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Page 1: ÍNDICE - Embrapa · decadência do café no mercado internacional, foram decisivas na escolha da cidade como sede do Centro Nacional de Pesquisa da Soja (atualmente Embrapa Soja),
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Soja

Embrapa SOJa 30 anos:gerando tecnologia ecultivando parcerias.

Ministério da AgriculturaPecuária e Abastecimento

•I

UM PAis DE TODOSGOVERNO FEDERAL

2

Nos últimos 20 anos, a produtividade da sojabrasileira cresceu em torno de 70%, situando-se,atualmente, próxima a 3mil kg/ha. Hoje o Paísresponde por 27% da produção mundial de soja e é osegundo produtor mundial do grão. Esses resultadosdevem-se, em grande parte, à incorporação de avançostecnológicos, gerados pela Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada aoMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento epor seus parceiros.

O sucesso da soja no Brasil seria suficiente paraque a Embrapa Soja, localizada em Londrina (PR),comemorasse - de forma orgulhosa - seus 30 anos,completados em abril de 2005. No entanto, são muitasas conquistas e maiores ainda os desafios. Por isso,cercamo-nos de bons parceiros nacionais einternacionais e de um grupo de empregados que nãomede esforços para alcançar resultados positivos.

O fortalecimento do setor agropecuário foialavancado pelas associações de classe e grupos deprodutores que demonstraram arrojo e determinação.A prova incontestável dessa força são os númerosextraordinários conseguidos na produção e nacomercialização da oleaginosa. Outra demonstraçãodo interesse do setor em conhecer as tecnologiasdisponíveis foi o público presente em três grandeseventos, promovidos pela Embrapa Soja e realizadospela primeira vez conjuntamente no Brasil: a VIIConferência Mundial de Pesquisa de Soja, a IVConferência Internacional de Processamento eUtilização de Soja e o III Congresso Brasileiro de Soja.

As ações da Embrapa Soja são norteadas peloPlano Diretor da Unidade, documento que éconstantemente avaliado. Para manter acompetitividade da soja, que é responsável por quase50% da produção brasileira de grãos, temosestimulado linhas de pesquisa que busquem a reduçãode custos de produção, associado aos conceitos dequalidade do produto, e tecnologias de valor social eambienta!. Além disso, temos responsabilidade com ageração de tecnologias que permitam diversidade deopções aos produtores.

O estreitamento dos relacionamentos com osdiversos segmentos da cadeia produtiva da soja, dogirassol e do trigo, visam identificar as demandas dasociedade. Além disso, o estímulo para que as ações detransferência de tecnologias sejam contempladas emprojetos de pesquisa faz com que as inovaçõescheguem rapidamente onde são necessárias.

Também é um grande desafio a efetivação de umprojeto que reúna as ações sociais da Embrapa Soja eorganize sua forma de atuação social. A visão sobreresponsabilidade social está sendo incorporada atodos os processos técnicos e gerenciais da empresa.

Nesta revista será possível conhecer um pouco dahistória da Embrapa Soja, as principais tecnologiasdesenvolvidas, o balanço das administraçõesanteriores e ainda ações sociais promovidas pelaEmbrapa Soja para colaborar com o bem-estar dasociedade.

Vania Beatriz Rodrigues CastiglioniChefe Geral da Embrapa Soja

ÍNDICE

Londrina estava predestinada a receber aEmbrapa Soja

Comércio internacional estimulou produçãobrasileira

Ferrugem asiática mobilizapesquisadores

Zoneamento agroclimático reduz riscos àagricultura

Soja: da Ásia para o Brasil

Soja brasileira é sinônimo de qualidade

Cultura é destaque entre alternativasenergéticas

Quem são eles?

Demanda mundial estimula expansãoda soja no Brasil

Parcerias geram novas tecnologias

6 st Prática facilita a compreensão da teoria

Pesquisa viabiliza cultivares em regiões declima subtropical

Tecnologias parapreservação ambiental

Treino & Visita democratizaacesso a tecnologias

Comunicação ganha destaqueno mundo científico

Embrapa & Escola desperta o interesse dascrianças para a Ciência

Pesquisadores trabalham para romperfronteiras

Embrapa lança as primeirascultivares de soja transgênicas

Manejo integrado reduzuso de herbicidas

Brasileiros descobrem o valornutritivo e terapêutico da soja

Receita para bons rendimentos

Tecnologia reduz pela metade asperdas na colheita

Ex-chefes da Embrapa Sojarealizam balanço da administração

Jovens carentes aprendem profissão

Chefe GeralVania Beatriz Rodrigues Castiglioni

Chefe Adjunto de Pesquisa e DesenvolvimentoJoão Flávio Veloso Silva

Chefe Adjunto de AdministraçãoHeveraldo Camargo Mello

Chefe Adjunto de Comunicação e NegóciosNorman Neumaier

Gerente da Área de Comunicação EmpresarialGilceana Soares Moreira Galerani

REVISTA DOS 30 ANOS DA EMBRAPA SOJA' Abril de 2005Jornalista responsável: Lebna Landgraf (MTb 2903)

Textos: Betânia Rodrigues, Carolina Avansini, Lebna LandgrafEditoração: Egg Comunicação Criativa

Fotografia: Danilo Estevão, Fernando Oguido, Marian Trigueiros,Banco de Imagens da Embrapa Soja

Tiragem: 2.000 exemplares

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A posição geográfica de Londrina, aliada àdecadência do café no mercado internacional, foramdecisivas na escolha da cidade como sede do CentroNacional de Pesquisa da Soja (atualmente EmbrapaSoja), em 1975. Situada numa área de transição entreos climas subtropical e tropical, ela surgiu como aopção mais apropriada à consolidação da soja naRegião Sul e à expansão da cultura em áreas de baixalatitude (mais quentes). Inicialmente, a soja eracultivada somente em regiões de temperatura amenaencontradas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina eParaná.

Na primeira metade da década de 70, oDepartamento Nacional de Pesquisa Agropecuária -futura Embrapa - ainda era composto por cincoInstitutos, que subdividiam-se em estaçõesexperimentais. Uma delas funcionava em Londrina,onde os objetivos eram aumentar a fertilidade do soloe fomentar as culturas da soja e do feijão. "Naquelaépoca, cogitou-se a possibilidade de instalar aEmbrapa Soja nas Estações Experimentais de PontaGrossa (PR) ou Passo Fundo (RS), que possuíaminfraestrutura mais desenvolvida", disse o pesquisadorda Embrapa Soja, Milton Kaster, que durante oito anoscoordenou a Estação Experimental de Maringá.

Durante os primeiros meses, a Embrapa Sojausava o mesmo prédio destinado à classificação dealgodão, onde hoje funciona a Claspar. Entre 1976 e1989, a Embrapa Soja usufruía da área pertencente aoInstituto Agronômico do Paraná (IAPAR). "Comoestudávamos apenas a soja, ficamos com a menorparte", lembra o pesquisador aposentado Celso deAlmeida Gaudêncio, que veio do antigo Instituto dePesquisa e Experimentação Agropecuária Meridional(IPEAME).

A conquista da sede própria é, com certeza, umdos fatos marcantes nas três décadas de existência daEmbrapa Soja. A fazenda Santa Terezinha, de cerca de350 hectares, localizada no distrito de Warta, pertenciaa uma família de descendentes de japoneses queplantava café e trigo. De acordo com Kaster, apropriedade tinha poucas benfeitorias e a construçãodos prédios levou cerca de 20 meses. "Essa mudança

trouxe novo ânimo e mais empregados à Embrapa Sojaque durante um bom tempo era citado apenas poragricultores e profissionais da área", acrescentou. Afesta de inauguração seria completa se quatro dospesquisadores não tivessem falecido num trágicoacidente ocorrido em 1984, no Maranhão. O avião queos transportava preparava-se para aterrissar noaeroporto de Imperatriz quando chocou-se com outraaeronave, que voava em direção oposta. O primeirocaiu em terra e pegou fogo. O outro caiu no rioTocantins. "Foi um fato muito chocante para todos nós.Na época, trabalhava como chefe-adjunto e fui oprimeiro a receber a notícia. Mal conseguia falar e atéhoje fico emocionado com essa lembrança", disseKaster.

O acidente marcou o início das atividades noCampo Experimental de Balsas, que é um braço daEmbrapa Soja nas regiões Norte e Nordeste. Entre osenvolvidos no acidente, estava Irineu Bays, o maiorentusiasta do projeto. Ele acreditava no potencial dasoja em baixas latitudes que se tornou realidade cominvestimentos em melhoramento genético,desenvolvimento de novas cultivares, manejo efertilidade do solo.

Na opinião de Kaster, parte da projeção alcançadapela Embrapa Soja deve-se à lacuna deixada pelosInstitutos e Empresas de Pesquisa Estaduais. Segundoele, a diferença de investimento e as necessidades docampo obrigaram a Embrapa a aumentar cada vezmais seu raio de atuação. "Atualmente, ela tem papelfundamental para a vida econômica e social do País",finaliza.

Kaster é um dos pesquisadorespioneiros da Embrapa Soja

Dedicado à pesquisa, Gaudênciohoje está aposentado

Evolução do quadro de pessoalo1975 a 2005

350

300

250

200

150

100

50

o

261221

176

1975 1985 1995

324296

• Pesquisa

• Apoio

Total2005

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Consumo de óleo e farelo obrigou a expansão dasfronteiras e o desenvolvimento tecnológico

A prosperidade da soja brasileira estáintrinsecamente relacionada à demanda internacionalpor seus derivados. A partir da década de 50, oconsumo de óleo e farelo exigiu um progressivoaumento na área plantada. ''Atéessa época, usávamosmuito o óleo de algodão e amendoim, que não tinhama mesma qualidade e mesmo valor nutricional dasoja", conta o pesquisador da Embrapa Soja, LeonesAlves de Almeida. Isso explica o investimento empesquisa e tecnologia que marcaram a segundametade do século XX.O pioneiro nesta área foi oInstituto Agronômico de Campinas (IAC) que, desde1887,quando foi criado, busca a adaptação e aresistência desta planta às nossas condições.

A Embrapa surgiu justamente no período em queos pesquisadores tentavam introduzir a soja noscerrados da região Centro-Oeste. A dificuldadecomeçou pela semente que deveria ser resistente àspragas e plantas daninhas próprias àquela área. Acomposição do solo, o índice pluviométrico e adiferença do fotoperíodo (horas de luz solar) emrelação à região Sul, onde ela era cultivada comfacilidade, absorveram tempo, dinheiro e muito

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empenho. "Hoje em dia, a soja do Cerrado tem porte,crescimento e produtividade inimagináveis a 30 anosatrás. No momento, o desafio é garantir asustentabilidade da produção, preservando o meioambiente para as gerações futuras", disse opesquisador da Embrapa Soja José Francisco Ferraz deToledo.

Em termos de tecnologia e produtividade da soja,o Brasil supera até mesmo os Estados Unidos - quesomente ocupa o primeiro lugar em volume porquededica uma área maior ao seu cultivo. Ano após ano, oBrasil registra recordes na colheita. Dependendo daregião, este incremento pode chegar a 1,5% a cadanova safra. Segundo Almeida e Toledo,qualquerprodutor consegue hoje - obter três toneladas porhectare.

Empresas de pesquisa e universidades criaram400 cultivares de soja no Brasil destinadas ao mercado(ração animal e extração de óleo). Seu valoreconômico a transformou na principal commodity(produto com preço influenciado pelo mercadointernacional) do Brasil. Por isso, a área cultivada vemcrescendo dia-a-dia. Conforme dados da Companhia

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Nacional de Abastecimento (Conab) na safra 97/98, asoja utilizou 13 milhões de hectares do territórionacional. Em 2003/2004, esta fatia aumentou para 21milhões de hectares, ou seja, 61 % de incremento emcinco anos. Em 97/98, o País produziu 31 milhões detoneladas de grão de soja. Na última safra (2003/2004)o Brasil colheu 49 milhões de toneladas.

A previsão da Associação Brasileira de Indústriade Óleos Vegetais (Abiove) é que - este ano - sejaultrapassada a marca de 50 milhões de toneladas desoja que serão consumidos in natura, farelo ou óleo nomundo inteiro. Mas, o que muita gente não sabe é queeste grão amarelo também serve a finalidades não-alimentares. A pesquisadora da Embrapa Soja,Mercedes Carrão Panizzi, passou dois anos e meio nosEstados Unidos prospectando inovações tecnológicasrelacionadas à soja. Segundo ela, os norte-americanosestão substituindo a resina do petróleo pela resina dasoja na fabricação de diversos produtos como - porexemplo - os compósitos (resina à base de soja comfibra) usados para fabricar objetos e aparelhos (partede manufaturados como peças de carro, brinquedos,etc).A indústria de velas também descobriu que o óleo

de soja pode substituir a parafina com vantagem (duramais, suja menos). "Embora exista diferença naprodução da matéria-prima, o preço do produto finalem ambos os casos é compatível. A vantagem é que orecurso é renovável, biodegradável e ainda protege oambiente", explicou Mercedes.

