netto, jp. estado, política e emancipação humana

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    ,. -;::J ~ f \ C l / 4 I {Wt}_u { tutt. m_ f 1 U J Gl}R } 1>rwzdJ.o 1 DA Vl J s ce NO 1 ./Jl))Mm[ ... c,-"==[ { ) m Jt:v CW cP e JYOmu:. co9 / ~ : /yW7 I V_dPOfo:l,,pr:t

    :i 6M dL PffyJO D ~ 1 1 1 J i J J 1 :~ U q..bs: j )l)li?Jji . - - - iJ;rd;cf 41 MphpN) :;M , ;;JXJ{j . .I

    EsTADo Ponc 11 E:rwiANciPAo HUM N; Jos Paulo Netto

    Agradeo a Universidade Municipal de So Caetano do Sui/USCS. pelo convite para fazer parte deste Seminrio. Analisei o pwgmma,__erifiquei quem sero os demais palestrantes e posso dizer que esteSeminrio certamente marcar a vida dessa instituio. Conheo todos os outros palestrantes/conferencistas: o professor Ricardo Antunes-uma referncia nacional e i n t e m a c i o n a l ~ a professoraEla.Jne Behringe o professor Carlos M o n t a n o ~ _jovens intelectuais que j se tornaram destacados protagonistas do debate do Servio Social; e, pelocontato com Marcelo Hngaro, acabei, tambm, por conheceros professores Lino Castellani, Fernando Mascarenhas, Carrnem Vidgal eYar.a de Carvalho e o importante trabalho por eles desenvolv ido, especificamente, na Educao e na Educao Fsica. Assim. sinto-memuito honrado em estar aqui e poder participarde um evento que teminterlocutores to qualificados.

    No acreditem nas palavras dD Marcelo\ que fo i meu orientando

    1Transcrioda pa1Bs1ra de absrtma dl I&:.minrio de Pol(tcas Sociais de Educaao flsica, Esporte e Lawr, proferida em 141"1}4/2006, 110 audltrio da Universidade M Jnicipal de So Cae ano eloSui.'USCS. Vale ress->ltar que a presen te1ranscrio no passcu pefa reviso final de seu autor. 2 Jos Paulo Nell:q r D f . J s ~ o t1ular da Escola de Servio ScdaiJa Uni

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    de Mestrado e no me deu trabalho algum. Foi muito importante conhecer o Marcelo como estudante. Fao, aqui, um relato em tom degalhofa sem r:tretender ser grosseiro, pelo contrrio: tinha eu umaviso ela Educao Fsica como um grupo de trogloditas , todos elescoril seus taeapcs nas r iiiios, Qbviarn,ente, meu conhecimento sohre aEducElo J fsica se J i m a v ~ o P t r t g P p ~ g J l O ~ t e m p o s . de escola. Aminha r lufio COllll'l Bducao Fsica ~ d o u um pouc_? quando li oJivro do Vitor Marinho, nm professor do Rio-de Janeiro- onderesido - c dt _ . _ . : (L:Ill vid inteligente neste pedao . Depois, por

    c o i n c i d n c i a ~ d11vidH - j conhecia o Marcel?, pois trabalhamos juntos nunlH c.HIJ l'c.;. qu , h alguns anos atrs., foi falncia. Esta"empresa'' i n l ~ r 1 unm ruzan ~ o c i a l muito boa: era Partido ComunistnBrasileiro {PCB) 1, 1 u l O a s : ~ i ,cJa faliu . Restaram alguns sobrevi e n t e ~ , cnl w L'l t:H uu c Mureelo.Um diu, M1mo l npr u num c.;urso que eu ministrava na PUC -O M61 e minha inteira responsabilidade. Constitui o resultado de algumas

    d c a d a ~ de estudo e reflexao - desde o tempo que ''tmbalhava" com, o Marcelo "naquela falida empresa"- e, para mim, so convices. >, ,. ericas. Mas, lembrem-se, o principio de todo intelectual deve ser a. ;: : autonomia da sua cabea. H uma mxima latina que ns devemos

    .: exercitar todos os dias: ,.deve-se duvidar de tudo , inclusive do que . eu vou dizer aqui. Ofereo, portanto, as minhas reflexes como bip.. teses de trabalho a vocs. Isso mesmo: so convices tericas acu; .muladas ao longo de dcadas, mas no se pretendem mais que hip

    ' I :

    , .

