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NÃO ME JULGUE PELA CAPA 2 Genildo Alves de Lima

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NÃO ME JULGUE PELA CAPA 2 Genildo Alves de Lima

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Apresentação

Este pequeno grupo de textos é destinado

a todo e qualquer leitor (já que não existe texto

sem que exista leitor), mas, sobretudo, é

destinado àquele leitor que não quer ler, ou que

costuma dizer que não gosta de ler. Se... assim...

por acaso, você é um desses leitores, veja o que é

dito a você nestes pequenos textos, e, de novo,

atenda pelo menos ao pedido inicial que este

livrete te faz : “Não me julgue pela capa”.

Se você não é um desses, mas conhece

algum, apresenta-se aqui uma sugestão: que tal

presenteá-lo com um exemplar?

Boa leitura!

Comece logo no verso dessa página.

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Não vou ler.

Quero ouvir.

Que fazer

Disso aqui?

É papel,

Tá riscado

Com tinta pretinha

Por todos os lados.

Não lerei.

Digo sim.

Quem lerá

Isso assim?

Quero só

Meu lazer.

Mas se eu não ler

Como irei aprender?

Já passei

Um tempinho

Lendo só

De pouquinho.

Sem notar,

Terminou.

Disfarçadamente

A página acabou.

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Você quer ler?

Você não quer ler?

Se você não quer ler, leia e veja se deve ou não

colocar uma vírgula para dizer exatamente que não quer

ler. Porque dependendo do uso de uma vírgula podemos

dizer exatamente o contrário do que pretendíamos dizer.

Então? Você quer ler? Ou não?

“,” – Esta é a vírgula.

Veja abaixo algumas das palavras que você pode

pôr enfileiradas quando quer escrever que não quer ler:

Não (funcionando como um advérbio de

negação);

Quero (funcionando como o verbo querer na

primeira pessoa do singular);

Ler (funcionando como o verbo ler no infinitivo).

Agora, as três palavras são juntas, na posição

horizontal, em uma sequência da esquerda para direita.

Ah! Quase ia me esquecendo: ponha também um “ponto

final”.

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Acho que você escreverá de uma dessas formas (a

depender do uso ou não da vírgula):

Não quero ler.

Não, quero ler.

E aí? Você usou a vírgula? Usou? Se você usou...,

que bom! Se você usou, você não disse não quero ler,

mas disse: Não, quero ler. E isso é bom! Bom porque este

conjunto de textos não acaba por aqui!!

Ah! Que bom!! Que bom que você usou a vírgula!

Até ela ficou feliz!

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QUEM SOU EU??

Eu sou eu!

Bate-se no peito com impensada soberba,

E grita-se: Eu sou eu, rapaz!

Como se dissesse: eu sou o que pode,

Eu sou o que tem, eu sou o que faz!

Quem é esse “eu”?

Ele é o eu e o você, que não sabem o dia de amanhã!

Na verdade, não sabem nem as próximas horas;

Como serão sentidas... se serão vividas;

E se ao coração restam muitas batidas.

Eu... só sou eu agora!

Eu sou eu.

Sou esse eu que aqui temporalmente reside.

Mas, se quando quem me fez “eu”

Reclamar-me a minha ausência daqui,

Serei “eu muito mais eu”

Para estar com Ele ali? Genildo Alves de lima 20/02/2016

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O VÍCIO

O vício é algo terrivelmente prejudicial. Não

importa qual seja; todo vício diminui o ser humano;

escraviza-o!

O dicionário Larousse Cultural, entre outras

definições, assim define vício:

Vício – Sm. (Do Lat. Vitium.)

1- Defeito que torna algo ou alguém inadequado a

determinado fim; imperfeição, deformidade.

2- Tendência para determinado hábito prejudicial.

3- Disposição contumaz para o mal.

4-Costume moralmente censurável; devassidão,

libertinagem.

