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Caros amigos, colegas e cidadãos, Este boletim informativo pretende reforçar e melhorar a comunicação entre a nossa Unidade de Saúde os cida- dãos e outras instituições da nossa comunidade. Preten- demos manter uma publicação trimestral na nossa intra- net (e de futuro na Internet) com participação de cida- dãos e instituições interessadas em divulgar a sua pers- pectiva sobre a nossa comunidade, estilos de vida saudá- veis, educação para a saúde, espaços saudáveis, activi- dades de lazer e bem estar, eventos de interesse para os nossos utentes e respectivos programas, ou efectuar uma abordagem crítica e actual sobre estes e outros temas pertinentes. Gostaríamos de incluir neste projecto todos os que qui- serem colaborar. Nesta edição temos assuntos tão diversificados como a gripe, o consumismo e os custos ambientais, os direitos e os deveres do utente ou o poeta Bocage. Porém, a ali- mentação destaca-se por ser o tema mais abordado. Entre excelentes contributos oferecidos a este boletim, uma educadora de infância propôs-nos uma reflexão crí- tica sobre um “retrato duma realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias no fio da navalha”. A Divina comédia ali mesmo ao virar da esquina, irresistível… Américo Varela Coordenador da Unidade de Saúde do Monte de Caparica Editorial Outubro—Dezembro 2007 Ano I—nº1/07 Nesta edição: Editorial 1 Tema Livre 2 Assunto temático 3 Página do Cidadão 4 Página Ecológica 5 Galeria de Arte 8 Doenças de Gente Famosa 9 Riscos para a População 10 Gabinete Jurídico 13 Seguinte >

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Page 1: Nesta edição: Editorial Editorial 1usf-montecaparica.min-saude.pt/Documents/boletim_informativo_nr1.pdf · cinha, há uma série de conselhos a dar à mãe, chamar-lhe a atenção

Caros amigos, colegas e cidadãos,

Este boletim informativo pretende reforçar e melhorar a

comunicação entre a nossa Unidade de Saúde os cida-

dãos e outras instituições da nossa comunidade. Preten-

demos manter uma publicação trimestral na nossa intra-

net (e de futuro na Internet) com participação de cida-

dãos e instituições interessadas em divulgar a sua pers-

pectiva sobre a nossa comunidade, estilos de vida saudá-

veis, educação para a saúde, espaços saudáveis, activi-

dades de lazer e bem estar, eventos de interesse para os

nossos utentes e respectivos programas, ou efectuar uma

abordagem crítica e actual sobre estes e outros temas

pertinentes.

Gostaríamos de incluir neste projecto todos os que qui-

serem colaborar.

Nesta edição temos assuntos tão diversificados como a

gripe, o consumismo e os custos ambientais, os direitos e

os deveres do utente ou o poeta Bocage. Porém, a ali-

mentação destaca-se por ser o tema mais abordado.

Entre excelentes contributos oferecidos a este boletim,

uma educadora de infância propôs-nos uma reflexão crí-

tica sobre um “retrato duma realidade dos bairros

sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias

no fio da navalha”. A Divina comédia ali mesmo ao virar

da esquina, irresistível…

Américo Varela

Coordenador da Unidade de Saúde do Monte de Caparica

Editorial

Outubro—Dezembro 2007 Ano I—nº1/07

Nesta edição:

Editorial 1

Tema Livre 2

Assunto temático

3

Página do Cidadão

4

Página Ecológica

5

Galeria de Arte

8

Doenças de Gente Famosa

9

Riscos para a População

10

Gabinete Jurídico

13

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Ano I – nº1/07 Página 2

O MELHOR ALIMENTO

O melhor alimento para o bebé é o leite materno. Isso é dos livros. Em todas as primeiras consultas dos recém-nascidos não me canso de repetir as virtudes do leite mater-no: está sempre pronto a ser con-sumido, tem a temperatura ideal, a composição óptima e, ainda por cima, é de borla.

Quadro de Picasso, A Maternidade

Aviso a mãezinha que, no entanto, deve ter cuidado com o que come porque toda a sua alimentação se pode repercutir no bebé. Nada de álcool, nada de tabaco, nada de café e nada de comidas esquisitas que possam, eventualmente, cau-sar alguma alergia ou mau estar gastrointestinal ao petiz. Tenho ainda o hábito já antigo – e talvez ultrapassado – de receitar ao bebé umas gotinhas de vitamina C e vitamina D.

A consulta do recém-nascido é sempre algo cansativa porque, para além da observação da crian-cinha, há uma série de conselhos a dar à mãe, chamar-lhe a atenção para a importância de fazer a con-sulta do puerpério e mais isto e mais aquilo.

