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BOLETIM DO NÚCLEO DE POLÍTICA E GESTÃO TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ANO X - Nº 36 OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2003 INOVA GESTÃO & TECNOLOGIA E M F OCO Tecnologia e a construção do futuro JACQUES MARCOVITCH As rupturas e as descontinuidades inspiram os empreendedores na concepção de suas iniciativas. Uma maioria hipnotizada por manchetes de jornais e desconsolada diante de suas expectativas frustradas navega sem rumo pelo espaço digital tornando-se objeto da evolução. Outros, forjados na adversidade e nos choques de culturas, concebem sua visão de futuro para fazer uma diferença. Assumem seu papel de sujeito numa sociedade em mutação. Para eles a ruptura induz o delineamento do projeto. A retrospectiva de rupturas que ao longo dos séculos determinaram a evolução da sociedade traz luzes e sombras que nos permitem melhor compreender os desafios do tempo presente e as tendências de mudanças, chaves para antecipar o futuro. N ESTA E DIÇÃO Em Foco ....................1 a 3 As prioridades pelo avanço da Ciência e da Inovação Tecnológica Estudos Concluídos ..4 a 6 A seleção estratégica de tecnologias, os valores em instituições de pesquisa e o desenvolvimento de produtos conjunto com fornecedores Novas Idéias ...................7 Perspectivas na colaboração entre universidades e empresas Painel PGT ................8 e 9 Principais resultados do projeto GICEG, o crescimento do Engema e as disciplinas do próximo semestre Agenda ..........................10 Os principais eventos mundiais em gestão tecnológica Notícias ........................11 Os riscos legais do contingenciamento de recursos em C&T Publicações...................12 Universidade e Empresa avaliadas na ALTEC e o sistema de inovação venezuelano

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BOLETIM DO NÚCLEO DE POLÍTICA E GESTÃO TECNOLÓGICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOANO X - Nº 36 OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2003

INOVAGESTÃO & TECNOLOGIA

EM FOCO

Tecnologia ea construção

do futuroJACQUES MARCOVITCH

As rupturas e as descontinuidades inspiram osempreendedores na concepção de suas iniciativas. Uma

maioria hipnotizada por manchetes de jornais e desconsoladadiante de suas expectativas frustradas navega sem rumo pelo

espaço digital tornando-se objeto da evolução. Outros, forjadosna adversidade e nos choques de culturas, concebem sua visão

de futuro para fazer uma diferença. Assumem seu papel desujeito numa sociedade em mutação. Para eles a ruptura induzo delineamento do projeto. A retrospectiva de rupturas que aolongo dos séculos determinaram a evolução da sociedade traz

luzes e sombras que nos permitem melhor compreender osdesafios do tempo presente e as tendências de mudanças,

chaves para antecipar o futuro.

NESTA EDIÇÃO

Em Foco ....................1 a 3As prioridades pelo avanço daCiência e da InovaçãoTecnológica

Estudos Concluídos ..4 a 6A seleção estratégica detecnologias, os valores eminstituições de pesquisa e odesenvolvimento de produtosconjunto com fornecedores

Novas Idéias ...................7Perspectivas na colaboraçãoentre universidades eempresas

Painel PGT ................8 e 9Principais resultados doprojeto GICEG, o crescimentodo Engema e as disciplinas dopróximo semestre

Agenda..........................10Os principais eventos mundiais em gestãotecnológica

Notícias ........................11Os riscos legais docontingenciamento derecursos em C&T

Publicações...................12Universidade e Empresaavaliadas na ALTEC e osistema de inovaçãovenezuelano

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EM FOCO

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INOVA

Agestão da inovaçãoacompanha a huma-nidade desde seusprimeiros registrosescritos. Desde então,

mudanças climáticas, meios decomunicação, expansão das fron-teiras do comércio, epidemiasavassaladoras e exclusão socialdespertam necessidades. Deman-das que a evolução da tecnologiatem respondido. Nas Américas,antes da chegada dos europeus, oprocesso de inovação já era prati-cado. Os museus de antropolo-gia, arqueologia e etnologiada América Latina preser-vam vários testemunhosde inovações planejadasque transformaram aeconomia indígena.

A evolução daera digital tem modi-ficado padrões cultu-rais e sociais mensu-ráveis pelo aumentode usuários da Inter-net. O exemplo doBrasil é significativo:250 mil usuários em1995 e, sete anosdepois, 14 milhões deusuários. No mundo,hoje, são 500 milhões deusuários e a projeção para2005 alcança o dobro. A con-seqüência disso sobre a menta-lidade dos mais jovens é poucoconhecida. Acessibilidade, conec-tividade e interatividade desper-tam, nessa faixa etária, atitudesautocentradas e desprovidas dereferências históricas. A cons-trução de uma identidade passa atrilhar caminhos desconhecidos. Ea barreira dos idiomas vem sendocada vez mais reduzida. É precisoconsiderar seriamente os prós econtras destes novos fenômenos,estabelecendo-se eventuais limitesou compensações.

Neste novo cenário emer-gem na América Latina prioridadesa serem respaldadas pelo avançodas ciências e pela inovação tec-nológica. Elas constituem umaagenda para a construção do futuro

e poderão pautar os preparativostanto do Simpósio de Gestão daInovação Tecnológica, a realizar-seem Curitiba, no próximo ano,quanto do próximo seminário daAssociação Latino-Ibeoramericanade Gestão Tecnológica, a realizar-se em Salvador em 2005, por meioda colaboração entre diversas insti-tuições brasileiras:

· Construir permanentementeos valores da democracia,liberdades públicas,solidariedade, dignidadehumana e combate àdiscriminação. Cabe àsciências humanas em geral, e àfilosofia em particular,contribuir para que amodernização tecnológicavalorize a dimensão humana nasua plenitude em vez desufocá-la.