5-costume ou hábito nocivo (Dic. Larousse Cultural, p

912).

Aqui nos interessa as definições de 2-5, mas todas

elas contribuem para o fortalecimento da primeira

definição – vício é defeito, imperfeição, deformidade.

Sim, porque é isso que o vício faz – enche seus usuários

de defeitos, retira-lhes as boas qualidades e os tornam

deformados!

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Imagine, por exemplo, um jovem que sai de sua

casa, limpo e perfumado, e, começando num copinho de

cerveja, em poucos instantes começa demonstrar canseira

no olhar, rir por qualquer coisa, apertar exageradamente

as mãos de todo mundo. Mais um pouco de tempo, e ele

está com os reflexos afetados. De repente, encontra-se

deitado na beirada de uma calçada, tendo parte de seu

corpo no esgoto, e para completar, um cão lambendo-lhe

o rosto!

Isso não é nada bom! Isso não dignifica o homem.

Por isso mesmo, as Escrituras Sagradas – A Bíblia – tanto

em suas narrativas, quanto em mandamentos mais diretos,

advertem quanto ao uso de bebida que embriaga! Para

começo de conversa, a Bíblia revela-nos que o homem é

uma criação de Deus, e foi feito com um propósito; foi

feito à sua imagem e à sua semelhança. Esse homem

caído e embriagado na calçada está indo numa direção

que o distancia da vontade de seu Criador. É o vício o

deformando!

Todo vício é ruim. Não importa qual. Apesar de

sabermos da existência (e curta existência) de pessoas

viciadas em drogas diversas, há vícios que estão bem

perto e que, sutilmente, abrem as portas para outras

drogas mais fortes e mais viciantes ainda.

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O cigarro e a bebida alcoólica (que são chamados

“drogas lícitas”, ou seja, que não são proibidas) têm

levado muitas vidas à destruição. Nas últimas décadas, os

governos têm demonstrado certo empenho no

desestímulo do uso do cigarro, que, ao longo do tempo,

tem causado muitas mortes; mas, quanto à bebida

alcoólica? Por que as mortes e outros males que a bebida

causa não geram a mesma preocupação?

Verdades assim não podem ser esquecidas. Não

podem ser adiadas. Por duras que sejam, precisam ser

ditas!

O texto da sequência (que como você

naturalmente perceberá pertence a outra tipologia textual)

vai abordar o perigo do vício da bebida, enfatizando a

dura realidade vivida por muitas famílias que tiveram que

suportar duros momentos, e admitirem, lamentando que:

o que finda em um sepultamento começou num

copinho de cerveja!

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VERDADES ASSIM...

Eu passei numa estrada asfaltada,

vi dum lado o sinal duma desgraça!

Muita coisa espalhada... vi fumaça,

e também muita gente aglomerada.

Perguntei a pessoa aproximada,

e ela disse: virada, ou batida!

Disse alguém: foi bebida com cereja!

Tudo, então, terminou neste lamento:

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja!

Alcoolismo é vício, e perigoso!

Todo vício é ruim, só traz o mal,

O cigarro já fez seu carnaval,

E ainda desfruta de algum gozo.

Pro tabaco, já diz-se de campanhas,

Nas carteiras, vê-se a morte com frieza.

Nas garrafas... impedem que se veja,

E aí segue o povo ao seu tormento:

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja.

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Se você já pergunta há algum tempo

Como é que se dá esse critério

De mostrar resistência só ao fumo,

Se a bebida conduz ao cemitério?!

O cigarro adoece e leva ao leito

Do hospital, e isso vai gerar despesa...

E pra quem, “bem”, de fato, não almeja,

Alcoolismo é melhor investimento!

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja.

Com a bebida o poder ganha bilhões!

Não se importa com a vida de ninguém;

Seu imposto é grande, e o governo tem,

Pra mantê-la, um bocado de razões!

Vira carro pequeno e caminhões,

Leva luto pra uma família inteira.