Sei que, para muitas das minhas doentes, aquela consulta contém mais informação do que um tele-jornal do fim de semana e sei tam-

bém que, algumas delas, se vão esquecer deste ou daquele pormenor. No entanto, não fico muito preocupa-do porque, durante o primeiro mês de vida, o bebé vem semanalmente ao Centro de Saúde para se pesar e a enfermeira que trabalha comigo cha-ma-me sempre para eu dar um olhi-nho ao umbigo do miúdo ou tirar uma dúvida à mãe.

A dúvida da Margarida, no outro dia, deixou-me perplexo:

Ó doutor, as vitaminas que o doutor receitou eram para mim ou para o João Pedro?...

O quê? - espantei-me. - Tu não me digas que tu é que estás a tomar as vitaminas do miúdo!...

Sim... - respondeu a Margarida muito corada – O doutor disse que tudo o que eu comesse passava pelo meu leite para o bebé...

Artur Couto e Santos “um médico por família”

Tema L ivre

“O doutor disse que tudo o que eu comesse passava pelo meu leite para o bebé…”

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Ano I – nº1/07 Página 3 Ano I – nº1/07 Página 3

Higiene Alimentar As bactérias são microrganismos produ-

tores de doenças que muito vulgarmen-

te se encontram nos alimentos ou/e na

água. A ingestão de alimentos que não

foram adequadamente conservados ou

tratados, e nos quais se deu a prolifera-

ção de germes ou o aparecimento de

toxinas, é a causa mais frequente de

intoxicações alimentares.

A contaminação bacteriana dos alimen-

tos pode acontecer em qualquer ponto

do seu processo: na sua produção

(devido às infecções dos animais), na

sua transformação, no transporte, no

armazenamento, nos estabelecimentos

de venda e na preparação e/ou conser-

vação dos alimentos antes de os consu-

mir. É, por isso necessário, manter

adequadas medidas higiénicas, em cada

etapa do seu processamento.

Os alimentos que correm maiores riscos

de contaminação , são os alimentos

crus, os que se conservam à temperatu-

ra ambiente e os que forem insuficien-

temente aquecidos, São também muito

susceptíveis de alteração os alimentos

perecíveis, aqueles que têm muita água

na sua constituição como é exemplo o

fiambre, a alface, o tomate entre

outros. Entre os alimentos “sensíveis”,

destacam-se: Ovos, molhos, maionese;

carne picada, hambúrgueres, salsichas

frescas; galinhas, frangos, patos e

outras aves; produtos de caça; pesca-

dos e mariscos; leite, queijo fresco,

natas, manteiga, iogurte e outros deri-

vados; produtos de pastelaria e Saladas de

produtos sensíveis.

Os factores de risco mais frequentes na

Restauração, são: alimentos preparados

com demasiada antecedência; alimentos

reaquecidos a temperatura insuficiente;

alimentos cozinhados a partir de matérias-

primas contaminadas; carnes e produtos

derivados mal cozinhados; congelação e

descongelação lenta; contaminações cru-

zadas; conservação dos alimentos quentes

entre os 5ºC e os 65ºC e contaminação

pelos manipuladores.

Pelo efeito, devem ser tomadas medidas

de prevenção em relação ao perigo de

contaminação cruzada (cruzamento de

alimentos crus/confeccionados; de dife-

rentes tipos (como carne/peixe); cruza-

mento entre áreas/zonas (Como zona da

confecção ser a mesma da preparação ou

de lixos, etc...); durante as diversas ope-

rações de manuseamento dos géneros ali-

mentícios.

Tal como devem ser implementadas boas

práticas de higiene e medidas preventivas

em relação a equipamentos, materiais,

ingredientes e matérias-primas, água, sis-

temas de ventilação, pessoal e fontes

externas de contaminação.

É por isso neste sentido que cada vez mais

se aposta e se deve investir na verificação

e controlo destes pontos críticos, nos sec-

tores da actividade alimentar, nomeada-

mente refeitórios, bares e cantinas esco-

lares.

Marisa Cristina Gonçalves Pereira

Técnica de nutrição

Assunto temát ico

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Ano I – nº1/07 Página 4

que ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada. A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se come-cem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à manei-ra. A criancinha, entre-gue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de indepen-dência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não lim-pa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma s e c a » .

Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A crianci-nha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de vio-lência verbal e etc e tal. Em casa, faz quei-xinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arre-piados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a con-ta de um eventual psi-quiatra e o derreter do ordenado em folias de

hipermercado, correm para a escola e espe-tam duas bofetadas bem dadas no profes-sor «que não tem nada que se armar em paizi-nho, pois quem sabe do meu filho sou eu». A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer p o r c a r i a s » .

Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas pro-blemáticas, das famí-lias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a anteci-par-me. Um dia des-tes, vão ser os paizi-nhos a ir parar ao hos-pital com um pontapé e um murro das crian-cinhas no olho esquer-do. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.”

Miguel Carvalho

“DIVIDA COMÉDIA Criancinhas

A criancinha quer Playstation. A gente dá. A criancinha quer estrangular o gato. A g e n t e d e i x a . A criancinha berra por-que não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de cho-colate. A criancinha quer bife e batatas fri-tas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha. A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá por-que a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente. A criancinha quer ficar a ver televisão até tar-de. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando. A criancinha desata num berreiro no res-taurante. A gente faz de conta e o berreiro c o n t i n u a . Entretanto, a crianci-nha cresce. Faz-se projecto de homem ou m u l h e r . D e s p e r t a . É então que a crianci-nha, já mais crescida, começa a pedir mesa-da, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares. A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la por-

Página do C idadão

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Ano I – nº1/07 Página 5

Página Ecológica

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emprego,” afirmou Christopher Fla-vin, presidente do Worldwatch Ins-titute, durante uma reunião com a imprensa, “mas à medida que se entra no novo século, este apetite dos consumidores, sem precedente à escala humana, mina e ameaça os sistemas naturais de que todos os humanos dependem, e está a tornar mais difícil aos pobres do mundo satisfazerem as suas necessidades básicas.” A ameaça às fontes de água do planeta, o desperdício dos recursos naturais, e a destruição dos ecos-sistemas, encontram-se associados ao uso duma imensidão de mate-riais descartáveis, de sacos plásti-cos do lixo, e de bens baratos tor-nados obsoletos, relacionados com a mentalidade moderna do “usa e deita fora”. A maioria das questões e problemas ambientais, hoje vivi-dos, pode estar relacionada com um (o) excesso de consumo. Ape-nas um pequeno exemplo: cerca de quase metade das espécies vivas, poderão extinguir-se a muito curto prazo devido a mudanças climáticas, relacionadas directa-mente com o consumo. Da Luxúria à Necessidade A globalização é um factor director que, pode tornar bens e serviços previamente fora do alcance em países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, agora muito mais disponíveis. Artigos que foram em determinada altura considerados de luxo – e.g. televi-sores, telefones celulares, compu-tadores, e sistemas de ar condicio-nado, são agora considerados como necessidades pelo mais comum dos mortais. A China fornece um exemplo desta mudança de mentalidade. Por mui-tos anos, as ruas de cidades princi-pais de China forram caracteriza-das por um mar virtual de pessoas de bicicletas, e há 25 anos eram raros os carros próprios. Cerca do ano 2000, existiam já 5 milhões de carros na deslocação de pessoas e serviços e esperava-se que esse

Investigação revela:

À medida que o consumo alas-tra, o planeta sofre.

@ jpg, FCT/UNL, 2007 *

Americanos e Europeus iniciaram, há décadas, um consumo e desen-volvimento insustentáveis. Mas agora, de acordo com o relatório do Instituto Worldwatch (2004), os países em vias de desenvolvimento entraram igualmente nas vias dum crescimento rápido e constante, em detrimento do ambiente, da saúde e da felicidade. Perfeitamente cronometrado com os excessos das férias desse ano, o relatório divulgado pelo Worldwatch em Washington, D.C., focou-se na investigação sobre o consumismo do ano (2004). Aproximadamente 1,7 biliões de pessoas em todo o Mundo pertenciam ao grupo ou classe dos ditos consumidores, caracterizado por um consumo de dietas alimentares altamente pro-cessadas, desejo de maiores casas e mais e maiores carros, níveis de gastos mais elevados, e estilos de vida regidos pela acumulação de bens não essenciais. Quase cerca de metade destes consumidores, residia em países em vias de desenvolvimento - incluindo 240 milhões de Chineses e 120 milhões de Indianos – quer dizer nos mer-cados com maior potencial de expansão no Mundo. “O incremento do consumo ajudou a resolver os problemas das neces-sidades básicas e criação de