Pode parecer estranho, mas a soja também podeser usada para fabricar giz de cera, lubrificantes,protetores solares, biodiesel e até tinta para impressão.Nos Estados Unidos, 15% da tinta preta e 30% da tintacolorida utilizadas no mercado gráfico vem da soja.Isso equivale a 250 milhões de litros por ano.Comparando as origens - mais uma vez os derivadosda soja oferecem mais benefícios: primeiro, porquenão mancham as mãos de quem manuseia os jornais e,segundo, são mais econômicas. "Para usufruirmosdessa tecnologia, precisamos apenas de empresáriosque aceitem testar o produto. O maquinário é o mesmoe a transferência da técnica é intermediada pelaEmbrapa. A única diferença é a densidade do óleo queprecisa ser maior para a produção de tinta', explicouMercedes, que sonha realizar este projeto antes daaposentadoria.

Mercedes:descoberta denovos usos para asoja possibilitarãoganhos arnbientaise econômicos

Toledo e Leones:desafio éproduzir comsustentabilidade

Tinta para. -irnpressaopode serfeita comsoja

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Manchaolho de rã

causouprejuízo de

US$ 200milhões

Cláudia indica monitoramentopara ferrugem

Detalhe de folha infectada por ferrugem asiática

Ferrugem asiáticamobiliza pesquisadoresAdaptação do fungo ao clima brasileiro e falta degene resistente aumentam o risco da proliferação

Nos últimos quatro anos, uma doença monopolizaos debates de agrônomos e sojicultores brasileiros. Aferrugem asiática é uma inimiga poderosa queencontrou nos trópicos condições ideais para reinar.Estima-se que na safra 2001/2002 ela tenha causadoprejuízo superior a US$ 1 bilhão, principalmente, emGoiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e parte doParaná.

A ferrugem asiática é causada pelo fungoPhakopsora pachyrhizi que provoca o desfolhamentoantecipado da planta. A dificuldade para realizar afotossíntese gera um grão menor e conseqüentemente- queda na produção. O primeiro indício da doença é oaparecimento de pontinhos cinza nas folhas maisbaixas da planta. "Por enquanto, a melhor maneira decontrolá-Ia sem gastar muito é monitorar a lavouraconstantemente", afirma a pesquisadora da EmbrapaSoja, Cláudia Vieira Godoy.

A Embrapa coordena um projeto para aidentificação de genes envolvidos na resistênciagenética, a racionalização do uso de fungicidas, acapacitação de técnicos e produtores na identificação,no manejo e no controle da ferrugem. O projetocontempla o Consórcio Anti-Ferrugem, criadojustamente para estimular a prevenção peladisseminação de informações. É um projeto doMinistério da Agricultura e da iniciativa privada sobcoordenação da Embrapa Soja. A primeira ação doConsórcio reuniu cerca de 60 técnicos de várias partesdo País num encontro para transferência detecnologia. Segundo Amélio Dali' Agnol, pesquisadorda Embrapa Soja e coordenador do Consórcio, aexpectativa é que essas pessoas sirvam comomultiplicadores e ao final do primeiro ano de trabalho- atinjam 100 mil produtores.

É impossível contar a história da soja no Brasilsem dedicar um capítulo aos resultados obtidos peloprograma de melhoramento genético da Embrapa. Opesquisador da Embrapa Soja, José Tadashi Yorinori,acompanhou essa trajetória. Segundo ele, o mundoregistra mais de 120 doenças da soja. No entanto, cerca

Tadashi diz que existem cercade 120 doenças da soja

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de 50 afetam as lavouras brasileiras. Graças àspesquisas de resistência genética, o Brasil conseguiueliminar - por exemplo - a mancha olho de rã, queresultou num prejuízo de US$ 200 milhões entre 1970e 1989. "Levamos 15 anos para desenvolver cultivaresresistentes ao fungo causador da doença que por voltade 1987 sofreu uma mutação (pelo aparecimento denova raça) e provocou grandes estragos empropriedades do Centro-Oeste que não usavamcultivares resistentes à nova raça", lembra opesquisador. Infelizmente, o Brasil corre sério risco devoltar a conviver com a mancha olho de rã, introduzidapela soja transgênica pirateada do Paraguai e daArgentina. Na opinião de Tadashi, o cancro da haste émais devastador que a ferrugem asiática, porque seuúnico método de controle é a genética. Ele caracteriza-se pelo apodrecimento da haste que leva à morte daplanta. A área infectada cresceu muito durante adécada de 90, principalmente, porque a região Sulsubestimou a necessidade de usar sementes resistentesdesenvolvidas graças à existência de fontes deresistência no banco de germoplasma. O risco docancro desapareceu do Brasil há praticamente cincoanos. Apenas algumas áreas isoladas na região Centro-Oeste registram essa doença.

Desde a criação do programa estadual de soja dorapar que, posteriormente, foi unificado com oprograma da Embrapa, havia duas grandespreocupações como problemas potenciais para acultura da soja. Uma era a ferrugem "asiática",detectada em 2001 e a outra, o nematóide de cisto. Esteúltimo tornou-se problemático a partir de 1992, épocaem que afetou diversas lavouras em Goiás, MatoGrosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Alémdesses Estados, hoje ele ainda é encontrado no RioGrande do Sul, Paraná, São Paulo, Bahia e DistritoFederal. "Para mantê-lo sob controle, é importanteusar cultivar adequada, fazer manejo de solo e rotaçãode culturas porque o nematóide consegue sobreviverno solo por até oito anos, sem alimento", alertaTadashi.

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Farias coordena zoneamentoclimático relativo à soja

agroclimático reduzriscos à agriculturao cálculo de probabilidade é feito com dados climáticos diários de sérieshistóricas de mais de 25 anos, em mais de 800 pontos em todo o Brasil.

A imprevisibilidade das variações climáticastransforma as adversidades do clima no principal fatorde risco e de insucesso para a soja. Ao indicar locais eépocas de menor risco, o zoneamento agroclimáticopossibilita significativa redução das perdas naagricultura brasileira. Coordenado pela Embrapa Soja,o zoneamento de risco agroclimático para a cultura dasoja é fruto de parceria envolvendo diversas unidadesda Embrapa, universidades e instituições estaduais eFederais de Pesquisa.

A princípio, o zoneamento agroclimático foidesenvolvido para auxiliar o produtor rural na escolhada melhor época, com menor risco para a semeaduraem função do clima, do solo, da cultura e da cultivar,mas imediatamente passou a ser usado para orientar ocrédito e o seguro agrícola na tomada de decisãoreferente ao calendário de plantio. "Em outraspalavras, passou a auxiliar a decisão do que, quando eonde plantar, com menor risco de perda por

adversidades climáticas", afirma José Renato BouçasFarias, pesquisador da Embrapa Soja.

De acordo com o pesquisador, foram definidas asáreas com maior ou menor probabilidade deocorrência de seca durante a fase mais crítica dacultura da soja, em função das diferentes épocas desemeadura, das disponibilidades hídricas de cadaregião, do consumo de água nos diferentes estádios dedesenvolvimento da cultura, do tipo de solo e do cicloda cultivar. "Como as condições climáticas não podemser totalmente previstas, trabalhamos com um índicede 80% de acertos. Isso significa que; se uma região éindicada para cultivo, em cada 10 anos pode ocorrerseca em no máximo dois", explica o pesquisador.

a cálculo de probabilidade é feito com dadosclimáticos diários de séries históricas de mais de 25anos, em mais de 800 pontos em todo o Brasil, queresultam na indicação para mais de 3 mil municípiosbrasileiros.

A Embrapa Soja completa 30 anos atuando decisivamente no impulso da produção e geração delucros aos produtores rurais brasileiros. A Coamo, que é sua forte parceira e que neste anotambém comemora 30 anos de sua Fazenda Experimental, em Campo Mourão, em nome dos seus19 mil cooperados, usuários das tecnologias da Embrapa Soja, congratula-se com a diretoria,pesquisadores e funcionários desta relevante instituição da pesquisa brasileira.

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Kiihl tem 40 anos dededicação ao estudo da soja

Soja;da Asia para o Brasil

Originária da China, a soja começou a ser plantadano Brasil há mais de 100anos. O primeiro relato decultivo no País data de 1882,quando Gustavo D'utradivulgou em um jornal uma experiência realizada naBahia. Nove anos depois, em 1891,outro relato indicaque houve plantio da oleaginosa no InstitutoAgronômico de Campinas (IAC).Aprimeira tentativade produção comercial, entretanto, foi em 1941,no RioGrande do Sul, quando foram produzidas 457toneladas em 702 hectares. Desde então, a culturaacumula uma história de crescimento em terrasbrasileiras.

As informações são do pesquisador Romeu Afonsode Souza Kiihl, aposentado pela Embrapa Soja e quehoje trabalha com melhoramento genético em umaempresa própria. Segundo ele, foi na safra 1955/56 queo Brasil produziu, pela primeira vez, 100 mil toneladasda oleaginosa. Em 1968/69, atingiu-se o marco de ummilhão de toneladas. Menos de 10 anos depois, em1975/76, produtores brasileiros ultrapassam 10milhões de toneladas. Ovolume produzido dobrou nasafra 1992/93 e, hoje, situa-se na casa dos 50 milhõesde toneladas.

Com 40 anos dedicados ao estudo do grão, Kiihlfaz parte de uma história que culminou com odesenvolvimento de tecnologias que viabilizaram acultura em todo o País. As primeiras pesquisasrealizaram-se em São Paulo, nos anos 20, compioneiros como Henrique Lõbbe, responsável poriniciar o programa brasileiro de melhoramentogenético de soja, através da introdução de umavariedade americana e Neme Abdo Neme.

Na década de 50, a consolidação do "Serviço de

Expansão da Soja",liderado por José Gomes da Silva,incrementou a pesquisa em lavouras paulistas. "Ele(Silva) foi um dos maiores gênios da agricultura noBrasil", opinou. Silva foi substituído por ShiroMiyazaka que depois cedeu lugar a Kiihl, cujo posto foiocupado mais tarde por Manoel Albino CoelhoMiranda. "Antes de ir para a Embrapa Soja, em 1976,trabalhei oito anos no IACe quatro anos no rapar(Instituto Agronômico do Paraná)", contou ele, queconsidera seu orientador nesta época, o norte-americano Edgar Hartwig, o grande incentivador dasoja no Brasil."Considerado o gênio do melhoramentono mundo, foi ele quem começou a trabalhar para aadaptação da soja nas baixas latitudes", disse.

No Paraná, a cultura chegou nos anos 50 comoalternativa ao café, que sofria com as geadas. Quandouma delas dizimou boa parte das lavourasparanaenses em 1975,a soja começou a se consolidarcomo principal atividade agrícola do Estado. No RioGrande do Sul, as pesquisas adquiriram maior fôlegona década de 60.

A Embrapa Soja começa a fazer parte dessahistória em 1976,após sua inauguração. "Foi umainiciativa importante porque reuniu um grupo depesquisadores experientes que estava espalhado peloBrasil", disse. Os números relativos à culturademonstram que a iniciativa trouxe resultados. Nasafra 2003/04, o Brasil cultivou 21,2 milhões dehectares que renderam 49,7 milhões de toneladas. Ocomplexo agroindustrial da soja movimenta US$ 30bilhões por ano. E o País, que em 1941 realizou seuprimeiro plantio comercial, é o hoje o segundo maiorprodutor mundial da oleaginosa.

Variabilidade genética no banco de germoplasma

Evolução das cultivares de sojademonstrada em dia de campo

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O sucesso da pesquisa da soja no Brasil estárelacionado aos bancos de germoplasma (coleção dediferentes tipos de soja) existentes. Segundo opesquisador Álvaro Manuel Rodrigues Almeida, aEmbrapa Soja possui um banco com quatro milacessos originários de outras regiões do globo.

O serviço é fundamental para o programa demelhoramento genético, pois armazena germoplasmacom características diferentes que garantem amplavariabilidade genética ao trabalho dos cientistas.

A soja é originária da China, onde se encontraplantas altas ou baixas; sementes pretas ou amarelas;

folhas largas ou estreitas; e maior ou menorconcentração de óleo e proteína, entre outrosexemplos.

"Quando o pesquisador busca desenvolver umacultivar com alto teor de proteína, por exemplo, eleprocura um acesso com essa característica no banco ea cruza com uma variedade adaptada às condições dolocal onde será plantada", explicou.

A manutenção desse valioso arquivo custa caro.''Assementes ficam armazenadas em locaisclimatizados, com baixa umidade relativa etemperatura mais fria", disse.

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é sinônimo de qualidadeExpansão da cultura pelo País exigiu aprimoramento tecnológico para produção de sementes

A correta avaliação da germinação, do vigor e dasanidade das sementes de soja, por intermédio detestes adaptados às condições brasileiras, tornou oBrasil um dos países que possui o melhor sistema decontrole de qualidade de sementes.

A semente certificada, por exemplo, além depossuir identidade genética, traz atributos comoresistência da soja a pragas, doenças e acamamento,garantindo qualidade à semente. "Asprincipaiscaracterísticas de uma boa semente são: capacidade degerminação, vigor, pureza varietal e sanidade",afirmam os pesquisadores da Embrapa Soja AdemirAssis Henning e José Barros de França Neto. Mas -para alcançar esse produto - é preciso escolher época elocal adequados à semeadura (quanto maior a altitudemelhor), evitar danos mecânicos na colheita, empregartécnicas de secagem e beneficiamento especiais quegarantam a integridade da semente e armazenagemnuma área de temperatura amena e baixa umidade."Esses cuidados valem para qualquer região do Brasil,mas no Centro-Oeste eles são imperativos", afirmam.