Funerária no lucro – a vez enseja!

É dureza afirmar esse momento:

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja.

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A lei seca só serve para o trânsito,

Mesmo assim, não faz tudo, nem faz tanto...

Há famílias chorando em desespero

E a bebida é culpada desse pranto.

“Homem bêbado agride a mulher”.

Diz assim a manchete do jornal.

Lá no bar, outro tiro a alguém alveja.

Vai chorar outra mãe em sofrimento:

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja.

Desculpe-me a dureza destes versos,

Mas verdades assim não se escondem,

Se você olhar bem a sua volta,

Já verá que os fatos correspondem!

A bebida que pode embriagar,

A Bíblia a reprova com firmeza.

Quem bebendo insiste, só fraqueja,

Viverá tendo a morte como alento:

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja!

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Não importa se a tal “desce redondo”,

Ou se se acha sem comparação,

É gelada, mas bota numa “fria”

Quem se ilude no “vai e vem verão”!

Há quem caia na tal da “boa ideia”;

E na que tem mania de grandeza.

Se é devassa ou proibida, não eleja!

Ou a outra, e a que refresca pensamento.

O que finda em um sepultamento,

Começou num copinho de cerveja!

Genildo Alves de Lima

21 de fevereiro de 2016

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PLANOS PARA ESTE ANO LETIVO.

Este ano eu não vou parar de estudar.

Não vou perder tempo, e nem vou desanimar.

Farei o possível para não ter desilusão -

Prova com boa nota é certeza de aprovação.

Pouca brincadeira, também pouca distração.

Não fazer besteira, pra não ter decepção.

Quero ter meu tempo para ler e pesquisar.

Trazer, porém, na aula, desligar meu celular.

Sendo desse jeito sei que ganharei bem mais.

Sem viver morrendo procurando um Wi-Fi.

Nada de internet só pra ver tempo passar.

Trabalharei pra ter uma boa nota, e até sobrar!

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BEM-VINDO A SAPIÊNCIA

“Nas minhas desejadas andanças entrei em uma

cidade que parecia querer desconectar-se de grande parte

do mundo”. Isso, acredite se quiser, foi o que me disse

um dos amigos com quem costumo conversar. Eu não o

interrompi; e ele continuou:

Claro que eu não tinha entendido bem o aviso

(logo na entrada da cidade) que dizia: “Bem-vindo a

Sapiência. Aqui você tem a Lei Tura”. Então, já que

estava dentro, não pude ficar por fora; tive que me

conectar a essa desconexão.

– Como vocês podem se desconectar assim do

mundo? Perguntei a um deles.

– Bom, foi preciso. Respondeu-me. E

acrescentou: é a Lei!

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– Lei?! Que Lei?

– Tura.

– Tura?! Mas que espécie de Lei é essa? Uma lei

que quer nos desconectar de uma tão moderna conexão!

Quem criaria uma Lei dessas...?

Depois desse dia, aos poucos, e sei que talvez

você não acredite, fui sendo convencido da importância

dessa Lei. Agora, já posso até mesmo falar em sua defesa.

A primeira coisa que precisei entender foi a

amplitude de significados possuída pela palavra

“mundo”. Pois só a partir daí foi que vi que há vários

mundos significando alguma coisa, e muitas coisas que

significam algum mundo:

O Mundo do Trabalho,

O Mundo da Diversão;

Mundo da Realidade,

E Mundo da Ilusão;

Mundo do Povo Atrasado,

O Mundo do Educado,

E o de Fingida Educação.

Há mundo pra todo gosto.

E pra não perder seu posto,

Há o mundo que engana os outros:

É o Mundo da Distração!

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Tendo essa nova compreensão de mundo eu pude

sair em defesa da Lei Tura, e passei a explicar que aquela

desconexão era, de fato, necessária.

