neoliberalismo e mst e suas inter-relações

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB Departamento de História – DH Disciplina: História da América III Professor: Adilson Amorim Alunos: Tenório Lima, Fabiana Stefano, Max Pereira e Vinícius Avaliação da Unidade III: artigo sobre o neoliberalismo e os movimentos sociais: Neoliberalismo e o MST:e suas inter- relações.

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Este artigo relaciona o surgimento dos movimentos sociais, especificamente o MST, do último quartel do século XX com o advento do neoliberalismo.

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Page 1: Neoliberalismo e MST e suas inter-relações

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESBDepartamento de História – DHDisciplina: História da América IIIProfessor: Adilson AmorimAlunos: Tenório Lima, Fabiana Stefano, Max Pereira e Vinícius

Avaliação da Unidade III: artigo sobre o neoliberalismo e os movimentos sociais: Neoliberalismo e o MST:e suas inter-relações.

Vitória da ConquistaJulho/2006

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Neoliberalismo e o MST: e suas inter-relações

Este presente artigo tem como objetivo discutir o neoliberalismo sob a ótica da

revitalização dos movimentos sociais, no caso específico do Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem Terra (MST) e suas inter-relações, sem o intuito de esgotar as discussões do tema.

Tentaremos dividir o assunto em dois momentos distintos, porém imbricados: no primeiro

momento faremos uma conceituação do Neoliberalismo historicizando-o, e no segundo

momento construiremos uma rápida trajetória do MST e seu objeto de luta, com o intuito de

empreender uma inter-relação entre Neoliberalismo e o surgimento do MST.

As Origens do Neoliberalismo

O neoliberalismo vai surgir na Europa do pós-guerra, mas também nos Estados Unidos,

mais especificamente em 1944, numa tentativa de se contrapor ao Estado do Bem-Estar, ou

keynesiano, que pregava um Estado forte e intervencionista, com forte presença na economia,

nos setores como da seguridade social, setores estratégicos (energia, água, mineração, etc),

controle do fluxo de capitais, regulamentação da atividade privada e participação do Estado no

setor produtivo, com o intuito de revitalizar a economia européia – destruída na II Guerra

Mundial – e evitar as crises cíclicas do capitalismo – ou de superprodução –, principalmente

no tocante a redistribuição dos lucros com os trabalhadores criando assim um mercado interno

forte e instituindo uma série de garantias trabalhistas aos mesmos.

Seu principal ideólogo será Friedrich Hayek, ferrenho opositor do modelo

intervencionista, que lançara as bases de sua doutrina com o texto O Caminho da Servidão, em

1944. Este tratado consistia numa radical crítica a qualquer tipo de gerência do Estado na

economia, o acusando de tolher as liberdades de mercado, apregoando ainda que seria salutar a

desigualdade social – leia-se uma alta taxa de desemprego, ou seja, a criação de um exército

de mão-de-obra reserva, como forma de regular a transferência de lucros aos trabalhadores –

para estimular a concorrência nas sociedades ocidentais. O libelo era direcionado naquele

momento ao Partido Trabalhista inglês, chegando a ponto de comparar a social-democracia ao

“nazismo alemão – [um sistema] de servidão”. Assim sendo, em 1947, Hayek organizará um

encontro na cidade de Mont Pèlerin, na Suíça, com os partidários da sua tese, entre eles

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estavam Milton Friedman, Karl Popper, Walter Lipman, dentre outros. Esse encontro resultará

na fundação da Sociedade de Mont Pèlerin, uma entidade voltada a construir as bases para

implementação dos seus ideais e para antagonizar-se ao modelo keynesiano. O seu programa

consistia na desregulamentação da atividade privada, na privatização do setor estatal, na

estabilização dos preços e da balança de pagamentos, no rigor fiscal que reduzia os impostos

sobre os rendimentos mais altos – aumentando assim a lucratividade dos capitalistas –, na

diminuição dos direitos trabalhistas e na contenção dos gastos públicos, além, da total

liberdade do capital.

