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INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DO ALTO URUGUAI
FACULDADES IDEAU
ESTADO PUNITIVO E CARÊNCIA EDUCACIONAL,
FATORES DETERMINANTES PARA O CAOS DO SISTEMA PENITENCIÁRIO.
BERTELLA, Vinicius Bertotti¹*
CUNHA, Kethelyn Olga Rossoni¹PAGNUSSAT, Renan Carlos¹
SIELSKI, Bruna Thaize¹ZAPPANI, Alexandro1
ALMEIDA, Alvenir Antonio de2
BARAZETTI, Patrícia Carla²BRIANCINI, Valkiria²
HAMEL, Eduardo Henrique²WEIPPERT, Rosangela Marcia²
WENTZ, Gustavo²
RESUMO: O objetivo deste projeto é de uma maneira complexa tomar conhecimento do sistema carcerário do Brasil. Abordando as diferentes formas de punições que eram encontradas em suas fases históricas, pesquisando em suas mais diversas bibliografias, alem de contato com a realidade especificamente do Presídio Estadual de Getulio Vargas/RS, o qual foi o objeto de pesquisa de campo analisando suas características, necessidades e carências. Agregando ao processo de coleta de informações realizou-se uma entrevista com um questionário, voltado a apresentar dados sobre o conhecimento dos cidadãos, e os fatores que influenciam a maneira que cada indivíduo pensa em relação aos apenados, bem como olhar da população não só de uma maneira superficial, mas sim mais ampla, procurando entender o porquê do abandono e da falta de relevância que a instituição prisional causa na população. Constatou-se a divergência de informações que chegam as pessoas, por se tratar de um fator excluso do cotidiano das maiorias, ocasionando pouca importância do público geral que não recorda que no mesmo estabelecimento além de seres humanos que cumprem suas penas há pessoas que cumprem sua função social e pública. Dentre os mais diversos fatores, como o perfil psicológico dos detentos e a incumbência do Estado influenciaram para chegar ao atual sistema, o qual está defasado, voluntariamente influenciando na economia do país e na evolução da sociedade como um todo.
Palavras-chave: Presídio, Ressocialização, Punir, Sociedade, Estado.
ABSTRACT: The objective of this project is a complex way to learn about the Brazilian prison system. Addressing the different forms of punishment that were found in its historical phases, searching in its most diverse bibliographies, besides contact with the reality specifically of the State Prison of Getulio Vargas / RS, which was the object of field research analyzing its characteristics, needs and needs. Adding to the information gathering process, an interview was conducted with a questionnaire, aimed at presenting data about citizens' knowledge, and factors influencing the way each individual thinks about the grieving, as well as looking at the population not only from a superficial but broader way, trying to understand the reason for the abandonment and lack of relevance that the prison institution causes in the population. It was verified the divergence of information that the people arrive, because it is a factor excluded from the daily life of the majorities, causing little importance of the general public that does not remember that in the same establishment besides human beings who fulfill their sentences there are people who fulfill their social and public function. Among the most diverse factors, such as the psychological profile of detainees and the incumbency of the state, have influenced to reach the current system, which is out of date, voluntarily influencing the economy of the country and the evolution of society as a whole.
1 Discentes do Curso de Direito, Nível II 2017/1- Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.2 Docentes do Curso de Direito, Nível II 2017/1 - Faculdade IDEAU – Getúlio Vargas/RS.*E-mail para contato: [email protected]
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Keywords: Prison, Resocialization, Punish, Constitution, Society, State.
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A abordagem do assunto descrito neste estudo, respaldado por pesquisas bibliográficas
fundamentais para o tema, além da pesquisa de campo proporcionada na visita feita ao
Presídio Estadual de Getulio Vargas/RS vem com intuito de estreitar as relações de
conhecimentotratando de uma maneira complexa o sistema carcerário brasileiro desde seus
primórdios até os dias atuais. A maneira que a evolução da humanidade aperfeiçoou as
pessoas, e traz consigo o ônus que reflete nas atitudes e maneiras comportamentais de uma
sociedade em constantemutação, esta, porém, por vezes não estando preparada para lidar com
situações do próprio cotidiano. O sistema capitalista que se manifesta na maioria das
sociedades acaba por acirrar a concorrência que por si só deveria ser saudável, mas em
diversos fatores interfere diretamente na convivência social pacífica.
Incluindo este instinto capitalista somado ao autoritarismo, se apresenta o estado, o
detentor de todos os poderes como o único e indiscutível responsável pelas atitudes dos
grupos de pessoas que constituem a sociedade, sendo fálio no gerenciamento de suas
obrigações, faz com que a população se torne desinformada e sem qualquer capacidade de
discernimento tornando-se refém de sua própria nação. O artigo retrata a falta de amparo aos
órgãos competentes na manutenção do que deveria ser uma válvula de escape às pessoas que
cometeram delitos e paga com sua privação de liberdade, o descrédito de seus colaboradores
para com seus superiores, o abandono das pessoas com olhar de desinteresse e repulsão pelo
próprio local que abriga estes que lá estão.
Ao longo do texto cita-se a possibilidades de por vezes transferir as atribuições e
responsabilidades do sistema carcerário para os órgãos privados que talvez mudem o
panorama da situação na medida em que envolve a dignidade da pessoa humana, podendo
assim cumprir o que reza a Carta Maior e que de fato não é posto em prática. O objetivo do
texto e expressar fatores determinantes para o colapso do sistema prisional, os quais poucos
chegam ao conhecimento das pessoas da forma correta, bem como mostrar ao público geral
que por vezes os fatos e relatos são interpretados de maneira totalmente equivocada e
provocando uma desconfiança que já é inerente do ser humano comum tomando proporções
muito maiores quando se trata de um delinqüente em cárcere.