Mas veja lá! Havia quem não gostasse nem um

pouco de ouvir que alguém defendesse o uso da Lei Tura.

Diziam que isso era retroceder; era andar pra trás.

Para que se tenha uma ideia, nas cidades vizinhas

todo mundo estava sempre “plugado”; o tempo todo

conectado. E para completar, não faltava novidade na

“rede”. Estavam sempre presos por ela, ou estavam

desfrutando do bom sono que seus embalos

proporcionavam... Celulares, tablets, notes e netes, e todo

e qualquer equipamento novo que ia surgindo, não

esquentava lugar nas lojas e departamentos de vendas

dessas cidades; todo mundo queria o seu. Podia faltar o

dinheiro da boa alimentação, mas o da parafernalha

eletrônica estava garantido.

Muito diferente era a ideia de possuir um livro. As

bibliotecas estavam fechadas ou empoeiradas. O descaso

dos governantes dessas cidades era tanto, que chegaram a

permitir que a maior de suas bibliotecas (você pode a

considerar assim como um verdadeiro Museu da Língua

Portuguesa) fosse devastada com um incêndio.

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Mas lá em Sapiência as coisas estavam ficando

diferente. E isso por conta da tal Lei Tura. Ah, por favor!

Não confunda-se Lei Tura com Lei Dura.

A Lei Tura conectou o povo da cidade de

Sapiência a uma desconexão necessária. Sou testemunha

de que no começo pareceu trabalhoso, porque o povo já

estava viciado ao Mundo da Distração, e por isso, não

viam o tempo passar. Antes da implantação da Lei, não se

lia (bom, pelo menos não se lia nada significativo),

também não se escrevia, e por isso, a caligrafia já quase

não existia. Com a chegada da Lei Tura, as coisas

começaram a mudar, e quando alguém queria gastar seu

tempo brincando, por exemplo, em um aparelho celular,

seu dever de cidadão sapiente ecoava em sua consciência

dizendo-lhe:

Lei Tura, Lei Tura.

Se pensava em perder tempo:

Lei Tura, Lei Tura.

Note, ou outro equipamento:

Lei Tura, Lei Tura.

E assim era o refrão:

Lei Tura, Lei Tura.

Sempre que era distração,

Diz o sapiente: Não!

Levava a sério a Lei Tura.

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Isso durou até que toda a população sapiente

consolidou-se. Até mesmo o jeito de gastar o dinheiro

melhorou com a ajuda da Lei Tura.

– Ei colega, veja esse aparelho celular: ele tem

isso, isso, isso e isso; ele quase caminha! E ainda serve

pra você fazer ligações! Adquira já o seu!

– Ah...! muito obrigado! Me contento com um

telefone. É que, agora, ao conhecer a Lei Tura, aprendi a

valorizar meu tempo lendo bons livros.

– Espera! Vem cá. Esse aparelho celular também

acessa livros em vários formatos. Você pode ler nele!

– Tudo bem, mas eu prefiro o livro de papel.

É melhor; é mais presente,

E como eu sempre digo,

Ele é também mais versátil,

E mais amigo da gente.

Pode até cair e não se quebra,

Não se infecta, não descarrega;

Sempre vai abrir; nunca se nega!

E sobre tudo, não vai me fazer,

Em um click descuidado,

Assinar algum pacote,

Desses que te dão um bote,

Te deixando endividado.

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E assim era com muitos dos vendedores de

brinquedos para adultos. Sim, porque foi assim que o

povo sapiente passou a ver quase todo aquele aparato

tecnológico que lhes eram oferecidos. Não passavam de

brinquedos! Sim, brinquedos para adultos! Excelentes

fontes de distração. Antes de conhecerem a Lei Tura, eles

os haviam comprado, exatamente porque se distraíram

com outro instrumento muito bom em distração – a

televisão. Esta sempre achava um jeitinho para levar o

povo a pensar que realmente iriam precisar daqueles

aparelhinhos (claro que os fabricantes davam uma boa

grana para que a TV fizesse isso). Mas, com pouco

tempo, e com a ajuda da Lei Tura, todos perceberam que

o tempo que gastavam nos ditos aparelhos tornava-se um

prejuízo irreparável, e aí, a “pena não valia”! Os

vendedores sempre lhes ofereciam novos equipamentos,

com mais e mais recursos..., com interação e etc., etc. Era

assim que, antes da Lei Tura, os moradores daquela

cidade levavam a vida, e somente disso se ocupavam.

