no dia 14 de outubro, o auditório do montepio foi palco do primeiro

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1 No dia 14 de outubro, o auditório do Montepio foi palco do primeiro grande debate nacional sobre a descarbonização profunda da sociedade e da economia portuguesa. Estiveram presentes diferentes especialistas internacionais e nacionais, com o objetivo de debater os desafios com que a sociedade moderna se depara no caminho de encontro a uma economia “descarbonizada”. Durante a sessão de abertura, Dr. António Tomás Correia (Presidente do Conselho de Administração do Montepio), Gonçalo Cavalheiro (Direção do GRACE), Susana Carvalho (CEO da J. Walter Thompson Lisboa) e Pedro Martins Barata (CEO da Get2C) refletiram sobre a importância de alinhar o país, a sua indústria e os seus serviços pelo imperativo da descarbonização. O Presidente do Montepio Dr. Tomás Correia deu as boas vindas e realçou a importância do combate às alterações climáticas recordando os enormes desafios que já foram ultrapassados. Numa reunião realizada há 40 anos sobre questões ambientais e em que esteve presente, nenhum dos participantes sonhou que seriam precisos 40 anos para se realizar uma

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No dia 14 de outubro, o auditório do Montepio foi palco

do primeiro grande debate nacional sobre a

descarbonização profunda da sociedade e da economia

portuguesa.  

 

 

 

 

 

Estiveram   presentes   diferentes   especialistas   internacionais   e   nacionais,   com   o   objetivo   de  debater  os  desafios  com  que  a  sociedade  moderna  se  depara  no  caminho  de  encontro  a  uma  economia  “descarbonizada”.    

Durante   a   sessão   de   abertura,   Dr.   António   Tomás   Correia   (Presidente   do   Conselho   de  Administração  do  Montepio),  Gonçalo  Cavalheiro   (Direção  do  GRACE),  Susana  Carvalho   (CEO  da   J.   Walter   Thompson   Lisboa)   e   Pedro   Martins   Barata   (CEO   da   Get2C)   refletiram   sobre   a  importância   de   alinhar   o   país,   a   sua   indústria   e   os   seus   serviços   pelo   imperativo   da  descarbonização.    

O  Presidente  do  Montepio  Dr.  Tomás  Correia  deu  as  boas  vindas  e  realçou  a   importância  do  combate  às  alterações  climáticas  recordando  os  enormes  desafios  que  já  foram  ultrapassados.  Numa   reunião   realizada   há   40   anos   sobre   questões   ambientais   e   em   que   esteve   presente,  nenhum   dos   participantes   sonhou   que   seriam   precisos   40   anos   para   se   realizar   uma  

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conferência  sobre  descarbonização.  Relembrou  também  que  já  passaram  quase  10  anos  desde  que  Al  Gore  e  o  Painel  Inter-­‐governamental  para  as  Alterações  Climáticas  ganharam  o  Prémio  Nobel  da  Paz  e  que  as  discussões  têm  andado  muito  lentamente.    

 

“É necessária consciencialização e

aprendizagem para ultrapassar obstáculos e para andar mais

rápido e melhor.”  

 

 

Gonçalo   Cavalheiro,   da   direção   do   Grace,   a   maior   associação  portuguesa   de   empresas   dedicada   à   responsabilidade   social,  referiu   a   importância   do   Grace   se   associar   a   iniciativas   e  empresas  que  querem  contribuir  para  a  mudança  profunda  que  todos  os  países  vão  ter  que  operar  se  estiverem  a   falar  a  sério  quando   classificam   as   alterações   climáticas   como   uma   das  maiores   ameaças   com  que   se  depara   a  humanidade  no   século  XXI.   Enfatizou   ainda   a   relevância   da   parceria   entre   uma  multinacional   gigante   do  mundo   da   publicidade,   com  mais   de  150   anos   de   história,   milhares   de   colaboradores   e   escritórios  em  dezenas  de  países  e  uma  pequena  empresa  de   consultoria  em   alterações   climáticas   que,   apesar   de   ser   pequena   vai  exercendo   a   sua   influência   através   da   qualidade   dos   serviços  que  presta  em  pelo  menos  4  continentes.  Concluiu  dizendo  que  a  parceria  entre  a  Get2c  e  a  J.  Walter  Thompson  levará  a  um  caminho  mais  fácil  em  direção  à  descarbonização.  

