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Rodrigo Galdino Ferreira O negro no Brasil: da senzala à auto-afirmação Monografia apresentada à disciplina Pesquisa em Comunicação da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora Janeiro de 2007

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Rodrigo Galdino Ferreira

O negro no Brasil:da senzala à auto-afirmação

Monografia apresentada à disciplina Pesquisa emComunicação da Faculdade de ComunicaçãoSocial da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Juiz de ForaJaneiro de 2007

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Preto por convicção não acha bom submissão.

MV Bill.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 4

2 UM PASSADO NEGRO ................................................................................................... 5

2.1 ABOLIÇÃO: UMA QUESTÃO ECONÔMICA............................................................... 7

2.2 E AGORA: ESTAMOS LIVRES?.................................................................................... 8

3 AS MARCAS DO PASSADO......................................................................................... 10

3.1 NOSSOS MITOS........................................................................................................... 12

3.2 ESTATÍSTICAS COMPROVAM.................................................................................. 13

4 IMPRENSA CONSCIENTE........................................................................................... 15

4.1 A NOVA IMPRENSA NEGRA ..................................................................................... 16

4.2 A REVISTA AFIRMATIVA PLURAL.......................................................................... 18

5 CONCLUSÃO......................................................................................................................19

6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 21

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1 INTRODUÇÃO

Em todo o processo de formação cultural do Brasil, os afro-descendentes tiveram

uma importante participação: ajudaram a forjar a principiante economia, no século XVI,

através do trabalho escravo, e a partir daí inseriram elementos de sua cultura às culturas

européia e indígena, gerando assim a miscigenação de raças e a pluralidade de costumes

existente por aqui.

No entanto, essa importância do negro é minimizada quando da sua representação

no imaginário coletivo: seja antes da criação dos meios de comunicação de massa, ou mesmo

depois do surgimento da mídia contemporânea, globalizada e auto-denominada

“democrática”, negros foram (e são) (re)tratados como seres inferiores, menores.

É inegável que toda essa representação negativa deve-se ao passado de escravidão

e dor a que os negros foram submetidos: durante mais de três séculos, os cidadãos afro-

descendentes foram considerados como seres sem alma pela igreja católica, o que justificaria

a sua posição de escravizado.

No entanto, passados mais de 100 anos da Abolição da Escravatura, a situação de

desigualdade dos negros, perante aos não-negros, permanece. Eles são campeões no

analfabetismo, na marginalidade, na mortalidade infantil. E perdedores clássicos nos índices

de empregabilidade, acesso à educação superior e ao saneamento básico.

Neste contexto, esse trabalho pretende analisar a importância de uma mídia

consciente, a chamada imprensa negra, na formação de uma nova imagem e identidade dos

afro-descendentes no Brasil. O Negro no Brasil: da senzala à auto-afirmação pretende

ainda denunciar a participação dos meios de comunicação de massa na disseminação de

preconceitos, discriminação e da ideologia do branqueamento.

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2 UM PASSADO NEGRO

O histórico de dominação vivido pelo negro, no Brasil, data de muitos anos atrás.

Desde 1532, quando começou o tráfico de escravos trazidos da África (PILETTI; PILLETI,

1997, p.75) principalmente das regiões de Nigéria, Angola e Moçambique, essa população

teve a sua história cultural minimizada pelo poder massacrante e desumano do colonizador

europeu, branco.

Assim, desde esse período, o negro foi tratado como um animal, que não teria

sequer condições de efetuar a própria escolha de seu destino. Trazidos para cá, forçosamente,

cidadãos de diferentes tribos africanas foram entulhados em navios negreiros, cujas péssimas

condições de higiene e salubridade já demonstravam o descaso inicial com essa “mercadoria”.

Depois da viagem, que geralmente durava meses e resultava em milhares de

“baixas”, os que aqui chegavam se deparavam com uma realidade quiçá pior do que a morte:

a escravidão, a senzala, os castigos físicos e morais. O trabalho, inicialmente feito no cultivo

de cana-de-açúcar e café, era embalado ao som da chibata.

Embasados na idéia de superioridade, muitas vezes legitimada por organismos

oficiais como ciência e religião, os europeus utilizavam-se de todos os artifícios de crueldade

para sugar dos escravos negros não apenas a sua força de trabalho, mas também a sua auto-

estima e os seus valores culturais. Dessa forma, castigos físicos se somavam aos maus tratos

psicológicos, ajudando a forjar a suposta inferioridade do negro.