· Reduzir os custos deprodução e de prestação de

serviços para os mercadosemergentes de média e elevadaprivação. Além de contribuirpara o combate à miséria e àfome, a inovação tecnológicadeve elevar o bem estar dossegmentos populacionais demenor renda;

· Empreender políticas deexportação que incorporemvalor agregado aos produtos,aprofundando acompetitividade da economia epromovendo uma política de

substituição de importações;

· Avançar nasnegociações comerciais

internacionais pararetirar barreirasprotecionistas esubsídios quepenalizam asexportações daregião,principalmente dosprodutosagropecuários queincorporaminovaçõessignificativas;

· Fortalecer osorganismos e acordos

internacionais como aConvenção do Clima com

a adoção de fontes deenergia renováveis e odesenvolvimento detecnologias limpas. Além deinduzir ao processo deinovação e aportar novosinvestimentos, as tecnologiaslimpas reduzem as emissões degases de efeito estufaameaçadores da qualidade devida de expressivoscontingentes populacionais,como os habitantes dasmegalópoles da AméricaLatina;

· Obter o apoio de organismosmultilaterais como FMI, BID,BIRD e CAF para osprogramas de inovaçãotecnológica com repercussõeseconômicas, sociais e

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INOVAEM FOCO

ambientais;

· Aprofundar as integraçõeseconômicas, comerciais,sociais e políticas entre ospaíses, como o Pacto Andino,o Mercosul e o Tratado deCooperação Amazônica, alémde prosseguir negociando aproposta da ALCA. Ainda noplano da integração regional,combater em todas as frentes onarcotráfico, o terrorismo, ocrime organizado e adelinqüência internacional;

· Preservar a Biota Tropicalda Bacia Amazônica através doavanço da ciência, da inovaçãotecnológica, e dodesenvolvimento sustentado.

A América Latina é umaregião em construção. Na agricul-tura, na produção de bens e naprestação de serviços muito foirealizado, mas ainda há muito a serconquistado. A infra-estruturaeconômica e social está sendo edi-ficada. Além de responder àsnecessidades não atendidas, é pre-ciso preparar o futuro para aquelesque estão chegando. Uma regiãoem construção no século XXIexige iniciativas criativas, projetosousados e visões arrojadas. Agestão da inovação constitui umdos instrumentos de viabilizaçãodestas iniciativas, projetos e visõespara o crescimento. Quanto aodesenvolvimento, este é um pro-cesso que abrange várias gerações,cada uma honrando a herançadeixada pela anterior, assumindosuas responsabilidades diante dopresente e semeando para aquelesque virão depois.

Jacques Marcovitch é professor daFEA/USP. Foi Reitor da mesmaUniversidade. Autor entre outros deUniversidade Viva - Diário de umReitor, Edit. Mandarim/Siciliano, 2001e Pioneiros e Empreendedores - ASaga do Desenvolvimento no Brasil,EDUSP, 2003. O texto ora publicado é baseado naapresentação realizada no XXCongresso da Altec, realizado nacidade do México em outubro de2003.

OBrasil é o paíscom maior nívelde empreende-

dorismo do mundo. A fonte dainformação é uma série depesquisas da London BusinessSchool (Inglaterra) citada nolivro Pioneiros & Empreende-dores – A saga do desenvolvi-mento no Brasil, de JacquesMarcovitch, professor da FEA,membro do Conselho Cien-tífico do Núcleo de Política eGestão Tecnológica (PGT-USP) e ex-reitor da USP.Lançado em 20 de novembro,o livro surpreende pelo estilocoloquial. Para isso, entretan-to, em nenhum momentoMarcovitch renunciou a umafundamentação bibliográfica quedenuncia o grande porte da pesquisafeita sobre o tema, em busca domapeamento dos enormes efeitosque possam ter na sociedadebrasileira as rupturas pelo modernoproporcionadas por diversos pio-neiros que hoje a população emgeral conhece mais por nomes deruas e viadutos.

Conta-se no livro a históriade empreendedores como a famíliaPrado, Nami Jafet, FranciscoMatarazzo, Ramos de Azevedo,Jorge Street, Roberto Simonsen,Julio Mesquita e Leon Feffer, numaseleção que avalia setores que vãoda macroeconomia até áreas bemespecíficas, como a mídia. Primeirovolume de uma série de três, o livrotraz as trajetórias de seus protago-nistas com forte conteúdo biográfi-co (suas vidas privadas e de seuspais e filhos) muito bem contextua-lizado no momento em que vivia opaís, mas também no ambiente doslocais em que seus protagonistassurgiram. Talvez a maior virtude dolivro esteja em, mantendo a profun-didade histórica e uma precisa con-textualização econômica, atentarpara o comportamento e a atitude

desses empreendedores.O autor chama a atenção, por

exemplo, para as palavras utilizadaspor Leon Feffer ao descrever comofoi construído o Clube Hebraica, dacolônia judaica em São Paulo (numcurto texto, reproduzido no livro,Feffer utilizou diversas vezes asexpressões “amigo” e “tive umaidéia”, sem sequer mencionar deta-lhes como avaliações imobiliárias,contratos, advogados etc). Noutraparte do livro, descreve-se a fotofeita na fundação do Ciesp, em SãoPaulo, órgão de defesa dos indus-triais, na qual Jorge Street, posandoentre Horácio Lafer e FranciscoMatarazzo, é um dos únicos a“enfrentar” a câmera olhandoempertigado para o fotógrafo. Sãodetalhes que, bordados como rendafina junto dos relatos históricos,enriquecem e humanizam um livroque pretende iluminar as novas ge-rações sobre a relevância doempreendedorismo. Como dizMarcovitch no livro, “o estilo é ohomem”.

O volume foi editado pelaEditora Universidade de São Paulo(Edusp): www.usp.br/edusp .

(Por Fábio Sanchez)

O empreendedorismo como um conselho sedutor

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INOVAESTUDOS CONCLUÍDOS

Em busca de uma seleçãoestratégica de tecnologias

ASÉRGIO EDUARDO GOUVÊA DA COSTA

Este trabalho de pesquisa serefere ao desenvolvimento de umaabordagem estratégica para a seleçãode tecnologias avançadas de manu-fatura (AMT), por meio de umframework que estabelece a lógicado processo de decisão, com suasprincipais variáveis, e de um proces-so passo-a-passo que se constituinum método que pode ser emprega-do pelas empresas de manufatura.