    -: .

    teses de traball.o e - para deix-los bastante desolados -no direinada originaL Isso porqu-e, por um lad, insiro-me numa larga tradi.o brasileira e no s: numa tradio de reflexo crtica -radical-

    . mente. critica-, como veremos adiante e, sobretudo, por outro lado,.porque eu estou convencido que nas cindas sociais a ltima novidadedata de 1920-com a morte de Weber. Depois disso, cozinhamos.

    e re-coz.nhamos um coqjunto de idias clssicas.Inicio de maneira nada douton. Comeo conversando com vocs

    a partir do quadro do senso comum (que no a mesma coisa que"bom senso ) : a nossa conversa cotidiana, pois, afinal, vb.remos mesmo imersos. no cotidiano e ningum aqui est, infelizmente, com amquina da hist6da na mo.

    O que ns entendemos, na vida cotidiana- no nvel do senso comum- como o f

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    ns e ao qual devemos subordinao- freqentemente, obedincia.Ele responsvel pelo bem comum . Trata-se de uma idiaantiqssima e que aparece l na s Grega: a de que , apesar dediversidade dos i n t e r e s ~ e cjos bomens. dos indivduos, h algo que

    .benefcio, b e 1 ~ ; c ~ m t m ' ' , a tQdo,s. O Estadc; est a para preservare a r a t ~ t i r o bem comum. Nh-ss.o P n ~ s ~ { l e n ~ e d a R e p b l i c a s e mpre fala nos inferes ses mtcionais, o interesse dBrasil. pg;r exemplo,representaria para todos os hrasileh os o bem comum .J a poltica anda ma l na nossa Yida cotidiana. Para o senso co

    mum, a poltica orna ati\idade especfica feita por mn grupo deprofissionais. Muito interessante: teremos eleies nesse ano e vocsj esto a vacinados para as eleies. Querem um exemplo de maumratismo poltico: um sujeito que est pleiteando um cargo pblico ediz no sou poltico profissional"'. A imagem do poltico profissional est , entre ns, muito desgastada. Est-se despolitizando a poltica. No senso comum, ningum rnai.s fala de emancipao. Essa noo de emancipao csL

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    Feita essa obser vao, comeo dizendo que uma das maiores descobertas da primeira metade do s.culo XIX (e eu quero enfatizaraqui o sculo XIX, porque uma das modas intelectuais mais deletrias, que hqje tem curso na academia o preseutismo- imaginar que oque e.ovo orlgirial e hqe o r i g . i n a ~ yerdadeiro- que precisa sersup-erado. Assim, nccessrio ,repensa.r_() sculo XIX, pois aind

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    Eu, Jos Paulo, estou convencdo que h a uma grande descobertae percebam como ela si situa na contra mar do tempo presente, poisafirma que o mercado (o pl'etenso mercado livre) no racionaliza nada.O pretenso m ~ r c ~ 1 ~ o nO: dispe de qualquer mecanismo capaz dep r e s e r v a ~ universalidades, I I ~ g e l loi j I,Jrimeiro a descobr isso: amo invisvel" no existe, o Estao, o.l:rt:.institu\ .o portadora de

    uma racionalidade nova, que pode preserv.ar a ti.r:versaliffade do bemcomum no o bem individual, mas o bem do conjuiltO dos homens).Hegel morre em 1831, de clera, e os vinte anos se,guntes na culturaalem so n deglnto da obra de HegeL Hegel foi um pensador tofrondoso, to substantivo que o melhor da cultura alem depois deJese alimentou do debate em torno de :ma obra.

    Havia um jovem, formado em Filosofia e que trabalhava como jor-nalista, que, em 1843, teve um problema pela frente: um direito consuetudinrio dos camponeses do Vale do Mosela, no lio Mosela, naAlemanha. Tal direito se constitua no seguinte: no inverno, os camponeses podiam recolher madeira ou lenha (vale lembrar que, ness apoca, no havia fogo a gs, nem eletl"icidade, ento a enha eraessencial, no s para cozer a com ida, mas para enfrentar o inverno}.Os camponeses desde tempos imemoriais reco1ham a lenha e posto um problema: urna norma baixada pelo governo prussano passa a considerar a coleta da lenha um fur1o s camponeses deveram,ento, pagar por aquilo que seus pais, avs e bisavs jamais. pagaram. Vocs podem imaginar qual foi a reao dos campones es. Rebe-aram-se, mas, em face da lei, foram levados ao tribunal. Esse jovem

    jornalista tinha que tomar palf6do e j era editor de um jornal dirio.O que fazer diante disso' Ele tomou partido dos camponeses, simplesmente porque os camponeses eram os mais fracos, movidos porrazes puramente morais e descobriu que com esse tipo de impu1so,com esse tipo de generosidade, no dar t conta de e11tender a questoque se punha a ele. Como entende1 as ra ':es do decreto daquele Es-tado - supostamente o princpio r a c i o n a l i : ~ a d o r da sociedade civilque age. em nonie de que bem .:.;omum? Esse jovem jornalista chama-