Conforme afirma Glaucy Meire de Oliveira Ribeiro (2005, p.16),

A discriminação chegava a tal ponto que, para não desrespeitar leis do cristianismo,que pregam que todas as pessoas são iguais e que para Deus não há diferença entreelas, a Igreja Católica, na época da “descobrimento” do Brasil, chegou a pronunciarque os negros não tinham alma e, por isso, os trabalhos forçados a que eramsubmetidos não iam contra a doutrina do catolicismo.

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Assim, toda a formação cultural do negro, no Brasil, foi mantida sob a égide do

poder do dominador, que impunha suas vontades e determinava a forma de vida desses

indivíduos. As tradições da África, com certeza presente nas mentes dos escravizados, foram

pouco a pouco sendo substituídas (ou forçosamente tiradas de suas memórias) pelo

colonizador, o que favoreceria o processo de dominação.

As técnicas utilizadas para tal feito eram bastante sofisticadas para a época: tribos

com uma mesmo identidade cultural eram separadas, indivíduos eram proibidos de expressar

seus hábitos e toda e qualquer manifestação artística e cultural era reprimida à base da

chibata. Pouco a pouco, os negros, separados de seus irmãos tribais, foram tornando-se

totalmente submissos à vontade do dominador.

No entanto, focos de resistência também existiram nesse período. O mais

evidente, e de visibilidade até os dias atuais, é o caso de Zumbi dos Palmares, o afro-

descendente que liderou o maior quilombo do Brasil. Em 1650, cerca de 30 mil escravos

foragidos de engenhos já habitavam a “cidade” construída por Zumbi, no estado de

Pernambuco, atual Alagoas.

O Quilombo de Palmares funcionou até 1695, ano da morte do líder negro.

Traído por um de seus principais comandantes, Zumbi foi morto em uma emboscadaem Pernambuco. Após a destruição do quilombo, Zumbi foi torturado e decapitado.Sua cabeça ficou exposta ao público na praça do Carmo, em Recife, até a completadecomposição. (DIA..., 2006, p.1)

A sua história, de grande valia na época da escravidão, por incutir nos negros o

ideal de luta e resistência, aparece como destaque também na contemporaneidade: atualmente,

no dia de sua morte, 20 de novembro, é comemorado o Dia da Consciência Negra, data na

qual os movimentos negros de todo o Brasil reafirmam o ideal de liberdade, encabeçado por

Zumbi, no século XVII.

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2.1 ABOLIÇÃO: UMA QUESTÃO ECONÔMICA

Em meados do século XIX, algumas iniciativas de libertação do negro,

escravizado desde 1532, começam a surgir no Brasil. Todas elas expressavam, mais do que a

formação de uma consciência humanitária, uma tendência econômica na qual a escravidão já

não se fazia coerente, no contexto da Revolução Industrial inglesa.

Dessa forma, ações como a extinção do tráfico negreiro e a assinatura da Lei do

Ventre Livre e da Lei do Sexagenário, que culminariam com a Abolição da Escravatura, em

1888, não indicavam que as elites brasileiras, agora formadas por cafeicultores e pequenos

industriais, estavam conscientes da igualdade entre negros e brancos, mas sim a necessidade

de inserir o Brasil no contexto mundial.

Portanto, a pressão da Inglaterra pelo fim da escravidão, aqui no Brasil, foi o fator

mais importante para a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. Diante de um cenário

no qual a necessidade de ampliação do mercado consumidor se fazia eminente, a coroa

portuguesa foi obrigada, pouco a pouco, a ceder às pressões inglesas.

Não se deve desconsiderar, no entanto, que as campanhas abolicionistas

encabeçadas por intelectuais como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco e os movimentos de

resistência à escravidão, promovidos pelos próprios escravos, também contribuíram para o

ideal da abolição da escravatura. Nesse contexto, afirma Muniz Sodré (1999, p.102):

Diante da brutalidade da ordem escravocrata e do sofrimento, aqueles que pagaramcom a própria pele o ônus da acumulação primitiva do capital no Brasil, os negroscontornaram qualquer ethos de vitimização com estratégias e simbolizações guiadaspor lógica própria, comprometida com a sobrevivência e a expansão do grupo dito“afro-brasileiro”.