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2 DESENVOLVIMENTO
Fatores determinantes marcam o desenvolvimento e evolução de uma sociedade, à
medida que o Estado é autoritarista e soberano diante de toda a população acaba por ser
deficitário nos principais requisitos que por serem básicos tornan-se imprescindíveis para o
alicerce sadio na formação do caráter das pessoas. Com a má conduta da administração e de
seus componentes é notória as características adversas refletindo nas atitudes que resultam na
situação caótica que se encontra o sistema prisional brasileiro.
2.1 O Capitalismo na Influência Social
A prisão tem como papel desmembrar os problemas sociais sendo que a mesma é uma
“nova gestão da miséria”. Também é valido ressaltar que através da evolução o capitalismo
estimula as lutas para garantir e saciar as necessidades, ganhando firmeza à questão das
desigualdades social no cenário político, a qual forma um conjunto de medidas e instituições
que tem por finalidade o bem estar social. (LAURELL, 2009; apud, SANTOS; SOUZA,
2013, p.25)
Pode-se observar que durante a evolução da sociedade, as fases históricas tiveram
grande influência para ocasionar na atual crise prisional brasileira. Cada uma delas
proporcionava formas de punições diferentes (MEINERZ; PEDROSO, 2015, p.3). No período
da Antiguidade e na Antiguidade Moderna, a prisão tinha como objetivo do indivíduo
aguardar seu destino e de garantir que a sentença fosse cumprida. As celas eram
caracterizadas por terem odores fortes e pelas condições imundas em que se encontravam.
Quando o acusado era condenado, os castigos eram cruéis ou até mesmo a morte (MEINERZ;
PEDROSO, 2015, p.3-4).
Idade Média foi caracterizada por um direito ordálico, ou seja, associavam a comprovação da maldade do indivíduo por Deus tê-lo abandonado. Faziam crer, os executados, que se não fossem salvos no momento do suplício era porque Deus os havia renegado. E, para tanto, essa era prova suficiente de sua maldade, visto que se fosse um bom homem, nada lhe causariam aqueles suplícios (BITENCOURT, 1993, p.11).
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Foucault entendia que “Quando um sujeito cometia um crime ele afrontava toda a
sociedade, não apenas a vítima da sua conduta. Para tanto ele se tornava inimigo de todos,
devendo ser punido com a finalidade de retribuir à sociedade o sofrimento que sua ação
causou”. Nessa época a tortura era utilizada como forma de conseguir confissão do acusado
(FOUCAULT, 2011, p.38). Deve-se lembrar de que, mesmo diante de um violador da norma,
trata-se de um ser humano, com direitos fundamentais pré-estabelecidos, que provavelmente o
Estado pode privá-lo de sua cidadania, porém isso não significa que pode tirar o direito de
condição humana, de sua qualidade de portador de todos os direitos que assistem um ser
humano pelo simples fato de sê-lo (ZAFFARONI, 2008, p. 19).
Da mesma forma ao analisarmos a população penitenciária, reparou-se seu perfil e
percebeu-se que, esta é uma população pobre e que está abaixo do padrão, ou seja, que não se
encaixa no padrão “meritocrático”. Nesse sentido fica difícil pensar na idéia de
ressocialização sem interferir no meio social, pois a população que predomina o sistema
carcerário não se enquadra nesse perfil “meritocrático”, sendo que a cidadania e os direitos
humanos foram negados. (SANTOS; SOUSA, 2013, p. 25-26)
Em vista disso, pode-se dizer que tudo é resultado do modo de produção capitalista, o
qual transformou as relações sociais e gerou o antagonismo “rivalidade” de classes, surgindo
o aumento das desigualdades e das enfermidades sociais sendo que as mesmas são frutos de
uma superestrutura combinada à infraestrutura que constituem o sistema social, e não
simplesmente de um indivíduo de modo exclusivo (SANTOS; SOUZA, 2013, p.
26). Compreende-se que a penalidade de certa forma seria uma maneira de administrar as
condutas ilegais, de riscar limites de tolerância, de dar terreno a alguns, de fazer pressão sobre
outros, de excluir uma parte, de tornar útil outra, de neutralizar estes, de tirar proveito
daqueles. Enfim, a penalidade não manifestaria as condutas ilegais, apenas modificava sua
“economia” geral (FOUCAULT, 2009, apud, SANTOS; SOUZA, 2013, p. 27).
O sistema prisional brasileiro tem a ideia de ressocialização dos detentos como forma
de reinserção ao convívio social, mas diante disso há algo a se pensar na ideia de
ressocialização, pois o apenado está sobre ordens rígidas e opressoras que acabam com suas
individualidades, organizam os mesmos de forma cruel, obedecendo á normatização e
negando sua independência transformando o apenado em um objeto não em um sujeito
transformador (ativo) de sua realidade (BARATTA, apud, SANTOS; SOUZA, 2013, p. 7).
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O trabalho realizado nas prisões do País foi estabelecido pelo Estado Imperial
Brasileiro, objetivando a mudança no conceito de prisão, que vinha com o intuito de melhorar
a moralidade dos apenados, pois naquela época o trabalho diminuía a punição dos presos,
onde se acreditava que, somente através da disciplina e do trabalho seria possível ressocializar
os delinquentes (JULIÃO, 2012, p. 4).