Mas agora, eram novos os tempos...

A Lei Tura, meu amigo, só trazia ganhos. Quem

não sairia ganhando com ela?

Bem, na verdade, nem todos. Eu devo admitir.

Havia um grupo que até teve que se mudar de sapiência.

Ele se sentiu prejudicado pela Lei Tura. É que com a Lei

Tura o povo passou a valorizar o melhor do

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conhecimento, e, por isso, não ficava sem um bom livro

nas mãos. Lendo, eles aprendiam; e aprendendo, eles não

se deixavam enganar! E aí é que estava o negócio: esse

grupo que saiu da cidade sobrevivia na dependência do

engano.

Quando ele percebeu o efeito que a Lei Tura

estava causando, não teve outra: foi só reclamação:

– Puxa vida... agora tá difícil de enganar essa

gente. Eles não param de ler; e assim estudam sobre tudo!

Disse um deles, certa vez.

– Ué?! Não está funcionando a distração em

Sapiência? E os nossos aparelhos tecnológicos com todos

aqueles passatempos? Perguntou o outro, admirado.

Outro gritou:

Eu bem que avisei pra não dar bola pra esse

negócio de educação. Basta dar bola pro futebol! Pra que

valorizar professor...?! Se pagar salário digno eles

ensinam ao povo e aí vai sobrar pra gente! Eu falei. Eu

falei. Pra que ligar para educação de verdade...?!

– sim, nós temos seguido esse plano (disse um

outro), mas esse povo parece que tem muita força de

vontade depois dessa tal de Lei Tura.

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– Ei! Mas não precisa exagerar quando negar-

lhes educação. Tem que ser de um jeito que eles não

percebam.

– Claro. Eles não podem perceber. Aliás, nós

nunca os deixamos sem a educação. Só porque ela usa

muletas não quer dizer que não exista! Replicou um dos

presentes, dando gargalhadas.

O fato é que com todas essas jogadas, o povo

sapiente não caiu na armadilha. Com a execução séria da

Lei Tura, esse grupo de enganadores tiveram que dar no

pé. Caíram fora.

O amigo viajante, então, me garantiu que, em sua

opinião, essa lei mudou a cidade; mudou o povo. Quando

a distração apontava, embalada em propagandas daquele

grupo que queria o enganar, o povo de Sapiência logo

lembrava, repetindo:

Lei Tura, Lei Tura,Lei Tura, Lei Tura.

Distração tira meu tempo,

Fico sem conhecimento,

Sem cultura, sem bom gosto;

Sem saber cobrar o imposto

Que é pro nosso crescimento.

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Lei Tura, Lei Tura, Lei Tura, Lei Tura.

Não quero passar as horas

Cutucando numa tela,

Falando em time e fofoca,

Só perdendo nessa troca

E ampliando a mazela.

Tendo, então, essa firmeza, a cidade cresceu digna

de seu nome - Sapiência! Um lugar onde o povo não

perdia tempo com o mundo da distração. Não, ao menos,

com distrações que o iludisse e tomasse o tempo que

pertence à busca pelo saber. Lá tudo tinha seu espaço;

mas o primeiro espaço era mesmo o da educação. Não

qualquer “educação”, mas a educação que garante que o

saber é de todos, e que abre os olhos daqueles que estão

sendo enganados por grupos que detêm as maiores

posses. Essa educação não permite que haja vítimas

desses grupos opressores.