Assim, os próprios negros foram criando alternativas de resistência à escravidão,

que iam desde a formação dos quilombos, como o chefiado pelo grande Zumbi dos Palmares,

até práticas desesperadas como suicídio, assassinatos, rebeliões e revoltas.

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Mesmo assim, foram os fatores econômicos que determinaram a assinatura da Lei

Áurea. No contexto da Revolução Industrial, a crescente demanda por mercados

consumidores e a necessidade de uma modernização do país determinaram que a escravidão

se extinguisse, já que ela não era mais lucrativa, nem para os portugueses (devido aos altos

preços dos escravos, após a proibição do tráfico negreiro), nem para os ingleses.

2.2 E AGORA: ESTAMOS LIVRES?

Concretizado o processo de abolição da escravatura, os negros de todo o país se

viram na seguinte situação: obtiveram a liberdade, mas continuaram (sobre)vivendo em uma

situação de exclusão social, visto que os ex-senhores de escravos e a coroa portuguesa não

garantiram a eles uma inserção no convívio “humano”.

Até 1888, os negros eram tidos como animais, seres sem alma, o que era,

inclusive, legitimado pela própria Igreja. Nesse contexto, questiona Ribeiro (2005, p. 16): “A

abolição, portanto, não representou uma mudança quanto a este conceito, afinal, como coisas

ou animais, com a simples assinatura de um papel, poderiam alcançar o status de ser

humano?”

Assim, a assinatura da Lei Áurea não representou, definitivamente, a libertação

dos escravos. Pelo contrário, ela originou a marginalização desses indivíduos, que de um dia

para outro se viram tão “livres” que sequer tinham onde morar. Sem o abrigo da senzala e a

costumeira tutela do seu senhor, os negros foram se marginalizando na sociedade colonial, já

que não conseguiam nem emprego, nem moradia.

Apesar de seu histórico de trabalho e luta, na sociedade brasileira, o negro livre

não interessava à coroa portuguesa, que preferiu inserir no mercado os imigrantes,

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principalmente italianos e espanhóis, que começaram a desembarcar no Brasil no final do

século XIX1.

O que mais chama a atenção é o paradoxo que se revelou com o passar do tempo:em tempos remotos, a mão-de-obra do negro era requisitada e hoje, suas capacidadessão relegadas. A gratuidade do serviço prestado pelo negro no período escravocrataanulou todo o valor de seu trabalho, e a sociedade, em uma atitude equivocada,desvalorizou o “ser humano” negro, perpetuando o processo que clamava por seufim em 1888. (A INVISIBILIDADE...., 2006)

Essa desvalorização, que culminou com a manutenção dos status de dominado (do

negro) e de dominador (do colonizador europeu, branco) se mantém até os dias de hoje, pois a

formalização da Lei Áurea (no século XIX) e as políticas públicas da atualidade não foram

capazes de incluir, verdadeiramente, o cidadão que foi anulado socialmente durante três

séculos.

Dessa forma, as estatísticas sociais do século XXI (vide capítulo 3.2) refletem a já

mencionada situação do negro, no pós abolição da escravatura, demonstrando que, em sua

maior parte, os cidadãos afro-descendentes apresentam uma posição inferior na hierarquia

social. Portanto, constata-se que a abolição da escravatura foi um mecanismo que serviu a

interesses econômicos, e não a princípios humanitários.

Colonizadores não estavam preocupados com a situação do negro, um animal

escravizado que prestava serviços braçais ao senhor. E empregadores, na atual realidade neo-

liberal, também não estão preocupados com a situação do empregado braçal (em sua maioria

negros), mas sim com a mais valia recebida no final do mês.

1 Muniz Sodré afirma que, já naquela época, se ignorava a “diferenciação cultural da diáspora negra, assim comoo fato de alguns dos grupos escravizados provirem de complexos urbanos com práticas técnicas (metalurgia,marcenaria, comércio, etc.)” (SODRÉ, 1999, p.102)

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3 AS MARCAS DO PASSADO

Todo o histórico de dominação vivido pelo negro brasileiro, desde 1532, deixou

em sua pele marcas que se perpetuam até a história contemporânea do país. Seja no âmbito

econômico, político ou social, os afro-descendentes ocupam posição de desvantagem perante

o não-negro; desvantagem essa que foi corroborada por fatores como o racismo, a

discriminação e a ideologia do embranquecimento.

Tendo sido considerados por mais de 300 anos como seres inferiores, menores, os

negros brasileiros, no pós abolição, se viram em uma situação talvez semelhante, já que as

estratégias da classe privilegiada procuravam manter esta posição. Assim, por exemplo,

criaram-se formas de legitimar a discriminação racial no país. Sobre isso, afirma Antônio

Carlos Da Hora (2000, p.27):

Não é à toa que vários autores definem o final do século XIX como o período dosurgimento do racismo no Brasil. Autores como Thomas Skidmore e outros revelamque antes do clímax da abolição da escravidão no Brasil, a maior parte da elite poucaatenção dava ao problema da raça em si. Para ele, o pensamento racial teve seu augeentre 1890 e 1920, quando as idéias de hierarquização das raças e da superioridadeda raça branca adquirem foros de legitimidade científica.

Portanto, a abolição da escravatura acabou gerando sintomas da eugenia, já que,

para manter o seu status de superioridade, o europeu branco passou a embasar-se em

explicações científicas. Esses conceitos, atualmente fora da vigência, serviram para legitimar

a idéia de superioridade entre as raças2.

Além disso, outros fatores colaboraram para a manutenção da inferioridade do

negro até os dias de hoje. O pior deles refere-se à destruição (ou desconstrução) de sua

identidade cultural, ou melhor, à criação de uma falsa identidade, que serviu para legitimar

2 “Mais do que negar a existência de raças biológicas, referindo-se a tal idéia entre aspas ou caracterizando-acomo coisa do passado, precisamos identificar e nomear a sua utilização contemporânea para esconderdiferenças no acesso à cidadania.” (SANTOS, J., 2006, p.02)

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sua posição de desprivilegiado. Dessa forma, os próprios meios de comunicação de massa

serviram para manter o preconceito racial, enraizado no país desde o século XVI.

Nos meios de comunicação de massa, dispositivos centrais de produção dasaparências da modernidade contemporânea, os cidadãos “discrimináveis” sãogeralmente apresentados em filmes, programas de entretenimento ou de informaçãocomo vilões ou cidadãos de segunda classe (em papéis que representam atividadessocialmente inferiorizadas) ou são pura e simplesmente excluídos. Em outraspalavras, numa cultura que vive cada vez mais de narrativas e representaçõestornadas visíveis num espaço publicitário e tecnológico, a visibilidade do negro e domigrante é essencialmente negativa. (SODRÉ,1992, p.144)

Assim, a mídia brasileira ajudou a incutir no subconsciente do negro a suposta

idéia de inferioridade, já que em seus discursos, majoritariamente, ela utiliza-se de

estereótipos para retratar os cidadãos com alta concentração de melanina na pele. Em

conseqüência disso, os negros passaram a ter, em seu consciente, uma noção equivocada de

quais seriam os seus papéis sociais.3

Neste contexto, James M. Jones (1973, p.04) define o racismo como sendo um

“[...] processo natural pelo qual as características físicas e culturais de um grupo de pessoas

adquirem significação social negativa numa sociedade socialmente heterogênea”. Sendo

assim, as formas de representação do negro na mídia atual são oriundas de práticas racistas, já

que legitimam a superioridade do branco sobre o não-branco.

Esse fato é comprovado pelos estudos de Joel Zito Araújo, em seu livro A

Negação do Brasil (2000). Na obra, resultado de pesquisa realizada para sua tese de

doutoramento na USP, o cineasta traça o perfil da representação do negro na história da

teledramaturgia brasileira, entre 1963 e 1997. Segundo Joel Zito Araújo,

O negro, a negra e a criança negra apareceram nas novelas em papéis de pessoassubalternas. Os papéis mais oferecidos foram os de empregadas e empregadosdomésticos, copeiros, motoristas e semelhantes. Também foram oferecidos algunspapéis de marginais, bandidos e malandros. [...] Mas a nossa principal crítica não éoferecimento de papéis de pessoas subalternas para os atores negros. O quecaracteriza sempre o papel dado ao negro é que ele deve ser secundário. (RAMOS,2002, p.64)

3 “O problema da discriminação racial no Brasil de hoje é o vestígio da escravidão. Um grupo virou empregado,e é assim até hoje. O outro virou patrão e assim até hoje. O primeiro herdou a miséria e o segundo, a riqueza.” (AINVISIBILIDADE...., 2006, p.2)

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Portanto, os mecanismos midiáticos, tão importantes na sociedade atual,

globalizada e moderna, serviram para reafirmar a suposta inferioridade do negro, atuando

assim como um instrumento de disseminação do preconceito racial. Este, mesmo que

inconsciente ou quase imperceptível, está presente em grande parte da sociedade brasileira.

3.1 NOSSOS MITOS

A cultura européia está tão arraigada na realidade subdesenvolvida do Brasil que

existe por aqui uma ideologia do branqueamento, segundo a qual os valores estéticos brancos

são tidos como superiores aos demais. Dessa forma, todo o repertório histórico dos negros

escravizados é minimizado pela forte tendência a uma maior valorização dos aspectos

europeus, brancos.

É neste contexto que se desenvolve o racismo brasileiro, uma doença social cuja

existência em solo tupiniquim é fortemente negada pelas elites nacionais. Sobre isto, afirma

Muniz Sodré (2006, p.1):

Quando a questão racial é levantada, imediatamente se forma uma reação, emjornais, que não é aberta, mas consiste em dizer “Meu Deus, que conversa é essa, éum papo racista dizer que tem separação entre negros e brancos no Brasil”. Temseparação. Não tem segregação. Não tem, como tinha o apartheid africano, ou asegregação como houve nos Estados Unidos, mas existe uma separação dominadoraem que aquele que tem o patrimônio da pele clara considera a pele clara como sefosse o paradigma por excelência do ser humano.

Toda essa negação da existência do racismo, aqui no Brasil, gera o mito da

democracia racial4, que contribui significativamente para a manutenção do status dominante

da elite branca brasileira. Por isso, as estratégias de minimização do racismo, do preconceito e

da desigualdade entre raças servem para ocultar a real situação, na qual os cidadãos negros

estão, historicamente, em situação desfavorável.

4 “No Brasil, a democracia racial não passa de um mito, reproduzido pela classe dominante e interiorizado pelosdominados.” (RIBEIRO, 2005, p.37)

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Nesse contexto, a mídia brasileira pratica um racismo que está, segundo Muniz

Sodré (1999), ressaltado por fatores como o recalcamento, a estigmatização, a indiferença

profissional e a negação. Esta última, afirma Sodré (1999, p.245), está comprovada, pois “A

mídia tende a negar a existência do racismo, a não ser quando este aparece como objeto

noticioso, devido a violação deste ou daquele dispositivo anti-racista.”

Em relação a esta situação do negro, culturalmente tido como inferior, mas

teoricamente mantido como “igual”, Antônio Carlos Da Hora (2000, p.27) complementa:

Os negros de uma maneira geral sempre viveram à sombra. Sua representação socialna história do nosso país se restringiu oficialmente aos trabalhos nas lavouras e maisnada. A história se incumbiu de apagar, ou deixar de registrar, sua presença emvários momentos decisivos da trajetória do Brasil. Afinal, não eram cidadãos e nouniverso da história, a escrita pelos homens, só há (ou havia) espaço para aquelesque tinham seu território social definido e este só existia para os cidadãos. Ou seja, acidadania sempre foi um pré-requisito para a representação social.

3.2 ESTATÍSTICAS COMPROVAM

A representação do negro, pelos meios de comunicação de massa do Brasil, não

traduz a realidade social a que os afro-descendentes estão submetidos. Essa realidade, de

preconceito, discriminação e desigualdade, se inicia portanto na mídia (que finge não

enxergar esse problema) e se estende aos demais setores, como escola, trabalho e serviço

público.

No entanto, as estatísticas de órgãos governamentais como o IBGE – Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística e IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

demonstram que os negros estão em situação de desigualdade, se compararmos a sua

proporcionalidade na sociedade brasileira.