As tecnologias avançadas demanufatura podem ser utilizadascomo recursos para que as empresasobtenham maiores níveis de compe-titividade. Na prática, no entanto, asAMTs são escolhidas segundocritérios predominantemente opera-cionais, visando, por exemplo,resolver problemas de qualidade eredução de mão-de-obra. Para que oemprego de AMT possa, de fato,proporcionar vantagens competitivasàs empresas, faz-se necessário queas tecnologias sejam selecionadassegundo critérios que consideremaspectos estratégicos. A literaturaoferece vários frameworks comabordagem estratégica, sem que, noentanto, os mesmos sejam opera-cionalizados de forma a se consti-tuirem num instrumento prático.

No sentido de propor umanova abordagem para a seleção deAMT, este trabalho foi desenvolvidoem duas grandes fases: a) concepçãodo framework e processo; e b) refi-namento e teste da abordagem. Aconstrução do framework foi basea-da em dados da literatura e de umapesquisa de campo, junto ao setor demáquinas-ferramenta. No frameworkproposto, as AMTs são entendidascomo recursos, que têm por objetivosuportarem determinadas competên-cias. As competências desejadasserão aquelas declaradas na 'visão damanufatura', que é a descrição doconjunto de capacitações rela-

cionadas à manufatura que o negó-cio espera desenvolver. Considera,também, a adequação do sistema demedição e controle de desempenhoàs tecnologias identificadas.

Cada AMT identificada é,então, analisada quanto aos seusimpactos e à sua aderência à estraté-gia de manufatura da empresa. AsAMTs resultantes de tal análise cor-responderão ao conjunto de pré-seleção de AMTs, que será conside-rado como base para o emprego dosdemais critérios, como a justificaçãoeconômica e a especificação dasAMTs a serem adquiridas. O frame-work foi operacionalizado através deum processo passo-a-passo, que écomposto por 5 fases e 22 folhas detarefa. A aplicação do método se dápelo preenchimento, em grupos - namaior parte das vezes em workshops- das folhas de tarefa. A forma, oconteúdo e a seqüência das folhas detarefa garantem que o processo dedecisão seja conduzido segundo alógica proposta pelo framework, eque os dados necessários sejam cole-tados, levando, ao final do processo,à seleção de um conjunto focado detecnologias a ser considerado naseleção final das AMTs.

O desenvolvimento do pro-cesso e o seu teste adotam a abor-dagem por processos para a pesquisa

no campo de Gestão de Operações, eempregam a pesquisa-ação. Para orefinamento e teste da abordagemproposta, foram conduzidas 7 entre-vistas com especialistas nos temas emetodologia abordados, seguidas de2 estudos de caso - numa montadorade automóveis e num laboratório demanufatura automatizada de umauniversidade. O trabalho contribuicom o campo de conhecimento deGestão de Operações por proporuma nova abordagem para a seleçãode AMT e desenvolver um métodoque pode ser empregado pelasempresas, contribuições que sãoinéditas no que se refere à seleção deAMT. Por meio dos casos conduzi-dos, a abordagem mostrou-se factí-vel, usável e útil.Título: Desenvolvimento de umaabordagem estratégica para a seleçãode Tecnologias Avançadas deManufatura - AMTAutor: Sérgio Eduardo Gouvêa daCostaOrientador: Prof. Dr. Afonso CarlosCorrêa FleuryTese de doutorado defendida peloDepartamento de Engenharia deProdução da Escola Politécnica daUniversidade de São Paulo, comDoutorado "Sanduíche" (15 meses) noInstitute for Manufacturing, CambridgeUniversity (UK), sob a orientação doDr. Ken Platts.

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INOVA

O

ESTUDOS CONCLUÍDOS

Gestão baseadaem valores: o caso IPEN

MÁRCIA ORRICO PUPAK

conhecimento dos valoresorganizacionais por parte do corpodiretivo de uma organização podetrazer importantes aportes para adefinição das estratégias e políticas.Isso porque os valores representamos hábitos, a maneira de pensar, desentir e de agir de todos que partici-pam de uma organização. A gestãodos valores permite levantar indi-cadores eficazes que irão subsidiar aalta direção da organização sobre adireção a atuar visando à melhoriado clima organizacional.

Segundo os autores Deal eKennedy (1982): “O sucesso de umaorganização depende de seus va-lores, eles fornecem um senso dedireção comum para todos os empre-gados e um guia para o comporta-mento diário.”

No contexto de globalização,as organizações que desejaremsobreviver ao teste do tempo pre-cisam planejar onde e como desejamvencer, bem como definir clara-mente missão, visão e valores orga-nizacionais. A missão define qual éo negócio da organização, seus obje-tivos e a estratégia a ser adotadapara alcançá-los; a visão descreve aposição que ela deseja alcançar nofuturo; e os valores os padrões decomportamentos do grupo.

O objetivo deste estudo foi ode identificar os valores submersosna cultura do Instituto de PesquisasEnergéticas e Nucleares (IPEN),organização que percorreu, ao longode sua existência, uma trajetória sin-gular no contexto da energia nucleare suas aplicações. Adaptou-se aosnovos cenários externos e moderni-

zou-se internamente sem, contudo,perder sua identidade. Os esforçosconjuntos e complementares em-preendidos por seus quadros fizeramcom que o IPEN adquirisse com-petência e maturidade profissionalsuficientes para torná-lo uma insti-tuição líder em seu setor, reconheci-do por outras Instituições de Pes-quisa e Desenvolvimento.

O estudo foi feito por meio dacoleta de percepções dos servidorese de entrevistas com as pessoas-chave da instituição. Para a conse-cução desse objetivo foi necessárioanalisar os diversos cenários nacio-nais e internacionais determinantesdas relações da instituição com omeio físico e social; empregar ferra-mental específico para obtenção dedados primários visando verificar acongruência entre os valores trans-mitidos e aqueles percebidos na atualidade.

Como conclusão do estudorealizado destacam-se alguns pontosimportantes:

· A análise do contextohistórico da organização mostraque os servidores daorganização estabeleceramreferenciais de comportamentode sucesso (valorescompartilhados);

· A análise dos dadosevidencia a congruência entreos valores transmitidos eaqueles percebidos quando seobserva que valores comoCompetência, Qualidade,Hierarquia foramhierarquizados pelos doisgrupos pesquisados;

· Os indicadores dos níveis desatisfação e insatisfação,levantados por meio daspercepções dos valores em doisplanos - o real e o ideal,poderão subsidiar os gestoresda organização quanto àdireção das possíveis ações paramelhoria dos valores presentesna cultura;

· A socialização dos valores nacultura do IPEN deve-se,preponderantemente, ao fato de existir na instituição atividadesligadas à área de ensino, ondeficou evidente que o papeldesempenhado por professores eorientadores são a base para atransmissão e a promoção dosvalores em uma organização.