Diante da situação atual, os principais problemas encontrados para a idéia de
ressocialização dos presos nos sistemas penitenciário são: superlotação, agressões, torturas e
impunidade dos acusados dessas práticas, insuficiência de programas de trabalho, como
também, a má administração, o uso de regime fechado mesmo quando há penas alternativas e,
a falta de infraestrutura (JULIÃO, 2012, p. 4). No entanto é possível afirmar que o trabalho e
o estudo apresentam um papel significativo na reinserção social dos apenados, diminuindo sua
reincidência, portanto, é válido ressaltar que, quem tem vontade para se reinserir tem mais
aptidão a estudar e trabalhar, logo, os efeitos da educação são inferiores ao do trabalho como
forma de reinserção social para a política de execução penal, pois apresenta dados menos
significativos (JULIÃO, 2012, p. 11).
De fato é preciso e necessário punir aquele que transgride a lei, mas a realidade vivida
atualmente é absolutamente diferente por decorrência das varias influências sofridas, sejam
elas, pelo Estado e pela sociedade, logo, a responsabilidade civil e penal se pratica de forma
automática. A obrigação de punir é sem dúvida uma ocorrência natural da vida em sociedade,
podendo acarretar em punições do mesmo, dependendo do caso, o individuo cumpre regime
fechado, aberto ou semi-aberto a sua pena, nas quais são estabelecidas de acordo com o
Código Penal e executadas pela Lei de Execuções Penais (LEP).
Segundo Camargo (2013), em seu trabalho Realidade do Sistema Prisional diz,
“Sabemos que o sistema carcerário no Brasil está falido. A precariedade e as condições
subumanas que os detentos vivem hoje são de muita violência. Os presídios se tornaram
depósitos humanos [...]”. Por consequência afetando diretamente na dignidade da pessoa
humana pelo fato de sobrevivência e o modo a serem tratados, e possivelmente não tendo os
objetivos alcançados em termos de ressocialização.
Segundo Assis (2007), as garantias legais previstas durante a execução da pena, assim
como os direitos humanos do preso, estão previstos em diversos estatutos legais, no campo
legislativo, o estatudo executivo-penal é tido como um dos mais avançados e democráticos
existentes, que se baseia na idéia de que a execução da pena privativa de liberdade deve ter
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por base o principio da humanidade, e qualquer punição desnecessária será contrária ao
principio da legalidade. Mas na prática constantemente é violado os direitos do individuo,
ocorrendo a total inobservância das garantias legais previstas na execução das penas
privativas de liberdade.
Quando o individuo passa à tutela do Estado ele perde seu direito de liberdade, e
também todos os direitos fundamentais, passando a sofrer os mais variados tipos de castigos,
que acarretam a degradação de sua personalidade e a perda de sua dignidade, prejudicando
consideravelmente as suas chances de retorno útil à sociedade. Dentre estes atos estão os
espancamentos, abusos sexuais e extorsões, os quais, comuns pelos presos que não estão mais
“criminalizados” dentro da prisão, esses mesmos exercem domínio sobre os condenados
primários e os mais fracos também, pois é um local onde predominam a “lei do mais forte”,
“lei do silencio”(ASSIS, 2007, p. 74-78). Diante de um cenário de calamidade, a previdência
social ampara os apenados que são segurados do sistema previdenciário concedendo aos
dependentes do mesmo o beneficio do auxilio reclusão conforme o art 201, IV da
Constituição Federal, in verbis:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998). IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
Para que se possa poder fazer o gozo desse direito, é necessário que o último salário
recebido pelo segurado esteja dentro do limite previsto pela legislação. Caso o último salário
do segurado esteja acima deste valor, não há direito ao benefício, sabendo que é necessário
que o mesmo deva possuir qualidade de segurado na data da prisão, estar recluso em regime
fechado ou semiaberto, desde que, a execução da pena seja em colônia agrícola, industrial ou
similar (ROQUE, 2015).
Em relação aos dependentes é necessário que a cônjuge ou companheira comprove
casamento ou união estável na data em que o segurado foi preso. Para filho, pessoa a ele
equiparada ou irmão, desde que comprove a dependência, de ambos os sexos e possuir menos
de 21 anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência. A documentação sendo tão
importante quão ao procedimento em si, sabendo que é preciso da declaração expedida pela
autoridade carcerária, informando a data da prisão e o regime carcerário do segurado recluso, __________________________________________________________________________________________
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documento de identificação do requerente. O documento deve ser válido, oficial, legível e
com foto, documento de identificação do segurado recluso. Após os procedimentos terem sido
todos feitos o beneficio tem validade tem duração variável conforme a idade e o tipo de
beneficiário. Além disso, caso o segurado seja posto em liberdade, fuja da prisão ou passe a
cumprir pena em regime aberto, o benefício é encerrado (ROQUE, 2015).
Se a declaração carcerária apresentada no requerimento do benefício permitir a
identificação plena do segurado recluso, não é necessária a apresentação dos documentos de
identificação do recluso. Entretanto, se for necessário o acerto de dados cadastrais do recluso,
se faz necessária a apresentação do documento de identificação (ROQUE, 2015).