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    v a-se Karl Ma rx e ir fazer a segunda grande descoberta sobre as relaes entre sociedade civil e Estado, j que a primeira foi a de Hegel.

    Se o E stado representa, segundo Hegel (e Marx estudava a obra deHegel) a universalidade, o princpio de raciona1izar universal, comoele est penalizando uma parcela to grande da populao? J\.iarxinicia, assim, .uma crtica radical de Hegel e, nesse ano (1843), fazuma genial descoberta . Seguindo os passos e a influncia deFeuerbach, um crtico de Hegel, Marx dir que o esquema de Hegel mistificador.

    Hegel havia defenddo que atravs da racionalidade do Estadouniversalizador que posso entender a soc.iedade civil e atribuir-lheracionalidade: Marx dir: est errado. Hegel, et sua formulao,twca a posio do objeto pela do sujeito. Na verdade, s possvelcompreender o Estado com a compreenso da sociedade civiL OEstado expressa a sociedade civil. Pensa Marx: a universalidadeque Hegel v no Estado uma faisa universalidade. Para usar ostermos de Marx, na poca, universalidade alienada. Porm,~ f a r x nesse pe rfodo, no sabia nada sobre a sociedade civil. Elepercebe que tem alguma coisa enviesada em Hegel, porm aindano dispe de todo arsenal categorial para precisar. Porm, j temclareza de urna coisa: no o Es ado que fornece a chave para ac.ompreenso da sociedade civil, ao contrrio, a sociedade civilque fornece a chave para a compreenso do Estado que a est. Oproblema, na poca, residia no fato que 1osso jo vem pensador ainda no dispunha de nenhuma compreenso da s.ocedade civil. Aisso ele vai dedicar 40 anos de pesquisa {ele morre em 18B3). Definais de 1843 (princpio de 18 44) at 1883, Marx tra tar de com-preender o que chamou ele '

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    Julgava Marx, que era criticando a Economia Poltica que poderiadescobrir a "'anatomia da sociedade civil". Quero j antecipar adescoberLa de Marx, pois a pouco e pouco, no processo de compreensoda dv:il- d, .movimento do capit l , va i se dando a cornpreell8 io do Estado; Quero o s t r ~ r q u e ; em 1847/48, qua ndo estavacland

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    Lula diferente. Leiam, por favor, o ultimo nmero da "Revista Poder'', da Joyce Pascowitch, que s vendida em banca de aeroporto.Nessa revista h uma ilustrativa entrevista do Sr. De1fim Netto- queno .qualqner figo ra .,.. .c.,.nela,.ele cl7 o se guio e: ''esses programassociais salvaram o cap i1klismo b r s i l ( ro'. a voz da grande burguesia falando, ou ~ g t 1 ~ m L m dvi({ de ondtd ala o Delfim?Fecho o :-.e : esse o papel do Estado. l'nd epcndentemente dequem e s t e j uu u

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    tria do movimen to open.rio, como a Primeira Internacional), no Ma-nifesto Inaugural, Marx prope aos trabalhadores a sua unio. Chama a alcno para a necessidade da participao poltica dos trabafhadores e para o fato de_9ue o caminho da revoluo no exclui1-efonnas. Para Mar x. e ~ . s d j s j u n t i v ~ 1 frm:na ou revolulio foi sem-pre falsa. Para eJc,\o pi'OIJ ema s e m p n fui f o r m a p r a revoluoe se vocs tm clv id;1disso, por favor, leirn o Man{l e;>trJ Inauguralno qual ele s ~ n c h 1 11cnuquist:idajomadadc lntbaJho ljmada para 10horas.Jvhux ch1 qw.; trata da primeira v6ria dR Economia Polticado prolclm'il dn 't1rllru a Economia Poltica do capita l.

