noções de linguística no.1

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Trabalho para Feira de Linguística, UNISINOS, 2013/01

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Page 1: Noções de Linguística No.1

editores: camila n. | fabiane s. | júlia d. | tabata g.

Noções de Linguística

a linguística notexto literário

edição número 01junho de 2013

Page 2: Noções de Linguística No.1

introdução

| Camila Niemeyer| Fabiane Straich| Júlia Duarte| Tabata Gallina

Page 3: Noções de Linguística No.1

entrevistadasJorama de Quadros Stein

Possui graduação em Letras Português / Inglês pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2007).

Tem experiência em monitoria para alunos de graduação na área de Letras. É mestre em Linguística Aplicada pelo PPGLA, da UNISINOS. Doutoranda na mesma instituição, está vinculada ao grupo de estudos em enunciação, na linha de pesquisa em

InInteração e Práticas Discursivas do mesmo programa. É bolsista CAPES/FAPERGS. Ministra oficinas de produção textual para alunos do terceiro ano do Ensino Médio.

O foco de sua atual pesquisa é o estudo dos processos de textualização em textos de alunos. Sua atuação está

diretamente ligada à linguagem, à enunciação, ao ensino e às práticas em espaços educacionais.

Sandra Regina Klafke Verbist Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos/Unisinos e graduada em Letras,

Habilitação em Português e Literatura de Língua Portuguesa, pela mesma universidade.

Na UNISINOS, atuou como monitora do PA Alfabetização e Letramento e como bolsista no Núcleo de Formação

Continuada de PContinuada de Profissionais da Educação/NUPE (projeto do Ministério da Educação/MEC em parceria com a UNISINOS).

Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nas áreas:

linguística, linguística da enunciação e literatura.

Sabrina VierÉ graduada em Letras e Literaturas da Língua Portuguesa pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2001), especialista em Estudos Linguísticos do Texto pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006) e mestre em Linguística Aplicada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2008). Atualmente, é professora na Unisinos e na Instituição Evangélica de No de Novo Hamburgo. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada, atuando principalmente com os seguintes temas: enunciação, discurso, subjetividade, enunciação e literatura, produção textual e gênero textual/discursivo.

Page 4: Noções de Linguística No.1

entrevistaVimos que a linguística é uma disciplina multifacetada,como você definiria o objeto de estudos da linguísticaque você trabalha?

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Jorama:

Sandra:

A linguística com a qual trabalho visa resolver os problemas de linguagemno seio da vida social. É uma linguística que se volta para o sujeito em sua relação com o mundo.

Sim, a linguística é uma disciplina multifacetada, que comporta o estudoda linguagem em diversas dimensões. E como já dizia Saussure (CLG), a linguagem é por si “multifacetada e heteróclita, cavaleiro de diferentesdomínios”. O objeto da linguística é complexo e enriquecedor ao mesmotempo porque ao investigar a linguagem, lidamos com o homem. A áreada linguística a que me filio, que é a linguística da enunciação, tem comoobjetiobjetivo analisar como cada locutor se instaura na/pela linguagem a cadavez que se enuncia, e, assim, como ele (re)significa a cada momento o seudizer ao falar sobre o seu trabalho, sobre um grupo determinado em que participa. Como cada interação é a cada vez única porque o homem tam-bém é sempre um novo homem (cada vez que se enuncia), encontramosformas diferentes de cada um se significar a cada vez no aqui-agora. É uma linguística que se abre também para o estudo de textos, que é o caso de minha pcaso de minha proposta de pesquisa. Nesse caso, o texto passa a não servisto somente como um produto, mas como um resultado de um processoque a todo momento se reconfigura a cada nota, a cada rascunho. Nessesentido, o texto literário também tem lugar caro, uma vez que deixa entre-ver um modo de instauração único e evanescente, pois ainda que deixe o registro no texto, aquele sujeito que o escreveu já não é mais o mesmo domomento da escrita. Enfim, há um objetivo específico para cada pesquisa, mas o nosso objetimas o nosso objetivo maior é investigar os atos enunciativos dos partici-pantes da pesquisa à medida que ao falar sobre, eles sempre falam de sie de como se inscrevem no “ambiente” pesquisado - seja o corpus intera-ções de fala ou textos escritos.