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Ano I – nº1/07 Página 6

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número atingisse 24 milhões em 2005. O aumento da confiança nos automóveis significa mais polui-ção, maior tráfego e gastos maiores de combustíveis fósseis. Os carros e outras formas de transporte contribuem para qua-se 30 % do gasto da energia do mundo e 95 por cento do consu-mo global de petróleo. A mudança da dieta alimentar, com ênfase crescente no consu-mo de carne, (sobretudo de bovi-no) ilustra o preço ambiental e social exigido pelo consumo desenfreado. Para produzir mais carne de vaca, galinha, e porco, a bastante para satisfazer a actual procura, a indústria de criação de animais domésticos moveu-se para uma produção fabril em série. Produzir oito onças da carne requer 6.600 galões (25.000 litros) da água; 95 % de colheitas da soja do mundo são consumidos pelo gado, e 16 % do metano atmos-férico, um gás poluidor responsá-vel pelo efeito de estufa, são emitidos pela flatulência dos ani-mais domésticos. O escoamento das enormes quantidades do esterco produzidas nas fazendas fabris transformou-se em um desperdício tóxico, mais do que num fertilizante, ameaçando as enseadas, baías, e estuários cir-cundantes. As galinhas são mantidas em fazendas de exploração em gaio-las com aproximadamente nove polegadas quadradas (aproximadamente 60 centíme-tros quadrados) do espaço /por animal. Para forçá-los a colocar mais ovos, são frequentemente colocadas em regime subalimen-tar. As galinhas massacradas para carne são sobretudo engor-dadas com hormonas, às vezes até as suas patas não consegui-rem sustentar o peso do seu cor-po. As circunstâncias da aglomeração podem conduzir à propagação rápida da doença entre os ani-mais. Para impedir isto, são

incluídos antibióticos em larga escala na sua alimentação. A organização de mundial de saúde (OMS) alerta para o uso difundido destas drogas na indús-tria dos animais domésticos que torna os micróbios resistentes aos antibióti-cos, e complica o tratamento das doenças, quer nos animais quer nas pessoas. Mas as transgressões têm continuado. Em 2002, uma cadeia de refeições rápidas (“fast-food”) anunciou que não compraria mais ovos aos fornecedores que mantivessem galinhas confinadas em gaiolas, em ou regime de alimentar que as forçasse à postura adicional. Em 2004, outra cadeia de “fast-food” requereu aos seus fornecedores de frango que parassem de administrar antibióticos para promover o cresci-mento das aves. Estes factos dão uma pálida ideia do descalabro a que che-gou a situação. O Banco Mundial repensou, também, a sua política de financiamento às “fábricas” de animais domésticos. Em 2001, um relatório do banco concluiu que “há um perigo significativo que as pessoas pobres estejam a ser aglome-radas em baldios, o ambiente corroído, a protecção global e a segurança do alimentar ameaçadas.” Limitações à Felicidade De acordo com diversos estudos, o aumento na prosperidade não está a tornar os seres humanos mais felizes ou mais saudáveis. Os resultados das análises à satisfação da vida em mais de 65 países, indicou que salários e felicidade tendem a estar correlaciona-dos até ao valor aproximado de US $13.000 do salário anual por pessoa (1995) (isto é, cerca de 10 000€). Para além deste valor, salários supe-riores parecem produzir somente modestos incrementos na felicidade auto-relatada. O aumento do consumismo tem reve-lado custos muito elevados. As pes-soas estão a endividar-se e a trabalhar mais tempo para ter um estilo de vida mais consumista, e consequentemente gastando menos tempo com família, amigos, e organizações comunitárias. “O consumo excessivo parece ser con-tra-produtivo,” afirma Gardner. “A iro-nia é que níveis mais baixos do consu-mo podem realmente sanar alguns

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Ano I – nº1/07 Página 7

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destes problemas.” As dietas alimentares de componen-tes altamente processados e o estilo de vida sedentário, confiado na con-dução de viaturas automóveis, têm conduzido a uma epidemia mundial de obesidade. Nos USA, estima-se que cerca de 65 % dos adultos pos-suem peso excessivo ou são obesos, e o país possui a taxa a mais elevada no mundo de obesidade entre adoles-centes. Os resultados são taxas cres-centes de doenças cardíacas e diabe-tes, custos exponenciais nos cuidados de saúde, e uma qualidade mais bai-xa de vida quotidiana. Alguns aspectos deste consumismo galopante, tiveram consequências anormalmente gritantes. O Instituto Worldwatch reportou que as despesas anuais mundiais com cosméticos totalizaram US $18 biliões e a esti-mativa para as despesas anuais requeridas para eliminar a fome e a subnutrição seria de $19 biliões. As despesas com os alimentos de ani-mais de estimação nos USA e CEE totalizam $17 biliões anuais e o custo estimado de imunização de todas as crianças, do fornecimento de água potável para todas, e implementação da alfabetização básica universal seria de $16.3 biliões. Não há, naturalmente, nenhuma solução fácil para o problema. Os investigadores têm exigido impostos verdes (que reflictam os verdadei-ros custos ambientais dos produ-tos), e programas de reciclagem de produtos ou bens por parte dos produtores/fabricantes, bem como de programas de consciencialização e educação ambiental para os consu-midores. Mas, o mais importante e acima de tudo seria reorientar a forma de pen-sar do Homem Moderno. Sugere-se a partir desta advertência, uma mudan-ça paradigmática no sentido de esta-belecer as bases dum novo paradig-ma ambiental baseado na reorienta-ção da forma do pensamento huma-no. É necessário mudar a forma de realização/produção de bens mas é igualmente importante mudar as for-

mas como se consome, como se compreende e como se age para com o ambiente. REFERÊNCIA. Do texto introdutório à investiga-ção do Prof. Auxiliar; João Pereira Gama, ED. D. FCT/UNL, 2007, com base em Hillary Mayell for National Geographic News, January 12, 2004