Pedro  Martins  Barata  referiu  os  objetivos  da  Get2C  com  a  realização  desta  conferência:  dar  a  conhecer   os   resultados   da   Cimeira   de   Paris,   impulsionar   o   debate   nacional   sobre   a  descarbonização   profunda,   ajudar   as   empresas   mas   também   os   diferentes   stakeholders   a  coletivamente   pensarem   os   cenários   para   a   descarbonização   profunda   compatíveis   com   as  metas  do  acordo  de  Paris  e  perceber  em  que  medida  o  país  e  as  empresas  portuguesas,  nos  seus   diferentes   setores,   pode   ganhar   vantagens   comparativas   preparando-­‐se   para   uma  economia  de  baixo  carbono.  Neste  contexto,  realçou  a   importância  deste  primeiro  momento  de   reflexão   público   sobre   o   Acordo   de   Paris,   após   a   sua   efetiva   ratificação   e   a   apenas   duas  semanas  da  entrada  em  vigor  do  mesmo.  Realçou  também  que  o  importante  neste  momento  é  começar  um  debate  público  sobre  os  caminhos  que  Portugal  pode  traçar  para  um  futuro  com  zero   emissões   e   referiu   o   enorme   desafio   de,   juntamente   com   os   parceiros   e   os   diferentes  stakeholders   começar   um   processo   de   reflexão   conjunta   sobre   cenários,   porque   o   tempo  chegou  em  que  deveremos  começar  a  planear  a  longo  prazo  para  uma  transição  energética  e  

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uma  mudança   de   paradigma   social   que   nos   afetará   a   todos,   independentemente   do   nosso  grau  de  preparação.    

“Na Get2c acreditamos que esse planeamento e

essa reflexão traz-nos benefícios, seja sociais seja económicos, incluindo no

desenvolvimento de novos modelos e oportunidades de negócio. Passar para um

paradigma energético e social sem emissões de gases com efeito de estufa é certamente difícil,

mas não é impensável, e certamente não é impossível.”

   

 

Susana   Carvalho,   CEO   da   J.   Walter   Thompson,   focou   a   sua   intervenção   no   poder   da  comunicação  como  sendo  player  principal  na  mudança  de  comportamentos  tão  crucial  neste  caminho   da   descarbonização.   Referiu   os   desafios   que   palavras   como   descarbonização,  mitigação,   adaptação,   aquecimento  global   comportam  em   termos  de   comunicação  e   insistiu  que  temos  de  conseguir  chegar  às  pessoas,  mudar  comportamentos  e  mudar  perceções.  “As  pessoas  têm  de  ser  contagiadas  e  sentirem  que  são  capazes  de  fazer  a  diferença.”  Na  última  década  e  meia  assistimos  à  erosão  de  múltiplos  negócios  e  ao  surgimento  de  novas  marcas  e  novas  tecnologias  que  se  tornaram  gigantes.  Estamos  a  falar  da  Uber,  do  OLX,  da  Amazon...  “É  preciso  redesenhar  serviços  e  produtos,  mudar  a  fonte  e  o  tipo  de  matérias-­‐primas,  criar  linhas  especiais  nos  portefólios,  combater  o  desperdício,  abraçar  boas  práticas  em  toda  a  cadeia  de  valor,   dar   o   exemplo   e   dialogar   com   todos   os   stakeholders”.   Referiu   que   o   que   vamos   ver  daqui   para   a   frente   é   cada   vez   mais   negócios   ligados   à   mobilidade,   à   água,   à   energia,   à  alimentação,   à   economia   circular,   à   educação,   ao   bem-­‐estar   individual   concentrados   nas  grandes   cidades.   “A   comunicação   pode   e   deve   fazer   muito   mais,   pode   e   deve   entrar   no  princípio  da  cadeia,  ajudar  a  redesenhar  produtos  e  serviços,  a  entrar  nas  matérias-­‐primas,  no  transporte,  na  distribuição  e  naturalmente  nos  pontos  de  contacto  com  o  consumidor.”    

Susana   Carvalho   deu   vários   exemplos   de   parcerias   vencedoras   incluindo   o   recente   desafio  lançado  pelo  secretário-­‐geral  da  ONU  a  6  grandes  agências  de  publicidade  e  terminou  dando  destaque  ao  último  dos  17  Objetivos  do  Desenvolvimento  Sustentável  “que  fala  de  parcerias  colaborativas.    

 

“A colaboração é uma tendência que veio para ficar. Na sociedade, na economia,

todos precisamos de todos.”

 

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Ko  Barrett,  Vice-­‐Presidente  do  Painel   Intergovernamental  para  as  Alterações  Climáticas   (IPCC  do   inglês  United   Nations   Intergovernamental   Panel   on   Climate   Change),   relembrou   durante  sua   intervenção   que   o   Acordo   de   Paris   irá   entrar   em   vigor   no   próximo   mês,   porém   para  cumprir   com   o   objetivo   de   limitar   a   subida   da   temperatura  média   global   abaixo   dos   2°C,   é  imperativo  o   reforço   imediato  de  medidas  de  mitigação.   “The   last   IPCC   report   revealed   that  limiting   warming   to   2°C   involves   substantial   technological,   economic   and   institutional  challenges.”   Todos   os   cenários   considerados   apresentam   um   caminho   difícil   e   alguns  englobam  o   uso   de   tecnologias   que   apresentam,   ainda,   alguma   controvérsia.   Estes   cenários  ambiciosos  exigem  reduções  de  emissões  de  cerca  de  3%  por  ano  a  nível  mundial,  entre  2030  e  2050,  como  indicam  os  dados  do  último  relatório  do  IPCC.    

 

 

“But even much less ambitious mitigation scenarios require a fundamental deviation from

baseline.”  