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entrevistaVimos que a linguística é uma disciplina multifacetada,como você definiria o objeto de estudos da linguísticaque você trabalha?

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Sabrina:

A linguística que estudo, a Linguística da Enunciação, visa à relaçãoentre linguagem em uso e sujeito. Nesse sentido, objetiva refletirpesquisar sobre/a significação na/da linguagem.

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entrevistaA linguística que você trabalha é mais de base estruturalista ougerativista? Disserte.

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Jorama:Benveniste é o estudioso que embassa nossos estudos. Ainda que algunsestudiosos classifiquem-no como estruturalista, ele mesmo nunca se posi-cionou como tal. Em seus textos, deixa clara a sua filiação a Saussure, maso mestre genebrino também não pode ser definido como estruturalista.Podemos dizer que Benveniste respeita os trabalhos realizados pelo estru-turalismo, mas oferece uma nova abordagem para a palavra estrutura, termoeseste que ele cita poucas vezes, assim como Saussure também não chegou a falar em estrutura, mas sim em sistema. Lendo o linguista francês com aten-ção, chegaremos à conclusão de que ele toma por base esta linguística parapropor uma nova, que vai olhar para o significado das formas no todo, nos encadeamentos de fala ou de escrita de forma diferenciada. Ele vai olhar pa-ra o semiótico como aquilo que ao se enunciar constituirá sentidos sempre novos, ainda que profira o mesmo enunciado. É um olhar diferenciado em rrelação aos estudos de base estruturalista e gerativista, o que não quer dizerque cada um deles não tenha trazido contribuições muito significativas paraa nossa linguística. O que deve ser considerado é que o olhar faz o objeto deestudo (como já está no CLG) e a linguística da enunciação faz justamenteo movimento de olhar para o(s) sentido(s) constituído(s) a cada interação levando em conta que as instâncias pesquisadas são sempre singulares e o olhar do pesquisador também é. Nesse contexto, não se pode descartar arrelevância da gramática de Chomsky para os estudos linguísticos, ainda que,sob uma perspectiva enunciativa, não seja possível tomar como premissa um“falante ideal”. Não se trata, portanto, de ser uma das correntes, mas sim dereconhecer a validade dos estudos para se fazer uma linguística diferente,que dê conta do sujeito na linguagem, cientes de que Saussure não o excluiu.só não se deteve a ele. Mas isso já estende a discussão para outro plano.

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entrevistaA linguística que você trabalha é mais de base estruturalista ougerativista? Disserte.

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Sandra:

Sabrina:

Gerativa, não, de forma alguma. Estruturalista? Não sei. Parte-se de uma con-cepção de estrutura, no entanto não sei se é possível dizer que seja necessa-riamente “estruturalista”. Os (atualmente “o”) linguistas com os quais trabalhoe trabalhei vem de base saussuriana, e ainda que seja possível perceber a filia-ção ao mestre genebrino, saem da redoma estruturalista. A linguística com a qual trabalho, portanto, não é estruturalista, mas não nego filiação com Saus-susure. A comunidade científica, hoje, está além dos rótulos, e eu não seria capaz.neste momento, de classificar a “minha linguística”: a preocupação está alémda estrutura.

A linguística que estudo é mais de base estruturalista, se é que se possaafirmar isso. Émile Benveniste, o teórico com o qual trabalho, filia-se àsideias de Saussure, ultrapassando-as. Isso porque em Benveniste não háfronteiras entre língua e fala, visto que os elementos que os constituempertencem aos dois níveis.

Page 8: Noções de Linguística No.1

entrevistaPorque no curso de Letras a disciplina de Literatura é separadada de Linguística sendo que ambas tratam da linguagem?

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Jorama:

Sandra:

Por uma questão de método. Não se pode estudar eficientemente a lín-gua como um todo. Os objetos precisam ser isolados e estudados comespecificidade. A parcela da língua com a qual a linguística se preocupa não é a mesma estudada pelos literatos.

Trata-se de uma questão que compete a muitas instâncias e não cabea mim dar conta dela. No entanto, sinto-me na obrigação de proble-matizá-la. A problemática maior, sob meu ponto de vista, não se tratatanto de dissociar Literatura e Linguística, mas de a postura de algunseducadores que infelizmente não veem a associação entre elas ou quequerem levantar a bandeira de uma em detrimento da outra, quando, na na verdade, elas poderiam tremular conjuntamente. Não sei se me façoentender. O que quero dizer é que a linguística pode contribuir enorme-mente para a leitura e o fazer literário, à medida que possibilita novo(s)olhar(es) sobre o texto, em busca dos sentidos, tendo a riqueza de dife-rentes visões sobre o objeto: seja a análise do discurso, linguística textual,linguística(s) da enunciação. E a literatura por sua vez também olha paraa linguagem dos textos sem no entanto se ater tanto aos fenômenos lin-guísticos, mas enguísticos, mas enxerga neles características que os agrupam ou não e quepermite olhar para a beleza do fazer poético. A leitura de ambas se com-plementa. Ambas são importantes para a formação do profissional de Le-tras. Para fins didáticos, podem estar separadas. É importante, no entanto,que no decorrer do curso o aluno possa ter momentos para perceber a vi-são de um educador da linguística e de um da literatura sobre um conto, por exemplo, para saber como cada um lida com o objeto. Afinal de contas,ttodos lidamos com a linguagem, o que muda é a maneira com que olhamospara ela.

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entrevistaPorque no curso de Letras a disciplina de Literatura é separadada de Linguística sendo que ambas tratam da linguagem?

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Sabrina:

Page 10: Noções de Linguística No.1

entrevistaPra você, qual a função da linguística no texto literário?4

Jorama:

Sandra:

Sabrina:

A linguística não tem FUNÇÃO no texto literário, ela fornece os meiose ferramentas para que o pesquisador desvele o texto. O linguista,quando em meio literário, entende as figuras estilísticas como ato lin-guístico. Por isso, propõe não só o estudo do léxico, mas também a interface das áreas ao criar estratégias (princípio/categoria de análise)capazes de fazer com que o dado lexical, e também as escolhas discur-sisivo-enunciativas dos autores de literatura, sobressaia no texto. Nestemovimento, é o próprio texto literário que indica como e de que maneirapode ser analisado, cabendo ao linguista perspicácia e sensibilidade paracaptar suas (in)regularidades.

A linguística possibilita o estudo do texto literário por uma outra ótica,como já comentei. No caso da minha área de estudos, podemos verpelos encadeamentos do próprio texto o que não aparece em uma observação mais superficial. Somente o olhar atento para o agencia-mento das formas, para como o eu se coloca em cada escolha que fazé que deixará o texto falar por si, o que derruba a versão simplista deque “o auque “o autor quis dizer...”. Chegamos muito perto do autor, de alguma vivência, de alguma característica histórica ou cultural comum à épocado texto, mas não partimos disso... chegamos a isso pela análise daspartes do/no todo textual. Há trabalhos significativos já realizados emLA que nos ajudam a compreender como isso se dá: a dissertação daSabrina Vier em que foram analisadas canções de Chico Buarque, a dissertação da Viviane Grespan que olha para o processo de criação liliterária de escritores... são contribuições para a inauguração de uma linguística que não fecha os olhos para uma linguagem que, parafrase-ando Benveniste, não serve só para comunicar, mas para viver.

A função da linguística em qualquer pesquisa que envolva a linguagemé pensar a significação. E pensar a significação é pesquisar linguagemem uso e sujeito.

Page 11: Noções de Linguística No.1

entrevistaDe que forma o texto literário poderia ser aplicado na salade aula?

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Jorama:

Sandra:

Sabrina:

Aplicado? Literatura não é para aplicar, é para viver! Abordagem lite-rária em sala de aula deve partir das perspectivas sócio-histórica e sociocultural dos sujeitos (alunos). A literatura deve ser entendida como um sistema social em que há troca mútua entre leitor e obra,em um processo descendente e ascendente, na busca por significaçãoe não por dedodificação signica. Ler sem significar é aplicar literatura.Ler e significar são viLer e significar são viver e deleitar-se com literatura.

Levando-se em conta que é uma forma de linguagem e, por isso, umamanifestação humana, carregada de cultura, história...enfim, sujeito(s)!

A linguística vem contribuir para que a abordagem do texto literáriodeixe o estritamente linguístico, no sentido de só se fazer descriçãodas formas ou se olhar para o arranjo sintático de um poema enquan-to subversão à estrutura gramatical. É preciso que leiamos textos lite-rários em sla de aula e que conduzamos a observação do que emergedos textos pelo encadeamento, que ensinemos os alunos a olhar o sen-tido dado pelo agenciamentido dado pelo agenciamento das formas. Um bom exemplo de como fazer isso é a análise de textos feita pela Profª Drª Vera Mello em suatese de doutorado. Isso não é tarefa fácil poruqe não tem receita eexige segurança do professor para se abrir à leitura do aluno sem necessariamente aceitar todas as leituras.

Page 12: Noções de Linguística No.1

entrevistaComo potencializar o saber linguístico no aluno a partirda literatura?

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Jorama:

Sandra:

Sabrina:

Partindo-se da maneira como cada comunidade interpretativa e discursiva é capaz de compreender os dados trazidos pelo/no texto literário, tendo em vista a historicidade e a experiência huma-na de cada grupo, assim como a posição do sujeito frente a si, emsi e frente à comunidade a que pertence.

Convidando o aluno a observar/descrever/refletir sobre a linguagemali presente, admirando-se com seu valor estético, contemplando osefeitos de sentido... É preciso viver a literatura com os alunos!Estes não são alunos de Letras ou de Linguística, ou seja, não deve-mos apenas listar quadros teóricos e escandir sílabas poéticas. Sãocrianças e adolescentes sedentos por novidades e por fazer ouvir asua sua voz. Precisamos aproveitar esse desejo a partir do uso da línguamaterna, e a literatura é uma das possibilidades de se vivenciar isso.

Para responder essa pergunta ainda são necessárias mais pesquisasem linguística que dialoguem de fato com a literatura. Há várias for-mas de potencializar o saber linguístico do aluno por meio da litera-tura. Penso que o aluno pode aprender muito sobre variação linguís-tica com a leitura e análise de textos variados, advindos de diversasculturas. Ele também pode aprender muito sobre escolhas linguístico-discudiscursivas que constituem um texto, que revelam a autoria, por exem-plo. Através da análise da construção de um texto, o aluno pode apri-morar sua escrita e também é capaz de compreender os movimentosliterários.

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entrevistaA variação linguística é um complexo para o qual contri-buem muitos fatores que só podem ser verificados na lín-gua em uso. Há variações dialetais (caipira, carioca, etc),de nível linguístico (culto, popular, etc), de registro ou esti-lo (monitorado, não monitorado), de modalidade (falada ouescrita), influenciadas ainda por outras variáveis oriundas dofalanfalante ou da situação. Como a variação linguística pode serusada no texto literário em sala de aula?

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Jorama:

Sandra:

De certa maneira, explicitei parte de meu pensamento na questão ante-rior. Então, reforço: parte-se da língua que o aluno, ou comunidade emque ele se insere, fala, observa-se a língua que o texto fala e posterior-mente faz-se o comparativo com a língua padrão. As nuances e diferençasdevem ser destacadas e valorizadas. O aluno deve compreender a variaçãogenérica e situacional, sob o pressuposto de que a mobilização da língua é,anantes de tudo, ato individual de utilização, portanto a “porta de entrada” que se proponha como sujeito no mundo.

