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A Ervideira celebrou este ano os dez anos do Invisível, o primeiro blanc-noir português, um vinho transparente feito de uvas tintas, às quais se retirou as cascas e película. Uma ideia trazida da Alemanha. Valença, Pombal e Marco de Canavezes Vencem os Melhores Sabores de Portugal 2019 Com a participação de 1571 restau- rantes do Minho ao Algarve, decorreu no Mercado da Ribeira, em Lisboa, o certame, iniciativa da Unilever Food Solutions. Sector agro-alimentar : receitas acima dos 17 mil M euros A Indústria Agro-alimentar portuguesa deverá facturar mais de 17 mil milhões de euros, dos quais 5 mil M euros corespondem a exportações Chama-se Restaurante Adega de Borba, e funciona desde Março junto à Loja de Vinhos . O novo espaço dedicado aos sabores que marcam mais de 60 anos de história, onde se pode descobrir e saborear os pratos da cozinha tradiconal alentejana. Poças lança vinhos artesanais e ecológicos A centenária vitivinícola do Porto e Douro lançou dois vinhos artesanais, um dos quais sujeito a estágio em ânforas de argila porosa. Número dezasseis • semestral newsletter • Director: Álvaro Vale nº 16 Jun./Jul. 2019 Dez anos do Vinho Invisível Azeite Zabodez medalha de ouro em Nova York Produzido na Quinta dos Lagares, no Douro, o Zabodez voltou a ganhar o maior prémio do International Oil Competition, o mais prestigiado concurso mundial de azeites. 02 05 Enoturismo de BORBA 04 12 Espanhóis da Mercadona abrem dez hipermercados no 2º semestre em Portugal edição 17 12 07 Alentejo: Confraria dos Enófilos elege os MELHORES VINHOS Em Évora, entre 114 vinhos produz- idos no Alentejo, a Confraria dos enófilos da região distinguiu os três melhores vinhos alentejanos com a medalha de ouro No ano em que faz 99 anos: Cruzeiro Seixas, pintor do surrealismo, homenageado na Biblioteca Nacional O consagrado pintor lançou um livro-album “Diário não Diário”, que reproduz pinturas, desenhos, cartazes, pensamentos, aforismos e outros textos, numa edição do Centro Português de Serigrafia. Inês Cordeiro, directoara da BN, anunciou para 2020 as comneorações do centenário do artista. 08 10 13

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A Ervideira celebrou este ano os dez anos do Invisível, o primeiro blanc-noir português, um vinho transparente feito de uvas tintas, às quais se retirou as cascas e película. Uma ideia trazida da Alemanha.

Valença, Pombal e Marco de CanavezesVencem os Melhores Sabores de Portugal 2019Com a participação de 1571 restau-rantes do Minho ao Algarve, decorreu no Mercado da Ribeira, em Lisboa, o certame, iniciativa da Unilever Food Solutions.

Sector agro-alimentar :receitas acima dos 17 mil M eurosA Indústria Agro-alimentar portuguesa deverá facturar mais de 17 mil milhões de euros, dos quais 5 mil M euros corespondem a exportações

Chama-se Restaurante Adega de Borba, e funciona desde Março junto à Loja de Vinhos . O novo espaço dedicado aos sabores que marcam mais de 60 anos de história, onde se pode descobrir e saborear os pratos da cozinha tradiconal alentejana.

Poças lança vinhos artesanais e ecológicosA centenária vitivinícola do Porto e Douro lançou dois vinhos artesanais, um dos quais sujeito a estágio em ânforas de argila porosa.

Número dezasseis • semestral newsletter • Director: Álvaro Vale

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Jun

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Dez anos do Vinho Invisível

Azeite Zabodez medalha de ouro em Nova YorkProduzido na Quinta dos Lagares, no Douro, o Zabodez voltou a ganhar o maior prémio do International Oil Competition, o mais prestigiado concurso mundial de azeites.

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Enoturismo de BORBA

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Espanhóis da Mercadona abrem dez hipermercadosno 2º semestre em Portugal

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ão 1

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Alentejo:Confraria dos Enófilos elege os MELHORES VINHOSEm Évora, entre 114 vinhos produz-idos no Alentejo, a Confraria dos enófilos da região distinguiu os três melhores vinhos alentejanos com a medalha de ouro

No ano em que faz 99 anos: Cruzeiro Seixas, pintor do surrealismo, homenageado na Biblioteca NacionalO consagrado pintor lançou um livro-album “Diário não Diário”, que reproduz pinturas, desenhos, cartazes, pensamentos, aforismos e outros textos, numa edição do Centro Português de Serigrafia. Inês Cordeiro, directoara da BN, anunciou para 2020 as comneorações do centenário do artista. 08

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Como é habitual, todos os anos, a 1 de Abril, a Ervideira apresenta a sua nova produção do Vinho Invisível ao mercado. Este ano celebraram-se os dez anos do primeiro blanc-noir produzido no país, que é efectivamente um vinho transparente, feito de uvas tintas, com a particularidade de se retirar a respectiva casca ou película. Uma ideia que Duarte Leal da Costa , director da Ervideira, trouxe da Alemanha. De acordo com aquele gestor, “em 2007 trouxemos para Portugal vários “blancs de noir”, produzidos na Suíça, Alemanha, Luxemburgo e  França, para uma prova interna. Dos 26 vinhos provados, poucos (ou praticamente nenhuns) foram do agrado. Nasceu assim a nossa vontade em criar um “blanc de noir” que fosse do nosso agrado e que, certamente, seria do agrado do consumidor português. «Ou sai muito bem, ou deitamos fora». Era o nosso desafio ! Mas, dois anos depois de estudar a tecnologia e de afinar a qualidade do produto, nasceu o primeiro Invisível da Ervideira, um vinho que o consumidor provou, gostou, comprou, e recomprou... e hoje já lá vão 500.000 garrafas!, meio milhão, em apenas 10 anos”.