O valor Competência, hierar-quizado em primeiro lugar, nos dáevidências de que existe nesta cul-tura uma relação estreita entre acompetência das pessoas e da orga-nização. As pessoas que trabalhamno IPEN, ao utilizar-se de formaconsciente do patrimônio de conhe-cimento da organização, validam eaprimoram seu conhecimento e osagregam aos valores da organização.

Título: Identificação dos valoresorganizacionais do Instituto dePesquisas Energéticas e Nucleares –IPEN: Uma contribuição para gestãoorganizacional baseada em valores.Autora: Márcia Orrico PupakOrientador: Prof. Dr. José RobertoRogero. Co-orientador: Prof. Dr.Antonio César Amaru Maximiano.Tese de Doutorado defendida noPrograma de Pós-Graduação emTecnologia Nuclear do IPEN/USP, emassociação com o Núcleo de Política eGestão Tecnológica – (PGT/USP).

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INOVAESTUDOS CONCLUÍDOS

O

Vale a penadesenvolver produtoscom os fornecedores?

MARIA CECÍLIA SOBRAL

desenvolvimento de novosprodutos está se tornando cada vezmais um ponto de competição noambiente atual das empresas.Investimentos no encurtamento dosprazos de desenvolvimento e delançamento de produtos no mercadose tornam prioritários em relação aoutras iniciativas. A existência decompetidores com ciclos de desen-volvimento curtos e velocidade evo-lutiva setorial alta exigem que asempresas cultivem a habilidade dedesenvolver com rapidez os produ-tos e serviços até como condição desobrevivência.

O tema orientador destapesquisa foi caracterizar os con-trastes na gestão de projetos dedesenvolvimento de produtos: proje-tos desenvolvidos internamente naempresa e os desenvolvidos em con-junto com fornecedores. Adotou-seneste estudo os níveis de envolvi-mento de fornecedor no processo dedesenvolvimento de produto deacordo com a classificação deBidault, Despres e Butler (1998).

Para atingir o objetivo dapesquisa, foi efetuado um estudo demúltiplos casos abordando empresasque desenvolvem e produzem produ-tos montados complexos. Foramescolhidos dois setores para apesquisa: setor automotivo (GM eFord) e setor energético (Voith

Siemens e Alstom Power). De maneira geral, pode-se

citar as principais conclusões emrelação ao desenvolvimento conjun-to com fornecedores:

· Não são numerosas asempresas que possuem este tipode iniciativa. A pouca utilizaçãodesta prática não ocorre apenasaqui no Brasil. Pesquisa feita noReino Unido (Tether, 2000)aponta que o desenvolvimentoconjunto é realizado em umapequena porcentagem dasempresas inovadoras.

· O setor automotivo é umexemplo de indústria onde estetipo de desenvolvimentoapresenta bons resultados. Istonão causou estranheza, uma vezque foi neste setor que esteassunto começou a serdiscutido.

· Apesar do envolvimentoprecoce dos fornecedores,notou-se que a gestão dosprocessos de desenvolvimentonão é conjunta.

· O desenvolvimento contínuodos fornecedores é um dosalicerces de qualidade dosprojetos de desenvolvimentoconjunto e interno.

· A escolha dos fornecedorespara um projeto dedesenvolvimento conjunto deve

ser criteriosa. Para se tersucesso é fundamental que ofornecedor tenha reconhecidacompetência técnica e que já setenha traba-lhado com estefornecedor por um longoperíodo de tempo.

· A utilização efetiva datecnologia de informaçãopossibilita que as informaçõessejam compartilhadas e a gestãodos processos dedesenvolvimento ocorra demaneira mais simplificada.

No entanto, uma questão quedeve ser analisada é quando se deveutilizar o desenvolvimento conjuntocom fornecedores. Existem situaçõesespecíficas nas quais o projeto dedesenvolvimento conjunto se aplicacom melhor resultado. Precisa haverum interesse comum no par deempresas envolvidas: fabricante efornecedor. Além da complexidadedo produto, precisa haver um con-texto favorável onde o par de empre-sas obtenha ganho compartilhado.

Título: Gestão do desenvolvimento deprodutos: um contraste entredesenvolvimento conjunto edesenvolvimento interno.Autora: Maria Cecília Sobral([email protected])Orientador: Prof. Dr. Paulo Trombonide Souza NascimentoDissertação de Mestrado defendidapelo Programa de Pós-Graduação emAdministração da FEA/USP

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A

INOVA

Contexto e perspectivas na cooperação universidade-empresa

NEILA C. VIANA DA CUNHA

importância da cooperaçãouniversidade-empresa cresce no con-texto econômico atual à medida queas empresas precisam de novas alter-nativas de ação para ter competitivi-dade e garantir sua permanência nomercado. No contexto das universi-dades, a importância da cooperaçãotambém vem crescendo considera-velmente. Cada vez mais as univer-sidades estão se organizando inter-namente para a cooperação comempresas. Se observarmos o contex-to brasileiro, várias iniciativas estãosendo desenvolvidas como: agênciasou escritórios de gestão tecnológica,secretarias de desenvolvimento tec-nológico, incubadoras de empresas eparques tecnológicos entre outras.

Estas iniciativas visam,especificamente, organizar a coope-ração entre universidades e empresaspor meio da definição de regras parapropriedade intelectual e elaboraçãode contratos de parcerias, entre ou-tras ações. Também estão sendodesenvolvidas ações voltadas para oincentivo ao empreendedorismo.Muitas universidades, além de for-marem profissionais para o mercadode trabalho, estão trabalhando para aformação daqueles alunos considera-dos empreendedores e que têmpotencial para desenvolver seupróprio negócio.

As ações para promover acooperação universidade-empresacontam com o apoio do governo fe-deral por meio dos Fundos Setoriais.Para a cooperação universidade-empresa foi criado o Fundo VerdeAmarelo, que tem como foco: incen-tivar a implementação de projetos depesquisa científica e tecnológicacooperativa entre universidades,centros de pesquisa e o setor produ-tivo; estimular a ampliação dos gas-

tos em P&D realizados por empre-sas; apoiar ações e programas quereforcem e consolidem uma culturaempreendedora e de investimento derisco no país (disponível emhttp://www.mct.gov.br).