Naturalmente, uma educação como essa, inclui

conhecer os critérios pelos quais os impostos pagos pelo

povo são administrados; e isso, com certeza, fará com que

os administradores levem mais a sério seu posto.

A cidade de Sapiência percebeu que muitos destes

representantes não gostavam dos efeitos da Lei Tura,

exatamente, porque ela proporcionava essa educação. Foi

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esse tipo de representante que estava no grupo que teve

de se mudar de Sapiência.

Na cidade de Sapiência, os administradores do

dinheiro do povo, isto é, dos impostos, tiveram que tomar

mais cuidado; porque o povo sabia como a coisa tinha

que funcionar! É que o povo de Sapiência, depois da tal

Lei Tura, não aturavam corrupção com qualquer bem

público; nem dos políticos de sua cidade, nem de

quaisquer outras pessoas. Não havia mais em Sapiência

ninguém que quebrasse um bem público qualquer; quem

pichasse uma parede, ou algum aluno que quebrasse uma

carteira em sua escola. Todos, do mais novo ao mais

velho, sabiam que tudo aquilo era adquirido a duras penas

com os impostos que pagavam. Eles queriam ver retorno

destes impostos, e, certamente, também queriam

preservar os bens por eles adquiridos. Tudo isso graças a

Lei Tura; porque com ela eles agora liam mais. Já não se

distraiam tanto.

Isso é que é lei! Disse o viajante. Lei Tura!

Livrou o povo da Lei Dura – a Lei de viver enganando-se

com tanta perda de tempo.

Agora o povo tem tempo e disposição para ler, e,

por isso, ao fazerem uso da leitura, fazem da cidade o

bom lugar que é! Sapiência!

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O meu amigo viajante olhou para o céu, na

direção de seu ombro direito, e, num gesto prazeroso, que

juntava entusiasmo e saudade, disse quase num sussuro:

Sapiência... ê Sapiência... que cidade... ê povo sapiente!

Imaginei que ele estava terminando de contar

toda a história, mas antes que eu dissesse alguma coisa,

num gesto de humilde pressa, pedindo-me desculpas e

licença para acrescentar uma pequena, mas importante

lembrança que, disse ele, não podia deixar de fazê-lo. E

disse ele:

Já era tardinha em Sapiência. Então avistei

Bidinho Sá, um garoto que tive a oportunidade de

conhecer (claro que era melhor chamá-lo pelo primeiro

nome). Como eu estava de saída da cidade, ele veio às

pressas me trazer umas palavras que tinha posto em um

papel. Ele disse-me que aquilo só lhe fora possível depois

de conhecer a Lei Tura. Eu recebi a folhinha bem

dobradinha, e no desdobramento já comecei a ver estas

palavras:

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Desejado é o estado

Em que todos leiam mais,

Só coisa boa, é claro,

E que nos torne capaz,

Já que tudo nessa vida

Ampara conhecimento...

Demos olhos à leitura,

Ouvidos ao pensamento.

Última vez que se diz

Tudo que é preciso ouvir:

O cidadão que não ler

Precisa mudar porque

Isso é muito ruim, e

A leitura traz saber!

Concluindo, repetiu seus gestos de saudosismo.

Desta vez apenas respirou fundo fechando levemente os

olhos e se despediu mais uma vez.

A mim restou-me apenas perguntar: em que país

fica essa cidade? Esperei a resposta, que levou alguns

segundos que eternizavam minha curiosidade, e... Já de

saída, gritou, de longe: Bidinho Sa. Bidinho Sa, Bidinho

já disse; o estado e o país!

Então eu repeti rapidamente: Bidinho Sa, Bidinho

Sa, Bidinho Sa, Bidinho...

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Se eu bem entendi, acho que ele falava algo sobre

os versos... acho que ele falou acrosticamente...

Sapiência está no país e no estado que eu já

suspeitava...

