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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Antonio Gabriel Fornarolli Felber
Origem e Evolução do Sistema de Fluidos relacionados à
deposição dos veios Rato, Tatá e Otta do Depósito de Ouro de
Santa Cecília, porção centro-sul da Província Aurífera de Alta
Floresta (PAAF) no sudoeste do Cráton Amazônico.
Orientador(a)
Prof. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
CUIABÁ
2017
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
REITORIA
Reitora
Profª. Drª. Myrian Thereza de Moura Serra
Vice-Reitor
Prof. Dr. Evandro Aparecido Soares da Silva
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
Pró-Reitora
Profª. Drª. Ozerina Victor de Oliveira
FACULDADE DE GEOCIÊNCIAS
Diretor
Prof. Dr. Paulo César Corrêa da Costa
Diretor Adjunto
Prof. Dr. Carlos Humberto da Silva
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS
Coordenador
Prof. Dr. Ronaldo Pierosan
Vice-Coordenador
Prof. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
iii
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
N° 87
Origem e Evolução do Sistema de Fluidos relacionados à
deposição dos veios Rato, Tatá e Otta do Depósito de Ouro de
Santa Cecília, porção centro-sul da Província Aurífera de Alta
Floresta (PAAF) no sudoeste do Cráton Amazônico.
Antonio Gabriel Fornarolli Felber
Orientador(a)
Prof. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
CUIABÁ
2017
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geociências da Faculdade de
Geociências da Universidade Federal de Mato
Grosso como requisito parcial para a obtenção
do Título de Mestre em Geociências.
iv
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada à fonte.
F727o Felber, Antonio Gabriel Fornarolli.
Origem e evolução do sistema de fluidos relacionados a deposição dos vaios Rato, Tata e
Otta do Depósito de Ouro de Santa Cecília, porção centro-sul da Província Aurífera de Alta
Floresta (PAAF) no sudoeste do Cráton Amazônico / Antonio Gabriel Fornaolli Felber. –
2017
xv, 57 f. : il. Color. ; 30 cm.
Orientador: Jayme Alfredo Dexheimer Leite.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências
Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Geociências, Cuiabá, 2017.
Inclui bibliografia.
1. PAAF. 2. Hidrotermalismo. 3. Inclusões fluidas. 4. Isótopos de Oxigênio. 5.
Depósitos IRGS. I. Título.
v
Origem e Evolução do Sistema de Fluidos relacionados à
deposição dos veios Rato, Tatá e Otta do Depósito de Ouro de
Santa Cecília, porção centro-sul da Província Aurífera de
Alta Floresta (PAAF) no sudoeste do Cráton Amazônico.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Jayme Alfredo Dexheimer Leite
Orientador(a)
_______________________________________
Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho
Examinador(a) Interno (UFMT)
_______________________________________
Dr. Antônio João Paes de Barros
Examinador(a) Externo METAMAT
vi
Dedico este trabalho a todos os meus familiares, em especial aos meus pais, avós, a
minha tia-avó Edemar Gajardoni (in memorian) e Irlana Regina Gajardoni.
vii
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus por esta existência em meio a familiares e
amigos que não poderiam ser melhores.
A toda minha família, por todo apoio, confiança e por nunca medirem esforços
para me ajudar.
A minha mãe Ariela, pelo amor incondicional e paciência.
A meus avós Antonio e Zilmar, pelo carinho e o exemplo que sempre foram e
serão na minha vida.
A minha prima Irlana, por ter me tratado e ajudado como a um filho. Espero um
dia poder retribuir tudo o que fez por mim.
A minha tia Edermar Gajardoni (in memorian) por tudo que fez não só a mim,
mas a toda a família.
Aos meus irmãos João, Julya e Luiza por todo carinho e compreensão pela
minha ausência.
Aos meus primos Thiago, Tarcísio e Juliano por todas as pescarias e por sempre
me tratarem como um irmão.
A Mariana por todo apoio, companheirismo e paciência por aguentar meu mau
humor e meus desabafos.
Aos meus amigos Guilherme, Daiane e Thiago por todas as conversas
geológicas ou não. Obrigado pela amizade de vocês.
Ao meu orientador Jayme por toda experiência e conhecimento geológico
compartilhado e principalmente, pela paciência.
viii
Resumo
O depósito de ouro Santa Cecília está localizado na porção centro-sul da
Província Aurífera de Alta Floresta, no sudoeste do Cráton Amazônico. O depósito é
formado por três veios de quartzo mineralizados a ouro, e conhecidos como Otta, Tatá e
Rato. Os dois primeiros estão hospedados em um granodiorito isotrópico enquanto o
ultimo está hospedado em um metadacito localmente foliado. Os veios apresentam
paragênese de alteração hidrotermal semelhantes, que são divididas em seis fases de
alteração, respectivamente: sericítica, potássica, muscovita+pirita, cálcica, silicificação
1 e silicificação 2, com o ouro depositado no último estágio de silicificação. Os veios de
quartzo ocorrem levemente a intensamente recristalizados. Os sulfetos ocorrem no
interior dos veios de quartzo e são compostos por pirita, pirrotita, arsenopirita,
calcopirita e esfalerita. O estudo das inclusões fluidas nos três veios revelou a presença
de cinco FIA’s; FIA 1 e 2 no veio Rato, FIA 3 e 4 no veio Tatá e FIA 5 no veio Otta. A
FIA 1 é primária, aquo-carbônica, bifásica, e apresenta temperatura de fusão do clatrato
variando de -5,1 a + 1,1 °C, com a salinidade calculada entre 12 a 20% peso equiv.
NaCl e a temperatura de homogeneização total Th (total) entre 220 a 450°C, com moda
em 360°C. A FIA 2 é secundária, aquosa, bifásica, com Te de -42°C a -25,1°C,
sugerindo um sistema H2O-NaCl com variações de KCl, MgCl2 e FeCl2. A Tf (gelo)
varia de -2,6°C a -20,8°C, refletindo salinidades entre 4,34% a 22,91% peso equiv.
NaCl. e Th entre 155°C e 300°C, com moda em torno de 240°C. As FIA’s 3 e 4 são
aquosas, bifásicas, e respectivamente de origem primária e pseudosecundária. A FIA 3
tem Te entre -21,2°C e -39°C, sugerindo um sistema H2O-NaCl com variações de KCl,
MgCl2 e FeCl2, Tf (gelo) entre -6,5°C e -20,7°C, salinidades calculadas entre 9,86% a
22,85% peso equiv. NaCl e Th (total) de 166°C a 252°C, com moda em torno de 200°C.
A FIA 4 apresenta Te entre -24,6°C a -44,4°C, sugerindo um sistema H2O-NaCl-KCl
com variações de MgCl2 e FeCl2, Tf (gelo) entre -6,3°C e -20,9°, salinidade calculada
entre 9,6% e 22,98% peso equiv. NaCl evTh (total) entre 198°C a 267°C. A FIA 5 é
representada por inclusões aquosas primárias, bifásicas com Te entre -22°C e -24,7°C e
a Tf (gelo) entre -0,8°C e -7°C. A Te sugere um sistemas H2O-NaCl com variação de
KCl. A Th (total) varia de 185°C a 290°C, com moda em torno de 200°C e a salinidade
calculada varia de 1,4% a 10,49% peso equiv. NaCl. Análises de isótopos de oxigênio
em quartzo retornaram valores de δ18O de 13,27‰, 12,46‰, e 13,70‰ respectivamente
para os veios Rato, Tata e Otta. As composições isotópicas dos fluidos em equilíbrio
com o quartzo foram recalculadas em base aos valores extremos de variação da Th para
cada veio e retornaram respectivamente valores de δ18O entre +3,07‰ e +10,07‰, -
1,64‰ e +3,56‰ e +1‰ e 7,8‰; a variação obtida sugere a existência de fontes
magmáticas e meteóricas. Os dados de inclusões fluidas sugerem uma evolução
sequencial de um fluido salino, rico em CO2 possivelmente magmático, para um fluido
salino aquoso, pobre ou com ausência de CO2, o qual ao longo de sua evolução se
mistura com um fluido aquoso de baixa salinidade, possivelmente meteórico, e sofre um
processo de boiling; este conjunto de processos possivelmente levou à deposição do
ouro. A profundidade do boiling abaixo do paleo lençol freático foi calculada em 300
metros para a FIA 2, 150 metros para a FIA 5 e 100 metros para FIA 3 e a pressão do
boiling foi calculada em 30, 14 e 13 bares, respectivamente. Características tais como:
zonas de alteração hidrotermal formando halos pouco espessos no entorno dos veios, a
assembleia de sulfetos reduzida e em quantidades inferiores a 5%, inclusões de
salinidade média-alta e possivelmente de origem magmática, sugerem que o depósito
Santa Cecília se assemelha principalmente ao modelo Intrusion-related gold systems
(IRGS). Idades U-Pb (LA-ICP-MS) de 1816 Ma em zircões da hospedeira
granodiorítica sugerem correlação com a Suíte Paranaíta, enquanto que idades de 1895
ix
Ma para hospedeira dacítica indicam uma possível extensão da província Tapajós-
Parima em seu limite sudoeste no norte de Mato Grosso.
PALAVRAS-CHAVE: PAAF, hidrotermalismo, inclusões fluidas, isótopos de
oxigênio, depósitos IRGS.
x
Abstract
The Santa Cecilia gold deposit is located in the south-central portion of the Alta
Floresta Gold Province, southwest portion of Amazon Craton in the north of Mato
Grosso. The deposit is formed by three gold mineralized quartz veins known as Otta,
Tatá and Rato. The first two are hosted in an isotropic granodiorite while the latter in a
locally foliated metadacite. Hydrothermal alteration is similar for the veins and
developed in six stages respectively: sericitic, potassic, muscovite+pyrite, calcic,
silicification 1 and silicification 2, with gold deposited in the last silicification stage.
The quartz veins occur slightly to intensely recrystallized. Sulfides occur within the
quartz veins and consists of pyrite, pyrrhotite, arsenopyrite, chalcopyrite and sphalerite.
Fluid inclusion petrography in the veins revealed the presence of five Fluid Inclusion
Assemblage (FIA). FIA 1 and 2 in the Rato vein, FIA 3 e 4 in the Tatá vein, and FIA 5
in Otta vein. FIA 1 is primary, aqueous-carbonic, two-phase and present chlatrate
melting temperature ranging from -5,1 to +1,1 °C, with the calculated salinity ranging
from 12 to 20 wt% NaCl, total homogenization temperature – Th (total) – from 220 to
450°C with a mode at 360°C. FIA 2 is secondary, aqueous, two-phase, with Te in the
range of -42° to -25,1°C, suggesting a H2O-NaCl system with variations to KCl, MgCl2
and FeCl2. The ice melting temperature – Tm (ice) – range from -2,6 to -20,8°C
reflecting salinities between 4,34 to 22,91 wt% NaCl equiv. and Th (total) from 155 to
300°C with a mode around 240°C. FIA 3 and 4 are aqueous, two-phase, and
respectively of primary and pseudo-secundary origin. FIA 3 shows Te ranging from -
21,2 to -39 °C suggesting a H2O-NaCl system with variations to KCl, MgCl2 and
FeCl2. Tm (ice) ranges from -6,5 to -20,7 °C, calculated salinity between 9,86 to 22,85
wt% NaCl equiv. and Th (total) from 166 to 252°C, with a mode around 200°C. FIA 4
shows Te between -24,6 to -44,4°C, suggesting a H2O-NaCl-KCl system with variation
to MgCl2 and FeCl2, Tm (ice) ranges from -6,3 to -20,9°C, calculated salinity between
9,6 and 22,98 wt% NaCl equiv. and Th (total) from 198 to 267°C. FIA 5 is represented
by primary, two-phase aqueous inclusions with Te ranging from -22 to -24,7°C and Tm
(ice) ranging from -0,8 to -7°C. The Te suggests a H2O-NaCl system with variation to
KCl. Th (total) range from 185 to 290°C, with a mode around 200°C and the calculated
salinity ranges from 1,4 to 10,49 wt% NaCl equiv. Oxygen isotopic analyzes in quartz
returned values of δ18O of 13,27‰, 12,46‰, e 13,70‰ respectively for Rato, Tatá and
Otta veins. The isotopic compositions of the quartz equilibrium fluids were calculated
based on the end-member’s values of Th (total) variation for each vein and respectively
returned values of δ18O between +3,07‰ e +10,07‰, -1,64‰ e +3,56‰ e +1‰ e
7,8‰; the obtained variation suggests the existence of magmatic and meteoric sources.