O processo até ao nome - InvisívelEm Portugal nunca se tinha produzido e certificado um vinho deste tipo. A dúvida era se deveria ser certificado como tinto (pois era feito a partir de uvas tintas) ou como um vinho branco (pela sua cor). Apresentado o caso à Comissão Vitivinícola do Alentejo (CVRA) o vinho foi aprovado como DOC, no entanto após a aprovação, logo veio a reprovação, pois tratava-se de uma monocasta e como tal não poderia ser DOC. Seguiu então o vinho novamente para certificação como Vinho Regional Alentejano Branco e,.. foi novamente aprovado!. Menos um problema, embora faltasse ainda encontrar uma garrafa, um rótulo e..... um nome.Começámos pela garrafa. A dúvida que se colocava era se o vinho manteria a cor incolor ou se esta evoluiria.Não havia ninguém a quem perguntar e optou-se por se escolher uma garrafa escura tipo Borgonha – que no Alentejo só se utilizava poucas vezes e normalmente para tintos de grande destaque – para o proteger da luz. Faltava o nome, e o Pedro Roma decidiu exteriorizar os seus pensamentos: «este

vinho é espetacular: ainda que não tenha cor casa bem com os pratos pela imensa força que tem. É um vinho Invísivel”. Mal ouvi aquilo....ele tinha acabado de dizer o nome do vinho. E assim nasceu o Invisível”.Escolhido o nome, como seria o rótulo? Não dava para fazer o rótulo Invisível por isso como personificaríamos a ideia? Seria sem rótulo, seria incolor? “Escolhemos a designer Amélia Nabeiro, que já é amiga da Ervideira há alguns anos, e que me pediu autorização para inventar/ inovar. Autorização concedida e foi assim que nasceu o rótulo dos 3 i’s”, explica Duarte Leal da Costa.Já engarrafado, rotulado e em paletes, foi no dia 1 de Abril que a Ervideiral ançou a notícia para os amigos e mercado. As respostas foram  “aldrabão”, “mentiroso”, “Olha que hoje é  1 de Abril, não te esqueças”, “Conta-me outra!” e por aí fora...Mas o entusiasmo movia toda a equipa era muito, e acabaram por enviar também aquela informação para os jornalistas ,tendo havido inclusivamente quem escrevesse “Inovação ou Devaneio? Definitivamente devaneio!”.

A produçãoA produção deste vinho está a cargo do enólogo, Nelson Rolo, que escolheu a casta Aragonez graças à sua polpa incolor e aromática. Nesta técnica, a colheita é feita exclusivamente à noite, o que permite uma temperatura mais baixa para não haver nem oxidação nem fermentação. Depois, imediatamente após a vindima, tirar o primeiro sumo – conhecido por lágrima – pretende-se inibir a oxidação e fermentação, sendo que o mosto é imediatamente separado das peliculas de forma a não obter qualquer cor.Este mosto é transportado em camião frigorífico até à Adega, onde é conduzido por gravidade à câmara de frio, permanecendo a decantar durante 24horas a muito baixas temperaturas. Após este processo, o mosto é inoculado

com leveduras selecionadas, decorrendo a fermentação à temperatura controlada de 12ºC, durante 30 a 45 dias. O estágio é feito em cubas de inox durante aproximadamente 6 meses.Segundo Nelson Rolo, “importa explicar que de cada quilo de uvas apenas 10 a 15% do seu sumo de lágrima é capaz de produzir este vinho, de caracter único, com notas de chá, frutos secos e de pera, um vinho em tudo diferente de qualquer outro vinho branco.”

Os “blancs de noir” remontam a séculosA história dos blancs de noir remonta a vários séculos atrás e tem origem na tentativa das regiões frias fazerem vinhos tintos com maior concentração de cor. Assim, os produtores de Pinot Noir e Merlot, castas que tradicionalmente dão origem a vinhos com pouca intensidade cromática, separavam o primeiro sumo que não esteve em contacto com a película, de forma a produzir dois vinhos.O primeiro resultado da sangria das uvas, o Blanc de Noir, era um vinho de uma cor cinza a ligeiro rosé, e sobre o qual os produtores não tinham especial atenção. Já o segundo, os produtores faziam deste os seus melhores vinhos, por ter maior concentração e estrutura.  Assim os Blancs de Noirs, sempre foram os “parentes pobres” da adega.

MEIO MILHÃO DE GARRAFAS 10 anos de Invisível: um sucesso evidente

reportagem

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A revista Vinho Grandes Escolhas distinguiu a Ravasqueira com o Prémio de Melhor Produtor do ano de 2018, numa gala que junto o melhor dos vinhos nacionais e da gastronomia portuguesa.Ainda no âmbito das Grandes Escolhas 2018, a marca alentejana foi também distinguida pelos seus vinhos Ravasqueira Premium Tnto 2014 e Rvasquiera Premium Alicante Bouschet 2014. Pedro de Mello, presidente da administração do Monte da Ravasqueira, recebeu o galardão recordando o paoio dos seus “11 irmãos, que acreditam desde o início do projecto”, e as 40 pessoas que trabalham diariamente na Ravsqueira e tornam o sonho realidade.Situado na vila de Arraiolos, o Monte da Ravasqueira mantém, desde 1943, uma ligação de três gerações à família José de Mello, propriedade que se estende ao longo de 3.000 hectares, 45 dos quais dedicados à vinha, num total de 15 castas distribuídas por 29 talhões plantados em oito diferentes tipos de solo. Liderada pelo enólogo e administrador-executivo Pedro Pereira Gonçalves, a equipa de enologia tem apostado, desde cedo, na técnica da viticultura de precisão para gerir a variabilidade da vinha ao longo do ano e garantir a obtenção da máxima qualidade de cada casta, a partir de uma análise planta a planta, bago a bago, com identificação do estilo de uvas ideal para cada perfil e marca de vinho.

