nietzsche

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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. (Redirecionado de Nietzsche ) Ir para: navegaç ã o , pesquisa Friedrich Wilhelm Nietzsche Nietzsche em 1882 Nascimento 15 de Outubro de 1844 Röcken , Alemanha Falecimento 25 de Agosto de 1900 Weimar , Alemanha Nacionalidade Alemã Magnum opus Assim falou Zaratustra Escola/tradição Filosofia continental ; precursor do Existencialismo , Pós-modernismo , Pós- estruturalismo , Psicanálise Principais interesses Epistemologia , Ética , Ontologia , Filosofia da história , Psicologia Idéias notáveis Morte de Deus , Vontade de Poder , Eterno retorno , Super-Homem , Perspectivismo , Apolíneo e Dionisíaco Influências Dostoiévski , Emerson , Goethe , Heine , Heráclito , Kant , Platão , Schiller , Schopenhauer , Spinoza , Wagner Influenciados Bataille , Camus , Deleuze , Derrida , Foucault ,

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Origem: Wikipdia, a enciclopdia livre.

(Redirecionado de Nietzsche) Ir para: navegao, pesquisa Friedrich Wilhelm Nietzsche

Nietzsche em 1882

Nascimento

15 de Outubro de 1844 Rcken, Alemanha 25 de Agosto de 1900 Weimar, Alemanha Alem Assim falou Zaratustra

Falecimento

Nacionalidade Magnum opus

Escola/tradio Filosofia continental; precursor do Existencialismo, Ps-modernismo, Psestruturalismo, Psicanlise Principais interesses Idias notveis Epistemologia, tica, Ontologia, Filosofia da histria, Psicologia Morte de Deus, Vontade de Poder, Eterno retorno, Super-Homem, Perspectivismo, Apolneo e Dionisaco Dostoivski, Emerson, Goethe, Heine, Herclito, Kant, Plato, Schiller, Schopenhauer, Spinoza, Wagner Bataille, Camus, Deleuze, Derrida, Foucault,

Influncias

Influenciados

Heidegger, Iqbal, Freud, Jaspers, Jung, Rand, Rilke, Sartre

Friedrich Wilhelm Nietzsche (Rcken, 15 de Outubro de 1844 Weimar, 25 de Agosto de 1900) foi um influente filsofo alemo do sculo XIX.

ndice[esconder]

1 Biografia 2 Obra 3 Idias o 3.1 Referncias nietzscheanas 4 Niilismo 5 Escritos o 5.1 Manuscritos publicados postumamente 6 Comentrios de terceiros sobre Nietzsche o 6.1 Raymond Aron o 6.2 Bertrand Russell o 6.3 Martin Heidegger 6.3.1 Nietzsche I 6.3.2 Nietzsche II 7 Ver tambm 8 Ligaes externas

[editar] BiografiaFriedrich Nietzsche nasceu numa famlia luterana, tendo sido destinado a ser pastor como seu pai, quem ele perde muito jovem (1849) aos 38 anos, junto com seu av. Entretanto, Nietzsche perde a f durante sua adolescncia, e os seus estudos de filologia afastam-no da tentao teolgica: "Um outro sinal distintivo dos telogos a sua incapacidade filolgica. Entendo aqui por filologia (...) a arte de bem ler de saber distinguir os factos, sem estar a false-los por interpretaes, sem perder, no desejo de compreender, a precauo, a pacincia e a finesse." (O Anticristo). Durante os seus estudos na universidade de Leipzig, a leitura de Schopenhauer (O Mundo como Vontade e Representao, 1818) vai constituir as premissas da sua vocao filosfica. Aluno brilhante, dotado de slida formao clssica, Nietzsche nomeado aos 25 anos professor de Filologia na universidade de Basilia. Adota ento a nacionalidade sua. Desenvolve durante dez anos a sua acuidade filosfica no contacto com pensamento grego antigo - com predileo para os Pr-socrticos, em especial para Herclito e Empdocles. Durante os seus anos de ensino, torna-se amigo de Jacob Burckhardt e Richard Wagner. Em 1870, compromete-se como voluntrio (enfermeiro) na guerra franco-prussiana. A experincia da violncia e o sofrimento chocam-no profundamente. Era inquieto.