Fluid inclusion data suggests a sequential evolution/release of a CO2-rich saline fluid
possibly magmatic to a CO2-poor/free aqueous saline fluid, which during evolution
mixed with a low-salinity aqueous fluid, likely meteoric in origin, and underwent a
boiling process; this set of processes possibly led to the gold deposition. The depth
boiling depth calculated at 300 meters for FIA 2, 150 meters for FIA 5 and 100 meters
for FIA 3 and boiling pressure at 30, 14 and 13 bars, respectively. Characteristics such
as hydrothermal alteration zones forming narrow halos around the veins, the small
volume of the reduced sulfide assembly, inclusions of moderate to high salinity likely of
magmatic origin, as shown by the oxygen isotope data, suggest that the Santa Cecília
deposit resembles mainly the intrusion-related gold systems (IRGS) model. LA-ICP-MS
zircon U-Pb ages of 1816 Ma for hosting granodiorite suggests a correlation with the
gold-bearing Paranaíta Suite while the age 1895 Ma for the metadacite suggests a
southwest extension of the Tapajós-Parima province into the northern Mato Grosso
state. Keywords: Fluid Inclusions, IRGS, PAAF, Oxygen Isotopes, Hydrothermalism
xi
Lista de Figuras
Figura 1. (A) Mapa do Cráton Amazônico compartimentado em províncias
geocronológicas segundo Santos et al. (2000) e localização das folhas do projeto Promin
Alta Floresta, modificado de Souza et al. (2005); (B) Mapa de localização da área de
estudo no contexto d ....................................................................................................... 18
Figura 2. Mapa geológico do depósito de ouro de Santa Cecília. .................................. 19
Figura 3. Perfil geológico do furo SCD 27. .................................................................... 20
Figura 4. (A) Perfil geológico do furo SCD-21, (B) Perfil geológico do furo SCD-15. 22
Figura 5. (A) Fotomicrografia em luz natural do dacito, sendo evidente uma foliação
dos minerais micáceos. (B) fotomicrografia em luz polarizada mostrando a mineralogia
principal do dacito e uma foliação marcada pelos minerais micáceos. (C)
Fotomicrografia Pórfiro de feldspato alterado e envolto pela foliação da rocha. (D)
Fotomicrografia de profiroblasto de granada com inclusões de quartzo e envolto por
uma foliação marcada pelos minerais micáceos. ............................................................ 23
Figura 6. (A) Fotomicrografia de biotitas sendo alteradas para muscovita, ambas
seguindo a orientação da rocha. (B) Fotomicrografia de turmalina tipo Schorlita produto
da alteração hidrotermal. (C) Fotomicrografia de cloritas produtos de alteração das
biotitas. (D) Fotomicrografia de minerais opacos. ......................................................... 24
Figura 7. Fotomicrografia da textura do veio de quartzo do Rato. Textura em mosaico
levemente preservada com recristalização ocorrendo na borda dos cristais. ................. 25
Figura 8. (A) amostra macroscópica do granodiorito - testemunho de sondagem; (B)
Fotomicrografia em luz natural do granodioritos; (C) Fotomicrografia em luz polarizada
do granodioritos, matriz quarzto-feldspática e biotita. (D) Fotomicrografia de pórfiro de
plagiclásio em estado de alteração.................................................................................. 26
Figura 9. (A) Fotomicrografia de tremolitas apresentando textura nematoblástica. (B)
Fotomicrografia de cristal de clorita produto da alteração das biotitas. (C)
Fotomicrografia de agregados de epidoto seguindo a foliação da rocha. (D)
Fotomicrografia de pirrotita, pirita e arsenopirita em contato. ....................................... 27
Figura 10. Veio de quartzo com textura selvage, múltiplas injeções aprisionando
fragmentos da alteração Cálcica, Shaft Tatá. ................................................................. 28
Figura 11. (A) Fotomicrografia de cristais de quartzo do veio Tatá estirados e
apresentando recristalização nas bordas; (B) Fotomicrografia de ristais de quartzo do
veio Otta extremamente estirados e intensamente recristalizados. ................................ 29
Figura 12. (A) Fotomicrografia de biotitas produtos da alteração potássica. (B)
Fotomicrografia formação de muscovita+pirita a partir da alteração das biotitas da
alteração potássica. (C) Fotomicrografia de tremolita/actinolitas principais constituintes
da altera cálcica preservando alguns cristais de biotitas da alteração potássica. (D)
Fotografia de ouro livre ocorrendo no contato do veio com a alteração cálcica. ........... 31
Figura 13. (A) Fotomicrografia de selvages da alteração potássica e Cálcica no veio do
alvo Rato. (B) Fotomicrografia de assembleia metálica no veio de quartzo pirita,
pirrotita, calcopirita e arsenopirita. (C) Fotomicrografia de esfalerita apresentando
textura “doença da calcopirita”. (D) Fotomicrografia de ouro granular ocorrendo livre
no veio de quartzo do Tatá. ............................................................................................ 32
Figura 14. (A) Modo de ocorrências das inclusões fluidas aquo-carbônicas; (B) Grau de
preenchimento das IF aquo-carbônicas acima de 50%. .................................................. 34
Figura 15. Histogramas de frequência referente às inclusões fluidas (IF) aquo-
carbônicas do depósito Santa Cecília. (A) Salinidade; (B) Temperatura de
xii
homogeneização total. .................................................................................................... 34
Figura 16. Inclusões fluidas aquosas secundárias. (A) Trilha de inclusões secundárias
atravessando a zona recristalizada no limite dos grãos de quartzo; (B) Variação na
forma e grau de preenchimento das inclusões. ............................................................... 35
Figura 17. Histogramas de frequência referente às inclusões fluidas (IF) da FIA 2 do
alvo Rato. (A) Frequência de salinidade; (B) Frequência de temperatura de
homogeneização total. .................................................................................................... 35
Figura 18. (A) Variação de forma e grau de preenchimento das inclusões primárias do
veio Tatá, FIA 3; (B) Variação de forma e grau de preenchimento das inclusões
pseudosecunárias do veio Tatá, FIA 4. ........................................................................... 36
Figura 19. Histogramas de frequência da FIA 3, do veio Tatá. (A) frequência de
salinidade; (B) frequência de temperatura de homogeneização total. ............................ 36
Figura 20. (A) modo de ocorrências das inclusões primárias do veio Otta; (B) variação
no grau de preenchimento e forma das inclusões do veio Otta, FIA 5. .......................... 37
Figura 21. Histogramas de frequência dos dados microtermométricos da FIA 5, veio
Otta. (A) frequência de salinidade; (B) frequência de temperatura de homogeneização
total. ................................................................................................................................ 37
Figura 22. (A) e (B) imagens de catodoluminescência dos zircões da amostra do
granodiorito. ................................................................................................................... 38
Figura 23. Imagens de catodoluminescência dos zircões da amostra do metadacito. .... 39
Figura 24. Diagrama com os dados U-Pb em zircões da amostra do granodioritos. ...... 40
Figura 25. Diagrama com os dados U-Pb em zircões da amostra do metadacito........... 40
Figura 26. A figura mostra a evolução dos fluidos em um gráfico de salinidade vs
temperatura de homogeneização. A área retangular mostra as inclusões fluidas
resultantes da misturas de fluidos, sendo o membro inicial da mistura e com
características que mais se aproximam de um fluido meteórico. A área elipsoidal marca
a principal variação de salinidade e temperatura que representa o processo de boiling
observado nas FIA’s 2, 3 e 5. ......................................................................................... 43
Figura 27. Estimativa de profundidade do boiling em soluções NaCl, através da
temperatura de homogeneização (boiling) e salinidade, utilizando as curvas proposta por
Haas 1971 com constante salinidade (modificado de Haas, 1971). ............................... 44
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 1. Informações gerais dos cinco testemunhos de sondagem estudados. ............. 19
xiv
Lista de Anexos
ANEXO I.........................................................................................................................51
ANEXO II........................................................................................................................54
xv
Sumário Resumo ...................................................................................................................................... viii Abstract ........................................................................................................................................ x 1. Introdução .......................................................................................................................... 15 2. Materiais e Métodos ........................................................................................................... 16 3. Contexto Geotectônico ....................................................................................................... 17 4. O Depósito de Ouro Santa Cecília .................................................................................... 19
4.1. Veio Rato ..................................................................................................................... 22 4.1.1. Alteração Hidrotermal ........................................................................................................ 23 4.1.2. Zona Mineralizada .............................................................................................................. 24
4.2. Veios Tatá e Otta ........................................................................................................ 25 4.2.1. Alteração Hidrotermal ........................................................................................................ 26 4.2.2. Zona Mineralizada .............................................................................................................. 27
5. Evolução Paragenética do Depósito .................................................................................. 29 6. Inclusões Fluidas ................................................................................................................ 32
6.1. Veio Rato ..................................................................................................................... 33 6.1.1. FIA 1 ................................................................................................................................... 33 6.1.2. FIA 2 ................................................................................................................................... 34
6.2. Veio Tatá...................................................................................................................... 35 6.2.1. FIA 3 ................................................................................................................................... 36 6.2.2. FIA 4 ................................................................................................................................... 36
6.3. Veio Otta ...................................................................................................................... 37 6.3.1. FIA 5 ................................................................................................................................... 37
7. Isótopos de Oxigênio .......................................................................................................... 38 8. Geocronologia ..................................................................................................................... 38 9. Discussão e Conclusão ....................................................................................................... 41 10. Referências.......................................................................................................................... 46
15
Origem e Evolução do Sistema de Fluidos relacionados à
deposição dos veios Rato, Tatá e Otta do Depósito de Ouro de
Santa Cecília, porção centro-sul da Província Aurífera de
Alta Floresta (PAAF) no sudoeste do Cráton Amazônico.
Felber, A.G.F.¹; Leite, J.A.D.¹; 1 – Programa de Pós-Graduação em Geociências FAGEO/UFMT – [email protected];
1. Introdução
A parte da região norte do Estado de Mato Grosso compreendida pela Província
Aurífera Alta Floresta (PAAF) apresenta um importante histórico de produção de ouro
desde a década de 1960. Estimativas oficiais indicam uma produção superior a 160 t de
Au entre os anos de 1970 e 2000. Estudos metalogenéticos sistemáticos têm buscado
modelar as numerosas ocorrências de ouro que se acham associadas às rochas vulcano-
plutônicas félsicas e metassedimentares que compõem parte importante da Província
Rondônia-Juruena (Santos et al. 2000) no sudoeste do Cráton Amazônico. Destacam-se
entre estes, os trabalhos de Paes de Barros, (1994), Moura (1998), Paes de Barros
(2007), Miguel Jr. (2011), Assis (2011), Domingues Dias (2012), Galé et al. (2012),
Rambo (2014), dentre outros.
Xavier et al. (2011) com base na associação mineralógica e assinatura
geoquímica do minério, propõem dividir as mineralizações auríferas do setor leste da
PAAF em dois grupos principais: (1) Au±Cu (±Bi±Te±Ag) e (2) Au + Zn + Pb ± Cu.
Posteriormente Assis et al. (2014) denomina estas divisões de (1) Depósitos de Au ± Cu
que geralmente ocorrem hospedados em sistemas intrusivos félsicos cálcio-alcalinos,
meta- a peraluminosos, magnesianos, hidratados e oxidados. O hidrotermalismo é
marcado por alteração potássica formando envelopes entorno das zonas mineralizadas,
seguido de alteração muscovita + quartzo ± sericita, cloritização e propilítica regional.
