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Noam Chomsky Dentro da cabeça de Noam Chomsky O pensador americano, famoso por suas críticas ao capitalismo, também é um cientista que revolucionou o estudo da liguagem ao aplicar fórmular matemáticas. Conheça sua trajetória e suas idéias. Quando o naturalista inglês Charles Darwin observou os seres vivos e entre eles percebeu nexos e continuidades, combi-nando as idéias de evolução e de seleção natural, o mundo nunca mais foi o mesmo, porque nossa compreensão acerca da vida mudou. Do lingüista e pensador americano Avram Noam Chomsky se pode dizer o mesmo. Autor de mais de 70 livros traduzidos para mais de dez línguas, Chomsky também revolucionou sua área científica, a exemplo de Darwin. Chomsky mudou o objeto de estudo da lingüística. Como tinha acontecido um século antes no domínio da natureza bruta, também na ciência da linguagem pouca gente tinha ousado alguma teoria unificadora. Chomsky o fez. Lingüística é o estudo da linguagem, da gramática das diferentes línguas e da história desses idiomas. Quando Chomsky apareceu no cenário intelectual, esse ramo da ciência tinha vivido poucos avanços significativos. Para falar a verdade, dois. O primeiro foi a criação da tradição clássica, originada no mundo grego, que perdurou até o final do século 19. O segundo salto foi o estruturalismo, criado pelo suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913). Na visão clássica, estudava-se uma língua só por meio dos textos escritos. Os lingüistas rastreavam registros escritos, desde as línguas antigas (latim, grego, aramaico) até alcançar o presente. Esse tipo de abordagem exigia estudiosos que dominassem várias línguas, fazendo descrições de cada caso. Havia pouca capacidade de generalização, ou seja, de transpor o conhecimento acumulado sobre uma língua para outra língua. Era uma abordagem enciclopédica, que considerava os registros escritos como o ponto alto de um idioma. No começo do século 20, era essa visão normativa, com separação clara do que era certo e o que era errado, que dominava o estudo da língua. Quer dizer: o que importava não era saber como funcionava a linguagem, e sim estabelecer e perpetuar as formas tidas como corretas, socialmente prestigiadas. O exemplo brasileiro mais saliente dessa visão é o de Ruy Barbosa, o jurista e político cujos textos, até a metade do século passado, foram tidos como um exemplo de português culto. Essa visão também influenciava o ensino. Na escola, estudava-se a origem da língua (seus pais ou avós provavelmente tiveram aulas de latim) e as mudanças que ocorreram na língua-mãe, até chegar à língua moderna culta. Parecia impossível ensinar o idioma de outro modo. Saussure inovou, comparando o aprendizado de uma língua a um jogo de xadrez. Numa partida em curso, qualquer pessoa pode tomar o lugar de um dos jogadores, porque as regras do jogo são poucas e bem conhecidas. Por isso, não importa muito saber como o cavalo foi parar ali, ou como a torre foi perdida. O que vale é saber que, dada a situação

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Noam Chomsky

Dentro da cabeça de Noam Chomsky

O pensador americano, famoso por suas críticas ao capitalismo, também é um cientista que revolucionou o estudo da liguagem ao aplicar fórmular matemáticas. Conheça sua trajetória e suas idéias.

Quando o naturalista inglês Charles Darwin observou os seres vivos e entre eles percebeu nexos e continuidades, combi-nando as idéias de evolução e de seleção natural, o mundo nunca mais foi o mesmo, porque nossa compreensão acerca da vida mudou. Do lingüista e pensador americano Avram Noam Chomsky se pode dizer o mesmo. Autor de mais de 70 livros traduzidos para mais de dez línguas, Chomsky também revolucionou sua área científica, a exemplo de Darwin.

Chomsky mudou o objeto de estudo da lingüística. Como tinha acontecido um século antes no domínio da natureza bruta, também na ciência da linguagem pouca gente tinha ousado alguma teoria unificadora. Chomsky o fez.

Lingüística é o estudo da linguagem, da gramática das diferentes línguas e da história desses idiomas. Quando Chomsky apareceu no cenário intelectual, esse ramo da ciência tinha vivido poucos avanços significativos. Para falar a verdade, dois. O primeiro foi a criação da tradição clássica, originada no mundo grego, que perdurou até o final do século 19. O segundo salto foi o estruturalismo, criado pelo suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913).

Na visão clássica, estudava-se uma língua só por meio dos textos escritos. Os lingüistas rastreavam registros escritos, desde as línguas antigas (latim, grego, aramaico) até alcançar o presente. Esse tipo de abordagem exigia estudiosos que dominassem várias línguas, fazendo descrições de cada caso. Havia pouca capacidade de generalização, ou seja, de transpor o conhecimento acumulado sobre uma língua para outra língua. Era uma abordagem enciclopédica, que considerava os registros escritos como o ponto alto de um idioma.

No começo do século 20, era essa visão normativa, com separação clara do que era certo e o que era errado, que dominava o estudo da língua. Quer dizer: o que importava não era saber como funcionava a linguagem, e sim estabelecer e perpetuar as formas tidas como corretas, socialmente prestigiadas. O exemplo brasileiro mais saliente dessa visão é o de Ruy Barbosa, o jurista e político cujos textos, até a metade do século passado, foram tidos como um exemplo de português culto. Essa visão também influenciava o ensino. Na escola, estudava-se a origem da língua (seus pais ou avós provavelmente tiveram aulas de latim) e as mudanças que ocorreram na língua-mãe, até chegar à língua moderna culta. Parecia impossível ensinar o idioma de outro modo.

Saussure inovou, comparando o aprendizado de uma língua a um jogo de xadrez. Numa partida em curso, qualquer pessoa pode tomar o lugar de um dos jogadores, porque as regras do jogo são poucas e bem conhecidas. Por isso, não importa muito saber como o cavalo foi parar ali, ou como a torre foi perdida. O que vale é saber que, dada a situação

das peças e conhecidas as regras, a partida pode seguir, agora manejada por alguém que chegou depois do início. Assim é o aprendizado da língua, disse ele: ninguém tem que obrigatoriamente saber a história da língua para falá-la e escrevê-la aqui e agora.

Foi um golpe certeiro. O estruturalismo, como ficou conhecida essa modalidade de estudo da língua, foi tão bem recebido que se expandiu para outras áreas (a antropologia, por exemplo). Para os adeptos dessa visão, estudar uma língua é realçar as estruturas que a compõem e descrevê-las, sem ligar para a história que a trouxe do mundo primitivo até o presente. Estava aberto o caminho para uma abordagem científica da linguagem, porque não se tratava mais de caçar o certo e o errado, mas de tomar a língua como um objeto. Com isso, caía por terra a suposta superioridade de uma língua sobre outra.

Tal mudança tinha motivações concretas. Uma delas era o contato cada vez mais freqüente com línguas não oriundas nem do latim nem do grego. Com sua postura etnocêntrica e escritocêntrica, um lingüista clássico, defrontado com uma língua indígena puramente oral, sem registro escrito, nada podia fazer. O idioma morreria com o último falante nativo. (Anos depois, Chomsky disse que com a perda de uma língua se perde uma pista, talvez irrecuperável, para a solução do mistério da linguagem humana.) Mas, se ele quisesse conhecer o modo de ser daquela cultura, seria preciso outra atitude: gravar as falas dos índios, anotá-las e depois descrevê-las no maior detalhe possível.

O estruturalismo permitia essa revolucionária abordagem: não há aquela visão normativa, de certo e errado, nem necessidade de recorrer à história para entender o presente. A ênfase recai sobre a base empírica, sobre os dados de linguagem verificáveis. Pela primeira vez, a língua ganha estatuto científico, com autonomia em relação à moral, à cultura, aos bons costumes.

Como se faz um lingüista

A formação acadêmica de Chomsky é curiosa. Filho de professor de hebraico, ele dispunha de um conhecimento familiar da matéria, manejando o inglês e o hebraico com intimidade. Avram Noam nasceu em 7 de dezembro de 1928, em Filadélfia, Pensilvânia. Seu pai era William (originalmente, Zev) Chomsky, judeu russo que emigrou para a América em 1913, para não ser obrigado a servir no Exército. Sua mãe se chamava Elsie Simonofsky. Os dois tinham profundas relações com a tradição judaica, e William logo se tornou especialista na gramática do hebraico.

Noam passou por experiência escolar marcante. Dos 2 aos 12 anos, freqüentou um colégio inspirado nas idéias de John Dewey (1859-1952), filósofo americano que pregava um ensino livre de avaliações formais, a favor da criatividade, com desafios à inteligência e nenhuma caretice. Nesse clima, Noam escreve seu primeiro artigo, para o jornal da escola, sobre a queda de Barcelona, foco de resistência dos anarquistas, durante a Guerra Civil espanhola. Tinha 10 anos.

Tão positiva foi essa experiência de aprendizado libertário, que a passagem para uma escola tradicional, na adolescência, foi um choque. Lá ele aprenderia os horrores da avaliação emburrecedora e da doutrinação ideológica, que ele passou a combater de

corpo e alma. Anos depois, em carta a seu biógrafo, ele comentava a consciência que começou a desenvolver ao descobrir-se torcedor do time de futebol da escola. Por que eu estou torcendo por esse time? Eu não conheço essa gente, e eles não me conhecem. Então, por que eu torço? Bem, é o tipo da coisa que você é treinado para fazer. É uma coisa incutida em você. É uma coisa que leva ao ufanismo e à subordinação mental. Mas seu pensamento libertário o isolava. No dia em que seu país bombardeava Hiroshima e Nagasaki, Chomsky estava em férias numa colônia da escola. Ele disse que se sentiu horrorizado, enquanto seus colegas comemoravam.

Bom leitor desde a infância, Chomsky teve uma formação particular. Aos 13 começou a freqüentar Nova York, onde tinha parentes, entre eles um tio, dono de banca de revistas, que funcionava como centro cultural informal. Era um sujeito de formação fraca, mas inteligente. Levado por parentes, freqüentou círculos anarquistas, tudo imerso no mundo cultural dos imigrantes judeus recém-vindos da Europa, gente com ótima formação cultural, embora ali trabalhassem em ofícios manuais.

Isso explica, em parte, por que Chomsky nunca foi marxista, muito menos leninista: ele sabia que havia brutalidade também do lado soviético. Desenvolveu ainda um senso agudo de leitor: para ele, pensadores marxistas como o húngaro Georg Lukács (1885-1971) não lhe soavam profundos, mas confusos. E a clareza e a simplicidade lhe parecem marcas essenciais das grandes idéias. Daí sua admiração por Dwight MacDonald, o ficcionista inglês George Orwell (1903-1950), e Bertrand Russell (1872-1970). Aliás, um dos raros elementos decorativos presentes na sala de Chomsky no Massachusetts Institute of Technology (MIT), o prestigiado instituto americano onde ele hoje leciona, é um pôster de Russell, admirado como filósofo, aliado das classes populares e crítico do papel da elite na reprodução ideológica de seu poder.