Para estimular e promover acooperação com empresas, as estru-turas universitárias criadas para estefim podem desenvolver algumasações como: criação de um banco dedados com oferta e demanda tec-nológicas; utilização de um sistemade informações para gerenciar obanco; presença em ambientesempresariais; realização de estudospara estimular ou fortalecer clusterssetoriais; promoção de eventos decaráter empresarial que atraia execu-tivos para o ambiente acadêmico.

Apesar de todas estas iniciati-vas, a cooperação universidade-empresa ainda carece de umametodologia com indicadores deavaliação de seus resultados no iní-cio e após a conclusão dos projetosem parceria. A partir de Bloedon eStokes (1994) e Sbragia et al (1998),é possível identificar alguns indi-cadores para avaliar os resultados dacooperação, tais como:

· Estrutura física ocupada porlaboratórios;

· Investimento de capital;

· Recursos humanos envolvidoscom PD&E;

· Número de acordos/contratos;

· Número de problemastécnicos resolvidos;

· Relatórios técnicos gerados;

· Artigos publicados;

· Patentes conjuntas, invençõese inovações;

· Desenvolvimento de redes de

contatos;

· Direito para uso/licença deresultados;

· Receita da venda detecnologia;

· Novos produtos ou serviçosgerados;

· Faturamento gerado pornovos produtos;

· Economia de custos nosprocessos produtivos.

· Os resultados desta avaliaçãopodem subsidiar os órgãos defomento do governo na alocaçãode recursos para cooperação.

É importante lembrar quequalquer iniciativa de aproximaçãoda universidade para as empresasprecisa de apoio institucional e daatuação de interlocutores, que esta-belecem os canais de comunicaçãoentre os pesquisadores e empre-sários, para obter sucesso. É ne-cessário que a universidade tenhauma política institucional voltadapara o desenvolvimento científico etecnológico da região onde estáinserida.

Por último, apesar das inicia-tivas existentes em relação à coope-ração, ainda há muito a ser feito. Épreciso concentrar esforços para aconscientização de pesquisadores eempresários de áreas que oferecemresistências à cooperação. Destaforma, a cooperação poderá ser me-lhor aplicada, trazendo ganhos paratodos os envolvidos na parceria.

Neila C. Viana da Cunha, mestre emAdministração com ênfase em Gestãoda Inovação Tecnológica pela UFRGSe professora da PUCRS, elabora tesede doutorado em Administração naFEA/USP sob orientação do Prof. SilvioAparecido dos Santos.E-mail: [email protected]

NOVAS IDÉIAS

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INOVAPAINEL PGT

PGT/USP lançao call forpapers para oXXIII Simpósio

Em parceria com importantesentidades nacionais, como oInstituto de Tecnologia do

Paraná (TECPAR), o Centro Federal deEducação Tecnológica do Paraná (CEFET-PR), a Universidade Federal do Paraná(UFPR) e a Pontifícia Universidade Católicado Paraná (PUC-PR), o PGT/USP acaba delançar a chamada de trabalhos para o XXIIISimpósio de Gestão da InovaçãoTecnológica. O evento, que será realizado de20 a 22 de outubro de 2004 no Centro deConvenções CIETEP, em Curitiba, PR,receberá os resumos dos artigos por meiodo site www.fia.com.br/pgtusp/simposio até31 de janeiro de 2004.

O tema central será Tecnologia eDesenvolvimento: desafios e caminhos parauma nova sociedade. A busca do equilíbrioentre progresso tecnológico, competitividadee inclusão social, a sustentabilidade dasnações, a governabilidade, a superação dasdesigualdades regionais são desafios quemotivaram a escolha do tema. Há aindaassuntos correlatos que também merecematenção. A capacitação na produção e nouso do conhecimento é fundamental para acompetitividade empresarial. Os padrõesatuais e emergentes de desenvolvimento denovos produtos, de transferência detecnologia, de construção de aliançasestratégicas e de cooperação tecnológicaexigem um novo perfil de competências.

Estes desafios estão circunscritos aoâmbito de um complexo processo queenvolve a interação entre empresas,universidades, institutos de pesquisa egoverno. Portanto, convidamos todos osprofissionais, pesquisadores, professores eestudantes vinculados a esses setores arelatar suas experiências, bem como osresultados de suas pesquisas concluídas ouem andamento, que possam contribuir paraesse debate e para o avanço dessa área deconhecimento.

OVII Encontro Nacional Sobre Gestão Empresarial eMeio-Ambiente (Engema), evento bienal promovidopelos departamentos de Administração da FEA/USP

e da EAESP/FGV, ocorrido entre 10 e 12 de novembro,representou um crescimento de 143% em relação à edição anteriordo evento. Neste ano, foram selecionados e apresentados 146trabalhos, contra 60 apresentados em 2001. Estiveram presentesao encontro, realizado na FEA, representantes de empresas comoPetrobrás, Intelig, Basf, Nossa Caixa, Vega, Ecoinvest, Brasilataetc. “É um crescimento que mostra a relevância dessa temática e anecessidade do enfoque multidisciplinar promovido pelo Engema”,afirma Liége Mariel Petroni, uma das organizadoras do evento.

Além da apresentação dos trabalhos de diversas partes dopaís, houve durante o evento duas mesas redondas. Uma delascom o tema O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no Brasil,com a presença de José Carlos Barbieri (FGV/SP), Marco AntonioFugihara (PricewaterhouseCoopers) e Florent Mailly (VegaEngenharia Ambiental). A outra com o tema Estratégia Para aEnergia do Século XXI, com Isak Kruglianskas (FEA/USP), RicardoEsparta (Ecoinvest), José Paulo Vieira (Usina Piratininga) e Jaymede Seta Filho (Petrobrás). O objetivo foi promover novosconhecimentos e novas abordagens administrativas quecontribuam para a proteção do meio ambiente conciliandoeficiência e eficácia empresarial.

A abertura do evento foi feita pelo secretário estadual doMeio Ambiente, José Goldemberg. O endereço eletrônico do VIIEngema é http://www.fia.com.br/engema/ .