Mas um dia, quem sabe...

Chegarei lá.

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COISAS [quase] ENGRAÇADAS...

Há coisas engraçadas que eu não conto.

Não conto do “contar quantitativo”,

Pois contá-las em uma narrativa,

É o contar que faz atingir o ponto.

Vivo num país que é um gigante,

Que arrecada impostos aos milhões,

Tem no poder líderes ladrões,

Enquanto o cidadão vive ofegante!

Tem pouca polícia no distrito,

Se ocupam pra dar segurança ao jogo,

Nos protestos vão pra segurar o povo,

Que já não se contenta só com o grito.

E as Forças Armadas (veja a altura!)

Que convidou jovens a aventuras...

Agora perseguem um mosquito!

O mosquito, no fundo, é inocente!

Que também necessita de uma cura.

Ele é só uma pobre criatura,

Que até já ajudou a presidente...

Pois no pega-pra-capá politiqueiro,

Que acunha a presidência nesse prato,

Jornal que era pra falar da lava-jato,

Só falou foi do mosquito o tempo inteiro!

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Os que querem dar por certo o que é torto,

Bem depressa do mosquito se aproveitam,

“São os Direitos [des]humanos” , não rejeitam

Qualquer brecha pra motivar o aborto!

Ao mosquito, já não basta a exploração?

Quantas vezes ele protagonizou,

Do prefeito até ao governador,

um programa de campanha de eleição!

Com o mosquito já fizeram parceria,

O comércio pôde até ficar mais quente.

Ganhou mais quem vendeu mais repelente,

E foi bom pro ramo da perfumaria.

Chikungunya, Dengue, Zica... quem diria...!

Que um mosquito assim seria tão famoso.

Mas por ele não picar quem tá cheiroso,

Caiu bem para aquecer a economia!

Se você não pode achar isso engraçado,

Não é nada que eu julgue anormal.

Mas, no democrático país do carnaval...?!

Vive seu “povo livre” enjaulado...!

Você passa e vê nas casas tantas grades,

Segurança o povo espera, faz é anos...,

Mas já tem tantos “direitos humanos”,

Que, ao ladrão, dá-se “prisão em liberdade”.

São coisas quase engraças Se fosse uma ficção.

Mas segure o coração: isso é realidade!

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Nitinha

Ela nunca tinha pensado nisso. Nisso que há

pouco tempo lhe aconteceria... Jovenita, quando era

apenas uma menina que livremente se prendia a simples

brincadeiras, já era encantadora; mas logo tornou-se

mocinha de notável beleza; beleza que não dependia de

acessório algum. Se havia alguém com quem a indústria

cosmética não lucraria, era Jovenita. Nitinha, como,

carinhosamente a chamavam, tinha mesmo a beleza que

ia além de traços fisionômicos.

O que estava para acontecer mudaria muita coisa

no mundo de Nitinha. Muitas pessoas, naturalmente,

elogiavam sua beleza, mas nunca como aconteceu

naquela manhã de terça-feira, quando voltava de uma de

suas tarefas cotidianas da ajuda que dava a sua mãe (e

isso era uma das características da beleza de Nitinha –

sua humildade e altruísmo – principalmente no que diz

respeito a sua relação familiar). Nessa volta, encontrou-

se com Perfeito. Quem era o Perfeito?? Você pergunta se

isso é um nome próprio?? Não, claro que não! Mas era o

rapaz que mais a elogiava. Apesar de Nitinha não cair em

toda e qualquer conversa, via nesse rapaz tudo de bom e

bonito. Pouco lhe importava o nome dele; para ela, ele

era mesmo perfeito.

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Com mais alguns dias, o rapaz que não lhe

poupava elogios, não lhe saia do pensamento. Tal como

em seus sonhos, ela o imaginava. Ou, talvez, tal como o

imaginava, ele aparecia em seus sonhos... Às vezes, ela se

perguntava: será quê...?

