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Neeja Darcy Vargas - Arte Ensino Fundamental IV Parte 1 Prof. Aninha Marques IV Parte Nesta unidade abordamos alguns conceitos importantes no estudo de Arte, como as relações entre arte popular e arte erudita, cultura de massas, artes visuais e patrimônio histórico e cultural. Junto a estes conceitos tratamos também da pop art, da cidade como espaço urbano de visualidade nas produções do grafite, do hip hop e da extraordinária obra do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Na última parte, apresentamos a arte visual da caricatura, da charge, do cartum e da tirinha, relacionada com a história e com o poder político. Arte Popular e Arte Erudita Para ficar mais evidente a diferença entre arte popular e arte erudita, é fundamental traçarmos algumas pontuais diferenças. A arte popular é a arte da intuição, aquela em que o artista exerce seu ofício sem ter frequentado escolas de artes para esse fim. Apesar disso, suas obras são de altíssimo reconhecimento estético e artístico. Os artistas se inspiram em sua regionalidade, crenças, lendas e costumes típicos de sua cultura. Seu humilde cotidiano e as dificuldades do dia-a-dia são refletidas na obra. Um artista brasileiro muito conhecido por ser intensamente influenciado pela arte popular é Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814, escultor, entalhador e arquiteto mineiro) Já a arte erudita é oriunda de artistas com aprimorado conhecimento técnico, de elevada exigência estética que criam obras de valor universal, e acabam marcando época com suas inovações, além de proporcionar ao espectador intensa reflexão e questionamento a respeito da obra. Um exemplo de arte erudita é famoso quadro “Monalisa” de Leonardo da Vinci. Arte Popular e Arte Erudita. Disponível em: http://historia-da-arte.info/arte-popular.html. Acesso em 23 de julho de 2015. O clássico e o moderno, o erudito e o popular na arte Cultura erudita x cultura popular Por outro lado, a oposição entre uma cultura erudita ou aristocrática e uma cultura popular ou plebeia permeia toda a história ocidental. Na verdade, o próprio conceito de História está ligado ao do conflito de classes (daí ter Marx proposto que a construção de uma sociedade sem classes, a sociedade socialista, marcaria o fim da História). Assim, a história cultural tem sido marcada desde sempre por essa divisão entre a cultura da elite, considerada, aliás, por muito tempo como a única forma possível de cultura, e a cultura do povo, na verdade vista pela aristocracia dominante como a não-cultura, isto é, como a ausência completa de civilização. Na Roma antiga, essa oposição ficava clara principalmente na literatura e no teatro, em que a língua utilizada pelos escritores para tratar de assuntos nobres e elevados era a língua culta, deixado o sermo vulgaris apenas para o estilo “baixo” da comédia popular. De um modo mais geral, opunha-se a “grande arte”, destinada ao usufruto da aristocracia e, posteriormente, da alta burguesia, ao artesanato e aos folguedos populares, de origem camponesa, vistos sempre como manifestações rudes e toscas de um populacho rude e tosco. O esgotamento da cultura de inspiração clássica em fins do século XIX, contemporânea da derrocada da nobreza europeia e do esfacelamento das últimas monarquias, bem como do advento da civilização industrial e pós-industrial, que tornou a própria arte reproduzível, levou os artistas a proclamarem uma revolução estética que se inicia com a pintura impressionista e que deságua na pluralidade de tendências estéticas que marcou o século XX os famosos ismos. Com isso, estabelece-se um novo conceito de arte moderna, entendida agora Esculturas de Alejadinho em Minas Gerais Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/stor Claude Monet ( 1840-1926) pintor francês Fonte:http://oficinadeartesandreiacosta.blogspot.com.br/201 2/04/impressionismo-claude-monet.html

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Neeja Darcy Vargas - Arte Ensino Fundamental – IV Parte

1 Prof. Aninha Marques

IV Parte Nesta unidade abordamos alguns conceitos importantes no estudo de Arte, como as relações

entre arte popular e arte erudita, cultura de massas, artes visuais e patrimônio histórico e cultural. Junto a estes conceitos tratamos também da pop art, da cidade como espaço urbano de visualidade nas produções do grafite, do hip hop e da extraordinária obra do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Na última parte, apresentamos a arte visual da caricatura, da charge, do cartum e da tirinha, relacionada com a história e com o poder político.

Arte Popular e Arte Erudita Para ficar mais evidente a diferença entre arte popular e arte erudita, é fundamental traçarmos algumas pontuais diferenças. A arte popular é a arte da intuição, aquela em que o artista exerce seu ofício sem ter frequentado escolas de artes para esse fim. Apesar disso, suas obras são de altíssimo reconhecimento estético e artístico. Os artistas se inspiram em sua regionalidade, crenças, lendas e costumes típicos de sua cultura. Seu humilde cotidiano e as dificuldades do dia-a-dia são refletidas na obra. Um artista brasileiro muito conhecido por ser intensamente influenciado pela arte popular é Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814, escultor, entalhador e arquiteto mineiro) Já a arte erudita é oriunda de artistas com aprimorado conhecimento técnico, de elevada exigência estética que criam obras de valor universal, e acabam marcando época com suas inovações, além de proporcionar ao espectador intensa reflexão e questionamento a respeito da obra. Um exemplo de arte erudita é famoso quadro “Monalisa” de Leonardo da Vinci. Arte Popular e Arte Erudita. Disponível em: http://historia-da-arte.info/arte-popular.html. Acesso em 23 de julho de 2015.