Com transmissão ao vivo, FEA debate pioneirismo

AFaculdade de Economia, Administração eContabilidade da USP (FEA-USP), com o apoio doPGT/USP, promoveu um curso de dois dias voltado

principalmente a professores de cursos superiores emAdministração, Economia, Contabilidade, Engenharia de Produçãoe áreas afins, com o tema Pioneirismo Brasileiro e a Construção doSéculo XXI. Também pioneiro a seu modo, o evento tevetransmissão ao vivo pela Cidade do Conhecimento, projetoempenhado na formação de redes cooperativas para divulgação deinformações entre alunos de ensino médio, graduação ou pós-graduação. O curso pôde ser visto em tempo real pela internet nosite da Cidade (http://www.cidade.usp.br).

Coordenado por Jacques Marcovitch, professor da FEA e ex-reitor da USP, o curso reuniu como expositores diversos estudiososdo empreendedorismo empresarial no país de vários centrosuniversitários, como Wilson Suzigan (Unicamp), Sérgio Birchal(UFMG), Palmira Petratti Teixeira (Unesp), César Simões Salim(PUC/Rio) e Fernando de Souza Meirelles (EAESP/FGV), além depesquisadores de várias faculdades da USP (FFLCH, FAU, FEAetc). O curso foi estruturado com base em pesquisa recém-concluída sobre a trajetória de pioneiros e empreendedores quederam macante contribuição ao desenvolvimento brasileiro. Maisinformações no site www.fea.usp.br/pioneiros.

Engema cresce 143%

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INOVAPAINEL PGT

Disciplinas de Pós-Graduação

Obs.: Até o fechamento desta edição do Inova, o calendário de disciplinas do Departamento de Engenharia deProdução não estava disponível. Os interessados poderão acessá-lo pelo site http://www.poli.usp.br/pro/.Informações sobre matrícula poderão ser obtidas diretamente juntos aos Departamentos:

Administração: Fone: 3091-5805 - e-mail: [email protected]: Fone: 3091-5886 – email: [email protected] de Produção: Fone: 3091-5363 – email: [email protected]

Departamento Nome da Disciplina Prof. Responsável Dia/Horário Período

Administração

EAD-5837 – Administraçãode P&D na Empresa Roberto Sbragia 3ª feira,

14h às 18h

01 de março a 28 de maio

de 2004

EAD-5887 – AdministraçãoEmpresarial e MeioAmbiente

Isak Kruglianskas / Liége Mariel Petroni

4ª feira, 8h30 às 12h30

EAD-5919 – Administraçãoda Inovação em Produtos eProcessos

Abraham Yu / Paulo Tromboni

6ª feira, 8h30 às 12h30

EAD-5865 - EstratégiaTecnológica na Empresa Eduardo Vasconcellos 4ª feira,

14h às 18h 31 de maio a 17 de setembro

de 2004EAD-5906 – Administraçãode Programas e Projetos

Antonio Cesar AmaruMaximiano

5ª feira, 14h às 18h

Economia EAE 5952 – PolíticaIndustrial e Tecnológica

Milton de AbreuCampanário e SérgioBuarque de Hollanda

2ª feira, 14h às 18h

1º Semestre de 2004

A coordenação do PGT/USP realiza uma articulação da oferta de disciplinas de pós-graduação dosdiferentes departamentos envolvidos com a temática de política e gestão tecnológica no âmbito de seusdepartamentos integrantes, principalmente entre os de Administração e Economia, da FEA/USP, e de Engenhariade Produção, da Escola Politécnica. Para o 1º semestre de 2004 estão previstas as seguintes disciplinas:

Um worksohp realizado em 7 de novembroapresentou os principais resultados do projeto GICEG(Gestão da Inovação para Competitividade numAmbiente de Globalização e Informatização): o caso dosetor TELECOM. O trabalho estudou diversos recortesdo mercado de telecomunicações no Brasil, suacompetitividade, seus arranjos para inovação, suagestão do conhecimento, seus cuidados com o meio-ambiente, seu comportamento empresarial entre outrostemas, além de avaliar as políticas públicas com impactosobre o setor. Trata-se de uma pesquisa de fôlego queconsumiu quatro anos de trabalho de 27 pessoas (9pesquisadores e 18 pós-graduandos) coordenados peloprofessor Roberto Sbragia, coordenador científico doPGT-USP. Ao final do trabalho foram produzidas seteteses (outras quatro ainda estão em conclusão), além de40 papers e 16 obras de conclusão de curso. Um livrocontendo os estudos será lançado em março ou abril dopróximo ano.

Para Roberto Pinto Martins, secretário de Políticade Informática e Tecnologia do Ministério de Ciência eTecnologia (MCT), presente no evento, o encontro marcao papel da universidade de “antecipar” os debates queocorrerão em nível governamental. “Este encontrodiscute e tem relação direta com pelo menos duas das

prioridades que o governo estuda em sua futura políticaindustrial: as áreas de microeletrônica e de software”,afirmou Martins. Também participou do workshop, comuma palestra magna, o economista Martin Fransman, daUniversidade de Edimburgo e um dos maioresespecialistas do mundo na área de telecomunicações.Ele avaliou que um problema que emperra maioresavanços da qualidade das telecomunicações no Brasilnão é a capacidade do país de criar ou absorvertecnologia, mas sim a grande desigualdade social, ouseja, a ausência de consumidores para serviços cadavez melhores, o que impede a produção com ganho deescala.

Durante o workshop foram apresentados os oitosubprojetos do GICEG. São eles: ComportamentoEmpresarial e o Dinamismo Tecnológico, Fontes eArranjos para Inovação, Políticas Públicas para aInovação, Estratégias de Lançamento de NovosProdutos em Organizações Prestadoras de Serviços,Arquitetura Organizacional para Novos Negócios, Gestãode Competências para a Produção de Serviço, ProduçãoLimpa e Responsabilidade Social e CompetitividadeEmpresarial. O projeto foi apoiado pelo CNPq/Pronex epela Fapesp. Mais informações no endereçohttp://www.fia.com.br/pgtusp .