Não há como dizer que as oportunidades são iguais para todos se no Brasil os negrosvivem, em média, seis anos menos que os brancos, recebem menos da metade deseus salários e, de cada mil crianças negras nascidas vivas, 76,1 morrem antes decompletar 5 anos de idade, 30,4 a mais que as crianças brancas. Não há comoafirmar que existe igualdade em um país onde dos cerca de 45% de afrodescendentes(negros e pardos), 69% desta população é pobre e a taxa de pobreza entre os negrosé quase 50% maior que entre os brancos. (RIBEIRO, 2000, p.22)

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Portanto, as pesquisas sócio-econômicas derrubam o mito da democracia racial,

comprovando que o país ainda não consegue oferecer condições dignas de vida aos

descendentes de africanos, 118 após a Abolição da Escravatura. Esses cidadãos continuam

vivendo uma situação de desigualdade.

Essa desigualdade se reflete, inclusive, no mercado de trabalho. No Jornalismo,

por exemplo, a diferença entre negros e brancos é alarmante. Em Juiz de Fora, Jorge Luiz

Fedoce (2005) constatou que “A Opcom e o Grupo Esdeva empregam na cidade 86

jornalistas, dos quais somente cinco são negros. Isto representa 5,81% de jornalistas negros”.

E complementa:

No jornalismo de Juiz de Fora, apesar de os jornalistas negros afirmarem que nãosofreram nenhum tipo de ação racista mais concreta, eles sentem que existepreconceito. Quando profissionais se sentem acuados devido à sua cor e evitambuscar certos postos de trabalho, isso se evidencia. Isto também nos mostra como onegro já carrega com ele toda uma história de exclusão e preconceito racial. Osnúmeros da pequena inserção de negros no mercado jornalístico juizforano mostrama diferença racial existente em todo o país. (FEDOCE, 2005)

Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego – DPE/COREN/GEPME.

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4 IMPRENSA CONSCIENTE

A Abolição da Escravatura e a posterior marginalização social dos escravos

recém-libertados também proporcionoram uma maior conscientização por parte de algumas

elites brasileiras. Ainda no século XX, em 1915, profissionais de comunicação se reuniram

em São Paulo para fundar aquilo que se denominaria, posteriormente, Imprensa Negra.

Essa imprensa, segundo José Antônio dos Santos (2006, p.3), pode ser definida

como o “[...] conjunto de jornais que foram publicados com a intenção de criar meios de

comunicação, educação e protesto para os leitores aos quais se dirigia”, e procuravam

combater o preconceito racial através do enaltecimento das qualidades do negro.

O primeiro jornal da imprensa negra de São Paulo foi O Menelick, fundado em

1915, e que foi seguido por uma série de outras publicações, como O Clarim da Alvorada, A

Voz da Raça, O Alfinete, A Liberdade e O Getulino. Todos eles, destaca-se, enfatizavam a

importância da alfabetização para a inclusão do negro na sociedade.

No entanto, os jornais da imprensa negra paulista apresentavam também um alto

teor de integracionismo; ou seja, eles pretendiam inserir o negro na sociedade a partir da

erradicação daquilo que consideravam imoral para a raça: a preguiça, o alcoolismo, as práticas

boêmias. Esta preocupação, segundo Pedro de Souza Santos (2007, p.2), não deve ser

entendida como uma visão negativa em relação à população negra:

Considerando que esta população estava inserida em uma sociedade preconceituosaque, a todo momento associava ao negro características negativas, é possível pensarque tais mensagens se constituíam, antes, numa forma de combate ao preconceito ede integração social, tomando para si valores socialmente valorizados.

Dessa forma, a preocupação da imprensa negra com a moral puritana deve ser

analisada no contexto do século XX, quando era importante para os negros a “[...] obtenção de

respeitabilidade e equiparação aos padrões brancos” (SODRÉ, 1999, p.239), considerados os

únicos aceitos pela sociedade. Além disso, essa preocupação refletia o ideal dos ex-escravos,

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que pretendiam passar da situação de animal, como eram tidos até 1888, à situação de pessoa

humana.

Com esse mesmo teor, outros estados do Brasil também tiveram experiências de

jornais que lançavam mensagens positivas em relação à raça negra. Segundo José Antônio dos

Santos (2006), dentre eles destaca-se: União, fundado em 1948, em Curitiba, Paraná; A Raça,

de Uberlândia, Minas Gerais, lançado em 1935; e A navalha, criado em 1931, em Santana do

Livramento, Rio Grande do Sul.

A imprensa negra, nesses moldes iniciados em 1915, durou até meados de 1963,

quando a Ditadura Militar silenciou o movimento. Até lá, seus jornais eram distribuídos

gratuitamente, e noticiavam temas relacionados à formação de uma “[...] consciência

diferenciante, atenta aos problemas de socialização específicos do negro brasileiro” (SODRÉ,

1999, p.241-242) .