As zonas mineralizadas geralmente ocorrem associadas à alteração muscovita + quartzo
± sericita. A paragênese de minério é dominada por pirita ± calcopirita ± hematita (ou
barita ± calcopirita). As inclusões fluidas geralmente mostram uma coexistência de
fluidos ricos em CO2 e fluidos aquosos, temperatura variando de moderada-baixa a alta
e salinidade de baixa a alta. Os autores sugerem que este grupo de depósitos sejam
relacionados ao modelo porfirítico rico em ouro. Alguns exemplos de depósitos deste
grupo são: Depósito Pé Quente (Assis, 2011; Stabile, 2012), X1 (Rodrigues, 2012),
Serrinha (Moura et al., 2006) e Luizão (Abreu, 2004; Paes de Barro, 2007). O grupo (2)
Au – metais base apresentam minério e alteração hidrotermal intimamente associadas a
um granito sub-vulcânico; Alteração hidrotermal composta por silicificação,
sericitização, potássica, argílica, propilítica e veios e vênulas de hematita, esta última
mais regional e tardia; Alunita ocorre como extensos depósitos residuais de quartzo-
alunita, porém, não associado a mineralização. O ouro ocorre associado a altos teores de
prata e metais base e formam zonas com intensa concentração de sulfetos compostos
por pirita + esfalerita + galena ± calcopirita ± hematita. As inclusões fluidas indicam
fluidos aquosos de baixa a moderada salinidade e com heterogeneidade quanto ao grau
de preenchimento de vapor, com indícios de boiling. Os autores ainda sugerem que os
depósitos deste grupo sejam relacionados ao modelo epitermal. Os principais exemplos
deste grupo são os depósitos do Bigode (Assis, 2008) e Francisco (Assis, 2011).
16
O Depósito de Santa Cecília é uma das numerosas ocorrências de ouro da PAAF
e localizado no Distrito do Cabeça a aproximadamente 90 Km a sul-sudoeste da sede do
município de Alta Floresta (Figura 1). O depósito compreende três veios de quartzo
aurífero, conhecidos na região como Otta, Tatá e Rato; os dois primeiros acham-se
hospedados em granodiorito isotrópico e o último em metadacito foliado. O foco deste
trabalho é apresentar e discutir as características texturais dos veios de quartzo e de
alterações hidrotermais associadas, a microtermometria de inclusões fluidas e os
isótopos de oxigênio. Além disto, são também apresentadas as idades U-Pb por LA-
ICPMS em cristais de zircão das rochas hospedeiras. O conjunto destas informações
permite uma discussão acerca da origem e evolução das mineralizações auríferas, assim
como propor um modelo do tipo IRGD para mineralização estudada.
2. Materiais e Métodos
Foram selecionadas para estudo amostras de 3 alvos mineralizados (Alvos Rato,
Tatá e Otta) distribuídas em 5 furos de sondagem. As seções delgadas e delgadas-
polidas foram realizadas no laboratório de laminação da FAGEO, sendo 22 delgadas e
23 bi-polidas.
Os estudos petrográficos e microtermométricos, foram realizados no Laboratório
de Pesquisa da Faculdade de Geociências (FaGeo – UFMT). Utilizou-se um
microscópio petrográfico convencional modelo Olympus Bx51 para petrografia, e a
microtermometria foi realizada em uma platina de resfriamento/aquecimento, modelo
LINKAM THMSG600 adaptada ao microscópio petrográfico convencional.
As análises de espectroscopia Raman foram realizadas nas inclusões fluidas para
determinação de sua composição e em minerais opacos para auxiliar em sua
caracterização. Foram realizadas no Instituto de Física (IF-UFMT), com o uso de um
Espectrômetro Micro-Raman marca Horiba/JY LabRam HR 800 com detector CCD
resfriado por Peltier, usando fonte de excitação Laser He-Ne @532 nm e sistema focal
com lentes 50x e pinhole de 100 mm e tempo de aquisição 5 seg (3x).
As análises de isótopos de oxigênio foram realizadas no Laboratório de Isótopos
Estáveis da Universidade Federal de Pernambuco (LABISE/UFPE). A obtenção dos
dados foi feita da seguinte maneira: o oxigênio foi liberado em linha de alto vácuo por
reação com BrF5 usando laser de CO2 como fonte de calor, e convertido a CO2 por reação
com grafita a 750°C. O gás CO2 obtido foi analisado para isótopos de oxigênio (O) em
espectrômetro de massa Thermofinnigan Delta V Advantage. Os resultados estão
expressos na notação δ em pormil (‰) relativo ao padrão V-SMOW, com precisão
melhor que ± 0, 1‰.VPDB.
A análise geocronológica foi realizada nos laboratórios do Departamento de
Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Degeo/UERJ). Neste trabalho
foi utilizado o LA-ICP-MS (Laser Ablation Inductively Coupled Plasma Mass
Spectrometry – Espectrometria de Massa com Nebulização Laser por Plasma
Indutivamente Acoplado) modelo New Finningan NEPTUNE MC-ICP-MS acoplado
com um sistema de Ablasão a Laser pertencente ao Laboratório Multi usuário de meio
ambiente e materiais (MultiLab) da UERJ. Inicialmente foi escolhida a configuração
dos detectores Faraday, definidas as condições do laser e a rotina de coleta de resultados
com as correções de interferentes isobáricos. Para a análise pelo método U-Pb foi
realizada a aquisição de dados de no mínimo 120 grãos, onde cada mineral foi
pulverizado a partir de um feixe de 20 a 30 μm de tamanho, frequência de 8 Hz e
energia variando de 35 a 40%.
17
3. Contexto Geotectônico
A área do depósito de Santa Cecília está inserida no contexto geológico da
porção sudoeste do Cráton Amazônico, mais especificamente nos domínios da
Província Rio Negro-Juruena de Tassinari e Macambira (1999) ou Rondônia-Juruena de
Santos et al (2000) (Figura 1-A e B). Este segmento crustal do Cráton Amazônico se
dispõe segundo um trend regional WNW-ESE a E-W e, segundo Santos et al. (2008) é
constituído por três domínios principais: Juruena, à leste, Jamari, à oeste, e Alto Jauru
no extremo Sul, os quais foram desenvolvidos em um intervalo de tempo de 300 Ma,
entre 1840-1540 Ma.
O Terreno ou arco Juruena foi por sua vez subdividido em três domínios
principais (Scandolara et al. 2017): (i) Alta Floresta, (ii) Roosevelt e (iii) Aripuanã.
O terreno Alta Floresta compreende rochas gnássicas (Complexo Cuiú-Cuiú),
graníticas (suítes Nhandú, Paraníta e Juruena), vulcânicas e vulcano-sedimentares (suíte
Colider e São Marcelo-Cabeça) desenvolvidas entre 2000 Ma e 1800 Ma, as quais
possivelmente representam o embasamento do Arco Juruena.
O Domínio Roosevelt, acha-se disposto a sul-sudoeste do Domínio Alta
Floresta e compreende rochas gnáissicas e graníticas deformadas desenvolvidas entre
1800 Ma e 1770 Ma e consideradas como representativas da evolução de um arco
magmático tipo andino.
O Domínio Aripuanã inclui as rochas vulcânicas, subvulcânicas e Vulcano-
sedimentares da Sequência Aripuanã (Neder et al. 2000), incluídas no Grupo Roosvelt
(1760-1740 Ma) e também suítes graníticas pós-colisionais tipo A (Suite Serra da
Providência) e pós-colisionais a anorogênicas do tipo AMCG (Suite Rio do Sangue) que
foram desenvolvidas entre 1760 e 1510 Ma.
A área de estudo encontra-se inserida no contexto do arco magmático Juruena,
em porção representativa do Domínio Alta Floresta, compreendendo rochas
subvulcânicas relacionadas ao Grupo São Marcelo-Cabeça e graníticas relacionadas à
Suíte Paranaíta as quais foram originalmente descritas por Souza et al. (2005). As
rochas da Suíte Paranaíta, juntamente com as rochas vulcânicas da Suíte Colíder, foram
incluídas por Duarte (2015) no Domínio vulcânico do arco Juruena. Segundo o mesmo
autor, e tendo como base a distribuição espacial e dados isotópicos de Nd, este domínio
é representativo de uma cordilheira de margem continental ativa.
Por outro lado, vários outros autores têm sugerido a evolução geodinâmica deste
Domínio Vulcânico a uma configuração extensional pós-orogênica a anorogênica,
relacionada a evolução geotectônica da província Tapajós-Parima (Tassinari and
Macambira, 1999; Pinho et al., 2003; Cordani and Teixeira, 2007; Cordani et al., 2009;
Barros et al., 2009). Pinho et al. (2003) e Barros et al. (2009) caracterizam as rochas
deste domínio vulcânico como um domínio não deformado do Grupo Teles Pires.
18
Figura 1. (A) Mapa do Cráton Amazônico compartimentado em províncias geocronológicas segundo
Santos et al. (2000) e localização das folhas do projeto Promin Alta Floresta, modificado de Souza et al.
(2005); (B) Mapa de localização da área de estudo no contexto d
19
4. O Depósito de Ouro Santa Cecília
O depósito de ouro de Santa Cecília consiste em 3 veios de quartzo
mineralizados a ouro, conhecidos localmente como Rato, Tatá e Otta (Fig. 2), que se
distribuem ao longo de uma área de aproximadamente 15 Km² (Tabela 1), (o primeiro
hospedado em rochas metadacíticas e os dois últimos hospedados em rocha
granodiorítica).
Figura 2. Mapa geológico do depósito de ouro de Santa Cecília.
Tabela 1. Informações gerais dos cinco testemunhos de sondagem estudados.
Veio – Furo Litologia
hospedeira
Localização –
UTM
Direção e mergulho do Veio
Otta – SCD
15
Granodiorito 567465
8848779
Direção N-S, subvertical
Tatá – SCD
21
Granodiorito 569152
8846970
Direção N-S, subvertical
Tatá – SCD
22
Granodiorito 569094
8847140
Direção N-S, subvertical
Rato – SCD
27
Metadacito 567301
8847379
Direção 20° NE, subvertical
20
Rato – SCD
42
Metadacito 567274
8847329
Direção 20° NE, subvertical
O veio Rato possui orientação N20°E, inclinação subvertical e espessura de 10 a
15 cm, porém, apresenta, por toda extensão dos furos de sondagem, foliação e vênulas
de sílica. As vênulas ocorrem concordantes a foliação (Fig. 3). Os veios Tatá e Otta
possuem orientação N-S e inclinação subvertical. Estão hospedados em zonas de
cisalhamento de aproximadamente 3 metros de espessura, marcadas por milonitos, que
atravessam um granodiorito isotrópico (Fig. 4-A e B). Os veios são boudinados e
variam de 10 cm a 1 metro de espessura. Os teores de ouro nos veios chegam a 30 g/ton.
Figura 3. Perfil geológico do furo SCD 27.
21
22
Figura 4. (A) Perfil geológico do furo SCD-21, (B) Perfil geológico do furo SCD-15.
4.1.Veio Rato
O veio Rato encontra-se hospedado em um metadacito cinza, de granulação fina
a média, porfirítico e localmente foliado. O metadacito apresenta textura
granolepdoblástica e paragênese mineral composta por quartzo, biotita, albita,
ortoclásio, granada e opacos (Fig. 5-A e B). Quartzo, biotita e granada são minerais
metamórficos, já o plagioclásio e ortoclásio são minerais reliquiares do protólito
magmático
A porção de granulação fina ocorre nas zonas proximais a mineralização, já a
granulação média ocorre nas porções distais. O contato da hospedeira com o veio de
quartzo geralmente é marcado por porções ricas em sílica, na forma de vênulas de
quartzo.
O quartzo encontra-se recristalizado com intensidade variando em relação a
proximidade com o hidrotermalismo, apresentando textura granoblástica. As biotitas
apresentam textura lepidoblástica e cor castanho claro a escuro. Por vezes formam
bandas intercaladas com bandas de quartzo.
A albita e o ortoclásio encontram-se intensamente argilizados, sericitizados e
saussuritizados. Ocorrem como porfiroclastos, por vezes envoltos pela foliação da
rocha, evidenciando, assim, uma origem vulcânica para seu protólito (Fig. 5-C).
As granadas formam porfiroblastos envoltos pela foliação, gerando sombras de
pressão. Apresentam inclusões de quartzo e biotitas orientados de acordo com a
foliação. As características evidenciam que a granada cristalizou em um evento
metamórfico sin-deformacional (Fig. 5-D).
