nilce aparecidahonradopastorello

83
INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO AVALIAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS A COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS EM AMBIENTES AEROPORTUÁRIOS: IMPLEMENTAÇÃO DE METODOLOGIA Nilce Aparecida Honrado Pastorello Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de mestre na área de concentração: Tecnologia Nuclear – Materiais. Orientador: Dr. José Oscar Willian Vega Bustillos São Paulo 2008

Upload: taniatalles2

Post on 25-Jul-2015

103 views

Category:

Education


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Nilce aparecidahonradopastorello

INSTITUTO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES

AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AVALIAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS A COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS EM AMBIENTES

AEROPORTUÁRIOS: IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

Nilce Aparecida Honrado Pastorello

Dissertação apresentada ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de mestre na área de concentração: Tecnologia Nuclear – Materiais.

Orientador: Dr. José Oscar Willian Vega Bustillos

São Paulo 2008

Page 2: Nilce aparecidahonradopastorello

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Dr. José Oscar Vega Bustillos, pela convivência, que

muito me ensinou, contribuindo para meu crescimento científico e intelectual.

Ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), pela

oportunidade e apoio na realização do trabalho.

A FUNDACENTRO, em especial a Coordenação de Higiene do Trabalho

pelo apoio para o desenvolvimento do trabalho.

A INFRAERO que autorizou e incentivou a realização do trabalho de

campo e, em especial aos técnicos da segurança do trabalho que colaboraram

na coleta das amostras.

Ao meu marido Ricardo e aos meus filhos Leonardo e Carolina que sempre

estiveram ao meu lado, com amor, admiração e gratidão por sua compreensão,

carinho, presença e incansável apoio ao longo do período de elaboração deste

trabalho.

A meu falecido Pai e minha Mãe pela dedicação na minha formação e

pelo incentivo, sempre, nos meus projetos.

A todos amigos e colegas em geral, que colaboraram direta ou

indiretamente para que este trabalho se tornasse realidade.

Page 3: Nilce aparecidahonradopastorello

“O estudo, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido

sermos crianças por toda a vida” (Albert Einstein)

Page 4: Nilce aparecidahonradopastorello

AAVVAALLIIAAÇÇÃÃOO DDOOSS RRIISSCCOOSS OOCCUUPPAACCIIOONNAAIISS AA CCOOMMPPOOSSTTOOSS OORRGGÂÂNNIICCOOSS VVOOLLÁÁTTEEIISS EEMM AAMMBBIIEENNTTEESS

AAEERROOPPOORRTTUUÁÁRRIIOOSS:: IIMMPPLLEEMMEENNTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

Nilce Aparecida Honrado Pastorello

RESUMO

Com o aumento do tráfego aéreo, as emissões de poluentes provenientes

da queima do combustível das aeronaves nos aeroportos e regiões

circunvizinhas conseqüentemente, também aumentam, desta forma agências

governamentais e muitos pesquisadores têm demonstrado interesse no estudo

dessa situação, que envolvem as populações vizinhas, os indivíduos que

utilizam os aeroportos, como passageiros, e aqueles que, por força da

atividade de trabalho, permanecem em suas áreas internas durante longos

períodos de tempo. As emissões causadas pelos motores das aeronaves

carregam diversas substâncias tóxicas entre outros compostos orgânicos

voláteis, especificamente benzeno, etilbenzeno, tolueno e xilenos, conhecidos

pela sigla BETX. Estes poluentes podem produzir vários efeitos nocivos à

saúde. No presente trabalho foi estudada a exposição ocupacional dos fiscais

de pátio do Aeroporto Internacional “André Franco Montoro”

(Cumbica/Guarulhos/São Paulo). O método 1501 do Manual de Métodos

Analíticos do NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND

HEALTH (NIOSH, 2003), foi implementado como metodologia para a

determinação dos compostos orgânicos voláteis. Os resultados mostraram

teores máximos de até 1,37 mg/m3 de tolueno, 0,21 mg/m3 etilbenzeno, 0,15

mg/m3 de xileno, os quais estão abaixo do limite máximo de exposição no ser

humano. O benzeno não foi detectado no ambiente aeroportuário em teores de

até 3,3 mg/m3.

Page 5: Nilce aparecidahonradopastorello

EVALUATION OF THE OCCUPATIONAL RISKS OF ORGANIC

VOLATILE COMPOUNDS-VOC’s IN AIRPORT ENVIRONMENTS:

IMPLEMENTATION OF METHODOLOGY

Nilce Aparecida Honrado Pastorello

ABSTRACT

The increasing in air traffic, the emissions of pollutants from burning fuel

aircraft at airports and surrounding regions increase, so government agencies

and other researchers presented in the study of the situation, involving the

neighbourhood, the people that use these airports, as passengers, and those

that remain in their internal areas for long periods of time developing their job.

Emissions caused by the engines of aircraft carry various toxic substances and

other volatile organic compounds, specifically benzene, ethylbenzene, toluene

and xylenes, known by the acronym BETX. These pollutants can produce

several harmful effects on human health. In this work the occupational exposure

of tax inspectors of the International Airport "André Franco Montoro"

(Cumbica/Guarulhos/São Paulo). The method 1501 Manual of Analytical

Methods of NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND

HEALTH (NIOSH, 2003), was implemented as a methodology for the

determination of volatile organic compounds. The results show maximum until

1,37 mg/m3 of toluene, 0,21 mg/m3 of ethylbenzene, 0,15 mg/m3 of xylene,

which are below the limit of work exposure in humans. The benzene was not

detected in the airport environment at levels up to 3,3 mg/m3.

Page 6: Nilce aparecidahonradopastorello

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO

1.1Poluição do ar

1.2 Toxicologia

1.3 Legislação

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

2.2 Objetivos específicos

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Cromatografia gasosa

3.2 Injetor

3.3 Analisador

3.4 Detector

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Método de coleta do benzeno, etilbenzeno, tolueno e xilenos

4.1.1 Materiais utilizados

4.1.2 Descrição das áreas e pontos de amostragem

4.2 Método de Análise

4.2.1 Equipamento utilizado

4.2.2 Validação do método analítico

4.2.3 Reagentes e padrões

4.2.3.1 Solução estoque e soluções de trabalho

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6 CONCLUSÕES

REFERÊNCIAS

ANEXO 1 NIOSH, 2003

11

11

17

20

21

21

21

22

22

24

26

26

27

27

28

31

35

37

37

42

43

49

70

72

75

Page 7: Nilce aparecidahonradopastorello

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1: Composição do combustível de avião JP-8 13

Tabela 2: Principais propriedades físico-químicas do combustível de

avião JP-8

14

Tabela 3: Exposição ao benzeno e naftaleno no ar ambiente e no ar

exalado pelos trabalhadores de aeroportos onde é

utilizado o combustível JP-8 pelas aeronaves

16

Tabela 4: Apresentação dos pontos, temperatura, pressão, período

e volume de amostragem

34

Tabela 5: Condições cromatográficas utilizadas na padronização do

cromatógrafo

37

Tabela 6: Concentrações da solução de trabalho preparada a partir

de uma solução estoque

45

Tabela 7: Equações das curvas de padronização e coeficientes de

correlação

54

Tabela 8: Desvio padrão absoluto (S) e coeficiente de variação (CV)

em porcentagem

54

Tabela 9: Concentrações de benzeno, etilbenzeno, tolueno e m-

xileno no período das 8 às 16 horas (dia)

55

Tabela 10: Concentrações de benzeno, etilbenzeno, tolueno e m-

xileno no período das 16 às 24 horas (noite)

56

Tabela 11: Concentrações de benzeno, etilbenzeno, tolueno, m-

xileno no período das 0 às 8 horas (madrugada)

56

Page 8: Nilce aparecidahonradopastorello

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1: Representação esquemática de um cromatógrafo a gás 22

Figura 2: Representação esquemática da alimentação do gás de

arraste para um cromatógrafo a gás

24

Figura 3: Representação de um sistema injetor 24

Figura 4: Foto de uma micro seringa de injeção 25

Figura 5: Exemplo de uma coluna cromatográfica capilar 25

Figura 6: Exemplo de um detector de ionização de chama. A

chama central é gerada pela queima de uma mistura

H2/ar sintético

27

Figura 7: Tubos amostrador de carvão ativado utilizados na coleta

dos compostos orgânicos voláteis

28

Figura 8: Sistema de calibração da bomba de amostragem com

calibrador eletrônico de vazão

29

Figura 9: Dispositivo de amostragem colocado na zona

respiratória do trabalhador

30

Figura 10: Fiscal de pátio com os equipamentos utilizados em suas

atividades

30

Figura 11: Croqui dos pátios de manobra (Juliet, Índia, Hotel, Golf e

Fox) das aeronaves, indicando os pontos de

amostragem em azul

32

Figura 12: Representação esquemática da preparação de

Soluções de Trabalho a partir de uma Solução Estoque

44

Figura 13: Cromatograma da solução de trabalho do benzeno.

Tempo de retenção em minutos.

46

Figura 14: Cromatograma da solução de trabalho do etilbenzeno.

Tempo de retenção em minutos.

46

Figura 15: Cromatograma da solução de trabalho do tolueno.

Tempo de retenção em minutos.

47

Figura 16: Cromatograma da solução de trabalho do xileno. Tempo

de retenção em minutos.

47

Page 9: Nilce aparecidahonradopastorello

Figura 17: Fluxograma da preparação das amostras para análise

em cromatógrafo a gás dos analitos.

48

Figura 18: Curva de calibração para quantificação do benzeno.

Contagem em unidade absoluta (u.a.) em função da

concentração em mg/m3. Em destaque são mostrados a

equação da curva e o coeficiente linear (R2).

50

Figura 19: Curva de calibração para quantificação do etilbenzeno.

Contagem em unidade absoluta (u.a.) em função da

concentração em mg/m3. Em destaque são mostrados a

equação da curva e o coeficiente linear (R2).

51

Figura 20: Curva de calibração para quantificação do tolueno.

Contagem em unidade absoluta (u.a.) em função da

concentração em mg/m3. Em destaque são mostrados a

equação da curva e o coeficiente linear (R2).

52

Figura 21: Curva de calibração para quantificação do m-xileno.

Contagem em unidade absoluta (u.a.) em função da

concentração em mg/m3. Em destaque são mostrados a

equação da curva e o coeficiente linear (R2).

53

Figura 22: Cromatograma da amostra 06 57

Figura 23: Cromatograma da amostra 12 57

Figura 24: Cromatograma da amostra 16 58

Figura 25: Cromatograma da amostra 23 58

Figura 26: Cromatograma da amostra 25 58

Figura 27: Cromatograma da amostra 27 59

Figura 28: Cromatograma da amostra 29 59

Figura 29: Cromatograma da amostra 31 59

Figura 30: Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de

manobra Hotel

60

Figura 31: Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de

manobra Fox

61

Figura 32: Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de

manobra Golf

61

Page 10: Nilce aparecidahonradopastorello

Figura 33: Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de

manobra Índia

62

Figura 34: Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de

manobra Hotel

63

Figura 35: Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de

manobra Índia

63

Figura 36: Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de

manobra Fox

64

Figura 37: Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de

manobra Golf

65

Figura 38: Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de

manobra Hotel

65

Figura 39: Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de

manobra Índia

66

Figura 40: Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de

manobra Fox

66

Figura 41: Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de

manobra Golf

67

Figura 42: Croqui dos pátios de manobra indicando os pontos 17,

25, 29, 30, 31, 32, 33, onde foram encontrado aumento

nas concentrações de tolueno, etilbenzeno e m-xileno.

69

Page 11: Nilce aparecidahonradopastorello

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Poluição do ar

Desde a Revolução Industrial no século XIX, na Europa e América do

Norte, a quantidade de material residual gerado pelas atividades

manufatureiras aumentou a tal ponto, que hoje temos as conseqüências

dessas atividades. O grande perigo representado pelas substâncias orgânicas

semivoláteis no ar, se transformou evidente para a população no inicio do

século XX, quando moléculas cloradas tóxicas foram produzidas por meio de

sínteses que primeiro foram usadas pelo exército alemão como armas

químicas.

Os numerosos acidentes ocorridos envolvendo substâncias revelaram a

falta de domínio dos processos químicos responsáveis pela dispersão e

deposição de gases e aerossóis, influenciando também nas condições

meteorológicas.

A descoberta de que a produção de ozônio era responsável pela então

chamada “Los Angeles Smog”, e que o smog (smoke + fog, ou seja, fumaça +

neblina) era causado pela oxidação fotoquímica de misturas contendo

compostos orgânicos e óxidos de nitrogênio (NOx), comprovaram a primeira

evidência que moléculas orgânicas voláteis eram também capazes de serem

precursoras de uma poluição secundária. Subseqüentemente isto acabou

esclarecendo que a disseminação do uso de combustíveis fósseis para

produção de energia e o aumento na demanda de novos produtos químicos

para tornar a vida mais confortável, iria inevitavelmente ser associado com as

drásticas mudanças na qualidade atmosfera1.

Esforços foram feitos para manter a emissão de poluentes orgânicos no ar

sob controle. Para executar estas metas eficientemente, foram realizadas

pesquisas sobre compostos orgânicos como poluentes do ar. Estas pesquisas

foram designadas para avaliar as emissões, estudar as transformações

Page 12: Nilce aparecidahonradopastorello

12

químicas e físicas que ocorrem no ar, e mensurar em longo prazo os efeitos a

saúde humana e ao meio ambiente.