No entanto, a ideologia neoliberal teria que esperar 20 anos para poder encontrar o

terreno favorável para que suas idéias passassem a ser vistas como factíveis, pois o período

que compreendeu as décadas de 50 e 60 foram os mais prósperos do capitalismo mundial, com

taxas de crescimento na casa dos cinco pontos percentuais, em média. Porém, vai ser no início

da década de 70 que a conjuntura mundial dará uma reviravolta e o mundo capitalista entrará

num processo de estagnação econômica acompanhada de inflação com baixos índices de

crescimento, que será agravado com a crise do petróleo, em 1973, com a fundação da OPEP e

com a alta artificial do preço do ouro negro. Neste contexto de crise cíclica do capitalismo

aliado a um processo de estagnação surgirá o mote necessário para culpar o Estado do bem-

estar, como o bode expiatório da crise, apontando o excesso de intervenção do Estado na

economia e do demasiado protecionismo aos trabalhadores, com a demasia de benefícios

trabalhistas, como sendo os responsáveis por todas as mazelas que o capitalismo vinha

passando.

Apesar disso, as idéias neoliberais não serão implementadas de imediato, era preciso

que se provasse a sua eficácia. Mas qual seria o país de capitalismo avançado que se

aventuraria a aplicar uma heterodoxia econômica, que visa diminuir rendimentos e direitos dos

trabalhadores, sem provocar um acirramento da crise, comprando uma briga com a sua

sociedade? Nesse momento se apresenta o laboratório perfeito para a experiência. Devido ao

processo imperialista dos Estados Unidos na América Latina, recrudescendo sua política de

intervenção na região, vai ser implementado um golpe que derrubará do governo socialista de

Salvador Alliende, no Chile, e, por conseguinte, implementando uma das mais cruéis ditaduras

da região, tendo a sua frente o Gal. Pinochet, que criará as bases para a implantação, na forma

de projeto piloto, da primeira experiência neoliberal.

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O Chile, então, se apresentará como o laboratório para as experiências que:

“(...) sintetiza todas (sic) os rituais neoliberais: primeiramente, ele

promoveu a total abertura da economia às importações, reprimiu os

sindicatos, transferiu a renda dos pobres para os ricos. Com isso

contribuiu para a falência de milhares de pequenas empresas e para o

aumento do desemprego. Depois, iniciou o programa de privatizações,

desregulou a economia, acabou com a inflação, entre outras coisas.”

(FAZZI, Rafael. Reflexões sobre o neoliberalismo na América Latina e

no Brasil)

Parece paradoxal que um sistema que prega a liberdade seja implementado por intermédio de

uma ditadura, no entanto, para os seus ideólogos e segundo Hayek a liberdade aqui apregoada

não é a dos indivíduos na sua coletividade sócio-política, mais sim a liberdade do capital, na

sua forma especulativa, e que para existir a liberdade de mercado não precisa existir

necessariamente a liberdade democrática. Perry Anderson no texto Balanço do Neoliberalismo

discorre muito bem acerca desta questão citando o seu principal idealizador: “(...) A liberdade e

a democracia, explicava Hayek, podiam facilmente tornar-se incompatíveis, se a maioria

democrática decidisse interferir com os direitos incondicionais de cada agente econômico de

dispor de sua renda e de sua propriedade como quisesse. ...” (ANDERSON, 1995), ou seja,

“poderia haver liberdade sem democracia caso essa ameaçasse a total integridade daquela”

(FAZZI).

O Chile cumpriu muito bem o seu papel nessa opereta macabra de servir de exemplo

aos países de capitalismo avançado, no entanto, não passava de uma economia periférica e sem

muito peso no mundo capitalista. Faltava, pois, que Estados mais referenciais do capitalismo

adotassem este “novo” paradigma econômico, para assim torná-lo hegemônico. Isto não

demorará a acontecer e no final da década da setenta, mais especificamente em 1979, será

eleita para o cargo de Primeiro Ministro da Grã-bretanha a senhora Margareth Thatcher, que se

encarregará de implementar as reformas estruturais concernentes à aplicação das doutrinas

neoliberais. No ano seguinte, complementando a virada à direita, no hemisfério norte ocidental,

agora no oeste, será eleito Ronald Regan para presidente dos Estados Unidos. Assim terá início

o processo de hegemonização do neoliberalismo nos países de capitalismo avançado, que

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ocorrerá no decurso da década de 1980 se alastrando as demais regiões do globo, aportando na

América Latina durante a década de 1990, se instalando aqui no Brasil durante a gestão da

pasta da economia, no governo Itamar, do “ex-sociólogo” Fernando Henrique Cardoso, e se

consolidando durante os seus dois mandatos à frente da Presidência da República.

No transcurso das décadas de 80 e 90 o neoliberalismo se tornará hegemônico e

alcançará alguns êxitos, principalmente no que concerne ao controle da inflação, no aumento

dos lucros capitalistas, no aumento das taxas de desemprego e diminuição da massa salarial,

além, da desregulamentação da relação capital/trabalho; um outro marco importante do sistema

será a virada da base de produção, que sai do setor produtivo e passa para o setor financeiro

especulativo, devido à liberdade do capital. No entanto, fracassará no seu pilar fundamental

que consistia na retomada do crescimento econômico – o que não era difícil de prever.

Segundo Marx todo sistema trás em si o seu gérmen de destruição, e o do neoliberalismo é

exatamente o seu excesso de concentração de renda nas mãos de uns poucos capitalistas em

detrimento da maioria da sociedade, ou seja, a excessiva concentração de renda e o imenso

abismo social resultante. Abismo este, que ao contrário do que era apregoado pelo sistema, que

ao abolir a interferência das classes trabalhadoras, anulando com isso as lutas de classe, estaria

aberto o caminho da prosperidade no mundo ocidental por intermédio de uma “desigualdade

saudável”. Entretanto, o que se verificará será um fortalecimento dos movimentos populares se

contrapondo a este paradigma genocida, concentrador de renda e vetor da disseminação da

desigualdade social.

A Formação do MST no Contexto dos Movimentos Sociais

“... os sem terra não surgiram como sujeitos prontos,

ou como uma categoria sócio-política dada, mediante

ao ato de criação do MST. Sua gênese é anterior ao

Movimento e sua constituição é um processo que

continua se desenvolvendo ainda hoje, embora, tal

como no caso da classe operária analisada por

Thompson, já seja possível identificar um momento da

sua história em que se mostra como identidade melhor

definida. Este momento corresponde ao final da

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década de 80 e início dos anos 90, do final do século

XX.” (CALDART, 1999)

A questão agrária no Brasil está relacionada com a própria estrutura da formação do

Estado brasileiro e remonta ao modelo de ocupação territorial implementado por Portugal

quando da necessidade de exploração das terras no Novo Mundo, e foi pautado pela

concentração do espaço fundiário nas mãos de uns poucos privilegiados, que viam na sua posse

um meio de adquirir status social, acarretando na formação de uma concepção aristocrática do

uso da terra. Esse entendimento será responsável pela agudeza das lutas no campo pendendo

sempre a favor das elites da aristocracia rural brasileira. Nessa luta desigual o povo sempre

saiu perdendo ou teve que se submeter.

Contudo, quando nos remetemos à luta pela terra hoje, vemos que as questões

estruturais são outras dadas as condições do capitalismo atual. Apesar de encontrarmos

permanências históricas, as condições de luta pela posse da terra estão inseridas mais numa

resposta dos movimentos populares ao desmantelamento das estruturas sociais como um todo,

ou seja, transcendendo a obtenção da posse da terra e se inserindo também na formação de um

campesinato mais humanizado e prenhe pelo reconhecimento deles enquanto sujeitos de direito

(CALDART, 1999), dentro da concepção da luta de classes. Dito isso, nos encontramos num

impasse teórico: como relacionar a acepção de movimento popular com a de luta de classe,

haja vista que o primeiro é um conceito genérico e historicamente dado, e o segundo um

conceito mais específico. O professor Daniel Camacho, em seu artigo Movimentos sociais:

algumas discussões conceituais, foi beber em Marx e extraiu a resolução dessa encruzilhada

teórica:

“... é necessário explicar o que se entende por popular ou, mais

especificamente, o que se entende por povo. Povo é uma categoria que se

modifica com a história – como todas as categorias que representam um

conteúdo real. (...) Marx propõe para isso uma conceituação rigorosa e

útil. Para ele, o povo está constituído por aqueles setores da sociedade que

sofrem dominação e exploração (...). A exploração refere-se ao campo da

produção e da dominação ao da ideologia. Nessa concepção, o conceito de

povo refere-se a uma realidade diferente daquela do conceito de classe.

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No entanto, a dinâmica do povo em movimento, ou seja, dos movimentos

populares, não pode ser entendida sem referência à classe ...”

e fechando a discussão acerca dos movimentos populares e o seu papel nas lutas de classe,

conclui:

“O projeto político do movimento popular, ou mesmo as

reivindicações políticas mais localizadas dos movimentos populares

questionam por sua própria natureza o regime de dominação. Isso os leva

a se oporem às classes dominantes. (...) No fundo de toda reivindicação

popular encontramos as contradições de classes. ...”

Sendo assim, os movimentos populares são agentes históricos na construção do

processo das lutas de classe. É exatamente por sofrerem a exploração no campo da produção e

da dominação ideológica que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra,

popularmente conhecido como MST se inserirá no processo das lutas de classe, se contrapondo

ao neoliberalismo no Brasil – mesmo que na sua gênese ele não tenha sido pensado para

realizar tal tarefa. Vai ser nessa conjuntura que o movimento nascerá, gestado da articulação

das pelejas pelo aceso a terra no final da década de 70, na região centro-sul do país e se

irradiando paulatinamente para as demais regiões. O seu marco de fundação se dará entre os

anos de 1979 e 1984, a partir do Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores Sem Terra,

realizado nos dias 21 a 24 de janeiro de 1984, em Cascavel, no Paraná, tendo como bandeiras

de luta: “lutar pela terra, pela Reforma Agrária e pela construção de uma sociedade mais justa,

sem explorados nem exploradores.” (CALDART, 1999).

O MST surge exatamente no período de hegemonização do neoliberalismo nos países

do capitalismo avançado, concomitantemente com a virada a direita dos governos europeus e o

final do primeiro mandato de Regan nos EUA, consolidando as bases do sistema neste país. No

entanto, o Brasil ainda não se encontrava inserido no rol dos países alinhados as doutrinas de

Hayek, mas já sentia os seus reflexos, que consistiu basicamente num período de estagnação

econômica durante toda a década – a chamada década perdida. Contudo, durante o final deste

decênio o país entra num processo de hiperinflação, durante o governo Sarney, surgindo assim

às condições estruturais que faltavam para se justificar a aplicação da “nova ordem” capitalista

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haja vista o controle da inflação ser uma das principais metas da doutrina hayekeniana. Mas,

ainda neste momento o corolário neoliberal não tinha sido aplicado por estas plagas.

Isso só ocorrerá na década de 90, com a chagada ao poder de Fernando Henrique

Cardoso – coincidindo(?) com o período de maior crescimento do Movimento. Eleito com a

promessa de revitalizar as camadas médias da população e inflado pelo “sucesso” do controle

da inflação, aproveitar-se-á do momento de euforia para implementação das políticas

neoliberais no país. Esta será a ocasião da reestruturação do Estado Nacional, com o desmonte

do aparelho produtivo estatal, com as privatizações, e com a derrocada da classe média,

acirrando os conflitos fundiários e provocando

“(...) a crise urbana e o crescimento do desemprego (...) criando um

desestímulo à migração rural (...) [além de] a política de livre mercado

não [estar] estimulando os camponeses à busca das cidades. (...) há

tendências, inclusive de retorno das cidades para o campo, em um

movimento em que avança um processo de ocupação de terras,

verificando-se um fenômeno de “recampesinato”, com a reincorporação

de muitos trabalhadores urbanos (ou de muitos citadinos) ao trabalho

rural.”(PETRAS, James, 1997).