23
Figura 5. (A) Fotomicrografia em luz natural do dacito, sendo evidente uma foliação dos
minerais micáceos. (B) fotomicrografia em luz polarizada mostrando a mineralogia principal do
dacito e uma foliação marcada pelos minerais micáceos. (C) Fotomicrografia Pórfiro de
feldspato alterado e envolto pela foliação da rocha. (D) Fotomicrografia de profiroblasto de
granada com inclusões de quartzo e envolto por uma foliação marcada pelos minerais micáceos.
4.1.1. Alteração Hidrotermal
As zonas de alterações hidrotermais apresentam mineralogia principal composta
por biotita, muscovita, epidoto, tremolita e clorita, minerais acessórios turmalina,
apatita, titanita, zircão e rutilo. Sulfetos e óxidos também são reconhecidos.
As biotitas e muscovitas formam uma textura lepidoblástica. Esta última é
interpretada como resultado da alteração hidrotermal das biotitas (Fig. 6-A). O epidoto
geralmente não ultrapassa 5% do volume total da rocha e ocorre de forma intensa junto
as tremolitas, que, por sua vez, ocorrem em faixas restritas, não ultrapassando 40 cm em
torno do veio mineralizado. Turmalina do tipo schorlita (Fig. 6-B), clorita (Fig. 6-C),
apatitas, zircões e rutilos estão presentes como minerais acessórios e não ultrapassam
1% do volume total da rocha.
Uma assembleia de sulfetos reduzida, composta por pirita, calcopirita,
arsenopirita, pirrotita e esfalerita ocorrem disseminados pelo veio de quartzo e,
24
raramente, pelas zonas de alteração hidrotermal (Fig. 6-D). As piritas ocorrem pela
rocha na associação biotita+muscovita+pirita, onde, juntamente com a muscovita,
formam-se a partir da substituição das biotitas. As piritas também ocorrem dispersas nos
veios de quartzo. A arsenopirita, por vezes, ocorre em contato com cristais maiores de
esfalerita. A esfalerita comumente encontra-se marcada pela textura “doença da
calcopirita”. O ouro ocorre na forma de filetes preenchendo pequenas fraturas no veio
de quartzo principal.
Figura 6. (A) Fotomicrografia de biotitas sendo alteradas para muscovita, ambas seguindo a
orientação da rocha. (B) Fotomicrografia de turmalina tipo Schorlita produto da alteração
hidrotermal. (C) Fotomicrografia de cloritas produtos de alteração das biotitas. (D)
Fotomicrografia de minerais opacos.
4.1.2. Zona Mineralizada
A zona mineralizada do veio Rato é marcada por veio de quartzo, principal,
mineralizado, apresenta forma tabular, boudinado, espessura em torno de 15 cm,
disposto em um orientação N 20° E com mergulho em torno de 80°. Veios não
mineralizados, com espessura de até 5 cm ocorrem paralelos ao veio principal, na zona
mineralizada.
25
Os veios do Rato apresentam uma textura de recristalização menos intensa que
os veios Tatá e Otta, predominando a recristalização apenas nas bordas dos cristais de
quartzo e, dessa forma, preservando uma textura em mosaico (Fig. 7). Em algumas
porções a recristalização é mais intensa, sendo possível observar o leve estiramento dos
cristais de quartzo.
Sulfetos em quantidade inferiores a 5% ocorrem dispersos no veio de quartzo e,
por vezes, concentrados nos contatos entre o veio e a zona de alteração hidrotermal. O
ouro ocorre em forma de filetes preenchendo microfraturas no veio de quartzo principal.
Figura 7. Fotomicrografia da textura do veio de quartzo do Rato. Textura em mosaico
levemente preservada com recristalização ocorrendo na borda dos cristais.
4.2.Veios Tatá e Otta
Estes veios estão hospedados na mesma encaixante, apresentando mesmas
características petrográficas tanto da encaixante quanto das zonas de alteração
hidrotermal; desta forma, são tratados em um único tópico.
Estão hospedados em um granodiorito porfirítico, isotrópico, cor cinza,
equigranular de granulação média (Fig. 8-A). Ocorre uma zona milonítica no contato do
granodiorito com o veio mineralizado. Este milonito apresenta cor cinza esverdeada a
azulada, com espessura variando de 20 cm a 1 metro e afetado por intensa alteração
hidrotermal.
O granodiorito apresenta texturas holocristalina, hipidiomórfica e granoblástica
associada as zonas miloníticas. Paragênese mineral constituída por quartzo, albita,
ortoclásio, biotita e opacos (Fig. 8-B e C). O quartzo apresenta-se recristalizado, com
intensidade variando de acordo com a proximidade do veio. Nas zonas miloníticas
ocorrem intensamente recristalizados, granulação discretamente mais fina e textura
granoblástica. Albita e ortoclásio ocorrem como matriz e pórfiros (Fig. 8-D)
intensamente argilizados, sericitizados e saussuritizados e ocorrem em forma de fitas na
zona milonítica. O ortoclásio não ultrapassa 15% do volume da rocha. As biotitas
primárias comumente apresentam inclusões de zircões, formando halos pleocróicos.
26
Figura 8. (A) amostra macroscópica do granodiorito - testemunho de sondagem; (B)
Fotomicrografia em luz natural do granodioritos; (C) Fotomicrografia em luz polarizada do
granodioritos, matriz quarzto-feldspática e biotita. (D) Fotomicrografia de pórfiro de plagiclásio
em estado de alteração.
4.2.1. Alteração Hidrotermal
A alteração hidrotermal é idêntica e restrita ao entorno dos dois veios, raramente
chegando a 2 metros de espessura. A mineralogia hidrotermal consiste em actinolita-
tremolita, biotita, muscovita, epidoto e como acessório clorita, apatita, titanita e
escapolita. Sulfetos e óxidos também são reconhecidos.
As actinolitas e tremolitas apresentam textura nematoblásticas e podem
ultrapassar quantidade de 45% da zona proximal ao veio (Fig. 9-A). Associadas aos
anfibólios ocorrem clorita, epidoto e em quantidades acessórias apatitas, titanitas e
escapolitas. A clorita ocorre como produto de alteração da biotita, evidenciando
crescimento simplectítico e chega a 3% do volume da rocha (Fig. 9-B). O epidoto
ocorre na forma de agregados, por vezes formando cordões orientados de acordo com a
foliação milonítica (Fig 9-C) e chegam a ocupar 5% do volume da rocha. Apatita,
titanita e escapolita não ultrapassam 1% do volume da rocha.
27
As biotitas apresentam cores variando do castanho ao vermelho ferruginoso, que
são típicas das biotitas do tipo Wodanita. As muscovitas ocorrem como produto de
alteração das biotitas, sendo encontradas em menor quantidade, chegando a 10%.
A assembleia de sulfetos é idêntica à do veio Rato, formada por pirita,
calcopirita, arsenopirita, pirrotita e esfalerita (Fig. 9-D). Da mesma maneira, a pirita é
encontrada na alteração hidrotermal em equilíbrio com a muscovita e ambas como
produto de alteração hidrotermal da biotita. Os sulfetos encontram-se dispersos nos
veios mineralizados e não ultrapassando a quantidade 4%. Textura “doença da
calcopirita” também é reconhecida nas esfaleritas destes veios.
Figura 9. (A) Fotomicrografia de tremolitas apresentando textura nematoblástica. (B)
Fotomicrografia de cristal de clorita produto da alteração das biotitas. (C) Fotomicrografia de
agregados de epidoto seguindo a foliação da rocha. (D) Fotomicrografia de pirrotita, pirita e
arsenopirita em contato.
4.2.2. Zona Mineralizada
A zona mineralizada é marcada por veios de quartzo que apresentam forma
tabular, boudinados, com espessura variando de 15 cm a 1 m, dispostos em uma
orientação N-S e mergulho em torno de 80°, hospedados em milonitos. Os veios
28
apresentam estrutura bandada resultante de múltiplas injeções de quartzo, englobando
fragmentos da encaixante hidrotermalizada e formando texturas do tipo selvage (Fig.
10).
Figura 10. Veio de quartzo com textura selvage, múltiplas injeções aprisionando fragmentos da
alteração Cálcica, Shaft Tatá.
Os veios de quartzo apresentam-se deformados e intensamente recristalizados. A
recristalização normalmente é intensa por todo o veio, porém, raramente observam-se
algumas porções de quartzo localmente com menor intensidade de recristalização.
Nessas porções a recristalização restringe-se à borda dos cristais de quartzo, sendo
possível observar indícios de uma textura em mosaico ligeiramente preservada (Fig. 11-
A). Já nas porções intensamente recristalizadas, raramente encontram-se cristais de
quartzo preservados e, quando encontrados, apresentam-se extremamente estirados (Fig.
11-B). Esta intensa recristalização possivelmente obliterou quaisquer evidências de
estruturas típicas de bandamento, como sugere a estrutura do veio Tatá observado no
shaft.
A presença de sulfetos nos veios não ultrapassam 5% do volume, sendo que, uma maior
concentração destes é observada na zona de contato entre o milonito e o veio. O ouro,
granular, ocorre na forma livre dispersos pelo veio de quartzo.
29
Figura 11. (A) Fotomicrografia de cristais de quartzo do veio Tatá estirados e apresentando
recristalização nas bordas; (B) Fotomicrografia de ristais de quartzo do veio Otta extremamente
estirados e intensamente recristalizados.
5. Evolução Paragenética do Depósito
O estudo petrográfico das paragêneses hidrotermais revela que os fluidos
hidrotermais apresentam composição similar nos três alvos estudados, diferindo apenas
na intensidade em que ocorrem, sendo, portanto, tratados em conjunto.
As rochas nas zonas de alteração hidrotermal apresentam granulação mais fina
que o protólito, diminuindo a granulação quanto mais intensa for a alteração. As zonas
de alteração apresentam cores variando de cinza azulada à cinza esverdeada nos alvos
Tatá e Otta, e cinza esverdeada no alvo Rato.
O processo de alteração hidrotermal foi dividido em seis fases:
Fase 1: este evento é marcado pela sericitização regional. É a alteração mais
pervasiva, ocorrendo de forma intensa pela extensão dos cinco furos de sondagem. No
metadacito, a sericitização altera os plagioclásios até as zonas distais; já no granodiorito
está ligada principalmente à alteração dos plagioclásios e feldspatos alcalinos, tanto na
zona proximal quanto na distal.
Fase 2: marcada por uma alteração potássica através da formação de biotita (Fig
12-A). No veio Rato esta alteração é descrita até 1,5 metros do veio de quartzo. Nos
veios Tatá e Otta esta alteração ocorre até 80 cm do veio. Observa-se, na região mais
proximal ao veio, a ocorrência de epidotos junto a esta alteração.
Fase 3: é marcada pela substituição da biotita por pirita+muscovita (Fig. 12-B).
Ocorre de forma intensa, porém restrita, não ultrapassando 50 cm de distância do veio,
tanto no Rato, quanto no Tatá e Otta.
Fase 4: compreende uma alteração cálcica, com paragênese principal composta
por tremolita/actinolita+epidoto (Fig. 12-C) e em quantidades acessórias ocorre
clorita+zircão+turmalina+escapolita+titanita. Ocorrendo de forma restrita e intensa,
compõe a base principal dos hidrotermalitos, que formam envelopes com cerca de 30
cm de espessura ao redor dos veios. Em alguns casos, encontra-se biotita ocorrendo
junto com as actinolitas e tremolitas em quantidade acessórias nas bordas dessa
alteração. Os zircões e escapolitas formam fitas a poucos cm do veio. Observa-se a
ocorrência de sulfetos nesta alteração e ouro livre na borda do veio em contato com esta
30
(Fig. 12-D). Selvages, principalmente das alterações potássica e cálcica, são observados
no interior dos veios de quartzo (Fig 13-A).
Fase 5: nesta fase ocorre uma silicificação, que é responsável pela formação do
veio de quartzo principal do Rato, vênulas e micro veios, estes últimos ora leitoso ora
translúcido e cortando principalmente a zona Cálcica. Juntamente com a silicificação
ocorre a sulfetação, caracterizada por pirita, calcopirita e arsenopirita, como sulfetos
mais abundantes e pirrotita e esfalerita como subordinados (Fig 13-B). A sulfetação
ocupa até 4% do volume total nos veios de quartzo.