Henning e França Neto tornaram-semundialmente conhecidos ao desenvolverem oDiacom (diagnóstico completo para a semente de soja)há 25 anos. Trata-se de uma bateria de testes quedetermina a qualidade da semente com rapidez eprecisão. Mesmo quando um lote é reprovado, otécnico consegue identificar a causa do problema. Essediagnóstico é composto pelos testes de tetrazólio(espécie de sal usado para colorir a semente),germinação padrão, patologia e germinação na areia.Desde 1984,a Embrapa Soja já treinou mais de mil

pessoas no Diacom. Em março de 2002, a unidaderealizou mais uma edição do curso que incluía FábioAugusto Bernardi, de Xanxerê (SC) e Andréia Rosso, deSilvânia (GO) entre os alunos. "Estou aprendendo essastécnicas para multiplicá-Ias na empresa onde trabalho.Sou responsável pelo setor de qualidade interna e,futuramente, pretendo ser promovido", disse o rapazde 20 anos. Andréia descobriu o teste de tetrazóliodurante a faculdade de agronomia. "Quero aprimorarmeus conhecimentos para melhorar o serviçooferecido no meu laboratório", explicou a empresária."No Brasil, o Diacom é rotina e no Paraná vale comoanálise oficial. Sua validade técnica nos levou aoferecer o mesmo curso nos Estados Unidos, Africa doSul, Paraguai, Argentina, Venezuela e Bolívia", concluiFrança Neto.

Atualmente, é possível semear soja em qualquerregião do Brasil. O Paraná, por exemplo, é um modeloem questão de qualidade, devido à organização dosprodutores. De acordo com os pesquisadores, o própriogrão pode ser usado como semente sem o emprego detecnologia, mas esta não é uma prática recomendada,porque a semente é o ponto de partida numa lavoura.Quando a semente é de boa qualidade, o risco deperdas é muito menor. Para ser registrada noMinistério da Agricultura, ela precisa no mínimocomprovar resistência a doenças como o cancro dahaste, mancha olho-de- rã e pústula bacteriana. ''Anecessidade de investimentos em pesquisa etecnologia devem ser constantes para resolver osdesafios que vêm se~do apresentados pela cultura dasoja", disseram os pesquisadores.

França Neto eHenning tornaram-se mundialmenteconhecidos aocriarem o Diacom

Bernardi é um dosparticipantes detreinamentos emtecnologia de sementes

Regiões maisaltas são asmelhores paraprodução desementes

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Cultura é destaqueentre alternativas energéticasProdução de biocombustível a partir do girassolpode gerar emprego e renda no Brasil

De óleo para consumo humano a promissora fonteenergética, o girassol tem se mostrado uma alternativanos sistemas de rotação e sucessão de culturas nasregiões produtoras de grãos. Embora seja muito usadona alimentação humana, é na substituição decombustíveis fósseis que encontra atualmente suagrande oportunidade.

O entusiasmo pelo girassol é justificado pelospesquisadores da Embrapa Soja César de Castro eRegina Villas Bôas de Campos Leite. Segundo Castro, ogirassol é uma planta adaptável a diferentes condiçõesclimáticas. Com exceção dos pólos, ela é cultivadapraticamente no mundo inteiro. Suas sementespossuem alta concentração de óleo cerca de 45%contra 20% da soja - que é extraído em prensassimples num processo a frio. A tolerância à seca tornao girassol uma ótima opção na safrinha. "Ele nãocompetirá com as culturas principais e possibilitaráaumento de ganho para o agricultor na rotação deculturas", explica.

A massa que sobra no esmagamento dos grãos -chamado de torta é a parte destinada à alimentaçãoanimal assim como folhas, hastes e raízes que formam

a silagem para a entressafra. O ' calcanhar de Aquilesdessa oleaginosa são as doenças que na maioria dasvezes são causadas por fungos. De acordo com Regina,a mancha de alternaria (lesão nas folhas) e a podridãode Alternaria sclerotinia (mal que ataca o capítulo daplanta) são as principais. Esta última foi uma dasresponsáveis pela queda drástica na área plantada emGoiás, nesta safra, conforme informou o diretor daCaramuru Alimentos, Davi Depiné. A redução da áreacultivada é explicada principalmente pelo veranico e oatraso no plantio da soja precoce que, por sua vez,derrubou o preço do girassol (U$ 10,00 a saca) nomercado. "Precisamos investir em pesquisas paraminimizar as perdas por doenças no girassol,estimular a produção em sistema de pivô e aumentaros índices de produtividade", disse o executivo que,desde 1998,beneficia-se com a transferência detecnologia oferecida pela Embrapa Soja.

"Temos por objetivo desenvolver materiaisgenéticos com resistência às doenças, com alto teor deóleo e de ciclo precoce a médio", disse Regina ao citaro banco de germoplasma utilizado pela Embrapa e adiferença de preço entre variedades e híbridos. Estes

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últimos custam de seis a oito vezes mais porqueempregam mais tecnologia. Atualmente, os híbridosconhecidos no Brasil foram desenvolvidos naArgentina, que também é o maior produtor mundialde girassol.

A Embrapa Soja tem disponível no mercado avariedade Embrapa-122, que apresenta o ciclo maisprecoce entre os genótipos utilizados no Brasil (100dias entre a semeadura e a colheita). Essa é uma dascaracterísticas mais valorizadas no girassol porquefacilita sua inclusão nos sistemas de produção.

HISTÓRIA - Em 1990, foi implantada a rede deavaliação de genótipos em regiões potenciais, queposteriormente, passaram a ser regiões produtoras,como os Cerrados. Atualmente, a rede de avaliaçãoconta com 53 locais de teste. No início da década de 90,a equipe de girassol coordenada pela pesquisadoraVania Castiglioni, com a consultoria do pesquisadorhúngaro Antal Baila, definiu as principais orientaçõessobre tecnologias de produção (indicação decultivares, níveis de adubação, tecnologia de colheita,entre outras). "Trabalho intenso de transferência detecnologia foi realizado paralelamente nas regiõespotenciais ou produtoras", afirma Vania.

A agrometeorologia apontou inicialmente osCerrados como áreas mais propensas aodesenvolvimento do girassol na safrinha. "No Paraná,ele não aparece muito porque o período mais indicadoao plantio é de agosto a outubro - ou seja - o mesmopara soja e milho que são consideradas lavourasprincipais, mas pode ser cultivado na safrinha nasregiões norte e oeste do Estado".

ORNAMENTAL - Um nicho ainda poucoexplorado, mas de grande potencial é o usoornamental do girassol. Em 2001, a Embrapa Sojaapresentou nove cores diferentes da flor (amarelo decentro escuro, amarelo limão de centro claro, amarelolimão de centro escuro, amarelo mesclado de centroescuro, ferrugem claro, rosa claro, ferrugem escuro,vinho e rosa escuro). "Destaco a dedicação dopesquisador Marcelo Fernandes Oliveira no

Regina e César sãomembros daequipe de girassol

desenvolvimento dessa tecnologia inovadora", dizVania. Em relação ao girassol tradicional, o coloridopossui uma flor menor que dura até 10 dias na água,pode ser cultivado em jardim como arbusto baixo emulticapitulado (várias flores na mesma planta), comfloração durando até 25 dias. Na opinião de João FlávioVeloso Silva, chefe-adjunto de pesquisa e .desenvolvimento da Embrapa Soja, o girassol coloridoé uma boa alternativa para a agricultura familiar,principalmente nos arredores de grandes centrosurbanos.

BIOCOMBUSTÍVEL - A certeza de que asreservas de petróleo estão acabando incentiva omundo a buscar fontes de energia alternativas. Asoleaginosas aparecem como uma boa opção porque -além de serem renováveis não poluem a atmosfera.Para viabilizar sua produção e estimular o consumo, osEstados Unidos sancionaram uma lei, no ano passado,que oferece desconto de 1% nos impostos aosdistribuidores, para cada 1% de biocombustíveladicionado ao seu produto.

No Brasil, o governo disponibilizou a logística dedistribuição da Petrobrás para o Programa Nacional deBiodiesel que está incentivando a plantação deoleaginosas em assentamentos no Nordeste eoferecendo vantagens fiscais aos produtores."Precisamos de uma política mais agressiva, quevalorize os benefícios ambiental e social da proposta, aexemplo de outros países", disse o pesquisador daEmbrapa Soja, Décio Luiz Gazzoni.

A canola, a soja e o girassol são as oleaginosasmais usadas no processo de transesterificação(transformação de óleo em biocombustível) em todomundo. No Brasil, acrescenta-se a esta lista o dendê e amamona, cultivados principalmente no Norte eNordeste. "A idéia é transformar o biocombustível numgerador de emprego e renda destinado especialmenteàs comunidades isoladas do interior do País. Dessaforma, amenizaríamos três problemas: econômico,social e ambiental ao mesmo tempo em queresolveríamos o problema energético", finaliza.

Genéticapode sersoluçãoparadoenças

Girassol colorido énicho de mercado

o trabalho no campo e a Dow Al1roSclences, reunidos ao redor dos mesmos valores.o resultado do nosso compromisso com pecuaristas e agricultores está na felicidade das pessoas, naquiloque alimenta e renova a esperança de um futuro melhor. Dow AgroSciences, desenvolvendo defensivosagrícolas, sementes, biotecnologia e produtos domissanitários que melhoram a qualidade de vida dasfamílias brasileiras.

6.Dow AgroScienceswww.dowagrosciences.com.br

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São 62 mulheres na Embrapa Soja

Quemsão eles?

Apresentação doCoral da Embrapa Soja

Pesquisas em casa de vegetação

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Empregados de campo, laboratoristas, secretárias,bibliotecários, advogados, agrônomos, responsáveispelos veículos, pela folha de pagamento, peloscomputadores. Enfim, são cerca de 230 pessoas deapoio (de várias profissões e de áreas de atuaçãodiferenciadas) que fazem dos profissionais daEmbrapa Soja os grandes responsáveis pelamanutenção e desenvolvimento da empresa.

''Apesar de ficarem nos bastidores, eles têm muitaresponsabilidade pelos resultados obtidos. O valordeles é incomensurável no desenvolvimento dastecnologias", avalia o chefe de administraçãoHeveraldo Camargo Mello.

Segundo ele, esses empregados ajudam aviabilizar os projetos de pesquisa dos 70 pesquisadoresda Embrapa Soja e também as ações institucionais daempresa. "Por intermédio da execução das atividadesdos projetos e também da participação nas definiçõesa serem seguidas pela empresa, eles oferecem todo osuporte necessário à obtenção de resultados positivos",afirma Mello.

De acordo com ele, as pessoas responsáveis pelarealização de todas as ações da Unidade (pesquisa,transferência de tecnologia, gestão, manutenção, entre

No campo experimental,empregados instalam os experimentos

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Mello reconhece valor individual dos empregados

Empregados que ficam nos bastidoressão co-responsáveis por resultadosobtidos pela Embrapa Soja

outras) são de fundamental importância para que aEmbrapa Soja cumpra sua missão, objetivos e metas,atingindo assim o reconhecimento desejado. "Tendoplena consciência do valor individual das pessoas paraa empresa, temos buscado investir em treinamento eatualização constantes, além de estimular ações quepromovam a qualidade de vida dos empregados", diz.

CORAL - Provando que seriedade combina comalegria, cerca de 20 empregados e estagiários daEmbrapa Soja afinam as vozes no coral. Criado com ointuito de animar apenas uma confraternizaçãointerna, o grupo está prestes a completar 11 anos deexistência. Duas vezes por semana, eles diminuem ohorário do almoço para ensaiar sob a batuta domaestro José Mario Thomal.

Além das apresentações oficiais, os coralistas daEmbrapa também viajam pelo Brasil mostrando seusdotes em MPB, música sacra, folclórica e atéinternacional. Para manter essa estrutura, a Embrapa ea Associação dos Empregados tem apoiado as ações dogrupo. As viagens são pagas com promoções realizadaspelos participantes que, inadvertidamente, conquistouo terceiro lugar num festival. O objetivo não é competire sim promover a integração e aliviar o estresse do dia-a-dia.

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Demanda mundialestimula expansão da soja no BrasilZoneamento ecológico e código de conduta ambiental são necessáriospara evitar a ocupação desordenada de novas áreas

Nos últimos cinco anos, a demanda mundial porsoja acumulou um aumento anual de 10 milhões detoneladas. O impacto da necessidade crescente peloproduto é imediato no setor produtivo.

Estimulados pela pressão de um mercado quemovimenta US$ 215 bilhões por ano, produtoresbuscam expandir sua produção com a conquista denovas áreas. No Brasil, o fenômeno é observado nachegada da soja ao Cerrado e, mais recentemente, naregião amazônica. A pressa na busca pelo crescimentoda produção, entretanto, traz conseqüências

preocupantes. A expansãodesordenada, segundo opesquisador Paulo RobertoGalerani, da Embrapa Soja,coloca em risco o modelo deprodução sustentáveldefendido pela instituição.