Por essa altura, ele passou a apoiar o sionismo, o movimento religioso e político, originado no século 19, que pregava o restabelecimento, na Palestina, de um Estado judaico. Mas é preciso ver que na época, antes da fundação do Estado de Israel, em 1948, ser sionista era ser de esquerda. Os sionistas de então acreditavam que o novo país seria uma sociedade solidária, com matizes socialistas que se configuraram nos kibutzim, colônias de produção coletiva e cooperação entre os palestinos e os judeus. Alguns anos mais tarde, quando começou a namorar sua futura esposa, Carol Schatz, enfrentou uma escolha difícil: seguir a carreira acadêmica ou migrar para Israel? Mas a maior aproximação com Israel foram algumas semanas passadas em um kibutz, em 1953.

Anos depois, sua posição sobre Israel foi tomada como anti-sionista. Mas foi a palavra que mudou de sentido. A partir da ocupação de territórios palestinos e árabes por Israel, ser sionista passou a significar apoio à política expansionista e antiárabe do Estado de Israel.

Na universidade, caminhou entre a filosofia e a lingüística, sem nunca perder de vista o debate e a prática da esquerda libertária não-comunista. Aprendeu árabe. Em 1947, quando estava decidindo sua especialidade, encontrou Zellig Harris, lingüista e pensador judeu americano que foi para ele um parâmetro moral, político e científico. Harris, também sionista, era estruturalista, e Chomsky aprendeu muito com ele. O suficiente para superá-lo.

Descobertas renovadas

Sua entrada para o MIT ocorreu em 1955. Universidade tecnológica com pouca tradição em humanidades e, por isso mesmo, livre da burocracia e da ciumeira tradicionais nas ciências humanas, o instituto não se importou com o fato de Chomsky ter uma formação híbrida de matemática, psicologia, filosofia e lingüística. Ele vai trabalhar numa atividade de que discordava, o desenvolvimento de uma máquina de tradução, para decodificar comunicações cifradas, na Guerra Fria.

A pesquisa tinha patrocínio de nada menos que o Exército, a Marinha e a Aeronáutica americanas, mais a Nasa, a agência espacial. Para um esquerdista, era uma saia justa ideológica, que ele desvestiu com elegância: ao publicar o hoje clássico Aspectos da Teoria da Sintaxe, em 1957, o primeiro produzido no MIT, ele cita seus financiadores e declara que é permitida a reprodução daquele trabalho para qualquer finalidade do governo dos Estados Unidos.

A relação de Chomsky com governos nunca foi tranqüila. Ele rejeita sistematicamente convites oficiais, mesmo vindos de governos de esquerda. Ao Brasil, ele veio este ano, quando o Fórum Social Mundial o convidou mas aí eram organizações não-governamentais.

No MIT, Chomsky desenvolveu uma crítica ao estruturalismo. Essa corrente concebia a linguagem como algo que se aprendia por imitação. Era uma teoria behaviorista, baseada na crença de que, em última instância, o ser humano não tem nada de inato, tudo é aprendido por adestramento. O maior formulador dessa teoria foi o psicólogo americano B.F. Skinner (1904-1990), famoso pela descrição de mecanismos de controle das ações humanas por estímulo e resposta.

Chomsky tem coceiras na alma quando ouve falar de adestramento, dada sua crença na criatividade humana. Em sua concepção, a linguagem é uma capacidade humana natural, inscrita no DNA. É a tese que defende em vários artigos e livros hoje clássicos, como Lingüística Cartesiana, em que toma o mote do racionalista francês René Descartes (1595-1650) sobre tal questão. Dizia Descartes: se uma criança for criada entre lobos, ela não desenvolverá a linguagem. Mas, se voltar ao convívio humano, tudo volta ao que deveria ser, e ela aprende a falar. Já um macaco, mesmo que seja criado apenas entre humanos, jamais desenvolverá a linguagem, que nele não é inata.

Pode parecer pouco, mas essa posição é revolucionária, ainda que recupere pensadores racionalistas e iluministas. Ao criticar Skinner, Chomsky estava não apenas discutindo lingüística, mas atacando a convergência entre o ponto de vista científico e o desejo de domínio das classes dominantes sobre as pessoas. Mais ainda, Chomsky estava mudando radicalmente a localização do objeto de estudo da lingüística: enquanto para os estruturalistas a língua era algo externo ao homem, para ele o foco era a capacidade inata da linguagem, porque ali, dentro de todos e de cada um, está um tesouro, que é preciso estudar. (Essa capacidade que faz você, leitor, entender esta frase que está lendo agora, frase que nunca tinha lido antes mas que faz sentido esta capacidade é o objeto da lingüística chomskyana.)

Chomsky também diverge do empirismo dos estruturalistas. Para eles, a tarefa do lingüista consiste em descrever as línguas tal como se apresentam, na fala das pessoas ou nos textos. Para Chomsky, esse caminho positivista é um beco sem saída, ou melhor, um caminho sem fim: cada época, cada região e mesmo cada indivíduo sempre modificam um pouco a língua, de maneira que o trabalho seria uma catalogação infinita. Começou a falar alto a parte matemática de sua formação.

Chomsky postulou que se pode descrever algebricamente as línguas ou melhor, a língua humana , a partir de esquemas abstratos e não de dados colhidos em cada situação. Saiu da visão indutiva e passou à dedução: em vez de procurar as particularidades de cada língua, ele cogitou que, sendo manifestações de uma condição inata, as línguas devem guardar características universais, marcas de sua origem comum no cérebro humano.

Para descrever o processo cerebral que dava origem às frases, Chomsky postulou a tese de que a linguagem humana ocorre em dois níveis: uma estrutura profunda, na qual o raciocínio ocorreria sem o uso de palavras (mais propriamente, essa estrutura corresponderia ao que hoje concebemos como um software), e uma estrutura superficial, que são as frases que dizemos, pensamos e escrevemos. Entre os dois níveis haveria um conjunto de transformações, que o lingüista deveria descrever.

Um exemplo clássico. Tome duas frases: João comprou o caderno e O caderno foi comprado por João. Para um estruturalista, que só trabalha com a língua manifestada, observável diretamente, elas são muito diferentes. Já para Chomsky as duas frases seriam, apesar das diferenças óbvias, muito próximas, porque dizem a mesma coisa, descrevem a mesma ação, mudando a ênfase a primeira começa a frase pelo agente da ação, enquanto a segunda inicia com o objeto (as formas ativa e passiva). Ou seja: na estrutura profunda, as duas frases seriam uma só. As transformações entre um estágio e outro é que seriam objeto do lingüista.

Vêm daí as nomenclaturas originais de sua teoria: ele queria descrever uma gramática (no sentido de conjunto de regras de funcionamento da língua) que fosse gerativa (capaz de gerar, no sentido matemático, todas as frases possíveis a partir de um conjunto limitado de regras e elementos) e transformacional (que descrevesse as regras de transformação entre as duas estruturas).

Militância política

A política sempre esteve presente na vida de Chomsky. Desde o jornal da escola, depois na vivência nas ruas da Nova York da Segunda Guerra, no debate sionista, na aproximação com grupos anarquistas. Sua atuação hoje é desdobramento da velha militância, marcada pelo anarquismo, pela perspectiva libertária, pelo racionalismo iluminista.

Na primeira contribuição relevante à prestigiosa revista The New York Review of Books, em 1967, ele escreveu um longo artigo, A Responsabilidade dos Intelectuais. Nele, Chomsky lembra que, 20 anos antes, lera um texto decisivo em sua formação, de Dwight MacDonald (1906-1982), jornalista de esquerda que formulava perguntas como: Até que ponto os britânicos e americanos somos responsáveis pelos aterrorizantes

bombardeios sobre civis, executados como uma simples técnica por nossas democracias ocidentais culminando em Hiroshima e Nagasaki, certamente um dos mais indizíveis crimes da história?

Foi com essa inspiração que Chomsky construiu o que, para ele, era a tarefa central dos intelectuais: Os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade dos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras. Era o ano de 1967, e os Estados Unidos estavam em guerra com o Vietnã.

Politicamente, Chomsky se define como anarquista. Mas ele tem uma visão própria do termo. Para ele, anarquismo é a convicção de que a obrigação de se explicar é sempre da autoridade, e que esta deve ser destituída caso não consiga fazê-lo. Trata-se de posição não ortodoxa, não partidária e certamente anticomunista, mas pela esquerda.

Para ele, capitalismo é um mercantilismo corporativo, controlado por empresas ajustadas com governos, que sempre intervêm a favor do capital, apesar da fantasia do livre mercado (inexistente, diz ele, nos Estados Unidos e em toda parte), e que exercem controle sobre a economia, a política, a sociedade e a cultura. Seu inimigo é o poder do capital e do Estado. Para ele, os indivíduos é que devem ser a medida das coisas.

Eremita solitário

A posição filosófica de Chomsky, em princípio, não tem relação com sua atividade científica, voltada para a busca do caráter universal da linguagem humana a partir de uma abordagem algébrica. Mesmo a semântica não importa. Sua famosa frase Colorless green ideas sleep furiously (Idéias incolores verdes dormem furiosamente, em português) representa a tese de que qualquer falante reconhece frases mesmo que sem sentido, o que seria uma prova da qualidade inata da linguagem. O Chomsky militante tem interesse no mundo social, ao passo que o cientista não quer saber dele diretamente. Só muito abstratamente, como ele costuma dizer, os dois universos se encontram. Um desses pontos de contato é o Iluminismo a procura de universais, sejam eles lingüísticos ou republicanos. Outro é a fé na razão, que pode ser a razão filosófica ou a razão do bom senso. Ou o cosmopolitismo, tanto na aceitação da validade de qualquer língua humana quando na compreensão do valor de cada indivíduo.

Seus esforços em decifrar a linguagem humana são, por outro lado, semelhantes aos que dispende na denúncia do que lhe parece errado. Em 1967, ele escreveu: A fraude e a distorção que cercam a invasão americana no Vietnã estão, agora, tão domesticadas que perderam seu poder de chocar. É portanto útil recordá-las, embora estejamos atingindo novos níveis de cinismo a toda hora e os evidentes motivos desse horror estejam sendo aceitos, com silenciosa cumplicidade, em nossos lares. Se trocarmos Vietnã por Iraque, temos aí o texto que Noam Chomsky pode estar escrevendo neste exato momento.

Conferenciando para centenas de jovens na Austrália, metendo o bedelho nas crises do Oriente Médio ou escrevendo um artigo de lingüística, aí está Avram Noam Chomsky, temperamento eremita, que preferiria ficar quieto em seu canto, mas vive militando pelo mundo, denunciando o poder e espalhando solidariedade.

As frases que ilustram a reportagem foram extraídas de livros e entrevistas de Noam Chomsky. Colaborou Pedro de Moraes Garcez.