O clássico e o moderno, o erudito e o popular na arte

Cultura erudita x cultura popular Por outro lado, a oposição entre uma cultura erudita ou aristocrática e uma cultura popular ou plebeia permeia toda a história ocidental. Na verdade, o próprio conceito de História está ligado ao do conflito de classes (daí ter Marx proposto que a construção de uma sociedade sem classes, a sociedade socialista, marcaria o fim da História). Assim, a história cultural tem sido marcada desde sempre por essa divisão entre a cultura da elite, considerada, aliás, por muito tempo como a única forma possível de cultura, e a cultura do povo, na verdade vista pela aristocracia dominante como a não-cultura, isto é, como a ausência completa de civilização. Na Roma antiga, essa oposição ficava

clara principalmente na literatura e no teatro, em que a língua utilizada pelos escritores para tratar de assuntos nobres e elevados era a língua culta, deixado o sermo vulgaris apenas para o estilo “baixo” da

comédia popular. De um modo mais geral, opunha-se a “grande arte”, destinada ao usufruto da aristocracia e, posteriormente, da alta burguesia, ao artesanato e aos folguedos populares, de origem camponesa, vistos sempre como manifestações rudes e toscas de um populacho rude e tosco.

O esgotamento da cultura de inspiração clássica em fins do século XIX, contemporânea da derrocada da nobreza europeia e do esfacelamento das últimas monarquias, bem como do advento da civilização industrial e pós-industrial, que tornou a própria arte reproduzível, levou os artistas a proclamarem uma revolução

estética que se inicia com a pintura impressionista e que deságua na pluralidade de tendências estéticas que marcou o século XX – os

famosos ismos. Com isso, estabelece-se um novo conceito de arte moderna, entendida agora

Esculturas de Alejadinho em Minas Gerais Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/stor

Claude Monet ( 1840-1926) pintor

francês

Fonte:http://oficinadeartesandreiacosta.blogspot.com.br/201

2/04/impressionismo-claude-monet.html

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como a arte nascida das vanguardas do início do século XX, por oposição à arte praticada até o século XIX, chamada comumente de arte acadêmica, por ser aquela que se ensinava nas academias

de belas-artes.

Indústria cultural e cultura de massa

O advento dos meios de comunicação de massa (cinema, rádio, televisão), decorrente do desenvolvimento tecnológico que permitiu a reprodução em larga escala dos bens culturais (surgimento da fotografia, do fonógrafo, etc.), deu origem à chamada indústria cultural e à cultura de massa. De um modo geral, a cultura que se expandiu através dessas novas mídias foi a cultura popular e não a erudita. Desse modo, o século XX assistiu ao cruzamento das resultantes de duas tensões dialéticas: a cultura moderna e a cultura popular.

O erudito e o popular hoje No presente, é difícil definir o que é erudito ou popular. Antigamente, como dissemos, a arte

erudita era aquela consumida pela elite econômica e cultural, e vale a pena ressaltar que, até o

século XIX, a elite econômica e a cultural coincidiam. Atualmente, é curioso notar artistas extremamente populares – até mesmo popularescos

– ocupando grandes casas de espetáculos e cobrando ingressos mais caros do que a maioria dos artistas mais elitizados, circunscritos em geral aos pequenos espaços culturais. O que

percebemos é que, enquanto a cultura erudita tradicional – a música de concerto, o balé clássico, a pintura acadêmica, etc. – marginalizou-se e tornou-se fenômeno social pouco significativo, a cultura popular preencheu sozinha o espaço social, atingindo todas as classes.

Também o erudito e o popular se mesclam muitas vezes na elaboração de um novo paradigma estético1. De um lado, temos a música de Bach ou de Villa-Lobos, que incorporaram elementos populares para produzir um resultado erudito. De outro, temos o já citado rock progressivo,

que assimila elementos eruditos para produzir um resultado popular. Essa mescla de erudito e popular, tradicional e inovador, leva a uma arte híbrida2, difícil de ser classificada. Por exemplo, a música new

age é erudita ou popular? E o free jazz, gênero de origem negra de complexidade melódica, harmônica e rítmica superior à da música de concerto, e que chegou mesmo a influenciar certos compositores sinfônicos? E os arranjos do tipo muzak, como Ray Conniff e Lawrence Welk, em que canções populares são transformadas em peças orquestrais com arranjo sinfônico? E Luciano Pavarotti cantando música popular? O clássico e o moderno, o erudito e o popular na arte Disponível em\; http://www.aldobizzocchi.com.br/artigo14.asp Acesso em 23 de julho de 2015.

Pop Art O lugar da arte sempre foi um tema extensamente debatido entre críticos, apreciadores,

pesquisadores e os próprios artistas. Durante um bom tempo, o mundo da arte foi pensado como uma esfera autônoma, regida por seus próprios códigos e fruto de uma criatividade centrada na individualidade do artista. Contudo, principalmente a partir do século XX, notamos que essa separação entre a arte e o mundo veio perdendo força na medida em que movimentos diversos buscaram quebrar tais limites.