A cada três mês deverá ser apresentada nova declaração de cárcere, emitida pela
unidade prisional. Equipara-se à condição de recolhido à prisão a situação do segurado com
idade entre 16 e 18 anos que tenha sido internado em estabelecimento educacional ou
congênere, sob custódia do Juizado de Infância e da Juventude. O Auxílio-reclusão será
devido a contar da data do efetivo recolhimento do segurado à prisão, se requerido até 90 dias
depois desta, ou da data do requerimento, se posterior, em caso de morte do segurado na
cadeia, o Auxílio-reclusão é convertido para pensão, lembrando que a cota do Auxílio-
reclusão será dividida em partes iguais a todos os dependentes habilitados (ROQUE, 2015).
Em suma, o auxílio reclusão tem como finalidade, contribuir com a volta pacífica e em
comunhão com a sociedade do detento que no qual se cumpriu sua pena. Sabe-se que é uma
parcela significativamente baixa de detentos que contribuíram com o INSS, e que faz uso do
auxílio reclusão.
2.2 Impácto Econômico Social do Sistema Prisional
Embora seja um assunto que possa ficar a margem da sociedade o sistem prisional
brasileiro é influenciado e influencia na economia do país, por mais remota ou invisível para
uns, a situção tem de ser abordada, sobre tudo uma avaliação do estado que se encontra o
sistema carcerário do Brasil apresentando dados sobre o sistema econômico que concentra em
umas das maiores populações mundial de encarcerados.
Dependendo da forma de execução da pena, em seus regimes, a Lei de Execuções
Penais (LEP)- Lei 7.210/1984 prevê estabelecimentos destinados a cada uma das espécies.
Composto por penitenciárias, indústrias ou similares, casas de albergamo ou colônias penais,
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a Constituição Federal de 1988 em seu Art. 5º inciso XLVIII prevê que a pena será cumprida
em estabelecimentos distintos de acordo com o delito, a idade e o sexo do apenado. Portanto o
Estado deve providenciar o local adequado ao cumprimento da pena sob os regimes citados,
pois o ideal de cárcere único abrangeria todos os tipos de criminosos, no entanto os modernos
sistemas penitenciários requerem uma diversidade de estabeecimentos possibilitando a
classificação ds presos e auxiliando na rebilitação dos mesmos (BRITO, 2008, p.21).
Na perspectiva de melhora das condições deste sistema, surge à possibilidade de
privatização de presídios, esta idéia encontra seu antecedente mais remoto no inicio das
civilizações quando os primitivos mantinham seus inimigos trancados em cavernas sob os
cuidados da própria tribo, já nos moldes semelhantes do mundo contemporâneo em meados
de 1700 defendia-se a entrega da administração dos presídios a particulares os quais poderiam
usá-los como fábricas, tanto que fosse mediante contrato podendo assim os administradores
auferir lucros. Mesmo naquela época atentava-se para eventuais abusos que poderiam
comprometer a condição de vida dos apenados, assim podia-se manter também uma vigilância
sobre o administrador do complexo penitenciário (CORDEIRO, 2014, p.43).
Além de auxiliar na recuperção dos seres humanos encarcerados, o modelo de pena
adotado também refletia na compensação do estado que além de dispensar a custódia dos
apenados tinha uma economia significativa aos cofres públicos por inexistência de gastos
desnecessários como simplesmente construções caras. Esta idéia de privatização dos presídios
surge em meio um sistema penitenciário falido onde a pena de prisão éforma de sanção
aplicada na maioria dos crimes, a mesma, porém em declínio e marcada por uma exessiva
crueldade que leva a completa perda do ser humano preso naquelas condições,
impossibilitando a reabilitação do mesmo para viver em sociedade (CORDEIRO, 2014, p.45).
Comprovada a incapacidade do estado em administrar este sistema, são notórios os aumentos
dos índices de criminalidade, incluindo a corrupção de agentes e poiciais formando desta
forma um verdadeiro estado paralelo ao nosso, surgindo com mais ênfase a discussão de
terceirização do sistema carcerário (CORDEIRO, 2014, p.46).
Para simples análise, a população carcerária do Brasil chega a mais de 711 mil presos,
dados apresentados pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) levando em conta também os
mais de 147 mil que estão cumprindo prisão domiciliar, nesse levantamento inédito
consultaram juízes responsáveis pelo monitoramento do sistema carcerário em 26 estados e
Distrito Federal. Com as novas estatísticas, o Brasil passa a ter a terceira maior população
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carcerária do mundo, ultrapassando a Rússia que tem pouco mai de 678 mil detentos. O novo
número também muda o déficit atual de vagas que é de 206 mil para 354 mil, além disso, se
for somado o número de mandados de prisão em aberto, de acordo com o Banco Nacional de
Mandados de Prisão, que são de 373 mil, a nossa população carcerária saltaria para 1.089
milhões de pessoas (CNJ).
Voltados ao tentar encontrar a raiz dos problemas que geram os delitos, surge a
discussão do sistema educacional como um dos fundamentais, por influírem diretamente na
formação do caráter das pessoas. O estado sem condições de proporcionar um ensino de
qualidade, praticamente “lava as mãos” em ralação ao tema quando permite que as
instituições particulares façam do sistema educacional um nicho de marcado econômico
exorbitantemete lucrativo, assim, além de selecionar os freqüentadores pela sua capacidade de
renda, deixa para trás o objetivo principal que e a educação fundamental (CORDEIRO, 2014,
p. 47).