Para saber mais

PRINCIPAIS TRABALHOS NA ÁREA DA LINGÜÍSTICA

Aspectos da Teoria da Sintaxe, Armênio Amado, Portugal, 1995

O Conhecimento da Língua: Sua Natureza, Origem e Uso, Caminho, Portugal, 1994

O Programa Minimalista, Caminho, Portugal, 1999

ALGUNS TÍTULOS PUBLICADOS NO BRASIL DA ÁREA DA CRÍTICA SOCIAL E POLÍTICA

Novas e Velhas Ordens Mundiais, Scitta, São Paulo, 1996

Segredos, Mentiras e Democracia, Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1997

O Que o Tio Sam Realmente Quer, Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1999

A Minoria Próspera e a Multidão Inquieta, Editora da Universidade de Brasília, Brasília, 1997

O Lucro ou as Pessoas? Neoliberalismo e Ordem Global, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2002

Banhos de Sangue, Noam Chomsky e Edward Herman, Difel, São Paulo, 1976

A Sociedade Global - Educação, Mercado e Democracia, Noam Chomsky e Heinz Dieterich, Editora da FURB, Blumenau, 1999

Propaganda e Consciência Popular, Noam Chomsky e David Barsamian, EDUSC, São Paulo, 2003

SOBRE CHOMSKY

O Instinto da Linguagem: Como a Mente Cria a Linguagem, Steven Pinker, Martins Fontes, São Paulo, 2002

Noam Chomsky: A Life of Dissent, Robert F. Barsky, MIT Press, Estados Unidos, 1997

NOAM CHOMSKY E AS ILUSÕES NECESSÁRIAS

Jorge Silva

Discretamente, anonimamente, no segredo que é o que caracteriza toda a programação televisiva alternativa ao monopólio global, a Rede Cultura do Brasil transmitiu o imperdível documentário “Consenso Fabricado” uma série de três capítulos sobre a vida e obra do pensador libertário norte-americano Noam Chomsky. Centrada nas análises mais polemicas e lúcidas de Chomsky, o documentário discute o papel contemporâneo dos mídia na fabricação do consenso na sociedades de massas. Noam Chomsky nasceu em Filadélfia em 1928 de família judia ucraniana. Desde cedo se aproximou das idéias libertárias de pensadores judeus como Martin Buber, Gershom Scholem e da tradição dos emigrantes anarco-sindicalistas. Professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), aos 30 anos já era internacionalmente famoso pelas suas pesquisas em lingüística e suas teorias revolucionárias sobre estrutura da linguagem: a gramática generativa. Aquele que podia ter sido um pacato e famoso professor universitário, não compactuou, no entanto, com o poder. Tal como havia feito nos anos 30 - quase criança- manifestando sua solidariedade aos libertários espanhóis vítimas do fascismo de Franco, nos anos 60 foi um dos principais intelectuais presentes na oposição à guerra do Vietnã participando também das lutas dos direitos civis que abalaram o establishment norte- americano. Chomsky mostrou como um intelectual pode viver duas vidas: a dum cientista brilhante e a do engajamento nas causas sociais. A partir daí podemos encontrar ao lado da obra do famoso lingüista, as análises ácidas do analista independente capaz de escrever Os Novos Mandarins, Ano 501: A Conquista Continua ou As Ilusões Necessárias: O Controle do Pensamento nas Sociedades Democráticas. Uma obra que se estende por mais de cinqüenta livros traduzidos em todo o mundo. A maior parte do seu tempo fora do MIT e da pesquisa universitária é gasto dando conferências para grupos comunitários e alternativos por toda a América do Norte. Para ele compromisso social é isso: defesa da liberdade, da justiça e da autonomia dos cidadãos. Essa radical generosidade tanto se manifesta na oposição à arrogância imperial norte-americana, quanto na solidariedade aos palestinos -ele que é um judeu-, ou no apoio à causa do povo maubere de Timor, essa ilha perdida na Oceania, onde se fala o português. De forma desconcertante, desmontando os discursos dos intelectuais e especialistas da sociedade do espetáculo, Chomsky afirma: “Para analisar as ideologias, basta um pouco de abertura de espírito, de inteligência e um cinismo saudável. Todo o mundo é capaz de fazê-lo. Temos de recusar que só os intelectuais dotados de uma formação especial

são capazes de trabalho analítico. Na realidade, isso é o que alguns nos querem fazer querer...” Talvez por essa sua independência, sua autonomia, Noam Chomsky tem sido um intelectual suspeito para a esquerda dogmática, até porque sua visão libertária sempre o fez duvidar dos caminhos autoritários do socialismo de estado. Nos anos 80 afirmava: “Para a esquerda, a queda da tirania soviética foi uma alegria e uma pequena vitória. Sempre é positivo que desapareça uma forma de opressão.” Talvez por isso sua obra seja tão herética para as grandes editoras dos EUA, quanto para as confrarias da esquerda brasileira. Por essa razão a dificuldade de encontrar algumas das obras fundamentais de Chomsky em língua portuguesa, e também por isso o silêncio na universidade brasileira em relação ao mais conhecido e influente pensador norte-americano, contrastando com a omnipresença dos mais medíocres pensadores da ortodoxia marxista. Mas pensar independentemente na sociedade de massas, onde os mídia domesticam o pensamento e fabricam os consensos -essa é opinião de Chomsky- é talvez o maior desafio dos intelectuais da nossa época. “O cidadão só tem uma maneira de defender-se do sistema de propaganda: o de adquirir algum controle sobre sua vida, vencendo o isolamento e organizando-se”, “as idéias da livre associação, do controle popular das instituições e de derrubada das estruturas autoritárias são o caminho da liberdade e da democracia.” Segundo Chomsky a “fabricação de ilusões necessárias para a gestão social é tão velha como a história.” mas, foi a partir do começo do nosso século com o autoritarismo comunista e fascista que se criou o atual “modelo de propaganda” onde a instrumentalização dos cidadãos se faz através dos mais poderosos meios de manipulação de massas criados até hoje pelo o homem: a imprensa, o radio e a televisão. Para os que o acusam de maniqueísmo, Chomsky responde com estudos documentados e detalhados do comportamento dos mass media americanos face aos grandes acontecimentos, particularmente da política externa norte-americana, demonstrando a cínica e distinta forma de tratar o genocídio no Cambodja e em Timor, a repressão em Cuba e na Guatemala, a violência palestina e israelense... Esta análise “pode produzir a impressão de que o sistema é todo poderoso, o que está longe de ser verdade. As pessoas estão capacitadas para resistir, e às vezes fazem-no, com efeitos consideráveis.” Este otimismo vem da “da tradição que afirma que os seres humanos tem um instinto de liberdade e que tratam de ampliar ao máximo sua própria liberdade e a dos demais; que têm um impulso de solidariedade e empatia. “ Só que a fabricação do consenso nas sociedades democráticas, a manipulação e o isolamento são um obstáculo a esse potencial social positivo. “Uma nova tecnologia como a televisão é muito útil, porque produz o efeito de isolar as pessoas. Cada indivíduo está só diante da tela. Não se comunica com ninguém, nem atua em comum, nem se organiza. “; uma das razões é que “os indivíduos devem estar sozinhos, enfrentando o poder centralizado e os sistemas de informação de forma isolada, para que não possam participar de modo significativo na administração dos assuntos públicos.” O cidadão comum, para quem Chomsky continuamente afirma escrever seus livros, pode vencer o isolamento. “Se as pessoas com um poder limitado querem fazer algo, seja vencer o sistema de propaganda ou simplesmente adquirir algum controle sobre suas vidas, têm que criar organizações que lhes proporcionem uma força para contrapor aos principais centros do poder e quem sabe expandir essa força em outras direções.” Mas o crítico da manipulação e do consenso fabricado, é também o grande especialista

do estudo da linguagem -sinal de identidade definidora da espécie - e acredita na virtualidade da interação comunicativa. Mas para isso teria que haver mudanças substanciais no comportamento dos cidadãos, capazes de olhar criticamente a informação, “ler com lupa, com cuidado para não tropeçar em armadilhas”, dos jornalistas que deveriam “contar a verdade. Terem honestidade pessoal, coragem - até para perder o emprego - talento” e principalmente “uma política de comunicações democrática, que deveria tentar desenvolver meios de expressão e interação que reflitam os interesses e as preocupações da população em geral, fomentem sua auto-educação e sua ação individual e coletiva.” Texto publicado no Anexo Cultural do jornal A Notícia (Joinville/SC), 1 de maio de 1996

Noam Chomsky

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Noam Chomsky

Noam Chomsky, professor do MIT. [1].

Nascimento 7 de Dezembro, 1928 (79 anos) Filadélfia, Pensilvânia

Escola/tradição Línguistica

Principais interesses

Psicologia, Política, Ética

Influências

Bertrand Russell, John Dewey, Mikhail Bakunin,W. von Humboldt, Adam Smith, Rudolf Rocker, Zellig Harris, Immanuel Kant, René Descartes, George Orwell, Karl Marx, C. West Churchman, W.V.O. Quine, Alan Turing

Influenciados

Colin McGinn · Edward Said Steven Pinker · Tanya Reinhart Daniel Everett · Morris Halle Gilbert Harman · Jerry Fodor Howard Lasnik ·Robert Fisk Neil Smith ·Ray Jackendoff Norbert Hornstein ·Jean Bricmont Marc Hauser ·Norman Finkelstein Robert Lees · Mark Baker Julian Boyd ·Bill Hicks Ray C. Dougherty ·Derek Bickerton Thom Yorke

Avram Noam Chomsky (Filadélfia, 7 de dezembro de 1928) é um professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, das iniciais em inglês).

O seu nome está associado à criação da gramática ge(ne)rativa transformacional, abordagem que revolucionou os estudos no domínio da linguística teórica. É também o autor de trabalhos fundamentais sobre as propriedades matemáticas das linguagens formais, sendo o seu nome associado à chamada Hierarquia de Chomsky.

Os seus trabalhos, combinando uma abordagem matemática dos fenómenos da linguagem com uma crítica radical do behavio(u)rismo, em que a linguagem é conceptualizada como uma propriedade inata do cérebro/mente humanos, contribuem decisivamente para o arranque da revolução cognitiva, no domínio das ciências humanas.

Além da sua investigação e ensino no âmbito da Linguística, Chomsky é também muito conhecido pelas suas posições políticas de esquerda e pela sua crítica da política externa dos Estados Unidos da América. Chomsky descreve-se como um socialista libertário havendo quem o associe ao anarco-sindicalismo.

O termo chomskiano é habitualmente usado para identificar as suas idéias linguísticas embora o próprio considere que esses tipos de classificações (chomskiano, marxista, freudiano) "não fazem sentido em nenhuma ciência", e que "pertencem à história da religião, enquanto organização".

Índice [esconder]

1 Biografia 2 Contribuição à Linguística

o 2.1 Gramática Ge(ne)rativa o 2.2 Hierarquia de Chomsky o 2.3 Crítica da Linguística de Chomsky

3 Contribuições à Psicologia 4 Crítica da Ciência 5 A influência em outros campos 6 Visão Política

o 6.1 A visão sobre o terrorismo o 6.2 Crítica ao governo dos Estados Unidos da América

7 Visão sobre o socialismo o 7.1 Análise dos meios de comunicação de massa o 7.2 Chomsky e o Oriente Médio

8 As críticas o 8.1 David Horowitz o 8.2 Acusações de anti-semitismo o 8.3 Crítica recebida dos ativistas palestinos

9 Notas 10 Bibliografia

o 10.1 Linguística 11 Ver também 12 Ligações externas

o 12.1 Fontes o 12.2 Palestras e entrevistas selecionadas

13 Artigos selecionados 14 Críticas a Chomsky 15 Sátira de Chomsky

[editar] Biografia

Chomsky nasceu na cidade da Filadélfia, no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América, filho de um estudioso do hebraico e professor, William Chomsky. Em 1945, começou a estudar Filosofia e Linguística na Universidade da Pensilvânia com Zellig Harris, professor com cuja visão política ele se identificou. Antes de receber seu doutoramento em Linguística pela Universidade da Pensilvânia em 1955, Chomsky realizou a maior parte de sua pesquisa nos quatro anos anteriores na Universidade de Harvard como pesquisador assistente. Na sua tese de Ph.D., um trabalho de mais de mil páginas, desenvolveu a sua abordagem original às ideias linguísticas, tendo um resumo sido publicado no seu livro de 1957 Syntactic Structures (Estruturas Sintácticas), numa editora holandesa, por recomendação de Roman Jakobson. A recensão crítica desta obra por Robert Lees teve um papel fundamental na sua divulgação e reconhecimento como trabalho revolucionário.