É possível observar nas esfaleritas, a textura conhecida como “doença da
calcopirita” (Fig 13-C). Segundo Barton and Bethke (1987), essa textura ocorre em
temperaturas do fluido entre 200° e 400°C e sua preservação restringe a ocorrência de
eventos posteriores de maior temperatura.
Fase 6: esta fase é marcada por uma segunda silicificação, que ocorre
preenchendo fraturas no veio de quartzo Rato e formando os veios principais do Tatá e
Otta. É responsável pela deposição de ouro no três veios. Os sulfetos também ocorrem
nesta fase, uma vez que estão presentes no veio Otta e Tatá. O ouro foi observado livre,
anhedral, granular e cor amarelo cobre (Fig 13-D), nos veios Tatá e Otta e na forma de
filetes preenchendo fraturas no veio Rato. Não foi observado ouro disperso pelas
alterações hidrotermais.
31
Figura 12. (A) Fotomicrografia de biotitas produtos da alteração potássica. (B) Fotomicrografia formação
de muscovita+pirita a partir da alteração das biotitas da alteração potássica. (C) Fotomicrografia de
tremolita/actinolitas principais constituintes da altera cálcica preservando alguns cristais de biotitas da
alteração potássica. (D) Fotografia de ouro livre ocorrendo no contato do veio com a alteração cálcica.
32
Figura 13. (A) Fotomicrografia de selvages da alteração potássica e Cálcica no veio do alvo Rato. (B)
Fotomicrografia de assembleia metálica no veio de quartzo pirita, pirrotita, calcopirita e arsenopirita. (C)
Fotomicrografia de esfalerita apresentando textura “doença da calcopirita”. (D) Fotomicrografia de ouro
granular ocorrendo livre no veio de quartzo do Tatá.
6. Inclusões Fluidas
A intensa recristalização que atingiu os veios mineralizados aqui estudados,
como visto anteriormente, dificultou a preservação de inclusões fluidas, principalmente
nos veios Tatá e Otta. Desta maneira, a maior quantidade de inclusões fluidas (IF)
analisadas foram no veio Rato, seguido do Tatá e por último o Otta.
A descrição e classificação petrográfica das IF dos três veios, foi realizada com
base nos critérios de Shepherd et al. (1985), que define inclusões primárias, secundárias
e pseudosecundárias, e pelo conceito de Fluid Inclusion Assemblage (FIA), que são
grupos de inclusões que podem ser definidos, petrograficamente, como os eventos mais
característicos do aprisionamento das inclusões fluidas, onde cada FIA é definida com
base em uma associação petrográfica onde todas as inclusões representam a melhor
resolução temporal para o momento inicial do aprisionamento, em que, todas as
inclusões em um FIA aprisionaram um fluido aproximadamente de mesma composição,
temperatura e pressão (Goldstein and Reynolds, 1994; Goldstein, 2003; Bodnar, 2003a).
33
A salinidade das IF aquo-carbônicas bifásicas foi calculada através da fórmula
de Chen (1972) e Vlahakis et al. 1972 (in Diamond 1992), para o sistema H2O-CO2-
NaCl. A salinidade das IF aquosas bifásicas foi calculada através da fórmula de Hall et
al. (1988), para sistemas H2O-NaCl. Esta última, mesmo sendo para o sistema binário,
pode ser utilizada para outros sistemas, porém, a salinidade é calculada em % peso
equivalente de NaCl (Veloso et al., 2013). A pressão e profundidade do boiling foi
calculado para o sistema H2O-NaCl. A pressão do boiling foi obtida conforme Haas
(1976) e a profundidade do boiling foi obtida de acordo com Haas (1971).
As inclusões secundárias de todos os veios ocorrem alojadas em fraturas que
cortam os cristais de quartzo, porém, na região recristalizada nas bordas dos cristais,
essas inclusões são intensamente deformadas, tornando-se difícil a visualização de
alguma inclusão preservada e fica evidente uma textura de vazamento. Dessa maneira,
conclui-se que essas inclusões secundárias são anteriores a recristalização do veio. Em
todas as FIA’s analisadas observam-se inclusões fluidas apresentando feições típicas de
necking-down.
6.1.Veio Rato
Duas FIA’s foram identificadas neste veio. A FIA 1 representa a presença de
inclusões primárias aquo-carbônicas, bifásicas (LH2O+VCO2) e a FIA 2 representa a
presença de IF secundárias aquosas, bifásicas (LH2O + VH2O).
6.1.1. FIA 1
Ocorrem como nuvens isoladas no interior dos cristais de quartzo (Fig. 14-A).
Apresentam formas variadas, sendo as mais comuns subarredondas e alongadas e, mais
raramente, forma de cristais negativos e apresentam preenchimento heterogêneo,
variando de 10% a 90%, com predomínio acima de 70% (Fig. 14-B). O tamanho das
inclusões ocorre entre 1 e 10 µm, o que dificulta a obtenção de dados
microtermométricos.
A temperatura de fusão do CO2 – Tf (CO2) - variam de -75°C a -56°C, segundo
Shepherd et al. (1985), temperaturas inferiores a -57°C provavelmente são causadas
pela presença de outros voláteis junto ao CO2. As temperaturas de Eutético (Te) não
foram observadas devido ao tamanho das inclusões. A temperatura de fusão do clatrato
– Tf (Cla) - varia no intervalo entre -5,1°C e +1,1°C. A temperatura de homogeneização
total Th (total) ocorre no intervalo entre 220°C e 450°C, com moda em torno de 360°C e
predomínio de homogeneização para o estado líquido. As salinidade calculadas para as
inclusões variam de 12% a 20% peso equiv. NaCl, com moda em torno de 15-17%. Os
dados microtermométricos estão representadas na forma de histogramas na figura 15.
34
Figura 14. (A) Modo de ocorrências das inclusões fluidas aquo-carbônicas; (B) Grau de preenchimento
das IF aquo-carbônicas acima de 50%.
Figura 15. Histogramas de frequência referente às inclusões fluidas (IF) aquo-carbônicas do depósito
Santa Cecília. (A) Salinidade; (B) Temperatura de homogeneização total.
6.1.2. FIA 2
Ocorrem alojadas em microfraturas que atravessam os limites dos cristais de
quartzo intergranulares, porém, na região afetada pela recristalização, essas inclusões
desaparecem, dando lugar a uma textura de vazamento e reaparecem no cristal seguinte,
seguindo alojadas na mesma fratura (Fig. 16-A). Apresentam formas variadas, sendo as
mais comuns subarredondas, alongadas e cristais negativos. O grau de preenchimento é
heterogêneo (Fig. 16-B). O tamanho médio das inclusões ocorre entre 1 e 10 µm e
raramente observa-se inclusões maiores que 10 µm.
Os dados microtermométricos revelaram Te variando de -42°C a -25,1°C. Essas
temperaturas de eutético, segundo Borisenko (1977), sugerem um sistema H2O-NaCl
com variações de KCl, MgCl2 e FeCl2. A temperatura de fusão do gelo – Tf (gelo) -
varia de -2,6°C a -20,8°C, com moda em torno de -9°C. A Th (total) varia de 155°C a
300°, com moda em torno de 240°C. As salinidades variam de 4,34% a 22,91% peso
equiv. NaCl, com moda em torno de 13%. Os dados microtermométricos estão
apresentados na forma de histogramas na figura 17.
35
Figura 16. Inclusões fluidas aquosas secundárias. (A) Trilha de inclusões secundárias atravessando a zona
recristalizada no limite dos grãos de quartzo; (B) Variação na forma e grau de preenchimento das
inclusões.
Figura 17. Histogramas de frequência referente às inclusões fluidas (IF) da FIA 2 do alvo Rato. (A)
Frequência de salinidade; (B) Frequência de temperatura de homogeneização total.
6.2.Veio Tatá
Foram identificadas duas FIA’s no veio mineralizado do veio Tatá. Classificadas
como FIA 3 e 4, ambas apresentam IF bifásicas aquosas (LH2O+VH2O), sendo que, a FIA
3 é marcada apenas por inclusões primárias e a FIA 4 apenas por inclusões
pseusecundárias.
Ambas as FIA’s apresentam características petrográficas semelhantes, diferindo,
apenas, no modo de ocorrência, onde, a FIA 3 ocorre em nuvens isoladas no interior dos
cristais de quartzo. Já a FIA 4 ocorre em forma de trilhas alojadas em microfraturas
restritas aos limites do cristal de quartzo. As duas FIA’s apresentam formas variando
entre subarredondadas, alongadas e raramente sob a forma de cristal negativo. O grau de
preenchimento é heterogêneo, chegando a aproximadamente 80%, com maior
ocorrência de inferiores a 50%, e o tamanho raramente ultrapassa as 10 µm (Fig. 18-A e
B). Todas homogeneízam para líquido.
36
Figura 18. (A) Variação de forma e grau de preenchimento das inclusões primárias do veio Tatá, FIA 3;
(B) Variação de forma e grau de preenchimento das inclusões pseudosecunárias do veio Tatá, FIA 4.
6.2.1. FIA 3
Os dados microtermométricos para a FIA 3 mostram Te variando de -21,2°C a -39°C,
com moda em torno de -22°C, estes dados, assim como os da FIA 2 do veio Rato,
sugerem um sistema H2O-NaCl com variações de KCl, MgCl2 e FeCl2, segundo
Borisenko (1977). A Tf (gelo) varia de -6,5°C a -20,7°C, como moda em torno de -7°C e
a Th (total) de 166°C a 252°C, com moda em torno de 200°C. As salinidades
correspondentes calculadas mostram variação entre 9,86% a 22,85%, como moda de
19% peso equiv. NaCl. Os dados microtermométricos estão apresentados na forma de
histogramas na figura 19.
Figura 19. Histogramas de frequência da FIA 3, do veio Tatá. (A) frequência de salinidade; (B)
frequência de temperatura de homogeneização total.
6.2.2. FIA 4
Apenas alguns poucos dados microtermométricos foram obtidos para esta FIA.
As Te entre -24,6°C a -44,4°C, segundo Borisenko (1977), sugerem um sistema H2O-
NaCl-KCl com variações de MgCl2 e FeCl2. A Tf (gelo) varia de -6,3°C a -20,9° e a Th
(total) de 198°C a 267°C. A salinidade calculada varia de 9,6% a 22,98% peso equiv.
NaCl. Devido à baixa quantidade de dados, não foram confeccionados histogramas de
frequência.
37
6.3.Veio Otta
6.3.1. FIA 5
Esta FIA é representada por IF primárias, bifásicas aquosas (LH2O+VH2O) e
apresenta muitas semelhanças petrográficas com as demais FIA’s aquosas. O modo de
ocorrência é em forma de nuvens isoladas no interior dos cristais de quartzo (Fig. 20-A)
e as inclusões apresentam formas subarredondadas, alongadas e raramente sob a forma
de cristal negativo. O grau de preenchimento é heterogêneo, varia de 10% a 80%, com
predomínio de inferiores a 50%, já o tamanho, raramente ultrapassam as 10 µm (Fig.
20-B).
Figura 20. (A) modo de ocorrências das inclusões primárias do veio Otta; (B) variação no grau de
preenchimento e forma das inclusões do veio Otta, FIA 5.
Os dados obtidos mostram Te variando de -22°C a -24,7°C e a Tf (gelo) variando
de -0,8°C a -7°C, esta última, com moda em torno de -5°C. A Te sugere um sistema
H2O-NaCl com variação de KCl. A Th (total) varia de 185°C a 290°C, com moda em
torno de 200°C e a salinidade calculada varia de 1,4% a 10,49%, com moda em torno de
9% peso equiv. NaCl. Estes dados podem ser melhor observados nos histogramas de
frequência da figura 21.
Figura 21. Histogramas de frequência dos dados microtermométricos da FIA 5, veio Otta. (A) frequência
de salinidade; (B) frequência de temperatura de homogeneização total.
38
7. Isótopos de Oxigênio
As amostras para análises de isótopos estáveis de oxigênio foram selecionadas a
partir fragmentos de quartzo dos veios do Rato, Tatá e Otta. Os valores de δ18O foram
medidos em relação ao padrão V-SMOW e os valores são 13,27‰, 12,46‰ e 13,70‰
para os veios do Rato, Tatá e Otta, respectivamente. O valores dos isótopos de Oxigênio
para o fluido em equilíbrio com o quartzo foram calculados a partir das temperaturas de
homogeneização mínima (Th min), máxima (Th max) e a moda (Th moda) segundo a
equação de Matsuhisa et al. (1979). Os resultados obtidos indicam valores de δ18O de
+3,07‰ (Th min), +10,07‰ (Th max) e +8,27‰ (Th moda) para o veio do Rato; -
1,64‰ (Th min), +3,56‰ (Th max) e +0,76‰ (Th moda) para o veio Tatá; e +1‰ (Th
min), +7,8‰ (Th max) e +2‰ (Th moda) para o veio Otta.
8. Geocronologia
As análises geocronológicas U-Pb em zircão pelo método ICP-MS-LA, foram
realizadas nos laboratórios do Departamento de Geologia da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (Degeo/UERJ). Os zircões foram coletados de amostras do granodiorito
(Fig. 22) e do dacito (Fig. 23). A idade de cristalização obtida para o granodiorito foi
1816.1±9,2 Ma, a concórdia pode ser observada na figura 24. A idade de cristalização
obtida para o metadacito foi 1895.9±8.9 Ma, a concórdia pode ser observada na figura
25.
Figura 22. (A) e (B) imagens de catodoluminescência dos zircões da amostra do granodiorito.
39
Figura 23. Imagens de catodoluminescência dos zircões da amostra do metadacito.
40
Figura 24. Diagrama com os dados U-Pb em zircões da amostra do granodioritos.
Figura 25. Diagrama com os dados U-Pb em zircões da amostra do metadacito.
41
9. Discussão e Conclusão
O depósito Santa Cecília é formado por veios de quartzo mineralizados a ouro,
hospedados em granodiorito e metadacito, localmente milonitizados.
Esta associação de rochas hospedeiras compreendem rochas plutônicas e
vulcânicas de composição similar, porém, de idades muito distintas. Dados
geocronológicos U-Pb em zircão por LA-ICP-MS mostram idade de cristalização de
1816±9.2 Ma para o granodiorito, hospedeiro dos veios Otta e Tatá. Esta idade se insere
no intervalo proposto para a evolução da Suíte Paranaíta, 1.79-1.81 Ga (Santos et al.,
2000) e, portanto, sugere-se a continuidade desta unidade mais para leste do que
anteriormente proposto por Lacerda Filho et al., (2004).
Já, a idade de cristalização de 1895±8.9 Ma obtida para o metadacito hospedeiro
do veio Rato, é mais antiga do que as idades obtidas por Santos et al. (2000) de 1859±5
Ma para zircões detríticos de xistos miloníticos da unidade metassedimentar do Grupo
São Marcelo-Cabeça. Por outro lado, esta idade de cristalização do metadacito encontra
similaridade com a idade de rochas vulcânicas da Formação Moraes de Almeida,
1890±6 Ma (Lamarão et al 2002) que ocorrem mais ao norte na Província Tapajós-
Parima de Santos et al. (2000). Desta maneira, sugere-se que o dacito aqui descrito
represente a porção vulcânica/subvulcânica da sequência São Marcelo-Cabeça, a qual,
por sua vez, deve constituir parte da Província Tapajós-Parima em sua extensão sul.
Os três veios mineralizados do depósito Santa Cecília correspondem a um
sistema único que encerra a mineralização. Ocorrem como veios de quartzo tabulares,
variando de poucos cm a 1 m de espessura, estendendo-se na forma de boudins pouco
deformados, porém, por vezes, o quartzo ocorre intensamente recristalizado. Dobras
intrafoliais centimétricas são observadas nas vênulas e micro vênulas. As múltiplas
injeções de quartzo causaram o bandamento dos veios, aprisionando fragmentos
oriundos das encaixantes hidrotermalizadas, formando uma textura do tipo selvage.
Porém, a recristalização que ocorre no veio possivelmente obliterou texturas de veios de
quartzo típicas de bandamento.
A alteração hidrotermal é dividida em 6 fases, sendo, sericitização regional,
alteração potássica, muscovita+pirita (fílica), cálcica, silicificação 1 e silicificação 2,
respectivamente. Todas as alterações são intensas e pouco pervasivas, não ultrapassando
dois metros de espessura no entorno dos veios, com exceção da sericítica regional. Os
sulfetos ocupam menos de 5% do volume dos veios e são formados por uma assembleia
reduzida, composta por pirita, pirrotita, arsenopirita, calcopirita e esfalerita. A
silicificação 1 é responsável pela formação do veio Rato, já a silicificação 2, é
responsável pela formação dos veios Tatá e Otta e pela deposição de quartzo em fraturas
no veio Rato. Características como a zona de alteração hidrotermal pouco espessa,
formando envelopes restrito ao entorno dos veios e uma assembleia reduzida de
sulfetos, composta principalmente por pirita, pirrotita e arsenopirita, são compatíveis
com as descritas para os modelos intrusion-related gold systems (Lang and Baker, 2001;
Hart, 2005; Hart, 2007).
As características petrográficas e os dados microtermométricos das inclusões
fluidas estudadas, mostraram que o sistema de fluidos associado à deposição dos veios
de quartzo do depósito aurífero Santa Cecília é composto por um fluido aquo-carbônico
de salinidade média a alta, representado pela FIA 1 e, um fluido aquoso de salinidade
variável, de baixa a alta, pertencente ao sistema H2O-NaCl (±KCl±MgCl2±FeCl2),
representado pelas FIA’s 2, 3 e 5. Estas últimas, apesar de serem classificadas como
42
FIA’s distintas e ocorrerem em veios distintos, apresentam características petrográficas
e microtermométricas semelhantes, desta maneira são consideradas como um único
fluido.
As inclusões de ambos os fluidos apresentam grau de preenchimento
inconsistentes e sugerem aprisionamento heterogêneo. Segundo Ramboz et al., (1982) e
Shepherd et al., (1985), o aprisionamento heterogêneo pode resultar tanto de fenômenos
de imiscibilidade quanto de boiling. Neste trabalho, sugere-se que o fluido tenha sido
submetido ao processo de boiling, uma vez que as características petrográficas acima
mencionadas juntamente com os dados microtermométricos que demonstram o
decaimento da temperatura com o consequente aumento da salinidade (Fig. 26) são,
segundo Wilkinson (2001), sugestivos atuação deste processo.
O fluido aquo-carbônico ocorre apenas como inclusões primárias no veio Rato,
ou seja, possivelmente é o fluido contemporâneo à deposição do quartzo estéril do veio
principal. Neste veio, a mineralização aurífera ocorre preenchendo fraturas no veio
principal, e assim as inclusões aquosas secundárias, FIA 2, que ocorrem nas mesmas
fraturas em que o ouro encontra-se depositado, seriam resquícios de um fluido com
composição que mais se aproximaria do fluido que transportou e depositou ouro. Além
disto, segundo Baker e Lang (2001), apesar de ser difícil restringir o tempo preciso dos
diferentes tipos de inclusões relativo ao evento de deposição do ouro, geralmente,
ocorre um evento de quartzo precoce na paragênese, formando o veio principal e
posteriormente uma fase com sulfetos e ouro comumente ocorrendo em fraturas que
cortam o veio de quartzo principal, o que pelo menos em parte é similar ao que ocorre
no veio Rato.
Já nos veio do Tatá e Otta, onde a mineralização ocorre disseminada no veio
principal, sugere-se que o fluido que origina as inclusões primárias representem a
composição que melhor se aproximariam da condição de deposição do fluido
mineralizante. Como dito anteriormente, as inclusões primárias nestes veios, FIA 3 e 5
respectivamente, são consideradas como o mesmo fluido da FIA 2, desta maneira, as
FIA’s 2, 3 e 5 representam a composição que estaria mais próxima do fluido
mineralizante.
A evolução deste sistema possivelmente ocorreu através da entrada de um fluido
inicialmente aquo-carbônico, de temperatura entre 300° e 400°C e salinidade média a
moderada (15% - 20%), possivelmente de origem magmática, selando o veio Rato.
Segundo Webster and Holloway (1988) Fogel and Rutherford (1990) Blank et al.,
(1993) neste sistema é comum ocorrer um fluido inicial rico em CO2, uma vez que o
CO2 irá se dissolver em pressões mais elevadas do que os fluidos ricos em água, devido
a sua menor solubilidade em fusões félsicas. Este fluido aquo-carbônico evolui por
separação de fases e por evolução sequencial, liberando o CO2 e, possivelmente,
diminuindo ligeiramente a salinidade. Assim, origina um fluido aquoso, o qual sofre
mistura com um fluido meteórico, diminuindo ainda mais a salinidade e a temperatura.
Apesar de o fluido evoluído ser aqui considerado aquoso, este poderia ainda apresentar
quantidades baixas de CO2 que não são revelados na espectrometria Raman, dado o
limite de detecção do método, o que o classificaria como aquo-carbônico, e
consequentemente apresentar salinidades distintas da obtida pelo sistema aquoso
(Bodnar, 2003). A evolução sequencial, representada pelas inclusões de salinidade
moderada da FIA 2, seguida de mistura com fluido meteórico, representado pelas
inclusões de salinidade baixa da FIA 2 e 5, evoluiria por um processo de boiling. Neste
processo, os membros iniciais (fluido evoluído e misturado), de salinidade variando
entre 1 e 8%, sofrem uma diminuição de temperatura e um aumento de salinidade,
podendo chegar, em seu membro final, em torno de 22 wt% NaCl. As inclusões de
43
salinidades intermediárias (8 – 18%), onde há a maior concentração de inclusões fluidas
e onde as FIA’s 2, 3 e 5 se sobrepõem, são as inclusões que melhor representam este
processo de boiling. Os processos de mistura de fluidos e boiling, possivelmente foram
os responsáveis pela deposição do minério, uma vez que, um ou ambos os processos são
frequentemente citados como a causa principal, ou uma das causas, da deposição do
minério em depósitos hidrotermais (Wilkinson, 2001).
Figura 26. A figura mostra a evolução dos fluidos em um gráfico de salinidade vs temperatura de
homogeneização. A área retangular mostra as inclusões fluidas resultantes da misturas de fluidos, sendo o
membro inicial da mistura e com características que mais se aproximam de um fluido meteórico. A área
elipsoidal marca a principal variação de salinidade e temperatura que representa o processo de boiling
observado nas FIA’s 2, 3 e 5.
Os valores calculados de δ18O do fluido para os veios do depósito Santa Cecília
variam de +3,07‰ a +10,07‰ para o veio Rato; +7‰ a +7,8‰ para o veio Tatá e, -
1,64‰ a +3,56‰ para o veio Otta. Segundo Taylor (1974) e Taylor (1997) os valores
para água magmática variam entre +5 e +10‰ e os valores para água metamórfica entre
+5 e +25‰. Desta maneira, os valores calculados para o 3 veios que ocorrem entre o
intervalo de +5 a +10‰ poderiam representar tanto água metamórfica quanto
magmática. Entretanto, os valores que ocorrem inferiores a +5‰ são característicos de
mistura com fluido meteóricos, sugerindo que o fluido, inicialmente magmático, possa
ter se misturado com um fluido meteórico, registrado pelos valores mais leves de δ18O.
(-1,64 a +3,56‰). Não existe na região estudada o registro de evento de metamorfismo
regional de grande significância que poderia ter contribuído para a geração fluidos
responsáveis pela formação dos veios. Portanto, os dados de isótopos de oxigênio vêm
corroborar a sugestão de evolução do sistema fluídos a partir da mistura de fluido
magmático e meteórico proposto através dos dados de inclusões fluidas.