Originária da China, deregião de clima temperado, asoja só foi viabilizada emregiões tropicais por causa doavanço tecnológico. Além da

Homma defende adaptação de variedades, oreforma agrária efetiva surgimento de técnicas para

manejo de solo e controle de pragas e doenças apoiouo plantio da oleaginosa em locais cujas condiçõeseram naturalmente desfavoráveis ao seudesenvolvimento. "No Cerrado, por exemplo, os solossão pobres e precisam ser corrigidos", disse Galerani.A cultura da soja, nessa região, demanda tecnologiaque permita boas produtividades aliadas àsustentabilidade dos recursos naturais. "Produzirgrãos e manter a biodiversidade é o grande desafio",considerou.

Apesar da existência de tecnologias sustentáveiscomo o plantio direto, a rotação de culturas e aracionalização do uso de agroquímicos, o modeloadotado por muitos agricultores do Cerrado e,principalmente, em áreas desmatadas da regiãoamazônica, é bem diferente do recomendado pelapesquisa. O uso do arado e da gradagem é comum,assim como o abuso na aplicação de fertilizantes edefensivos.

A soja e outros grãos são personagens menoresque começam a participar da história quando asituação já é insustentável. "Por isso, a Embrapa sóapóia o plantio da soja em regiões já degradas pelaexploração da madeira e das pastagens. Não vamosapoiar a derrubada da mata", afirmou.

Expansão exige zoneamento ecológicoDe acordo com o pesquisador Paulo Roberto

Galerani, a solução para frear a expansão agrícoladesordenada está no estabelecimento de umzoneamento ecológico que defina as áreas do territóriobrasileiro que podem ser agricultáveis. "Outranecessidade é um código de conduta arnbiental",afirmou. Ele também defende que o Governo Federaldefina, tecnicamente, a questão da posse de terra emregiões de conflito, como é o caso da Amazônia.

Esse assunto virou manchete dos principaisjornais brasileiros recentemente, com o assassinato dafreira americana Dorthy Stang, no último dia 12 defevereiro, em Anapu (PA).

O pesquisador Alfredo Homma, da EmbrapaAmazônia Oriental, lembrou que a região foi palco deoutros crimes motivados pela disputa de terras. Paraele, os assassinatos de Chico Mendes (22/12/1988), emXapuri (AC), de João Canuto (18/12/1985) e de seus

filhos Paulo e José Canuto (04/1989) e de ExpeditoRibeiro de Souza (02/02/1991), estes em Rio Maria(PA), e o massacre dos 19 sem-terra, em Eldorado dosCarajás (PA), (04/1996) representam o "descaso dafalta de uma efetiva reforma agrária que deveria tersido efetuada há 40 anos, evitando-se essa ocupaçãodesordenada na Amazônia".

As ocorrências mostram também a ausência doEstado nas áreas de fronteira e "a incapacidade dasociedade brasileira em resolver os problemasambientais e de justiça na Amazônia, necessitandoapelar para as pressões internacionais". Ele comentouque na Amazônia, sobretudo nas últimas quatrodécadas, "o carro sempre esteve na frente dos bois"."Foi assim com a colonização da Transamazônica, naimplantação dos grandes projetos minerais, nosincentivos fiscais para pecuária, nas grandes obras e,no presente, com o desmatamento crônico", apontou.

Um dosdesafios émanter abiodiversidade

Galerani:"Não vamos apoiara derrubada de matas"

Mapa mostrapresença da soja

no Brasil

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Para Neumaier e Cattelan, parceriaspermitem estender pesquisa a outras regiões

Cooperação entre Embrapa Soja e fundações de apoio à pesquisagarante recursos para o desenvolvimento de novas cultivares

Parceriasgeram novas tecnologias

As sementes de soja desenvolvidas pela Embrapaocupam, hoje, 50% do mercado brasileiro. Adaptadas adiferentes regiões e resistentes a doenças importantespara a cultura, regulam a comercialização de sementese forçam a elevação da qualidade das cultivareslançadas no mercado. Na opinião do pesquisadorAlexandre José Cattelan, assessor da chefia daEmbrapa Soja, a conquista de significativa parcela domercado de sementes é resultado das eficientesparcerias firmadas entre a Embrapa e váriasinstituições brasileiras para viabilizar a geração denovas cultivares.

As parcerias começaram a ganhar forma nadécada de 90, quando mudanças políticas na conduçãode pesquisas realizadas no Brasil acabaramreestruturando ou desativando instituições públicasque antes colaboravam com a Embrapa. "Além disso,foi criada a Lei de Proteção de Cultivares, que trouxe apossibilidade de recolhimento de royalties sobre novosmateriais", explicou.

Diante das mudanças, a Embrapa Soja orientougrupos de produtores de sementes a se organizaremem fundações ou instituições sem fins lucrativos para,em parceria, apoiar o desenvolvimento de novascultivares de soja. Segundo o chefe adjunto decomunicação e negócios, Norman Neumaier, noâmbito da parceria é a Embrapa que realiza a base dapesquisa, incluindo os cruzamentos e odesenvolvimento de germoplasma que viabilizam omelhoramento genético. Os testes dos materiais

genéticos nas diferentesregiões brasileiras são feitospelas fundações, semprecom acompanhamento depesquisadores da Embrapa."As instituições parceirasnos apoiam viabilizando ostestes de campo em todo oterritório nacional",considerou.

Cattelan acrescentou quea contrapartida pelo aporte

Fundaçõesfazem testesem todo País

Fróes: responsabilidadena multiplicação e

comercialização de sementes

de recursos vem em forma de exclusividade nacomercialização das sementes, num período de cinco adez anos. Pelo direito, pagam à Embrapa royalties de3% sobre a venda das sementes. Oito fundaçõesparticipam do programa de melhoramento daEmbrapa: Fundação Meridional (Paraná): FundaçãoPró-Sementes (Rio Grande do Sul); FundaçãoTriângulo (Minas Gerais); Fundação Centro Oeste(Mato Grosso); Fundação Bahia (Bahia); Fundação deApoio à Pesquisa do Corredor de Exportação NorteFAPCEN (Maranhão); Fundação Vegetal (Mato Grossodo Sul); e Centro Tecnológico de PesquisaAgropecuária (Goiás).

A Fundação Meridional é parceira da Embrapa hácinco anos. Segundo seu presidente, GeraldoRodrigues Fróes, a instituição nasceu aberta àparticipação de quem tem interesse no negócio desementes e se fortaleceu mantendo a mesma postura,reunindo pequenos, médios e grandes produtores. "Eestamos cientes da nossa responsabilidade namultiplicação e comercialização de sementes, principalinsumo de uma agricultura sustentável", comentou.

Para ele, em apenas cinco anos de parceria, foramsignificativos os avanços nas relações entre iniciativaprivada e pesquisa pública. "De um lado temos 30 anosde bagagem e conhecimento da mais importanteinstituição de pesquisa do País e do outro lado, aexperiência e o pragmatismo dos produtores desementes, que agilizaram a transferência de tecnologiaaos agricultores e contribuíram para a geração denovas cultivares", avaliou.

Nos mesmos moldes, a Fundação Triângulo,presidida por Ma Thien Min, mantém desde a décadade 90 um convênio com a Embrapa para produção denovas cultivares. "Atuamos principalmente noTriângulo Mineiro, mas nossos resultados servem paratodo o Brasil Central", informou. Ele ressaltou que aparceria trouxe avanços importantes para a sojiculturana região. "Foram obtidas cultivares altamenteprodutivas e resistentes a doenças como o nematóidede cisto. A soja só é viável graças à pesquisa",considerou. Para Min, a grande vantagem da

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cooperação é a otimização de recursos. "Se osprodutores fossem criar um sistema próprio depesquisa, haveria desperdício, pois o País já temgrupos de pesquisadores altamente capacitados",avaliou.

Apesar de não ser uma fundação, a fábrica deperfilados de alumínio, antenas e equipamentosagrícolas Rota, de Cambé (PR), possui parceriasemelhante com a Embrapa Soja. O diretor-presidente

da empresa, Rogério Moreira, explicou que, emconjunto com a unidade, está terminando os testespara lançar no mercado uma colheitadeira de soja efeijão para atender pequenos e médios produtores."Cedemos recursos humanos e equipamentos paraviabilizar o desenvolvimento da máquina. Sentimos-nos privilegiados por termos a Embrapa comoparceira, pelo ineditismo de idéias que se transformamem produtos:'

União de esforços parafomentar a pesquisaParcerias com instituições internacionais garantem recursos para projetos de alta tecnologia

Garantir oferta de soja com boa qualidade é umapreocupação que atinge todos os países produtores econsumidores do produto. Para otimizarconhecimentos e viabilizar tecnologias de interessemútuo, a Embrapa Soja mantém parcerias decooperação com algumas instituições internacionaisde pesquisa. As ações são coordenadas pela Secretariade Cooperação Internacional (Ser), localizada na sededa Embrapa em Brasília (DF).

O órgão concentra as informações sobre acordosde cooperação internacional de todas as unidades daempresa de pesquisa. O objetivo, segundo NormanNeumaier, chefe adjunto de comunicação e negócios daEmbrapa Soja, é organizar os projetos para otimizarrecursos e evitar a duplicação de esforços e repetiçãode contratos. Também cabe à SCIprospectar edirecionar ofertas de cooperação aos centros commaior possibilidade de colaborar com o país emquestão.

O acordo de maior visibilidade foi feito com oIapan International Research Center for AgriculturalSciences (JIRCAS).Desde 1997,quando a parceria foiformalizada, o [ircas mantém o escritório responsávelpela coordenação da cooperação na América Latinaem Londrina, nas instalações da Embrapa Soja.A trocade pesquisadores visitantes entre os dois países éintensa. O Brasil tem enviado pesquisadores por curtosperíodos de tempo, entre um e três meses, enquantopesquisadores japoneses permanecem na EmbrapaSoja por períodos de tempo variados, desde brevesvisitas até três anos de permanência.

Até agora, nove pesquisadores brasileirosparticiparam de pesquisas no Japão em diversas áreas.Cinco pesquisadores japoneses estiveram ou estão noBrasil participando de vários projetos de pesquisa.Além de contribuir com pesquisadores visitantes, o[ircas têm aportado recursos para o custeio dasatividades de pesquisa. Até agora, a cooperação entreos dois países gerou financiamentos no valor deaproximadamente R$ 1,6 milhão.

Preocupado com a manutenção de um sistema

sustentável de produção de soja, o Japão deve assinarnovo acordo de cooperação com o Brasil, desta vez, porintermédio do JICA(Agência de CooperaçãoInternacional do Japão). A proposta, que envolveaporte de US$ 2 milhões em três anos, foi feita emconjunto com os outros países que compõem oMercosul.

China, Argentina e Estados Unidos são outrospaíses que possuem acordos de cooperação com oBrasil. No Paraguai e em outros países da América doSul, a Embrapa proporciona transferência detecnologia aos produtores locais, por intermédio deparceiros que realizam a venda de sementes.Cultivares brasileiras também são enviadas parapaíses africanos com o objetivo de viabilizar aprodução nessas áreas.

A Embrapa possui um laboratório virtual nosEstados Unidos. O chamado Labex funciona nodepartamento americano de agricultura (USDA)e,segundo o pesquisador Antônio Ricardo Panizzi, tem oobjetivo de eleger áreas estratégicas para prospecçãode tecnologia nos EUA.Na prática, representantes daempresa de pesquisa buscam novidades nasuniversidades e instituições de pesquisa americanas.

Os pesquisadores e Panizzi passaram mais de doisanos no Labex prospectando tecnologias em ManejoIntegrado de Pragas e em Utilização da Soja."Foi umaporta que se abriu para a interação de cientistas daEmbrapa e do USDA,que privilegia aspectos práticosde aplicação de tecnologias", consideraram.

No Brasil, além das parcerias com as fundações deprodutores de sementes, a Embrapa Soja mantémacordos de cooperação com universidades brasileiraspara o desenvolvimento de projetos de pesquisa emcomum. Parcerias importantes também acontecemcom outras unidades da Embrapa. "É uma forma deotimizar recursos humanos e financeiros", disseNeumaier. Na área de transferência de tecnologias,empresas de extensão rural, cooperativas e fundaçõessão parceiras para viabilizar a chegada da tecnologiaaos agricultores.

Moreira orgulha-se por tera Embrapa como parceira

Troca de pesquisadorescom o Japão é constante

Acordo de maiorvisibilidadeé com o Japão

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Veloso: contato do cientistacom estagiário exige atualização

a compreensão da teoriaContato com a rotina profissionalsoluciona dúvidas e direcionaprojetos dos estudantes

o Programa de Complementação Educacionalmantido pela Embrapa é certamente uma dasferramentas mais eficientes de aproximação com acomunidade.

Graças ao estágio, jovens e adultos têm aoportunidade de aprofundar conhecimentos eencaminhar seu futuro profissional. "Para nós, essecontato também é válido porque exige atualizaçãoconstante", disse João Flávio Veloso Silva,chefe-adjunto de pesquisa e desenvolvimento da EmbrapaSoja.

A empresa considera estagiários alunos do ensinomédio ao pós-doutoramento. Atualmente, 148estudantes de 26 instituições de ensino parceiras daEmbrapa Soja participam de estágio na empresa:graduandos (110), estudantes do ensino médio (15),mestrandos (14), doutorandos (7) e pós-doutorandos(2).

De acordo com Emídio Casagrande, coordenadorde estágios, o estudante tem quase todos os direitos deum empregado como, por exemplo, acesso aotransporte e à associação de empregados, viagens emveículos da empresa, crédito no restaurante,participação nos eventos e seguro de vida.