 

 Apesar   de   um   número   crescente   de   políticas   de  mitigação   para   as  mudanças   climáticas,   as  emissões  cresceram  em  média  1  GtCO2eq  por  ano,  de  2000  a  2010  comparando  com  a  média  de  0,4  GtCO2eq  por  ano,  entre  1970  e  2000.  As  emissões  de  CO2,  provenientes  da  queima  de  combustíveis  fósseis  e  processos  industriais  são  as  que  mais  contribuem  para  os  níveis  de  GEE  verificados   e,   consequentemente,   para   o   seu   crescimento,   confirmou   Ko   Barrett.   Estas  emissões  continuaram  a  crescer  cerca  de  3%,  entre  2010  e  2011,  e  cerca  de  1-­‐2%,  entre  2011  e  2012.   Ko   Barrett   alertou   que   se   adiarmos   as   ações   de   mitigação   até   2030,   é   certo   que   os  desafios  para  cumprir  a  meta  dos  2°C  irão  crescer  substancialmente.  Sendo  que  estes  cenários  são  tipicamente  caracterizados  por  níveis  de  emissão  em  2030  de  mais  de  55  GtCO2e  por  ano.  Por  outro   lado,  se  considerarmos  o  período  pós  2030,   teríamos  de  duplicar  o  corte  anual  de  emissões,  para  cumprir  a  meta  dos  2°C.  Ko  Barrett  afirma  ainda  que  um  caminho  de  mitigação  tardio  terá  impactos  económicos  mais  elevados  de  transição  e  de  longo  prazo.  Caracteriza-­‐se  também  por  uma  maior  dependência  em  tecnologias  de  remoção  de  dióxido  de  carbono,  tais  como  a  captação  e  armazenagem  de  carbono  e,  possivelmente,  outras  soluções  de  engenharia  do  clima.  

Ko  Barrett  deixou  bem  claro  que  esta  temática  sobre  as  alterações  climáticas  é  um  problema  global   comum   e   que   só   será   possível   alcançar   os   objetivos   definidos   em   Paris   se   existir  cooperação   internacional   em   conjunto   com   as   políticas   locais,   nacionais   e   regionais.   Para  atingir  estes  objetivos,  diferentes  institutos  e  instituições  estão  a  mobilizar-­‐se  com  o  intuito  de  apoiar  os  diferentes  países  para  implementar  políticas  climáticas  que  permitam  a  redução  das  emissões  até  aos  níveis  requeridos.  Estes  planos  e  estratégias  estão  nos  seus  estágios   iniciais  de   desenvolvimento   e   implementação   em   muitos   países,   o   que   torna   difícil   avaliar   o   seu  impacto   agregado   sobre   as   futuras   emissões   globais.   Ko   Barrett   acredita   que   a   cooperação  internacional  poderá  resultar  na  definição  e  atribuição  de  direitos  e  responsabilidades  no  que  

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diz  respeito  ao  desenvolvimento  coordenado  e  difusão  de  tecnologias.  Como  consequência  é  esperada   cooperação   em   matéria   de   I&D   (investigação   e   desenvolvimento),   bem   como,   a  abertura   dos   mercados   e   a   criação   de   incentivos   para   encorajar   as   empresas   privadas   a  desenvolver  e  implementar  novas  tecnologias.    (http://get2c.pt/docs/Ko_Barrett_Decarbonization.pdf)  

“Effective mitigation will not be achieved if individual agents advance their own interests

independently.”

 

 No   que   diz   respeito   a   investimentos   em   eficiência   energética,   Ko   Barrett   adianta   que   está  previsto  o  aumento  anual  de  cerca  de  USD  336  mil  milhões  nos  setores  do  transporte,  edifícios  e  no  setor  da  indústria.  É  esperado  também  um  aumento  cerca  de  USD  147  mil  milhões  no  que  diz  respeito  ao  setor  das  energias  renováveis,  produção  de  energia  nuclear  e  eletricidade  com  CCS   (Captura   e   Armazenamento   de   Carbono,   do   inglês  Carbon   Capture   and   Storage),   sendo  que,  o  investimento  anual  global  no  sistema  de  energia  é  atualmente  cerca  de  USD  1.200  mil  milhões.  

Relativamente   aos  próximos  passos,   Ko  Barrett   comunicou  que  os   trabalhos  para  o  próximo  relatório   do   IPCC   estão   ainda   a   decorrer.   O   encontro   de   novembro   em   Marraquexe  (Conferência   das   Nações   Unidas   sobre   as   Alterações   Climáticas   de   2016,   COP   22)   servirá  também  para  relembrar  os  governos  que  têm  de  fornecer  informação  científica  para  conclusão  do  próximo  relatório  do   IPCC.  Um  esboço  do  relatório  será  acordado  na  próxima  reunião  do  IPCC  a  decorrer  em  Banguecoque.  É  esperada  a  entrega  do  relatório  em  2018,  e  em  tempo  útil  para  apoiar  as  discussões  na  primeira  avaliação  global  em  2023.    