Segundo a Ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen Lúcia, no Brasil um
preso custa R$2,4 mil por mês, enquanto um estudante R$ 2,2 mil por ano, ou seja, treze
vezes mais. A Ministra ressaltou urgência nas mudanças estruturantes exigindo união dos
poderes executivos, dentre estes dados levantados pode-se afirmar que no Brasil uma pessoa
morre a cada nove minutos violentamente, em cinco anos registramos mais mortes que a gerra
na Síria (CNJ). No entanto, o receio daqueles que se mostram contra aprivatização dos
presídios é principalmente na ânsia de as empresas privadas auferirem lucros sobre o ser
humano preso e torná-lo um homem-objeto (CORDEIRO, 2014, p.50).
2.3 Natureza dos Delitos e Perfil dos Detentos
Ao que diz respeito aos atos antissociais, a psicologia necessita investigar todos os
fenômenos ligados ao comportamento do indivíduo que transgride a lei, tornando necessária a
verificação sobre o que levou o indivíduo a cometer o ato, em quais circunstâncias ele
cometeu o crime e seu histórico para que se possa realizar uma elaboração de planos de
intervenção (MATTOS, 2011, p. 13).É fundamental o papel do psicólogo dentro do sistema
carcerrário, dos quais, um deles é a identificação das questões de um perfil criminoso, seu
trabalho é marcado também pelos esforços de programar ações de atenção à saúde meltal do
preso, medidas e ações que possam contribuir no processo de reeducação e ressocialização
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dos mesmos, bem como orientações promoções em relação á saúde da pessoa detenta e de
suas famílias (MATTOS, 2011, p. 5-6).
É comum deparar-se com pessoas que cumprem pena com diagnósticos de pedofilia,
transtornos psicóticos dentre muitos outros, como também pessoas que cometem crimes pela
forma em que vivem vindas de um histórico da sociedade, e, a partir desses contextos,
analisar a história do indivíduo para chegar a uma conclusão que se relaciona ao ato
criminoso, o qual passa pelos seus aspectos psicológicos, biológicos e sociais (MATTOS,
2011, p. 12). Estudos realizadosdemonstram qual é o perfil dos apenados brasileiros, e, vários
fatores contribuem para a formação de um criminoso, muitas são as questões que precisam ser
compreendidas ao que dizem respeito ao perfil do presidiário brasileiro. Através de dados
sobre o sistema prisional, pôde-se diagnosticar o perfil do presidiário, as quais estão
diretamente relacionadas à idade, escolaridade, cor, e principalmente, aos efeitos sociais.
Segundo pesquisas, os jovens são os que têm destaque na problemática da violência,
assumem também a maior taxa de homicídios cometidos. “De toda a população prisional
brasileira em 2010, 58% encontravam-se na faixa de 18 a 29 anos. É um quadro complexo
que se delineia com a inserção precoce nas penitenciárias e contribui para uma ‘carreira
criminosa’”. Índices destacam também “[...] a reincidência que é de 80%, ou seja, os jovens
cometem os crimes e quando saem ainda jovens, voltam a cometê-los, tornando um ciclo
vicioso [...]” (MONTEIRO; CARDOSO, 2013, p. 10). Em relação aos crimes, o sistema
prisional abriga o maior número de pessoas que se enquadram nos crimes contra patrimônio,
“[...] de todos esses crimes, 83,5% foram de roubo e furto e apenas 6,1% latrocínio (roubo
seguido de morte)”. Os crimes de homicídio e tráfico internacional de drogas, sendo os mais
graves atingem percentuais baixos em relação a outros. Os crimes ligados contra a fé pública
ou contra a administração pública, relacionados á qualificação e maior tempo no planejamento
e execução, os percentuais são de apenas 1% (MONTEIRO; CARDOSO, 2013, p. 11).
Não se pode falar em diminuição da violência enquanto não houver um investimento
adequado na saúde, educação e nos princípios morais básicos para o regimento de uma
sociedade civilizada. (PACI, 2015, p. 31). A classe social em que os encarcerados pertencem,
na sua maioria, é de classe baixa, pobre, e o fator que desencadeia é a falta de incentivo das
políticas governamentais, no âmbito de oferecer alternativas de trabalho, um dos principais
aspectos da crescente criminalidade. Outro fator desencadeante e que tem o percentual maior
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na criminalidade são os chamados excluídos da sociedade, que buscam pela criminalidade por
não terem oportunidade e chances em meio a atual sociedade (SÁ, 2012, p. 3).
Sabe-se o quão é importante à educação na vida do ser humano, pois sem essa
assistência é ainda maior a disposição para que os crimes sejam cometidos. O Brasil com uma
massa de pessoas de baixa escolaridade resulta na falta de pessoas qualificadas para o
mercado de trabalho, ou seja, a maioria das pessoas de baixa renda traça um perfil também de
desqualificação no mercado de trabalho.
[...] segundo registros de alguns pesquisadores, 70% do contingente carcerário sequer completaram o Ensino Fundamental e 10,5% da população encarcerada é de analfabetos. Percebe-se, então, a importância da educação para a vida do ser humano, e que sem essa assistência é maior ainda a suscetibilidade para que crimes sejam cometidos (SÁ, 2012, p. 3).
Portanto, somados a todos os outros fatores do atual contexto social, tal como a crise
de emprego, a falta de condições sociais, observa-se um crescimento da violência e a
ineficiência do sistema carcerário.