GICEG-Telecom está chegando ao fim em sintonia com o país

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INOVA

EEvveennttooss mmuunnddiiaaiiss eemm GGeessttããoo TTeeccnnoollóóggiiccaaDDaattaa ee llooccaall EEvveennttoo

10 a 12 de março de 2004

Toluca, México

V Jornada Lationoamericanas de Estudios Sociales de LaCiencia y la Tecnología* Informações: Antonio Arellano Hernández (coordenador geral) [email protected] Ortega Ponce (cordenadora técnica) [email protected]

28 a 30 de abril de 2004

Belo Horizonte – Brasil

Congresso ABIPTI 2004 – Tecnologias para inclusão social: o papel dos sistemas deCiência, Tecnologia e Inovação* Informações: www.abipti.org.br

3 a 7 de abril de 2004

Washington, EUAPrazos - 15 de janeiro de 2004:submissão de trabalhoscompletos

IAMOT 2004 - 13th International Conference on Management ofTechnologyTema: New Directions in Technology Management: ChangingCollaboration Between Government, Industry and University* Informações: http://www.iamot.org/

28 a 30 de junho de 2004

Munique, AlemanhaPrazos - 28 de fevereiro de2004: submissão de resumos

8th International Conference on Technology Policy andInnovation - Munich 2004 - Tema: Networking in a changing world* Informações: http://in3.dem.ist.utl.pt/munich2004

1º a 4 de agosto de 2004

Seul, Coréia do SulPrazos - 1º de janeiro de 2004:submissão de resumos

PICMET`04 – Portland International Conference onManagement of Engineering and Technology. Tema: Innovation Management in the Technology – Driven World * Informações: www.picmet.org

20 a 22 de outubro de 2004

Curitiba – BrasilPrazos - 31 de janeiro de 2004:submissão de propostas detrabalho; 30 de abril de 2004:submissão de trabalhoscompletos

XXIII Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica. Tema: Tecnologia e Desenvolvimento: desafios e caminhospara uma nova sociedade

* Informações: http://www.fia.com.br/pgtusp/simposio/

23 a 26 de outubro de 2004

Anaheim, Califórnia, USA

PMI Global Congress 2004 - Project Management Institute (PMI)* Informações: http://www.pmi.org

AGENDA

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INOVANOTÍCIAS

Contingenciamento em C&T pode gerar pendências legais

Oano de 2004 prometeser o que baterá recor-de absoluto em reten-

ção dos recursos destinados no orça-mento à área de Ciência e Tecnolo-gia. No próximo ano, o dinheiro reti-do será maior do que aquele efetiva-mente liberado para a área. Está pre-vista no projeto de lei orçamentáriauma retenção de R$835,77 milhões,ou cerca de 57% do total previstoinicialmente para ser destinado àC&T, enquanto no ano passado, porexemplo, a retenção foi de “apenas”44%. Sob a voracidade com que téc-nicos do Ministério da Fazendaavançam sobre os recursos destina-dos legalmente à área de C&T, co-meçam a surgir questionamentos so-bre a legalidade desta ação. Pesqui-sadores têm apontado ações ilegais,congressistas citam um “desvirtua-mento legal” do processo e pelomenos um parecer jurídico já foiredigido apontado uma flagrante ile-galidade nas ações governamentais.

Pegue-se por exemplo a “re-serva de contingênica” (rubrica soba qual são feitos os cortes orçamen-tários para a C&T) que incide sobreo CTPetro, fundo setorialmais tradicional do país,destinado à pesquisa naárea petrolífera e uma dasprincipais vítimas destaretenção de recursos,como pode ser visto natabela 1. O valor efetiva-mente gasto em C&Tchega a pouco mais deum terço do total derecursos arrecadados paraaquele fundo setorial.

Uma parecer redigido peloadvogado e mestre em direitoeconômico Otacílio dos SantosSilveira Neto (UFPB), destaca pelomenos dois erros já cometidos nestasretenções. O primeiro refere-se àspróprias retenções feitas antes doano de 2000. Elas simplesmente nãopoderiam ter sido feitas, pois a vin-

culação destes recursos à área deC&T era clara antes da edição da lei10.261 (de julho de 2001), cujo prin-cipal objetivo foi justamente desvin-cular parcialmente os recursos antesvinculados à área de C&T. Outroproblema: estes recursos, comoestavam vinculados, se não foramutilizados para sua finalidade deve-riam ter sido reservados para seremutilizados no período seguinte. Parao CT Petro, estes valores chegam aalgumas centenas de milhões. Masse forem considerados todos osFundos Setoriais, os valores jásomam mais de R$ 3 bilhões.Silveira Neto é claro em seu parecer:“Como não houve nenhuma rein-jeção dos valores não utilizados dosrecursos dos royalties destinados aoMCT no período de 1997 a 2000,torna-se possível a discussão jurídicado repasse destes valores”.

Mas mesmo após a lei 10.261ainda se discute se os recursos legal-mente destinados à C&T podem serdestinados à formação de superávitprimário do governo. O senadorRodolpho Tourinho (PFL-BA), porexemplo, acusou neste ano o gover-

no de “desvirtuamento inequívoco”na utilização de recursos destinadosa C&T. A lei de 2001 de certa formadeu legitimidade legal às retenções,porém fica a questão da reaplicaçãodos recursos no ano seguinte, já queeles são retidos a título de “reserva”.Sabe-se que os recursos retidos nãosão reservados, mas sim utilizadospara fazer “caixa” para o superávitprimário do governo, mas com isso,alegam vários pesquisadores, des-cumpre-se a lei.

Um estudo feito pela cientistapolítica Ingrid Sarti (UFRJ) e publi-cado no Jornal da Ciência (XVIII, nº516, 24/10/2003: 6-8) aponta que“na proposta para 2004, R$ 917 mi-lhões dos recursos que seriam, oumelhor, são formalmente destinadospara ciência e tecnologia constituem‘reserva de contingência’ (delesR$835 milhões do Fundo Nacionalde Desenvolvimento Científico eTecnológico-FNDCT e o restante doFunttel). Note-se que a rubrica‘pagamento de juros e amortizaçãoda dívida’ faz parte do Orçamento, aela são destinados R$ 215 milhõessomente do orçamento do MCT. Emsuma, de início, na proposta de LeiOrçamentária Anual para 2004, aárea de C & T contribui para osuperávit primário com R$ 1,132bilhão – 25% de seu orçamento.”.Para Sarti, está havendo uma“incidência de práticas que afetam oprincípio constitucional”. Ver arespeito a tabela 2.