Mas, algumas de suas colegas a advertiam

quanto ao fato do tal rapaz ser novato na região, o que o

colocava sob várias suspeitas: seria ele comprometido?

Pior ainda: seria casado? Ou passava por um turbulento

divórcio? Teria algum vício e o escondera

cuidadosamente? Ou outro segredo qualquer, que no

futuro se revelasse comprometedor? Isso fervilhava agora

naquela mente que, havia pouco tempo, só pensava em

divertidas e ingênuas brincadeiras.

Poucos dias depois, na rua do mercado, uma

mocinha correu-lhe ao encontro e, de baixinho, lhe disse:

“Fortes” está logo ali (Fortes, era o sobrenome do rapaz,

seu nome, ocasionalmente se conhecerá); na casa de

Dona Esperança. Esperança estava logo na próxima rua.

Ao ouvir a notícia, o coração de Nitinha

disparou. Notava-se em sua respiração. Era um misto de

alegria e medo o que, agora, ela experimentava.

Imediatamente ela disse à mensageira que iria

lá. Era o momento para, talvez, ouvir alguma proposta

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mais substancial por parte do rapaz. Assim, aquela

ansiedade, e curiosidade quanto às suspeitas levantadas

sobre ele, teriam algum desfecho. Claro que ela torcia

pela inocência, e disso, para a certeza, só lhe faltava “o

quase”.

O que Nitinha não imaginava, era que, dentro da

casa ao lado, por trás da janela da qual ela estava tão

próxima quando recebeu aquele recado, estava Pedro, um

rapaz que, na escola, Nitinha tinha tido o desprazer de

conhecer. Ele era implicante e, sem mérito algum insistia

em ter a atenção da moça. Por certo ele não gostou de

ouvir o que ouviu, nem de ver a empolgação de Nitinha;

isso lhe cheirava a concorrência. E do jeito que ele era...

Nitinha correu, depois diminuiu a velocidade,

passando de carreira a passos apressados, e quando teve a

tal casa em seu campo de visão, percebeu que Dona

Esperança ia bem adiante, como se estivesse de saída

para resolver alguma coisa; mas sua casa estava com a

porta entreaberta; alguém, então, estava em casa. Seria

ele? Com quem estaria? Nitinha, tendo a cabeça nas

nuvens, enquanto aproximava-se, considerou: devo

chamar...? ou simplesmente abrir a porta fingindo que

não sei que a Esperança saiu...? Quem sabe...

Um dilema. O que fazer afinal... Então, respirou

fundo, prendeu um pouco o ar nos pulmões, e ...

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...continua... *(O espaço não daria mesmo [Não aqui] para

contar tudo que aconteceu naquele momento na vida de

Nitinha. Em um próximo livrete, pode ser...)

E A CONCLUSÃO?

BEM, sobre Nitinha, já foi explicado acima, e

quanto aos demais textos, é importante que você procure

notar uma coisa interessante: alguns brincam com as

palavras e outros procuram levar um discurso usando

palavras mais formais. Esteja atento para o aspecto

formal da língua e as exigências da Norma Culta adotada

na manutenção do nosso idioma. As redações

dissertativas do ENEM e outros concursos e vestibulares

exigem domínio desses conhecimentos.

É importante que você tenha chegado até aqui.

Isso mostrará a você, que, ler não é tão difícil assim.

Mesmo no século em que a tecnologia tem tomado tanto

o tempo das pessoas, levando-as a distração e ao

esquecimento quanto à busca do conhecimento.

Agora você pode falar algo sobre este pequeno

livrete. Não mais o julgará pela capa...

Ah! Uma última recomendação: Escreva um

pouco mais. O que escrever? Ah... Sei lá! Escreva, por

exemplo, sobre “Como é difícil de escrever quando não

se sabe sobre o que escrever”. Que tal? Bom, veja aí.

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