Depois de receber o doutoramento, Chomsky leciona no MIT há mais de 40 anos consecutivos, sendo nomeado para a "Cátedra de Línguas Modernas e Linguística

Ferrari P. Ward". Durante esse período, Chomsky tornou-se publicamente muito empenhado no activismo político e, a partir de 1964, protesta activamente contra o envolvimento americano na Guerra do Vietname. Em 1969, publica o livro American Power and the New Mandarins (O Poder Americano e os Novos Mandarins), um livro de ensaios sobre essa guerra. Desde então Chomsky tornou-se mundialmente conhecido pelas suas idéias políticas , dando palestras por todo o mundo e publicando inúmeras obras. A sua ideologia política, classificada como socialismo libertário, rendeu inúmeros seguidores dentro do campo da "esquerda" mas também muitos detratores em todos os lados do espectro político. Durante este tempo, Chomsky continuou a pesquisar, a escrever e a ensinar, contribuindo regularmente com novas propostas teóricas que virtualmente definiram os problemas e questões centrais da investigação linguística nos útimos 50 anos.

Dedicatória e autógrafo de Chomsky em edição brasileira de um de seus livros

Em 1979, Paul Robinson escreveu no New York Times Book Review que "Pelo poder, alcance, inovação e influência de suas idéias, Noam Chomsky é indiscutivelmente o mais importante intelectual vivo, hoje." Contudo, Robinson continua o artigo dizendo que os trabalhos de Chomsky sobre Política são "terrivelmente simplistas". Chomsky observa que "se não fosse por esta segunda afirmação, eu era capaz de pensar que estava fazendo algo errado... é verdade que o imperador está nu, mas o imperador não gosta que digam isto a ele, e os cachorrinhos-de-colo do imperador como o The New York Times não vão gostar da experiência se você o fizer".

De acordo com o Arts and Humanities Citation Index, entre 1980 e 1992, Chomsky foi citado como uma "fonte" mais frequentemente que qualquer outro acadêmico vivo, e foi a octogésima fonte mais citada, no cômputo geral.

Chomsky também tem recebido crédito de grupos culturais. O grupo musical Rage Against the Machine leva cópias de seus livros em suas turnês. A banda de grunge Pearl Jam tocou pedaços de falas de Chomsky mixadas com algumas de suas músicas. O grupo de rock n' roll REM convidou o linguista para palestrar antes de seus shows, o que Chomsky recusou. Discursos de Chomsky têm sido apresentados em lados B dos álbuns da banda Chumbawamba e outros grupos. O cantor e ativista político Bono Vox, do grupo irlandês U2, disse que "Se o trabalho de um rebelde é derrubar o velho e

preparar o novo, então este é Noam Chomsky, um rebelde sem pausas, o Elvis da Academia... Como o rock n'roll dos anos 90 continua sendo atado nas mãos, é irônico que um homem de 65 anos de idade tenha o real espírito rebelde".

A revista Rolling Stone escreveu que Chomsky "está no nível de Thoreau e Emerson no campo da literatura da rebelião". A Village Voice comentou que "Com que perspicácia (Chomsky) não fica enrolando e realmente diz alguma coisa!". Uma resenha no The Nation tinha a seguinte observação: "Não ler (Chomsky)... é cortejar a genuína ignorância".

"Avram" é uma outra forma de "Abraão". "Noam" é uma palavra hebraica que significa "desprazeroso", "sem prazer". "Chomsky é o nome eslavo "Хомский". A pronúncia original, de acordo com o Alfabeto Fonético Internacional, é [avram noam 'xomskij]. Geralmente é anglicizada para ['ævræm 'nəʊm 'tʃɒm ski] — ou ['ævræm 'noʊm 'tʃam ski] com o sotaque estadunidense.

[editar] Contribuição à Linguística

Syntactic Structures foi uma destilação do livro Logical Structure of Linguistic Theory (1955) no qual Chomsky apresenta sua idéia da gramática gerativa. Ele apresentou sua teoria de que os "enunciados" ou "frases" das línguas naturais devem ser interpretados em dois tipos de representação distintas: as "estruturas superficiais" correspondendo à estrutura patente das frases, e as "estruturas profundas", uma representação abstracta das relações lógico-semânticas das mesmas.

Esta distinção conserva-se hoje, na diferenciação entre Forma Lógica e Forma fonética, embora o processo de derivação transformacional com regras específicas tenha sido substituído pela operação de princípios gerais. Na versão de 1957/65 da teoria de Chomsky, as regras transformacionais (juntamente com regras de sintagmáticas, phrase structure rules e outros princípios estruturais) governam ao mesmo tempo a criação e a interpretação das frases. Com um limitado conjunto de regras gramaticais e um conjunto finito de palavras, o ser humano é capaz de gerar um número infinito de frases bem formadas, incluindo frases novas.

Chomsky sugere que a capacidade para produzir e estruturar frases é inata ao ser humano (isto é, é parte do patrimônio genético dos seres humanos) gramática universal. Não temos consciência desses princípios estruturais assim como somos não temos consciência da maioria das nossas outras propriedades biológicas e cognitivas.

As abordagens mais recentes, como o Programa Minimalista são ainda mais radicais na defesa de princípios económicos e óptimos na estrutura gramática universal. Entre outras afirmações, Chomsky diz que os princípios gramaticais subjacentes às linguagens são completamente fixos e inatos e que as diferenças entre as várias línguas usadas pelos seres humanos através do mundo podem ser caracterizadas em termos da variação de conjuntos de parâmetros (como o parâmetro pro-drop, que estabelece se um sujeito explícito é obrigatório, como no caso da língua inglesa, ou se pode ser opcionalmente deixado de lado (suprimido ou elidido), como no caso do português, italiano e outras).

Esses parâmetros são freqüentemente comparados a interruptores. A versão da gramática generativa que desenvolve a abordagem paramétrica é por isso designada

princípios e parâmetros . Nesta abordagem, uma criança que está a aprender uma língua precisa adquirir apenas e tão somente os ítens lexicais necessários (isto é, as palavras) e fixar os parâmetros relevantes.

Esta abordagem baseia-se na rapidez espantosa com a qual as crianças aprendem línguas, pelos passos semelhantes dados por todas as crianças quando estão a aprender línguas e pelo fato que as crianças realizarem certos erros característicos quando aprendem sua língua-mãe, enquanto que outros tipos de erros aparentemente lógicos nunca ocorrem. Isto sucede precisamente, segundo Chomsky, porque as crianças estão a empregar um mecanismo puramente geral (isto é, baseado em sua mente) e não específico (isto é, não baseado na língua que está sendo aprendida).

As idéias de Chomsky continuam a influenciar significativamente a pesquisa que investigavam a aquisição de linguagem pelas crianças, muito embora se tenham desenvolvido nesta área abordagens neo-behaviouristas, ou mistas que privilegiam explicações baseadas em mecanismos gerais de aprendizagem, com variantes emergentistas ou conexionistas.

[editar] Gramática Ge(ne)rativa

A abordagem de Chomsky em relação à sintaxe, freqüentemente chamada de gramática gerativa, embora geralmente dominante, deu origem a escolas que dela divergem em aspectos técnicos como a Gramática Lexical-Funcional ou a HPSG. Noutros casos, há diferenças mais profundas, especialmente nas abordagens ditas funcionalistas, em parte herdeira do legado da Escola de Praga.

A análise sintática de Chomsky, muitas vezes altamente abstrata, se baseia fortemente em uma investigação cuidadosa dos limites entre construções gramaticais corretas e construções gramaticais incorretas numa língua. Deve-se comparar esta abordagem aos assim chamados casos patológicos (pathological cases) que possuem um papel semelhantemente importante em matemática. Tais julgamentos sobre a correção gramatical só podem ser realizados de maneira exata por um falante nativo da língua, entretanto, e assim, por razões pragmáticas, tais linguistas normalmente (mas não exclusivamente) focalizam seus trabalhos em suas próprias línguas-mães ou em línguas em que eles são fluentes (geralmente inglês, francês, alemão, holandês, italiano, japonês ou um das línguas do chinês).

Algumas vezes a análise da gramática gerativa não tem funcionado quando aplicada à línguas que não foram ainda estudadas. Desta maneira, muitas alterações foram realizadas na gramática gerativa devido ao aumento do número de línguas analisadas. Entretanto, as reivindicações feitas sobre uma linguística universal tem se tornado cada vez mais fortes e não têm se enfraquecido com o transcorrer do tempo. Por exemplo, a sugestão de Kayne, na década de 90, de que todas as línguas têm uma ordem Sujeito - Verbo - Objeto das palavras teria parecido altamente improvável na década de 60. Uma das principais motivações que estão por detrás de uma outra abordagem, a perspectiva funcional-tipológica (ou tipologia linguística, freqüentemente associada a Joseph H. O Greenberg), é basear hipóteses da linguística universal no estudo da maior variedade possível de línguas, para classificar a variação e criar teorias baseadas nos resultados desta classificação. A abordagem de Chomsky é por demais profunda e a dependente do

conhecimento nativo da língua para seguir este método (embora tenha sido aplicada a muitas línguas desde que foi criada).

[editar] Hierarquia de Chomsky

Ver artigo principal: Hierarquia de Chomsky

Chomsky é famoso por pesquisar vários tipos de linguagens formais procurando entender se poderiam ser capazes de capturar as propriedades-chave das línguas humanas. A hierarquia de Chomsky divide as gramáticas formais em classes com poder expressivo crescente, por exemplo, cada classe sucessiva pode gerar um conjunto mais amplo de linguagens formais que a classe imediatamente anterior. De maneira interessante, Chomsky argumenta que a modelagem de alguns aspectos de linguagem humana necessita de uma gramática formal mais complexa (complexidade medida pela hierarquia de Chomsky) que a modelagem de outros aspectos. Por exemplo, enquanto que uma linguagem regular é suficientemente poderosa para modelar a morfologia da língua inglesa, ela não é suficientemente poderosa para modelar a sintaxe da mesma. Além de ser relevante em linguística, a hierarquia de Chomsky também tornou-se importante em Ciência da Computação (especialmente na construção de compiladores) e na Teoria de Autômatos.

Seu trabalho seminal em fonologia foi The sound pattern of English, que publicou juntamente com Morris Halle. Este trabalho é considerado ultrapassado (embora tenha sido recentemente reimpresso). Chomsky não pesquisa nem publica mais na área de fonologia.