Hellen Cristina Romagnolo Pereira, 20 anos, alunado terceiro ano de Ciências Biológicas, da UniversidadeFiladélfia, é estagiária do laboratório de Entomologia

há mais de um ano. "Trabalho no controle biológico dasoja - que inclui a criação de percevejos e vespinhas - etabulação de dados. Gosto muito do que faço e,futuramente, pretendo fazer um mestrado nessa área',disse a universitária. Com a bolsa de R$ 400,00, Hellenpaga a faculdade e ajuda o marido nas despesas dacasa. O horário de almoço é dividido com os livros quese tornam mais compreensíveis com a prática do dia-a-dia.

Na opinião do chefe de pesquisa da Embrapa Soja,o estágio agiliza a formação educacional dosestudantes que levariam mais tempo para chegar àsmesmas conclusões apenas com a teoria. O agrônomoPaulo César Reco, 38 anos, divide a mesma opinião,embora tenha feito o caminho contrário. Desde os 20anos, ele trabalha na Agência Paulista de Tecnologiados Agronegócios/IAC, em Assis. Concluiu a graduaçãoem 1994 e há dois anos iniciou o mestrado emgenética e melhoramento. "Genética de resistência dasoja aos nematóides de galha e do cisto" foi o tema desua tese orientada por pesquisadores da Embrapa Soja.Reco teve todo o apoio na empresa, tanto que utilizou aestrutura de campo experimental, laboratórios ebiblioteca. "Estou satisfeito com o resultado dessetrabalho que - em breve será transformado numartigo para uma revista especializada", afirma oagrônomo.

Reco: mestradocom apoio

da Embrapa

Estágio nãopode durarmenos quetrês meses

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Bassoi, Brunetta e Dotto,da equipe de trigo

p • •

cultivares em regiões de clima subtropicalCom apoio da Embrapa Trigo, de Passo Fundo, cientistas se instalaram emLondrina para desenvolver variedades para o Paraná

Desenvolver cultivares de trigo com qualidadeindustrial para os diferentes usos e adaptadas ao climasubtropical do Norte e Oeste do Paraná. Foi com esseobjetivo que os pesquisadores Dionísio Brunetta,Sérgio Roberto Dotto e Manoel Carlos Bassoichegaram a Londrina no início da década de 90. Emparceria com a Embrapa Trigo, sediada em PassoFundo (RS), eles se uniram para vencer o desafio dedesenvolver cultivares de trigo da Embrapa adaptadasao clima subtropical, que caracteriza essas regiões. Otrabalho frutificou e, hoje, as oito cultivares lançadaspela Embrapa Soja configuram-se como boas opçõesaos triticultores paranaenses.

Antes de vir para o Norte do Paraná, Bassoidesenvolvia cultivares de trigo para o Paraná comapoio da Organização das Cooperativas do Estado doParaná (OCEPAR).Abase da pesquisa estava emmateriais mexicanos que, apesar de apresentarem bompotencial produtivo, eram menos resistentes adoenças, entre elas as manchas foliares. "Na EmbrapaSoja, nossa grande conquista foi desenvolver cultivaresadaptadas ao clima subtropical, a partir de materiaistradicionais brasileiros, desenvolvidos em PassoFundo", comentou.

O material melhorado no Paraná superou oproblema dofotoperíodo. Nas regiões de climatemperado, onde os dias são mais longos, as cultivaresprecisam de maior tempo de exposição à luz. "Como osdias no Norte e Oeste do Estado são mais curtos,precisamos adaptar as cultivares a essas condições",revelou Bassoi. A superação dessa barreira acaboubeneficiando produtores de outras partes do País. "Ascultivares desenvolvidas em Londrina têm amplacapacidade de adaptação e, com apoio da FundaçãoMeridional, estão sendo levadas para os Estados deSão Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina eregiões de Cerrado", afirmou Dotto..

Em quase 15 anos de trabalho, uma importantevitória dos pesquisadores é a cultivar chamada de BRS208. Segundo Brunetta, é uma variedade com amplacapacidade de adaptação, podendo ser plantada nasmais diferentes condições de solo e clima do Brasil. É

também resistente às doenças comuns da cultura eresulta em trigo de boa qualidade de panificação. "ABRS208 foi lançada em 2001 e, hoje, ocupa 14% daárea plantada no Paraná, que é o maior produtorbrasileiro e totalizou 1,3 milhão de hectares na últimasafra (2004)", acrescenta.

Apesar dessas conquistas, o processo dedesenvolvimento do trigo no Brasil impõe, ainda,desafios à pesquisa. Um deles é aumentar o potencialde rendimento da cultura, por intermédio de plantasde menor porte, resistentes a temperaturas elevadas emais precoces. "Queremos que o trigo agüente o calor eproduza em 120 dias", afirmou Dotto.

Cultivares estáveis em termos de qualidade,específicas para os diferentes usos industriais(melhorador, pão e brando), também são procuradas.Segundo Bassoi, a manutenção das características éimportante para a comercialização do produto. "Se acultivar produz trigo de diferente qualidade doesperado, fica difícil para as cooperativas cumpriremseus contratos", comentou.

Uma política de comercialização eficiente tambémé fundamental para garantir o escoamento daprodução e aproximar o País - que hoje importa maisda metade do trigo que consome das condições deauto-suficiência.

Com relação a problemas técnicos, a pesquisa estáconcentrando esforços na busca de cultivaresresistentes às doenças brusone e giberela, cujo controlecom fungicidas é ainda ineficiente. "Outrasenfermidades foram em parte contornadas, exigindopoucas aplicações de fungicidas", lembrou Bassoi.Aresistência à germinação pré-colheita, que acontecequando chove no final do ciclo da cultura e interfere naqualidade do produto final, também desafia ospesquisadores. Parte desses problemas deve servencido com o avanço do melhoramento e aviabilização de trabalhos de prospecção gênica. Com adescoberta de características úteis ao cultivo do trigono genoma da espécie, os pesquisadores estão certosque o trabalho de melhoramento se tornará maisrápido.

Cultivardesenvolvidana Embrapa Sojaé plantada em14% da áreado Estado

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Sosa Gómes diz que MIPreduziu uso de agrotóxicos

Manejo integrado de pragas,plantio direto, rotação de culturas einoculação. Em comum, essas tecnologiaspossuem'a característica de diminuir oimpacto negativo da sojicultura ao meioambiente.

Desenvolvidas ou aprimoradas porpesquisadores da Embrapa Soja, elas foramintroduzidas no Brasil por alguns visionáriosque, há 30 anos, já previam que a agriculturaprecisaria se tornar sustentável para continuarviável. Hoje, os termos acima citados fazem

parte do vocabulário do produtor rural.O apelo para a utilização dessas práticas é a

preservação ambiental, mas, aqueles que asaplicam de acordo com as recomendações dapesquisa, sentem também um impactoeconômico positivo.

Ao viabilizar a produção da oleaginosa commenor uso de fertilizantes, herbicidas efungicidas, a Embrapa Soja colaborou com aredução do custo de produção da cultura,tornando o negócio ainda mais interessanteaos agricultores.

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I f\1onltores e Controladores dePulverização

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M • •e]de pragas diminui resíduos de inseticidas

Lagartas e percevejos, grandes vilões da soja, nemsempre precisam ser totalmente eliminados daslavouras para garantir boa produtividade ao final dasafra. As técnicas do manejo integrado de pragas(MIP), desenvolvidas pela Embrapa Soja com oobjetivo de racionalizar o uso de inseticidas, ensinam amonitorar a quantidade de insetos numa determinadaárea e indicam a melhor época para fazer uso dosprodutos. Graças ao MIP, o índice de aplicação deagrotóxicos caiu de quatro a cinco aplicações por safra,nos anos 70, para a média atual de uma a duasaplicações.

Os resultados também são sentidos na mesa dosconsumidores que, hoje, alimentam-se de derivados dasoja com menos resíduos de agrotóxicos em suacomposição. Outros beneficiados são os peixes dafauna brasileira. A redução na aplicação de inseticidasdiminui a contaminação dos recursos hídricos do Paíse, conseqüentemente, a mortandade causada pelaaplicação indiscriminada dos produtos químicos.

Uma das técnicas mais difundidas pelo MIP é opano de batida. O pesquisador Daniel Sosa Gómezexplicou que a prática consiste em monitorar aquantidade de lagartas e percevejos através do uso deum pano branco de um metro de comprimento, presoem duas varas e colocado entre duas fileiras de soja. Asplantas da área compreendida pelo pano devem servigorosamente sacudidas para causar a queda daspragas, que logo após o processo são contadas. O

PIa

procedimento é repetido em vários pontos da lavoura.A presença de 40 lagartas grandes por pano de batidaindica que a aplicação de inseticida é necessária. Damesma maneira, na época de ocorrência de percevejos,a aplicação do inseticida é necessária quando sãoencontrados quatro percevejos por pano de batida.

Segundo Gómez, a soja tem capacidade desuportar a desfolha ocasionada pela alimentação dosinsetos até o consumo de 30% da área foliar. "Aobservação da planta é outra maneira de monitorar anecessidade de inseticidas", ensinou.

A utilização de inseticidas apenas em caso denecessidade tem também a função de evitar oaparecimento de pragas resistentes aos produtosrecomendados. "A aplicação contínua acabaselecionando percevejos resistentes, por isso, éindicado alternar produtos com modos de açãodiferentes", comentou o pesquisador.

SAL - De acordo com o pesquisador Ivan CarlosCorso, o agricultor que mistura meio quilo de sal decozinha a cada cem litros de água utilizada para acalda de inseticida pode usar apenas metade daquantidade de produtorecomendada pelos fabricantes."O sal ajuda na atração dospercevejos, que se movimentammais intensamente na planta eintoxicam-se com maiorfacilidade", afirmou.

Corso desenvolveu tecnologiaà base de sal de cozinha

conserva recursos do soloA qualidade da água que sai das torneiras está

diretamente relacionada a uma prática agrícolaindicada pela Embrapa Soja: o plantio direto. A técnicaconsiste em semear sobre a palha sem qualquerpreparo do solo. O terreno deve ficarpermanentemente coberto com palha proveniente dacultura anterior, pela adoção de rotação de culturas deforma planejada e pelas culturas de cobertura queprotegem o solo. Por essas características, o plantiodireto também evita a erosão. Graças à tecnologia,fertilizantes e herbicidas que antes eram levados aosrios pela chuva, hoje permanecem nas lavouras paracumprir a função de melhorar a produção agrícola. Oobjetivo é aumentar a concentração de matériaorgânica, diminuir as perdas de fertilizantes e aindamelhorar a capacidade de retenção de água.

De acordo com o pesquisador Eleno Torres, aeficiência do sistema convencional de cultivo queutiliza o arado e a grade para revolver a terra começou

a ser questionada no final da década de 70. "Na época,apesar do surgimento de novas tecnologias, aprodutividade da soja caía. Supôs-se que o problematinha relação com o manejo do solo", afirmou. Depoisde muitas experiências com a soja, a Embrapaobservou que o plantio direto é a tecnologia maisadequada para evitar a degradação do solo e melhorara produtividade.

Com o tempo, os resultados começaram a aparecer.Nas áreas onde a tecnologia era aplicada corretamente,a produtividade da soja teve acréscimo de até 20%com relação ao sistema convencional. O lucro tambémaumentou no bolso do produtor, que deixou de perderfertilizantes e sementes por erosão. "Em comparaçãoao sistema convencional, lavouras semeadas porplantio direto acumulam o dobro do teor de fósforo,que fica mais disponível para as plantas", disse. Nosanos secos, os benefícios ficam mais evidentes: emfunção da melhor retenção da água, que fica disponível

Para Torres e Franchini, plantiodireto é revolucionário

Rotação deculturas éfundamental

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Beatriz e Moscarditrabalham com

controle biológico

Vespinhas são.indicadas para

icrobacias

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para a soja por até cinco dias a mais, comparado aoplantio convencional. "É um prazo que pode fazermuita diferença no final da safra", afirmou.

A adoção do plantio direto trouxe muitasvantagens aos produtores, mas impôs algunsproblemas, como o aparecimento de doenças e acompactação do solo. "Em ambos os casos, adificuldade é contornada com a utilização da rotaçãode culturas", esclareceu Torres. Segundo ele, as duastecnologias são complementares e fundamentais paragarantir sustentabilidade à produção da soja.

A rotação consiste em plantar lavouras diferentesnas safras de inverno e verão. O pesquisador JulioCezar Franchini esclareceu que a técnica demandaplanejamento, já que exige a alternância de váriasculturas em uma mesma área em diferentes safras deinverno e verão. O modelo mais simples de ser seguidocomeça com o plantio de uma leguminosa (tremoçoou ervilhaça, por exemplo) no inverno. Em seguida,semeia-se milho no verão, aveia no inverno e soja nopróximo verão.

Após esse ciclo, a alternância entre soja e trigo, quesão culturas comerciais, pode ser mantida por um oudois anos. "Para realizar a rotação sem comprometer arenda, o produtor precisa se programar. Apesar de nãoplantar culturas comerciais em algumas safras deinverno, é um investimento na fertilidade do solo, poisas leguminosas fixam nitrogênio para o milho ereduzem o aparecimento de doenças no trigo",informou Franchini, que não é recomendável a simplessucessão de culturas como a soja e o trigo comumenteutilizados no Sul do País ano após ano. "Após trêsanos, as doenças podem inviabilizar a produção".

O Paraná é o Estado que mais utiliza o plantiodireto associado à rotação de culturas. No Centro-Oeste do País, que concentra a maior produçãobrasileira de soja, a técnica é utilizada apenas no verão."Por falta de maquinário, os produtores semeiam o

. "00

milheto a lanço e depois incorporam com uma gradeleve, o que acelera a decomposição dos resíduosvegetais. Eles ainda não se conscientizaram sobre aimportância da matéria orgânica para asustentabilidade da produção", esclareceu Franchini. Orevolvimento do solo no inverno resulta na diminuiçãode resíduos no verão, fato que se agrava pelascaracterísticas de menor fertilidade dos solos dessaparte do Brasil.

A região de Campo Mourão foi uma das pioneirasna adesão ao plantio direto no Paraná e,conseqüentemente, no País. O engenheiro agrônomo eprodutor rural Ricardo Accioly Calderari, diretor-secretário da Coamo Agroindustrial Cooperativa e fielao sistema desde 1974, considera que o sistema foiuma das maiores revoluções tecnológicas jáintroduzidas na agricultura. "É o que a ciênciaagronômica ofereceu de mais importante até hoje, doponto de vista físico, químico e biológico", acredita ele.

Calderari conta que, na região abrangida pelaCoamo, os agricultores mais novos sequer imaginamcomo eram os solos e a agricultura na década de 70."Na época, eles precisavam de chuva, mas quandochovia - e às vezes nem era chuva muito forte - asterras eram literalmente 'lavadas' e tudo se perdia,incluindo a lavoura e o solo", contou.

Para ele, a agricultura só continuou uma práticaviável por causa do plantio direto. "O sistema provocouuma grande revolução e, aliado a novas variedades,adubação verde, rotação de culturas e toda umatecnologia à nossa disposição, permite aumentar aindamais o rendimento, ao mesmo tempo em quepreservamos o ambiente produtivo rural", afirmou.

reduz pragas com elementos da própria naturezaQuando as lagartas da soja infestam a lavoura do

produtor Lauro Tetsuo Okarnura, presidente daAssociação de Produtores Orgânicos da Região deLondrina (Apol), ele utiliza uma tecnologia que faz usode elementos da própria natureza para combater apraga. Trata-se do inseticida biológico "baculovirus",desenvolvido pela Embrapa Soja. O produto, que naúltima safra (2003/2004) foi utilizado em dois milhõesde hectares no Brasil, traz em sua composição oBacu/ovirus anticarsia, inimigo natural das lagartas.

Graças ao chamado controle biológico, noveassociados da entidade presidida por Okamuraconseguem produzir soja sem utilização deagroquímicos. Nos 120 hectares cultivados, obacu/ovirus é fundamental para viabilizar o sistemaorgânico, cuja premissa é plantar e colher alimentossem agredir a natureza. Apesar de imprescindível paraessa classe de produtores, o uso do inseticida natural

não se limita apenas a eles. Segundo o pesquisadorFlávio Moscardi, que desenvolveu a tecnologia naEmbrapa Soja, o produto é utilizado com eficiência emlavouras tradicionais de todo o Brasil. Desde o iníciodo programa, há 25 anos, o baculovirus substituiu 25milhões de litros de agrotóxicos, proporcionandoeconomia de pelo menos R$ 250 milhões.

As qualidades do inseticida se evidenciam no seusucesso comercial. Através de uma parceria daEmbrapa com cinco empresas, o baculovirus passou aser produzido comercialmente no final dos anos 80,ganhando a preferência de agricultores preocupadoscom o bolso e com a natureza. O produto tambémmostrou ser um bom negócio para seus fabricantes,que só não produzem mais por falta de estrutura. "Aoferta é 30% menor que a demanda", comentou.

Um grande avanço da pesquisa da Embrapa é atecnologia que permite produzir lagartas

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contaminadas em laboratório. Até pouco tempo, aprodução de insetos portadores do vírus era feitaartesanalmente nas lavouras, o que não garantiapadrão de qualidade homogêneo ao inseticida. Hoje,após investir na estruturação de uma biofábrica, aempresa paranaense Coodetec tem capacidadeinstalada para inocular 600 mil lagartas diariamente,que podem render produto formulado suficiente paracobrir 1,4 milhão de hectares de soja por safra. "Ocusto de produção é competitivo. A tecnologia deve serabsorvida brevemente por outras empresas. Hápotencial para uso do bacu/ovirus em cinco milhões dehectares", acredita.

VESPINHA - A Embrapa tem tecnologiasemelhante ao baculovirus para o controle dopercevejo da soja. Encontrado pela primeira vez em1979pela pesquisadora Beatriz Corrêa Ferreira, oparasitóide Trissolcus basa/is, conhecido comovespinha, ataca ovos de percevejo e impede onascimento das pragas. Com alta capacidadereprodutiva, o parasita elimina os percevejos verde,verde pequeno e marrom, com preferência pelaprimeira espécie.

A tecnologia para utilização da vespinha emprogramas de controle biológico consiste emmultiplicar o parasita em ovos de percevejos frescos ouarmazenados em baixas temperaturas. Oprocedimento é executado em laboratório. Após oparasitismo, os ovos são colados em cartelas depapelão e enviados aos produtores cadastrados paraliberação na lavoura. São necessárias três cartelas, oucinco mil parasitóides, para cada hectare de soja. "Como tempo, as vespinhas passam a se multiplicarnaturalmente, o que diminui a necessidade deintrodução do inseto", explicou Beatriz. As cartelasdevem ser colocadas no campo durante oflorescimento, um ou dois dias antes da emergênciadas vespinhas.

Atualmente, a Embrapa cria Irissolcus basa/is e

Telenomus podisi paracontrole de percevejos. Amaior parte é usada napesquisa e na divulgação datecnologia, e cerca de 1,5milhão de vespinhas por anosão distribuídasgratuitamente, pelo correio,aos produtores cadastrados. "Conseguimos atenderapenas um terço da demanda", lamentou Beatriz.Segundo ela, um dos grandes gargalos da produção é acriação dos percevejos que dependem de ambienteclimatizado para serem reproduzidos.

A saída para viabilizar a produção das cartelas éestimular que as comunidades interessadas seorganizem para obter suas próprias vespinhas. Naretaguarda, a Embrapa Soja fornece consultor ia técnicapara instalação dos laboratórios, treinamento erepasse da tecnologia. A experiência de 60 agricultoresda microbacia de Campo Mourão é um dos exemplosmais bem sucedidos de multiplicação da vespinha.Desde 1994,eles comandam um laboratóriocomunitário para produção da tecnologia, que éutilizada em 4,1 mil hectares de soja.

A utilização do parasitóide em microbacias ouvespinha em comunidades é o modelo mais adequadopara garantir a eficiência do processo. SegundoBeatriz, quando apenas um produtor utiliza asvespinhas em sua lavoura, é comum elas migraremtambém para as propriedades vizinhas, sendo, muitasvezes, eliminadas pelos produtos químicos utilizadosnessas áreas.

A manutenção de áreas de vegetação nativa napropriedade é outro mecanismo importante paraviabilizar a tecnologia. Ao funcionarem como espaçosde refúgio para os parasitas durante o inverno, asmatas garantem sua permanência no ambiente deuma safra para outra, acelerando o processo deequilíbrio entre as pragas e seus inimigos naturais.

Bcctérí a liminaaplicações de nitrogênio

A aplicação do nitrogênio em solos que receberãolavouras de soja é uma prática abandonada porprodutores brasileiros. No País, a fixação destenutriente é feita através da inoculação da bactéria, quevive em simbiose com a planta ou naturalmente namatéria orgânica - e favorece a absorção do nitrogêniopelas raízes da oleaginosa. A técnica foi desenvolvida edisseminada pela Embrapa e outras instituiçõesnacionais de pesquisa. Graças à inoculação,agricultores passaram a economizar R$ 1,1 mil porhectare, correspondente ao dinheiro investido naadubação com nitrogênio para produção de três milquilos de soja na mesma área. "Ainoculação dabactéria custa R$ 10,00", comparou o pesquisadorRubens José Campo.

As vantagens também refletem na conservação domeio ambiente. "O nitrogênio aplicado à lavouraprejudica a composição da matéria orgânica e reduz a

qualidade biológica do solo", afirmou. Utilizado emaltas doses, é também um poderoso poluente derecursos hídricos. "Na Europa, onde se aplicamfertilizantes nitrogenados (nitrato), alguns rios foramcontaminados e hoje são proibidos para a pesca",relatou.

A inoculação é uma poderosa ferramenta paraviabilizar a prática sustentável da sojicultura.Atualmente, a pesquisa também identifica genes dabactéria e da planta que podem propiciar taxas maiselevadas de fixação biológica do nitrogênio. nAEmbrapa Soja já trabalha no sequenciamento debactérias usadas nos inoculantes brasileiros", relata apesquisadora Mariangela Hungria. As característicasbuscadas nos estudos são, a obtenção de uma bactériade maior eficiência de fixação de nitrogênio e commaior competitividade em relação às bactérias que jáestão no solo.

Lagarta morta pelo VÍrus

Nódulos fixam nitrogêniodo ar para soja

Economia édeR$l,lmilpor hectare

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Domit foi um dos responsáveis pelaadaptação da metodologia no Brasil

democratiza acessoa tecnologias

Metodologia adaptada pela Embrapa Soja garante a utilização prática dos resultados das pesquisas

Progé r ,rTI"\''V\

"Um projeto de pesquisa só cumpre totalmenteseus objetivos quando os resultados são utilizados peloagricultor". Com essa afirmação, o pesquisador LineuAlberto Domit explica porque a transferência detecnologias constitui uma importante linha detrabalho da Embrapa Soja. "É uma maneira dedemocratizar conhecimentos", afirmou. Apreocupação com o assunto surgiu aquando osprimeiros resultados de pesquisa ficaram prontos paraaplicação no campo. "Com as tecnologias acabadas,percebemos que era preciso haver uma estruturaorganizada para atender essa demanda", justificou.

As primeiras ações eram constituídas de palestras,treinamentos, visitas e dias de campo - que ainda sãoutilizados com eficiência. Essas metodologias,entretanto, não permitem que a pesquisa obtenharespostas concretas sobre a aplicação da tecnologia nalavoura.

Diante desse desafio, uma equipe da Embrapa Sojaadaptou para o Brasil um método do Banco Mundialchamado de Treino & Visita (T&V).

O T&V é um sistema de transferência detecnologia que, em parceria com outras instituições depesquisa e de assistência técnica, forma uma rede deintercâmbio de informações entre pesquisa, técnicos eprodutores. Segundo Domit, o diferencial é acapa citação contínua dos técnicos da assistênciapública e privada em tecnologias de produção dasculturas de soja, milho e trigo, em gestão eadministração da propriedade e em informaçõesbásicas sobre as estratégias de comercialização daprodução.

Os programas de transferência, em sua maiorparte, ocupam-se apenas da difusão de tecnologias,enquanto o T&V, possibilita a capacitação permanentedos agentes técnicos e o acompanhamento dodesenvolvimento do agricultor. "A grande inovaçãodessa metodologia é que, por se tratar de uma práticasistêmica, a pesquisa recebe 'feed back' sobre autilização da informação, o que viabiliza a análise de

e

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resultados", ressaltou.O T&V na área de grãos começou na safra 1996/97

e, hoje, atinge aproximadamente 4 mil agricultores. Asreuniões técnicas acontecem com 40 engenheirosagrônomos da Emater-PR e de cooperativas.Cada umdeles leva as informações para grupos de técnicos emseus locais de trabalho. "É destaque a capacitação deaproximadamente 500 técnicos de campo, querepassam as tecnologias para produção de grãos paramais de 4 mil agricultores do Paraná e Santa Catarina",explicou.

Em Cafelândia, na região Oeste do Paraná,produtores associados à Coopacol CooperativaAgroindustrial participam do T&V Grãos desde 1996.Milton Dalbosco, assessor técnico da empresa, explicaque as reuniões tratam de tecnologias para soja, trigo,milho e milho safrinha. "Os técnicos sugerem temas, aEmbrapa agenda as reuniões e busca pesquisadorespara esclarecerem as dúvidas. De posse dasinformações, repassamos os conhecimentos à equipetécnica da cooperativa", sintetizou.

Nas lavouras, os produtores se informam sobre atecnologia em reuniões com técnicos e assumem aresponsabilidade de testá-Ias. "As dúvidas sãoretomadas para os pesquisadores", esclareceu. Para oassessor, a grande vantagem do T&V é a possibilidadede discutir diretamente com os cientistas, o quegarante a atualização constante dos engenheirosagrônomos da cooperativa, permitindo auniformização da linguagem da equipe técnica.

Em 2003, o modelo anteriormente usado apenaspara a área de grãos foi ampliado para T&V Sementesque visa colaborar com pesquisa e a transferência detecnologias relacionadas com à produção de sementes."Também foi iniciado o T&V Saúde, Alimentação eGeração de Renda, cujo objetivo é promover amelhoria da alimentação e da saúde de todo o grupoenvolvido no projeto, além de possibilitar uma novafonte de renda para as famílias atendidas", explicaDomit.