Henri   Waisman,   Coordenador   do   Deep   Decarbonization   Pathways   Project   (DDPP),   como  segundo  orador  da  manhã  veio  falar  sobre  os  estudos  em  diferente  países  que  têm  vindo  a  ser  desenvolvidos  no  âmbito  do  DDPP.  O  DDPP   tem  como   intuito   construir  uma  mensagem  que  permita,  por  um   lado,   criar  visões  de   transformação  para  uma  descarbonização  profunda  da  economia   de   cada   país,   e   que   consequentemente   possam   ajudar   na   implementação   de  estratégias,   e,   por   outro   lado,   criar   uma   estrutura   de   diálogo   entre   as   diferentes   partes  envolvidas   em   busca   das   melhores   soluções   para   a   problemática   das   alterações   climáticas.  Henri   Waisman   referiu   que   é   feita   uma   abordagem   para   a   definição   de   profundas  transformações  da  economia  nacional  em  função  dos  desafios  e  oportunidades  que  cada  país  apresenta  ao  nível  económico  e  social.  Estas   transformações  serão  definidas  a  partir  de  uma  visão  de  longo  prazo  para  mostrar  o  caminho  a  seguir  e  ajudar  na  tomada  de  decisões  a  curto  prazo.  Desta  forma  será  possível  o  acesso  a  toda  a  informação  relevante  sempre  fomentando  a  transparência  dos  dados  e  das  ações  a  realizar.  O  foco  do  projeto  é  o  de  reduzir  as  emissões  no  setor  energético,  sendo  este  o  mais  representativo  dos  setores  poluentes.  Centra-­‐se  na  análise  de  16  países  entre  os  países  mais  poluentes,  como  EUA,  Índia,  China  e  África  do  Sul.    

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Segundo indica Henri Waisman: “truly

transformative scenarios are feasible in all countries we

have studied”.

 

   

Estes  cenários  de  transformações  só  terão  sucesso  se  se  adaptarem  ao  contexto  nacional  e  às  prioridades   socioeconómicas.   Como   exemplo   Henri   enunciou   as   desigualdades   e   a   falta   de  emprego  na  África  do  Sul,  poluição  do  ar  na  Índia  ou  a  dependência  energética  no  Japão.    

Mediante  uma  planificação  transparente  a  longo  prazo  podem-­‐se  definir  ações  concretas  que  deverão   ser   realizadas   no   futuro   e   assim   permitir   a   priorização   dos   investimentos   sem  necessidade   de   realizar   grandes   reformas   antecipadas.   Estes   investimentos   deverão   estar  acompanhados  em  todo  as  políticas  que  se  adaptem  ao  contexto  nacional,  assim  como  apoiar  a   sua   implementação.   Embora   o   projeto   considere   abordagens   nacionais,   o   facto   de   que   as  alterações  climáticas  são  hoje  um  desafio  global,  mostra  que  é  necessária  a  cooperação  global.    

O   projeto  Deep  Decarbonization   Pathways   apoia   a   implementação   de   tecnologias   de   baixos  níveis  de  emissão  de  carbono  através  da  sugestão  de  diferentes  formas  de  redução  de  custos,  como  por  exemplo  a  transferência  de  capacidades  e  tecnologias,  a  criação  de  mercados  globais  e  investimentos  em  I&D,  que  terão  especial  importância  para  países  em  desenvolvimento.  

(http://get2c.pt/docs/DDPP_presentation.pdf)  

 

 

“We have to move from a world of competition to a

world of cooperation”.  

 

   

 

Na  segunda  parte  da  manhã,  Mário  Parra  da  Silva  (Network  Representative  da  United  Nations  Global   Compact   em   Portugal   e   Presidente   da   Aliança   ODS   Portugal)   introduzindo   o   tema  “Descarbonização   no   contexto   alargado   dos   Objetivos   do   Desenvolvimento   Sustentável”,  

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relembrou   a   importância   e   a   necessidade   de   se   criar   um   diálogo   e   uma   parceria   entre   os  integrantes   do   mundo   empresarial   para   a   concretização   dos   objetivos.   Acredita-­‐se   que   é  necessária   esta   união   para   cumprir   com  os   vários   desafios   associados   à   descarbonização   da  sociedade,  e  que  ainda  poderá  refletir  em  externalidades  positivas  no  âmbito  dos  ODS.  Como  consumidores   de   energia   devemos   ser   capazes   de   tomar   decisões   inteligentes   que   não  intervenham  com  o  futuro  sustentável.    

A  descarbonização  passa  por  uma  mudança  no  estilo  de  vida  (mais  ecológico),  desde  a  forma  como   vivemos,   nos   socializamos,   o   que   fazemos   e   o   que   queremos   fazer.   O   estilo   de   vida  define   a   nossa   identidade   e   várias   perguntas   ficam   no   ar:   O   que   queremos?   Porque   nos  esforçamos?  Que  objetivo  de  vida?  Que  mede  o  futuro?  O  “criar  estilos  de  vida  sustentáveis”  requer   que   seja   repensado:   o   nosso  modo   de   vida,   o   que   compramos   e   adquirimos,   o   que  consumimos,  e  de  que  forma  organizamos  o  nosso  dia-­‐a-­‐dia.      