Na década de 1950, observamos a formulação de um movimento chamado de “pop art”. Essa expressão, oriunda do inglês, significa “arte popular”. Ao contrário do que parece, essa arte popular

que define tal movimento não tem nada a ver com uma arte produzida pelas camadas populares ou com as noções folcloristas de arte. O “pop art” enquanto movimento abraça as diversas manifestações da cultura de massa, da cultura feita para as multidões e produzida pelos grandes veículos de comunicação.

1 Paradigma estético ou modelo de arte. 2 Mistura de diferentes elementos.

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Ao envolver elementos gerados pela sociedade industrial, a “pop art” realiza um duplo movimento capaz de nos revelar a riqueza de sua própria existência. Por um lado, ela expõe traços de uma sociedade marcada pela industrialização, pela repetição e a criação de ícones instantâneos. Por outro, questiona os limites do fazer artístico ao evitar um pensamento autonomista e abranger os fenômenos de seu tempo para então conceber suas criações próprias.

O movimento “pop art” apareceu em um momento histórico marcado pelo reerguimento das grandes sociedades industriais outrora afetadas pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial. Dessa

forma, adotou os grandes centros urbanos norte-americanos e britânicos como o ambiente para que seus primeiros representantes tomassem de inspiração para criar as suas obras. Peças publicitárias, imagens de celebridades, logomarcas e quadrinhos são algumas dessas inspirações.

Os integrantes da “pop art” conseguiram chamar a atenção do grande público ao se inspirar por elementos que em tese não eram reconhecidos como arte, ao levar em conta que o consumo era marca vigente desses tempos. Grandes estrelas do cinema, revistas em quadrinhos, automóveis modernos,

aparelhos eletrônicos ou produtos enlatados foram desconstruídos para que as impressões e ideias desses artistas assinalassem o poder de reprodução e a efemeridade daquilo que é oferecido pela era industrial. Entre outros representantes desse movimento, podemos destacar a figura de Andy Warhol, conhecido pelas múltiplas versões multicoloridas de “Marilyn Monroe”, produzida no ano de 1967.

Outro exemplo de “pop art” pode ser reconhecido na obra “No Carro”, em que Roy Lichenstein utiliza a linguagem dos

quadrinhos para explorar situações urbanas. Ainda hoje, diversos artistas empregam as

referências da “pop art” para conceber quadros, esculturas e outras instalações. SOUSA, Ranier. Pop Art. Disponível em: http://www.brasilescola.com/artes/pop-art.htm

Art Pop nas Artes Visuais

A Pop Art que acabamos de ver também um é exemplo de Artes Visuais. As primeiras manifestações das artes visuais remontam à Pré-História. Nesta época foram feitas pinturas nas cavernas ocupadas pelo homem primitivo. Modernamente, as artes visuais compreendem um vasto campo que engloba diferentes formas de expressão como desenhos, pinturas, colagem, gravuras, arquitetura, escultura, fotografia, vídeo, artes gráficas, etc. De maneira geral, o mundo real ou imaginário é representado pelo artista e a visão é o principal meio de apreensão e fruição desta arte.

Desde a antiguidade a cidade tem sido o espaço que acolhe as expressões artísticas de seu povo, possuindo assim, um visual que lhe é característico. Com o acelerado desenvolvimento econômico, com o crescimento urbano e com o reconhecimento por parte do estado e do público de que, a arte é forma legítima e essencial à condição humana, a arquitetura, as ruas, os muros e os mais inusitados lugares no Brasil e no mundo tornaram-se um grande mural cultural, onde formas como as do grafite ou àquelas criadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer proporcionam estética, sentido,

visualidade e humanidade aos centros urbanos.

Street art ou arte urbana: Grafite Grafite, grafito ou grafíti (do italiano graffiti, plural de graffito) é o nome dado às inscrições feitas

em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta

Marilyn Monroe criada por Andy Warhol Fonte:: loucosporartcn1001 blogspot.com.br /2012/06/ principais-artistas-e-obras.html

Roy Lichtensten pintor norte-americano que trabalhou muito com HQs (histórias em quadrinhos), criticando a cultura de massas. Fonte: loucosporartcn1001. blogspot.com.br /2012/06/principais-artistas-e-obras.html

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finalidade. Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera contravenção, atualmente o

grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais, mais especificamente, da street art ou arte urbana em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. Entretanto ainda há quem não

concorde, equiparando o grafite à pichação, grafitar próprios públicos ou privados, sem autorização dos respectivos proprietários, é atividade proibida por lei em vários países.

Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção. No entanto, muitos grafiteiros respeitáveis, como

Os gêmeos, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo, aí incluída a grande fachada da Tate Modern de Londres, admitem ter um passado de pichadores. Na língua inglesa, contudo, usa-se o termo graffiti para ambas as expressões.6

A partir do movimento contracultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas ad nauseam, como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando status de verdadeiras obras de arte. Os grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão.

Dentre os grafiteiros, talvez o mais célebre seja Jean-Michel Basquiat (1960-1988), que, no

final dos anos 1970, despertou a atenção da imprensa novaiorquina, sobretudo pelas mensagens poéticas que deixava nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan. Posteriormente Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Atualmente no século XXI, muitas pessoas usam o grafite como arte em museus de arte.

Fonte: http://guyhepner.com/wp-content/uploads/2015/09/Screen-Shot-2015-09-03-at-5.41.49-PM.png

O Brasil também tem importantes grafiteiros e trabalhos importantes desta forma de arte visual

já faz parte da paisagem urbana brasileira. Leia os textos abaixo e observe como Porto Alegre e São Paulo se insere no mundo da Street Art. Grafite. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Grafito. Acesso em 24 de julho de 2015.

Meeting of Styles

Túnel da Conceição recebe evento internacional de grafite Meeting of Styles percorre as principais cidades do mundo.O Túnel da Conceição ficará de cara nova.

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Até este domingo, 16, acontece o Meeting of Styles, evento de grafite que percorre as principais cidades do mundo propagando esta arte urbana. Na Capital, 40 artistas do Brasil e 20 do exterior criarão obras de arte, constituindo um mosaico de cores e culturas num dos locais de maior fluxo de carros da cidade e que é alvo constante de pichações. O

evento integra as comemorações dos 242 anos de Porto Alegre e conta com o patrocínio da Secretaria Municipal da Juventude. O trânsito no local será parcialmente interrompido.

“As ações de grafite servem para deixar a cidade mais bonita e, ao mesmo tempo, inibir a ação de pichadores. É uma forma de rever como aproveitar o espaço urbano para dialogar com a arte”, explica Luizinho Martins, secretário da Juventude – patrocinadora do Meeting -, complementando que esta é apenas uma das muitas ações desenvolvidas pela pasta na valorização deste tipo de manifestação urbana. Em 2013, ocorreu o 1º Festival de Arte Urbana, quando artistas realizaram uma intervenção no muro da Fundação Pão dos Pobres. Em 2014, a previsão é que ao menos seis pontos do Arroio Dilúvio também sejam grafitados.

Porto Alegre é a terceira cidade brasileira a receber o Meeting of Stlyles - que já passou por Rio de Janeiro (2006) e São Paulo (2009). Durante o sábado e o domingo, a população poderá acompanhar o trabalho, através de visitas guiadas. O evento é organizado pelo Instituto Trocando Ideias, que promove ações culturais e sociais com vistas à promoção da cidadania, e curadoria está a cargo de Lucas NCL, que participou do circuito do Meeting na Alemanha, França, Itália, Espanha e Holanda. Túnel da Conceição recebe evento internacional de grafite. Disponível em: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/portal_ pmpa_novo/default.php? p_noticia=167929. Acesso em 24 de julho de 2015.

Alguns dos maiores grafiteiros do Brasil Os gêmeos idênticos Gustavo e Otávio Pandolfo são referência no grafite não só no Brasil,

como no mundo, abordando temas como família e críticas sociais. Os irmãos começaram a grafitar pelas ruas de São Paulo

em 1986 quando tinham apenas 12 anos de idade. Começaram a ter experiências com parcerias internacionais até que, em 2003, conseguiram a primeira exposição solo em São Francisco. Em 2005 foi a vez de Nova York e, após conquistarem o exterior,

realizam sua primeira mostra no Brasil em 2006. Seus grafites estão espalhados por cidades dos EUA, Inglaterra, Alemanha, Grécia, Cuba e vários outros.

SPETO - Onde ver: Museu de Arte Urbana Speto é mais um dos grandes grafiteiros brasileiros que

foram influenciados pela cultura hip-hop que chegou a São Paulo na década de 80. Mas o artista foi além. Uniu sua influência Hip- hop ao cordel3, criando um estilo único e original. Suas obras foram

expostas em mais de 15 países e ele já produziu inúmeras campanhas publicitárias.

33 Cordel são folhetos contendo poemas populares, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu

origem ao nome. Os poemas de cordel são escritos em forma de rima e alguns são ilustrados. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como

também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Cordel também é a divulgação da arte, das tradições populares e dos autores locais e é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro. Cordel. Disponível em: http://www.significados.com.br/cordel/ Acesso em 24 de julho de 2015.

Observe e reflita: quem é a artista retratada? Quais as críticas feitas pelo autor da obra?

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CRÂNIO - Onde ver: Av Consolação, Zona Norte (SP).Nascido na Zona Norte de São Paulo, Fábio de Oliveira, o Crânio, reconhece que um dos maiores

influenciadores da sua arte é o meio em que viveu na sua infância. Suas obras são marcadas por elementos da cultura brasileira acompanhadas de alguma frase inteligente que te faz pensar. JEMMA, Ezio. Conheça Alguns Dos Maiores Grafiteiros Do Brasil. Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/turismo/noticia/ conheca- alguns-dos- maiores-grafiteiros-do-brasil Acesso em 24 de julho de 2015.

Veja a seguir como a arte da dança se relaciona com a cultura da cidade na expressão do Hip Hop. Esta é uma cultura popular que se originou nas periferias das dos centros urbanos e que ganhou visibilidade sobretudo nos vídeos na internet.

Street art ou arte urbana: Hip Hop O que é Hip Hop Hip Hop é um gênero musical fundado na década de 1970 pelo DJ norte-americano Afrika

Bambaataa (nome artístico deKevin Donovan). Para criar o Hip Hop, Bambaataa uniu sons de vários estilos musicais diferentes, com o Funk, música eletrônica e o canto falado típico do Rap.

O Hip Hop nasceu em Nova Iorque, nas comunidades negras e latinas, como uma forma de

extravasar os sentimentos de uma classe marginalizada que vivia em verdadeiros guetos onde a violência era muito grande. O Hip Hop tornou-se mais que um gênero musical; passou a ser toda uma cultura, sob as formas artísticas também da dança, da

pintura e da poesia. Significado de Hip Hop “Hip” tem o significado de algo

moderno, que está acontecendo na atualidade; “Hop” é um movimento de dança. A cultura Hip Hop foi assim

chamada pela primeira vez em 1978; o “hip-hop” seria uma forma de onomatopeia para imitar a cadência da marcha de soldados, de uma maneira jocosa; um grupo composto por um DJ, responsável pela batida, e um rapper, que fazia a poesia passou a ser chamado de “hip-hoppers”. A primeira pessoa a designar a música Hip Hop como tal foi Lovebug Starski.

Elementos da cultura Hip Hop O Hip Hop não é apenas um estilo musical; ele representa

toda uma cultura que também engloba: -o rap (rhythm and poetry – ritmo e poesia) – técnica em

que o canto tem rítmica, mas se aproxima mais do falar propriamente do que do cantar;

-o DJ (Disc Jockey) – o artista que une os diferentes sons criando a batida do Hip Hop;

-a breakdance – o estilo de dança de rua que nasceu com o Hip Hop;

- o grafite– estilo de arte urbana feita em espaços públicos originalmente não destinados a isso.

Baile Hip Hop em São Paulo Fonte: https:// hatracalivre.com.br/sp/agenda/

Fonte:freedancetk.blogspot.com

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Hip Hop - dança A dança que tipicamente acompanha o Hip Hop nasceu juntamente com o estilo musical e toda

sua cultura. É uma dança praticada na rua que contém principalmente os estilos: breakdance; locking; -popping. A dança Hip Hop guarda uma diferença essencial em relação a outros tipos de dança que é a presença do freestyle. São muito comuns também as competições de freestyle, formais ou informais, que ocorrem num espaço circular chamado cipher.

Hip Hop tuga OHip Hop tuga é a variação do Hip Hop de Portugal. O Hip Hop chegou a Portugal na década de

1980, através do cinema americano; logo invadiu os bairros do subúrbio de Lisboa e Porto. O primeiro a divulgar a cultura no país foi José Mariño.

Hip Hop – vídeos

Atualmente a internet está inundada de vídeos com conteúdo que abarcam todos os elementos do Hip Hop; as técnicas de dança, vídeo-clips, os grafites e tudo o mais. O que é Hip Hop. Disponível em: https://www.significadosbr.com.br/hip-hopivulgue a cultura Hip Hop. Acesso em 24 de julho de 2015.

Oscar Niemeyer: as 15 maiores obras Conheça o legado do mais famoso arquiteto do Brasil

Pelé, Santos Dumont, Tom Jobim, dom Pedro 2º, Carmen Miranda, Machado de Assis. Estas são as únicas figuras brasileiras comparáveis a Oscar Niemeyer em matéria de importância histórica e influência nos destinos da humanidade. O arquiteto mais famoso do Brasil foi um mestre em desenhar curvas no concreto armado e levou poesia à paisagem das grandes cidades a partir da década de 1930. Sua extensa carreira foi laureada em 1988 com um Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura, na única vez em que o prêmio foi dividido (no caso, com o norte-americano Gordon Bunshaft). Conheça abaixo os projetos que mantêm e manterão vivo o legado de Niemeyer em todo o mundo.

Conjunto da Pampulha, 1940, Belo Horizonte (MG)

Quando Juscelino Kubistchek foi eleito prefeito da capital mineira, convocou Niemeyer para projetar um bairro inteiro voltado ao lazer, com direito a cassino, clube, igreja e restaurantes. O projeto da Pampulha, inspirado nas curvas da arte barroca, foi concebido e desenhado em uma noite, já no quarto de um hotel, após a conversa com o político.

Sede das Nações Unidas – ONU, 1947, Nova York

Uma comissão de dez arquitetos dirigida pelo norte-americano Wallace Harrison foi reunida para discutir e projetar a sede do mais importante órgão supranacional do planeta. Niemeyer hesitou em apresentar seu desenho, pois não queria contrariar um dos membros do conselho – ninguém menos do que Le Corbusier. Só quando o franco-suíço cobrou que ele trouxesse suas ideias para a mesa que Niemeyer se debruçou na proposta do colega que admirava muito e modificou os elementos principais do conjunto. O desenho foi aprovado com louvor por toda a equipe, inclusive por Le Corbusier.