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Comunicação .ganha destaque no mundo científicoNa Embrapa Soja, comunicação facilita acesso deinformações científicas para sociedade

A comunicação colabora para que a distânciaentre a ciência e a sociedade seja cada vez menor. AEmbrapa Soja segue uma política de comunicação quenorteia suas ações desde 1997."Nosso atendimento aocidadão, por exemplo, pode ser testado a qualquer horapela instituição, por intermédio de avaliação deconsultas realizadas por "clientes-fantasmas",exemplificou Vania Beatriz Rodrigues Castiglioni,chefe-geral da Embrapa Soja.

A demanda de trabalho cresce - principalmentedurante as safras de soja, girassol e trigo - e a cadanotícia divulgada pela mídia. São cidadãos queprocuram a Embrapa pessoalmente, por cartas,telefonemas ou e-mail, solicitando mais detalhes sobredeterminada tecnologia, evento ou curso. Para agilizaro atendimento, a Embrapa Soja possui um banco comperguntas e respostas mais freqüentes, nas maisdiversas áreas da ciência. "Uma das grandespreocupações da Embrapa é mostrar à população queos recursos públicos empregados em projetos depesquisa dão resultado e que é direito das pessoascobrar essa prestação de contas", disse GilceanaSoares Moreira Galerani, gerente de comunicação daEmbrapa Soja.

Além de atender o cidadão, a equipe decomunicadores é responsável pelo planejamentoestratégico da comunicação empresarial, colabora nastomadas de decisão da empresa e procura interagircom todas as áreas e setores da Embrapa Soja.Amaioria das ações planejadas é definida com base emresultados de sondagens de opinião com funcionáriose clientes.

Entre as atividades rotineiras estão aadministração do uso da marca Embrapa, aalimentação diária da home page, a elaboração dojornal eletrônico interno e do jornal externo GiraSoja,

a organização de eventos e visitas, o atendimento àimprensa, a produção e a edição de vídeos técnicos einstitucionais, além da criação de peças corporativas(folders, revistas, baners, entre outros).

Para efetivar muitas de suas ações, a comunicaçãoobtém apoio de patrocinadores corporativos em todo oBrasil, como é o caso das comemorações dos 30 anosda instituição. "Programamos mais de 50 eventos noano comemorativo, além de publicações diversas eatividades junto à comunidade, estudantes e públicointerno. O investimento de nossos parceiros nospermitiu mostrar claramente os principais resultadosgerados nesses 30 anos e o que estaremos lançando nofuturo, além de facilitar a integração com acomunidade, os empregados e suas famílias", garantiuGilceana Galerani.

A demanda criada pela soja é muito grandeporque ela é encontrada em todas as regiõesbrasileiras. A Embrapa Soja conta com váriosparceiros, principalmente na geração das tecnologias.Esse fato tem incentivado a instituição a compartilharferramentas de sua política de comunicação com osprofissionais das fundações de apoio à pesquisa, quedesenvolvem trabalho conjunto na geração e natransferência de cultivares de soja, girassol e trigo."Isso garante uniformidade de discurso efortalecimento da identidade de nossa marca nadisponibilização dos resultados que são lançadosconjuntamente pelas instituições", diz Vania.

Segundo ela, são três os maiores desafios dacomunicação: determinar com as fundações de apoio àpesquisa procedimentos comuns de comunicação,colaborar no entendimento de que uma culturacomercial como a soja pode e deve ser produzida compreservação ambiental e, ainda, popularizar a ciênciapor meio de veículos cada vez mais ágeis e baratos.

Vania considera fundamentalcomunicação com a sociedade

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Luara:tudo foi

interessante

Jonathan:descoberta no

laboratório

Os melhoredesenhos

ilustrarão umcalendário

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Professora destaca osentido didático da visita

Passagem pelos laboratórios é o ponto alto das visitas

mbrapa & Escoladesperta o interesse dascrianças para a CiênciaA experimentação facilita o aprendizadode noções complexas da disciplina

Apresentar um universo que parece muito distantepara a maioria da população é o objetivo do ProgramaEmbrapa & Escola. Direcionado a alunos do EnsinoFundamental e Médio, ele consiste na visita a uma das40 unidades da empresa espalhadas pelo Brasil ounuma palestra realizada por monitores em sala deaula.

De acordo com a assistente de comunicação YaraSantos Cioffi, a Embrapa Soja é a pioneira noatendimento à visita de estudantes, desde 1990:Dezoito funcionários voluntários (Iaboratoristas,pesquisadores, administrativos e estagiários) revezam-se na atividade que inclui uma explanação sobre aEmbrapa, passagem pelos laboratórios de solo,controle biológico das lagartas e percevejos e casas devegetação. "Explicamos o trabalho de cada unidade esuas conquistas como, por exemplo, o algodãocolorido, o porco light, os transgênicos e o biodiesel. Égratificante matar a curiosidade dessas crianças que,em alguns casos, nunca entraram num laboratório eimaginam que todo cientista é parecido com o Prof.Pardal dos gibis".

Para atender esse Programa que hoje integra apolítica de comunicação da empresa - a Embrapa Sojacede um ônibus que transporta os estudantes e liberaos monitores das suas tarefas no período da visita.Devido ao limite estrutural, a empresa recebe apenasàs quartas- feiras, turmas de, no máximo, 40 pessoas,em cada turno (manhã e tarde). Para garantir quetodos aproveitem o passeio, as turmas são divididasem dois grupos que percorrem os mesmos locaisdurante quase duas horas. Acompanhados tambémpor professores, eles respondem um questionárioelaborado pela Embrapa e depois cumprem uma tarefa

Estudantes posam para foto depois da visita

didática: da primeira à quinta série é pedido umdesenho e da sexta em diante uma redação. Os 12melhores desenhos do ano ilustrarão o próximocalendário da empresa. Os autores e suas respectivasescolas receberão amostras desse calendário quetambém é distribuído aos clientes da empresa. No finalde cada ano, as 40 unidades da Embrapa escolhem trêsdesenhos e três redações de alunos que participaramdo Programa em todo Brasil para compor uma agendaou livro.

O primeiro dia de visita deste ano trouxe LuaraManoeli dos Reis e Jonathan Henrique Lopes dosSantos, na turma da quinta série, da Escola EstadualDr.Gabriel Martins (Jardim dos Bancários), deLondrina. Para a menina, que aprendeu a comer sojacom os avós, tudo foi muito interessante. No caso de[onathan, a quantidade de informações foi tanta queele preferiu anotar o que pôde. "Gostei muito deconhecer o trabalho com as vespinhas e as lagartas",citou o garoto. Nem a professora de Português, RoseliRibeiro Camargo, escapou da admiração pelaspesquisas. "É uma atividade muito instrutiva que,certamente, auxiliará muito o ensino da Ciência",resumiu.

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• 'I •

Além de desenvolverem seus projetos de pesquisa, eles atuamativamente nas sociedades científicas de várias especialidades

Segundo maior produtor mundial de soja, o Brasiltambém é uma referência internacional na produçãode tecnologias para viabilizar a cultura em áreastropicais e subtropicais. A responsabilidade por essacondição cabe, principalmente, aos cientistas. Além dadedicação ao trabalho de pesquisa, eles ocupam partedo tempo divulgando suas conquistas para acomunidade científica nacional e internacional. Ainiciativa propicia troca de experiências e adisseminação de conhecimentos. Ao mesmo tempo,colabora para aumentar o prestígio da Embrapa Sojajunto a organismos de investigação científica em todoo mundo.

"Toda vez que um trabalho é publicado porrevistas científicas, ajuda a dar credibilidade àinstituição que o incentivou", comentou o pesquisadorÁlvaro Manuel Rodrigues de Almeida. Segundo ele, orespeito obtido nessa área facilita a aprovação deprojetos de pesquisa por órgãos de financiamentonacionais e internacionais. A publicação,normalmente, acontece por iniciativa dos própriospesquisadores. "Trata-se de compromisso com aciência e faz parte da realização profissional dosindivíduos:' As revistas costumam ser editadas pelassociedades científicas de áreas específicas. Muitospesquisadores da Embrapa são membros ativos dessasassociações.

Francisco Krzyzanowski foi editor científico daRevista Brasileira de Sementes por quatro anos. Afunção é atrelada ao cargo de diretor-técnico e dedivulgação da Associação Brasileira de Tecnologia deSementes, que ele ocupou na época. "Minha obrigaçãoera editar a revista e organizar os congressosbrasileiros de sementes", contou.

Para ele, esse tipo de atuação é uma forma decontribuir com a sociedade com a própria experiênciaprofissional. "Somos praticamente formados emuniversidades públicas e precisamos retribuir àsociedade", analisou. A participação nas entidades de

fomento à ciência também contribui para a evoluçãoprofissional do pesquisador, que por participar daeditoração de revistas científica informa-se sobretemas da atualidade na sua área de atuação, além deter contato com colegas de outras instituições.

Segundo ele, as sociedades científicas sãoimportantes porque representam o pensamento daclasse profissional e contribuem para definir asdiretrizes de pesquisa que o País adota. "Na parte desementes, por exemplo, a associação contribui naformulação de leis e outras regulamentações",esclareceu.

Antônio Ricardo Panizzi foi editor, por sete anos,da revista Neotropical Entomology, que publicatrabalhos científicos diversos na área de entomologia.Na sua opinião, o respeito obtido pela Embrapa nacomunidade científica nacional e internacional foiviabilizado pelo investimento feito pela instituição notreinamento de pesquisadores. "Na década de 70,muitos cientistas foram fazer pós-graduação noexterior. Essa época foi um divisor de águas", analisou.

Ele lembra que, além das sociedades científicas, ospesquisadores da Embrapa participam do CNPq e daAcademia Brasileira de Ciências, além de atuarem emuniversidades. "Ainstituição também recebe alunos depós-graduação", lembrou.

Para o cientista, as instituições de pesquisaprecisam se organizar de forma a permitir que seusquadros consigam estabelecer focos investigativos. "Opesquisador dedica-se a fazer novas descobertas,rompendo fronteiras. Essas pessoas não tiram férias,porque a cabeça nunca pára de funcionar", opinou.Panizzi também é adepto da idéia de que o cientistatem que gerar conhecimento independentemente dopúblico que vá utilizá-lo, "No mundo globalizado, ospadrões de qualidade dos países desenvolvidos estãogeneralizados. Os consumidores querem qualidade,que só é atingida através de ajustes finos nastecnologias disponíveis", considerou.

Revistaspublicamtrabalhos

Krzyzanowski: valoriza adivulgação científica

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Embrapa Sojalança 13

cultivaresde Soja RRem 2005

a

Pesquisadores nolaboratório de biotecnologia

Embraea as primeiras cultivares

de soja transgênicasA Embrapa Soja conduz pesquisas para desenvolver plantas geneticamente modificadas, utilizando,tanto genes desenvolvidos por outras empresas quanto buscando identificar genes próprios

Além das pesquisas tradicionais, a partir de 1997,a Embrapa Soja passou a incorporar ferramentas dabiotecnologia em seus projetos de pesquisa, com oobjetivo de incrementar os avanços tecnológicos. E oprimeiro resultado desse esforço é o lançamento, em2005, de 13 cultivares de soja transgênicas. "Com aaprovação da nova lei de biossegurança, as sementespoderão ser comercializadas para os produtores ruraisna safra 2005/2006", diz Ricardo Abdelnoor,pesquisador da Embrapa Soja.

Segundo ele, essas cultivares têm como grandediferencial a resistência ao herbicida glyphosate e,assim como as cultivares convencionais da Embrapa,possuem adaptação a diferentes regiões do Brasil,resistência às principais doenças da soja e altopotencial de rendimento. "O desenvolvimento decultivares de soja transgênica começou há oito anos,quando a Embrapa estabeleceu parceria com aMonsanto e teve acesso ao gene RR que conferetolerância ao herbicida glyphosate", diz o pesquisador.

Além disso, a Embrapa Soja firmou parceria com aBasf para o desenvolvimento de cultivares de soja comresistência a herbicidas do grupo das imidazolinonas."Já estamos introduzindo genes de resistência emplantas de soja para desenvolver cultivares resistentesa essa classe de herbicidas. Será uma opção a mais queestará disponível aos agricultores", explica.

Para o pesquisador da Embrapa, o medo dostransgênicos é conseqüência da desinformação. "Aliberação desses produtos representa uma opção amais para os produtores. A tendência é o equilíbrioentre a soja convencional e a modificada. A entrada deuma não significará o desaparecimento da outra.Haverá mercado para ambas e preços compatíveis com

seus benefícios", espera Abdelnoor.A Embrapa Soja tem ainda acordo com o instituto

de pesquisa japonês JIRCAS que visa a introdução degenes de tolerância à seca em plantas.

Os genes DREB, como são chamados, ativam umasérie de outros genes que aumentam a capacidade daplanta em suportar períodos de falta de água. "Nofuturo, esperamos colocar no mercado uma soja queresista a prolongados períodos de seca", prevê opesquisador Alexandre Nepomuceno, da EmbrapaSoja.

GENES PRÓPRIOS - O desenvolvimento deplantas geneticamente modificadas, utilizando genesde outras empresas, já é uma realidade, mas aEmbrapa está buscando identificar genes próprios e deimportância econômica para a agricultura brasileira.

A Embrapa, ciente do potencial dessas novastecnologias e de seu impacto sobre a sojiculturabrasileira, construiu novos laboratórios, implementoumetodologias de transformação de plantas e,principalmente, investiu no treinamento dospesquisadores e de empregados diretamenteenvolvidos com essas pesquisas.