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Ano I – nº1/07 Página 8

Galer ia de Arte

Cec í l ia Data de Nascimento: 27-8-1971 Nasceu na cidade do rio azul (Setúbal), onde reside. Desde garota que sempre gostou de trabalhos manuais, actividade que ainda mantém nos tempos livres. Desde que deixou a carreira militar (ex-tenente do exército) tem se dedicado com mais afectividade a esses trabalhos. Considera-se ape-nas uma “curiosa” que gosta de novos desafios e de ensiná-los a quem os quiser aprender. VER TRABALHOS

Saraiva

Fernanda

Mar isa

Beatr iz

Data de Nascimento: 13-11-1955 Pertence à equipa da Unidade de Saúde do Monte. Dedica o seu tempo disponível na arte gastronómica. VER TRABALHOS

Data de Nascimento: 29-04-1953 Além da minha actividade profissional no âmbito da Saúde, dedico todo o pouco tempo disponível na minha aula de pin-tura meramente como obi. Gosto de criar e pintar. VER TRABALHOS

Data de Nascimento: 18-01-1980 É Técnica de Nutrição a exercer funções nos Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Setúbal. Apresento estes trabalhos esperando corresponder às expectativas. VER TRABALHOS

Data de nascimento: 23-05-1990 Frequenta a Escola Secundária Artística António Arroio. Esco-lheu esta escola porque é exclusivamente de artes. Começou por se interessar mais pelo desenho de banda desenhada e a partir dos seus estudos na disciplina de Desenho, evoluiu o seu estilo e traço próprio. VER TRABALHOS

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Ano I – nº1/07 Página 9

Doenças de Gente Famosa

BOCAGE Bocage nasceu em Setúbal em 1765, a 15/09, um bonito dia a despedir-se do Verão. Foi baptizado na Igreja de S. Sebastião, fre-guesia a que perten-ciam os moradores do Largo de Santa Maria. Chamaram-lhe Manuel e acrescentaram Maria em homenagem à Vir-gem – Manuel Maria de Barbosa L'Heclois du Bocage. Nasceu numa casa de boa constru-ção, no Largo de Santa Maria, comprada pelo bisavô materno Leo-nardo Lestoff, um holandês respeitado, cônsul do seu país, que enriquecera com o comércio do sal. Em 1801, depois de uma vida de turbulên-cia e desgaste, os médicos diagnostica-ram-lhe um aneuris-ma. O mesmo era dizer, uma condenação à morte com prazo incerto.

A casa onde nasceu Bocage, segundo uma aguarela de Alberto de Sousa existente na Câmara Municipal de Setúbal. O poeta, maltratado pela miséria, nasceu numa família da alta burguesia.

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Em 1805, morre o Intendente Pina Mani-que. Bocage sentiu a falta do seu velho ini-migo ... “também os inimi-

gos fazem falta para espicaçar o

talento” Nesse mesmo ano, a doença ia fazendo estragos no aspecto do poeta; a pele morena converteu-se em baça e terrosa, os olhos azuis perderam o bri-lho e olhavam para um ponto invisível, os sul-cos do envelhecimento foram cavando a face e o ânimo pousava numa tristeza de adivinhação do fim próximo. O último papel escrito que caíra da mão do poeta ... “Já Bocage não sou! ...

À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento ...

Eu aos céus ultrajei! O meu tormento

Leve me torne sempre a terra dura.”

"Magro, de olhos azuis, carão moreno", como o poeta se

auto-retratou e como o pintor (Elói) o viu (Câmara Municipal

de Setúbal)

Fachada da Casa onde o poeta morreu, na Travessa de André

Valente, em Lisboa. Exausto por uma vida agitada, Bocage ali

viveu os últimos tem-pos, regenerado pelo trabalho, purificado

pelo sofrimento, con-fortado por amigos e admiradores, reconci-liado até com velhos

inimigos.

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Ano I – nº1/07 Página 10

As vacinas desenvolvidas e admi-

nistradas até à data para a pre-

venção da gripe não seriam efica-

zes contra este novo vírus mutan-

te, o que torna a espécie humana

v u l n e r á v e l à i n f e c ç ã o .