[editar] Crítica da Linguística de Chomsky

Embora a abordagem de Chomsky seja reconhecidamente uma das melhores da Lingüistica, ela tem sido criticada por outros autores. Talvez a mais conhecida abordagem alternativa à posição de Chomsky seja a de George Lakoff e de Mark Johnson. O trabalho destes pesquisadores sobre Linguística cognitiva desenvolveu-se a partir da Linguística de Chomsky, mas difere dela de maneira significativa. Especificamente, argumenta contra os aspectos neo-cartesianos das teorias de Chomsky, eles afirmam que Chomsky falha em não levar em conta a incorporação extensiva da cognição. Como notado acima, a visão conexionista da aprendizagem não é compatível com a abordagem de Chomsky. Também, desenvolvimentos mais recentes em psicologia como, por exemplo, cognição localizada e psicologia discursiva não são compatíveis com a abordagem chomskiana.

De maneira ainda mais radical, os filósofos na tradição de Wittgenstein (como Saul Kripke) acham que a visão Chomskyana é fundamentalmente errada quanto ao papel das regras no que tange a cognição humana.

De maneira semelhante, os filósofos das tradições da fenomenologia, do existencialismo e da hermenêutica se opõem aos aspectos abstratos neo-racionalistas do pensamento de Chomsky. O filósofo contemporâneo que representa melhor esta visão é, talvez, Hubert Dreyfus, também famoso (ou notório) pelos seus ataques contra a inteligência artificial.

[editar] Contribuições à Psicologia

Ver artigo principal: Psicologia

O trabalho de Chomsky em Lingüistica teve implicações importantes para a Psicologia e foi um de seus principais direcionamentos, durante o século XX. Sua teoria da gramática universal foi uma crítica direta ao behaviorismo, fortemente estabelecido em seu tempo, e teve conseqüências importantes no entendimento de como a linguagem é aprendida pelas crianças e o que, exatamente, é a capacidade de interpretar linguagem. Os princípios mais básicos desta teoria são atualmente geralmente aceitos (embora não necessariamente as fortes reivindicações feitas pela abordagem de princípios e parâmetros descrita acima).

Em 1959, Chomsky publicou uma crítica - a qual obteve uma grande repercussão - do livro Verbal Behavior, escrito por B.F. Skinner, o mais aclamado dos psicólogos da tradição psicológica behaviorista (ou, em português, comportamentalista). Essa teoria, que tinha dominado a Psicologia na primeira metade do século XX, dizia que a linguagem era meramente um "comportamento aprendido". Skinner argumentava que a linguagem, como qualquer outro comportamento — desde a salivação de um cão ao antecipar seu jantar ao desempenho de um grande pianista — poderia ser atribuído a um "treinamento feito através de recompensas e penalidades durante certo período de tempo". A linguagem, segundo Skinner, podia ser completamente aprendida através das pistas e do condicionamento proveniente do mundo no qual aquele-que-aprende está imerso.

A crítica de Chomsky à metodologia e às pressuposições básicas de Skinner prepararam o caminho para uma revolução contra a doutrina behaviorista. Em seu livro de 1966, Línguistica Cartesiana e em trabalhos subseqüentes, Chomsky cria uma explicação das faculdades da linguagem humana que tornou-se um modelo para investigação em outras áreas da Psicologia. Muito da concepção atual de como a mente trabalha vem diretamente de idéias que, nos tempos modernos, encontraram em Chomsky seu primeiro autor.

Existem três idéias chave:

Primeiro, que a mente é "cognitiva", isto é, que a mente realmente contém estados mentais, crenças, dúvidas e assim por diante. A visão anterior negava mesmo isto, com a argumentação de que existem apenas relacionamentos "estímulo-resposta" tais como "Se você me pergunta se quero X, eu irei dizer sim". Mas Chomsky mostrou que a maneira mais comum de entender a mente, como ter coisas como crenças e mesmo estados mentais inconscientes, tinha de estar certo.

Segundo, Chomsky argumentou que muitas partes do que a mente adulta podia fazer era "inata". Isto é, embora nenhuma criança nascesse automaticamente sendo capaz de falar uma linguagem, todas as pessoas nascem com uma capacidade poderosa de aprendizado da linguagem que permite a eles dominar muitas linguagens muito rapidamente em seus primeiros anos de vida. Psicólogos subseqüentes têm estendido esta tese para além da linguagem de maneira que a mente não é mais considerada um "papel em branco" quando do nascimento.

Finalmente, Chomsky introduziu o conceito de "modularidade", uma característica crítica da arquitetura cognitiva da mente. A mente é composta de uma conjunto de subsistemas especializados que interagem entre si e que apresentam fluxos de intercomunicação limitados. Este modelo contrasta agudamente com a velha idéia segundo a qual qualquer parte de informação na mente poderia ser "acessada" por qualquer outro processo cognitivo. Ilusões ópticas, por exemplo, não "podem ser desligadas" mesmo quando se reconhece serem apenas ilusões.

[editar] Crítica da Ciência

Chomsky tem refutado fortemente o deconstrucionismo e as críticas do pós-modernismo à Ciência:

"Tenho passado muito tempo da minha vida a trabalhar em questões como estas, a utilizar os únicos métodos que conheço e que são condenados aqui como "ciência", "racionalidade", "lógica" e assim por diante. Portanto, leio esses artigos com certa esperança de que eles me ajudassem a "transcender" estas limitações, ou talvez me sugerissem um caminho inteiramente diferente. Temo ter me desapontado. Reconheço que isso pode se dever às minhas próprias limitações. Muito frequentemente meus olhos se esgazeam quando leio discursos polissilábicos de autores do pós-estruturalismo e do pós-modernismo. Penso que tais textos são, em grande parte, feitos de truísmos ou de erros, mas isso é apenas um pequeno pedaço dessa coisa toda. É verdade que há muitas outras coisas que eu não entendo: artigos nas edições atuais dos periódicos de Matemática e de Física, por exemplo. Mas existe uma diferença, neste último caso, eu sei como entendê-los, e tenho feito isto em casos de particular interesse para mim; e eu também sei que outras pessoas que trabalham nestes campos podem me explicar seu conteúdo em meu nível, de modo que possa obter uma compreensão (embora às vezes parcial) que me satisfaça. Em contraste, ninguém parece ser capaz de me explicar que o último artigo "pós-isto-e-pós-aquilo" não seja (em sua maior parte) outra coisa que não truísmos, erros ou balbúcios, de maneira que eu não sei o que fazer para prosseguir com eles." [2]

Chomsky nota que as críticas à "ciência masculina branca" são muito semelhantes aos ataques anti-semitas e politicamente motivados contra a "Física judaica" usada pelos nazistas para denegrir a pesquisa feita pelos cientistas judeus durante o movimento Deustche Physik:

"De fato, por si só a ideia de uma 'ciência masculina branca' me lembra, eu temo, a ideia de uma "Física judaica". Talvez seja outra inaptidão minha, mas quando leio um artigo científico, eu não consigo dizer se o autor é branco ou se é homem. O mesmo é verdade para o problema do trabalho ser feito em sala de aula, no escritório, ou em qualquer outro lugar. Eu duvido que os estudantes não-masculinos, não-brancos, amigos e

colegas com quem que trabalho não ficassem deveras impressionados com a doutrina de que seu pensamento e sua compreensão das coisas seria diferente da "ciência masculina branca" por causa de sua "cultura ou gênero ou raça". Suspeito que "surpresa" não seria bem a palavra adequada para a reação deles." [3]

[editar] A influência em outros campos

Modelos Chomskianos têm sido usados como uma base teórica em vários outros campos. A Hierarquia de Chomsky é geralmente lecionada no ensino dos fundamentos da Ciência da Computação. Um sem-número de argumentos da Psicologia evolucionária é derivado dos resultados de suas pesquisas.

O Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia de 1984, Niels K. Jerne, usou o modelo gerativo de Chomsky para explicar o sistema imunológico humano, equacionando "componentes de uma gramatica gerativa, com várias características das estruturas das proteínas". O título do trabalho de Jerne agraciado com o prémio foi "A Gramática Gerativa do Sistema Imunológico".

Nim Chimpsky, um chimpanzé que aprendeu 125 sinais da Linguagem Americana de Sinais, teve seu nome inspirado em Noam Chomsky.

[editar] Visão Política

Chomsky é uma das personalidades mais conhecidas da política de esquerda americana. Ele se define politicamente na tradição do anarquismo, uma filosofia política que desafia todas as formas de hierarquia com a tentativa de eliminá-las se se mostrarem injustas. Ele se identifica especialmente com a corrente do anarco-sindicalismo, orientada para a defesa do trabalhador. Diferentemente de muito anarquistas, Chomsky nem sempre lutam contra a política eleitoral: ele tem mesmo apoiado candidatos a cargos públicos. Ele se descreve como um "companheiro de viagem" da tradição anarquista em oposição ao anarquismo puro para explicar porque algumas vezes ele aceita colaborar com o Estado.

Chomsky também tem dito que ele se considera politicamente, na verdade, um conservador do tipo liberal clássico[4]. Ele também tem se definido como um sionista embora chame a atenção para o fato de que sua definição de sionismo é considerada, por muitos, ser anti-sionista atualmente. Ele diz isso em face de perceber ter havido uma mudança no significado do conceito de "sionismo" desde a década de 1940. Sobre este assunto, em entrevista para a C-Span Book, ele disse:

"Eu sempre apoiei um lar étnico para os judeus na Palestina. Mas isto é diferente de um estado judeu. Há uma forte motivação para um lar étnico, mas se ele deve ser um estado judaico, ou um estado muçulmano, ou um estado cristão, ou um estado branco, é um problema inteiramente diferente".

Além de tudo, Chomsky não gosta dos tradicionais títulos e categorias políticas e prefere deixar sua abordagem falar por ela mesma. Seus principais modos de ação incluem escrever artigos para revistas e livros e proferir palestras engajadas politicamente. Ele tem uma enorme quantidade de apoiadores pelo mundo todo, o que o faz algumas vezes agendar suas palestras com dois anos de antecedência. Chomsky foi um dos principais palestrantes do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, Brasil, no ano de 2002.

[editar] A visão sobre o terrorismo

Chomsky difere da abordagem convencional pelo fato de ver o Terrorismo de Estado como o problema mais predominante, em oposição ao terrorismo praticado por movimentos políticos marginais. Ele distingue claramente entre o ato de matar civis do ato de atacar pessoal militar e suas instalações. Ele demonstra daí que as causas, as razões e os objetivos não justificam atos de terrorismo. Para Chomsky, o terrorismo é objetivo, não relativo. Ele afirma "Assassinato de civis inocentes é terrorismo, não guerra contra o terrorismo" [5]

Primeiro, temos o fato de que o terrorismo funciona. Ele não falha. Ele funciona. Violência geralmente funciona. Essa é a história do mundo. Em segundo lugar, é um erro de análise muito sério dizer, como comumente é dito, que o terrorismo é a arma dos fracos. Como outros meios de violência, ela é, surpreendentemente e principalmente, na verdade uma arma dos fortes. Tem-se como verdade que o terrorismo é principalmente uma arma dos fracos porque os fortes também controlam os sistemas doutrinários e estes afirmam que o terror dos fortes não conta como terror. Agora, isso está perto de ser universal. Eu não consigo achar uma exceção histórica, mesmo os piores assassinos em massa viam o mundo desta maneira. Veja o caso dos nazistas. Eles não estavam a realizar terror quando estavam ocupando a Europa. Eles estavam a proteger a população local do terrorismo dos partisans. E, à semelhança de outros movimentos de resistência, o que existia era terrorismo. E o que os nazistas estavam a praticar era o contra-terrorismo.