Porém com o progresso, a urbanização, o crescimento da população e

desenvolvimento de novas tecnologias observa-se progressivo aumento na

taxa de emissões de poluentes atmosféricos e, em conseqüência, geração de

grandes problemas ambientais1.

A identificação de uma fonte de poluição atmosférica depende, antes de

tudo, dos referenciais para definir os agentes poluidores e seus efeitos sobre

homens, animais, vegetais ou outros materiais, assim como dos critérios para

medir a freqüência de ocorrência dos poluentes e seus efeitos2.

Desse modo, as pessoas estão expostas a poluentes em concentrações

suficientes e duradouras que podem causar aumento na probabilidade de

danos à saúde, entre elas doenças crônicas e doenças graves como o cancer3.

Estes efeitos na saúde podem trazer danos aos sistemas imunológico,

neurológico, reprodutivo (Fertilidade reduzida), respiratório e outros

problemas4.

Dentre os compostos orgânicos voláteis salientam-se o benzeno,

etilbenzeno, tolueno e xilenos (BETX), que podem ser carcinogênicos, além

disso, podem ter efeitos neurotóxicos e/ou mutagênicos5.

Com o aumento do tráfego aéreo, as emissões de poluentes provenientes

da queima do combustível das aeronaves nos aeroportos e regiões

circunvizinhas conseqüentemente, também aumentam, desta forma as

agências governamentais e outros pesquisadores têm demonstrado interesse

no estudo dessa situação, que envolvem as populações vizinhas, os indivíduos

que utilizam os aeroportos, como passageiros, e aqueles que, por força da

atividade laborativa, permanecem em suas áreas internas durante longos

períodos.

Page 13: Nilce aparecidahonradopastorello

13

Reconhece-se de longa data6,7,8, que nas áreas de circulação de

aeronaves existe a presença de substâncias químicas diversas tais como:

hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos, óxidos de nitrogênio, monóxido de

carbono, dióxido de enxofre, diversos aldeídos e metais.

Os vapores destas substâncias são em grande parte geradas nos

processos de estocagem, transporte, manipulação, utilização e exaustão dos

combustíveis utilizados. Esses combustíveis, utilizados em aviões,

normalmente são misturas de hidrocarbonetos produzidas por destilação do

petróleo de óleo cru. Os combustíveis para avião (jet fuels), mais comumente

utilizados JP-5, JP-7 e JP-8. Estes combustíveis foram desenvolvidos para uso

em aeronaves militares. O combustível denominado JP-5 é utilizado em aviões-

tanque, por ser mais estável e ter um ponto de combustão de 60 ºC. O combustível

JP-7 possui um alto ponto de combustão e é utilizado em vôos supersônicos que

produzem altas temperaturas. O combustível JP-8 é o mais utilizado devido as suas

propriedades, principalmente por ser menos inflamável. Na aviação civil é conhecido

como JET A.

Os combustíveis JP-5, JP-7 e JP-8 são misturas medianamente

destiladas, similares em composição ao querosene e contendo primariamente

hidrocarbonetos C8-C17, sendo cerca de 20% de compostos aromáticos e 80%

compostos alifáticos9. Na Tabela 1, está a composição do combustível de avião

JP-8 e na Tabela 2 estão as principais propriedades físico-químicas.

Tabela 1 – Composição química do combustível de avião JP-8

Composição química Teores (v/v)

Hidrocarbonetos alifáticos C8-C9 9%

Hidrocarbonetos alifáticos C10-C14 65%

Hidrocarbonetos alifáticos C15-C17 7%

Hidrocarbonetos aromáticos 18%

Page 14: Nilce aparecidahonradopastorello

14

Tabela 2 – Principais propriedades físico-químicas do combustível de avião JP-8

Propriedades físico-químicas Grandeas físicas

Peso molecular 180

Densidade a 15 ºC 0,775 – 840 kg/L

Pressão de vapor 0,52mmHg (10ºC) e 1,8mmHg (28ºC)

Faixa de ebulição 175 – 300 ºC

Ponto de fulgor 38 ºC

Limite inferior de explosividade 0,6% (v/v)

A literatura médica é fértil na descrição de danos à saúde humana,

decorrentes de exposições a muitos dos agentes químicos acima citados10.

Especificamente em aeroportos, diversos autores descrevem casos de

doenças respiratórias, neurológicas, oculares, auditivas, dermatológicas e

ligadas ao sistema hematopoiético7,8,11,12,13, razão pela qual, nos últimos anos,

têm-se intensificado o interesse na avaliação destes agentes químicos e dos

danos causados para os trabalhadores envolvidos nas atividades

aeroportuárias, bem como para o meio ambiente que circunda estes locais.

A presença de compostos orgânicos voláteis (COV), mesmo que em

níveis considerados abaixo dos limites recomendados para a exposição

ocupacional, pode levar ao aparecimento de sintomas em função da exposição

crônica, e dos efeitos cumulativos causados por pelos agentes orgânicos8,14,15.

Verifica-se que em alguns estudos, não são observadas diferenças

significativas em relação à concentração de agentes ou presença de agravos à

saúde, quando são comparados ambientes aeroportuários com outras regiões

urbanas, sujeitas às emissões veiculares e/ou industriais16.

Page 15: Nilce aparecidahonradopastorello

15

A Agência de Proteção Ambiental Norte Americana17, em relatório sobre o

Programa de Monitorização do ar, realizado no aeroporto de O’Hare em

Chicago e, cujo objetivo foi caracterizar a influência destas emissões na saúde

pública, revelou a presença de compostos orgânicos voláteis e semivoláteis,

carbonilas e traços de metais. Entre eles são citados: acetaldeído, formaldeído,

benzeno, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e chumbo. Entretanto,

observou-se também, que as concentrações identificadas em nada diferiam

das encontradas em outras regiões urbanizadas de Chicago (grande número

de automóveis e indústrias), demonstrando a ausência de risco diferente e

relevante nesses aeroportos.

Entre os estudos que buscam medir o verdadeiro impacto desse ambiente

na saúde das pessoas, há o trabalho de LINDBERG e col. que identificou a

presença de butadieno, acetaldeído, benzeno, formaldeído, chumbo, e HPAs

como o benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, benzo(a)fluoranteno,

benzo(k)fluoranteno, criseno, o dibenzo(a,h) antraceno, indeno(1,2,3-cd)pireno

e estireno16. Além desses, foram detectados também material particulado

inferior a 10 µm proveniente do diesel, o cromo hexavalente e o níquel. Foram

realizadas medições dos poluentes emitidos pelos motores das aeronaves

durante a decolagem, até atingir altura superior a 2400 pés, no pouso e no

taxeamento. LINDBERG e col. estima como risco para o câncer, em 2020, seja

de 56 casos em um milhão para o aeroporto de Orange County e de 27 casos

em um milhão no aeroporto de John Wayne na Califórnia, sendo os possíveis

poluentes responsáveis, em ordem de significância, 67% a exaustão do diesel,

20% para o 1,3-butadieno, 5% para o benzeno e o formaldeído14. Para os

demais poluentes avaliados, o índice de risco foi menor que 1%. Os maiores

riscos de câncer estão relacionados com as áreas próximas ao terminal de

passageiros (exaustão de diesel) e no taxeamento (1,3 butadieno), passíveis

de serem reduzidos em 60% com a implementação de medidas de mitigação e

o uso de processos de suporte automatizados.

Page 16: Nilce aparecidahonradopastorello

16

CARLTON e SMITH avaliaram os níveis de benzeno, utilizando diferentes

tecnologias. Revelaram que mesmo estando presente como um elemento traço

(em níveis inferiores a 0,005% v/v) no combustível, as concentrações no ar

variaram de 0,2 a 49,1 mg/m3, sendo as mais elevadas àquelas obtidas por

determinação instantânea durante a manutenção dos tanques11.

EGEGHY e col. avaliaram a exposição ao benzeno e ao naftaleno,

através de medidas realizadas no ar ambiente e no ar exalado pelos

trabalhadores de aeroportos onde é utilizado o combustível JP-8 pelas

aeronaves, procurando estabelecer uma relação entre a emissão e a quantia

eliminada pelos trabalhadores através do ar exalado18. Os resultados obtidos

das avaliações do benzeno e do naftaleno são dados na Tabela 3.

Tabela 3- Exposição ao benzeno e naftaleno no ar ambiente e no ar exalado

pelos trabalhadores de aeroportos onde é utilizado o combustível JP-8 pelas

aeronaves

Amostra

Concentração de benzeno (µµµµg.m -3)

Concentração de naftaleno (µµµµg.m -3)

Baixa Moderada Alta Baixa Moderada Alta

Ar ambiente 3,1 7,4 252 1,9 10,3 485

Ar exalado 4,6 9,0 11,4 0,73 0,93 1,83

A monitoração do ar exalado de trabalhadores, correlacionado com níveis

ambientais é um indicador de exposição a combustíveis de aviões,

considerando importante à adoção de equipamentos de proteção individual

quando realizados procedimentos de rotina e/ou manutenção envolvendo estes

combustíveis.

Page 17: Nilce aparecidahonradopastorello

17

1.2 Toxicologia

Os efeitos resultantes dos compostos orgânicos são provenientes de

efeitos sensoriais como o de odor e irritação, por meio dos efeitos tóxicos que

modificam ou interferem no funcionamento normal de órgãos e tecidos,

transformando em efeitos genotóxicos. Estes efeitos dependem do tempo de

exposição, inicialmente há uma percepção aguda do odor, mas logo o

organismo se adapta e uma ação irritante se manifesta devido à exposição

prolongada, até a manifestação dos efeitos de genotoxicidade19.

Os efeitos sensoriais, também, possuem uma concentração limite que

abaixo desta o organismo não responde, como ocorre para a toxicidade que

afeta os sistemas de órgãos e tecidos19.

Os efeitos agudos, de uma forma geral, dos compostos orgânicos voláteis

a níveis altos parte por milhão (ppm) são: irritação dos olhos, nariz e garganta,

danos ao sistema nervoso central como vertigens, dores de cabeça e lapsos de

memória.

As exposições dos trabalhadores e da população em geral aos compostos

orgânicos voláteis podem ser verificadas por meio de um indicador biológico de

exposição. Este indicador pode ser uma substância química, elemento químico,

atividade enzimáticas ou constituintes do organismo cuja concentração ou

atividade em fluído biológico (sangue, urina ou ar exalado) ou em tecidos e

possui relação com a exposição ambiental. A substância ou elemento químico

determinado pode ser produto da biotransformação ou alteração bioquímica

precoce decorrente da introdução deste agente tóxico no organismo.

O benzeno é uma substância química reconhecidamente

carcinogênica10,20. As considerações a respeito de sua carcinogenicidade são

baseadas em observações em longo prazo. Os testes para mutagenicidade

com o benzeno e seus metabólicos dão resultados negativos, embora seja

reconhecido há quase uma década, que os metabólicos do benzeno provocam

modificações no DNA, que é um pré-requisito para a mutagenicidade19.

Page 18: Nilce aparecidahonradopastorello

18

As principais vias de absorção do benzeno são a respiratória e a cutânea.

Partes do benzeno (30%) são imediatamente eliminadas pela expiração e o

restante se distribui no organismo. Devido sua alta solubilidade em gordura, o

benzeno absorvido se acumula nos tecidos, na razão direta de seu conteúdo

lipídico.

A gordura funciona como um reservatório e a eliminação do benzeno é

vagarosa. Cinqüenta por cento do benzeno absorvido é biotransformado

predominantemente no fígado, com formação de derivados mais hidrossolúveis

para facilitar sua excreção através dos rins. O processo de biotransformação

também ocorre na medula óssea, sendo seus indicadores biológicos o fenol

urinário e o ácido trans, trans-mucônico19.

O benzeno interfere no sistema produtor de células sanguíneas podendo

causar doenças como leucopenia (redução de numero de glóbulos brancos),

anemia (redução drástica do numero de glóbulos vermelhos), trombocitopenia

(redução de numero de plaquetas) e leucemia. Exposição prolongada ou

repetitiva da pele pode causar desenvolvimento de bolhas e de dermatites

secas e escamosas21.

Em exposições crônicas, é possível a ocorrência de um período de

latência de 10 a 15 anos a partir do tempo de exposição até o desenvolvimento

de doenças. Além disto, os sinais e sintomas de toxicidade também podem

persistir mesmo após o tratamento5.

A absorção de benzeno também provoca efeitos tóxicos no sistema

nervoso central. Estudos experimentais, clínicos e epidemiológicos de

exposição a misturas de solventes revelam o aparecimento de efeitos

neurocomportamentais ou neuropsicológicos agudos e crônicos21.

Os derivados alquilados do benzeno também apresentam efeitos tóxicos,

embora em menor intensidade. Tolueno, xilenos e estireno são suspeitos de

Page 19: Nilce aparecidahonradopastorello

19

causarem carcinogenicidade no ser humano, porém os dados existentes são

ainda insuficientes para esta conclusão5.

O tolueno penetra no organismo principalmente por via respiratória, onde

atua como irritante. Sua ação predominante é depressão do sistema nervoso

central. Manifestações sistêmicas decorrentes da exposição cutânea a vapores

de tolueno são pouco prováveis. O contato prolongado com a pele provoca

ressecamento, fissuras e dermatites. A exposição crônica ao tolueno pode

causar distúrbios psíquicos e doenças neurológicas. O indicador biológico do

tolueno é o acido hipúrico5.

A principal via de penetração dos xilenos é a respiratória, podendo

também ser absorvido através da pele nas formas líquida e de vapor, exerce

ação tóxica sobre o sistema nervoso central e fígado, sendo ainda irritante para

as mucosas, pele e olhos5.

A exposição crônica da pele provoca fissuras e dermatites. Os distúrbios

hematológicos encontrados são anemias, com diminuição da hemoglobina e

das hemácias e seu indicador biológico é o acido metil-hipúrico5.

O etilbenzeno também é absorvido, principalmente, pela via respiratória.

Na forma liquida pode penetrar através da pele. Tem ação irritante e o contato

repetido pode provocar dermatite, diminuição das habilidades manuais e

aumento do tempo de resposta. A exposição aguda pode produzir irritação das

vias aéreas superiores seguida de narcose, calafrios e para respiratória. O

indicador biológico para o etilbenzeno é o acido mandélico21.

Devido a carcinogenicidade do benzeno, as legislações mundiais têm

procurado diminuir os limites de exposição propostos para o benzeno para

níveis de “background”. Para evitar a incidência de câncer, uma pessoa deve

estar exposta a nenhuma concentração do agente causador19.

Page 20: Nilce aparecidahonradopastorello

20

1.3 Legislação

Os limites de exposição ocupacionais propostos para benzeno estão entre

0,1 ppm (0,33mg/m3) e 5,0 ppm (16mg/m3). O menor limite, 0,1 ppm (0,33

mg/m3), é o estabelecido pelo NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL

SAFETY AND HEALTH (NIOSH), enquanto que a OCCUPATIONAL SAFETY

AND HEALTH ADMINISTRATION (OSHA) estabelece 1,0 ppm (3,3 mg/m3) e a

ex-URSS 1,5 ppm (4,9 mg/m3) para uma jornada de 8 horas de trabalho20.

No Brasil, os limites de tolerância ambientais para o benzeno foram

introduzidos em 1978, Portaria 3214, Norma Regulamentadora 15, Anexo 11. O

valor do limite de tolerância estabelecido foi de 8 ppm (26,4 mg/m3) para

jornada de 48 horas de trabalho e a concentração máxima permitida no

ambiente foi de 16 ppm. Este valor vigorou até o ano de 1995 quando foi criado

um novo parâmetro para a avaliação ambiental de substâncias cancerígenas, o

Valor de Referência Tecnológico (VRT), que diferentemente do tradicional

limite de tolerância não exclui o risco a saúde, mas representa a concentração

ambiental que é executável do ponto de vista técnico.

O VRT-MPT (Valor de Referência Tecnológico-Média Ponderada pelo

Tempo) corresponde à concentração média do benzeno no ar ponderada pelo

tempo para uma jornada de 8 horas de trabalho e é igual a 2,5 ppm (8,2

mg/m3) para industrias siderúrgicas e 1,0 ppm (3,3 mg/m3) para petroquímicas

e outras situações.

Para os derivados substituídos do benzeno, como o tolueno e xilenos

continuam sendo utilizados os limites de tolerância. Os valores atualmente em

vigor na legislação brasileira são de 78 ppm (290 mg/m3) para tolueno, 78 ppm

(340 mg/m3) para xilenos e 78 ppm (328 mg/m3) para etilbenzeno20.

Page 21: Nilce aparecidahonradopastorello

21

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar os riscos ocupacionais aos compostos orgânicos voláteis a que

podem estar expostos os fiscais de pátio no Aeroporto Internacional “André

Franco Montoro” (Cumbica/Guarulhos/São Paulo)

2.2 Objetivos específicos

• Adaptação e implementar o método 1501 do Manual de Métodos Analíticos

do National Institute for Occupacional Safety and Health (Anexo 1) para

avaliação ambiental e análise de compostos orgânicos voláteis em

aeroportos;

• Realizar análise qualitativa por Cromatografia a Gás com Detector de

Ionização de Chama (GC/FID) dos compostos orgânicos voláteis (VOC) em

ambientes aeroportuários;

• Realizar análise quantitativa de benzeno, etilbenzeno, tolueno e xilenos

(BETX) por Cromatografia a gás com detector de ionização de chama

(GC/FID) em ambientes aeroportuários;

• Validar o método utilizado para as análises;

• Comparar os valores obtidos com os limites de tolerância recomendados na

legislação brasileira;

• Recomendar, se necessário, medidas de proteção para minimizar os riscos

da exposição aos compostos orgânicos voláteis em ambientes

aeroportuários.

Page 22: Nilce aparecidahonradopastorello

22

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Cromatografia gasosa

A cromatografia é um método físico de separação, no qual os

componentes a serem separados são distribuídos entre duas fases: a fase

estacionária e a fase móvel. Na Figura 1 é apresentado, esquematicamente,

um cromatógrafo gasoso.

Figura 1 - Representação esquemática de um cromatógrafo a gás

A amostra é transportada por uma corrente de gás de arraste (fase móvel)

através de uma coluna empacotada com um sólido recoberta com uma película

de um líquido (fase estacionária). Devido a sua simplicidade, sensibilidade, e

efetividade para separar os componentes de misturas, a cromatografia gasosa

é uma das ferramentas mais utilizadas em análise química analítica. A mesma

é amplamente usada para análises quantitativas e qualitativas de espécies

químicas e para a determinar constantes termoquímicas tais como calores de

solução e vaporização, pressão de vapor e coeficientes de atividade22.

Injetor da amostra

Detector

Registrador

Cromatograma Cilindro de gás

de arraste

Coluna cromatográfica

Page 23: Nilce aparecidahonradopastorello

23

A cromatografia a gás é também usada para monitorar os processos

industriais de forma automática: analisam-se as correntes de gás

periodicamente e realizam-se reações de forma manual ou automática para

compensar variações não desejadas.

Muitas análises de rotina são realizadas rapidamente no campo medicinal

e outros se utilizando a cromatografia gasosa. Por exemplo, por meio do uso

de apenas 0,1 centímetro cúbico de sangue, pode-se determinar as

porcentagens de oxigênio dissolvido, nitrogênio, dióxido de carbono e

monóxido de carbono absorvidos neste. A cromatografia de gás é útil também

na análise de contaminantes do ar, álcool no sangue, óleos essenciais e

produtos alimentício.

O método consiste primeiramente na introdução da mistura de prova ou

amostra em uma corrente de gás inerte, normalmente hidrogênio, hélio,

nitrogênio ou argônio, que atuarão como gás de arraste. As amostras líquidas

vaporizam-se na entrada da coluna, antes injeção no gás de arraste. O fluxo de

gás passa pela coluna empacotada através da qual os componentes da

amostra se deslocam a velocidades influenciadas pelo grau de interação de

cada componente com a fase estacionária não volátil22.

As substâncias que têm a maior interação com a fase estacionária são

retidas por mais tempo e, portanto, separadas daquelas de menor interação. À

medida que as substâncias eluem da coluna podem ser quantificadas por um

detector e/ou tomadas para outra análise22.

A escolha do gás de arraste depende do tipo de detector que é utilizado e

dos componentes a determinar. Os gases de arraste para cromatógrafos

devem ser de alta pureza e quimicamente inertes, por exemplo, hélio (He),

argônio (Ar), nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2). O sistema de gás de arraste

(Figura 2) contém um filtro molecular para a remoção de água e outras

impurezas presentes.

Page 24: Nilce aparecidahonradopastorello

24

Figura 2 - Representação esquemática da alimentação do gás de arraste para

um cromatógrafo a gás

3.2 Injetor

O sistema de injeção comumentemente utilizado na cromatografia a gás é

o denominado “split-splitless” (Figura 3) o qual recebe amostras líquidas por

meio de uma seringa (Figura 4) através de um septo.

Figura 3 - Representação de um sistema injetor

1

2

34

5

6

1

2

34

5

6

Cilindro de gás

Regulador de pressão primário

Filtros

Regulador de Caudal

Medidor de Caudal

Regulador de pressão

secundário

Page 25: Nilce aparecidahonradopastorello

25

Figura 4 - Foto de uma micro seringa de injeção

As amostras gasosas e líquidas podem ser injetadas por meio de uma

seringa. Na forma mais simples a amostra é injetada, inicialmente, em uma

câmara aquecida, onde é evaporada antes de ser transferida para a coluna.

Quando são utilizadas colunas empacotadas, a primeira parte da coluna, em

geral, serve como câmara de injeção, aquecida separadamente a uma

temperatura tal, que evapore a amostra.

São utilizados dois métodos na injeção de amostra, split e splitless. O split

é utilizado para amostras concentradas onde a diluição com solvente é

impossível, particularmente, devido à co-eluição. A maior parte da amostra

vaporizada segue para dentro da coluna capilar (Figura 5). O outro método, o

splitless é utilizado para amostras diluídas ou análises de traços; análise em

ampla faixa de ponto de ebulição e polaridade. Este método é mais adequado

para análise de amostras complexas (multicomponentes). A maior parte da

amostra vaporizada segue para a purga da válvula de split. Desta forma não

sobrecarrega a coluna com volume de amostra22.

Figura 5 - Exemplo de uma coluna cromatográfica capilar

Page 26: Nilce aparecidahonradopastorello

26

Quando se encontram traços do analito, a injeção chamada “on-column-

injection” pode ser usada na cromatografia a gás (CG) capilar. Neste caso a

amostra líquida é injetada diretamente na coluna com uma seringa. Deixa-se

então que o solvente evapore para produzir a concentração dos componentes

da amostra. Se a amostra for gasosa, a concentração é efetuada por meio do

método criogênico. Os componentes da amostra se concentram e separam da

matriz por condensação em uma câmara de esfriamento antes da separação

cromatográfica. A injeção com válvulas de amostragem e “Loop” muitas vezes

são utilizada no controle de processos, onde as amostras gasosas ou líquidas

fluem continuamente através de uma espiral. A espiral de amostra enche em

posição “off-line” com uma seringa ou uma bomba automática. Portanto, o

“loop” é conectado em série com a coluna e a amostra é transferida à fase

móvel. Às vezes é necessário concentrar a amostra.

3.3 Analisador

O analisador do cromatógrafo a gás é a coluna cromatográfica, o qual

pode ser do tipo empacotada ou capilar.

3.4 Detector

Dentre os vários tipos de detectores para a cromatografia gasosa o por

ionização de chama (FID ou DIC) consiste em uma chama de hidrogênio H2/ar

e um prato coletor. O efluente passa pela coluna do cromatógrafo a gás através

da chama, a qual ioniza as moléculas orgânicas. Os íons são recolhidos em um

eletrodo negativo e produzem um sinal elétrico. O FID é extremamente sensível

com uma faixa dinâmica grande. Sua única desvantagem é que destrói a

amostra. Os detectores por ionização de chama são usados para detectar

hidrocarbonetos (HC) como o metano (CH4), etano (C2H6), acetileno (C2H2),

etc.

A amostra a ser analisada mistura-se com hidrogênio, hidrogênio mais

hélio ou hidrogênio mais nitrogênio. Os íons e elétrons que se formaram na

chama ficam presos em um eletrodo coletor permitindo que uma corrente flua

Page 27: Nilce aparecidahonradopastorello

27

no circuito externo. A corrente é proporcional aos íons formados, o que

depende da concentração de hidrocarbonetos nos gases e é detectada por um

eletrômetro e é mostrado na saída analógica.

O FID (Figura 6) oferece uma leitura rápida, precisa e contínua da

concentração total de hidrocarbonetos para níveis tão baixos como parte por

bilhão (ppb).

Figura 6 - Exemplo de um detector de ionização de chama. A chama central é

gerada pela queima de uma mistura H2/ar sintético

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Método de coleta do benzeno, etilbenzeno, tolueno e xilenos

O método de coleta de amostra adotado foi o 1501 do Manual de

Métodos Analíticos do National Institute for Occupacional Safety and Health,

ANEXO 1. Este método consiste em amostrar por meio de tubos de vidro com

empacotamento interno de carvão ativado derivado de côco, sendo que a

sucção do ar amostrado realizado por uma bomba de baixa vazão.

Ar sintético

Hidrogênio

Page 28: Nilce aparecidahonradopastorello

28

4.1.1 Materiais utilizados

Os tubos utilizados na coleta das amostras foram da marca SKC, Number

226-01, com 70 milímetros de comprimento e 4 milímetros de diâmetro, com

100 miligramas de carvão ativado (20/40 mesh) na camada analítica ou coleta

e 50 miligramas de carvão ativado na camada de controle ou branco (Figura 7).

O tempo de amostragem foi definido conforme a recomendação do método

1501 do Manual de Métodos Analíticos do National Institute for Occupacional

Safety and Health, ANEXO 1.

Figura 7 - Tubos amostrador de carvão ativado utilizados na coleta dos

compostos orgânicos voláteis

As bombas de amostragem individual utilizadas foram da marca Buck

Genie, modelo VSS-5. Essas bombas são dotadas de baterias recarregáveis

que possuem uma autonomia de no mínimo seis horas de trabalho contínuo.

As bombas foram calibradas para uma vazão de 0,15 L/min, utilizando um

calibrador de vazão da marca Gilian Instrument Corporation, USA, modelo

Gilibrator 2 (Figura 8). Este calibrador possui fotocélulas que indicam a

passagem de bolhas de sabão por um tubo de vidro com volume calibrado.

Page 29: Nilce aparecidahonradopastorello

29

Figura 8 - Sistema de calibração da bomba de amostragem com calibrador

eletrônico de vazão

A escolha da vazão de 0,15 L/min foi para aumentar o tempo de coleta e

também para evitar o risco de arraste por força mecânica das substâncias que

foram adsorvidas pela substância estacionária (carvão ativado) no tubo.

Sendo as forças de Van der Waals as preponderantes no fenômeno de

adsorção, duas situações ou possibilidades poderiam arrastar os componentes

adsorvidos; uma seria a força mecânica citada proporcionada pela própria

vazão do ar, ou seja, apenas pela passagem do ar pelo tubo que é estreito,

forçando as moléculas a se comprimirem umas nas outras sendo arrastadas

assim para fora dos interstícios dos adsorventes23.

A segunda situação seria o fator relacionado com a energia térmica, onde

a temperatura em elevação proporcionaria ao sistema um excesso de energia

que ocasionaria a vibração das moléculas dentro dos interstícios das

substâncias adsorvedoras permitindo assim que as substâncias adsorvidas se

desligassem, pois são quebradas as interações do tipo de Van der Waals que

as unia aos seus adsorventes e saindo pela outra ponta do tubo23.

Page 30: Nilce aparecidahonradopastorello

30

As bombas com os tubos acoplados para coleta de amostras foram

colocadas nos trabalhadores (fiscais de pátio) que fazem o balizamento das

aeronaves manualmente ou automaticamente. O dispositivo de amostragem foi

colocado na zona respiratório do trabalhador. Esta zona é uma região

hemisférica com um raio, aproximadamente, de 150 ± 50 mm das narinas do

trabalhador.

Os fiscais de pátio também fazem a atracação das pontes (fixas e

móveis) nas aeronaves, além de fiscalizarem a área de atuação de veículos e

pessoas (área do pátio de manobra), conforme Figuras 9 e 10.

Figura 9 - Dispositivo de amostragem colocado na zona respiratória do

trabalhador

Figura 10 - Fiscal de pátio com os equipamentos utilizados em suas atividades

Dispositivo de amostragem

Page 31: Nilce aparecidahonradopastorello

31

Ao final da coleta, as pontas dos tubos foram seladas com tampas de

Teflon, transportadas em recipientes com gelo e armazenadas em geladeira,

sendo posteriormente preparadas as amostras e analisadas.

4.1.2 Descrição das áreas e pontos de amostragem

As amostras foram coletadas nos fiscais de pátio do Aeroporto

Internacional de Guarulhos/SP por haver a suspeita de que estes trabalhadores

poderiam estar expostos aos compostos orgânicos voláteis provenientes da

queima do combustível das aeronaves.

Para cada dia de amostragem foram colocados tubos de carvão ativado

abertos fora dos pátios de manobra das aeronaves para verificação da

presença de compostos orgânicos voláteis. Estes tubos de carvão ativado

foram utilizados como prova em branco.

No Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP há aproximadamente 80

fiscais de pátio divididos em três turnos de oito horas diárias. Como as

atividades desenvolvidas pelos fiscais de pátio são as mesmas e estão

expostos as mesmas condições ambientais (temperatura, pressão e velocidade

do ar), em qualquer posição do pátio de manobra, os postos de trabalho nos

três turnos foram escolhidos, aleatoriamente, para cobrir todas as áreas de

atuação dos fiscais. Os pontos de amostragem dos pátios de manobras das

aeronaves, chamados de Juliet, Índia, Hotel, Golf e Fox, estão indicados na

Figura 11.

Page 32: Nilce aparecidahonradopastorello

32

Fig

ura

11 –

Cro

qui d

os p

átio

s de

man

obra

(Ju

liet,

Índi

a, H

otel

, Gol

f e F

ox)

das

aero

nave

s, in

dica

ndo

os p

onto

s de

am

ostr

agem

em

azu

l

Page 33: Nilce aparecidahonradopastorello

33

Nos pátios de manobra há a circulação, além das aeronaves, de tratores,

caminhões, automóveis de passeio e utilitários. Estes veículos podem ser

movidos à gasolina, óleo diesel, álcool e gás.

As aeronaves quando vão permanecer estacionadas por curto período de

tempo, ficam com a turbina traseira funcionando para manter a energia elétrica

enquanto é feita a limpeza, desembarque de bagagem e reabastecimento de

combustível e produtos.

O pátio de manobra de maior movimento é o pátio denominado Hotel.

Neste pátio os passageiros desembarcam nas pontes móveis que são,

diretamente, atracadas nas aeronaves.

Quando há um aumento de chegadas e partidas de aeronaves são

utilizados outros pátios.

Os pontos, a temperatura, a pressão, período e o volume amostrado são

apresentados na Tabela 4.

Page 34: Nilce aparecidahonradopastorello

34

Tabela 4 - Apresentação dos pontos, temperatura, pressão, período e volume

de amostragem

Ponto Volume amostrado

(L)

Temperatura média de

amostragem (ºC)

Pressão (polegada de

coluna de água)

Local/Área Turno

01 - - - - Dia (B) 02 6,885 26,8 11,80 Fox impar Dia 03 9,705 24,4 10,78 Hotel 03 e 05 Dia 04 9,347 23,8 14,31 Índia 07 e 09 Dia 05 7,017 26,5 10,67 Hotel 10 e 12 Dia 06 6,463 28,5 9,42 Hotel 07 e 09 Dia 07 6,633 30,2 13,76 Golf par, Fox par e

impar Dia

08 - - - - Noite (B) 09 - - - - Dia (B) 10 7,650 23,6 10,69 Hotel 04, 06,08 Dia 11 7,859 23,9 11,81 Hotel 10 e 12 Noite 12 6,712 24,6 13,97 Juliet impar e Índia

par Dia

13 7,816 22,7 12,73 Hotel 04, 06 e 08 Noite 14 7,113 26,0 11,87 Golf impar, fox par e

impar Dia

15 7,198 24,8 12,88 Golf 10 e 12 Dia 16 7,198 25,5 10,88 Índia 03 e 05 Dia 17 4,950 28,6 10,83 Golf 00 e 02, Hotel 01 Dia 18 6,205 27,9 10,19 Fox impar Dia 19 6,560 26,6 13,89 Golf 04,06 e 08 Dia 20 - - - - Madrugada

(B) 21 7,568 19,9 11,64 Índia par e impar Noite 22 7,648 20,3 11,68 Hotel par e Índia

impar Noite

23 7,628 20,0 13,92 Hotel 04,06 e 08 Noite 24 7,385 17,6 12,65 Golf impar, fox par e

impar Madrugada

25 7,497 20,7 12,48 Golf impar, fox par e impar

Madrugada

26 7,458 17,8 11,65 Fox impar Madrugada 27 7,493 17,6 11,76 Hotel 09 Madrugada 28 - - - - Noite (B) 29 6,200 15,5 10,29 Hotel 10 e 12 Noite 30 7,332 19,9 12,58 Índia 01, 03 05 e 07 Noite 31 7,775 19,3 12,31 Índia 01, 03 05 e 07 Noite 32 7,854 17,8 9,21 Hotel 07 e 09 Madrugada 33 8,294 21,0 11,79 Índia 07 e 09 Madrugada 34 - - - - Noite (B) 35 - - - - Madrugada

(B) (B) Branco – Tubo de carvão ativo aberto colocado numa área fechada do aeroporto.

Page 35: Nilce aparecidahonradopastorello

35

4.2 Método de Análise

A metodologia analítica foi baseada no método 1501 do Manual de

Métodos Analíticos do National Institute for Occupacional Safety and Health,

ANEXO 1, relacionado aos hidrocarbonetos aromáticos.

Este método baseia-se na coleta de amostras através de tubos de vidro

com preenchimento de carvão ativado succionados por amostradores de baixa

vazão, dessorção das substâncias coletadas por dissulfeto de carbono e a

análise via cromatografia gasosa. A técnica cromatográfica deste método é a

realizada em coluna capilar e detector por ionização de chama.

Porém, para detecção de substâncias ao nível de micrograma/mililitro

(parte por milhão - ppm) faz-se necessário o uso de detectores cromatográficos

com alta sensibilidade para tal concentração. Os detectores por ionização de

chama são um sistema de detecção ao nível de ppm (parte por milhão) e

possuem sensibilidade para detecção ao nível de parte por bilhão (ppb).

A metodologia para preparação das amostras foi realizada da seguinte

forma:

• Cada tubo de carvão ativado amostrado foi retirado da conservadora

(+10ºC) para que gradualmente voltasse à temperatura ambiente;

• Dessorção das substâncias contidas no carvão ativado do tubo

passando este carvão para um frasco limpo com tampa e em seguida

adicionando com pipetador o volume de 1 mililitro de dissulfeto de carbono,

tampando e agitando esporadicamente o frasco pelo período de trinta minutos;

• A camada de coleta e a camada do branco de cada tubo de carvão ativo

foram colocadas em frascos separados. Esta separação foi realizada para se

verificar a ocorrência ou não da saturação da camada de coleta;

Page 36: Nilce aparecidahonradopastorello

36

• Injeção de 1 µL da amostra dessorvida pelo dissulfeto de carbono no

cromatógrafo a gás.

Como prova em branco, obedecendo ao mesmo processo de dessorção,

o mesmo foi realizado para o tubo com carvão ativado sem exposição aos

poluentes, para verificação da contaminação ambiental.

Mediante o resultado fornecido pelas áreas dos picos das amostras

injetadas foram feitos e injetados padrões para confecção de curva de

calibração para quantificação de benzeno, etilbenzeno, tolueno, m-xileno.

O composto xileno apresenta-se nas formas isoméricas para, meta e orto

xileno, respectivamente. Foi estudado que o meta-xileno é o mais abundante,

sendo, portanto, o componente escolhido para a monitoração da referida classe

dos compostos.

A partir dos resultados obtidos nos cromatogramas podemos utilizar a

equação 1 para obtenção das concentrações (C) de benzeno, etilbenzeno,

tolueno, m-xileno, o-xileno e p-xileno nos pontos e áreas amostrados.

( )V

MBMBMMC BABA −−+

= (1)

Onde: MA = massa da substância na camada de coleta da amostra em mg

MB = massa da substância na camada de controle da amostra em mg

MBA = massa da substância na camada de coleta do branco em mg

MBB = massa da substância na camada de controle do branco em mg

V = volume de ar amostrado em litros

Page 37: Nilce aparecidahonradopastorello

37

4.2.1 Equipamento utilizado

O equipamento utilizado para as análises foi um Cromatógrafo a Gás com

Ionização de Chama, marca Shimadzu, modelo GC-17A, e as condições de

análise são apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 - Condições cromatográficas utilizadas na padronização do

cromatógrafo

Parâmetros Características

Coluna - Fase estacionária Capilar de sílica fundida, 100% PEG

Comprimento da coluna 30 m

Diâmetro interno 0,32 mm

Espessura do filme da coluna 1,0 µm

Programa de temperatura do forno 40ºC (10 min) a 230ºC (10ºC/min)

Detector Detector de ionização de chama (FID)

Temperatura do detector 300 °C

Injetor Split (5:1)

Temperatura do injetor 250 °C

Volume injetado 1 µL

Gás de arraste He 2,6 mL/min

4.2.2 Validação do método analítico

Os parâmetros analíticos normalmente encontrados para validação de

métodos de separação são: seletividade, linearidade e faixa de aplicação e

robustez.

Page 38: Nilce aparecidahonradopastorello

38

A seletividade avalia o grau de interferência de espécies como, por

exemplo, impurezas. A seletividade garante que o pico de resposta seja

exclusivamente do composto de interesse24. Quando a seletividade não é

assegurada, a linearidade, a exatidão e a precisão ficam comprometidas.

A seletividade pode ser obtida comparando-se uma matriz isenta da

substância de interesse e uma matriz adicionada de um padrão e avaliar com

detectores modernos, como espectrômetros de massa, que comparam o

espectro do pico obtido na separação com o padrão e utiliza-se isto como uma

indicação da diferença do composto puro24.

A linearidade corresponde à capacidade em fornecer resultados

diretamente proporcionais a concentração da substância que esta sendo

usada, de acordo com o intervalo de aplicação24.

A relação matemática dessas variáveis é obtida empiricamente e pode ser

expressa, muitas vezes, como uma equação de reta chamada de curva

analítica. Matematicamente, a estimativa dos coeficientes de uma curva

analítica, a partir de um conjunto de medições experimentais pode ser efetuada

usando o método matemático conhecido como regressão linear. Além dos

coeficientes de regressão a e b, também é possível calcular, a partir dos

pontos experimentais, o coeficiente de correlação r. Este parâmetro permite

uma estimativa de qualidade da curva obtida, pois quanto mais próximo da

unidade, menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a

incerteza dos coeficientes de regressão estimados24.

Para verificar se a equação de regressão é estatisticamente significativa

podem ser efetuados os testes de ajuste do modelo linear, validade de

regressão, e sua eficiência máxima24. Um coeficiente de correlação maior que

0,999 é considerado como eficiência de um ajuste ideal dos dados de

regressão24. A ANVISA25 recomenda um coeficiente de correlação igual a 0,99

e o INMETRO26 um valor acima de 0,99.

Page 39: Nilce aparecidahonradopastorello

39

Para qualquer técnica instrumental utilizada, a relação linear simples é

descrita pela equação 2.

y = ax + b (2)

Onde: x e y = variáveis

a = coeficiente angular

b = coeficiente linear

A equação 2 só é válida para um determinado intervalo de massas ou

concentrações da substância medida. Este intervalo de massas ou

concentrações, no qual se constrói uma curva analítica linear, é a faixa linear

dinâmica24.

A faixa de aplicação corresponde ao intervalo entre o valor superior e

inferior da substância que está sendo estudada, que atenda aos requisitos de

precisão e exatidão. A faixa de aplicação é normalmente expressa nas mesmas

unidades dos resultados obtidos pelo método, e depende do uso em questão.

A quantificação do composto de interesse em validação pode ser obtida

por meio dos seguintes métodos: padronização externa; padronização interna;

superposição de matriz e; adição de padrão. A adição de padrão é um método

trabalhoso, mas é essencial para amostras complexas.

A preparação das soluções de trabalho podem ser feitas a partir de uma

única solução estoque, por meio de diluições sucessivas das soluções de

trabalho anteriormente preparadas, partindo sempre da solução estoque.

Outro procedimento é a preparação de duas soluções estoque de

concentrações diferentes e as soluções de trabalho são preparadas a partir

destas duas soluções, seja por diluições sucessivas ou partindo diretamente

das soluções estoque.

Page 40: Nilce aparecidahonradopastorello

40

Uma outra maneira de preparar as soluções seria por meio da pesagem

separada de cada concentração do padrão da substância da curva analítica, ao

invés da utilização de diluições sucessivas de uma solução mais concentrada.

Este método torna-se inviável quando se trabalha com análise de traços24.

A precisão representa a dispersão entre ensaios independentes, repetidos

de uma mesma amostra e é avaliada pelo desvio padrão absoluto ( S ), que

utiliza um número significativo de medições. Na prática, em validação de

métodos, o número de determinações é geralmente pequeno e o que se

calcula é a estimativa do desvio padrão absoluto S por meio da equação 3.

( )1

2

−−

= ∑n

xxS i (3)

onde: S = desvio padrão absoluto;

x = média aritmética das medições (médias das determinações);

ix = valor individual de uma medição;

n = número de medições.

Também, a precisão pode ser expressa por meio do intervalo de

confiança da média, que é uma faixa de valores no qual existe uma

determinada probabilidade de se encontrar um certo valor de uma variável,

calculada pela equação 4.

Intervalo de confiança da média = n

Stx n 1−± (4)

Onde: tn-1 é o valor crítico da distribuição de Student com n-1 graus de

liberdade (tabelado);

S = desvio padrão absoluto;

n = número de medições.

Page 41: Nilce aparecidahonradopastorello

41

Outra expressão de precisão, equação 5, é a estimativa do desvio padrão

relativo (RSD), também conhecido como coeficiente de variação (CV).

RSD (%) ou CV (%) = %100×x

S (5)

Onde: S = desvio padrão absoluto

x = média aritmética das medições

Normalmente, métodos que quantificam compostos em macro

quantidades requerem um RSD de 1 a 2 %. Em métodos de análise de traços

são aceitos RSD de até 20%, dependendo da complexidade da amostra24.

A precisão em validação de métodos é considerada em três níveis

diferentes: repetitividade; precisão intermediária; reprodutibilidade.

A repetitividade representa a concordância entre os resultados de

medições sucessivas de um mesmo método, efetuadas sob as mesmas

condições de medições, chamadas condições de repetitividade: mesmo

procedimento; mesmo analista; mesmo instrumento usado sob as mesmas

condições; mesmo local; repetições em um curto intervalo de tempo24.

Para a repetitividade, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (INMETRO) recomenda sete ou mais repetições para o

cálculo da estimativa do desvio padrão.

A precisão intermediária indica o efeito das variações dentro do

laboratório devido a eventos como diferentes dias ou diferentes analistas ou

diferentes equações ou uma combinação destes fatores26. O objetivo da

validação da precisão intermediária é verificar que no mesmo laboratório o

método fornecerá os mesmos resultados.

O número de ensaios necessários para se avaliar a precisão intermediária

segue a mesma recomendação do International Conference on Harmonisation

Page 42: Nilce aparecidahonradopastorello

42

(ICH)27 e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)25 e pode ser

expressa pela estimativa do desvio padrão (RSD).

A reprodutibilidade é o grau de concordância entre os resultados das

medições de uma mesma amostra, efetuadas sob condições variadas

(mudança de operador, local, equipamento, etc), conforme INMETRO26.

A exatidão representa o grau de concordância entre os resultados

individuais encontrados em um determinado ensaio e um valor de referência

aceitos como verdadeiro. Um valor exato ou verdadeiro é o valor obtido por

uma medição perfeita a este valor é indeterminado por natureza.

A exatidão é sempre considerada dentro de certos limites, a um dado

nível de confiança, ou seja, aparece sempre associada a valores de precisão.

Estes limites podem ser estreitos em níveis de concentração elevados e mais

amplos em níveis de traços.

O número de ensaios varia segundo a legislação ou diretrizes adotada e

também com as características da pesquisa.

Os processos mais utilizados para avaliar a exatidão de um método são:

materiais de referência; comparação de métodos; ensaios de recuperação;

adição de padrão.

4.2.3 Reagentes e padrões

Foram utilizados como padrões cromatográficos: benzeno, etilbenzeno,

tolueno e xileno; todos com grau de pureza cromatográfica. Foram também

utilizados padrões destas substâncias da VETEC Química Fina LTDA, na

concentração de 1000 mg/L na matriz metanol. O solvente dissulfeto de

carbono utilizado foi de grau HPLC.

Page 43: Nilce aparecidahonradopastorello

43

Para dessorção das substâncias adsorvidas pelo carvão ativado dos

tubos de amostragem foi utilizado dissulfeto de carbono com grau de pureza

cromatográfica conforme citado no método 1510 (2003), ANEXO 1.

Os padrões para quantificação dos analitos de interesse das amostras

foram preparados em dissulfeto de carbono.

4.2.3.1 Solução estoque e soluções de trabalho

Foram preparados padrões para executar os testes de validação e

também as análises das amostras. A Figura 12 ilustra a preparação das

soluções. Primeiramente foi preparada uma solução estoque colocando-se 1,0

mL de padrão da VETEC Química Fina LTDA, em um balão volumétrico

completando o volume de 10 mL com dissulfeto de carbono. O procedimento

para a preparação da Solução Estoque (SE) foi realizado separadamente para

cada substância (benzeno, etilbenzeno, tolueno e m-xileno).

As Soluções de Trabalho (ST) para obtenção das Curvas de Calibração

foram preparadas a partir da Solução Estoque de cada substância

separadamente da seguinte forma:

a) Solução de trabalho 1 (ST1): Foi transferido 4,0 mL da Solução

Estoque para um balão volumétrico completando o volume de 10 mL de

dissulfeto de carbono;

b) Solução de trabalho 2 (ST2): Foi transferido 5,0 mL da Solução

Estoque para um balão volumétrico completando o volume de 10 mL de

dissulfeto de carbono;

c) Solução de trabalho 3 (ST3): Foi transferido 3,0 mL da Solução

Estoque para um balão volumétrico completando o volume de 10 mL de

dissulfeto de carbono;

Page 44: Nilce aparecidahonradopastorello

44

d) Solução de trabalho 4 (ST2): Foi transferido 2,0 mL da Solução

Estoque para um balão volumétrico completando o volume de 10 mL de

dissulfeto de carbono;

e) Solução de trabalho 5 (ST2): Foi transferido 1,0 mL da Solução

Estoque para um balão volumétrico completando o volume de 10 mL de

dissulfeto de carbono.

Figura 12 – Representação esquemática da preparação de Soluções de

Trabalho a partir de uma Solução Estoque

Na Tabela 6 são apresentadas as concentrações da solução de trabalho

preparadas a partir da solução estoque para o benzeno, etilbenzeno, tolueno

m-xileno.

Soluções de trabalho

Solução estoque

1 2 3 5 4

Page 45: Nilce aparecidahonradopastorello

45

Tabela 6 : Concentrações da solução de trabalho preparada a partir de uma

solução estoque

Soluções de trabalho Concentrações (ppm)

ST1 40

ST2 20

ST3 12

ST4 8

ST5 4

Nas Figuras 13 a 16 são apresentados alguns cromatogramas das curvas

de calibração.

Por meio dos cromatogramas é possível verificar o tempo de retenção do

analito estudado e correlacionar a área do pico do analíto com a concentração,

em ppm, nominal do padrão.

As coordenadas do cromatograma são as seguintes: A abscissa denota o

tempo de retenção, em minutos e a ordenada denota as contagens do número

de íons que atinge o detector FID, em mili volts.

Nos cromatogramas é possível verificar a presença do solvente dissulfeto

de carbono e do metanol, presentes nos primeiros minutos de eluição do

analito através da coluna cromatográfica.

Page 46: Nilce aparecidahonradopastorello

46

Figura 13 - Cromatograma da solução de trabalho do benzeno. Tempo de

retenção em minutos.

Figura 14 - Cromatograma da solução de trabalho do etilbenzeno. Tempo de

retenção em minutos.

Page 47: Nilce aparecidahonradopastorello

47

Figura 15 - Cromatograma da solução de trabalho do tolueno. Tempo de

retenção em minutos.

Figura 16 - Cromatograma da solução de trabalho do m-xileno. Tempo de

retenção em minutos.

Page 48: Nilce aparecidahonradopastorello

48

Na Figura 17 é mostrado o fluxograma da metodologia utilizada na

preparação da amostra.

Figura 17 - Fluxograma da preparação das amostras para análise em

cromatógrafo a gás dos analitos.

Retirou-se a amostra do tubo de carvão ativo da

conservadora

Transferiu-se o carvão ativado para frascos limpos

com tampa

Adicionou-se 1 mililitro de dissulfeto de carbono em

cada frasco

Agitou-se a amostra esporadicamente durante

trinta minutos

Injetou-se 1 µL da amostra dessorvida no cromatógrafo

a gás

Page 49: Nilce aparecidahonradopastorello

49

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As curvas de calibração foram plotadas utilizando-se os dados das

análises de cada analito, sendo coletados os pontos por concentração. Alguns

pontos saíram fora da reta, exemplo do etilbenzeno, isto acarretou um menor

coeficiente linear, R2 = 0,9908, menor que os coeficientes observados para os

outros analitos. Isto pode ter ocorrido devido às baixas concentrações, onde os

desvios podem ocorrer com maior freqüência.

As curvas de calibração para o benzeno, etilbenzeno, tolueno e xileno são

mostradas nas Figuras 18, 19, 20 e 21, respectivamente.

Page 50: Nilce aparecidahonradopastorello

50

Fig

ura

18 –

Cur

va d

e ca

libra

ção

para

qua

ntifi

caçã

o do

ben

zeno

. Con

tage

m e

m u

nida

de a

bsol

uta

(u.a

.) e

m fu

nção

da

conc

entr

ação

em

mg/

m3 . E

m d

esta

que

são

mos

trad

os a

equ

ação

da

curv

a e

o co

efic

ient

e lin

ear

(R2 ).

Page 51: Nilce aparecidahonradopastorello

51

Fig

ura

19 –

Cur

va d

e ca

libra

ção

para

a q

uant

ifica

ção

do e

tilbe

nzen

o. C

onta

gem

em

uni

dade

abs

olut

a (u

.a.)

em

fu

nção

da

conc

entr

ação

em

mg/

m3 . E

m d

esta

que

são

mos

trad

os a

equ

ação

da

curv

a e

o co

efic

ient

e lin

ear

(R2 ).

Page 52: Nilce aparecidahonradopastorello

52

Fig

ura

20 –

Cur

va d

e ca

libra

ção

para

a q

uant

ifica

ção

do to

luen

o. C

onta

gem

em

uni

dade

abs

olut

a (u

.a.)

em

funç

ão

da c

once

ntra

ção

em m

g/m

3 . Em

des

taqu

e sã

o m

ostr

ados

a e

quaç

ão d

a cu

rva

e o

coef

icie

nte

linea

r (R

2 ).

Page 53: Nilce aparecidahonradopastorello

53

Fig

ura

21 –

Cur

va d

e ca

libra

ção

para

a q

uant

ifica

ção

do m

-xile

no. C

onta

gem

em

uni

dade

abs

olut

a (u

.a.)

em

funç

ão

da c

once

ntra

ção

em m

g/m

3 . Em

des

taqu

e sã

o m

ostr

ados

a e

quaç

ão d

a cu

rva

e o

coef

icie

nte

linea

r (R

2 ).

Page 54: Nilce aparecidahonradopastorello

54

Com a construção das curvas de calibração observa-se uma relação

linear entre o sinal dos analíticos e as concentrações dos mesmos, conforme

apresentada Tabela 7, onde os coeficientes de correlação R2 estão próximos

de um, conforme requisito da ANVISA.