A pressão do fluido H2O-NaCl durante o boiling foi calculada com base em
Haas (1976), utilizando temperatura de homogeneização e salinidade. Para o cálculo
foram utilizadas as modas de temperatura de homogeneização e salinidade ou os valores
das tabelas padrões que mais se aproximam da moda de salinidade. Desta maneira a
pressão hidrostática, que em sistemas de boiling é similar a pressão litostática (Roedder
and Bodnar, 1980), calculada para a deposição de quartzo do veio Rato é de
aproximadamente 30 bares, a do veio Tatá é de aproximadamente 13 bares e a do veio
Otta é de aproximadamente 14 bares.
44
A profundidade de aprisionamento foi calculada com base em Haas (1971), o
qual utiliza a relação entre temperatura de homogeneização (boiling) e diferentes
salinidades. As profundidades calculadas para o boiling nos veios estudados variam de
100 a 300 metros abaixo do nível freático da época e os resultados individuais estão
plotados no diagrama da Figura (27).
Figura 27. Estimativa de profundidade do boiling em soluções NaCl, através da temperatura de
homogeneização (boiling) e salinidade, utilizando as curvas proposta por Haas 1971 com constante
salinidade (modificado de Haas, 1971).
Analisando a evolução do sistema de fluidos e os dados de pressão e profundidade do
boiling, é possível que o fluido percolou os três veios em um mesmo momento, porém,
em diferentes profundidades, uma vez que o boiling no veio Rato ocorreu em porções
ligeiramente mais profundas da crosta. Levando em consideração que nos dias atuais os
três veios encontram-se aproximadamente na mesma profundidade, é possível que uma
falha tenha alçado o veio Rato a porções relativamente paralelas aos veios Tatá e Otta.
O depósito Santa Cecília apresenta características similares a depósitos do tipo
intrusion-related gold Systems (IRGS). Encontra-se hospedado em corpos graníticos de
45
pequenas dimensões, essa característica é comum com o modelo IRGS, que comumente
encontra-se hospedados em pequenos stocks de corpos graníticos, normalmente
granodioritos félsicos (Hart, 2005; Hart and Goldfarb, 2005; Hart, 2007);
Os depósitos IRGS normalmente são controlados por fraturas e apresentam
alteração hidrotermal pouco pervasiva, formando pequenos envelopes de alteração ao
redor dos veios de quartzo mineralizados, formada principalmente por alterações
potássica, sericítica, silicosa e cálcio-silicatada. Os sulfetos correspondem a quantidades
inferiores a 5% do volume total do veio e são normalmente formados por uma
assembleia reduzida, composta por pirita+pirrotita+arsenopirita (Lang and Baker, 2001;
Hart, 2005; Hart, 2007). O depósito Santa Cecília apresenta características semelhantes,
sendo controlado por zona de cisalhamento, com zonas de alterações hidrotermais
pouco pervasivas e formadas por sericítica, potássica, fílica, cálcica e silicosa. Os
sulfetos ocupam cerca de 4% do volume do veio e são formados por
pirita+pirrotita+arsenopirita+calcopirita+esfalerita.
Quanto ao fluido para o depósito IRGS normalmente apresentam temperaturas
que variam de 200° a 600°C, com composição variada, relacionada a interação fluido-
rocha. Quantidades de CO2 e salinidade podem variar de acordo com a profundidade do
depósito (Lang and Baker, 2001; Hart and Goldfarb, 2005; Hart 2007). O depósito aqui
estudado apresenta um fluido inicialmente com quantidade significantes de CO2 que,
posteriormente, evolui para um fluido aquoso, perdendo (ou diminuindo) o CO2 através
de separação de fases, injeção sequencial. A salinidade e temperatura inicialmente
moderadas a altas, diminuem devido a mistura com um fluido menos salino e mais frio,
possivelmente meteórico, o que é corroborado pelos dados dos isótopos de oxigênio.
Uma outra possibilidade de modelo para o depósito de Santa Cecília, são os
depósitos tipo porfirítico, porém, o depósito estudado apresenta algumas características
que não se assemelham com as principais características descritas pelos principais
autores (Sillitoe, 1991; Seedorf et al., 2005; Tosdal et al., 2009). Algumas dessas
características são (1) o depósito estudado apresenta ausência de zonas de alteração
hidrotermal extensas; (2) ausência de veios multidirecionais (stockworks), uma vez que
os veios do depósito estudado são estruturalmente controlados; (3) ausência de fluidos
oxidados, uma vez que a assembleia de sulfetos do depósito Santa Cecília é reduzida e
ausência de óxidos de ferro; (4) em depósito tipo pórfiro é comum o ouro ocorrer
disseminado na alteração potássica, a qual, no depósito estudado, não apresenta relação
com a mineralização. Portanto, sugerimos que o depósito Santa Cecília não apresenta
características importantes encontradas na maioria dos depósitos tipo pórfiros.
Através dos dados de inclusões fluidas e isótopos de oxigênio, conclui-se que
possilvemente trata-se de um fluido inicialmente magmático, rico em CO2, que evoluiu
para um fluido aquoso, provavelmente através dos processos de injeção sequêncial e
mistura com um fluido provavelmente meteórico.
Desta maneira, os autores com base em localização e composição da hospedeira,
tamanho e composição das zonas de alteração hidrotermal, assembleia de sulfetos e,
principalmente, dados de composição e evolução dos fluidos presentes no depósito
Santa Cecília, sugerem que as características do depósito aqui estudado se assemelham
aos depósitos do tipo IRGS. Porém, pesquisas posteriores fazem-se necessárias para
uma melhor classificação. Uma característica importante para uma melhor definição do
modelo de depósito é a determinação do estado de oxidação da hospedeira, uma vez que
depósitos IGRS estão associados, normalmente, a intrusões félsicas reduzidas.
46
10. Referências
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15
ANEXO I
Tabela dos dados geocronológicos das análises U-Pb dos zircões do granodiorito
Isotope
ratiosc Ages
(Ma) Spot
number Pb Th U 207Pb/ 1 s 206Pb/ 1 s 207Pb/ 1 s 206Pb/ 1 s 207Pb/ 1 s 207Pb/ 1 s %
ƒ 206a ppm ppm ppm Th/Ub 235U [%] 238U [%] Rhod 206Pbe [%] 238U abs 235U abs 206Pb abs Concf SCD
15 /
001A 0,00295 38,5341
3 62,0094
4 97,2477
6 0,63764
4 5,60659 9,49467
1 0,35998
3 9,18093
5 0,96695
7 0,11295
8 2,42058
2 1982,09
1 181,974
5 1917,11
2 182,023
5 1847,53
7 44,7211
5 107,282
9 SCD
15 /
002A 0,00465 44,7550
5 89,6854
4 109,534
3 0,81878
9 5,63924
3 4,47102
5 0,35842
8 2,57399
4 0,57570
5 0,11410
8 3,65576
5 1974,71
8 50,8291
1 1922,11
8 85,9383
8 1865,84
9 68,2110
7 105,834
8 SCD
15 /
003A 0,00125
9 45,4830
6 104,985
6 112,731
7 0,93128
8 5,26411
6 4,58527
5 0,34524 4,41441
4 0,96273
7 0,11058
7 1,24003
9 1911,83
1 84,3961
1 1863,06
3 85,4265
5 1809,07
4 22,4332
2 105,680
1 SCD 15 /
004A 0,00134
7 57,7593
3 93,8542
9 141,246
9 0,66447 6,00933
3 5,02424
9 0,39312
6 4,90595
7 0,97645
6 0,11086
5 1,08381
9 2137,30
9 104,855
5 1977,19
7 99,3393 1813,63
7 19,6565
4 117,846
6 SCD 15 /
005A 0,00178
7 65,2972 120,852
1 170,744
8 0,70779
4 5,27652
6 4,94273
5 0,34184
2 4,80802
7 0,97274
6 0,11194
9 1,14608
2 1895,52
5 91,1373
7 1865,07
2 92,1855
9 1831,3 20,9881
9 103,507
1 SCD
15 / 006A
0,000567
70,42608
182,0799
174,8707
1,041226 4,94534
2,085614
0,324541
1,789408
0,857976
0,110516
1,071357
1811,865
32,42166 1810,03
37,75023
1807,917
19,36924
100,2184
SCD
15 / 007A
0,000255
158,3984
239,5224
439,5681
0,544904
5,074789
6,145264
0,332168
6,074717 0,98852
0,110805
0,928484 1848,88
112,3142
1831,901
112,5751
1812,658
16,83024
101,9983
SCD
15 /
008A 0,00291
3 90,7683 150,528
2 243,142
4 0,61909
5 5,39342 4,90401
3 0,34687 2,76445
2 0,56371
2 0,11277
1 4,05057
4 1919,63
5 53,0674 1883,80
9 92,3822
4 1844,53
8 74,7143
9 104,071
3 SCD
15 /
009A 0,00187
1 76,8572
1 109,390
4 217,573
8 0,50277
4 5,21366
6 3,30554
3 0,33926 2,67301
2 0,80864
5 0,11145
8 1,94463
9 1883,10
6 50,3356
5 1854,85
2 61,3129
3 1823,32 35,4569
9 103,279 SCD 15 /
001B 0,00125
5 153,521
5 133,782 438,183
3 0,30531
1 5,25027
1 6,93588
7 0,34367
4 6,44264
2 0,92888
5 0,11079
9 2,56883 1904,31
9 122,688
5 1860,81
6 129,064
1 1812,55
2 46,5613
8 105,062
9 SCD 15 /
002B 0,00087
2 182,569 178,377
7 536,630
9 0,33240
3 4,52228
8 18,6058
2 0,29378
4 18,4302
9 0,99056
6 0,11164
2 2,54973
2 1660,40
9 306,018
2 1735,07
9 322,825
7 1826,32
5 46,5663
9 90,9153
4 SCD 0,00663 18,0034 32,0499 46,4128 0,69054 5,24902 4,79218 0,34056 3,43610 0,71702 0,11178 3,34039 1889,38 64,9211 1860,61 89,1640 1828,61 61,0830 103,323
16
15 /
003B 7 5 3 1 4 5 4 1 2 4 6 3 1 4 4 6 3 1
SCD
15 /
004B 0,00319
1 22,2386
6 46,9870
2 55,7037
8 0,84351
6 5,54909
8 5,03810
6 0,36088
8 4,09127
9 0,81206
7 0,11151
9 2,94006 1986,38
1 81,2684 1908,23
7 96,1390
1 1824,31
7 53,6360
2 108,883
6 SCD 15 /
005B 0,00153
6 25,3235
3 85,4447
6 251,774
4 0,33937 0,86851
5 6,17733 0,10425
8 3,62977
8 0,58759
7 0,06041
8 4,99841
2 639,313
7 23,2056
7 634,760
6 39,2112
6 618,581
3 30,9192
4 103,351
6 SCD 15 /
006B 0,00269
4 22,5817
7 128,417
8 187,122
9 0,68627
6 0,9319 5,97095
3 0,11116
8 3,45347
4 0,57837
9 0,06079
8 4,87091
4 679,526
8 23,4672
8 668,633
9 39,9238
2 632,093
3 30,7887
2 107,504
2 SCD
15 / 007B
0,001713
31,03444
55,07827 82,5195
0,667458
5,110288 3,53505
0,335065
2,112669
0,597635
0,110615
2,834291
1862,883
39,35655
1837,817
64,96773
1809,547
51,28782
102,9475
SCD
15 / 008B 0,00149
57,73414
53,61933
152,1264
0,352466
5,362085
4,651208
0,346706
3,847433 0,82719
0,112168
2,613618
1918,852
73,82654 1878,82
87,38784
1834,843
47,95579
104,5786
SCD
15 / 009B
0,001696
80,64974
111,6313 225,257
0,495573
4,702233 4,11857
0,308396
3,183894
0,773058
0,110584
2,612555
1732,808
55,17078
1767,638
72,80139
1809,039
47,26214
95,78612
SCD
15 /
001C 0,02702
6 39,6649 69,6306
5 98,4827
8 0,70703
4 5,80184
9 4,11443
7 0,32222
2 1,82915
5 0,44457 0,13059 3,68548
3 1800,57 32,9352
1 1946,68
7 80,0952 2105,91
6 77,6131
7 85,5005
4 SCD
15 /
002C 0,00295
5 100,824
9 45,5866 303,939
5 0,14998
6 4,89177
2 12,6667
6 0,32022
8 12,3840
7 0,97768
3 0,11079
1 2,66113
1 1790,84
3 221,779
2 1800,83
9 228,107
9 1812,43
3 48,2312
2 98,8088
1 SCD 15 /
003C 0,00174
8 16,4835
5 75,1511
4 154,733
4 0,48568
2 0,84092
2 6,51964
9 0,10151
6 3,18041
4 0,48782 0,06007
9 5,69129 623,285
2 19,8230
5 619,654 40,3992
7 606,413 34,5127
2 102,782
3 SCD 15 /
004C 0,00162
9 150,921
7 202,301
8 377,364
5 0,53609
1 5,73397
4 4,12858
8 0,37237
1 3,12159
5 0,75609
3 0,11168
1 2,70201
4 2040,54
6 63,6975
8 1936,50
4 79,9502
4 1826,94
9 49,3644
2 111,691
4 SCD
15 / 005C
0,001769
28,31623 41,0458
71,70575 0,57242
4,892117
4,221037
0,320873 2,94501
0,697698
0,110576
3,023917
1793,992
52,83325
1800,899
76,01661
1808,904
54,69977
99,17563
SCD
15 / 006C
0,001504
71,02482
167,3149
165,1038
1,013392
5,856105
4,826259
0,381662
3,927898 0,81386
0,111283
2,804353
2084,044 81,8591
1954,754 94,3415
1820,473
51,05248
114,4781
SCD
15 / 007C
0,000169
237,0528
259,8137
703,3577 0,36939
5,033311
5,084583 0,3292
4,349807
0,855489 0,11089
2,632901
1834,503
79,79734
1824,944
92,79078
1814,052
47,76219
101,1274
SCD
15 /
008C 0,00144
2 22,6049
1 84,3474
8 215,543
3 0,39132
5 0,87800
8 6,45093
5 0,10578
6 3,63420
7 0,56336
1 0,06019
6 5,32983
2 648,228
8 23,5579
7 639,906
4 41,2799
5 610,632
7 32,5457 106,156
9 SCD 0,01376 40,8352 63,9871 96,7252 0,66153 5,78154 8,32105 0,35631 7,31395 0,87896 0,11768 3,96814 1964,67 143,695 1943,65 161,732 1921,32 76,2408 102,256
17
15 /
009C 8 7 6 8 5 7 8 3 9 2 3 2 2 4 4 2 2
18
ANEXO II Tabela dos dados geocronológicos das análises U-Pb dos zircões do metadacito.