[editar] Crítica ao governo dos Estados Unidos da América

Chomsky tem sido um crítico coerente e contundente do governo norte-americano. Em seu livro 9-11, uma série de entrevistas sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, ele afirma, como já tinha afirmado antes, que o governo dos Estados Unidos da América é o estado terrorista líder, nos tempos modernos. Chomsky tem criticado o governo do seu país pelo seu envolvimento na Guerra do Vietnã e no mais amplo conflito da Indochina, assim como pela interferência em países da América Central e da América do Sul e pelo apoio militar a Israel, Arábia Saudita e Turquia. Chomsky focaliza sua crítica mais intensa nos regimes amigos do governo dos Estados Unidos da América enquanto critica seus inimigos oficiais - como a antiga União Soviética e Vietnã do Norte somente de passagem. Ele explica este comportamento com o seguinte princípio: "é mais importante avaliar ações que você tem mais possibilidade de influenciar." Sua crítica da antiga União Soviética e da China tem tido algum efeito nesses países pois ambos os governos censuraram seu trabalho, com o banimento da publicação de seus livros. Chomsky tem repetidamente enfatizado sua teoria de que a maior parte da política externa dos Estados Unidos da América é baseada no "perigo do bom exemplo" o qual ele diz que é um outro nome para a teoria do dominó. O "perigo do bom exemplo" é representado por um país que conseguisse se desenvolver com sucesso independentemente do capitalismo e da influência dos Estados Unidos da América e desta maneira apresentasse um modelo para outros países nos quais este país tem fortes interesses econômicos. Isto, diz Chomsky, tem feito com que o governo norte-americano repetidamente intervenha para impedir movimentos "socialistas e outros movimentos "independentes" mesmo em regiões do mundo nas quais ele não tem interesses econômicos e de segurança significantes. Em um de seus mais famosos livros, What Uncle Sam Really Wants, Chomsky utiliza esta teoria particular como uma explicação para as intervenções do governo norte-americano na Guatemala, no Laos, na Nicarágua e em Granada. Chomsky também acredita que as políticas da Guerra Fria do governo norte-americano não foram inteiramente modelados pela paranóia anti-soviética mas, mais que isso, buscava a preservação da ideologia econômica e ideológica norte-americana no mundo. Como escreveu em seu livro Uncle Sam: "O que os Estados Unidos da América querem é 'estabilidade', e isto quer dizer segurança para as classes altas e para as grandes empresas multinacionais".

Embora quase sempre seja um crítico da política externa do governo norte-americano, Chomsky também sempre tem expressado sua admiração pela liberdade de expressão usufruída pelos cidadãos desse país em grande número de suas entrevistas e livros. Mesmo em relação a outras democracias ocidentais, tais como a França e o Canadá, menos liberais na defesa da liberdade de debater que os Estados Unidos da América, Chomsky não hesita em criticar esses países por isto, como mostra o affair Faurisson. Esta sutileza parece não ser notada pelos críticos de Chomsky, os quais consideram sua visão da política externa americana como um ataque a todos os valores da sociedade americana.

[editar] Visão sobre o socialismo

Noam Chomsky no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, 2003

Chomsky se opõe profundamente ao sistema de "capitalismo de estado da grande empresa" praticado pelos Estados Unidos da América e seus aliados. Ele apóia as idéias anarquistas (ou "socialistas libertários") de Mikhail Bakunin e exige liberdade econômica além do "controle da produção pelos próprios trabalhadores e não por proprietários e administradores que os governem e tomem todas as decisões".

Chomsky refere-se a isto como o "socialismo real" e descreve o socialismo no estilo soviético como semelhante, em termos de controle totalitário, ao capitalismo no estilo norte-americano. Ambos os sistemas se baseiam em tipos e níveis de controle mais do que em organização ou eficiência. Na defesa desta tese, Chomsky refere por vezes que a filosofia da administração científica proposta por Frederick Winslow Taylor foi a base organizacional para o maciço movimento de industrialização soviético e, ao mesmo tempo, o modelo de empresarial norte-americano.

Chomsky tem buscado iluminar os comentários de Bakunin sobre o estado totalitário como uma previsão para o brutal estado policial que iria se instaurar em seguida à revolução soviética. Reafirma a opinião de Bakunin: "...após um ano [..] a ordem revolucionária irá se tornar muito pior que a do próprio czar" que é construída sobre a idéia de que o estado tirano soviético era simplesmente um crescimento natural da ideologia de controle de estado bolchevique. Ele também chamou o comunismo soviético de "falso socialismo" e disse que, contrariamente ao que muitos nos Estados Unidos diziam, o colapso da União Soviética devia ser considerada uma "pequena vitória para o socialismo" e não para o capitalismo.

Em "For Reasons of State", Chomsky advoga que ao invés de um sistema capitalista no qual as pessoas sejam "escravos assalariados" ou um estado autoritário no qual as decisões sejam tomadas por um comitê central, uma sociedade devia funcionar sem pagamento do trabalho. Ele argumenta que as pessoas de todas as nações deviam ser livres para realizar os trabalhos que escolhessem. As pessoas deveriam ser livres para fazer o que eles quisessem e o trabalho que eles voluntariamente escolhessem deveria ser ao mesmo tempo "recompensador em si mesmo" e "socialmente útil". "A sociedade seria dirigida sob um sistema de anarquismo pacífico sem a necessidade das instituições do "estado" ou do "governo". Os serviços necessários mas que fossem

fundamentalmente desagradáveis – se existissem -, seriam também igualmente distribuídos a todos.

[editar] Análise dos meios de comunicação de massa

Outra parte importante do trabalho político de Chomsky é a análise dos meios de comunicação de massa (especialmente dos meios norte-americanos), de suas estruturas, de suas restrições e do seu papel no apoio aos interesses das grandes empresas e do governo americano.

Diferentemente dos sistemas políticos totalitários, nos quais a força física pode ser facilmente usada para coagir a população como um todo, as sociedades mais democráticas como os Estados Unidos da América precisam se valer de meios de controle bem menos violentos. Em uma fase freqüentemente citada, Chomsky afirma que "a propaganda representa para a democracia aquilo que o cacetete (isto é, a polícia política) significa para o estado totalitário." [6]

Em A Manipulação do Público[7], livro escrito em conjunto por Edward S. Herman e Noam Chomsky, os autores exploram este tema em profundidade e apresentam o seu modelo da propaganda dos meios de comunicação com numerosos estudos de caso extremamente detalhados para demonstrar seu funcionamento. Para uma análise completa deste modelo veja Teoria da Propaganda de Chosmky e Herman.

Um viés social pode ser definido como inclinação ou tendência de uma pessoa ou de um grupo de pessoas que impede julgamentos e políticas imparciais e justas para a sociedade entendida como um sistema social integral.

A teoria de Herman e Chomsky explica a existência de um viés sistêmico dos meios de comunicação em termos de causas econômicas e estruturais ao invés de uma conspiração criada por algumas pessoas contra a sociedade.

Em resumo, o modelo mostra que esse viés deriva da existência de cinco filtros que todas as notícias precisam ultrapassar antes de serem publicadas e que, combinados, distorcem sistematicamente a cobertura das notícias pelos meios de comunicação.

1. O primeiro filtro - o da propriedade dos meios de comunicação - deriva do fato de que a maioria dos principais meios de comunicação pertencem às grandes empresas (isto é, às "corporations").

2. O segundo - o do financiamento - deriva do fato dos principais meios de comunicação obterem a maior parte de sua receita não de seus leitores mas sim de publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas). Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas para o lucro a partir da venda de seu produto - os leitores! - para outras empresas - os anunciantes! - o modelo de Herman e Chomsky prevê que se deve esperar a publicação apenas de notícias que reflitam os desejos, as expectativas e os valores dessas empresas.

3. O terceiro filtro é o fato de que os meios de comunicação dependem fortemente das grandes empresas e das instituições governamentais como fonte de informações para a maior parte das notícias. Isto também cria um viés sistêmico contra a sociedade.

4. O quarto filtro é a crítica realizada por vários grupos de pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação para pressioná-los caso eles saiam de uma linha editorial que esses grupos acham a mais correta (isto é, mais de acordo com seus interesses do que de toda a sociedade).

5. As normas da profissão jornalista, o quinto filtro, referem-se aos conceitos comuns divididos por aqueles que estão na profissão do jornalismo.

O modelo descreve como os meios de comunicação formam um sistema de propaganda descentralizado e não conspiratório que, no entanto, é extremamente poderoso. Esse sistema cria um consenso entre a elite da sociedade sobre os assuntos de interesse público estruturando esse debate em uma aparência de consentimento democrático mas atendendo os interesses dessa elite.

No entanto, isso é feito às custas da sociedade como um todo que, naturalmente, compõem-se de mais pessoas que aquelas que compõe sua elite. Uma conspiração, nos Estados Unidos da América, é um acordo entre duas ou mais pessoas para cometer um crime ou realizar uma ação ilegal contra a sociedade. Para os autores o sistema de propaganda não é conspiratório porque as pessoas que dele fazem parte do sistema não se juntam expressamente com o objetivo de lesar a sociedade mas é isso mesmo que acabam fazendo em função dos viéses descritos.

Chomsky e Herman testaram seu modelo empiricamente tomando "exemplos pareados", isto é, pares de eventos que são objetivamente muito semelhantes entre si, exceto que um deles se alinha aos interesses da elite econômica dominante, que se consubstanciam no interesse das grandes empresas, e o outro não se alinha.

Eles citam alguns de tais exemplos para mostrar que nos casos em que um "inimigo oficial" da elite realiza "algo" (tal como o assassinato de um líder religioso), a imprensa investiga intensivamente e devota uma grande quantidade de tempo à cobertura dessa matéria. Mas quando é o governo da elite ou o governo de um país aliado que faz a mesma coisa (assassinato do religioso ou coisa ainda pior) a imprensa minimiza a cobertura da história.

De maneira crucial, Herman e Chomsky também testam seu modelo num caso que muitas vezes é tomado como o melhor exemplo de uma imprensa livre e agressivamente independente: a cobertura dos meios de comunicação da Ofesiva do Tet durante a Guerra do Vietnã. Mesmo neste caso, eles encontram evidências que a imprensa estava se comportando subservientemente aos interesses da elite.

A despeito de todas as evidências - e exatamente como ele próprio prediz! - o modelo de propaganda (e a maior parte da política de Chomsky) tem sido olimpicamente ignorada ou distorcida pelos meios de comunicação (e sem nenhuma refutação).

[editar] Chomsky e o Oriente Médio

"Chomsky cresceu ... dentro de uma tradição cultural hebraica e sionista " [8]. Seu pai era um dos mais distinguidos eruditos da língua hebraica e ensinava em uma escola religiosa. Chomsky também tinha tido uma fascinação e um envolvimento de longa data dentro da esquerda sionista. Como ele mesmo descreveu:

"Eu estava profundamente interessado nos ....assuntos e nas atividades sionistas - isto é, naquilo que na época era considerado sionismo - embora as mesmas idéias e preocupações sejam atualmente chamdas de anti-sionistas. Eu estava interessado em opções socialistas e bi-nacionalistas para a Palestina, nos kibbutz e no sistema de trabalho cooperativo integral que tinha se desenvolvido nos assentamentos judeus realizados lá (o Yishuv)... As vagas idéias que eu tinha nesse tempo (1947) eram ir à Palestina, talvez a um kibutz, tentar envolver-me nos esforços de cooperação árabe-judaico dentro de uma estrutura socialista oposta ao sistema profundamente antidemocrático de um estado judeu (uma posição que era muito bem considerada dentro da ala dominante do sionismo)" [9].