4.1 A NOVA IMPRENSA NEGRA

Nos anos 80, o processo de redemocratização do país5 trouxe consigo o

surgimento de jornais que refletiam a ideologia dos movimentos negros: nascia assim a

chamada nova imprensa negra do Brasil. Segundo Muniz Sodré (1999, p.242):

Os pequenos jornais que começaram a aparecer um pouco por toda parte refletiamem geral as linhas ideológicas e emocionais do Movimento Negro Unificado contraa Discriminação Racial (MNU), que pretendia desmontar o mito da democraciaracial brasileira e montar estratégias anti-racistas. Esvanecem-se os discursosreivindicaticos e pedagógicos, as preocupações com o ordenamento familiar eformação profissional, dando lugar a enunciados de denúncia do preconceito de cor,a análises da consciência discriminatória.

Neste contexto, a nova imprensa negra brasileira utilizava-se de argumentos de

luta, que, mais do que tentar adequar o negro aos padrões da elite branca, procurava expor

5 Ressalta-se que o período de redemocratização foi importante para a conscientização das elites políticasbrasileiras. Nesta fase surgiu a Constituição Federal, primeiro documento a considerar o racismo um crimeinafiançável.

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(e/ou impor) aos brancos a cultura negra, valorizando assim a auto-estima dos afro-

descendentes.

Portanto, essa nova fase parece ser resultado de maior reflexão, visto que as

disparidades da representação do negro na grande mídia tornavam-se evidentes. Como reação,

os novos jornais procuravam abranger os cultos e costumes da comunidade afro-descendente,

como forma de (re)construir a sua identidade.

Na década de 90, ainda nesse contexto, surge a Revista Raça Brasil, uma

publicação que visava um novo filão do mercado editorial – a classe média negra. Assim,

Raça veio para servir de espelho para uma nova classe de negros, cujo poder de consumo era

bastante alto. Segundo Antônio Carlos Da Hora (2000, p.07),

A “inclusão” de negros [...] no mundo globalizado dá-se, então por questões defundo econômico, não representando uma mudança de postura da sociedade emrelação ao olhar que destina [ao grupo]. De certa forma, negros [...] continuam àmargem, o que mudou é que seu espaço de representação na mídia e,conseqüentemente, social, passa a ser maior e mais significativo à medida que crescesua participação na vida econômica.

No meio televisivo, também como um novo produto de consumo direcionado aos

afro-descendentes, foi criada em 2004 a TV da Gente, uma emissora que buscava mostrar a

diversidade racial no país. O projeto, do apresentador, cantor e empresário Netinho de Paula,

tinha como objetivo valorizar a inserção social do negro na sociedade.

Na internet, o site de notícias afro-étnicas Afropress é outra iniciativa da chamada

nova imprensa negra brasileira, que procura levar mensagens de auto-estima e denunciar as

desigualdades sociais sofridas pelos afro-descendentes. Essa foi a primeira agência de notícias

especializadas no público negro do país, e está no ar desde maio de 2004.

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4.2 A REVISTA AFIRMATIVA PLURAL

Em junho de 2004, foi criada em São Paulo a Revista Afirmativa Plural, uma

publicação da ONG Afrobras – Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural

e da Universidade Zumbi dos Palmares. Com tiragem de 10 mil exemplares, a revista é

distribuída gratuitamente, tendo lançamento bimestral.

Os objetivos da Afirmativa se assemelham aos da antiga imprensa negra

paulistana: elevar a auto-estima do negro, através da divulgação de exemplos de sucesso,

força e determinação. Além disso, a revista procura priorizar pautas sobre educação, mercado

de trabalho e cultura, o que a torna ainda mais semelhante aos jornais do século XX.

Diferentemente da Revista Raça, que possui um teor mercadológico e atende a

fins capitalistas, Afirmativa possui um cunho social, e mantém uma forte relação com o

movimento negro. Em todas as suas matérias, inclusive, a publicação demonstra que foi

criada para dar visibilidade aos afro-descendentes, enfatizando suas potencialidades no mundo

contemporâneo.