Pode não estar distante, por-tanto, o momento em que o ques-

tionamento às práti-cas utilizadas nosúltimos anos pelogoverno para esta-belecer uma situa-ção fiscal favorávelpasse das queixasentre membros dacomunidade deC&T para o Judi-ciário.

Tabela 1 -VALORES RECEBIDOS E APLICADOS PELO CTPETRO – 1999/2002*

AnoArrecadação(Royalties) R$ milhões

Valores ContratadosR$ milhões

Valores Transferidos R$ milhões

1999 120 140 02000 228 120 1492001 282 100 1112002 384 90 90

TOTAL 1.014 450 350* Fonte: CTPetro

Estudos questionam legalidade de retenção pelo governo de verbas em favor do superávit orçamentário

Tabela 2: Orçamento MCT e FNDCT autorizado vs. pago (R$milhões)

MCT FNDCTAutorizado Pago % Autorizado Pago %

2001 2577 1885 73 724 308 422002 2835 1921 67 927 292 312003* 3327 1274 38 1278** 174 13* até 12/09/2003 ** R$ 595 represados como ‘reserva de contingência’ - Fonte: SIAFI-PLOA 2004 (Tabela citada no estudo de IngridiSati em Jornal da Ciência (XVIII, nº16, 24/10/2003: 6-8)

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INOVA é uma publicação trimestral do Núcleo dePolítica e Gestão Tecnológica da Universidade deSão Paulo, instituição acadêmica, voltada para apesquisa e formação nessa área do conhecimen-

to. O boletim tem por objetivo discutir, analisar, interpretare informar sobre os principais acontecimentos do setor,com o propósito fundamental de alcançar a máxima inte-gração entre os diversos profissionais que atuam na área.Esta publicação tem o apoio do Programa de Apoio aNúcleos de Excelência (Pronex), por meio do ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico(CNPq). INOVA é distribuído gratuitamente.

Conselho EditorialAfonso Fleury, Eduardo Vasconcellos,Guilherme Ary Plonski, Hélio Nogueirada Cruz, Henrique Rozenfeld, Jacques

Marcovitch, Julio Cesar R. Pereira eMilton Campanario

Editores:Roberto Sbragia e Ivete Rodrigues

Jornalista responsável:Fábio Sanchez (MTb 18.152)

Direção de arte: Robson Regato

PGT/USPAv. Prof. LucianoGualberto, 908,

prédio 1, piso superiorCEP: 05508-900

Cidade Universitária São Paulo - SP - BrasilTel.: (011) 3091-5969

Fone/fax: (011) 3031-6946

[email protected]

www.fea.usp.br/nucleos/pgt/index.htm

INOVAPUBLICAÇÕES

O sistema venezuelanoaberto à consulta

ALTEC foca na relaçãouniversidade-empresa

Os seminários bienaissobre Gestão Tecnológi-

ca da ALTEC (Asociación Latino-Iberoamericana de Gestión Tecnoló-gica) são excelentes oportunidadespara a avaliação do tema do pontode vista continental e para a com-paração entre paradigmas do pri-meiro e do terceiro mundo, já queparte da Europa também contribuicom estudos. A formatação dessestrabalhos em livro traz sempre umresultado que merece atenção dequalquer pesquisador a respeito dotema. O lançamento mais recentecontendo estudos apresentados nes-ses eventos acaba de sair. É o livro

Innovación tecnológica, universi-dad y empresa, que traz trabalhosenfocando a relação entre univer-sidades e empresas expostos noVIII Seminário ALTEC, ocorridoem Valencia (Espanha) em 1999.

Foram selecionados 24 tra-balhos dentro de três grandes temasdaquele evento: Sistemas e Políticasde Inovação, Inovação e Gestão doConhecimento na Empresa eCooperação Empresa-Universidadeem Atividades de Inovação. Algunstextos brasileiros merecem destaque,como o de Jacques Marcovitch (daFEA-USP) sobre Universidade eInovação Tecnológica, o de Niraldo

José do Nas-cimento e JorgeTadeu dos Ra-mos Neves (am-bos da UFMG)sobre Uma in-vestigação de

sites e documentos sobre Gestão doConhecimento na World Wide Web,e o de Edson Pinheiro de Lima (daPUC-PR) sobre Princípios para oProjeto de Uma Organização Voltadaà Inovação.

Mais informações sobre olivro podem ser obtidas pelo [email protected] ou nos endereçoswww.oei.es e www.altec-web.org .

Um país no qual a maiorempresa é uma estatal de

petróleo, há pouca coordenaçãoentre os sistemas de inovação públi-cos e privados e uma profusão deatores na área de C&T que não seentendem, embora haja grandeempreendedorismo na área. Parece-lhe familiar? Não se trata do Brasil,mas sim da Venezuela esquadrinha-da competentemente no livroVenezuela: el desafio de inovar,coordenado por Arnoldo Pirela.

O livro expõe de forma rara-mente analítica e franca as virtudes eproblemas do sistema de inovaçãovenezuelano, sem recusar-se a tocarem nenhum assunto que torne odebate translúcido, como por exem-

plo o atual e conturbadomomento político eeconômico do país.Constata, por exemplo,que apesar de o governode Hugo Chávez autode-nominar-se uma “re-volução”, pelo menos no que se re-fere a inovação não se encontram emseus documentos econômicos dife-renças substanciais na comparaçãocom os planos e programas dos ante-cessores. Assume-se, por exemplo,que o país apresenta um ambiente“adverso à atividade empresarialmoderna” e que “incerteza” é apalavra que resume o cenário noqual se desenvolve a atividadeindustrial do país. Porém, trata-se de

um cenário muito bemdesenhado e explicadopelo fôlego para análise epelos dados disponível nolivro.

Os treze capítulosdo livro dividem-se em

três grandes blocos. O primeiroavalia a situação venezuelana desde1936 à luz de teorias internacionais.O segundo bloco avalia estudos decaso de inovação e o terceiro apre-senta o comportamento de institui-ções públicas e privadas do sistemanacional de inovação venezuelano.Os endereços eletrônicos de todos osquinze autores de trabalhos constamdo livro. O e-mail do organizador dovolume é [email protected] .