Isotope ratiosc
Ages (Ma)
Spot
number Pb Th U 207Pb
/ 1 s 206Pb/ 1 s 207Pb/ 1 s 206Pb/ 1 s 207Pb/ 1 s 207Pb/ 1 s %
ƒ 206ª Ppm ppm Ppm Th/Ub 235U [%] 238U [%] Rhod 206Pbe [%] 238U abs 235U abs 206Pb abs Concf SCD42/00
1A 0,00221
18 87,6941
02 149,764
93 223,049
38 0,67144
29 6,3497
2 4,0505
33 0,3911
07 3,7960
40 0,93717
05 0,11774
92 1,41311
69 2127,96
04 80,7782
34 2025,34
69 82,0373
57 1922,34
27 27,1649
5 110,696
2 SCD42/00
2A 0,00188
33 44,3164
22 50,9896
39 113,759
84 0,44822
18 5,9199
9 4,6355
64 0,3703
28 4,5130
38 0,97356
83 0,11594 1,05874
49 2030,94
39 91,6572
81 1964,17
22 91,0504
68 1894,53
95 20,0583
41 107,199
87 SCD42/003A
0,0159056
27,608632
10,521084
97,537994
0,1078665
4,69132
9,408819
0,251152
8,245479
0,8763564
0,1354745
4,5318819
1444,4142
119,09887
1765,6934
166,13091
2170,1294
98,347699
66,558897
SCD42/00
4A 0,00099
06 56,6377
65 89,3211
14 128,275
51 0,69632
24 6,6001
6 3,1399
86 0,3967
11 2,9593
67 0,94247
77 0,12066
43 1,04960
03 2153,87
82 63,7411
75 2059,36
9 64,6639
17 1966,06
9 20,6358
66 109,552
52 SCD42/005A
0,0035498
57,167468
143,26886
123,26761
1,1622587
6,82166
5,759438
0,421225
5,345484
0,9281261
0,1174559
2,1440429
2266,0384
121,13074
2088,5386
120,28809
1917,8704
41,119963
118,15389
SCD42/00
6A 0,01308
82 53,3759
51 111,156
23 105,759
85 1,05102
48 6,7582
1 8,5435
70 0,4220
90 8,4881
20 0,99350
98 0,11612
47 0,97180
42 2269,96
48 192,677
34 2080,26
84 177,729
19 1897,40
2 18,4390
33 119,635
42 SCD42/007A
0,0014332
46,732389
54,750387
116,87245
0,4684627
5,64210
9,107095
0,358436
8,788742
0,9650434
0,1141637
2,3868809
1974,7561
173,55622
1922,5551
175,08893
1866,7233
44,556463
105,7873
SCD42/00
8A 0,00152
99 50,0074
15 73,8623
12 123,763
06 0,59680
42 5,1843
3 9,3733
10 0,3223
28 9,3029
59 0,99249
46 0,11665
22 1,14624
96 1801,09
2 167,554
86 1850,04
78 173,410
72 1905,54
57 21,8423
09 94,5184
38 SCD42/009A
0,0019643
24,678995
45,736184
62,915171 0,72695
5,72650
4,475872
0,356645
4,200917
0,9385695
0,1164533
1,5445805
1966,2534
82,600678
1935,3766
86,624989 1902,48
29,385336
103,35212
SCD42/00
1B 0,00369
69 33,6788
44 76,2581
11 80,4466
66 0,94793
38 5,4254
6 3,8098
11 0,3533
94 3,4773
68 0,91274
04 0,11134
62 1,55646
04 1950,78
84 67,8361
02 1888,88
52 71,9629
62 1821,50
46 28,3509
98 107,097
63 SCD42/002B
0,0035796
27,403657
34,515041
66,212483
0,521277
5,72555
2,473579
0,364385
2,253131
0,9108792
0,1139607
1,0207799
2002,9283
45,128617
1935,2335
47,869536
1863,5114
19,022349
107,48141
SCD42/00
3B 0,00251
94 41,1330
04 89,2419
5 95,8568
43 0,93099
2 5,8276
5 3,5248
78 0,3663
52 3,3134
84 0,94002
8 0,11537
01 1,20232
63 2012,21
43 66,6744
1 1950,53
13 68,7538
57 1885,67
12 22,6719
2 106,710
77 SCD42/004B
0,0023817
95,825417
144,45109
224,08399
0,6446292
6,08890
3,927443
0,380879
3,702707
0,9427779
0,1159446
1,3094935
2080,3903
77,030763
1988,6589
78,103461
1894,6097
24,809789
109,80575
SCD42/00
5B 0,00674
40 11,3571
45 18,2896
61 38,3655
15 0,47672
14 4,7393
4 6,1782
40 0,2992
62 5,8626
55 0,94891
99 0,11485
91 1,94934
09 1687,64
89 98,9410
31 1774,22
5 109,615
89 1877,67
55 36,6022
95 89,8796
88 SCD42/006B
0,0141005
17,047093
33,405153
52,822106
0,6324086
5,45934
7,005559
0,331666
6,565458
0,9371783
0,1193818
2,4438938
1846,4537
121,22815
1894,2261
132,70114
1946,9905
47,582379
94,836295
SCD42/00
7B 0,00546
57 25,8670
12 38,7602
6 70,7092
08 0,54816
43 5,9717
7 3,9273
95 0,3737
41 3,7081
21 0,94416
82 0,11588
62 1,29393
41 2046,97
92 75,9044
84 1971,74
2 77,4381 1893,70
36 24,5032
76 108,093
96 SCD42/008B
0,0032170
49,594130
87,528858
121,68505
0,7193066
6,24429
6,516432
0,388030
6,222630
0,9549136
0,1167123
1,9346234
2113,688
131,52698
2010,6765
131,02438
1906,4711
36,883036
110,86913
19
SCD42/00
9B 0,00977
17 31,6085
15 34,9300
41 68,2513
41 0,51178
54 8,7712
2 4,6417
35 0,4422
20 2,0051
81 0,43198
95 0,14385
33 4,18628
24 2360,57
38 47,3337
8 2314,50
65 107,433
28 2274,10
86 95,2006
08 103,802
16 SCD42/00
1C 0,03917
19 2,87413
21 6,16959
96 8,77895
31 0,70277
17 3,2873
0 8,9981
32 0,1983
22 8,0451
85 0,89409
5 0,12021
74 4,03005
92 1166,30
01 93,8310
09 1478,05
03 132,996
93 1959,44
92 78,9669
63 59,5218
33 SCD42/00
2C 0,00178
13 75,4159
16 268,230
97 179,214
6 1,49670
27 6,6817
9 8,1425
00 0,4233
85 8,1005
32 0,99484
58 0,11446
06 0,82564
5 2275,82
94 184,354
29 2070,21
68 168,567
41 1871,40
91 15,4511
96 121,610
47 SCD42/00
3C 0,00497
03 30,4261
22 88,1455
24 110,030
56 0,80110
04 4,3723
1 7,0694
91 0,2694
20 6,9227
27 0,97923
97 0,11770
08 1,43302
7 1537,86
05 106,461
88 1707,12
19 120,684
85 1921,60
52 27,5371
21 80,0299
93 SCD42/00
4C 0,00429
68 16,8220
38 34,1704
86 43,5704
94 0,78425
75 5,6757
6 3,4244
76 0,3709
15 2,6058
96 0,76096
22 0,11098
1 2,22178
72 2033,70
44 52,9962
4 1927,68
78 66,0132
11 1815,54
06 40,3374
49 112,016
46 SCD42/00
5C 0,00588
66 17,4232
35 45,2851
32 52,2110
87 0,86734
7 3,9162
1 6,1357
12 0,2557
19 5,9421
21 0,96844
85 0,11107
1 1,52910
44 1467,90
7 87,2248
22 1617,03
74 99,2167
74 1817,01
37 27,7840
36 80,7867
88 SCD42/006C
0,0121643
8,4710265
12,988851
21,933598
0,5921897
6,04407
4,355258
0,388749
3,800428
0,8726068
0,1127608 2,12721
2117,0283
80,456136
1982,2171
86,330673
1844,3797
39,233829
114,78267
SCD42/00
7C 0,01735
86 8,17677
91 14,8522
09 39,7394
55 0,37373
96 4,5461
9 4,0544
53 0,2825
67 3,6139
38 0,89135
02 0,11668
75 1,83794
59 1604,28
07 57,9777
14 1739,46
49 70,5257
96 1906,08
96 35,0328
95 84,1660
73 SCD42/008C
0,0051531
23,407393
38,459046
76,551313
0,5023956
5,39278
7,268506
0,338787
7,205283
0,9913017
0,1154473
0,9566014
1880,8357
135,51954
1883,7076
136,91741
1886,8754
18,049877
99,679908
SCD42/00
9C 0,00341
96 32,2209
54 169,695
39 75,6488
17 2,24319
96 4,3036
8 6,5928
41 0,2517
85 6,5087
17 0,98724
01 0,12396
75 1,04983
63 1447,67
83 94,2252
84 1694,06
63 111,687
1 2014,09
91 21,1447
44 71,8772
13 SCD42/001D
0,0022714
36,653270
42,751007
95,09765
0,4495485
5,96130
3,563680
0,375125
3,262465
0,9154766
0,115256
1,4339227
2053,4733
66,993867
1970,2159
70,212199
1883,8897
27,013521
109,00178
SCD42/00
2D 0,00795
93 25,7453
09 35,4991
86 82,4289
51 0,43066
41 5,0566
1 4,6435
73 0,3095
28 4,3731
95 0,94177
38 0,11848
37 1,56138
86 1738,38
36 76,0229
13 1828,85
82 84,9243
7 1933,48
27 30,1891
78 89,9094
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SCD42/00
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SCD42/00
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SCD42/00
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16 104,744
27