Nietzsche em agosto de 1868 Em 1879, o seu estado de sade obriga-o a deixar o posto de professor. Comea ento uma vida errante em busca de um clima favorvel tanto para sua sade como para seu pensamento (Veneza, Gnova, Turim, Nice, Sils-Maria...) : "No somos como aqueles que chegam a formar pensamentos seno no meio dos livros - o nosso hbito pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, danando (...)." Em 1882, ele encontra Paul Re e Lou Andreas-Salom, a quem pede em casamento. Ela recusa, aps ter-lhe feito esperar sentimentos recprocos. No mesmo ano, comea a escrever o Assim Falou Zaratustra, quando de uma estada em Nice. Nietzsche no cessa de escrever com um ritmo crescente. Este perodo termina brutalmente em 3 de Janeiro de 1889 com uma "crise de loucura" que, durando at sua morte, coloca-o sob a tutela da sua me e sua irm. No incio desta loucura, Nietzsche encarna alternativamente as figuras mticas de Dionsio e Cristo, depois afunda em um silncio quase completo at a sua morte. Uma lenda dizia que contraiu sfilis. Estudos recentes se inclinam antes para um cncro (cncer) do crebro, que eventualmente pode ter origem sifiltica. Sua irm utilizou seus escritos aps a sua morte para apoiar uma causa anti-semita. Durante toda sua vida ele sempre tentou explicar o insucesso de sua literatura, chegando a concluso, curiosamente acertada, de que nascera pstumo, para os leitores do porvir. O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarqus leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, por conseguinte, tratou de difundi-la, em 1888. Muitos estudiosos da poca tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua prpria maneira de minimizar os efeitos da sua doena). Na realidade, estes estudiosos, contrrios a sua opinio, fizeram isto para depreciar a obra do filsofo Filsofo dionisaco ou seja, de acordo com sua prpria definio, "que aceita mesmo as qualidades mais pavorosas e mais equvocas da existncia." Nietzsche viveu como pensou, com "o sentimento da unio necessria entre a criao e a destruio."

[editar] Obra

Nietzsche ao lado de sua me. Grande crtico da cultura ocidental e suas religies e, conseqentemente, da moral judaico-crist. Associado, ainda hoje, por alguns ao niilismo e ao fascismo. Uma viso que grandes leitores e estudiosos de Nietzsche, como Heidegger, Foucault, Deleuze ou Klossowski procuraram desfazer. Juntamente com Marx e Freud, Nietzsche um dos autores mais controversos na histria da filosofia moderna. Nietzsche, sem dvida, em parte devido paradoxal influncia de Arthur Schopenhauer, considera o Cristianismo e o Budismo como "as duas religies da decadncia". Religies que aspiram ao Nada. Repudia a filosofia metafsica - de Scrates a Kant cuja concepo afirma que a plenitude da existncia seja uma promessa a ser cumprida aps a morte, no em vida. No obstante, tambm se auto-intitula ateu: "Para mim o atesmo no nem uma conseqncia, nem mesmo um fato novo: existe comigo por instinto" (Ecce Homo, pt.II, af.1) A crtica que Nietzsche faz do idealismo metafsico focaliza as categorias do idealismo e os valores morais que o condicionam, propondo uma nova abordagem: a genealogia dos valores. Nietzsche era decididamente um crtico das "idias modernas", da vida e da cultura moderna. Para ele os ideais modernos como democracia, "socialismo", igualitarismo, emancipao feminina no eram seno expresses da decadncia do tipo homem. Por estas razes Nietzsche , s vezes, apontado como um precursor da ps-modernidade. A figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo a sua irm, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associao. Em A minha luta, Hitler descreve-se como a encarnao do sobre-homem (bermensch). A propaganda nazi colocava os soldados alemes na posio desse sobre-homem e, segundo Peter Scholl-Latour, o livro "Assim Falou Zaratustra" era dado a ler aos soldados na frente de batalha, para motivar o exrcito. Isto tambm j acontecera na Primeira Guerra Mundial. Como dizia Heidegger, na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche.