Os peritos consideram que a próxi-

ma pandemia (epidemias de gran-

des proporções que surgem em

diversas zonas geográficas mais ou

menos em simultâneo) de gripe

poderá vir a surgir desta forma.

Os sintomas da Gripe

A gripe caracteriza-se pelo início súbito de sintomas que incluem frequentemente:

• Febre elevada

• Arrepios

• Dor de cabeça

• Dor muscular

• Garganta inflamada

• Nariz entupido

• Tosse seca

Na gripe sem complicações, a

doença aguda geralmente resolve-

se ao fim de cerca de 5 dias e a

maioria dos doentes recupera em

1-2 semanas. Porém, em algumas

pessoas, os sintomas de fadiga

podem persistir várias semanas.

Como se transmite o vírus da Gripe

O vírus da gripe (vírus influenza)

transmite-se facilmente de pessoa

para pessoa através das gotículas

emitidas com a tosse ou os espir-

r o s .

A inalação dessas gotículas atra-

vés do nariz ou garganta permite

O que é a Gripe A gripe é uma doença contagiosa

resultante da infecção pelo vírus

influenza. O vírus influenza infecta

o tracto respiratório (nariz, seios

nasais, garganta, pulmões e ouvi-

d o s ) .

A maior parte das pessoas recupe-

ra em uma a duas semanas. A gri-

pe é mais perigosa nas crianças

pequenas, nos idosos (com mais

de 65 anos de idade), nos doentes

com problemas do sistema imuni-

tário (infectados pelo VIH ou

transplantados), ou com doenças

crónicas (pulmonares, renais ou

cardíacas). Nestes grupos de

doentes a gripe pode levar a com-

plicações graves, é nos quais ocor-

re o maior número de hospitaliza-

ções e de mortes.

Gripe aviária ou gripe das aves

A maioria dos vírus da gripe das

aves não são infecciosos para o

Homem. No entanto, se um vírus

da gripe humana e outro da gripe

aviaria infectarem uma pessoa ou

um animal, os dois tipos de vírus

podem unir-se, sofrer mutações e

dar origem a um vírus novo, passí-

vel de se transmitir dos animais

para o Homem, ou de pessoa para

p e s s o a .

Riscos para a População

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a entrada do vírus no organismo.

Uma vez dentro do organismo, o

vírus destrói a membrana mucosa

do tracto respiratório e infecta as

c é l u l a s .

É relativamente frequente a proli-

feração bacteriana nas membra-

nas mucosas danificadas pela

infecção pelo vírus influenza, que

provocam infecções secundárias

como pneumonia, sinusite, faringi-

te, otite ou bronquite.

Complicações da Gripe

O risco de ocorrência de complica-

ções, hospitalização ou morte, em

resultado da gripe, é maior nos

idosos (com mais de 65 anos), nas

crianças pequenas e nos doentes

c r ó n i c o s .

As complicações da gripe podem

incluir a exacerbação de doenças

já existentes ou problemas respi-

ratórios (a pneumonia viral e/ou a

pneumonia bacteriana secundária

são as complicações respiratórias

mais graves mas

pode surgir otite média, bronquite,

etc) ou não respiratór ios

(convulsões febris, síndroma de

Guillain-Barré, encefalopatia, mio-

site, miocardite, entre outras).

Prevenção da Gripe

A principal medida de prevenção

da gripe é a vacinação. A vacina-

ção deve ser repetida anualmente

e deve ser feita especialmente nos

grupos de risco (idosos, crianças e

d o e n t e s c r ó n i c o s ) .

Uma vez que o vírus sofre altera-

ções frequentes que o transfor-

mam num organismo diferente, a

vacinação deve também ser repeti-

da anualmente para poder ser efi-

caz. Estudos apontam para que a

vacina da gripe oferece uma pro-

tecção de 30% a 90% aos indiví-

duos vacinados.

Gripe - Tratamento Habitualmente, a gripe é tratada

com medicamentos para o alívio

dos sintomas (analgésicos, antipi-

réticos, descongestionantes nasais,

e t c ) .

Os antibióticos são ineficazes con-

tra a infecção viral mas podem ser

prescritos se surgir uma infecção

bacteriana secundária à gripe.

Existem actualmente medicamen-

tos inibidores da neuraminidase,

que bloqueiam a multiplicação dos

vírus responsáveis pela gripe. Des-

ta forma consegue-se suspender a

rápida proliferação do vírus e con-

trolar a doença.