(http://get2c.pt/docs/Alianca_ODS.pdf)  

 

“Um mundo onde cada país goze de crescimento

económico e trabalho decente para todos, inclusivo,

sustentado e sustentável.(…) É muito utópico mas

curiosamente está mesmo na nossa mão”.

 

 

No  início  da  sessão  da  tarde,  Elena  Stecca  (Representante  do  We  Mean  Business)  introduziu  o  tema   “As   empresas   e   o   desafio   da   descarbonização”.   Num   contexto   global,   apresentou   a  plataforma  We   Mean   Business,   que   congrega   empresas   nacionais   e   internacionais   com   o  objetivo  da  descarbonização.  A  iniciativa  We  mean  Business  é  uma  coligação  constituída  por  7  organizações,   que   trabalha   com   mais   de   460   empresas   e   180   investidores   com   elevada  influência   a   nível   mundial,   que   reconhecem   que   a   transição   para   uma   economia   de   baixo  carbono   é   a   única   solução   para   um   crescimento   económico   sustentável   e   próspero.   Estas  entidades   comprometeram-­‐se   com   várias   ações   como   aumentar   a   utilização   de   fontes   de  energia   renovável,   tornar   os   processos   mais   eficientes   e   ecológicos,   e   assumir   a  responsabilidade  corporativa  nas  políticas  climáticas.    

Esta   plataforma   já   conta   com   a   presença   de   6   empresas   Portuguesas   (Caixa   Geral   de  Depósitos,  Companhia  de  Cal  e  Cimento,  CTT  –  Correios  de  Portugal,  EDP,  Jerónimo  Martins  e  Portucel  Soporcel)  envolvidas  em  13  compromissos.    

(http://get2c.pt/docs/We_Mean_Business.pdf)  

 

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“In this case there´s 460 companies, we consider them pioneers, because it´s still a

very short number compared to the many more that we´ve

been eager to see committed to having a strong impact

towards decarbonization level required.”

 

O  Secretário  de  Estado  do  Ambiente,  Carlos  Martins,  relembrou  que  Portugal  é  um  dos  países  da  Europa  mais  vulneráveis  às  alterações  climáticas,  sendo  por  isso  fundamental  refletir  sobre  a  descarbonização  da  economia  portuguesa.    

 Apesar da vulnerabilidade a que o país está exposto, é de relembrar

que “Portugal está de facto profundamente empenhado e

comprometido com aquilo que foi o Acordo de Paris e, nessa medida,

foi um dos primeiros países europeus a ratificar no seu

parlamento a adesão ao acordo”.

 

Não  esquecendo  que  este  ano,  entre  os  dias  7  e  11  de  maio,  o  consumo  de  eletricidade  no  país  foi  assegurado  integralmente  por  fontes  renováveis  (eólica,  solar  e  hídrica),  num  total  de  107  horas   consecutivas.   Este   marco   histórico   vem   representar   o   sucesso   das   políticas   que   têm  vindo  a  ser  implementadas  e  que,  garante,  são  objetivo  de  incremento  para  o  futuro.  Contudo,  Carlos   Martins   relembrou   que   é   necessário   tirar   mais   partido   da   situação   geográfica   e   das  longas   horas   de   sol   a   que   Portugal   está   exposto,   em   relação   aos   outros   países   do   globo.   O  setor  da  energia  solar  é,  precisamente,  uma  das  áreas  de  maior  preocupação  no  que  toca  ao  seu  contributo  para  mitigação.  O  setor  dos  transportes  representa  também  uma  das  áreas  de  maior  preocupação,   sendo  “responsável  por  mais  de  25%  das  emissões  nacionais”.  Contudo,  garante   que   são   esperadas   mudanças   significativas   como   resultado   das   medidas  implementadas,  quer  no  sentido  de  promoção  da  utilização  de  transportes  públicos  bem  como  do   incremento   de   forma   significativa   da   mobilidade   elétrica   no   país.   Ainda   sobre   o   tema,  Carlos  Martins   enunciou   que   “este   verão   foi   possível   instalar   redes   de   carregamento   rápido  para   veículos   elétricos   que   permitem   ir   de   Lisboa   ao   Algarve,   ou   de   Lisboa   ao   Porto,   com  períodos   de   paragem   compatíveis   com   aquilo   que   é   a   nossa   vida   urbana   tradicional.”  

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Relativamente  à  Diretiva  da  Economia  Circular,  é  esperado  que  ao  longo  de  2017  possa  existir  um  conjunto  de  iniciativas  legislativas  que  permitam  por  um  lado  otimizar  o  uso  dos  recursos  e  por  outro  ter  algum  efeito  nos  consumos  de  energia,  adianta  Carlos  Martins.  Tendo  em  conta  o  objetivo  de  redução  de  emissões  de  GEE  traçado  para  2020  na  Estratégia  Nacional  do  país,  Carlos  Martins  relembrou  com  orgulho  que  este  objetivo  já  foi  alcançado,  em  2016,  e  portanto  conseguimos   antecipar   as   metas   previstas.   Contudo   alertou   que   é   necessário   continuar   o  trabalho,   não   esquecendo   que   existem   já   objetivos   traçados   para   2030,   e   que   em   conjunto  com  os  vários  atores  da  sociedade,  possamos  continuar  na  linha  da  frente.  Relativamente  aos  objetivos  globais  nacionais  para  2030,  o  Secretário  de  Estado  do  Ambiente  garante  que  estes  estão  em   linha  com  os  compromissos   feitos  em  Paris.  Carlos  Martins   termina  o   seu  discurso  agradecendo   aos   promotores   da   conferência   por   esta   iniciativa   e   pela   oportunidade   e  possibilidade  de  refletir  sobre  os  compromissos  internacionais  que  foram  assumidos  pelo  país  em  Paris.    