3Metodologia
Para este trabalho, foi proposta uma pesquisa aos acadêmicos com a intenção de
apresentar o sistema prisional através de diagnósticos do Presídio Estadual de Getúlio
Vargas/RS, no qual o objetivo é unir conhecimentos teóricos e práticos, para a realização de
diagnósticos de suas instalações físicas, realidade financeira e do perfil de seus agentes e
apenados.O processo de análise dos dados apresentados aqui está embasado em uma pesquisa
qualitativa, quanto a sua abordagem, exploratória quanto aos seus fins, e, quanto aos meios de
pesquisa, como, uma pesquisa bibliográfica e de campo.
Para os dados bibliográficos relatados no desenvolvimento deste trabalho, foram
realizadas pesquisas de diversas obras através de livros e artigos. A pesquisa de campo foi
efetuada com dados coletados sobre o pensamento da sociedade, tem sido entrevistadas 70
pessoas entre 17 e 64 anos com o intuito de realizar uma discussão sobre o olhar da sociedade
em relação ao presidio e os detentos do Presidio Estadual de Getúlio Vargas/RS, o
instrumento utilizado para a coleta de informações foi através de um questionário elaborado
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pelos professores do curso de Direito nível II e aplicado pelos alunos, os quais elaboraram
gráficos sobre os dados coletados.
Na busca incessante do conhecimento e ampliação da visão, saindo do senso comum e
entrando na realidade, os integrantes do grupo realizaram uma visita ao Presidio Estadual de
Getúlio Vargas/RS no dia 5 de outubro de 2017, na qual, pode-se ter contato com os agentes e
os detentos e ver a operação funcional real de um presidio.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Para compreender melhor e saber o que a sociedade pensa em relação ao presídio,
dando continuidade ao estudo, foi realizada uma pesquis aplicando um questionário no
período de 11 á 18 de setembro de 2017 a 70 pessoas, entre 17 a 64 anos de idade, das quais
pertencem aos municípios de Erechim/RS, Erebango/RS, Viadutos/RS, Barão de Cotegipe/RS
e Getúlio Vrgas/RS, dentre elas, 14% possuem ensino fundamental, 58% ensino médio e 28%
ensino superior. A seguir, apresentan-se os gráficos, os quais fundamentam e descrevem com
mais clareza sobre a pesquisa realizada.
4.1 Percepção da população em relação ao sistema prisional.
0%10%20%30%40%50%60%
Castigo
Ressocial-ização
Sim
Não
Favorável a educação nos presídios0%5%
10%15%20%25%30%35%40% Sim
Não
Até ensino Médio
Educação superior
Gráfico: 1 Gráfico: 2Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Zappani, 2017. Zappani 2017.
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Opinião da sociedade em qual a função da pena e se os detentos saem
da prisão com condutas melhores.Questionados se são favoráveis a
educação compulsória dos presídios.
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É a favor ou contra a PEC0%
20%40%60%80%
100%Favor
ContraIndiferente
Qual o sentimento em ralação aos dete...0%
10%20%30%40%50%60%
Raiva
Nojo
Tristeza
Repulsa
Paz
Gráfico: 3 Gráfico: 4Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski,Zappani, 2017. Zappani, 2017.
Favorável a penas0%5%
10%15%20%25%30%35%40% Perpétua
Trabalhos forçados
Morte
Mutilação
Nenhuma
Gastos públicos X Retorno dos se...0%
10%20%30%40%50%60%70%
Ótimo
Bom
Regu-lar
Ruim
Gráfico: 5Gráfico: 6Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Zappani, 2017. Zappani, 2017.
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Questionados se são a favor ou contra a PEC 171/93, que propõe a redução
da maioridade penal, nos casos de crimes hediondos.
Qual o sentimento da sociedade em relação aos
detentos de Getúlio Vargas.
Os gastos públicos X retorno dos serviços em relação ao sistema
prisional.
Questionados sobre a que pena são favoráveis.
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Ressocislização está ligada a
atividade profissional
Contrataria um ex-detento
0%
20%
40%
60%Sim
Não
Indiferente
Sim, mas seria criterioso na escolha
Todos apenados tem dire-
ito ao benefício
Valor do auxílio
É pago a cada um dos filhos
0%20%40%60%80%
100%Sim
Não
Té um SM
Entre um e dois SM
Acima de três SM
Gráfico: 7 Gráfico: 8Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Zappani, 2017. Zappani, 2017.
Já esteve em um presídio
Merece ser tratados como
qualquer cidadão
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
Sim
não
Não me sinto confortável em opinar
Sim Não Não sei informar
0%10%20%30%40%50%60%70%80%
possui parente ou amigo apenado
Gráfico: 9Gráfico: 10Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Fonte: Bertella, Cunha, Pagnussat, Sielski, Zappani, 2017. Zappani, 2017.
4.2Relatório dos dados coletados
Conforme o gráfico 1, em relação à função da pena, observa-se que suas respostas
foram relativamente diferentes, dentre eles 46% dos entrevistados acham que a função da
pena serve para castigar, apenas de um modo de ver individual certamente, demonstrando que
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Questionados se todos os apenado tem direito ao beneficio auxílio
reclusão, qual o valor eles recebem e se é pago a cada um dos filhos.
Resposta dos entrevistados se acreditam que a ressocialização esta ligada a atividade
profissional e se os mesmos contratariam um ex-detento.
Os entrevistados possuem algum parente ou amigo apenado.
Porcentagem para saber se a sociedade já esteve em um presidio, e, se acham que o apenado deve ser tratado como qualquer
cidadão.