    Nosso umcretizar sua compreenso do Estado, ainda m e ~JhQr, quHitdn du l < t u o se reduplica nas nossas figuras, em cada mn de ns . Ns:somos cidadlios de um pas a partir do momento que a legislao nos ;ponsidera aptos para a vida a d u l ~ a Todos ns, no uso de nossos direi

    . . civis e polfti..:os, dispomos de direitos absolutamente iguais na, ' ' ,'esfera poltica, ou se,ia, diante do Estado A ~ s f e r a em que sou portada igualdade de direitos polticos me torna igual a todos. Eviden-. ,temente isso uma abstraot Essa igualdade poltica perante_lei : . ~ m a abstrao

    A alienao se reduplica. NrL comunilade po lJca somos todosportad-ores dos mesmos direitos, eotxetanto na sociedade ci

    VIL Com essa ciso entre ddado e indivduo, .a liberdade s podedefinida negatl vamente. p.reciso um instrume nto fom1al, regu27

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    Jador dessas relaes, o direito. Todo o arcabouo do direito regulaonde comea e acaba o meu, porque se for apenas pela regra da soeicdade civiL o que impera a relao de fora.O dirci[O um regulador no material, mas com fortes intlunciasm . ~ t e r i a i Qua l aiazo disso? q u ~ o Antigo Regime, o feudaliSroo se em dependncias p ~ : s s o a s . , . ~ s relaes sociais estavam htpoli.:cadus IUtS re laes de depend-nia-pess.oal. p pacto servo -senhor. O 1vo ntio era um escravo, mas era dependente, o grande passo qtw r hUJmmidade deu com a Revoluo Burguesa foi aru1}tura das r IJH[i H n c i a : romperam-se as relaes dedependncJ:1IJo tmnhl d t : v ::;ta histrico universal, romperam-se asrelaes edop ll t ik ndr1 s oal. Ess.e rompimento significou a ernancipao po lf1h.11 ; t > lwnmnidade se emancipa politicamenle quando ru1 0 1-o I J W t l d n c i a p e s . s o ~ l . Da possveluma comunidaf l polll i 'I r di. it Ul r 1rras suportada por uma sociedade civil jll'Oil\ciJV

    A cm::m ip. [ ])(lhlt r ll (; il iJsnluWm l ln4 lnmental, no vamost i r n da 1 IHex pnss;Jo ti l I tJ poll i ..:a que ns vivems hoje, i n d u 110 BrasiL Qua ndo di go qu ' no devemossubestim-la porque h alguns que julgam que a dernocrac.ia poltic a no v ale nad a. S quem viveu a ditadura, quem de fato lutou contra ela e pagou vor isso sabe o valor da democtaca politica. e c i ~ opreserv-la. No mundo todo, ao contrrio do que apregoam os liberais, a democrac.ia no foi uma deri;rao do liberalismo. A democra,cia foi arrancada aos liberais pelas lutas dos trabalhadores, e o mes mo se pas.sou no .Brasil

    Mas, ao mesmo tempo, preciso Eer claro que

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    do a emancipao humana supe a ultrapassagem da relao capital/trabalho, a supr ~ s o das classes sociais. e, por conseqncia, doEstado. Exige ainda a transfonm1no do trabalho (que . hoje, penitncia, castigo), , ~ : a b a l h o alienado, assalarhldo, em algo que seja aObjetiVao das potencialidad.::S h ~ f r l i l J as .

    s s o . utopia? No . No tem t ~ p i a n e h l ' f l l n ~ a nisso. Essa umapossibilidade obje iv a da histlria humana. No" uma necessidade. uma necessidade para emanciilao dos homens, para os tra balh.:ldores, mas no uma necessidade para o conjunto da humanidade e aburguesia faz patte da humanidade. uma possibilidade.' Como sa.-l e m o s as. pos -sibilidades podem se realizar ou no. Dependem davontade, da organizao de miJhes e milhes de. homens e mulheres. Mas, como mna possibilidade: que pode no se r e a l i z a r ~ E ternuma alternativa a ela: a barbriet A barbrie no est na linha dohorlzonto;, ela eSLtl junto de n6s. A nossa vontade organizadom, emoutras pessoas que esto em salas corno esta e, sobretudo, as queesto diretamente envolvidas no trabaibo, podem reverter a barb:Jr ie

    .-; . pDs.s.vei constituir uma comunidade humana . possvel tom ar aemancipao algo mais do que um sonho remoto r

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    1. Houve uma questo que, fundamentada em Mszros_ provo-.' .cmt o conferencista a abordar a complexidade posta pelo capital

    ' : para se refletir as possibilidades de luta reJ-oluc:mria.