 Carla   Tomás,   do   Jornal   Expresso,  moderou  o  primeiro  debate  sobre  os  desafios   políticos.   Nuno   Lacasta,  Presidente  da  Agência  Portuguesa  do  Ambiente,   começou   a   discussão   do  primeiro   painel   ao   assinalar   que  Portugal   neste   momento   está   a  cumprir   em   7   pontos   percentuais  acima   da   sua   meta   para   com   o  protocolo   de   Quioto.   Aponta   ainda  que   as   emissões   têm   decrescido  desde  2005,  o  que  comprova  a  mudança  do  paradigma  energético,  motivado  por  ter  uma  das  mais   elevadas   penetrações   de   energias   renováveis   da   Europa.   Reforçou   o   que   foi   dito   por  Carlos   Martins,   no   que   refere   a   uma   maior   aposta   em   energias   renováveis,   mais  concretamente,  energia  solar  tanto  numa  forma  central  como  descentralizada.  Apontou  uma  meta  ambiciosa  que  é   reduzir  as  emissões  de  GEE  em  40%  para  2030,   face  ao  ano  de  2005.  Perante  a  ratificação  de  Portugal  no  acordo  de  Paris,  o  desafio  passa  por  implementar  projetos  custo-­‐eficientes   em   setores   de   importância   capital.   Acrescenta   que   o   setor   residencial   e   de  transportes   necessitam   de   medidas   específicas,   devido   à   sua   importância   e   características  especiais.   “Há   ainda  muito   a   fazer,  mais   concretamente   no   setor   dos   transportes   tendo   em  conta  a  necessidade  de  transformação  das  cidades”,  adiantou  Nuno  Lacasta.      Francisco   Ferreira,   Presidente   da   ZERO,   começou   a   sua   intervenção   ao   afirmar   que   são  necessárias  medidas  políticas  para  continuar  o  trabalho  que  já  foi  feito.  Deu  como  exemplo  o  governo  do  início  do  século,  que  fez  uma  grande  aposta  em  energia  renovável,  principalmente  eólica,  e  sem  essas  medidas,  Portugal  não  teria  o  peso  que  tem  nesse  domínio.  Considera  que  o  país   está   a   ser   pouco   ambicioso,   relativamente   à   redução  das   emissões   em  40%  até  2030  argumentando  que  desde  2005  estas  já  foram  reduzidas  em  27%  e  como  tal  há  margem  para  ir  mais  longe.    

 

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Sugere  que,  se  forem  encerradas  as  centrais   de   Sines   e   Pego   e  reativadas   as   de   gás   natural,   se   os  carros   novos   forem   totalmente  elétricos   e   dar   outra   aplicação   aos  impostos   sobre   os   combustíveis,  pode-­‐se   chegar   muito   mais   longe  do   que   o   proposto.   Relativamente  ao   tema   transportes,   lembrou   que  Portugal   tem   a   mesma  percentagem   de   veículos   elétricos  

que  a  Alemanha,   e  que  na  Holanda,   18%  dos   veículos  novos   vendidos   são  desta   tipologia,   e  como  tal,  existe  tempo  para  tal  mudança,  mas  para  isso  é  necessário  tomar  decisões  o  quanto  antes.  

António  Sá  da  Costa,  Presidente  da  APREN,  começou  por  lembrar  que  Portugal  será  dos  países  mais   fustigados   pelas   alterações   climáticas,   especialmente   na   agricultura   e   que   a   população  ainda  não  tem  consciência  disso.  Assim,  sugere  que  o  Ministério  do  Ambiente  e  a  APA  deverão  investir   na   educação   e   sensibilização   sobre   estes   temas,   pois   é   a   única   forma   de   mudar  hábitos.  Continuou  referindo  e  concordando  com  Carlos  Martins  ao  dizer  que  as  metas  existem  para  serem  ultrapassadas,  e  que  muito  do  esforço  neste  âmbito  foi  feito  exclusivamente  pelo  setor   de   produção   de   eletricidade   renovável.   Adiantou   ainda   que   nada   foi   feito   no  

aquecimento   e   arrefecimento   e   nos  transportes.   Quando   questionado  sobre   a   possibilidade   de   100%   de  produção   renovável  no   setor  elétrico  em   2030,   afirma   que   os   80%   são  perfeitamente   tangíveis,   mas   que   os  últimos   20%   são   mais   difíceis.  Enumerou   questões   técnicas   que  ainda   são   de   difícil   resolução   como  redes,   armazenamento   e   evolução  das   baterias,   e   não   acredita   que  