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quem transgride as leis deve ser castigado, punido, mas essa não seria somente a sua função,
pois como podemos melhorar a conduta de uma pessoa apenas punindo-a? A mesma deve ser
acompanhada, psicologicamente amparada suprindo suas carências e novamente disciplinada
para voltar à sociedade ressocializada, esta tese é o que pensam 54% dos entrevistados
achando que realmente essa é a função da pena. Fala-se muito em ressocialização, mas nas
condições vividas atualmente de maneira alguma fazem com que um apenado se ressocialize,
do mesmo modo ainda no gráfico 1, 56% dos entrevistados tem plena noção de que na prisão
não ocorre esta mudança de caráter, vendo que o delinquente sai do presídio ainda mais
qualificado para os delitos.
Indagados também sobre a educação compulsória em presídios, e se os entrevistados
estariam a favor ou não, a maior parte dos entrevistados conforme o gráfico 2 demonstrou
estar a favor da educação em presídios, contando com educação em nível de ensino médio. A
outra parte, que seriam a minoria, dizem ser contra os detentos terem acesso á educação. Esse
ensino se fosse aplicado nas penitenciárias certamente seria o ponto mais elevado quando se
fala em ressocialização. Outro fator a se pensar na questão de mudança da conduta de um
indivíduo, conforme o gráfico 3, se fala sobre a redução da maioridade penal para crimes
hediondos. Dos entrevistados 90% demonstram ser a favor da PEC 171/93, verifica-se que
este sim deve ser punido pelos crimes cometidos, mas vale lembrar que se um jovem entrar
para uma prisão nas condições em que se encontra o sistema carcerário, esse sujeito apenas
entrará para o aperfeiçoamento dos delitos, pois se sabe que o mesmo não irá evoluir em
melhora, tornando-se reincidente.
Questionados pelo o que sentem em relação aos apenados a sua maioria relata que
sente tristeza e repulsa, posteriormente comparadas as respostas que representam os gráficos 4
e 5 percebe-se que a sociedade entra em conflito de opiniões sem mesmo perceber, pois, a sua
maioria ao mesmo tempo em que sentem tristeza e repulsa pelos apenados requerem que a
pena seja através de trabalhos diários obrigatórios e uns, ao extremo, aprovando a pena de
morte. No que se refere o gráfico 6, sobre gastos feitos pelo Estado na ânsia de manter sob
custódia este detento e tentar devolve-lo a sociedade recuperado, grande parte dos
entrevistados acredita que são inválidos, os mesmos, porém não abdicam da razão, pois um
detento custa muito para o Estado não havendo contrapartida, com certeza o trabalho interno
seria uma das formas válidas para contribuir com este fator, que além de desenvolver uma
profissão, podiam-se auferir lucros diminuindo o custo da permanência do detento
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preparando-o para o momento de sua inserção novamente na sociedade. Levantada esta
hipótese, é imprescindível que a população também faça parte deste processo, afinal é ela que
vai receber e inserir este ser humano na sociedade, ora, não é o que dizem os números da
pesquisa, pois mesmo sendo qualificadas muitas pessoas tem preconceito em contratar um ex-
detento, conforme o levantamento apontado pelo gráfico 7, 20% respondeu que sim
contratariam, 58% contratariam, mas seriam criteriosos na escolha de um ex-detento e 22%
que não. Mesmo a maioria achando que sim sendo criterioso, no final muitos acabam por não
selecionar o ex-apenado.
Quando perguntados sobre o benefício do auxilio reclusão como mostra o gráfico 8,
84%, ou seja, a maioria dos entrevistados demonstrou que nem todos os detentos possuem o
direto a recebê-lo, lembrando que para gozar do benefício, o indivíduo que recebe
obrigatoriamente teria de ser um trabalhador contribuinte do (Instituto Nacional do Seguro
Social) INSS, atendendo os requisitos para recebê-lo, o qual se soma entre o valor de dois
salários mínimos. Os entrevistados até então acreditam que o valor do benefício seria de até
um salário mínimo o qual, seria distribuído individualmente para cada filho do detendo, o que
não é verídico, portanto, para fins de esclarecimento, o valor acima mencionado, é pago à
família, sendo dividido entre os membros da mesma.
Percebe-se então e conforme o gráfico 9, 74% das pessoas possui o menor
conhecimento de como funciona um sistema carcerário, sua administração estrutura e de
como os apenados vivem, talvez este seja um dos motivos por pensar e julgar
prematuramente, lembrando que alem dos detentos, existe pessoas que exercem suas
atividades civis e publicas no local e que mesmos os apenados terem infringido as leis, são
pessoas, seres humanos que ao mínimo merecem ser tratadas de forma digna ao serem
punidas de uma forma em que os mesmos retornem a sociedade com condutas melhores. A
de se pressupor que o olhar frio e punitivo da sociedade se dá por esta falta de conhecimento e
pelos altos índices de pessoas que não possuem entes apenados como aponta o gráfico 10 que
é de 74%.