Oscar Niemeyer 1907-2012

arquiteto, Minas Gerais

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Brasília, 1957

Enquanto o amigo e ex-patrão Lucio Costa desenvolvia o plano urbano da nova capital do país, Niemeyer foi escolhido por Juscelino Kubitschek para traçar e erguer os edifícios governamentais em Brasília. Começou em 1956 com o Catetinho, a residência provisória do presidente da República, e seguiu, já em 1957, com o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional, o Teatro Nacional, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto, a Praça dos Três Poderes e a Catedral de Brasília. O Ministério da Justiça, o Palácio do Itamaraty, ambos de 1962, o Aeroporto, de 1965, e o Memorial JK, em 1980 – todos saídos da prancheta do mestre –, complementaram o

conjunto após a inauguração oficial. Sede do Partido Comunista Francês, 1965, Paris

Comunista de carteirinha, Niemeyer teve carta branca para definir como seria sede do Partidão francês. O design nada usual, com a fachada curvada e o hall semienterrado, deixou o terreno livre para a brincadeira de formas – e, também, para a descida suave do público até a cúpula.

Passarela do Samba, 1983, Rio de Janeiro

Oficialmente chamada de Passarela Professor Darcy Ribeiro e popularmente conhecido como Sambódromo, o centro do carnaval carioca localiza-se na avenida Marquês de Sapucaí, Rio de Janeiro,

e nasceu com a missão de “dar ao povo o samba”. Na parte f inal da passarela, as arquibancadas se separam para abrir espaço à monumental Praça da Apoteose, assinalada por um grande arco. Ali está também o Museu do Samba. Fora dos dias carnavalescos, o local abriga escolas, creches, centros de saúde, ateliês de artesanato e outros serviços. A praça serve de palco para espetáculos diversos, como balé, teatro e shows de música popular.

Museu de Arte Contemporânea, 1991, Niterói

O terreno livre de construções realça as formas quase abstratas do prédio, que parece flutuar sobre a paisagem. O museu faz parte do Caminho Niemeyer, um percurso de 3,5 km finalizado em 1997, dotado de espaços culturais cuja função foi revitalizar a parte central da cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Oscar Niemeyer: as 15 maiores obras. Disponível em: http://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2012/12 /oscar-niemeyer-15-maiores-obras.html. Acesso em 24 de julho de 2015.

Arte, Diversidade e Patrimônio Histórico e Cultural

Diversidade Cultural

Conforme estudamos em História e Geografia, na época atual vivemos um acelerado processo de globalização, onde o avanço tecnológico sobretudo nas comunicações e transportes diminuiu distâncias e aproximou os povos. A consequência disto é um mundo mais homogêneo, onde “soubemos

quase tudo sobre todos.” Com a revolução tecnológica descobrimos mais sobre outras sociedades e

assim, percebemos também as suas diferenças, ou seja, a diversidade de cada cultura. Mesmo com a acelerada globalização, os aspectos locais das culturas não despareceram e muitos deles continuam fortemente presentes. A cultura é um desses

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aspectos. Várias comunidades continuam mantendo seus costumes e tradições. Estas diferenças entre países, nações, grupos em seus modos de pensar e viver chamamos de diversidade cultural. Uma das

formas de expressão da diversidade cultural é a arte de uma comunidade, de um povo ou país.

O Brasil é historicamente um país de vasta diversidade cultural. Os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos foram os primeiros responsáveis pela disseminação cultural no nosso país. Em seguida, vieram

os imigrantes italianos, japoneses, alemães, árabes, entre outros que contribuíram para a diversidade cultural. Aspectos como a culinária, danças, religião e arte são elementos que integram a cultura de um povo e seu patrimônio histórico e cultural.

Patrimônio Histórico e Cultural

O patrimônio é a nossa herança do passado, com o qual vivemos hoje, e o qual passamos às gerações vindouras. O patrimônio histórico e cultural é composto por bens materiais, naturais ou imóveis que possui importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade.

Lista de alguns bens que fazem parte do patrimônio histórico (material) mundial:

Pirâmides de Gizé (Egito), Machu Picchu (Peru), Estátua da Liberdade (Estados Unidos), Muralha da China (China), Torre de Piza (Itália), Coliseu de Roma (Itália), Palácio de Versalhes (França), Torre Eiffel (França) e Acrópole de Atenas (Grécia).

Machu Picchu (Per Coliseu de Roma (Itália), Pirâmides de Gizé (Egito), Acrópole de Atenas (Grécia).

O Patrimônio Histórico Nacional é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza: histórico, belas artes, artes aplicadas e arqueológico, paisagístico e etnográfico.

Bens móveis coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográfico formam o patrimônio material.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) define como patrimônio cultural imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que

as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.

Ruínas de São Miguel RS

Brasil Patrimônio Histórico (material) da Humanidade

Capoeira Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil

Cristo R edentor Rio de Janeiro Brasil

Bonecos Gigantes no Carnaval de Olinda - Brasil

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O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é uma instituição nacional vinculada ao Ministério da Cultura, responsável por preservar, divulgar e fiscalizar os bens culturais brasileiros, além de garantir a utilização desses bens pela atual e futuras gerações.