Ervideira recebe estatuto de PME Excelência 2018A Ervideira, produtora vitivinícola do Alentejo, recebeu o estatuto PME Excelência 2018, atribuído pelo IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, distinção co-atribuído pelo Turismo de Portugal, em parceria com 10 bancos a operar em Portugal. O estatuto PME Excelência constitui factor de diferenciação e uma garantia da solidez e idoneidade das empresas. Desde 2015, que a Ervideira tem vindo a ser reconhecida como PME Líder pelos resultados apresentados. Para Duarte Leal da Costa, diretor executivo da Ervideira, a distinção “está no espírito da empresa em ser mais e melhor, e em diferenciar-se n um sector altamente competitivo, com o objetivo de apresentar aos consumidores vinhos únicos”.A produtora vitivinícola tem tido diversas razões para celebrar, desde a seleção do Vinha d’Ervideira para estar presente na Classe Executiva da TAP, à distinção do Conde D’Ervideira pela Mundus Vini como o melhor vinho branco do Mundo e pela Vivino como o melhor vinho branco nacional. Mais recentemente viu premiado o Vinha d’Ervideira Licoroso premiado com medalha de ouro na categoria de vinhos fortificados no Mundus Vini.A marca alentejana comemorou a 10ª edição do Vinho Invisível e o TripAdvisor reconheceu a empresa com o Selo de Excelência. Estes consecutivos reconhecimentos “verificam-se também na consistência das vendas e isso deve-se aos consumidores, a quem a Ervideira promete continuar a produção de vinhos de qualidade.

Vinho licoroso medalha de ouro no MundusViniNa Alemanha, no MundusVini Wine Award 2019, a Ervideira viu o seu vinho licoroso (categoria dos chamados vinhos

fortificados) VinhaD’Ervideira Licoroso, premiado com a medalha de ouro, averbando 91 pontos.

“Com o propósito de produzir um vinho de categoria “Vintage” escolhemos a casta Tinta Caiada. Trata-se de uma casta pouco apelativa para a maioria dos viticultores devido aos problemas de desenvolvimento, sanitários e de muito baixa produção que apresenta. Para nós, esta casta é sempre uma oportunidade e, é um vinho verdadeiramente raro, pois não conheço nenhum vinho licoroso tão próximo da excelência de um grande Vinho do Porto”, disse Duarte Leal da Costa.

As uvas são escolhidas pela sua potência aromática e capacidade de extracção de cor. São uvas com um ciclo tardio - sendo sempre das últimas a vindimar -, de bago pequeno e com um sabor intenso,apresentando notas de amora e cassis. São colhidas durante a noite, quando a temperatura é mais baixa e transportadas num camião frigorífico, de forma a evitar a fermentação e a oxidação.

Uma vez na adega, são colocadas em lagar de pisa mecânica e mantidas durante 24 horas com temperaturas de 7ºC, suficiente para não fermentar e permitir a maceração a frio, de onde pretendemos extrair aromas primários (aromas da própria uva). Passadas 24 horas as uvas são inoculadas com leveduras permitindo que a temperatura suba, dando início à extracção. Até aos 4ºC de álcool o vinho fermenta lentamente com insistência na extração de cor e aromas através da pisa no lagar sendo nessa altura que é adicionada aguardente vínica com 76ºC(de álcool) mas 20ºC (agora de temperatura!) negativa até perfazer os 18ºC de álcool final.

“No fundo tratam-se aqui de dois choques em simultâneo: por um lado, a passagem muito rápida de º para 18º de álcool. E, por outro, o choque de temperatura pois esta aguardente vínica é adicionada a uma temperatura muito baixa. Estes dois choques provocam a morte imediata de todas as leveduras”, explica Duarte.

Como resultado deste processo “temos um vinho licoroso de grande intensidade e concentração, quer de cor, quer de aromas, fino, elegante, capaz de ser guardado com a mesma qualidade, durante 20 ou 30 anos, ideal para ser apreciado com bons amigos, queijos e/ou chocolates”, salienta.

Monte da Ravasqueira PRÉMIO PRODUTOR DO ANO 2018

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Adega de Borba novo espaço de EnoturismoNo âmbito do desenvolvimento do seu projecto de Enoturismo, a Adega de Borba tem desde Março um novo espaço dedicado aos vinhos e sabores que marcam mais de 60 anos de história. Situado junto à Loja de Vinhos, em Borba, o Restaurante Adega de Borba é local a descobrir e provar pratos representativos da cozinha tradicional alentejana, em perfeita harmonia com os vinhos da casa. O Enoturismo da Adega de Borba tem a crescido nos últimos anos, apresenta novas propostas. Além do Restaurante e Loja de Vinhos, foram lançadas novas experiências que permitem aos visitantes conhecer um pouco melhor todo o processo de produção de alguns vinhos mais conhecidos do Alentejo

Sobre a Adega de BorbaFundada em 1955, a Adega de Borba reúne hoje cerca de 270 viticultores associados que cultivam cerca de 2.200 hectares de vinha, produzindo anualmente mais de 1 milhão de caixas de 9 litros, sendo um dos dez maiores produtores nacionais do sector. Entre as suas marcas, destacam-se o Adega de Borba DOC, um dos vinhos mais vendidos em Portugal no seu segmento, o icónico Adega de Borba Reserva “Rótulo de Cortiça”, uma marca com mais de 50 anos que se impôs como referência do Alentejo, o histórico Montes Claros, que remonta a 1945. Um outro vinho, um dos primeiros a distinguir-se pela sua qualidade singular em Portugal, é o Convento da Vila que tem sido largamente reconhecido pela sua óptima relação preço/qualidade, a gama de monovarietais sob a denominação Senses, e Quintas de Borba, homenagem às pequenas quintas tradicionais da região. Em 2018 os seus vinhos foram amplamente distinguidos e medalhados, nacional e internacionalmente.

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O grupo espanhol de supermercados Mercadona prepara-se para abrir as dez primeiras lojas no mercado português, na segunda metade do ano. Desde que iniciou a sua expansão em Portugal, planeada em 2016, a empresa espanhola já investiu 160 Milhões de euros. Até final de 2019, o total de pessoas a trabalharem para o grupo deverá chegar aos 1.000 colaboradores.O grupo emprega 85.000 pessoas, e prevê durante 2019 investir 2,3 mil milhões (M) de euros, que implica continuar a modernização da rede de supermercados, a que se junta a nova secção Pronto a comer, iniciada em Agosto de 2018 em Burjassot, Valência. O projecto teve boa aceitação, pelo que será implementado em 250 supermercados.

Durante o ano transacto o grupo alcançou as 1.636 lojas em todo o território espanhol, tendo aberto mais 29 supermercados, com destaque para as lojas de Ceuta, Las Palmas e Melilha. Por outro lado, encerrou 20 lojas, que não se enquadravam nos objectivos.Para o presidente do grupo, Juan Roig, pretende-se “um crescimento sustentável, baseado em eficiência e inovação”. E, citando o livro Capitalismo Consciente, o gestor realça: “da mesma forma que as pessoas não vivem só para comer, as empresas não existem só para ter lucros . Daí que não se possa viver sem comer,

MERCADONA abre 10 lojas em Portugal no 2º semestrecriando 1.000 empregos

e as empresas também não podem deixar de ter lucros”.Em 2018, o volume de negócios do grupo atingiu 24,305 mil M de euros, mais 6% face a 2017. Durante o exercício os seus investimentos com recursos próprios, aumentaram 50%, atingindo os 1,504 mil M euros.

Braga, Porto e Aveiro as primeiras lojasA abertura das pimeiras lojas Mercadona será nos distritos de Braga, Porto e Aveiro, contando o grupo já com uma equipa de

reportagem

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Outro projecto, na preservação do património arquitectónico, foi a reabilitação em Matosinhos, da Fábrica de Conservas Vasco da Gama, onde ficará uma loja do grupo, mantendo-se a fachada principal e o brasão original, a chaminé característica das conserveiras, que vai atravessar a zona da padaria e pastelaria da loja. Em 2018, continuou a apostar na promoção interna, com um total de 860 pessoas promovidas a cargos de maior responsabilidade; e na igualdade, tendo terminado 2018 com um quadro de pessoal maioritariamente feminino, onde as mulheres ocupam 47% dos cargos de gestão.No âmbito desta aposta pela qualidade dos seus recursos humanos, a empresa assinou, no final de 2018 e com os principais sindicatos em Espanha, um novo Acordo Colectivo de Trabalho e um Plano de Igualdade 2019-2023, reforçando a conciliação com a vida familiar e a estabilidade laboral. Além de promover a substituição dos sacos de plásticos, a empresa quer comercializar, antes de 2023, apenas ovos de galinhas criadas ao ar livre; e a aposta constante no transporte sustentável, com 54 camiões movidos a gás natural.

300 pessoas, que atingirá as 1.000 no final do ano. Além das lojas, o grupo terá um bloco de Logística na Póvoa do Varzim. Ao mesmo tempo, tendo em vista definir os gostos e hábitos alimentares em Portugal, promoveu mais de 2.000 sessões com consumidores no Centro de Co-inovação de Matosinhos (Grande Porto). A empresa terá sede no Porto, com escritórios centrais, além de outros existentes em Lisboa.Na área de responsabilidade

social empresarial, assinou protocolos com a Sociedade Ponto Verde e o Banco Alimentar contra a Fome. Também o novo Estádio do Sport Clube Canidelo, resultou da colaboração da Mercadona com o clube, o município de Gaia e a Junta de Freguesia de Canidelo.De realçar, o aumento no volume de compras a fornecedores portugueses, que, em 2018, atingiu os 88 milhões de euros, mais 40% face a 2017.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avistou-se com o empresário espanhol Juan Roig, presidente da Mercadona, na inauguração da loja em Vila Nova de Gaia. Aqui, no interior com uma funcionária

1º semestre 2019Ervideira factura mais de um milhão euros A Ervideira registou no 1º semestre de 2019 vendas acima de um milhão de euros, mais 8% face ao período homólogo do ano transacto. Tal, reflecte a reafirmação da marca nos vinhos topo de gama tanto no mercado interno, como nas exportações já agendadas para Angola, México, China, Canadá, Brasil e França. Um dos objectivos da empresa vitivinícola para 2019 é alcançar os 100 mil euros em vendas directas, através da loja online e do Clube de Fãs.

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Medalha de ouro em Nova York Azeite duriense ZabodezProduzido na Quinta dos Lagares, no Douro, o azeite Zabodez voltou a conquistar em Nova York a medalha de ouro do International Olive Oil Competition, o mais prestigiado concurso de azeites a nível mundial.

O Zabodez é oriundo dos olivais da Quinta dos Lagares, com oliveiras centenárias, actualmente sob cultura biológica e devidamente certificada. Os olivais seguem a tradição do Douro, com marco pombalino de 1756, e situam-se na margem esquerda do Rio Pinhão, na freguesia de Vale de Mendiz, numa área de 70 hectares, dos quais 26ha de vinha, 12 de olival e o restante de floresta mediterrênica, onde predominam sobreiros, carrascos e medronheiros.

A quinta tem adega própria onde produz vinhos DOC Douro desde 2011, tintos de várias castas, branco de uvas à cota superior, um rosé sui-generis da casta Mourisco e um Vinho do Porto Vintage 2016, lançado recentemente.

As oliveiras são de variedades típicas da região - Madural,

Cobrançosa, Verdeal, Cordovil, Bical e Galega, distribuídas aleatoriamente. Classificado como azeite virgem, o Zabodez foi criado por especialistas engenheiros agrónomos da Escola Superior Agrária de Bragança, Nuno Rodrigues e José Alberto Pereira, obtido a frio de forma mecânica.

A acidez é baixa, menos de 0,2, de aspecto frutado verde médio e aroma com notas frescas a couve, erva, rama de tomate, maçã verde, tomate, casca de banana e frutos secos. Na boca revela um ligeiro amargo e um picante forte e persistente.

A comercialização é feita pelo produtor em loja gourmet, LOA em Lisboa e Restaurante Famiglia (Leça do Balio), entre Porto e Matosinhos.O prestigiado certame realiza-se há seis anos em Nova Iorque, e este ano juntou mil azeites de 27 países. Os prémiso foram anunciados numa gala,

com a presença de produtores, distribuidores e jornalistas, numa acção que valoriza o azeite como grande referência da Dieta Mediterrânica.

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vinhos & tertúlias

No ano em que faz 99 anos:

Artur Cruzeiro Seixas, notável figura do surrealismo, homenageado na Biblioteca NacionalO consagrado pintor, muito ligado a nomes como Mário Cesariny de Vasconcelos, Rimbaud e André Breton, lançou o livro-album “Diário não Diário”, que reproduz pinturas, desenhos, cartazes, pensamentos, aforismos e outros textos da sua autoria, numa edição do Centro Português de Serigrafia. A edição é limitada a 98 exemplares, o mesmo que a idade do pintor, que em Dezembro completa 99 anos.

Inês Cordeiro, directora da Biblioteca Nacional, anunciou para 2020, as comemorações do centenário do pintor, cujo espólio está em grande parte naquela instituição. Cruzeiro Seixas mantém o seu espírito activo e bem-disposto, de confraternizar com os amigos e admiradores da sua obra artística, continuando a fazer as suas viagens, na linha dos seu itinerário

que o fez andar embarcado no paquete Rovuma entre Lisboa e o antigo ultramar, vindo assentar arraiais em Luanda em 1951, quando já era um notável e consagrado pintor e autor. Artur Cruzeiro Seixas demora-se em Angola até 1964, regressando a Lisboa pelo agravamento da guerra colonial. “Segundo o artista, os portugueses tinham duas opções -- juntar-se à batalha ou regressar, e como não era adepto da violência e do colonialismo, deixou um lugar onde não teria tido problemas em viver toda a vida”, como diz Tania Martuscelli (da Universidade do Colorado Boulder) e estudiosa da obra de Seixas, na revista Triplov (de Artes, Religiões e Ciências).

Este ano, o pintor já esteve em Paris, no Museu Picasso, seguindo depois para Palma de Maiorca onde viu uma exposição, voltou a Portugal, e seguiu para Coimbra, onde visitou o Convento de Santa Clara-a-Velha, na margem esquerda do Mondego, cuja recuperação arqueológica passou por uma grande obra de engenharia hidráulica num convento que esteve semi-submerso durante quase 500 anos, e onde viveu a Rainda Santa Isabel.

Sobre o livro, António Cândido Franco (Universidade de Évora) salientou, que não se trata de um diário literário, é um livro que não é um livro em si, mas alguém que está a dialogar consigo, citando o pintor “Tudo o que faço é feito com o não saber, alguém que mostra a outra parte humana, a alma”.

“O Surrealismo foi sobretudo uma tentativa de auto-conhecimento e não propria-mente uma estética.

O surrealismo nunca tentou fazer da arte um fim. O seu objectivo é auto-conhecimento do ser humano. E há muitos

Cruzeiro Seixas e a directora da Biblioteca Nacional, Inês Cordeiro, mostrando a obra editada

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instrumentos de diálogo com a alma, os acasos da vida. O fundador do surrealismo foi André Breton, médico auxiliar de Psiquiatria, no quadro da pesquisa terapêutica com os doentes com que lidava naquela época, final do século XIX e já século XX com Freud... o diálogo entre o eu conhecido e o eu da alma profunda, a que chamamos alma”, sublinhou Cândido Franco.

Neste livro, Artur entrosa as memórias do passado com as últimas pinturas que fez entre os 90 e 92 anos, quando estava a caminho de perder a visão, regista o universitário.

Por seu turno, Maria João Fernandes, da AICA - Associação Interncional dos Críticos de Arte, rebateu um pouco as influências sobre o pintor, a

propósito de Rimbaud, e do facto de se dizer que Seixas não seja um autor. “Mas eu discordo, ele é um grande autor, e neste livro está a pintura e a poesia de Seixas ...e toda a gente é uma gnose. E o Surrealismo veio chamar a atenção do diálogo com a alma, e Bosch foi o primeiro surrealista, e é natural que as ideias do António Franco não coincidam. Mas trata-se de uma necessidade de pôr cá fora uma grande imaginação, sublinhou a crítica de Arte, que foi professora de Cândido Franco de Literatura e Mito, na Faculdade de Letras de Lisboa.

Por seu turno, Cruzeiro Seixas agradeceu, “não tendo dom da palavra com os meus 98 anos (de grande frescura e boa diposição) e foi pequenísimo o espaço para ouvir. O que eu desejo é que sirva (o livro) muito mais

Cruzeiro Seixas, ladeado da pintora Carmo Pólvora e da crítica de Arte, Maria João Fernandes

vinhos & tertúlias

aos outro que a mim,.... nem em vaidade, nem em dinheiro”! E lembrou o poeta Mário de Sá-Carneiro, “ouse o amor que o triunfo e chama ... um pouco mais de luz, um pouco mais de azul para alcançar”, e aproveitou o ensejo para oferecer à Biblioteca Nacional os cadernos do livro “Diario não Diário”. Inês Cordeiro, directora da BN, desembrulhou o espólio e anunciou uma exposição para 2020 para assinalar os 100 Anos de Cruzeiro Seixas.

Artur Cruzeiro Seixas estudou na Escola António Arroio, onde conviveu com Vespeira, Júlio Pomar e Mário Cesariny, a quem se aliou, na cisão do Movimento Surrealista Português, dando origem ao Grupo Surrealista de Lisboa, com utros artistas -- António Maria Lisboa, Carlos Calvet, Mário-Henrique Leiria e Pedro Oom, em finais dos anos de 1940.

O artista está representado nas colecções do Museu do Chiado/Arte Contemporânea, Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda, Museu Machado de Castro (Coimbra) Museu Tavares Proença Júnior (Castelo Branco), entre outros. Foi condecorado com a Ordem Militar de Santiago da Espada.

Entretanto, até finais de Junho esteve patente no Museu de Côa, em Foz Côa, uma exposição do pintor “Nos Labirintos que Inventei”.

Alexandra Prates (designer), João Prates (do Centro Português de Serigrafia), Cruzeiro Seixas, Inês Cordeiro, Maria João Fernandes, Gonçalo Salvado, e António Cândido Franco.

Alexandra Prates (designer)

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As cidades de Valença, Pombal e Marco de Canaveses são as grandes vencedoras do concurso O Melhor Sabor de Portugal 2019, cuja grande final decorreu Junho, no Time Out Mercado da Ribeira, em Lisboa, onde os 15 restaurantes finalistas e mais votados pelo público competiram pelos títulos dos melhores pratos de peixe, de carne e de arroz.Iniciativa da Unilever Food Solutions, o concurso contou este ano com a participação de 1571 restaurantes do Minho ao Algarve.

O certame, que decorreu no Mercado da Ribeira em Lisboa, teve como vencedores – a “Posta Barrosã sobre Torricado, Cogumelos do Bosque e Ovo Escalfado”, prato de Carne apresentado pelo Restaurante Fronteira Gastrobar (Valença do Minho); “Garoupa com arroz de berbigão e esparregado”, prato de Peixe apresentado pelo Restaurante Vintage (Pombal) e “Arroz de Grelos c/ Costelinhas de Anho”, prato de arroz apresentado pelo Restaurante Cancela Velha (Marco de Canavezes), na categoria de arroz. Como resultado dos 56429 votos angariados durante o concurso, serão doadas pela Unilever Food Solution (UFS) 6 toneladas de arroz a IPSS portuguesas escolhidas pelos restaurantes finalistas.

Ana Moreira, directora da Unilever Food Solutions (UFS), entidade organizadora., salientou : “é com grande orgulho que continuamos, ano após ano, a dinamizar este evento destinado aos profissionais de restauração, com o objectivo de contribuir para aumentar a sua notoriedade a nível nacional e a dinamização dos seus negócios”.

Os finalistas, foram avaliados por um painel de jurados, composto po um Chef da Unilever Food Solutions e dois Chefs da Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal, assessorados por 3 Chefs das Equipas Nacionais de Competição Culinária.Os restaurantes concorrentes nesta edição de 2019 angariaram um total de 56429votos únicos do público nacional. Tal como nas seis edições anteriores, por cada voto único, a Unilever Food Solutions oferece 100 gramas de arroz às IPSS escolhidas pelos restaurantes finalistas. Assim, como resultado desta 7ª Edição, serão doadas 6toneladas de arroz.

A Unilever é uma das empresas líderes em produção de bens de grande consumo, presente em mais de 190 países e utilizados por 2.5 mil milhões de pessoas todos os dias. Tem 155,000 colaboradores e as vendas de 2018 chegaram aos 51mil milhões de euros. Mais de metade

(59%) das vendas da empresa provêm de mercados emergentes e em desenvolvimento. A Unilever tem mais de 400 marcas utilizadas em lares do mundo inteiro, e a estratégia da empresa assenta no plano de sustentabilidade da Unilever (USLP) que tem entre vários objectivos, ajudar mais de mil milhões de pessoas a agir para melhoria das condições de saúde e o seu bem-estar até 202 , e reduzir para metade o impacto ambiental causado pelo fabrico e utilização dos nossos produtos até 2030.

Em Portugal,a Unilever está presente através de uma parceria com a Sociedade Francisco Manuel dos Santos, desde 1949.

Valença, Pombal e Marco de Canavezes

Vencem os Melhores Sabores de Portugal

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No Bezier de Vigneronne (França)

Escritora lusa vence Prémio PoesiaNa região vitivinícola de Bezier de Vigneronne, a AMAVICA - Associação Cultural de Capestang, localidade a 14 quilómetros de Bezier, promove anualmente Os Encontos Culturais, “Rencontres Culturelles, Festival Arts, Lettres et Theatre”, com destaque para o Grande Concurso de Poesia, no qual foi premiada este ano, finais de Junho, a escritora portuguesa Maria Lucília F. Meleiro

Duas razões acrescidas, de ordem cultural, gastronómica e histórica estão associadas a Bezier de Vigneronne: o facto de se integrar numa região vitivinícola do Midi francês, por tradição com muitos pequenos e médios proprietários, variável que ganhou forma na primeira metade do século XIX, com a ascensão de uma classe média rural desafogada, em que ainda são visíveis os sinais, como evidenciam as antigas casas de lavoura, com adega em anexo.

Um outro aspecto, passa por a região estar ligada à questão dos

cátaros ou albigenses na Idade Média, designadamente ao longo da primeira metade do século XIII, e prolongando-se pelo século XIV adentro, assunto retratado por Humberto Eco no famoso livro Em Nome da Rosa.

Antiga professora do ensino secundário, Lucilia F. Meleiro formou-se em Germânicas pela Faculdade de Letras de Lisboa, sendo autora dos seguintes livros: A Mitologia dos Povos Germânicos (ensaio,1995); A Rosa de Alexandria (romance histórico, 2003); Iraque, o Pranto d’Istar (thriller policial, 2012) e As Máscaras da Paixão (Romance histórico sobre os reis D. Pedro V e D. Luiz I).

Maria Lucilia F. Meleiro, lendo o Poema, sob o tema “ Près de la demeure éternelle des poètes”, “Junto da morada eterna dos poetas”

vinhos & tertúlias

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Durante a produção foi utilizado o cacho inteiro, com o engaço, sendo as uvas pisadas a pé, dentro de barricas de carvalho francês antigas de 300 litros, colocadas em arca frigorífica a uma temperatura de 14/15 graus. A fermentação nas barricas, realizou-se sem o tampo, o que permitiu trabalhar as massas que ali permaneceram durante um mês. Após a fermentação, o mosto e as massas foram prensadas numa antiga prensa vertical Titan e o mosto regressou às barricas onde tinha ocorrido a fermentação, agora seladas. Seguiu-se o período de estágio de oito meses sobre as borras com batonnage e a temperatura controlada. Foi apenas adicionada Bentonite, dentro da própria barrica, para clarificar o vinho e seguiu para engarrafamento. No final, 800 garrafas, a 12,3 graus !Já o Ânfora , a partir das castas Códega e Arinto, prensadas suavemente, com os cachos inteiros, em prensa vertical Titan. O mosto resultante fermentou e estagiou nas ânforas de mecanismo botijo, sem revestimento. Trata-se de um vinho muito fresco e mineral, com notas cítricas e madressilva. No final, 600 garrafas a 13,3 graus!

Poças lança vinhos de carácter artesanal e ecológico A vitivinícola Poças, empresa centenária de vinhos do Porto e DOC Douro, lançou dois vinhos Ânfora e Orange, sendo o primeiro feito ( estágio) em ânforas de argila porosa, sem ter, contudo, relação com os vinhos da talha alentejanos. Segundo Joge Pintão, lider da equipa de enologia, o Ânfora Poças 2018 implica uma concentração por micro evaporação, e que faz com que as ânforas se mantenham frescas durante todas as fases da produção dos vinhos”.A utilização da ânfora reflecte igualmente a intenção artesanal do projecto, procurando-se técnicas enológicas menos interventivas. A mesma atitude mantém-se para o outro vinho, o Orange , que a empresa integrou nos Fora de série , a partir de uvas brancas, com maceração pelicular. Por sua vez, André Barbosa, enólogo reforça : também no Orange usamos uma mistura de técnicas antigas e modernas, com recurso a leveduras nativas e a clarificação muito simples, com produtos naturais. É um vinho para um mercado internacional que cruza o conceito natural dos vinhos orange com a tradicional curtimenta”.Pedro Pintão, director de marketing e comunicação da empresa adianta : “As nossas quintas no Douro, à excepção da Quinta das Quartas, estão em produção integrada desde 2003, procuara-se em reduzir a intervenção na adega”.