4.1 Relatório de visita do Presídio Estadual de Getúlio Vargas-RS
No dia cinco de outubro de dois mil e dezessete, pela parte da tarde, os alunos de
Direito da Faculdade Ideau, acompanhados do coordenador do curso, se deslocaram ao
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Presídio Estadual de Getulio Vargas para uma visita técnica com o intuito de apanhar
conhecimento do complexo prisional visando à formulação do trabalho cientifico a ser
desenvolvido. Esta visita organizada pela IDEAU proporcionou aos acadêmicos o acesso total
às dependências do complexo, propositado ao horário do banho de sol dos apenados assim
podendo acessar as celas. Analisando diversos fatores que envolvem o sistema carcerário,
perceberam-se fatores importantes que em conjunto acarretam no sistema desprovido e
deficitário como é. Dentre eles a superlotação, acaba por se tornar o principal dos fatores alem
de falta de recursos financeiros que influenciam diretamente na infra-instrutora total do
complexo.
Quando se fala em infra-instrutora, relaciona-se diretamente do mais simples amparo
da própria conservação do prédio, dependências para alimentação ou processo das mesmas,
salas de triagem e melhor organização dos apenados, locais adequados para realização de
tarefas ocupacionais que propiciariam aos detentos desenvolvimento de alguma profissão ou
simplesmente aumentar o grau educacional, até os salários de seus colaboradores, cujos
padecem pela falta de efetivo alem de o mais absurdo dos detalhes, a falta de algemas, que
impedem ate mesmo a condução de apenados para procedimentos fora do presídio. Diante
disso, alguns apenados do regime fechado têm a possibilidade de trabalhar no próprio
presidio, desenvolvendo funções como cozinheiro, pedreiro, cultivo de hortaliças e
futuramente operadores na sala de costura que está em fase de acabamento.
Quanto à área externa, cuja responsabilidade da vigilância atualmente é da brigada
Militar do Estado, e possui apenas um servidor segurança da única guarita ativa, facilitando a
entrada de objetos lançados ao pátio, tendo em vista que o lado mais próximo possui uma rua
de pouca circulação. Pode-se observar a quantidade considerável que esta desocupada, e por
falta de recursos financeiros do Estado na busca de alguma empresa privada para parceria,
está totalmente improdutiva. Dados atualizados no dia 30/10/2017, o presídio possui 200
detentos, destes 57 são do regime semi-aberto, deste total entorno de 27% dos detentos são
beneficiários do auxilio reclusão, mas o fator mais alarmante dentre estes dados é que a
capacidade do complexo prisionalem condições nomais de espaço é de 60 presos. No dia da
visita, o responsável pelo complexo e disciplina relatou que desde 2013 que não era efetuada
uma revista geral, pois o Estado não estava concedendo a permissão para que se pudesse
executá-la. A degradação do prédio e de suas dependências está visível em praticamente todos
os ambientes para abrigar esse número de apenados, assim comprometendo a integridade
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física, moral e psicológica não só dos apenados, mas também dos servidores. Outro fator que
chama atenção na visita realizada é a dignidade da pessoa humana, que está ali para ser
devolvia a sociedade após o delito e com condições de ressocialização, mas por precariedade
do sistema, sair da cadeia e continuar fora dela se torna uma tarefa quase impossível de ser
cumprida, embora o trabalho e educação sejam algumas das chaves da ressocialização bem
sucedida, pelas pesquisas realizadas recentemente menos de 20% do apenados trabalham e
8,6% estudam.
Com estes fatos e índices pouco divulgados a população em geral, fazem com que a
mesma tenha um sentimento de repulsão ao sistema prisional, fazendo entender que ali é
apenas um depósito de marginais que devem pagar pelos seus atos e não proporcionar
crescimento intelectual ou profissional proporcionando a inclusão novamente na cociedade.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após informações contundentes de uma pesquisa bibliográfica de diversos autores,
informações de órgãos públicosresponsáveis pelas penitenciarias, diversas matérias que
compõe o Direito e a visita técnica da realidade dos fatos, chegamos a um denominador
comum, a influência do Estado e carência educacional das pessoas determina os caminhos da
sua sociedade. À medida que a evolução das pessoas tomou no decorrer dos séculos e o
despreparo com que se administra o tema principal debatido e pesquisado neste artigo, o
sistema prisional, faz com que seja sim considerado o lugar mais tenebroso, obscuro e
totalmente esquecido pela própria sociedade que marginalizou seus componentes.
Com o passar dos anos e após mudarem as formas de execução das penas para os
delitos eliminando a decapitação e morte, no intuito de valorizar o detento e crente em sua
ressocialização impondo penas mais brandaso Estado tomou pra si a custódia e
responsabilidade total de amparo do sistema carcerário, cujo está expresso na Constituição e
que em raros pontos se assemelha o desejado. Os problemas que ocorrem na sociedade e
deviam ser resolvidos na sociedade e pela sociedade,devolve a responsabilidade dos
acontecidos ao que administra e toma para si a obrigação de resolvê-los.
Todavia, é nítido o despreparo do poder público na custódia de seus detentos, a
desilusão de seus colaboradores tanto com honorários quanto a total falta de estrutura de
trabalho, a tamanha ignorância da população quando informações, que além de não serem
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passadas com clareza não há interesse em adquiri-la, fazem os que lá estão submetidos ao
cárcere para pagar uma pena pelo delito cometido a saírem verdadeiros rebeldes, aumentando
em muito os índices de reincidência.
Entretanto, é através deste olhar critico e paralelo a tudo que nos cerca que podemos
sim analizar com critérios diferenciados aos demais, sobresaíndo-se os outros nas atitudes,
que por mínimas e involuntárias que sejam geram conseqüências drásticas no futuro, no
exemplo claro, o descaso com o sistema penitenciário brasileiro, em tese, somente educação
poderá alterar este panorama.
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