Os seguintes bens foram registrados como patrimônio imaterial do Brasil: a Festa de Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Feira de Caruaru, o Frevo, a capoeira, o modo artesanal de fazer o Queijo de Minas e as matrizes do Samba no Rio de Janeiro. Patrimônio Histórico Material e Imaterial. Disponível em: www1.educacao.pe.gov.br/.../ProfessorAutor%5CArte%5CArte%20Ι%20... Acesso em 24 de julho de 2015.

Arte, História e Poder Político Em diferentes contextos históricos a arte tem sido um meio de expressar e criticar as

inconformidades com sistemas políticos e injustiças sociais. O texto abaixo nos mostra como a arte visual do cartum, da charge foi utilizada como forma de protestar contra a ditadura civil-militar que se instalou no Brasil a partir do golpe de 1964.

50 anos do golpe militar: a ditadura brasileira e os quadrinhos

Hoje, dia 1° de abril, completam-se 50 anos do golpe de Estado das Forças Armadas do Brasil contra o governo do então presidente João Goulart, que lançou o país em uma ditadura militar que inibiu os direitos individuais da população e perdurou por 21 anos, até chegar ao final, em 1986, com o movimento Diretas Já. Um dos períodos mais conturbados da história

brasileira, o regime militar encontrou diversas formas de resistência, que eram suprimidas de maneiras cada vez mais violentas ao longo dos anos. Os quadrinhos, por meio de charges e cartuns de humor, foi uma das áreas usadas para se criticar a ditadura e apresentar materiais considerados impróprios pelo então governo, mas que nem por isso passava despercebida.

Depois do retorno da democracia e a instauração da Nova República, os anos de repressão não resultaram em grande produção de materiais na forma de quadrinhos, apesar de ser um assunto fértil, cheio de possibilidades narrativas. Chega a ser curioso notar que um tema tão importante não tenha sido explorado e relembrado como se poderia supor. Quem sabe, nos próximos anos…

Ainda assim, alguns autores exploraram o assunto na forma de arte sequencial. O Universo HQ

mostra aqui dez obras que abordaram o tema. 1) O Pasquim

Fundado em 1969 – por Jaguar, Sérgio Cabral, Tarso de Castro e Ziraldo -, o semanário ficou conhecido por fazer forte oposição ao regime militar, à medida em que se tornava mais politizado, com o passar dos anos. A tiragem, de 20 mil cópias semanais, chegou a 200 mil em meados da década de 1970, sempre apresentando textos, cartuns e charges políticas. Colaboraram jornalistas, escritores, cartunistas e artistas de outras áreas, como Millôr Fernandes, Prósperi, Claudius, Fortuna, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam, Sérgio Augusto, Ruy Castro, Fausto Wolf, Chico Buarque, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e outros.

A redação chegou a sofrer censura prévia e vários integrantes foram presos durante a década de 1970. O Pasquim terminou em 1991, seis anos após o fim da

ditadura, na edição # 1072. O periódico foi relançado em 2002 e durou até 2004.

2) HQs (história em quadrinhos) e cartuns de Carlos Zéfiro e Henfil Os quadrinhos eróticos de Carlos Zéfiro (pseudônimo de Alcides Aguiar Caminha) desafiaram o regime militar. Alcides era funcionário público e escondeu sua atividade paralela até mesmo da família, preferindo o anonimato. Em 1970, aconteceu uma investigação por parte dos militares para descobrir quem publicava tais quadrinhos subversivos e Hélio Brandão, amigo do artista, chegou a ser preso. A investigação terminou inconclusiva.

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A verdadeira identidade só foi revelada em 1991, um ano antes de sua morte e ele já aposentado, numa reportagem de Juca Kfouri para a revista Playboy. Já Henfil foi um dos principais opositores do golpe de 1964. Com seus cartuns e criações, como Fradim, Graúna, Ubaldo e outros, as obras sempre tiveram forte posicionamento político e social. Na

década de 1970, foi morar em Nova York para fugir da censura e da prisão e seus trabalhos também foram publicados em jornais norte-americanos. Em 1984, lançou o livro Como se faz humor político.

3) Rango, de Edgar Vasques. Criado em 1970, Rango é um desempregado barrigudo, sem dinheiro e que vive num depósito de lixo, numa crítica às desigualdades sociais do Brasil. Os quadrinhos do Rango, um anti-herói das tiras nacionais, simbolizaram a resistência à ditadura militar e, passados mais de 30 anos, continuam modernas em sua crítica à desigualdade social. O personagem apareceu pela primeira vez na revista Grilus, do diretório acadêmico da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em que Vasques estudava, na época. A partir de 1973, Rango passou a ocupar as páginas de vários periódicos brasileiros, como Pasquim e Folha da Manhã. NALIATO, Samir. 50 anos do golpe militar: a ditadura brasileira e os quadrinhos http://www.universohq.com/materias/50-anos-golpe-militar-ditadura-brasileira-e-os-quadrinhos/ Acesso em 24 de julho de 2015.