Atitude criativa e experimentalOs dois vinhos reflectem a atitude experimental, de novos caminhos, como é o caso do Quinado, lançado em 2017, e do Vermute, a lançar brevemente” . A juntar às novidades 2019 está o lançamento de um vinho do Porto, com perfil especial, e um 100% Touriga Nacional.O carácter experimental e artesanal dos dois vinhos Fora da Série - o Orange 2018 tem uma produção de 600 litros e o Ânfora 2018 de 500 litros – não recusa, no entanto, a perspetiva comercial e de procura de resposta às tendências do mercado, igualmente presentes nos novos projectos da quinta vitivinícola. Dando continuidade às iniciativas culturais de 2018, no âmbito dos 100 anos da empresa, o projeto Fora da Série integra parcerias entre a Poças e agentes culturais no patrocínio da marca em eventos de dança, teatro, literatura, ilustração, cinema e festivais de música. O Orange é produzido a partir da casra Arinto, e tem uma cor ambar , caracetristicos das macerações.

penúltimas

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Na 7ª edição do concurso, em Évora, a Confraria dos enófilos do Alentejo distinguiu os Melhores Vinhos alentejanos, numa iniciativa que visa também divulgar uma nova geração de enólogos e produtores, cada vez mais bem preparados.Este ano, o certame apresentou algumas alterações no regulamento, para reforçar a notoriedade dos vinhos com pontuação mais elevada e destacados pelo Júri e consequente distinção e valorização dos prémios atribuídos. Estiveram em concurso 114 vinhos produzidos no Alentejo, oriundos de 40 produtores. Nesta 7ª edição os vinhos avaliados foram constituídos por 31 brancos, 11 rosados e 72 tintos. Dos 114 vinhos concorrentes, acabariam vencedores da medalha de ouro - o Quintas de Borba – Branco 2018 (Adega Cooperativa de Borba) ; Valcatrina by Santos Lima– Rosé 2018 (Casa Santos Lima – Companhia das Vinhas); Monte da Caçada – Alicante Bouschet – Tinto 2017 (Casa Santos Lima – Companhia das Vinhas). A Juiz da Confraria dos Enófilos do Alentejo comenta, “os vinhos premiados apresentaram qualidade elevada, de perfil diferenciado, muito equilibrados ao aroma e sabor,

com estrutura, elegância e grande longevidade. Vinhos que permitem diversidade e opção de escolha ao consumidor mais esclarecido e exigente, quer para consumo imediato ou para aguardar pacientemente o momento perfeito para o seu consumo. A qualidade destacada pelo Júri de Prova, louva o real esforço que tem sido realizado ao longo dos tempos por todos os intervenientes no sector, em especial dos Produtores de Vinho, que continuam a merecer a credibilidade e o reconhecimento dos mercados, quer nacional, quer internacional”.Os Júris de Prova foram constituídos por ‘Provadores Experientes de Vinhos’, nomeadamente, provadores da Associação Portuguesa de Enologia, da Associação de Escanções de Portugal, da Universidade de Évora, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, da Confraria dos Enófilos do Alentejo, Enólogos e jornalistas da especialidade.

Medalha Ouro Quintas de Borba – Branco 2018Valcatrina by Santos Lima– Rosé 2018Monte da Caçada – Alicante Bouschet – Tinto 2017

Medalha de PrataAdega de Borba – Premium - Branco 2018 (Adega Cooperativa de Borba)Herdade de São Miguel – Rosé 2018 ( Casa Relvas)Valcatrina by Santos Lima – Tinto 2018 (Casa Santos Lima)

Medalha de BronzeVilla Pias – Branco 2018 (Sociedade Agrícola de Pias)Vidigueira – Antão Vaz – Premium Branco 2018 (Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito)Herdade Paço do Conde – Reserva Tinto 2017 (Soc. Agrícola da Encosta do Guadiana)

Menções HonrosasQuinta do Paral – Branco 2017, Herdade Tinto e Branco, Unipessoal9Herdade Paço do Conde – Branco 2018, Soc. Agrícola da Encosta do Guadiana)Monte da Caçada – Touriga Nacional – Tinto 2017 (Casa Santos Lima)Mingorra – Petit Verdot – Tinto 2015 ( H. Uva)Herdade de São Miguel – Reserva Tinto 2017 (Casa Relvas)Senses – Alicante Bouschet – Tinto 2017 (Adega Cooperativa de Borba)Reguengos Garrafeira de Sócios – Garrafeira Tinto 2014 (CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz)Vidigueira – Alicante Bouschet – Tinto 2017 (Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito)Monte da Caçada – Tinto 2017 (Casa Santos Lima)Mingorra – Reserva Tinto 2015 (H. Uva)AR desde 1956 – Reserva Tinto 2015 (Adega Cooperativa de Redondo)Monsaraz – Reserva Tinto 2017 (CARMIM – Cooperativa Agrícola de Reguengos de Monsaraz)Herdade da Pimenta – Grande Escolha Tinto 2017 ( Logowines)Cartuxa – Tinto 2015 (Fundação Eugénio de Almeida)

penúltimas

Confraria dos Enófilos do Alentejo elegeu os Melhores Vinhos da Região

Os representantes das três quintas vitivinícolas laureadas com a Medalha de Ouro

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No fecho da ediçãoENOTURISMO & DESENVOLVIMENTO O sector do vinho português venceu o passado cinzento que remontava aos Anos de 1920, sobretudo por a sociedade portuguesa carecer de meios financeiros e de uma aristocracia arrojada capaz de entender os Tempos Modernos e aproveitar a revolução nos transportes na década de Vinte, juntamente com uma “coisa” chamada marketing e publicidade, então, mais ligada ao poder e à diplomacia. Por volta de 1930, os abastecimentos e o sector da distribuição alimentar modernizaram-se, mas o crash de 1929 provocara um rombo de 66 % no comércio mundial. Passou a haver excesso de oferta e escassa procura. Os vinhos portugueses teriam de aguardar 50 ou 60 anos pela adesão à União Europeia, e mesmo assim pelos países BRICS no final do século XX, que perceberam o vinho português como alternativa mais barata e a mesma qualidade dos habituais produtores e fornecedores.É provável, que a verdadeira História comercial do vinho português, particularmente dos brancos e tintos de mesa, esteja por fazer. Mas seja como for, os últimos 20 anos são de grande sucesso para a vitivinicultura portuguesa (juntamente com a Espanha), ao conseguir romper monopólios e apresentar-se como produto de alta escola, também pelos microclimas do país e certos terroirs absolutamente especiais, como o caso de Pias, no concelho de Serpa.Ou a introdução no Alentejo (a região que mais produz vinho certificado engarrado do país, com 100 milhões de litros anuais) de certas castas como Syrah, Alicante Bouschet, Aragonez e Alvarinho, que relançaram todo aquele território.Com este balanço, podemos dizer que o vinho português venceu o passado displicente e das indecisões, à semelhança de um famoso livro “A China vence o passado”, da autoria de José de Freitas, prestigiado jornalista, que em 1964 fizera uma viagem à China ao serviço do Diário Popular. Esta figura de retórica comparativa parece-nos bastante pertinente, já que foi essa mesma China, que volvidos 54 anos após a publicação do livro, viria a ter uma acção preponderante na ascensão e nas exportações do vinho português, além dos outros países BRICS.O sucesso das exportações do vinho português só pode ser total, se houver alavancas de desenvolvimento regional para que surjam outras ofertas, como oenoturismo, captar grupos de turistas para visitarem herdades (mesmo de Inverno) e usufruírem do enoturismo, inclusive em estadias sob a forma de turismo rural. O caso de Borba, com o novo Restaurante Adega de Borba, junto à sua Loja de Vinho é outro exemplo de uma futura rede, que se deseja diversa e ajude na oferta cultural e gastronómica de cada concelho, com tradições e um modus vivendis que deve ser levado em conta.

FICHA TÉCNICA - proprietário: A . Henriques do Vale; nº de contrib.:149010877; registado na ERC com o nº 125946; sede da redacção:Rua Oliveira Martins, nº2  / 3º Edo,  1000-212 Lisboa. direcção e redacção: Álvaro Vale; grafismo: Celina Botelho; [email protected]; www.correiodosvinhos.com; www.correiodosvinhosepetiscos.com

Álvaro Vale

últimas

Exportações em 2018:Agro-alimentar e as bebidasexportou 5.000 milhões de euros em 2018Espanha absorveu 25% das exportações do sector.

Em 2018, as exportações da indústria portuguesa alimentar e das bebidas atingiram os 5.016 milhões de euros, mais 151 milhões (3,1%) de euros face a 2017, o valor mais alto de sempre e revela a atração crescente pelos produtos nacionais, da parte do mercado global. No total, as vendas do sector alimentar e das bebidas para o estrangeiro representaram no ano passado 8,66% das exportações portuguesas. Nas categorias de produtos exportados pela industria alimentar, cpntinuam destacar-se o azeite, leite e produtos lácteos e o vinho.Segundo a FIPA - Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, conseguiu-se ultrapassar o objectivo dos 5 mil milhões de euros, o que revela qualidade e diferenciação nos produtos portugueses.Entre 2010 e 2018, houve um aumento de 56% nas exportações do sector alimentar e bebidas, enquanto as importações na mesma área aumentaram 32%, resultando equilibrio para a balança comercial portuguesa.A FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares é a voz institucional do sector agroalimentar. Constituída em 1987, tem a missão de representar e defender os interesses do sector e afirmar o seu potencial. Fazem parte da FIPA 14 associações, 15 das maiores empresas do setor, que integram o conselho consultivo, e oito parceiros como sócios aderentes. Em 2019Indústria Agro-alimentar prevê facturar mais de 17 mil M eurosA indústria portuguesa Agro-alimentar espera movimentar em 2019 mais de 17 mil milhões de euros , dos quais 5 mil M euros correspondem a exportações, que representam 19% do total da indústria tarnsformadora, anunciou Jorge Tomás

Henriques, presidente da Federação das indústrias portuguesas agroalimentares ( FIPA). Tomás Henriques falava durante o 7º Congresso do sector, que decorreu no Covento do Beato em Lisboa.O sector é composto por mais de 11 mil empresas e responsável por 115 mil postos de trabalho directos e 500 mil indirectos, sendo o maior segmento industrial do país, quer na criação de riqueza, quer no emprego.Contudo, o presidente da FIPA alertou para algumas medidas unilaterais e impositivas por parte das entidades oficiais, sem especificar. No entanto, Tomás Henriques adiantou esperar, que no próximo Orçamento do Estado fique defintivamnte afastada a ameaça de impostos especiais ao consumo e haja vontade para eliminar o imposto discriminatório relativo às bebidas refrescantes” .“Ao longo dos seus 32 anos de existência, a FIPA antecipou com determinação os vários desafios colocados às

nossas empresas, seja na vertentes da produtividade e segurança alimentar, como nas exigências dos consumidores e nos emergentes debates da sociedade, que assentam no papel da alimentação e da nutrição na promoção da saúde, no bem-estar das populações e na sustentabilidade”, resumiu o presidente da FIPA. O Congresso da FIPA é o maior evento que se realiza em Portugal no âmbito da indústria agro-alimentar. Durante o evento, foram abordados quatro temas centrais: inovação, empreendedorismo, digital e economia circular. Entretanto, o Secretário de Estado da Defesa do Consumidor, Jõão Torres, na abertura do Congresso, disse que “Portugal pode orgulhar-se da sua indústria agro-alimentar, (....) estratégica na dinamização da economia nacional”. João Torres destacou os desafios enfrentados pela indústria “para corresponder aos desafios impostos pela escassez de recursos e alterações climáticas”, num contexto em que “as escolhas dos consumidores têm um papel fundamental”. E manifestou a disponibilidade “inequívoca” do Governo para a criação de diálogo entre os vários envolvidos na cadeia agro-alimentar no sentido de trabalhar a superação de vários desafios presentes e futuros.