possa  acontecer  antes  de  2040.  Quando  interrogado  sobre  os  motivos  da  fraca  contribuição  da  energia  solar  apontou  duas  razões.  A  primeira  deve-­‐se  à  forte  falta  de  confiança  que  esta  fonte  de  energia  ainda   tem,  pois   já  devia   ter  havido   investimento  em  painéis   solares  nas   fachadas  dos   edifícios   para   aquecimento   de   águas   sanitárias,   que   aumentaria   a   qualidade   e   as  poupanças  e  poderia  fomentar  uma  indústria  nacional.  A  segunda  razão  é  que  durante  muitos  anos  existiu  o  mito  que  a  energia  solar  era  cara.  Ainda  sobre  este  tema,  afirmou  que  o  sistema  remuneratório  não  é  o  mais  apropriado  e  não  tem  permitido  dar  mais  avanços.    

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Maria  João  Azancot,  Diretora  Geral  da  Associação   Técnica   da   Indústria   de  Cimento   (ATIC),   na   sua   intervenção  refere   que   a   indústria   cimenteira  neste   momento   não   consegue   ter  emissões   zero,   pois   as   tecnologias  existentes   não   o   permitem,   contudo  têm  sido  feitos  esforços  significativos  para   as   reduzir.   Enumera   que   como  fruto   desses   esforços   tem-­‐se  verificado   menos   consumos   de  

energia,   mais   utilização   de   combustíveis   alternativos,   existência   de   projetos   de  desenvolvimento   de   produtos   de   baixo   carbono   e   prolongamento   do   tempo   de   vida   dos  produtos   existentes.   Explicou   que   a   indústria   cimenteira   tem   dois   tipos   de   emissões,  combustão  e  processo,  e  que  atualmente  apenas  pode  ser  feito  algo  nas  primeiras.  Contudo,  acredita  que  num   futuro  próximo  a   captura  e  armazenamento  de  carbono  poderão  ajudar  a  reduzir  as  emissões  de  processo.  Alertou  ainda  que  é  fundamental  que  iniciativas  deste  género  não   tenham   impacto   na   competitividade  das   empresas  mas   deverão   ser   regulamentadas   de  forma  a  facilitar  a  sua  implementação.  O  investimento  em  investigação  e  desenvolvimento  em  energias   renováveis   é   cem   vezes   maior   do   que   o   feito   em   tecnologias   de   captura   e  armazenagem,  disse  Maria  Azancot.    

Por   fim,   Iva   Miranda   Pires   (DariAcordar   –   Movimento   Zero   Desperdício)   assinalou   que  podemos  todos  contribuir  para  esta  grande  causa  global  através  da  prática  de  reciclagem  dos  resíduos  bem  como  da  reutilização  de  diferentes  produtos.  A  associação  DariAcordar,  através  do  movimento   Zero  Desperdício,   tem   como  objetivo   envolver   os   cidadãos   para   que   possam  contribuir   para   a   redução   dos  impactos   que   os   resíduos  apresentam   sobre   o   ambiente,  através   de   caminhos  complementares   para   reduzir   o  carbono,   como   o   reaproveitamento  de   recursos   (tais   como,   bens  alimentares  ou  peças  de  vestuário  e  calçado).   Neste   âmbito   referiu   que  uma   das   razões   do   nascimento   da  DariAcordar   foi   após   a   constatação  de  que  se  desperdiçam  toneladas  de  alimentos   ainda   adequados   ao   consumo.   Aliado   ao   facto   de   haver   um   elevado   número   de  famílias   em   situação   de   insegurança   alimentar,   afirma   que   não   tem   sentido   desperdiçar  alimentos   que   estão   no   estágio   final   da   sua   cadeia,   ou   seja,   que   têm   o   máximo   de   valor  acrescentado,   e   ainda   afirma   que   esse   reaproveitamento   é   aquilo   que   a   economia   circular  pretende.    

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No   último   debate   do   dia,   o   assunto  foi   o   desafio   das   empresas   face   às  alterações   climáticas.   O   primeiro  interveniente   foi   Fernando   Leite  (Lipor)  que  afirmou  que  as   indústrias  vão   sempre   criar   resíduos   e   que   é  necessário   pensar   em   como   os  diminuir,   pois   reduzir   as   emissões  não   será   suficiente.   Com   este  princípio   em  mente,   acredita   que   se  deve   investir   em   tecnologias   que  produzam  o  mínimo  de  desperdício  e  que  eventualmente  as  pessoas  utilizarão  resíduos  para  produzir   a   sua  própria  energia.  A  economia   circular  neste   contexto,   incentiva  as  empresas  a  reinventar-­‐se  e   reutilizar  estes  subprodutos  de   forma  a  criar  valor  com  novos  produtos  e/ou  serviços.  Carlos  Andrade  (GALP)  afirmou  que  a  atividade  da  empresa  será  para  continuar,  mas  que   estão   a   acompanhar   as   tendências   de   mercado,   quer   seja   no   investimento   em   fontes  energéticas   renováveis,   como  na  aposta  na  eficiência  energética.  Este  acompanhamento  das  tendências   deve-­‐se   ao   facto   de   existir   planeamento   a   longo   prazo,   e   dá   como   exemplo   o  aumento  de  produtividade  em  campos  no  Brasil,  que   são   resultado  de  decisões   tomadas  no  final   do   século   passado.   Destaca   a   imprevisibilidade   que   se   tem   verificado   no   mercado  energético,  dando  como  exemplo  o  impacto  inesperado  que  tiveram  o  shale  gas  e  shale  oil,  as  oscilações   dos   preços   do   petróleo   e   margens   de   refinação.   Perante   tais   eventos,   o  planeamento   a   longo   prazo   é   imperativo,   mas   considera,   ainda   mais   essencial,   manter   a  competitividade   do   ponto   de   vista   ambiental,   social   e   económico,   e   garante   que   a   empresa  