Diferença entre Charge, Cartum e Tirinha

É essencial que saiba diferenciar e interpretar charges, cartuns, tirinhas e caricaturas. Dessa forma este post busca elucidar as semelhanças e discrepâncias entre cada um desses tipos de ilustração humorística. Caricatura é a representação exagerada de características ou hábitos

de uma pessoa. Observe as imagens. A primeira representa muito bem o que é a caricatura. Veja que ela ressalta os dentes tortos, nariz largo e

cabelos longos (apesar desses não serem visíveis na foto) do jogador Ronaldinho Gaúcho. Já a charge faz uma sátira (crítica sarcástica) de acontecimentos atuais,

geralmente na esfera política, afim de demonstrar indignação e insatisfação com a situação vigente. Além disso, a charge quase sempre utilizada a caricatura para delinear o(s) personagem(s) envolvidos. Isso pode ser

visto na ilustração do ministro Joaquim ampliação, indicando uma punição dolorosa aos réus do “mensalão”, já a segunda foi diferenciada a fim de comparar o personagem com um herói, um justiceiro. O cartum também utiliza da caricatura, porém, diferente da charge, ele

não retrata personagens conhecidos e não tem como objetivo satirizar uma situação atual, simplesmente faz graça com uma situação cotidiana. É algo próximo de uma piada.

Por fim, a tirinha é uma sequência de quadrinhos que

geralmente faz uma crítica aos valores sociais. É publicada com regularidade, e as mais famosas, ou ao menos mais usadas em vestibulares, são as da personagem Mafalda. Diferença entre caricatura, charge, cartum e tirinha. Disponível em: https://umvestibu-lando.wordpress.com/2013/ 01/06/a-diferenca -entre-charge-cartum-tirinha-e-caricatura/ Acesso em 24 de julho de 2015.

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Referências Arte Popular e Arte Erudita. Disponível em: http://historia-da-arte.info/arte-popular.html Acesso em 23 de julho de 2015. Cordel. Disponível em: http://www.significados.com.br/cordel/ Acesso em 24 de julho de 2015. Diferença entre caricatura, charge, cartum e tirinha. Disponível em: https://umvestibu-lando .wordpress.com/2013/01/06/a-diferenca-entre-charge-cartum-tirinha-e-caricatura/ Acesso em 24 de julho de 2015. Grafite. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Grafito. Acesso em 24 de julho de 2015. JEMMA, Ezio. Conheça Alguns Dos Maiores Grafiteiros Do Brasil. Disponível em: http://www.guiadasemana.com.br/turismo/noticia/conheca-alguns-dos-maiores-grafiteiros-do-brasil Acesso em 24 de julho de 2015. NALIATO, Samir. 50 anos do golpe militar: a ditadura brasileira e os quadrinhos http://www.universohq.com/materias/50-anos-golpe-militar-ditadura-brasileira-e-os-quadrinhos/ Acesso em 24 de julho de 2015. O clássico e o moderno, o erudito e o popular na arte Disponível em http://www.aldobizzocchi.com.br/artigo14.asp Acesso em 23 de julho de 2015. O que é Hip Hop. Disponível em: https://www.significadosbr.com.br/hip-hopivulgue a cultura Hip Hop. Acesso em 24 de julho de 2015. Oscar Niemeyer: as 15 maiores obras. Disponível em: http://casavogue.globo. com/Arquitetura/noticia/2012/12 /oscar-niemeyer-15-maiores-obras.html. Acesso em 24 de julho de 2015. Patrimônio Histórico Material e Imaterial. Disponível em: www1.educacao. pe.gov.br/.../ProfessorAutor%5CArte%5CArte%20Ι%20... Acesso em 24 de julho de 2015. SOUSA, Ranier. Pop Art. Disponível em: http://www.brasilescola.com/artes/pop-art.htm Túnel da Conceição recebe evento internacional de grafite. Disponível em: http://www2. portoalegre.rs.gov.br/portal_pmpa_novo/default.php?p_noticia=167929& TUNEL+DA +CONCEI-CAO+RECEBE+EVENTO+INTERNACIONAL+DE+GRAFITE Acesso em 24 de julho de 2015.

Roteiro de Estudo. De Arte - IV Parte Ensino Fundamental

Internalize o conteúdo a ser estudado: ler, resumir, gravar (celular), escutar e visualizar imagens. Recapitule até entender o assunto. Esclareça dúvidas, pesquise as palavras que não são conhecidas. Situe-se, identificando época, lugares e fatos principais que fazem parte do contexto histórico em que arte se insere. 01. Qual a diferença entre arte popular e arte erudita? 02. Como é a relação entre o erudito e o popular na atualidade?? 03. Conceitue cultura de massa e indústria cultural. 04. Complete o quadro-resumo sobre a Pop Art.

POP ART

O que significa

O contexto histórico

Características

Autores e obras

05. O que é Street Art? Quais os exemplos desta arte que estão no seu polígrafo.

06. Resuma sobre origem do Grafite, salientando autores e obras do texto.

07. De que forma a cidade de Porto Alegre (RS) se inseriu na arte do Grafite?

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13 Prof. Aninha Marques

08. Escreva um pequeno texto, mostrando o significado de Hip Hop, seus elementos e importância

para Street Art? 09. O que se entende por diversidade cultural?

10. Segundo o texto, qual a definição de Patrimônio Histórico e Cultural?

11. O que é patrimônio histórico imaterial?

12. Quais os bens culturais registrados como patrimônio imaterial do Brasil? 13. Dê o significado para siglas: a) UNESCO B) IPHAN