Plano Pandémico

As pandemias de gripe são eventos raros, mas recorrentes. Ocorrem normalmente com intervalos de 10 a 40 anos. O exemplo mais conhe-cido é a pandemia de 'gripe espa-nhola' de 1918, que se estima que tenha causado a morte a 30 a 50 milhões de pessoas em todo o m u n d o . De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pandemia de gripe ocorre quando aparece uma nova estirpe do vírus influenza A contra a qual a popula-ção humana não tem imunidade.

Ano I – nº1/07 Página 11

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Em todo o mundo, ocorrem surtos sucessivos que podem dar origem a números elevados de mortes e casos de doença, causando uma perturba-ção generalizada da estrutura social. Segundo a Direcção Geral de Saúde: "A OMS recomenda que os países e as empresas se preparem para uma possível pandemia de gripe, pois, apesar de não se poder prever quan-do vai ser o seu início, existe actual-m e n t e e s s e r i s c o . Em situação de pandemia de gripe, as empresas têm um papel fulcral a desempenhar na protecção da saúde e segurança dos seus empregados, colaboradores e clientes, assim como na limitação do impacte negativo sobre a economia e a sociedade. Deste modo, as empresas deverão

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Gripe vs Constipação

ter Planos de Contingência que contemplem a redução dos riscos para a saúde dos trabalhadores e a continuidade das actividades essenciais, de forma a minimizar o impacte de qualquer disrupção e a assegurar o funcionamento da sociedade."

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Ano I – nº1/07 Página 13

Gabinete Jur íd ico

consciência que as suas acções

podem pôr em causa a sua saúde,

mas também a dos outros (riscos

colectivos provocados pelo homem:

pense-se no caso da poluição resul-

tante dos gases dos automóveis e

nos consequentes danos para os

seres humanos). Existe um dever

fundamental de proteger a sua pró-

pria saúde, pois a vida não é feita

unicamente de direitos, mas tam-

bém de deveres.

“Todos têm direito à protecção da

saúde e o dever de a defender e

promover” (art.64ºCRP). Segundo

este art. “O direito à protecção da

saúde é realizado:

• Através de um serviço nacional

de saúde universal e geral e,

tendo em conta as condições

económicas e sociais dos cida-

dãos, tendencialmente gratui-

to;

• Pela criação de condições eco-

nómicas, sociais, culturais e

ambientais que garantem,

designadamente, a protecção

da infância, da juventude e da

velhice, e pela melhoria siste-

mática das condições de vida e

de trabalho, bem como pela

promoção da cultura física e

desportiva, escolar e popular,

e ainda pelo desenvolvimento

da educação sanitária do povo

e de práticas de vida saudá-

vel.”

O conhecimento dos Direitos e

Deveres dos Utentes das Unidades

Sanitárias possibilita aos utentes

uma intervenção activa na melhoria

progressiva dos Cuidados e Servi-

O Gabinete Jurídico é um espaço

dirigido ao Utente/Cidadão, no qual

se poderá manter informado sobre

os direitos e interesses legalmente

protegidos, mas também dos seus

deveres. Aqui poderá colocar ques-

tões e esclarecer dúvidas.

A saúde é um direito fundamen-

tal consagrado no artigo 64º da

Constituição da República.

A saúde é um bem a que todos

temos direito. Contudo, ao contrá-

rio do que se possa pensar os cui-

dados de saúde não se restringem

aos que são prestados pelos médi-

cos, enfermeiros, paramédicos e

outros profissionais de saúde. O

primeiro passo cabe a cada um de

nós, cidadãos do mundo, um mun-

do que evolui a um ritmo frenético.

Assim, para pôr em prática este

direito fundamental, torna-se indis-

pensável referir as pré-condições

para a saúde (água potável, sanea-

mento e alimentação adequadas,

saúde ambiental, saúde ocupacio-

nal, informação relativa à saúde).

Como diz o ditado “mais vale

prevenir, do que remediar”, a nos-

sa conduta torna-se por isso muito

importante. Actualmente, existem

inúmeras campanhas publicitárias a

incentivar o desporto, uma alimen-

tação saudável, vacinações e testes

para detectar sinais de doença

(rastreio). As pessoas têm que ter

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ços.

“A «Carta dos Direitos e Deveres

dos Utentes» representa mais um

passo no caminho da dignificação

dos utentes e da humanização dos

Cuidados de Saúde, caminho que

os utentes, os profissionais e a

comunidade devem percorrer lado

a lado.”

Direitos dos Utentes

1. O utente tem direito a ser trata-

do com cortesia e no respeito pela

dignidade humana.

2. O utente tem direito a receber

informações sobre a promoção da

Saúde e cuidados preventivos,

curativos, de reabilitação e termi-

nais, apropriados ao seu estado de

Saúde.

3. O utente tem direito a não ser

discriminado, nem na base do

sexo, da raça ou etnia, da condição

socio-económica, da religião, das

suas opções políticas ou ideológi-

cas, nem ainda da doença de que

padecem.