está   preparada   para   essas   incertezas.  Também  considera  que  os  resultados  da  COP21   são   positivos   mas   há   que   ter  maior   enfoque   na   implementação   das  propostas.   Fazendo   referência   às  previsões   da   Agência   Nacional   de  Energia,  referiu  que  o  gás  e  petróleo  vão  ser   importantes   no   mix   energético,   e  menciona  a  forte  aposta  e  promoção  de  eficiência   energética   tanto   na   própria  empresa  como  nos  clientes.      

Tiago   Lopes   Farias   (Transportes   de   Lisboa)   referiu   que   a   luta   contra   as   alterações   climáticas  necessita  de   responsabilização  e  consciencialização  da   sociedade.  Afirmou  ainda  que  o   setor  dos  transportes  é  muito  sensível  e  que  as  frotas  necessitam  de  uma  reestruturação  inteligente  conforme  o  planeamento  das   cidades  do   futuro.  Tiago  Farias  alerta  que  é   imperativo  mudar  comportamentos  e  costumes  da  população  de  forma  a  fomentar  a  aderência  aos  transportes  públicos  de   forma  sustentável  e  a   introdução   incremental  de  veículos  elétricos.  Ana  Quelhas  (EDP)   mencionou   que   a   descarbonização   é   base   fundamental   do   negócio   da   EDP   e   que   a  capacidade  de  produzir  energia  renovável  em  Portugal  é  de  70%,  e  por  isso,  está  em  curso  um  investimento   de   1,4   milhões   de   euros   sendo   que   75%   será   para   energia   renovável   e   os  

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restantes  25%   serão  em   redes.  Com  base  nestes  pressupostos,   afirmou  que  a   EDP  pretende  em  2030,   reduzir   as   emissões  de  CO2   em  75%  comparando   com  os   valores  de  2005.  Deixou  ainda  críticas  às  tarifas  aplicadas  na  energia  fotovoltaica,  apesar  de  afirmar  que  esta  e  a  eólica  já   são  altamente   competitivas,   a   instabilidade   tarifária  não  permite   ir  mais   longe.  Duarte  da  Ponte   (Eletricidade  dos  Açores)   falou  do  caso  particular  que  caracteriza  a   região  dos  Açores.  Esta  zona  devido  ao  seu  reduzido  tamanho  e  isolamento,  tem  elevadas  oscilações  de  procura  de  energia,  o  que  exige  um  planeamento  mais  controlado  e  como  tal  acredita  que  devem  ser  utilizados   tarifários   tri-­‐horários.   Refere   que   esta   oscilação   tem   de   ser   reduzida   e   como  medidas,   anunciou   que   a  iluminação   pública   será   substituída  por   LED´s   e   está   em   curso   um  projeto   de   energia   geotérmica   na  ilha   Terceira.   A   última   intervenção  do  painel  foi  feita  por  José  Eduardo  Martins   (Abreu   Advogados)   que  considerou   o   tema   de   extrema  importância   para   o   país   e   sugere  que   a   discussão   se   propague   ao  maior   número   possível   de  participantes.   Como   outros  intervenientes,  também  criticou  a  estruturação  das  tarifas  associadas  às  energias  renováveis  e  mostrou  ambição  relativamente  ao  Acordo  de  Paris,  em  que  mencionou  que  Portugal  deve  ser  pioneiro.  José  Eduardo  Martins  destacou  a  importância  dos  Transportes  de  Lisboa  no  contexto  da  descarbonização  da  sociedade  e  reconheceu  o  desafio  que  Tiago  Farias  terá  de  enfrentar,  afirmando  que  os  transportes  necessitam  de  uma  revolução  profunda,  principalmente  a  nível  de  alterações  de  comportamentos  pois  as  pessoas  devem  ser  encorajadas  a  utilizar  transportes  públicos.    

ENCERRAMENTO

“Começarmos a focar já, não na descarbonização de metas de Quioto, nem

sequer de 2030, mas da descarbonização profunda, acho que é absolutamente essencial, e é agora que se começa a

vislumbrar esse futuro.”

Nuno Lacasta, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente

 

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