Assim é forjado o MST junto com o novo campesinato, não mais constituído exclusivamente

por elementos tradicionalmente vinculados a terra, mas também com os excluídos urbanos.

Este novo campesinato também difere do tradicional na sua bagagem intelectual e na sua

formação política, pois são elementos com maior níveis de escolaridade e com uma grande

gama de experiências profissionais, inclusive com participações em outros movimentos sociais,

trazendo para o MST novos parâmetros de luta e organização.

É com base nessa constituição que verificar-se-á uma preocupação em tornar o

movimento duradouro, ao contrário de outras lutas congênere anteriores que foram esmagadas

pela opressão das elites dominantes num curto espaço de tempo. E para perenizar-se o principal

objetivo será a qualificação dos seus quadros políticos e a formação de novos, além da

constituição de escolas nos assentamentos e acampamentos “que aos poucos vão produzindo a

cultura da educação infantil” (CALDART, 1999), na alfabetização de jovens e adultos além da

capacitação de técnicos e professores em cursos de nível médio e superior; com o intuito de

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formar uma massa crítica e livre de qualquer ingerência de algum aproveitador de plantão, ou

seja, algum líder personalista e até mesmo a cooptação por alguma agremiação partidária,

mantendo assim a independência do movimento. Outra característica importante para garantir

este processo está relacionado com as ocupações que não são promovidas só com os sem terra,

mas também com a participação dos assentados, demonstrando assim que a luta transcende a

conquista da terra, mas que vai além, na busca pela destruição da desigualdade como

paradigma de desenvolvimento.

Nessa conjuntura o MST surge como o único pilar na sociedade a se contrapor ao

projeto neoliberal brasileiro, respondendo a suas contradições, ao contrário do apregoado pelos

ideólogos da “nova ordem” econômica que tentaram destruir o motor da história – a luta de

classes –, achando que bastaria desarticular os movimentos operários urbanos. No entanto, a

inexorabilidade da dialética não permite que nos iludamos, pois sempre que houver uma tese

hegemônica sempre haverá a sua antítese se contrapondo a ela. Não obstante, quando o

neoliberalismo aumenta a massa de desempregados tentando minar a força de pressão dos

trabalhadores o MST responde reorganizando esta força para a ocupação do latifúndio –

assentando mais de 250 mil família e tendo mais de 70 mil acampadas –, numa tentativa de

diminuir a formação desse exército de mão-de-obra reserva; quando o neoliberalismo tenta

diminuir o tamanho do Estado e sua inserção na sociedade o MST responde forçando o Estado

a subvencionar a formação educacional, nos níveis técnicos e superior, do seu quadro de

militantes, além da alfabetização de jovens e adultos; quando o neoliberalismo diz ter acabado

com as lutas de classes o MST é a luta de classes; quando o neoliberalismo concentra renda

agudecendo as desigualdades sociais o MST desconcentra com a construção de 81 cooperativas

e 45 unidades agroindustriais; e quando o neoliberalismo faz a virada do modo de produção do

setor produtivo para o setor financeiro o MST nasce, para provar que existe um outro caminho

a ser trilhado.

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BIBLIOGRAFIA:

ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.)

Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1995.

CALDART, Roseli Salete. O MST e a formação dos sem terra: o movimento social como

princípio educativo. http://www.scielo.br/

CAMACHO, Daniel. Movimentos sociais: algmas discussões conceituais. In: KRISCHITE,

Paulo J & SCHERER, Warren (orgs.). Uma revolução no cotidiano? Os novos movimentos

sociais na América Latina . São Paulo, Brasiliense, 1987.

FAZZI, Rafael. Reflexões sobre o neoliberalismo na América Latina e no Brasil. Fax símile.

MARTINS, Humberto. Características da crise atual. http://www.rebelion.org/noticia

PETRAS, James. Lutas Sociais. nº 02, junho, 1997.

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