Ele critica fortemente a política de Israel diante dos vizinhos palestinos e árabes. Entre muitos artigos e livros sobre este tema, seu livro The Fateful Triangle é considerado um dos principais textos que se opõem ao tratamento que Israel dá aos palestinos e o apoio que os Estados Unidos dão aos governos israelenses.

Chomsky também condenava o papel de Israel na "liderança do terrorismo de estado" quando realizava a venda de armamentos para a África do Sul (nos tempos do apartheid ) e para países da América Latina governados por, na caracterização de Chomsky, governos-títeres dos americanos, como por exemplo a Guatemala na década que se inicia em 1980. Ele condenava também os paramilitares de direita apoiados pelos norte-americanos (ou, de acordo com Chomsky, terroristas) tais como os contra-nicaraguenses [10]

Além disso, ele tem constantemente condenado pelos Estados Unidos darem seu apoio militar, financeiro e diplomático incondicional aos governos israelenses que se sucedem no tempo.

Chomsky caracteriza Israel como um "estado mercenário" dentro do sistema de hegemonia dos Estados Unidos. Ele também tem criticado ferozmente setores da comunidade judaica por seu papel em obter esse apoio incondicional dos americanos, afirmando que "eles devem mais propriamente ser chamados de 'apoiadores da degeneração moral e, em última análise, da destruição de Israel'" [11]. Ele afirma da Liga Anti-Difamação (ADL, das inciais do nome da organização em inglês):

"O órgão oficial líder da monitoração do anti-semitismo, a Liga Anti-Difamação do B’nai B’rith interpreta o anti-semitismo com uma falta de vontade em conformar-se a suas exigências no que diz respeito ao apoio às autoridades israelenses... A lógica é clara e direta: anti-semitismo é a oposição aos interesses de Israel (como entendidos pela ADL).

A ADL virtualmente abandonou seu papel anterior de organização de direitos civis, tornando-se 'um dos pilares principais' da propaganda de Israel dentros dos Estados Unidos, como por acaso a imprensa israelense a descreve, engaja em vigilância, criação de listas negras, compilação de dossiês ao estilo do FBI que são circulados entre os associados com o objetivo de difamação, respostas públicas raivosas contra críticas feitas a ações realizadas por Israel e assim por diante. Esses esforços, sublinhados por insinuações ou acusações diretas de anti-semitismo, têm como objetivo defletir ou minar qualquer oposição às políticas de Israel, incluido aqui sua recusa, com o apoio

dos Estados Unidos, de revisar sua política geral de assentamentos de colonos judeus." [12]

[editar] As críticas

As fortes críticas que Chomsky faz ao conhecimento convencional que as pessoas têm das áreas de Política e História o transformaram em uma figura controversa. Isto faz com que ele, por sua vez, também acabe sofrendo muitas críticas. Algumas pessoas o acusam de usar citações e fatos fora de contexto para apoiar seus argumentos ou de citar fontes de legitimidade duvidosa. Entretanto, os livros de Chomsky citam rigorosamente e extensivamente suas fontes. Muitos também o acusam de tolerar, simpatizar ou minimizar as ações dos estados e grupos hostís aos Estados Unidos da América e que esta posição faz com que seu trabalho seja excessivamente centrado em uma abordagem "antiamericana". A abordagem chomskiana da política americana seria, portanto, parcial.

Entretanto, Chomsky frequentemente acaba por demonstrar que a maior parte das críticas desses grupos são exageradas e distorcidas. Por exemplo, em seu livro "Depois do Cataclisma: Pós-guerra da Indochina e a Reconstrução da Ideologia Imperialista", Chomsky e Ed Herman afirmam que os meios de comunicação americanos utilizaram testemunhos não consubstanciados de refugiados além de distorcerem fontes relacionadas às atrocidades do Khmer Vermelho com o objetivo de servir objetivos propagandísticos do governo norte-americano na esteira da Guerra do Vietnã.

Algumas das pessoas atingidas pelas correções de Chomsky têm admitido seu erro. O jornalista Jean Lacouture, do New York Review of Books, escreveu que "as correções feitas por Noam Chmosky em meu artigo sobre o Camboja causaram-me grande pesar", admitiu ter feito "sérios erros nas citações" desde a inclusão de fontes "questionáveis" para os números sobre as vítimas assassinadas, e diz que esses erros lhe trouxeram dúvida sobre "a causa que estava tentando defender". Mesmo assim, Lacouture em seguida afirma que "embora tivesse que me considerar culpado pelos erros nos detalhes do meu artigo, eu me considero inocente no que concerne ao seu argumento fundamental". Isto é, talvez na verdade ele não aceite as correções.

Mas alguns críticos, tais como Anthony Lewis, então colunista do New York Times, acusou Chomsky de fazer apologia do Pol Pot. Chomsky contra-argumentou ao dizer que ele sempre reconhecera as atrocidades e a opressão desse regime, por exemplo, afirmando no início dolivro "Depois do Cataclisma" que "não há dificuldades em documentar as enormes atrocidades e opressão (sofridas pelos cambojados por parte daquele regime), primariamente testemunhadas por refugiados". Em Consenso Fabricado (igualmente escrito em co-autoria com Ed Herman), Chomsky responde:

"Como também notamos no primeiro parágrafo de nosso mais recente livro sobre este assunto (isto é, After the Cataclysm... quando consideramos melhor os fatos, podemos concluir que as mais extremas condenações ao Khmer Vermelho são realmente corretas. Mas mesmo que assim seja, de nenhuma maneira isso deve alterar as conclusões a que nós chegamos sobre as questões centrais equacionadas aqui: os fatos disponíveis foram selecionados, modificados ou algumas vezes inventados para criar uma certa imagem a ser oferecida à população em geral. A resposta a esta

situação parece clara e não pode ser afetada pelo que quer que se descubra no Camboja no futuro..."

"Uma revisão desse impressionante exercício de propaganda causa grande ultraje - o que não é muito surpreendente: a resposta e as razões para esta situação são semelhantes ao que acontece dentro do mundo soviético quando seus dissidentes expõem as propagandas fabricadas contra os Estados Unidos, Israel e outros de seus inimigos oficiais."

"Articulistas indignados chegaram a nos retratar como "apologistas dos crimes do Khmer Vermelho" em um estudo que denunciava as atrocidades do Khmer Vermelho (um fato sempre suprimido) e, em seguida, dizia qual notável era o caráter da propaganda Ocidental, nosso assunto, através de um estudo de dois volumes no qual tal capítulo aparecia."

Alguns pesquisadores que realizaram uma revisão desta controvérsia, como Milan Rai consideram que ela foi parte de uma campanha de propaganda contra Chomsky, campanha esta desenhada para gerar uma necessidade de "defesa interminável" em resposta a críticas de maneira que ele tivesse de distrair sua atenção de problemas mais substantivos.

Chomsky também foi criticado por mencionar em uma entrevista que deu a Salon.com notícias oriundas da organização não governamental Human Rigths Watch e da Embaixada Alemã que informavam que um ataque norte-americano às instalações da fábrica de medicamentos de al-Shifa provavelmente tinha causado dezenas de milhares de mortos entre civis sudaneses moradores próximos. [13].

Os críticos não contestaram os números horripilantes da notícia, mas apenas disputaram qual das instituições fez explicitamente tal afirmativa. Por exemplo, o autor neoconservador Christopher Hitchens afirmou que "De qualquer maneira, esse é um jeito muito vulgar, aritmético e pragmático de se utilizar um argumento. Se você quer fazer isso, então use fatos e números errados, assim você está realmente 'f...'. Você está duplamente 'f... '. [14].

Já o autor direitista australiano Keith Windschuttle apenas concluiu que Chomsky é um mentiroso. [15].

[editar] David Horowitz

O autor direitista americano David Horowitz é um dos mais estridentes críticos de Chomsky. Ele tem definido Chomsky como o "Aiatolá do Ódio Anti-Americano" e o "intelecto mais traiçoeiro na América". Ele diz que Chomsky "tem apenas uma mensagem: a de que os Estados Unidos são o Grande Satã". Entretanto, embora afirme que "é fácil demonstrar que todas as afirmações de todas as páginas existentes em todos os livros que Chomsky tem escrito são fatos distorcidos", Horowitz em seguida escreve que "realmente não há necessidade" de assim o fazer. Notavelmente ele não explicita quais são esses fatos destorcidos e deixa assim pouca coisa a refutar.

Chomsky, por seu lado, não respondeu em detalhes às alegações de Horowitz afirmando em entrevista que "Eu não li Horowitz. Eu não o li quando ele era um stalinista e eu não o leio hoje." [16] Já esta resposta foi contra-argumentada por Horowitz, que disse que ele de fato nunca foi stalinista e que Chomsky de fato teria lido e analisado seus escritos no passado. [17].

Entretanto, em artigo publicado pelo The Guardian, um autor da Ramparts Magazine descreve Horowitz como ex-stalinista [18]. Outro artigo, da National Review, também menciona Horowitz como antigo stalinista [19].

[editar] Acusações de anti-semitismo

O affair Faurisson é o nome de uma grande controvérsia em que Chomsky se envolveu ao escrever um ensaio em defesa da liberdade de expressão de Robert Faurisson, um autor que nega que o Holocausto dos judeus tenha realmente existido. Esse ensaio de Chomsky foi então usado como uma introdução ao livro escrito por Faurisson. Chomsky defendeu Faurisson por causa de suas crenças nas liberdades civis mesmo para aqueles que ele sente que são culpados de "crimes de guerra" e reflete a posição advogada por organizações de defesa da liberdade civil, como a American Civil Liberties Union. Em várias ocasiões, geralmente por causa do affair Faurisson e de suas críticas a políticos israelenses, Chomsky tem sido acusado de apoiar o anti-semitismo, notadamente no livro de Werner Cohn cujo título é "Partners in Hate: Noam Chomsky and the Holocaust Deniers" (ISBN 0964589702) [20].

Chomsky respondeu às alegações de Cohn chamando-o de um "mentiroso patológico". [21]. Em 2002, o presidente da Universidade Harvard Lawrence Summers chamou a atenção ao dizer que a "campanha liderada por Chomsky" para que as universidades americanas se afastem de empresas com capital de israelenses "é uma campanha anti-semítica em seus efeitos, se não for em intenção". Os pontos de vista que Chomsky tem expressado sobre estes assuntos tem feito com que, ocasionalmente, seus adversários políticos, pricipalmente alguns eruditos judeus americanos, o acusem de apoiar o fascismo. De fato, Chomsky vê com ceticismo essa campanha embora ele diga que "a compreende e simpatize com os sentimentos subjacentes daqueles que a propõem. [22].