Nesse contexto, a edição n° 16 da Afirmativa (Edição Especial sobre o Dia da

Consciência Negra) trouxe manchetes como: “Negros no Poder”, retratando a trajetória de

Condoleeza Rice, a mulher “mais poderosa” do mundo; “Orgulho brasileiro”, sobre a

jornalista da Rede Globo Glória Maria; e “Superando preconceitos”, reportagem que contava

a história de sucesso de um executivo afro-descendente.

Além disso, a revista procura denunciar a realidade do negro no Brasil, com

matérias que demonstram que a desigualdade social ainda está presente por aqui. Assim,

reportagens como “Negros recebem metade dos salários dos brancos” comprovam que a

democracia racial é realmente um mito neste país. E a Afirmativa Plural nasceu com esse

intuito, de desmistificar essa falsa realidade.

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5 CONCLUSÃO

Mais de quatro séculos de escravização do negro brasileiro. É essa a realidade que

se observa, analisando a situação do afro-descendente no nosso país. Migramos da senzala

para as favelas, da chibata ao desemprego, da dominação à exclusão. E quase nada mudou...

As iniciativas pró abolicionistas e a própria assinatura da Lei Áurea, em 1888,

foram bastante semelhantes ao surgimento da Revista Raça Brasil, em 1996, e da TV da

Gente, em 2004: uma mera questão econômica. E enquanto continuarmos tratando uma

questão de consciência e respeito como algo simplesmente econômico, pouca coisa mudará.

Prova disso é que Raça e TV da Gente não se identificam com o movimento

negro, sendo apenas um produto criado para as elites negras do nosso Brasil. Se

considerarmos que a questão econômica impera na sociedade globalizada, e que “um preto

rico acaba embranquecendo”, veremos que a importância de tais iniciativas não é tão grande

assim.

No entanto, uma imprensa negra louvável também foi criada, no intuito de auto-

afirmar o negro na preconceituosa sociedade brasileira: no início do século XX, jornais de São

Paulo procuravam conscientizar o negro de sua importância, de sua beleza, de sua capacidade

intelectual. E, na contemporaneidade, a Revista Afirmativa e o site de notícias Afropress

também prosseguem com esse ideal, ajudando a forjar uma nova identidade do negro

brasileiro.

Portanto, passamos sim “da senzala à auto-afirmação”. Pena que essa auto-

afirmação é feita por uma pequena parcela dos meios de comunicação do país, já que alguns

se revestem com a “capa da negritude” para vender seus produtos a um nicho de mercado. E

outros, a “grande mídia”, sequer falam da realidade do negro, reforçando assim o mito da

democracia racial.

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Felizmente, existem veículos que levantam, efetivamente, a bandeira do negro. E

é essa mídia que vai colaborar com a formação de uma sociedade mais igualitária, já que, ao

denunciar as desigualdades, ajuda a conscientizar a população, inclusive as elites.

É nesse cenário, de elites nacionais conscientes da importância da inclusão social

do negro, que surgiram projetos de leis que visam beneficiar os afro-descendentes: o próprio

Estatuto da Desigualdade Racial, de autoria do senador Paulo Paim (PT/RS), objetiva, dentre

outras coisas, estabelecer cotas para negros em veículos de comunicação e peças publicitárias,

o que seria uma forma de melhorar nosso espelhamento social.

Além disso, a criação da SEPPIR – Secretaria de Políticas Públicas para a

Igualdade Racial, em 2003, demonstra que os políticos passam, pouco a pouco, a entender que

o caminho para o fim da desigualdade racial e do racismo é, efetivamente, a inclusão do

diferente.

Dessa forma, não podemos ser pessimistas, já que um passo está sendo dado rumo

ao fim do preconceito racial e da desigualdade entre raças no país. Políticas de cotas (em

universidades, ou mesmo nos veículos de comunicação), e as demais políticas afirmativas,

como Bolsa Família, estão proporcionando aos negros (que são maioria, dentre os excluídos)

uma melhor inserção na sociedade.

E a função dos meios de comunicação, em tudo isso, é imensa: ao dar visibilidade

a tais programas, abrindo espaço para que a realidade do negro seja mostrada, eles estão

ajudando na formação de uma consciência negra, em todos os brasileiros. Além, é claro, de

melhorar nossa visibilidade, criando uma nova imagem e identidade dos afro-descendentes no

país. Essa nova imagem/identidade será de fundamental importância para o futuro do Brasil.

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