    , Jos Paulo Nettolembrar que o Mszms er >t mais pessim1sta do q ~ 1 1

    r e t o m e i aqui, uma alternava clssica: Emancipao ou Barbrie.,; . . o, para mim, socialismo, uma velha palavra de ordem:

    mB .,,._ _ :-' 1 $oc:ialismo ou Barbe .1 ,AJis, num ensaio belssimo, Mszms ter, .,,.u.u ..,. para o meu honor, com uma variao dessa palavra de ordem:

    ocialismo ou Barbrie se tivermos sorte ". Julg que ns teremosA relevncia de Mszros, para o debate, tem sido muito grande.

    tem sido capaz de retomar e repor s grandes temticas funda. , tais como: capital; trabalho; Estado; e emancipao. Sem

    a partir da factualidade contempornea, dos ltimos 30 anos, nah'llt'''""' Ocidet'rtal, ou seja, e]e no t:1Z uma afirmao terica que no

    calada em anlise empti.ca. A anlise pode no aparecer, masa tem. Nesse sentido, h um livro dele, exemplar, que considero

    obra prima: Para Alm d o Capital que a obra da vida dele.tem ama vasta produo inl.electual, mas., nessa ob ra, colocoudcadas e pesquisa.

    'Nesse livro, Iv :szros d e m o n s ~ r a que o socialismo e 'a revoluo.......... '' atuais, oo :-;eja , Iepi:ie a possibilidade de uma ofensiva so

    _ , . , ~ u ' ' ' ' - .Porm, ele d sinais disso qmmdo trata de movimento femido movimento pela paz, do movimento ecolgico. Penso que JJOuco. A primeira reao do leitor -ficar decepcionado: ele

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    anunciou que a montanha vai parir um elefante e a montanha pariuum rato. Saio em sua defesa: o problema no do Mszros, daprpria realidade.

    Sejuntarmos?s don.(lSdo capital conseguiramos coloc-losnestasala. s 475 indivduos q u ~ manipulam os fluxos internacionais deriqueza m ~ n e t r i a Esse um dido do r _ e l ' ~ t r i o do Banco Mundial,em 1997. Enquanto do lado e J opoder capita se centralizanuma esca la assombrosa, o lado de c - em funo dareestmturao,da destenitorializao da produo ~ t e . se ~ e s i n t e g r a . H um potencial revo1ucionrjo enorme, mas ele oo est organizado. A nossofavor conta que a humanidade esteve vrias vezes a beira da barbrie-o ltimo momento foi a ameaa da barbrie fascista- e resistiu aela; superou-a. No a humardade abstrata, mas os trabalhadores.

    Do meu lado, sou otimista e penso que a histria tem momentos decalmada. Ns estamos vvendo um momento de derrota histrica daclasse operria e dos trabalhadores (anos 70/80) que se traduziu pelofim do chamado socialismo real, pela desmoralizao do Estado deBem-Estar Social, pela liquidao de qua.lquer veio tco-moral nasocial-democracia etc. Claramente , estamos num desses perod os decalmarja , Porm, as questes postas pela prpria realidade e a histria da humanidade podem abalar esta calmaria. No se trata de esperana'' no socialismo, mas sim de convices histricas. O desconforto :ser revolucionrio quando a revoluo no est na orqem dodia. Eu no vou morrer sem ver o renascimento de um grande e novomovimento socaHsta, no vai ser aquele do qual eu participei, serfeito por vocs (e espero que no tenham nossos vcios, mas queretenha nossas virtudes, pois tivemos algumas qualidades , no asdeixem perderem-se).

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    2 . ~ utra questo, formulada por mn acadmico de Educaodiscorreu sobre o pap el desempenhado pela Educao Fsica