[editar] Crítica recebida dos ativistas palestinos

Embora rotineiramente condene as ações dos governos israelenses no conflito israelo-palestino, Chomsky recentemente vem sofrendo ataques de ativistas pró-palestinos por sua defesa de um plano relativamente moderado que propõem dois Estados, o de Israel e o da Palestina, na região. [23] [24]

Chomsky disse que propostas sem significante apoio internacional não são metas realísticas e respondeu que: "Estou aqui tentando defender as coisas muito seriamente: proponho algum tipo de programa de ação que seja factível, que não tenha ilusões; como por exemplo aqueles que propõem "ações apenas com base em princípios", que consideram apenas o "realismo" da vida – isto é, que não consideram o destino das pessoas que sofrem". [25]

[editar] Notas

1. ↑ Cortesia de John Soares 2. ↑ Revista Zmag, Ciência 3. ↑ Revista Zmag, Ciência 4. ↑ Livro Chomsky's Politics, pág.188 5. ↑ Livro: "9-11" (pág.76) (sobre o ataque terrorista em Nova Iorque em 11 de

setembro de 2001) 6. ↑ Livro: Consenso Fabricado 7. ↑ CHOMSKY, Noam e HERMAN, Edward S.; A Manipulação do Público, Política e Poder

Econômico no uso da Mídia Editora: Futura; ISBN : 857413144X ISBN-13: 9788574131443 Livro em português, Brochura - 16 x 23 cm 1ª Edição - 2003 - 470 pág.

8. ↑ Peck, pág. 11 9. ↑ Peck, pág.7 10. ↑ Livro: "O que o tio Sam realmente quer", Cap. 2.4 11. ↑ Fateful Triangle, pág.4 12. ↑ Matéria de Chomsky para Revista Zmag 13. ↑ Entrevista de Chomsky 14. ↑ Christopher Hitchens critica Chomsky 15. ↑ Keith Windschuttle critica Chomsky 16. ↑ Chosmky critica Horowitz 17. ↑ Horowitz rebate as críticas de Chomsky 18. ↑ Sobre Horowitz 19. ↑ Sobre Horowitz 20. ↑ "Partners in Hate: Noam Chomsky and the Holocaust Deniers" 21. ↑ Chomsky rebate críticas de Cohn 22. ↑ Críticas a Chomsky 23. ↑ Artigo de Chomsky sobre o Assunto 24. ↑ Artigo de Chomsky sobre o Assunto (2) 25. ↑ Chomsky se defende das críticas

[editar] Bibliografia

The Official Noam Chomsky Website Chomsky's MIT homepage ZNet: Noam Chomsky Archive Bad News: Noam Chomsky Archive A-Infos Radio Project: Talks by Noam Chomsky — em formato MP3.

[editar] Linguística

Logical Structure of Linguistic Theory, 1955 Three Models for the Description of Language, 1956 Syntactic Structures, 1957 Aspects of the Theory of Syntax, 1965 Cartesian Linguistics, 1965 Language and Mind, 1968 Sound Pattern of English (com Morris Halle), 1968 Current Issues in Linguistic Theory, 1970 Studies on Semantics in Generative Grammar, 1972 Reflections on Language, 1975

Essays on Form and Interpretation, 1977 Rules and Representations, 1980 Lectures on Government and Binding: The Pisa Lectures, 1981 Language and the Study of Mind, 1982 Some Concepts and Consequences of the Theory of Government and Binding, 1982 Modular Approaches to the Study of the Mind, 1984 The Logical Structure of Linguistic Theory, 1985 Knowledge of Language: Its Nature, Origin and Use, 1986 Barriers, 1986 Language and Problems of Knowledge. The Managua Lectures, 1987 Language and Thought, 1993 The Minimalist Program, 1995 Derivation by Phase, 1999 New Horizons in the Study of Language and Mind, 2000

[editar] Ver também

Outros projectos Wikimedia também contêm material sobre este artigo:

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Chomskybot Nim Chimpsky

[editar] Ligações externas

[editar] Fontes

[editar] Palestras e entrevistas selecionadas

Turning the Tide — O Blog oficial de Noam Chomsky (subconjunto de seu fórum de respostas, mostrado no link abaixo)

Noam Chomsky responde diariamente a perguntas de membros do Fórum ZNet — Vocé pode ter de "logar" como convidado aqui primeiramente.

The New War Against Terror — Fórum de Tecnologia & Cultura do MIT, 18 de outubro de 2001; Transcrito; formato RealAudio

C-SPAN Book TV In Depth 3 Hours Interview — June 1, 2003; formato RealVideo. Debate entre Noam Chomsky e John Silber — Sobre os Sandinistas vs. Nicaraguenses,

1 de Janeiro 1986; Transcrito. Debate na Ohio State University — Noam Chomsky vs. Richard Perle, 1988; em

formato MP3. CNN Debate — Noam Chomsky vs. Bill Bennett, 30 de maio de 2002; Transcrito.

Noam Chomsky on Charlie Rose - 20 Novembro de 2003; formato RealAudio. Talk and Q&A at Boston College — 23 de março de 2003; em formato RealVideo .

[editar] Artigos selecionados

Chomsky e o Socialismo Chomsky e o Anarquismo Commentário sobre Chomsky e o Anarquismo A Legitimidade da Violência como um Ato Político

[editar] Críticas a Chomsky

The Sick Mind of Noam Chomsky, por David Horowitz Noam Chomsky: Unrepentant Stalinist, por Anders Lewis O quebra-cabeças da Paz, por Michael Berube Parenti escreve sobre Chomsky, por Michael Parenti Noam Chomsky and ‘Left’ Apologia da Injustiça na Palestina, by Noah Cohen Noam Chomsky e o Marxismo, por Heiko Khoo Linguaem Profunda, por George Lakoff

[editar] Sátira de Chomsky

Cartoons spoofing Chomsky filme

Consenso Fabricado Manufacturing Consent

http://ia311515.us.archive.org/3/items/NoamChomskyNoamChomskyManufacturingConsent_0/Noam_Chomsky___Manufacturing_consent.avi

Gramática gerativa

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A gramática generativa é uma teoria lingüística elaborada por Noam Chomsky e pelos lingüistas do Massachusetts Institute of Technology entre os anos de 1960 e 1965.

[editar] Características

Criticando o modelo distribucional e o modelo dos constituintes imediatos da lingüística estrutural, que, segundo eles, descrevem somente as frases realizadas e não podem explicar um grande número de dados lingüísticos (como a ambigüidade, os constituintes descontínuos, etc.), N. Chomsky define uma teoria capaz de dar conta da criatividade do falante, de sua capacidade de emitir e de compreender frases inéditas.

Nessa perspectiva, a gramática é um mecanismo finito que permite gerar (engendrar) o conjunto infinito das frases gramaticais (bem formadas, corretas) de uma língua, e somente elas. Formada de regra que definem as seqüências de palavras ou de sons repetidos, essa gramática constitui o saber lingüístico dos indivíduos que falam uma língua, isto é, a sua competência lingüística; a utilização particular que cada autor faz da língua em uma situação particular de comunicação depende da performance.

[editar] Componentes da Gramática

A gramática é formada de três partes ou componentes:

Um componente sintático, sistema das regras que definem as frases permitidas em uma língua;

Um componente semântico, sistema das regras que definem a interpretação das frases geradas pelo componente sintático;

Um componente fonológico e fonético, sistema de regras que realizam em uma seqüência de sons as frases geradas pelo componente sintático.

O componente sintático, ou sintaxe, é formado de duas grandes partes: a base, que define as estruturas fundamentais, e as transformações, que permitem passar das estruturas profundas, geradas pela base, às estruturas de superfície das frases das frases, que recebem então uma interpretação fonética para tornarem-se as frases efetivamente realizadas. Assim, a base permite gerar as duas seqüências:

(1) A + mãe + ouve + algo,

(2) A + criança + canta.

Gramática

Classificação

Sintaxe

Semântica

Etimologia

Fonética

Morfologia

Literatura

Tipos

Gramática descritiva

Gramática gerativa

Gramática formal

Gramática funcional

Gramática normativa

Gramática transformacional

Gramática universal

Gramática implícita

Ver também

Fonologia

Comunicação

Linguística

A parte transformacional da gramática permite obter A mãe ouve que a criança canta e A mãe ouve a criança cantar. Trata-se ainda de estruturas abstratas que só se tornarão frases efetivamente realizadas após aplicação das regras do componente fonético. A base é formada de duas partes:

a) O componente ou base categorial é o conjunto das regras que definem as relações gramaticais entre os elementos que constituem as estruturas profundas e que são representadas pelos símbolos categoriais. Assim, uma frase é formada pela seqüência SN + SV, em que SN é o símbolo categorial de sintagma nominal e SV o símbolo categorial de sintagma verbal: a relação gramatical é a de sujeito e predicado;

b) O léxico, ou dicionário da língua, é o conjunto dos morfemas lexicais definidos por séries de traços que os caracterizam; assim, o morfema mãe será definido no léxico como um substantivo, feminino, animado, humano, etc. Se a base define a seqüência de símbolos: Art. + N + Pres. + V + Art. + N (Art. = artigo, N = nome, V = verbo, Pres. = presente), o léxico substitui cada um desses símbolos por uma "palavra" da língua: A + mãe + (vazio) + acabar + o + trabalho, as regras de transformação convertem essa estrutura profunda numa estrutura de superfície: a + mãe + acabar + (vazio) + o + trabalho, e as regras fonéticas realizam A mãe acaba o trabalho.

Obtiveram-se, portanto, no fim da base, seqüências terminais de formantes gramaticais (como número, presente, etc.) e morfemas lexicais; essas seqüências são suscetíveis de receber uma interpretação conforme as regras do componente semântico. Para serem realizadas, vão passar pelo componente transformacional.

As transformações são operações que se convertem as estruturas profundas em estruturas de superfície sem afetar a interpretação semântica feita ao nível das estruturas profundas. As transformações, provocadas pela presença na base de certos constituintes, comportam duas etapas; uma consiste na análise estrutural da seqüência oriunda da base a fim de ver se sua estrutura é compatível com uma transformação definida, a outra consiste numa mudança estrutural dessa seqüência (por adição, apagamento, deslocamento, substituição); chega-se então a uma seqüência transformada correspondente a uma estrutura de superfície. Assim, a presença do constituinte "Passivo" na seqüência de base provoca modificações que fazem com que a frase 'O pai lê o jornal' se torne 'O jornal é lido pelo pai'.

Essa seqüência vai ser convertida numa frase efetivamente realizada pelas regras do componente fonológico (diz-se também morfofonológico) e fonético. Essas regras definem as "palavras" provenientes das combinações de morfemas lexicais e formantes gramaticais, e lhes atribuem uma estrutura fônica. É o componente fonológico que converte o morfema lexical "criança" numa seqüência de sinais acústicos [kriãsa].

A teoria gerativa deve fornecer uma teoria fonética universal que permita estabelecer a lista dos traços fonéticos e as listas das combinações possíveis desses traços; repousa, portanto, sobre uma matriz universal de traços fônicos. Deve fornecer uma teoria semântica universal suscetível de estabelecer a lista dos conceitos possíveis; implica, portanto, uma matriz universal de traços semânticos. Enfim, a teoria gerativa deve fornecer uma teoria sintática universal, isto é, estabelecer a lista das relações gramaticais da base e das operações transformacionais capazes de dar uma descrição

estrutural de todas as frases. Essas tarefas da gramática gerativa implicam, portanto, a existência de universais lingüísticos a esses três níveis.

[editar] Referências Bibliográficas:

DUBOIS, Jean. Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix, 200?.