Tabela 7 - Equações das curvas de padronização e coeficientes de correlação

Compostos Equações Coeficiente de correlação (R2)

Benzeno 14,21644,565 −= xy 0,9977

Etilbenzeno 31,24342,287 −= xy 0,9908

Tolueno 40,12581,160 −= xy 0,9959

Meta-Xileno 47,5524,294 −= xy 0,9980

Com os resultados obtidos na cromatografia dos padrões de benzeno,

etilbenzeno, tolueno e m-xileno calculou-se o desvio padrão absoluto (S) e o

coeficiente de variação (CV), para cada concentração das soluções de

trabalho, conforme apresentado na Tabela 8.

Tabela 8 - Desvio padrão absoluto (S) e coeficiente de variação (CV) em

porcentagem

PADRÃO

Concentração Benzeno Etilbenzeno Tolueno m-Xileno

(mg/m3) S CV S CV S CV S CV

4 306,48 15,06 50,31 6,17 101,74 19,36 137,21 11,56

8 297,24 6,84 47,57 2,90 129,87 11,18 115,19 4,95

12 423,94 6,53 46,84 1,24 177,39 9,81 193,05 5,72

20 423,94 3,67 209,55 3,78 141,70 4,61 181,38 3,12

40 409,07 1,69 280,96 2,52 143,50 2,27 196,25 1,67

Page 55: Nilce aparecidahonradopastorello

55

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 8, observou-se que o

desvio padrão S é maior para concentrações maiores para todos os analitos.

Além disso, o coeficiente de variação CV é maior para concentrações menores

e menor para concentrações maiores. O limite de detecção para todos os

analitos foi de 4 ppm.

A partir das equações apresentadas na Tabela 7, que definem a relação

entre a área dos picos e as concentrações dos analitos, por meio das áreas

dos cromatrogramas e o volume de amostragem calculou-se as concentrações

de benzeno, etilbenzeno, tolueno e m-xileno das avaliações ambientais,

coletadas conforme descrito no item 4.1.2, apresentadas nas Tabelas 9, 10 e

11.

Tabela 9 - Concentrações de benzeno, etilbenzeno, tolueno e m-xileno no

período das 8 às 16 horas (dia)

Turno de trabalho amostrado – 8 às 16 horas

Número da Local Concentração (mg/m3)

Amostra Amostrado Benzeno Etilbenzeno Tolueno m-Xileno

02 Fox impar ND ND ND ND

03 Hotel 03 e 05 ND ND ND ND

04 Índia 07 e 09 ND ND 0,11 ND

05 Hotel 10 e 12 ND ND ND ND

06 Hotel 07 e 09 ND 0,15 0,18 0,08

07 Golf par e Fox par e ímpar ND 0,13 0,18 0,05

10 Hotel 04, 06 e 08 ND 0,12 ND 0,05

12 Juliet ímpar, Índia par ND 0,13 0,15 0,05

14 Golf ímpar, fox par e ímpar ND ND ND ND

15 Golf 10 e 12 ND 0,13 ND 0,06

16 Índia 03 e 05 ND 0,13 0,13 0,06

17 Golf 00 e 02, Hotel 01 ND 0,21 0,20 0,15

18 Fox ímpar ND 0,17 0,18 0,13

19 Golf 04, 06 e 08 ND ND ND ND

ND – Não detectado

Page 56: Nilce aparecidahonradopastorello

56

Tabela 10 - Concentrações de benzeno, etilbenzeno, tolueno e m-xileno no

período das 16 às 24 horas (noite)

Turno de trabalho amostrado – 16 às 24 horas

Número da Local Concentração (mg/m3)

Amostra Amostrado Benzeno Etilbenzeno Tolueno m-Xileno

11 Hotel 10 e 12 ND 0,11 0,15 0,04

13 Hotel 04, 06 e 08 ND ND 0,14 0,04

21 Índia par e ímpar ND 0,14 0,32 0,09

22 Hotel par e Índia impar ND ND 0,18 0,09

23 Hotel 04, 06 e 08 ND 0,13 0,20 0,09

29 Hotel 10 e 12 ND 0,17 0,56 0,09

30 Índia 01, 03, 05 e 07 ND 0,17 1,37 0,11

31 Índia 01, 03, 05 e 07 ND 0,15 0,93 0,09

ND – Não detectado

Tabela 11 - Concentrações de benzeno, etilbenzeno, tolueno, m-xileno no

período das 0 às 8 horas (madrugada)

Turno de trabalho amostrado – 0 às 8 horas

Número da Local Concentração (mg/m3)

amostra Amostrado Benzeno Etilbenzeno Tolueno m-Xileno

24 Golf ímpar e Fox par e ímpar ND ND ND ND

25 Golf ímpar e Fox par e ímpar ND 0,13 0,83 0,05

26 Fox ímpar ND 0,13 0,22 0,06

27 Hotel 09 ND 0,14 ND 0,07

32 Hotel 07 e 09 ND 0,13 0,40 0,06

33 Índia 07 e 09 ND 0,13 0,54 0,07

ND – Não detectado

Page 57: Nilce aparecidahonradopastorello

57

Nas Figuras 22 a 29 são mostrados alguns cromatogramas obtidos a

partir da análise das amostras coletadas nos fiscais de pátio. As Figuras 22 e

23 mostram a diferença da intensidade iônica entre os analitos e do solvente.

As Figuras 24 e 25 mostram a influência dos três isômeros meta, para e orto

xileno, sendo o maior o do meta-xileno. Nas Figuras 26 a 29 são mostradas as

variações das concentrações entre os analitos paras as diferentes amostras

coletadas.

Figura 22 – Cromatograma da amostra 06

Figura 23 – Cromatograma da amostra 12

Page 58: Nilce aparecidahonradopastorello

58

Figura 24 – Cromatograma da amostra 16

Figura 25 – Cromatograma da amostra 23

Figura 26 – Cromatograma da amostra 25

Page 59: Nilce aparecidahonradopastorello

59

Figura 27 – Cromatograma da amostra 27

Figura 28 – Cromatograma da amostra 29

Figura 29 – Cromatograma da amostra 31

Page 60: Nilce aparecidahonradopastorello

60

Nas Figuras 30 até 41 são mostradas as concentrações (mg/m3) de

tolueno, etilbenzeno e m-xileno, obtidas em cada pátio de manobra das

aeronaves. O benzeno não foi detectado em nenhuma amostra coletada.

Cada gráfico denota a variação da concentração para cada composto

orgânico volátil, tolueno, etilbenzeno e m-xileno em determinado local do

aeroporto de Guarulhos em função ao número de amostra (ver Tabela 7, 8 e 9).

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

6 11 13 17 22 23 29 32

Número da amostra

Pátio de manobra Hotel

Figura 30 - Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de manobra Hotel

Observa-se na Figura 30 que as concentrações de tolueno das amostras

29 e 32, coletadas no pátio de manobra Hotel, foram maiores em relação às

concentrações obtidas nas amostras 06, 11, 13, 17, 22 e 23. As amostras 29 e

32 foram coletadas durante a madrugada, quando houve um aumento na

movimentação de aeronaves no aeroporto e, nos pontos avaliados houve a

chegada e aeronaves. Na amostra 17 a coleta foi realizada durante o dia,

apesar de ter ocorrido a saída de uma aeronave a concentração de tolueno

ficou abaixo das obtidas nas amostras 29 e 32.

Page 61: Nilce aparecidahonradopastorello

61

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

18 25 26

Número da amostra

Pátio de manobra Fox

Figura 31 - Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de manobra Fox

Observa-se na Figura 31 que a concentração de tolueno obtida na

amostra 25 ficou acima das concentrações obtidas nas amostras 18 e 26.

Durante a coleta da amostra 25, no período da madrugada, houve a chegada

de aeronave no local.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

7 17 25

Número da amostra

Pátio de manobra Golf

Figura 32 - Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de manobra Golf

Page 62: Nilce aparecidahonradopastorello

62

Observa-se na Figura 32 que a concentração de tolueno obtida na

amostra 25 ficou acima das concentrações obtidas nas amostras 07 e 17.

Durante a coleta da amostra 25, no período da madrugada, houve a chegada

de aeronave no local. Na amostra 17 a coleta foi realizada durante o dia,

apesar de ter ocorrido a saída de uma aeronave a concentração de tolueno

ficou abaixo da obtidas na amostra 25.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

12 30 31 33

Número da amostra

Pátio de manobra Índia

Figura 33 - Gráfico das concentrações de tolueno no pátio de manobra Índia

Observa-se na Figura 33 que a concentração de tolueno na amostra 12

está abaixo das concentrações obtidas nas amostras 30, 31, e 33. Durante a

coleta da amostra 12, realizada no período diurno, não houve movimentação

de aeronaves no pátio de monobra Índia. Nos períodos da noite (amostras 30 e

31) e da madrugada (amostra 33) houve movimentação de aeronaves no pátio

durante a coleta.

Page 63: Nilce aparecidahonradopastorello

63

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

6 7 10 17 23 29 32

Número da amostra

Pátio de manobra Hotel

Figura 34 - Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de manobra

Hotel

Na Figura 34 observa-se que as concentrações de etilbenzeno obtidas

nas amostras 17, 29 e 32 foram maiores em relação às concentrações obtidas

nas amostras 06, 07, 10 e 23. As amostras 17, 29 e 32 foram coletadas durante

a chegada e movimentação de aeronave no pátio de manobra Hotel.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

12 16 30 31

Número da amostra

Pátio de manobra Índia

Figura 35 - Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de manobra

Índia

Page 64: Nilce aparecidahonradopastorello

64

Na figura 35 observa-se que houve um aumento nas concentrações de

etilbenzeno das amostras 30 e 31 em relação às amostras 12 e 16. Durante a

coleta das amostras 30 e 31, no período da noite, houve a movimentação e

chegada de aeronave.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

0,18

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

7 18 25

Número da amostra

Pátio de manobra Fox

Figura 36 - Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de manobra Fox

Na Figura 36 observa-se que a concentração de etilbenzeno obtida na

amostra 18 ficou acima das concentrações obtidas nas amostras 07 e 25,

apesar de que durante a coleta das três amostras ter ocorrido movimentação

de aeronave no pátio de manobra.

Page 65: Nilce aparecidahonradopastorello

65

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

15 17 25

Número da amostra

Pátio de manobra Golf

Figura 37 - Gráfico das concentrações de etilbenzeno no pátio de manobra

Golf

Na Figura 37 observa-se que a concentração etilbenzeno obtida na

amostra 17 ficou acima das concentrações obtidas nas amostras 15 e 25.

Durante a coleta da amostra 15 não houve movimentação de aeronave no pátio

de monobra Golf.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

6 10 17 22 27 32

Número da amostra

Pátio de manobra Hotel

Figura 38 - Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de manobra Hotel

Page 66: Nilce aparecidahonradopastorello

66

Observa-se que na Figura 38 apesar de ter ocorrido movimentação e

chegada de aeronave durante a coleta das amostras 17 e 32, apenas a

concentração de m-xileno na amostra 17 foi maior.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

12 16 22 30

Número da amostra

Pátio de manobra Índia

Figura 39 - Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de manobra Índia

Na Figura 39 observa-se que a concentração de m-xileno obtida na

amostra 30 ficou acima das amostras 12, 16 e 22. Durante a coleta das

amostras no pátio de manobra Índia somente houve movimenta de aeronave

no período de coleta da amostra 30.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

7 18 26

Número da amostra

Pátio de manobra Fox

Figura 40 - Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de manobra Fox

Page 67: Nilce aparecidahonradopastorello

67

Observa-se na Figura 40 que houve um aumento na concentração de m-

xileno da amostra 18. Durante a coleta da amostra 18 no pátio de manobra

ocorreu a movimentação e chegada de aeronave no local.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

Con

cent

raçã

o (m

g/m

3 )

7 15 17

Número da amostra

Pátio de manobra Golf

Figura 41 - Gráfico das concentrações de m-xileno no pátio de manobra Golf

Observa-se na Figura 41 que a concentração de m-xileno no pátio de

manobra Golf foi maior na amostra 17, que ocorreu durante a movimentação e

chegada de aeronave.

No pátio de manobras das aeronaves “Juliet” as concentrações de

tolueno, etilbenzeno e m-xileno são as mesmas obtidas no pátio de manobra

“Índia”, pois o fiscal de pátio estava desenvolvendo suas atividades nestes dois

pátios no dia em que foi feita a coleta das amostras.

Os brancos de campo (amostras 01, 08, 09, 20, 28, 34 e 35) não

apresentaram níveis de contaminação, dispensando o débito de resíduo de

benzeno, etilbenzeno, tolueno e xileno dos resultados das amostras.

Nos pátios de manobra, Hotel e Índia, verifica-se que houve um aumento

nas concentrações de tolueno, etilbenzeno e m-xileno.

Page 68: Nilce aparecidahonradopastorello

68

• Observou-se a existência de compostos orgânicos voláteis, tolueno,

etilbenzeno e m-xileno nos pontos e área amostrados, exceto o benzeno.

• Analisando a amostra 17 verifica-se o aumento das concentrações de

etilbenzeno, tolueno e xileno pode ter ocorrido devido à saída de uma aeronave

do local. Quando a aeronave está saindo dos “fingers”, locais onde as

aeronaves estacionam, para a pista de decolagem, o fiscal de pátio

responsável, acompanha a aeronave até a saída do pátio de manobra, o qual

aconteceu no momento em que estava sendo feita a amostragem deste local.