    __, > ,. ,c .... processo de transiiJ ao capitalismo sobre o q u a l ~ fol o l i c i t a ~- ' ' ' ' ''-nrn ~ ~ . m comentrio do conferencista e posteriormente, inquiriu

    nessa ordem social capitalismo), i houve momentos de euum-

    Eu no sei nada sobre Educao Fsica, portanto, vou confiar no. :c: '' ' voc me disse: que na transio, na constituio da sociedade

    u ' ~ t . ' ' ' ela desempenhou um importante papel para a criao dade trabalho necessria para uma nova sociedade.' ~ . l L segunda parte de tua colocao - houve um homem eman

    c . m a t o o ? -,inicio a resposta colocando uma questo: algum pode serno mundo de hoje? Eu posso ser feliz quando 2/3 da humanida

    comem? Posso serfeJiz, sabendo que, para no ir longe, morocidade em que as crianas esto moiTendo de dengue? E nadasido feito. Se eu me considerasse feliz, seria Llm monstro. Mas,. est cheio de monstros por a.um se' desaliena'' e se emancipa sozinho. H homens e mulhe

    que, por razes fortuitas, tm uma insero na sociedade que lhesum combate contra a alienao muito eficiente e eficaz. Reaqui, por exemplo, os artistas e aos profe;;,sores, entre ou

    . Quem tem n e c e s ~ i d a d e material no satisfeita no pode estar'enado , no pode estar emancipado. A emancipao significa

    . , ; ' : . U ' ~ r u . e < : t u das necessidades historicamente constitudas. H mode desalienao , mas so momentos. Na nossa vida estamos

    no emancipados e, portanto, alienados.Jsl:c) porque a condisocial dos explorados s garantida pela reproduo da no em.an. Nisso, o ve]ho Hegel tinha toda a raz: na dialtica entre oe o escravo, o princpio da negao o escravo. Analogamente,33

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    na dialtica burgus/proletrio, o principio da negao o proletrio.Enquanto essa negao no se concretizar, seremos todos alienados,no emancpados e, do ponto de vista de uma comunidade humana,profundamente infeliz?S.

    S ~ b r e isso, p e r m i r ~ n faze:r um adendo. Durante muito tempo,julguei que a revoluo era um c e r d 6 c ~ Q . - Para ilustrar meu eq uvoc:o, vale a comparao entre MarX: e Engeis: Enquaitto Marx diziaque o mais nobre do homem a valentia, a coerncia e a coragem,Engels dizia que era um Cha1teau Margot, 1848. Ambos estavam corretos e, boje, penso que uma coisa no exclui ou ral Quero um mundo onde todos. possam provar do bom vinho, e isso possveL E provar no significa, to-somente, beb-lo. Que os 6 r ~ o s , _ ~ _ t i d 9humano estejam educados. o suficiente para prov-lo e que o ato emsi de prov-lo constitua uma fonnao/educao humana: a educao dos sentidos. Com isso, se vocs me perguntassem o que ocomunismo, sabe o que responderia? Que a implementao p "'ticu,histrico--concreta, de uma mxima de Goethe: o mais limitado doshomens ~ o e desenvolver-se ilimitadamente". Isso a emancipaohumana

    34

    i Ricardo Antunes

    noite a todos e a tdas, um prazermuito grande estar aqui, eento. desde logo, agradecer pela generosa. apresentao que o

    > , m t e s ~ s o r Luis Paulo Bresciani fez , certamente exagerada. Quero di-da rrunha enorme satisfao de estar aqui h ~ j e , a convi e do Iviarcoordendor do grupo que organizou este sem.inrlo, Certamente ,

    . que me foi relatado nos dias anteriores, um sucesso, um um marco rdevlffite, vai fica r na hstria dessa institu io esso eu participo com mui o prazer deste primeiro, mas ima

    que de uma srie de Seminrios de Polticas Sociais de EducaEspOite e Lazer. Quero tambm dizer que um dia espe-

    m:im: pois hoje , tambm, o dia do aniversrio de um menij um homem, que est assistindo essa palestra, aqui. Rdi

    multo especialmente, ao meu filho e a quem dedico essap r e ~ e r L t a ~ ; o . Ele tambm fotmado em Educao Fsica.

    r e J : l e t l r sobre o tema e s.obre a minha faia: a nova mmfologia dono cenrio da ree:strutmao produti.va -- confonne haviada palootra profer ida w I Seminrio ile Politicas Sociais da E d u c ~ 1 . ~ o fsica, E:o,oo1te16/04/2008,. na audit1riC1 da Uni11e1-sictade Municipal d>3 s. io CaetanG do SllliUSCS .eautorizada peiG aulor.I profet>Sorli u lar (fe c d e o l o ~ i a n o InS'Iluto de Filosolia eCindan umanasll FCHP e liv'le dG-.::en1e p.-;la mesma institui o, d.,..scte 1994, em Sccio ogia do Trabalho.

    ~ ~ ~ u t J , . . l'llll Sociologia, pela USP 1986-l e1ez Mt>stradaem Ciifl{;ia P>: