Planta de espécie nociva proibida: é aquela que produz semente cuja

presença por representar risco econômico para a cultura não é permitida junto

às sementes do lote, conforme normas e padrões estabelecidos;

e) Planta de espécie nociva tolerada: é aquela que produz semente cuja

presença junto às sementes da amostra é permitida dentro de limites máximos,

específicos e globais, conforme normas e padrões estabelecidos;

Page 14: Normas de Produção de Sementes

11

f) Planta de espécie invasora silvestre: é aquela que produz semente

silvestre reconhecida como invasora e cuja presença junto às sementes

comerciais é, individual e globalmente, limitada, conforme normas e padrões

estabelecidos.

-Pragas: O conceito oficial de praga é estabelecido pela FAO como sendo:

"qualquer espécie, raça ou biótipo de vegetais, animais ou agentes

patogênicos, nocivos aos vegetais ou produtos vegetais". Para inspeção de

campo, é importante que sejam verificados os sintomas de pragas como

fungos, bactérias, vírus ou nematoides, pois estes agentes podem ser

disseminados através das sementes, representar risco econômico para a

cultura e prejudiciais à sua qualidade. Embora existam à disposição medidas

econômicas e efetivas para o controle de várias pragas que acompanham as

sementes, alguns agentes patogênicos, que nelas se encontram, não podem

ser controlados pelo manejo dessas, via tratamento das sementes. Nestes

casos, a transmissão é evitada fazendo-se com que as possíveis portadoras de

agentes patogênicos não sejam misturadas com sementes sadias. Isto se faz

eliminando do campo todas as plantas com sintomas da praga.

2.8.1. Suscetibilidade da cultura à contaminação

A suscetibilidade da cultura à contaminação, seja física ou genética,

pode ocorrer em todas as fases do desenvolvimento desta, considerando os

fatores enumerados a seguir:

1 - A probabilidade de contaminação genética é menor nas culturas de

autofecundação e após o florescimento nas culturas de polinização cruzada.

2 - A contaminação física de um lote poderá ocorrer por sementes de plantas

atípicas presentes no campo de produção.

3 - Na produção de híbridos, deve se evitar a presença de plantas liberadoras

de pólen e pendões polinizadores indesejáveis durante o período de emissão

Page 15: Normas de Produção de Sementes

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das inflorescências femininas receptivas de pólen, que podem causar a

contaminação genética, prejudicando a qualidade das sementes.

4 - Plantas de outras culturas, cujas sementes são inseparáveis, e plantas

invasoras, resultam em mistura física de suas sementes com as da cultura

inspecionada, ocasionando perda de qualidade nos lotes de sementes. Devem,

portanto, ser eliminadas antes da colheita.

5 - Plantas com sintomas de contaminação por pragas deverão ser erradicadas

antes da colheita, ou não sendo possível, o campo deve ser cancelado para

produção de sementes quando atingir níveis de contaminação de difícil manejo.

2.8.2. Localização dos contaminantes

As fontes de contaminação, tanto física, quanto genética, poderão ser

formalmente Iocalizadas no campo, mas somente a contaminação física

poderá, em determinadas situações, ser verificada após sua ocorrência. Tais

fontes de contaminantes podem estar presentes tanto dentro, como fora do

campo de produção de sementes. Este último caso só acontece se as fontes

estiverem muito próximas do campo (isolamento insuficiente) de modo a

permitir a ocorrência de polinização cruzada, ou a mistura mecânica.

A capacidade de contaminação de determinado contaminante diminui na

medida em que ele se distancia do campo de sementes. Após certa distância,

ele não mais causa problemas significativos de contaminação da lavoura. Esta

distância é chamada distância de isolamento e é específica para cada cultura.

As distâncias de isolamento para diferentes culturas encontram-se

especificadas nos padrões de produção de sementes e mudas.

Para assegurar que não haja contaminação, é necessário investigar

todas as suas possíveis fontes, tanto dentro, como fora do campo de produção.

No último caso, a averiguação das fontes deverá ser feita até os limites de

isolamento específico para cada cultura e em torno da área de produção de

sementes. Plantas cujas sementes são inseparáveis de outras culturas, plantas

silvestres e plantas atacadas por pragas de importância econômica, somente

serão levadas em consideração quando presentes dentro do campo de

Page 16: Normas de Produção de Sementes

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produção de sementes. Torna-se necessário inspecionar a correta aplicação

das práticas de produção de sementes, tais como: plantio de linhas de

linhagens progenitoras masculinas e femininas nas proporções específicas;

plantio de bordaduras; a marcação das fileiras masculinas; etc. É igualmente

importante certificar-se de que os requisitos referentes ao tipo de solo, às

culturas anteriores, à limpeza de máquinas, etc., foram levados em conta. A

ocorrência de erros, no que tange a esses pré-requisitos, pode, de igual

maneira, propiciar a contaminação física ou genética (MAPA, 2011).

Uma forma de realizar a descontaminação de campos de produção de

sementes é através de inspeções criteriosas das lavouras. Os períodos de

inspeção devem ser realizados nas seguintes fases de desenvolvimento da

cultura:

- Pré-floração: compreende todo o período de desenvolvimento vegetativo que

precede ao florescimento das plantas.

- Floração: este período é caracterizado pela fase em que as flores estão

abertas, o estigma receptivo e a antera liberando pólen.

- Pós-floração: neste período a receptividade do estigma e a liberação do grão

de pólen das anteras terão cessado. O óvulo já deverá estar fertilizado e

desenvolvendo-se em semente.

- Pré-colheita: nesta fase a semente se torna mais dura e alcança a

maturação fisiológica. Este é o período mais importante para a

descontaminação, pois vários tipos de plantas indesejáveis e misturas varietais

podem ser identificados facilmente.

Page 17: Normas de Produção de Sementes

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3. CONCLUSÃO

As normas para produção de sementes são de extrema importância para

que se tenham sementes de alta qualidade, uma vez que, permitem verificar se

a lavoura é proveniente de semente cuja pureza e origem são conhecidas e

aceitáveis, como também se é cultivada em terreno que satisfaça aos

requisitos quanto à cultura ou culturas anteriores, de forma que seja evitada a

contaminação por plantas voluntárias indesejáveis que induzam a

contaminações físicas e por plantas que venham se transformar em fontes de

inóculo de patógenos transmissíveis; se é isolada convenientemente e/ou

tenha as bordaduras convenientemente implantadas; se está plantada nas

proporções prescritas de linhagens progenitoras masculinas e femininas no

caso de produção de híbridos, como também convenientemente limpa, de

forma a impossibilitar a presença de plantas indesejáveis, tais como outras

cultivares, plantas atípicas, plantas doentes, plantas silvestres ou plantas de

outras culturas cuja semente seja difícil de separar e também quanto à

uniformidade, em relação às características da cultivar.

Page 18: Normas de Produção de Sementes

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO.

Guia de inspeção de campos para produção de sementes / Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – 3.

ed. revisada e atualizada – Brasília : Mapa/ACS, 2011. 41 p.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Arroz e Feijão),

Cultivo do Arroz de Terras Altas no Estado de Mato Grosso, Sistemas de

Produção, nº. 7 ISSN 1679-8869; - Versão eletrônica Setembro/2006.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Meio Norte),

Cultivo de Feijão- Caupi, Sistemas de Produção, 2 ISSN 1678-8818 Versão

Eletrônica Jan/2003.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Milho e Sorgo);

Cultura do Milho; SSN 1679-012X, Sistema de Produção; Versão Eletrônica

2000.

EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Trigo), Cultivo de

trigo, Sistemas de Produção, nº 4 ISSN 1809-2985; - Versão Eletrônica

Set/2009.

MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

PESKE S. T.; ROSENTHAL M. D.; ROTA, G. R. M. Sementes: Fundamentos

Científicos e Tecnológicos, Pelotas- RS, 2003.

TAVARES, V. E. Q. Sistemas de irrigação e manejo de água na produção

de sementes; Vitor Emanuel Quevedo Tavares. - Pelotas, 2007.