Mas era explicitamente contra o movimento anti-semita, posteriormente promovido por Hitler e seus partidrios. A este respeito pode-se ler a posio de Nietzsche por ele mesmo: Antes direi no ouvido dos psiclogos, supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do modo mais esplndido entre os anarquistas e anti-semitas, alis onde sempre floresceu, na sombra, como a violeta, embora com outro cheiro. (in Genealogia da Moral) ... tampouco me agradam esses novos especuladores em idealismo, os anti-semitas, que hoje reviram os olhos de modo cristo-ariano-homem-de-bem, e, atravs do abuso exasperante do mais barato meio de agitao, a afetao moral, buscam incitar o gado de chifres que h no povo... (in Genealogia da Moral) Sem dvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito alm da apropriao feita pelo regime nazista. Ainda hoje um dos filsofos mais estudados e fecundos. "Derrubar dolos - isso sim, j faz parte de meu ofcio.". Esta incrvel e corajosa afirmao a sua mais completa declarao autobiogrfica. Por vrios momentos, inclusive, Nietzsche tentou juntar seus amigos e pensadores para que um fosse professor do outro, uma espcie de confraria. Contudo, esta idia fracassou, e Nietzsche continuou sozinho seus estudos e desenvolvimento de idias, ajudado, apenas, por poucos amigos que liam em voz alta seus textos que, nos momentos de crise profunda, Nietzsche no conseguia ler.

[editar] Idias

Nietzsche em 1862 Seu estilo aforismtico, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma s pgina, e dos quais so pinadas mximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo

repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distores e confuses. Algumas delas: 1. 2. 3. 4. "Deus est morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remdio? - Vitria!" "H homens que j nascem pstumos." "O Evangelho morreu na cruz." "A diferena fundamental entre as duas religies da decadncia: o budismo no promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas no cumpre nada." 5. "Quando se coloca o centro de gravidade da vida no na vida mas no alm no nada -, tira-se vida o seu centro de gravidade." 6. "Para ler o Novo Testamento conveniente calar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude necessria." 7. "O cristianismo foi, at o momento, a maior desgraa da humanidade, por ter desprezado o Corpo." 8. "A f querer ignorar tudo aquilo que verdade." 9. "As convices so crceres." 10. "As convices so inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras." 11. "At os mais corajosos raramente tm a coragem para aquilo que realmente sabem." 12. "Aquilo que no me destri fortalece-me" 13. "Sem msica, a vida seria um erro." 14. "A moralidade o instinto do rebanho no indivduo." 15. "O idealista incorrigvel: se expulso do seu cu, faz um ideal do seu inferno." 16. "Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder." 17. "Um poltico divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos." 18. "Quanto mais me elevo, menor eu pareo aos olhos de quem no sabe voar." Entretanto, Nietzsche no pode ser compreendido por meia dzia de frases fora de contexto. Compreend-lo significa conhecer o que ele conheceu em 3000 anos de histria e comportamento humano, atravs de seus estudos teolgicos, filolgicos, filosficos, histricos e de Cincias Naturais. Compreend-lo significa estar disposto a despojar-se de dogmas, transvalorizar todos os valores e caminhar pari-passu com ele, Nietzsche, ou se preferirem, com Zaratustra. Longe de ser um escritor de simples aforismas, era ele um grande estilista da lngua alem, como o prova Assim Falou Zaratustra, livro que ainda hoje de dificlima compreenso estilstica e conceitual. Muito pode ser compreendido na obra de Nietzsche como exerccio de pesquisa filolgica, no qual unem-se palavras que no poderiam estar prximas ("Nascer pstumo"; "Deus Morreu", "delicadamente maleducado", etc...). Seus profundos conhecimentos da religio em seus diversos "sabores" levaram-no a teses, dificilmente refutveis, mas extremamente incmodas aos conservadores de hoje e de antanho. Alado condio de filsofo por sua imensa capacidade de pensar o ser humano (se auto-definia como um "velho psiclogo", quando ainda no se falava em psicologia), entrou no limbo da filosofia. Os estudiosos de filosofia e os cursos atuais costumam saltar de Kant para Bertrand Russell, sem deter-se no hermetismo textual e conceitual de Nietzsche, que j se declarava algum que "nasceu pstumo" em sua autobiografia "Ecce Homo".

Adorava a Frana e a Itlia, porque eram terras de homens com espritos-livres. Admirava Voltaire, e considerava como ltimo grande alemo Goethe, humanista como Voltaire. Naqueles pases passou boa parte de sua vida e ali produziu seus mais memorveis livros. Detestava a arrogncia e o anti-semitismo prussianos, chegando a romper com a irm e com Richard Wagner, por ver neles a personificao do que combatia - o rigor germnico, o anti-semitismo, o imperativo-categrico, o esprito aprisionado, antpoda de seu esprito-livre. Anteviu o seu pas em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos aps sua morte, com a primeira grande guerra e a gestao do Nazismo.

[editar] Referncias nietzscheanasContudo, no prprio legado do filsofo podemos inferir suas opinies em relao a outras filosofias e posies. sumamente importante notar que Nietzsche perdeu o pai muito cedo, seus primeiros livros publicados at 1878, que no expunham suas idias mais cidas, ainda assim fizeram pouco ou nenhum sucesso. Que ele ficou extremamente desapontado com o sucesso de Richard Wagner, o qual se aproximou do cristianismo. Teve uma vida errante, com poucos amigos, e sempre perseguido por picos de doena. Na sua obra vemos crticas bastante negativas a Kant, Wagner, Scrates, Plato, Aristteles, Xenofonte, Martinho Lutero a metafsica, ao utilitarismo, anti-semitismo, socialismo, anarquismo, fundamentalismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, a concepo de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e democracia. Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos citaes, muitas vezes com ressalvas a Schopenhauer, Spinoza, Dostoivski, Shakespeare, Dante, Goethe, Darwin, Leibniz, Pascal e Voltaire. Ele era, sem dvida, muito apreciador da Natureza, das guerras, dos pr-socrticos, das culturas orientais e helnicas.

[editar] Niilismo

Nietzshe em 1875

O legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje de difcil e contraditria compreenso. Assim, h os que, ainda hoje, associam suas idias ao niilismo, defendendo que para Nietzsche: "A moral no tem importncia e os valores morais no tm qualquer validade, s so teis ou inteis consoante a situao"; "A verdade no tem importncia; verdades indubitveis, objectivas e eternas no so reconhecveis. A verdade sempre subjectiva"; "Deus est morto: no existe qualquer instncia superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo"; "O eterno retorno do mesmo: A histria no finalista, no h progresso nem objectivo". Outros, entretanto, no pensam que Nietzsche seja um autor do Nihilismo, mas ao contrrio um crtico do nihilismo. Tal afirmao se baseia na obra Assim falou Zaratustra, donde, se faz clara a vinda do super-homem, sendo que a finalidade do ser de criar. Tal correspondncia totalmente contrria ao nihilismo, pelo menos, em princpio. Todavia, Nietzsche, contrrio ou no, no deixando escapar de seu duro martelo nem mesmo seu grande mestre Schopenhauer nem seu grande amigo Wagner, procurou denunciar todas as formas de renncia da existncia e da vontade. esta a concepo fundamental de sua obra Zaratustra, a eterna, suprema afirmao e confirmao da vida. O eterno retorno significa o trgico-dionisaco dizer sim vida, em sua plenitude e globalidade. Talvez a falta de consenso na apreciao da obra de Nietzsche tenha em parte a ver com as contradies, pelo menos aparentes, no pensamento do prprio autor. As suas ltimas obras, sobretudo o seu autobiogrfico Ecce Homo (1888), foram escritas em meio sua crise que se aprofundava. Em Janeiro de 1889, Nietzsche sofreu em Turim um colapso nervoso. Como causa foi-lhe diagnosticada uma possvel sfilis. Este diagnstico permanece tambm controverso. Mas certo que Nietzsche passou os ltimos 11 anos da sua vida sob observao psiquitrica, inicialmente num manicmio em Jena, depois em casa de sua me em Naumburg e finalmente na casa chamada Villa Silberblick em Weimar, onde, aps a morte de sua me, foi cuidado por sua irm.

[editar] EscritosObras de Friedrich Nietzsche, na ordem em que foram compostas:

O Nascimento da Tragdia no Esprito da Msica (Die Geburt der Tragdie aus dem Geiste der Musik, 1872); reeditado em 1886 com o ttulo "O Nascimento da Tragdia, ou helenismo e pessimismo" (Die Geburt der Tragdie, Oder: Griechentum und Pessimismus) e com um prefcio autocrtico. Contra a concepo dos sculos XVIII e XIX, que tomavam a cultura grega como eptome da simplicidade, da calma e da serena racionalidade, Nietzsche, ento influenciado pelo romantismo, interpreta a cultura clssica grega como um embate de impulsos contrrios: o dionisaco, ligado exarcebao dos sentidos, embriaguez exttica e mstica e supremacia amoral dos instintos, cuja figura Dionsio, deus do vinho, da dana e da msica, e o apolneo, face ligada perfeio, medida das formas e das aes, palavra e ao pensamento humanos (logos), representada pelo deus Apolo. Segundo Nietzsche, a vitalidade da cultura e do homem grego, atestadas pelo surgimento da tragdia, deveu-se ao desenvolvimento de ambas as foras, e o adoecimento da mesma sobreveio ao

advento do homem racional, cuja marca a figura de Scrates, que ps fim afirmao do homem trgico e desencaminhou a cultura ocidental, que acabou vtima do cristianismo durante sculos.

ensaio Sobre a verdade e a mentira em sentido extramoral (ber Wahrheit und Lge im auermoralischen Sinn, 1873 - publicado postumamente). No qual afirma que aquilo que consideramos verdade mera armadura de metforas, metonmias e antropomorfismos. Apesar de pstumo considerado por estudiosos como elemento-chave de seu pensamento. Consideraes Extemporneas ou Consideraes Intempestivas (Unzeitgemsse Betrachtungen, 1873 a 1876). Srie de quatro artigos (dos treze planejados) que criticam a cultura europia e alem da poca de um ponto de vista anti-moderno, e anti-histrico, de crtica modernidade. o David Strauss, o confessor e o escritor (David Strauss, der Bekenner und der Schriftsteller, 1873) no qual, ao atacar a idia proposta por David Strauss de uma "nova f" baseada no desvendamento cientfico do mundo, afirma que o princpio da vida mais importante que o do conhecimento, que a busca de conhecimento (posteriormente discutida no conceito de vontade de verdade) deve sevir aos interesses da vida; o Dos usos e desvantagens da histria para a vida (Vom Nutzen und Nachteil der Historie fr das Leben, 1874); o Schopenhauer como educador (Schopenhauer als Erzieher, 1874); o Richard Wagner em Bayreuth (Richard Wagner in Bayreuth, 1876). Humano, Demasiado Humano, um livro para espritos livres (Menschliches, Allzumenschliches, Ein Buch fr freie Geister, vero final publicada em 1886); primeira parte originalmente publicada em 1878, complementada com Opinies e Mximas (Vermischte Meinungen und Sprche, 1879) e com O andarilho e sua sombra ou O viajante e sua sombra (Der Wanderer und sein Schatten, 1880). Primeiro de estilo aforismtico do autor. Aurora, reflexes sobre preconceitos morais (Morgenrte. Gedanken ber die moralischen Vorurteile, 1881). A compreenso hedonstica das razes da ao humana e da moral so aqui substitudas, pela primeira vez, pela idia de poder, sensao de poder, incio das reflexes sobre a vontade de poder, que s seriam explicitadas em Assim Falou Zaratustra. A Gaia Cincia ou Alegre Sabedoria, ou Cincia Gaiata (Die frhliche Wissenschaft, 1882). No terceiro captulo deste livro lanada o famoso diagnstico nietzschiano: Deus est morto. Deus continua morto. E fomos ns que o matamos, proferido pelo Homem Louco em meio aos mercadores mpios (125). No penltimo pargrafo surge a idia de eterno retorno. E no ltimo, aparece Zaratustra, o criador da moral corporificada do Bem e do Mal que, como personagem na obra posterior, finalmente superar sua prpria criao e anunciar o advento de um novo homem, um alm-do-homem. Assim Falou Zaratustra, um livro para todos e para ningum (Also Sprach Zarathustra, Ein Buch fr Alle und Keinen, 1883-85).

Alm do Bem e do Mal, preldio a uma filosofia do futuro (Jenseits von Gut und Bse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft, 1886). Neste livro denso so expostos os conceitos de vontade de poder, a natureza da realidade considerada de dentro dela mesma, sem apelar a ilusrias instncias transcendentes, perspectivismo e outras noes importantes do pensador. Critica demolidoramente as filosofias metafsicas em todas as suas formas, e fala da criao de valores como prerrogativa nobre que deve ser posta em prtica por uma nova espcie de filsofos. Genealogia da Moral, uma polmica (Zur Genealogie der Moral, Eine Streitschrift, 1887). Complementar ao anterior como que sua parte prtica, aplicada este livro desvenda o surgimento e o real significado de nossos corriqueiros juzos de valor. O Crepsculo dos dolos, ou Como filosofar com o martelo (GtzenDmmerung, oder Wie man mit dem Hammer philosophiert, agosto-setembro 1888). Obra onde dilacera as crenas, os dolos (ideais ou autores do cnone filosfico), e analisa toda a gnese da culpa no ser humano. O Caso Wagner, um problema para msicos (Der Fall Wagner, Ein MusikantenProblem, maio-agosto 1888). O Anticristo(Der Antichrist. Fluch auf das Christentum, setembro 1888). Contra o Cristianismo ou o Anti-cristo seriam tradues possveis para esta obra. Apesar de apontar Cristo, mesmo em sua concepo prpria, como sintoma de uma decadncia anloga que possibilitou o surgimento do Budismo, nesta obra Nietzsche dirige suas crticas mais agudas a Paulo de Tarso, o codificador do cristianismo e fundador da Igreja. Acusa-o de deturpar o ensinamento de seu mestre pregador da salvao no agora deste mundo, realizada nele mesmo e no em promessas de um Alm forjando o mundo de Deus como a cima e alm deste mundo. "O nico cristo morreu na cruz", como diz no livro que seria o incio de uma obra maior a que deu sucessivamente os ttulos de Vontade de Poder e Transmutao de Todos os Valores: uma grande composio sintica da qual restam apenas meras peas (O Anticristo, O Crepsculo dos dolos e o Nietzsche contra Wagner) no menos brilhantes que a restante obra. Ecce Homo, como se tornar aquilo que (Ecce Homo, Wie man wird, was man ist, outubro-novembro 1888). Uma autobi(bli)ografia, onde Nietzsche, ciente de sua importncia e acometido por delrios de grandeza, acha necessrio, antes de expor ao mundo a sua obra definitiva (jamais concluda), dizer quem ele , por que escreve o que escreve e por que um destino. Comenta as suas obras ento publicadas. Oferece uma considerao sobre o significado de Zaratustra. E por fim, dizendo saber o que o espera, anuncia o apocalipse: Conheo minha sina. Um dia, meu nome ser ligado lembrana de algo tremendo de uma crise como jamais houve sobre a Terra, da mais profunda coliso de conscincias, de uma deciso conjurada contra tudo o que at ento foi acreditado, santificado, requerido. () Tenho um medo pavoroso de que um dia me declarem santo: percebero que publico este livro antes, ele deve evitar que se cometam abusos comigo. () Pois quando a verdade sair em luta contra a

mentira de milnios, teremos comoes, um espasmo de terremoto, um deslocamento de montes e vales como jamais foi sonhado. A noo de poltica estar ento completamente dissolvida em uma guerra de espritos, todas as formaes de poder da velha sociedade tero explodido pelos ares todas se baseiam inteiramente na mentira: haver guerras como ainda no houve sobre a Terra. (Porque sou um destino 1, trad. Paulo Csar Souza)

Nietzsche contra Wagner (Nietzsche contra Wagner, Aktenstcke eines Psychologen, dezembro 1888).

[editar] Manuscritos publicados postumamenteEscreveu ainda uma recolha de poemas, publicados postumamente, com o nome de "Ditirambos de Dinisos". Nietzsche deixou muitos cadernos manuscritos, alm de correspondncias. O volume desses textos maior do que o dos publicados. Os de 1870 desenvolvem muitos temas de seus livros publicados, em especial uma teoria do conhecimento. Os de 1880 que, aps seu colapso nervoso, foram selecionados pela sua irm, que os publicou com o ttulo "A vontade de poder", desenvolvem consideraes mais ontolgicas a respeito das doutrinas de vontade de poder e de eterno retorno e sua capacidade de interpretar a realidade. Entre essas especulaes e sob os esforos de intrpretes de sua obra, os manuscritos de 1880 estabelecem repetidamente que no h fatos, somente interpretaes. Contudo, est disponvel a obra Fragmentos Finais, a qual baseada na reestruturao feita aos seus manuscritos no Arquivo.VER

[editar] Comentrios de terceiros sobre Nietzsche[editar] Raymond AronEm O pio dos intelectuais, Raymond Aron escreve: "Nietzsche e Bernanos, este ltimo um crente, enquanto que o primeiro proclamando a morte de Deus, so autenticamente no-conformistas. Ambos, um em nome de um futuro pressentido, o outro invocando uma imagem idealizada do Ancien Rgime, dizem no democracia, ao socialismo, ao regime das massas. Eles so hostis ou indiferentes elevao do nvel de vida, generalizao da pequena burguesia, ao progresso da tcnica. Eles tm horror da vulgaridade, da baixeza, difundida pela prticas eleitorais e parlamentares".

[editar] Bertrand RussellBertrand Russell escreve em "A History of Western Philosophy": "Apesar de Nietzsche criticar os romnticos, a sua atitude fortemente determinada por eles; o ponto de vista do anarquismo aristocrtico que Byron tambm representara, de modo que no surpreendente que Nietzsche seja um grande admirador de Byron. Ele tenta unir duas categorias de valores que dificilmente se relacionam: por um lado ele ama a crueldade, a guerra e o orgulho aristocrtico e, por outro, a filosofia, a literatura, arte e antes de tudo a msica".

[editar] Martin HeideggerAo ver de Heidegger a noo de Vontade de potncia e o pensamento do Eterno Retorno do Mesmo formam uma totalidade indissolvel e no uma incoerncia. Pensar a fundo o Eterno Retorno ir de encontro at ao extremo nihilismo, segundo Nietzsche, nica via para super-lo. Pensar a fundo o nihilismo de Nietzsche para Heidegger pensar a fundo a ausncia de fundamento da verdade do Ser. Em Heidegger eis a que s pode fundar a essncia humana em Nietzsche, visto que este constitui para o filsofo da Floresta Negra "uma tomada de deciso no que tange o pensamento nietzscheano". A obra de Heidegger sobre Nietzsche compreende duas etapas. A primeira delas constitui uma exegese dos escritos de Nietzsche em Nietzsche I e Nietzsche II a expresso da filosofia que toma forma a medida que interrelaciona os interesses dos dois. Segue a diviso principal: [editar] Nietzsche I Segue todo o sumrio da obra de Heidegger sobre Nietzsche que modificou tanto a interpretao vindoura da filosofia de Friedrch Nietzsche como fora esse confronto, de Heidegger com Nietzsche, uma tomada de posio, 'prise de position', frente a sua filosofia, a sua fenomenologia. Prefcio; I. A VONTADE DE POTNCIA ENQUANTO ARTE; 1. Nietzsche, pensador metafsico. 2. O livro da Vontade de Potncia. 3. Plano e trabalho preparatrios grande obra. 4. Unidade da Vontade de potncia, do Eterno Retorno e da Transvalorao. 5. Estrutura da obra capital e inverso na maneira de pensar de Nietzsche. 6. O ser do ente enquanto vontade na metafsica tradicional. 7. A vontade enquanto Vontade de potncia. 8. Vontade enquanto afeto, paixo e sentimento. 9. Interpretao idealista da doutrina da vontade em Nietzsche. 10. Vontade e potncia. Essncia da potncia. 11. A questo fundamental e guia da filosofia. 12. As cinco proposies sobre a arte. 13. Seis fatos fundamentais tirados da histria da esttica. 14. Embriagues enquanto estado esttico. 15. A doutrina do Belo em Kant. Sua interpretao errnea por Schopenhauer e Nietzsche. 16. Embriagues enquanto fora criativa da forma. 17. O grande estilo. 18. O fundamento das cinco proposies sobre a arte. 19. O pattico desacordo entre verdade e arte. 20. A verdade no platonismo e no positivismo. A tentativa de uma inverso do platonismo em Nietzsche a partir da experincia fundamental do nihilismo. 21. Esfera e contexto da reflexo de Plato sobre a relao arte e verdade. 22. A distncia da arte (mimsis) em relatar verdade (idea) na Repblica de Plato. 23. Fedro de Plato: Beleza e verdade em um benfico desacordo. 24. Inverso do platonismo por Nietzsche. 25. Nova interpretao do sensvel e o pattico desacordo entre arte e verdade. II. O ETERNO RETORNO DO MESMO; 1. Doutrina do Eterno Retorno enquanto pensamento fundamental de Nietzsche. 2. Nascimento da Doutrina do Eterno Retorno. 3. A primeira forma de comunicao da doutrina do Eterno Retorno. 4. Incipt tragoedia. 5. A segunda comunicao da doutrina do Eterno Retorno. 6. D viso e do enigma. 7. Animais de Zaratustra. 8. A terceira comunicao da doutrina do Eterno Retorno. 9. Pensamento do Eterno Retorno aps as