4. O utente tem direito à confiden-

cialidade de toda a informação clí-

nica e elementos identificativos que

lhe respeitam.

5. O utente tem direito à privacida-

de na prestação de todo e qualquer

acto médico.

6. O utente tem direito a ser infor-

mado sobre a sua situação de Saú-

de e a aceder aos dados registados

no seu processo clínico

7. O utente tem direito a dar ou

recusar o seu consentimento explí-

cito, antes de qualquer acto médico

invasivo ou de participação em

qualquer projecto de investigação

ou ensaio clínico.

8. O utente tem direito à prestação

de cuidados continuados e a bene-

ficiar do sistema de referência.

9. O utente tem direito ao respeito

pelas suas convicções culturais,

filosóficas e religiosas, desde que

elas não comportem risco grave

para a sua vida.

10. O utente tem direito por si, ou

por quem o represente, a apresen-

tar sugestões e reclamações.

11. O utente tem direito ao apoio

familiar e as crianças têm direito a

ser acompanhadas pelas suas mães

ou avós.

Deveres dos utentes

1. O utente tem o dever de zelar

pelo seu estado de Saúde, de

adoptar modos de vida saudáveis e

de procurar cuidados preventivos.

2. O utente tem o dever de forne-

cer aos profissionais de saúde

todas as informações necessárias

para obtenção de um correcto diag-

nóstico e adequado tratamento.

3. O utente tem o dever de respei-

tar os direitos dos outros utentes.

4. O utente tem o dever de colabo-

rar com os profissionais de saúde,

respeitando as indicações que lhe

são recomendadas.

Ano I – nº1/07 Página 14

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5. O utente tem o dever de respei-

tar as regras de funcionamento dos

Serviços de Saúde.

6. O utente tem o dever de utilizar

os serviços de saúde de forma

apropriada e de colaborar activa-

mente na redução de gastos desne-

cessários.

7. O utente tem o dever de denun-

ciar cobranças ilícitas e outras for-

mas de comportamentos incorrec-

tos por parte de trabalhadores de

Saúde.

8. O utente tem o dever de pagar taxas moderadoras dentro das suas possibilidades económicas. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o prestador universal de Cuidados de Saúde pelo que deve prestar Cuidados de Saúde a todos os cidadãos, segundo o princípio da igualdade e sem discriminação de qualquer tipo. Assim, não podem ser feitas cobranças elevadas fora das capacidades da maioria da população. No entanto, o SNS pode requerer dos utentes pequenas contribuições que se destinem a desencorajar e evitar o uso indevi-do e exagerado dos Serviços de Saúde para além do que é estrita-mente necessário. São estas quan-tias módicas e ao alcance da maio-ria da população que são chamadas «taxas moderadoras» e que os utentes têm o dever de pagar. Em caso de pobreza extrema, o utente ficará isento do pagamento dessas taxas moderadoras, e em nenhum caso podem ser recusados cuidados de urgência por falta de pagamento das taxas moderadoras. Existem, actualmente, cerca de 55% de pessoas isentas em Portu-gal. A saúde não pode ser totalmente

gratuita, ao contrário do que todos gostaríamos, e isso pelo facto de que nada é totalmente gratuito. Poderíamos não pagar nada no acto da inscrição da consulta, mas para isso os impostos teriam de aumen-tar. Para além de outros problemas que surgiriam automaticamente; veja-se, com 3 exemplos: a) quando alguns antibióticos eram gratuitos, foram usados no gado (em Portugal e Espanha) b) quando a ADSE subsidiava todos os produtos farmacêuticos muitos beneficiários só usavam pastas de dentes e cremes “medicinais” (saíam-lhes mais baratos, porque nós pagávamos para eles) c) dar camas articuladas e cadei-ras de rodas sem critério social e sem controlo, levou a que depois fossem revendidas pelos particula-res (custo público, beneficio priva-do) Os impostos são já muito altos em Portugal e o esforço a fazer deve ser para os reduzir; para além disso o SNS tem sido responsável por défices sucessivos que levam a mais divida e mais juros a pagar no futuro. Assim é necessário que os uten-tes paguem «taxas moderadoras», têm o dever de pagar. Mas não se pode pensar que apenas os utentes dos serviços pagam; quem é que paga a diferença entre a taxa moderadora e o custo real, por exemplo de uma consulta hospita-lar que são respectivamente 3€ e 30€? É o Estado que paga os cus-tos do tratamento dos doentes con-forme preconiza a Constituição. O rico paga para o pobre, o são paga para o doente, o jovem/activo para o reformado/inactivo.

Ano I – nº1/07 Página 15

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