• Nas amostras 21, 25, 29, 30, 31, 32 e 33 onde houve um aumento na

concentração de tolueno, etilbenzeno e xileno, são locais onde pode haver

maior movimentação de aeronaves, principalmente nos turnos da noite e

madrugada, onde há um aumento nos pousos e decolagens de aeronaves,

além do aumento na movimentação de veículos de transporte de bagagem,

abastecimento, entre outros que dão suporte as aeronaves.

Na Figura 42 estão indicados os pontos onde houve um aumento na

concentração de tolueno, etilbenzeno e m-xileno.

Page 69: Nilce aparecidahonradopastorello

69

Fig

ura

42:

Cro

qui d

os p

átio

s de

man

obra

indi

cand

o os

pon

tos

17,

25,

29,

30,

31 3

2, 3

3, o

nde

fora

m e

ncon

trad

o au

men

to n

as

conc

entr

açõe

s de

tolu

eno,

etil

benz

eno

e m

-xile

no.

17

23, 32

21, 30, 31, 33

25

Page 70: Nilce aparecidahonradopastorello

70

6 CONCLUSÕES

As principais conclusões deste trabalho foram:

• A metodologia adotada mostrou-se eficiente, pois foi possível obter

concentrações das substâncias analisadas, mesmo com valores baixos, até 3,3

mg/m3.

• Numa avaliação ambiental de compostos orgânicos voláteis é importante

observar algumas variáveis que podem interferir na amostragem. Uma destes

variáveis é o volume de ar amostrado, que segundo o método adotado para o

benzeno o volume mínimo amostrado é de 5 litros e o máximo de 30 litros.

Para o etilbenzeno é de 1 litro no mínimo e 24 no máximo. Para o m-xileno é de

2 litros no mínimo e de 23 no máximo e para o tolueno de 1 litro no mínimo e 8

litros no máximo. Analisando os volumes recomendados pelo método

observou-se que para uma avaliação ambiental dos compostos orgânicos

voláteis, o máximo volume de tolueno que se pode amostrar é baixo em

relação às outras substâncias. Neste caso estudado, devido aos resultados

obtidos, deve-se realizar uma amostragem utilizando um tubo de carvão ativo

para o tolueno e outro para amostrar o benzeno, etilbenzeno e xileno.

• Sugere-se que em casos de acidentes e situações, não rotineiras, onde

possa haver exposição a estes agentes, os fiscais de pátio utilizem mascaras

respiratórias apropriadas aos compostos orgânicos voláteis.

• Para futuras instalações ou reformas do aeroporto de Guarulhos sugere-

se um estudo do local, levando em consideração a melhor dispersão de

contaminantes, para não gerar locais de aumento de concentrações de

poluentes.

• Os parâmetros analíticos utilizados para a validação da metodologia

empregada para as análises química das amostras foram insuficientes para

Page 71: Nilce aparecidahonradopastorello

71

garantir que as concentrações ambientais são representativas da exposição

ocupacional ao benzeno, etilbenzeno, tolueno em-xileno dos fiscais de pátio do

Aeroporto Internacional “André Franco Montoro” (Cumbica/Guarulhos/São

Paulo). Sugere-se uma avaliação ambiental de benzeno, etilbenzeno, tolueno e

xilenos abrangendo um período maior da jornada de trabalho e um maior

número de trabalhadores, além da utlização de métodos analíticos mais

precisos e exatos, por exemplo, a espectrometria de massa (MS),

cromatografia gasosa (GC), infravermelho (FTIR) entre outros.

• As máximas concentrações obtidas nas análises químicas de BETX,

utilizando metodologia empregada, foram de até 1,37 mg/m3 de tolueno, 0,21

mg/m3 de etilbenzeno e 0,15 mg/m3 de m-xileno, os quais estão abaixo do

limite máximo de exposição no ser humano. O benzeno não foi detectado no

ambiente avaliado do aeroporto em teores de até 3,3 mg/m3.

Page 72: Nilce aparecidahonradopastorello

72

7 REFERÊNCIAS

1 MACHADO, Rogério A. Avaliação de compostos orgânicos voláteis em

ambientes interiores climatizados. Tese de doutorado da Faculdade de

Saúde Pública da Universidade de São Paulo, SP, 2003

2 CICCIOLI, P.; BRANCALEONI, E.; CECINATO, A.; DI PALO, C.; BUTTINI, P.;

LIBERTI A. Fractionation of polar polynuclear aromatic hydrocarbons

present in industrial emissions and atmospheric samples and their

determination by gas chromatography-mas spectrometry. J. Cromatogr., v.

351, p. 451-464, 1986.

3 [EPA] Environmental Protection Agency – About air toxics. Disponível em:

http://www.epa.gov. Acesso em: 14 de fevereiro de 2008.

4 MARTINS, L. C.; LATORRE, M. R. D. O.; CARDOSO, M. R. A. Air pollution

and emergency room visits due to pneumonia and influenza in São Paulo,

Brasil. Rev. Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. 88-4, 2002.

5 PICELI, P. C. Quantificação de benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos no ar

de ambientes ocupacionais, Dissertação de Mestrado da Universidade

Federal de Santa Catarina, SC, 2005.

6 RITCHIE, GD; STILL KR, ROSSI III, J; BEKKEDAL, MY-V; BOBB, AJ.

ARFSTEN, DP. Biological and Health Effects of Exposure to Kerosene-

based Jet Fuels and Performance Additives. J Toxicol Environ Health, Part

B: Critical Reviews, 6(4): 357-451, 2003.

7 TESSERAUX, I. Risk factors of jet fuel combustion products. Toxicology

Letters 149: 295-300, 2004.

8 TUNNICLIFFE, W.S.; O`HICKEY, S.P.; FLETCHER, T.J.; MILES, J.F.;

BURGE, P.S.; AYRES, J.G. Pulmonary function and respiratory symptoms

in a population of airport workers. Occupational Environmental Medicine,

56: 118-123, 1999.

9 [ATSDR] - Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Appendix A:

Background Information for jet fuels. 5p., 2002.

10 [ACGIH] AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL

HYGIENISTS, Industrial Hygiene, Environmental, Ocupational Health,

Page 73: Nilce aparecidahonradopastorello

73

Online publications, 1998. Disponível em: http://www.acgih.org. Acessado

em janeiro de 2008

11 CARLTON, G.N.; SMITH, L.B. Exposures to jet fuel and benzene during

aircraft fuel tank repair in the U.S. Air Force. Applied Occupational and

Environmental Hygiene, v.15(6): 485-491, 2000.

12 KOBAYASHI, A AND KIKUKAWA, A. Increased formaldehyde jet engine

exhaust with changes to JP-8, lower temperature, and lower humidity

irritates eyes and respiratory tract. Aviation Space Environ Med 71: 396-

399, 2000.

13 MIYAMOTO, Y. Eye and respiratory irritants in jet engine exhaust. Aviation

Space Environ Med 57: 1104-1108, 1986.

14 SMITH, L.B.; BHATTACHARYA, A.; LEMASTERS, G.; SUCCOP, P.;

PUHALA, E.; MEDVEDOVIC, M.; JOYCE, J. Effect of chronic low-level

exposure to jet fuel on postural balance of US Air Force Personnel. Journal

of Occupational and Environmental Medicine, v.39(7): 623-632, 1997.

15 YANG, C.-Y; WU, T-N; WU, J-J; HO, C-K and CHANG, P-Y. Adverse

respiratory and irritant health effects in airport workers in Taiwan. Journal of

Toxicology and Environmental Health, Part A, 66: 799-806, 2003.

16 LINDBERG, D.E.; CASTLEBERRY, J.; PRICE, R.O. A Human Health Risk

Assessment of John Wayne and Proposed Orange County International

Airports in Orange County, California, 2000.

17 [EPA] Environmental Protection Agency – Bureau of Air – Final Report

Chicago O´Hare Airport, Air Toxic Monitoring Program, June – December,

2000. Illinois, May, 2002.

18 EGEGHY, P.P.; HAUF-CABALO, L.; GIBSON, R.; RAPPAPORT, S.M.

Benzene and naphthalene in air and breath as indicators of exposure to jet

fuel. Occupational Environmental Medicine, 60: 969-976, 2003.

19 PESQUERO, C. R. Avaliação ambiental de compostos orgânicos aromáticos

presentes em atmosferas industriais, Tese de doutorado do Instituto de

Química da Universidade de São Paulo, SP, 2001.

Page 74: Nilce aparecidahonradopastorello

74

20 ATLAS. Manuais de legislação – Segurança e medicina do trabalho. 50ª ed.

São Paulo: Atlas, 2002.

21 [27][ACGIH] AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL

INDUSTRIAL HYGIENISTS, Industrial Hygiene, Environmental,

Ocupational Health, Online publications, 2004. Disponível em:

http://www.acgih.org. Acessado em janeiro de 2008.

22 CORTEZ, B. Introdução aos métodos cromatográficos – Análise

instrumental. Disponível em: http://www.slideshare.net. Acessado em abril

de 2008.

23 CARVALHO, M. I.; SILVA, A. D. G.; JESUS, E. S. Monitoramento da

qualidade do ar no Estado do Rio de Janeiro, In: III Congresso

Interamericano de Qualidade do Ar, Canoas, RS; 2003.

24 RIBANI, M, BOTTOLI, C. B. G., MELO, L. F. C. Validação em métodos

cromatográficos e eletroforéticos. Química Nova, v27, n 5, 771-780,2004.

25 [ANVISA] – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Resolução RE n° 899,

de 29/05/2003.

26 [INMETRO] – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial; Orientações sobre validação de Métodos de Ensaios Químicos,

DOQ-CGCRE-008,2007.

27 [ICH] – International Conference on Harmonisation; Validation of Analytical

Procedures. Disponível em http://www.ich.org. Acesso em 10 de março de

2008.

28 FERREIRA, SÉRGIO L.; SANTOS, ANTÔNIO M.; POLITO, WAGNER L.;

SOUZA, GUSTAVO R.; MARTINS, KEYLL C. R.; SILVA, MARCUS V. I.;

Análise comparativa de BTEX nas emissões de motor de combustão

interna de ignição por compressão. Disponível em http://www.fipai.org.br.

Acesso em 22 de janeiro de 2008.

Page 75: Nilce aparecidahonradopastorello

75

ANEXO 1

Método 1501 do Manual de Métodos Analíticos do Nati onal Institute for

Occupational Safety and Health

NIOSH, 2003

Page 76: Nilce aparecidahonradopastorello

76

Page 77: Nilce aparecidahonradopastorello

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

HYDROCARBONS, AROMATIC 1501

FORMULA: Table 1 MW: Table 1 CAS: Table 1 RTECS: Table 1

METHOD: 1501, Issue 3 EVALUATION: Full Issue 1: 15 August 1990Issue 3: 15 March 2003

OSHA : Table 2NIOSH: Table 2ACGIH: Table 2

PROPERTIES: Table 1

SYNONYMS: Group A: benzene toluene ethylbenzene o-xylene m-xylene p-xylene(Synonyms in Table 1) Group B: cumene p-tert-butyltoluene "-methylstyrene $-methylstyrene styrene

SAMPLING MEASUREMENT

SAMPLER: SOLID SORBENT TUBE(coconut shell charcoal, 100 mg/50 mg)

FLOW RATE: Table 3

VOL-MIN: Table 3 -MAX: Table 3

SHIPMENT: Routine

SAMPLESTABILITY: 30 days @ 5°C

BLANKS: 10% of samples

TECHNIQUE: GAS CHROMATOGRAPHY, FID

ANALYTE: Hydrocarbons listed above

DESORPTION: 1 mL CS2, stand 30 min with agitation

INJECTION VOLUME: 1 µL (Group A: split 5:1;

Group B: split 1:1)

TEMPERATURE -INJECTION: 250 °C -DETECTOR: 300 °C -COLUMN: Group A: 40 °C (10 min) to 230°C

(10 °C/min)Group B: 35°C (8 min) to 225°C(10°C/min)

CARRIER GAS: He @ 2.6 mL/min

COLUMN: Capillary, fused silicaGroup A: 30m x 0.32-mm ID; 1-µm film100% PEG or equivalentGroup B: 30m x 0.53-mm ID; 3-µm filmcrossbonded® 35% diphenyl 65%dimethyl polysiloxane or equivalent

CALIBRATION: Solutions of analytes in CS2

RANGE: Table 4

ESTIMATED LOD: Table 4

PRECISION (þr): Table 4

ACCURACY

RANGE STUDIED: Table 3

BIAS: Table 3

OVERALL PRECISION (ÖrT): Table 3

ACCURACY: Table 3

APPLICABILITY: This method is for peak, ceiling, and TWA determinations of aromatic hydrocarbons. Interactions betweenanalytes may reduce breakthrough volumes and affect desorption efficiencies. Naphthalene, originally validated in S292 [4],failed to meet acceptable desorption efficiency recovery and storage stability criteria at the levels evaluated in this study. However, the application of this method to naphthalene levels at or near the REL/PEL continues to meet acceptable recoverycriteria. Styrene failed to meet acceptable recovery criteria at the two lowest levels evaluated in this study (highest level tomeet the criteria was 181 µg/sample).