notaes inditas. 10. As quatro notaes datadas do ms de agosto de 1881. 11. Descrio sintica do pensamento: o ente em sua totalidade enquanto vida, enquanto fora; mundo enquanto Caos. 12. Reservas ao sujeito da humanizao do ente. 13. A prova que Nietzsche trs em sua doutrina do Eterno Retorno. 14. Pretenso processo cientfico da demonstrao; filosofia e cincia. 15. Carter de prova da doutrina. 16. Pensamento do Eterno Retorno enquanto crena. 17. Pensamento do Eterno Retorno e liberdade. 18. Olhar retrospectivo sobre as notaes datadas do perodo de A Gaia Cincia (1881-1882). 19. Notaes inditas datadas do perodo do Zaratustra (18831884) 20. Notaes datadas do perodo de Vontade de potncia (1884-1885). 21. Estrutura da doutrina do Eterno Retorno. 22. Domnio do pensamento do Eterno Retorno: a doutrina do Eterno Retorno: a doutrina do Eterno Retorno enquanto reduo do nihilismo. 23. Instante e Eterno Retorno. 24. Essncia de uma posio fundamental metafsica. Sua possibilidade na histria da filosofia ocidental. 25. A posio metafsica fundamental de Nietzsche. III. A VONTADE DE POTNCIA ENQUANTO CONHECIMENTO. 1. Nietzsche enquanto pensador do acabamento da metafsica. 2. Si dizendo obra capital de Nietzsche. 3. Vontade de potncia enquanto princpio de uma nova instituio de valores. 4. Conhecimento no pensamento fundamental de Nietzsche sobre a essncia da verdade. 5. Essncia da verdade (retitude) enquanto juzo de valor. 6. O pretenso biologismo de Nietzsche. 7. A metfora ocidental enquanto lgica. 8. A verdade e o verdadeiro. 9. Antinomia do mundo verdadeiro e do mundo aparente reconduzida das narrativas de valores. 10. O mundo e a vida enquanto devir. 11. Conhecimento enquanto esquematismo do Caos, conforme uma necessidade prtica. 12. O conceito de Caos. 13. Necessidade prtica enquanto necessidade do esquema, formao de horizonte e perspectiva. 14. Acerto e suportao. 15. Essncia potica da razo. 16. Interpretao biolgica do conhecimento em Nietzsche. 17. Princpio de contradio enquanto princpio do Ser (Aristteles). 18. Princpio de contradio enquanto imperativo (Nietzsche). 19. A verdade e a diferena entre o mundo verdadeiro e o mundo aparente. 20. Extrema mudana da verdade metafsica conue. 21. A verdade enquanto justia. 22. Essncia da Vontade de potncia. A consistncia do devir no Dasein. [editar] Nietzsche II IV. Eterno retorno do mesmo e votade de potncia; V. O nihilismo europeu; VI. A metafsica de nietzsche; VII. A determinao ontolgico-historial do nihilismo; VIII. A metafsica enquanto histria do ser; IX. Projetos para a histria do ser enquanto metafsica; X. A remoo na metafsica. Heidegger adverte que, embora a obra sempre retorne devido sua compleio didtica, os textos no acompanham a sequncia das prelees de Marlburg de 1931 a 1936 e de Marlburg de 1940 a 1946, onde teve incio o nascimento da obra e o pensamento que j o acompanhava desde antes de seu doutorado tomou forma.

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