Não se trata propriamente de usar a variação linguística, mas de per-mitir que o aluno olhe com naturalidade para a riqueza de se ler poe-mas, contos... expressos em variedades diversas, por exemplo. Ao lercom o aluno, devo fazê-lo perceber que o texto não é engraçado porapresentar variação dialetal ou de nível linguístico, que o que aconteceali é expressão cultural. Eu não posso ter um povo que viva pela lingua-gem sem pgem sem produzir literatura que se aproxime de como ele fala. É o casode se estudar, por exemplo, os belos textos de Patativa de Assaré. Podemos explorar, também, a composição de uma canção. “Relampi-ando”, de Lenine, é uma canção composta depois de se ter ouvido a musicalidade do falar de um menino que, na rua, enquanto vendia ba-las, expressou: “tá relampiando”. Os compositores perceberam essa mu-sicalidade, não olharam com desprezo para o que o menino dizia e comodizia, pedizia, perceberam nesse uso a musicalidade que só se constrói pelo usoda expressão como foi proferida. Os textos literários são uma fonte belis-síma para mostrar que variar não é caso de erro ou acerto, mas de mantervivo um povo porque o povo vive pela maneira como se inscreve e comomobiliza sua língua.

Page 14: Noções de Linguística No.1

entrevistaA variação linguística é um complexo para o qual contri-buem muitos fatores que só podem ser verificados na lín-gua em uso. Há variações dialetais (caipira, carioca, etc),de nível linguístico (culto, popular, etc), de registro ou esti-lo (monitorado, não monitorado), de modalidade (falada ouescrita), influenciadas ainda por outras variáveis oriundas dofalanfalante ou da situação. Como a variação linguística pode serusada no texto literário em sala de aula?

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Sabrina:

Observando como isso se marca no texto literário e quais os efeitosestéticos e de sentidos advindos dessa marca.nos textos, mas admi-rá-las quando são usadas pelos escritores.

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para complementar...Análise lingüística: articulações com a literatura**

Por Lívia Suassuna e Maria Clara Sobral Galindo

**texto não integral

Tradicionalmente o ensino de língua e literatura vem sendorealizado de forma separada, seja de forma explícita, comprofessores distintos, seja de forma camuflada, com o mesmoprofessor que, por sua vez, separa essas duas facetas da lin-guagem. Acerca dessa prática dicotômica, cabe lembrar aquestão levantada por Leite (2006)*, quando lembra que “omamaterial com que trabalha a literatura é fundamentalmentea palavra e que, portanto, estudar literatura significa tambémestudar língua e vice-e-versa” (p.18).Logo, seu ensino não poderia estar dissociado do ensino delíngua. Mas estamos cientes de que há várias concepções deliteratura. Segundo a mesma autora, teríamos cinco acepçõesbásicas: 1) literatura enquanto patrimônio cultural; 2) litera-tura enquantura enquanto sistema de obras, autores e público; 3) literaturaenquanto disciplina escolar (história literária); 4) literatura co-mo sendo o conjunto de obras consagradas como literáriaspela crítica; e 5) “qualquer texto, mesmo não consagrado,com intenção literária, visível num trabalho de linguagem e daimaginação, ou simplesmente esse trabalho como tal” (p.18).De acordo com a autora, apesar da acepção ideal ser a quinta,pois ela enpois ela entende a literatura como “trabalho com a linguagem”,observa-se que a escola vem trabalhando fundamentalmentecom as acepções 1, 3 e 4.

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AnáliseA partir das entrevistas e do estudado em sala de aula, confirmamosainda mais a ideia que tínhamos de que a linguística e a literatura temtudo a ver uma com a outra. O que mais nos chamou a atenção foi naquestão do porque de separar as duas matérias e de como utilizar a linguística na literatura.

Quando perguntamos o motivo de Linguística ser separado de Litera-tura, tínhamos o entura, tínhamos o entendimento de que é desta forma por razões de didática, porém o que queríamos saber – e as entrevistadas souberamresponder muito bem – era o porquê de os professores de Literatura,em sua maioria, ignorarem a linguística quando, por exemplo, corrigema redação de um aluno.

Já na questão de como utilizar a linguística na literatura, ou de que for-ma os professores podem usar a linguística na sala de aula, entendemosque a melhor foque a melhor forma é deixar claro para o aluno, que existe a variaçãolinguística, e que não há ERRADO e CORRETO, mas sim adequação da língua e da fala em diferentes situações com diferentes grupos e ouvin-tes.