INTERFERENCES: Under conditions of high humidity, the breakthrough volumes may be reduced. Other volatile organiccompounds such as alcohols, ketones, ethers, and halogenated hydrocarbons are potential analytical interferences.

OTHER METHODS: This method updates NMAM 1501 issued on August 15, 1994 [1] which was based upon P&CAM 127(benzene, styrene, toluene, and xylene) [2]; S22 (p-tert-butyltoluene) [3]; S23 (cumene) [3]; S29 (ethylbenzene) [3] ; S26("-methylstyrene) [3]; S30 (styrene); S311 (benzene) [4]; S343 (toluene) [4]; and S318 (xylenes) [4].

Page 78: Nilce aparecidahonradopastorello

HYDROCARBONS, AROMATIC: METHOD 1501, Issue 3, dated 15 March 2003 - page 2 of 7

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

REAGENTS:

1. Carbon disulfide*, low benzene,

chromatographic quality.

2. Analytes, reagent grade.

3. Helium, prepurified and filtered.

4. Hydrogen, prepurified and filtered.

5. Air, prepurified and filtered.

* See SPECIAL PRECAUTIONS

EQUIPMENT:

1. Sampler: glass tube, 7 cm long, 6-mm OD, 4-

mm ID, flame-sealed ends, containing two

sections of activated coconut shell charcoal

(front = 100 mg, back = 50 mg) separated by a

2-mm urethane foam plug. A silylated glass

wool plug precedes the front section and a 3-

mm urethane foam plug follows the back

section. Tubes are comm ercially available.

2. Personal sampling pump, 0.01 to 1.0 L/min

(Table 3), with flexible connecting tubing.

3. Gas chromatograph, FID, integrator, and

columns (page 1501-1).

4. Autosampler vials, glass, 1.8 mL, with PTFE-

lined caps.

5. Pipets, 1-mL, and pipet bulb.

6. Syringes, 10-µL, 25-µL, and 250-µL.

7. Volumetric flasks, 10-mL.

SPECIAL PRECAUTIONS: Carbon disulfide is toxic and extremely flammable (flash point = -30°C),

benzene is a suspect carcinogen. Prepare s tandards and sam ples in a well ventilated hood.

SAMPLING:

1. Calibrate each personal sampling pump with a representative sampler in line.

2. Break the ends of the sampler immediately before sampling. Attach sampler to personal sampling pump

with flexible tubing.

3. Sample at an accurately known flow rate between 0.01 and 0.2 L/min for a total sample size as shown

in Table 3.

4. Cap the sam plers with plastic (not rubber) caps and pack securely for shipm ent.

SAMPLE PREPARATION:

5. Place the front and back sorbent sections of the sampler tube in separate vials. Include the glass wool

plug in the vial along with the front sorbent section.

6. Add 1.0 m L eluent to each vial. Attach crimp cap to each vial im mediately.

7. Allow to stand at least 30 min with occasional agitation.

CALIBRATION AND QUALITY CONTROL:

8. Calibrate daily with at least six working standards from below the LOD to 10 times the LOQ. If necessary,

additional standards may be added to extend the calibration curve.

a. Add known amounts of analytes to carbon disulfide solvent in 10-m L volumetric flasks and dilute to

the mark. Prepare additional standards by serial dilution in 10-mL volumetric flasks.

b. Analyze together with samples and blanks (steps 11 through 12).

c. Prepare calibration graph (peak area of analyte vs. µg analyte per sam ple).

Page 79: Nilce aparecidahonradopastorello

HYDROCARBONS, AROMATIC: METHOD 1501, Issue 3, dated 15 March 2003 - page 3 of 7

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

9. Determine desorption efficiency (DE) at least once for each batch of charcoal used for sampling in the

calibration range (s tep 8).

a. Prepare three tubes at each of five levels plus three media blanks.

b. Inject a known amount of DE stock solution (5 to 25 µL) directly onto front sorbent section of each

charcoal tube with a microliter syringe.

c. Allow the tubes to air equilibrate for several minutes, then cap the ends of each tube and allow to stand

overnight.

d. Desorb (steps 5 through 7) and analyze together with standards and blanks (steps 11 and 12).

e. Prepare a graph of DE vs. µg analyte recovered.

10. Analyze a minimum of three quality control blind spikes and three analyst spikes to insure that the

calibration graph and DE graph are in control.

MEASUREMENT:

11. Set gas chromatograph according to manufacturer's recommendations and to conditions given on page

1501-1. Inject a 1-µL sample aliquot manually using the solvent flush technique or with an autosam pler.

Note: If peak area is above the linear range of the working standards, dilute with solvent, reanalyze,

and apply the appropriate dilution factor in the calculations.

Analyte Approximate Retention Time (min)

benzenea 3.52

toluenea 6.13

ethylbenzenea 10.65

o-xylenea 12.92

m-xylenea 11.33

p-xylenea 11.04

cumeneb 18.61

p-tert-butyltolueneb 21.45

"-methylstyreneb 19.99

$-methylstyreneb 20.82

styreneb 18.33

a Separation achieved using a 30-m Stabilwax fused silica capillary colum.

b Separation achieved using a 30-m Rtx-35 fused silica capillary column.

12. Measure peak areas.

CALCULATIONS:

13. Determine the mass, µg (corrected for DE) of analyte found in the sample front (W f) and back (W b)

sorbent sections, and in the average media blank front (B f) and back (Bb) sorbent sections.

NOTE: If W b > W f/10, report breakthrough and possible sample loss.

14. Calculate concentration, C, of analyte in the air volume sampled, V (L):

NOTE: µg/L = mg/m 3

Page 80: Nilce aparecidahonradopastorello

HYDROCARBONS, AROMATIC: METHOD 1501, Issue 3, dated 15 March 2003 - page 4 of 7

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

EVALUATION OF METHOD:

The desorption eff iciency, at levels ranging from 5 times the LOQ to 0.1x the REL, was determined for each

analyte by spiking known amounts (in CS2) on coconut shell charcoal tubes. Both groups of analytes (A

and B) were spiked together on the charcoal sorbent tubes. All analytes, with the exception of styrene and

naphthalene, exhibited acceptable desorption efficiency recovery results at all five levels evaluated. Styrene

failed to meet the 75% recovery criteria at the 18.1 µg and 90.6 µg levels. Naphthalene failed to meet the 75%

criteria at all levels evaluated ranging from 48.8 µg to 976.0 µg.

Each analyte, at a level approxim ately 0.05x REL/PEL, was evaluated for its storage stability @ 5°C after 7,

14, and 30 days. All analytes, with the exception of naphthalene, had acceptable recoveries after 30 days

storage.

REFERENCES:

[1] NIOSH [1984]. Hydrocarbons, Aromatic: Method 1501. In: Eller PM, ed. NIOSH Manual of Analytical

Methods. 4th rev. ed. Cincinnati, OH: U.S. Department of Health and Human Services, Public Health

Service, Centers for Disease Control, National Institute for Occupational Safety and Health, DHHS

(NIOSH) Publication No. 94-113.

[2] NIOSH [1977]. NIOSH Manual of Analytical Methods, 2nd. ed., V. 1, P&CAM 127, U.S. Department of

Health, Education, and W elfare, Publ. (NIOSH) 77-157-A.

[3] Ibid, V. 2, S22, S23, S25, S26, S29, S30, U.S. Department of Health, Education, and Welfare, Publ.

(NIOSH) 77-157-B (1977).

[4] Ibid, V. 3, S292, S311, S318, S343, U.S. Department of Health, Education, and W elfare, Publ. (NIOSH)

77-157-C (1977).

[5] NIOSH [1977]. Documentation of the NIOSH Validation Tests, S22, S23, S25, S26, S29, S30, S292,

S311, S318, S343, U.S. Department of Health, Education, and W elfare; Publ. (NIOSH) 77-185.

METHOD WRITTEN BY:

Stephanie M. Pendergrass, NIOSH/DART

Page 81: Nilce aparecidahonradopastorello

HYDROCARBONS, AROMATIC: METHOD 1501, Issue 3, dated 15 March 2003 - page 5 of 7

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

TABLE 1. SYNONYMS, FORM ULA, MOLECULAR WEIGHT, PROPERTIES

Name/SynonymsEmpiricalFormula

MolecularWeight

Boiling Point(oC)

Vapor Pressure@ 25 oC(mm Hg) (kPa)

Density@ 20 oC(g/mL)

benzeneCAS #71-43-2RTECS CY1400000 C6H6 78.11 80.1 95.2 12.7 0.879

p-tert-butyltolueneCAS #98-51-1RTECS XS84000001-tert-butyl-4-methylbenzene C11H16 148.25 192.8 0.7 0.09 0.861

cumeneCAS #98-82-8RTECS GR8575000isopropylbenzene C9H12 120.20 152.4 4.7 0.63 0.862

ethylbenzeneCAS #100-41-4RTECS DA0700000 C8H10 106.17 136.2 9.6 1.28 0.867

"-methylstyreneCAS #98-83-9RTECS WL5075300isopropenylbenzene(1-methylethenyl)-benzene C9H10 118.18 165.4 2.5 0.33 0.909

$-methylstyreneCAS #873-66-5RTECS DA8400500 C9H10 118.18 175.0 — — 0.911

tolueneCAS #108-88-3RTECS XS5250000methylbenzene C7H8 92.14 110.6 28.4 3.79 0.867

xylenec

CAS #1330-20-7RTECS ZE2100000dimethylbenzene (p-xylene)

C8H10

(ortho)(meta)(para)

106.17144.4139.1138.4

6.78.48.8

0.891.121.18

0.8800.8640.861

styreneCAS #100-42-5RTECS WL3675000vinylbenzene C8H8 104.15 145.2 6.1 0.81 0.906

Page 82: Nilce aparecidahonradopastorello

HYDROCARBONS, AROMATIC: METHOD 1501, Issue 3, dated 15 March 2003 - page 6 of 7

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

TABLE 2. PERMISSIBLE EXPOSURE LIMITS, PPM

NIOSH ACGIH

SubstanceOSHATWA TWA C STEL TLV STEL

mg/m3

per ppm

benzene 1 0.1a 1 10b 3.19

p-tert-butyltoluene 10 10 20 1 6.06

cumene 50 (skin) 50 (skin) 50 (skin) 4.91

ethylbenzene 100 100 125 100 125 4.34

"-methylstyrene 100 50 100 50 100 4.83

$-methylstyrene 100 50 100 50 100 4.83

toluene 200 100 150 50 (skin) 3.77

o-xylene 100 100c 150 100 150 4.34

m-xylene 100 100 100 150 4.34

p-xylene 100 100 100 150 4.34

styrene 100 50 100 50 100 (skin) 4.26

a Potential carcinogenb Suspect carcinogenc Group I Pesticide

TABLE 3. SAMPLING FLOWRATEa, VOLUME, CAPACITY, RANGE, OVERALL BIAS AND PRECISION

Substance

Sampling Flowrate Volumeb (L) (L/min) MIN MAX

Breakthrough Volume @ Concentration (L) (mg/m3)

Range at

VOL-MIN(mg/m3)

Overall Bias Precision (%) (ÖrT)

Accuracy(±%)

benzene #0.20 5 30 >45 149 42 - 165 -0.4 0.059 11.4

p-tert-butyltoluene #0.20 1 29 44 112 29 - 119 -10.3 0.071c 20.7

cumene #0.20 1 30 >45 480 120 - 480 5.6 0.059 15.2

ethylbenzene #0.20 1 24 35 917 222 - 884 -7.6 0.089c 17.1

"-methylstyrene #0.20 1 30 >45 940 236 - 943 -7.6 0.061c 16.9

$-methylstyrene #0.20 1 30 >45 940 236 - 943 -7.6 0.061 16.9

toluene #0.20 1 8 12 2294 548 - 2190 1.6 0.052 10.9

xylene (o-,m-,p-) #0.20 2 23 35 870 218 - 870 -1.2 0.060 12.2

styrene <1.00 1 14 21 1710 426 - 1710 -7.9 0.058c 16.7

a Minimum recommended flow is 0.01 L/min.b VM in = minimum sample volume @ OSHA TWA; VMax = maximum sample volume @ OSHA TWAc Corrected value, calculated from data in Reference 5.

Page 83: Nilce aparecidahonradopastorello

HYDROCARBONS, AROMATIC: METHOD 1501, Issue 3, dated 15 March 2003 - page 7 of 7

NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM), Fourth Edition

TABLE 4. MEASUREMENT RANGE AND PRECISIONa

Measurement

Substance LOD

(µg/sample)

Range

(mg)

Precision

(Ör)

benzene 0.5 0.004-0.35 0.013

p-tert-butyltoluene 1.1 0.013-1.09 0.017a

cumene 0.6 0.039-3.46 0.017

ethylbenzene 0.5 0.045-8.67 0.015

"-methylstyrene 0.6 0.036-3.57 0.014

$-methylstyrene 0.6 0.036-0.728 0.014

toluene 0.7 0.024-4.51 0.022

o-xylene 0.8 0.044-10.4 0.014

m-xylene 0.8 0.043-0.864 0.013

p-xylene 0.7 0.043-0.861 0.015

styrene 0.4 0.181-8.49 0.014

a Corrected va lue, ca lculated from data in [5].