Os pesquisadores da Embrapa Soja também estãoenvolvidos no projeto genoma de raízes de soja. Oobjetivo é identificar genes que conferem às plantasresistência ao ataque de nematóides e também genesde tolerância à seca." Além disso, estam os utilizandotécnicas moleculares que permitem umaprofundamento no conhecimento dos mecanismos deresistência às doenças e, assim, auxiliar na introduçãode novas fontes de resistência nas plantas de soja,especialmente para a ferrugem asiática, que é um dosnossos maiores desafios atualmente", dizem.

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VoUe Gazziero:controle das espéciesexige planejamento

Manejo integradoreduz uso de herbicidasTecnologias desenvolvidas pela Embrapa soja preservamo meio ambiente e geram economia ao agricultor

Quando as plantas daninhas começaram a serpesquisadas pela Embrapa Soja, no final dos anos 70,produtores enfrentavam um problema duplo. Além dapressão agressiva de infestação, a pouca oferta deherbicidas eficientes e ainda o alto custo, inviabilizavamedidas de controle. Diante do desafio, especialistasbuscavam alternativas de controle e com menor custo.Outra preocupação era racionalizar o uso deherbicidas e, assim, diminuir danos ao meio ambiente.Aos poucos, as soluções começaram a aparecer e hoje autilização do manejo integrado garante bonsresultados.

A maior ameaça das plantas daninhas vem naforma de competição. Ao dividirem espaço com a soja,elas competem por nutrientes do solo e até inibem ocrescimento da cultura principal, ocasionando perdasno final da safra. Uma das primeiras tecnologias asurgir, segundo os pesquisadores Elemar Voll eDionísio Gazziero, foi a recomendação de aplicar odefensivo associado à meia faixa. Na prática, significausar o produto nas linhas de soja e capinar asentrelinhas. A tecnologia reduziu o custo comherbicidas em 40%.

PLANTIO DIRETO - Nos anos 80, com a crescenteutilização do plantio direto, a busca por alternativas decontrole aumentou, já que a presença de plantasdaninhas dificultava a semeadura napalha."Estudávamos os herbicidas para avaliar a sua eficáciae recomendar os mais eficientes", contou Gazziero.

A partir dos anos 90, surgiu novo desafio: asplantas daninhas de difícil controle, resistentes aosherbicidas em uso.A prática mais recomendada,atualmente, tem relação com planejamento.O controledas espécies daninhas deve ser feito não apenasdurante a safra de soja, mas também nos outroscultivos que integram a rotação. Neste contexto, ainclusão de plantas de cobertura como a aveiademonstra resultados eficientes.

O controle cultural das plantas daninhas é outrarecomendação importante. Segundo o pesquisadorAlexandre Brighenti, lavouras de soja devem sermantidas livres das plantas daninhas até 35 a 40 diasapós a emergência da oleaginosa. "Depois disso, a

própria soja fecha as entrelinhas e limita ocrescimento dessas plantas", ensinou. Essa tecnologiaé especialmente importante para produtores de sojaorgânica. Como o sistema não permite a utilização deprodutos químicos, a Embrapa Soja pesquisa formasde controle cultural com implantação de culturas decobertura, formação de palha e redução dosespaçamentos nas entrelinhas na cultura de soja.Brighenti lembrou que cultivares com maiorhabilidade competitiva também são estudadas. "Outraalternativa é o controle mecânico, com equipamentosacoplados ao trator capazes de eliminar espéciesinfestantes nas entrelinhas da soja", informou.

Uma linha de pesquisa que deve configurar novoshorizontes ao controle de plantas daninhas é a adoçãoda soja transgênica resistente ao glifosato. ''Algunsprodutores preferem essa tecnologia pela facilidade demanejo de plantas daninhas", relatou Gazziero,ressaltando, entretanto, que essa prática deve serencarada apenas como mais um meio de controle. ''Anatureza reage às tecnologias, por isso, a experiênciado passado mostra que a prática do manejo integradonão deve ser abandonada, mesmo com a sojatransgênica. Caso contrário, essa tecnologia pode sercolocada em risco:'

GIRASSOL - A Embrapa Soja também estudatecnologias para controle de plantas daninhas emlavouras de girassol. Brighenti explica que, nessacultura, é importante manejar as espécies invasorasentre 21 a 30 dias após a emergência. Após esseperíodo, o próprio girassol limita o crescimento dasespécies daninhas. O manejo mais recomendadocomeça com a dessecação na pré-semeadura. Como ogirassol é exigente em boro, os agricultores podemoptar pela correção do solo com boro, na fonte ácidobórico, associada ao dessecante (glifosato). Após asemeadura, aplicam-se herbicidas pré-emergentespara o controle de plantas daninhas de folhas largas eestreitas. Brighenti ressaltou que os efeitos residuaisdos herbicidas é outra preocupação de agricultoresque cultivam o girassol em sucessão ao milho e à soja.''A pesquisa já disponibiliza indicações técnicas paraminimizar estes problemas".

o controledeve ser feitodurante todosos cultivos que

ram arotaçãoeu ras

Para Brighenti, residuais dosherbicidas é uma preocupação

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Estudos científicos estimulam o consumo do grão para aredução de riscos de doenças crônicas e degenerativas

Curso de culinária de soja

Consumida há milhares de anospelos orientais, finalmente a soja estáconquistando a mesa do brasileiro.Esta leguminosa é um dos alimentosmais completos e versáteis. Seu valornutricional deve-se à presença deproteínas, lipídios (óleo),carboidratos (açúcares e fibras) esais minerais (ferro, cobre, fósforo,

magnésio, potássio, zinco e cálcio) em sua composição.A baixa incidência de doenças crônicas entre as

populações que tradicionalmente consomem soja,levou pesquisadores do mundo inteiro ao estudo doseu potencial terapêutico. O Centro de Envelhecimentoda Universidade do Alabama (EUA),comprovou autilidade da soja na prevenção ao mal de Alzheimer. NaÁfrica do Sul, o programa World lnitiative for Soy inHuman Health apontou a soja como um complementoalimentar aos portadores do vírus HIV,devido ao seualto valor nutricional e à presença de compostos quepodem beneficiar a saúde. No Brasil, ginecologistas doHospital das Clínicas da Faculdade de Medicina daUniversidade de São Paulo (USP) testaram umformulado em pó à base de soja, como alternativa àterapia de reposição hormonal (TRH) para mulheresno climatério.

Um dos principais compostos presentes na sojasão as isoflavonas que, além de minimizar os sintomasdesagradáveis deste período (dentre eles, as ondas decalor), reduzem os riscos de câncer de mama epróstata, osteoporose e doenças cardiovasculares,como o infarto, a aterosclerose e a trombose. Estácomprovado que o consumo de soja também contribui

para a redução do colesterol total, do "mau colesterol"(LDL-colesterol) e elevação do "bom colesterol" (HDL-colesterol). Estudos indicam que a ingestão diária de25 gramas de proteína de soja - o que equivale a cercade 60 gramas de grãos de soja ou duas colheres desopa de kinako (farinha de soja) reduz riscos dedoenças cardiovasculares, desde que aliados a umadieta com baixo conteúdo de gorduras saturadas ecolesterol.

A comprovação científica destes benefícios à saúdeestá incentivando médicos de diferentes especialidadesa indicar a soja na dieta de seus pacientes. SegundoEdna Thornaz, proprietária da padaria Di Soja, emLondrina, esta é a justificativa da maioria de seusclientes. "Precisei adaptar as receitas básicas e criaroutras novas para atender a uma diversidade de gostose necessidades. Hoje, produzo mais de 50 tipos deprodutos entre doces e salgados apropriados àquelesque buscam uma dieta mais saudável", explicou acomerciante. No balcão de seu estabelecimento, épossível encontrar "brownie", pão-de-mel, sonhos,carolinas, esfihas, bolos e pães feitos com farinha,"leite" e "carne" de soja.

TERAPIA - O Grupo de Apoio a Pessoas comCâncer (GAPC) fornece um quilo de soja em grão e500 gramas de farinha de soja na cesta básica de cadaum dos 220 pacientes atendidos pela entidade emLondrina. A iniciativa é da assistente social Maria deLourdes Martins Castellari. Segundo ela, a quantidadede proteína disponível num quilo de soja é maior doque aquela encontrada num quilo de carne, quetambém é mais caro do que a soja. Além da economia,os portadores de câncer ganham também em

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qualidade de vida ao introduzir a soja nas suasrefeições. "Eles relatam diminuição da ansiedade e dasnáuseas causadas pela quimioterapia, menor queda decabelo e melhor ia no funcionamento intestinal",exemplifica a assistente social, que comemora a adesãocada vez maior dos pacientes à utilização da soja.

A dificuldade na incorporação da soja ao cardápiobrasileiro deve-se, principalmente, a fatores culturais.Até meados da década de 80, ela era vista apenas comofonte para extração de óleo comestível, ração animal,complemento nutricional para comunidadescarentes/desnutridas e alimento para vegetarianos.Porém, a descoberta dos seus benefícios à saúdefizeram aumentar o interesse da população em geralpelo consumo de soja.

O desenvolvimento de cultivares comcaracterísticas especiais para o consumo humanotambém veio colaborar para aumentar a aceitação dasoja. A pesquisadora da Embrapa Soja, MercedesCarrão Panizzi, é uma das responsáveis por essaevolução. Nos últimos 20 anos, Mercedes com outrospesquisadores da Embrapa criaram algumas cultivarescom características especiais para a alimentação.

A BRS 155 constitui uma alternativa interessante,uma vez que possui teor reduzido de inibidor detripsina, um fator anti-nutricional da soja. A cultivarBRS-216 possui grãos de tamanho pequeno, ideaispara a preparo do natô, uma alimento fermentadoapreciado pelos orientais. A BRS-213 não possui alipoxigenase enzima que pode provocar oaparecimento de sabor e aroma desagradáveis nosprodutos de soja - e tem grande potencial parautilização na indústria de "leite" de soja. Futuramente,

será lançada uma cultivar de soja que pode serutilizada como hortaliça, para ser consumida verde.Por ser colhida mais cedo, preserva as vitaminas A e Ce poderá ser usada na preparação de sopas, saladas epetiscos similares ao edamame (tira-gosto comum noJapão). Quando madura, essa soja também é indicadapara produção de tofu, farinha, leite e outros produtosà base de soja. "Essas cultivares atenderão nichos demercado, já que o grande filão da soja continuarásendo o grão e o farelo para exportação", disseMercedes.

Para incentivar o consumo direto da soja e seusderivados, a Embrapa criou o Programa de Soja naAlimentação Humana, mais conhecido como "Soja naMesa" que, desde 1986, treinou cerca de dez milpessoas. Durante o treinamento, são ensinadastécnicas adequadas para o preparo de produtos à basede soja, bem como a utilização dos derivadosdisponíveis comercialmente, visando a obtenção dealimentos saborosos e nutritivos.

Na opinião da pesquisadora da Embrapa Soja Verade Toledo Benassi, o interesse pela utilização da soja naculinária cresceu muito nos últimos anos, assim comoa oferta e o consumo de produtos industrializados àbase de soja. "Embora o espaço oferecido a essesprodutos ainda seja pequeno nos supermercados, avariedade de marcas é crescente, principalmente nocaso dos sucos", completou o pesquisador da EmbrapaSoja José Marcos Gontijo Mandarino.

As receitas criadas e/ou adaptadas pela equipe depesquisadores e culinaristas estão disponíveis no site(www.cnpso.embrapa.br) e nas publicaçõescomercializadas pela Embrapa Soja.

Vera, Mercedes e Mandarino:treinamento para 10 mil pessoasnos últimos 20 anos

Maria de Lourdes Castellari:inclusão da soja na dieta depacientes com câncer diminuios efeitos colaterais da quimioterapia

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Receitapara bons rendimentos

Conhecer as propriedades do solo é premissabásica para melhorar a fertilidade e aumentar orendimento da soja. A partir de informaçõesdetalhadas sobre a disponibilidade de nutrientes àsplantas (obtidas por análise de solo e de folhas),agricultores definem a melhor adubação,racionalizando o uso de produtos, diminuindo o custode produção e aumentando os lucros no final da safra.Atualmente, a análise dessas características pode serfeita a partir de tecnologias modernas como o DRIS(sistema integrado de diagnose e recomendação) e osoftware Nutrifert, que é um programa completo paraadubação e diagnose foliar.Mas nem sempre foi assim.Na década de 70, quando a Embrapa Soja foi criada, apouca informação existente gerava baixa eficiência edesperdícios nas adubações.

De acordo com o pesquisador Gedi Sfredo, aprimeira tabela de adubação para nitrogênio, fósforo epotássio (conhecida por NPK) utilizada na cultura dasoja no Paraná foi divulgada em 1977.Em 1980,estatabela foi modificada com base nos resultados depesquisa, que indicaram a necessidade de redução donível crítico de P no solo - a partir do qual a soja nãoresponde à adubação - de 12para 6 mglkg. Logodepois, com o avanço dos estudos sobre a fixaçãobiológica do nitrogênio pela soja, a pesquisa deixou de

recomendar a aplicação deste nutriente.._ •• •••• I·~·~·ilru:ulrl::mzrn.11I111 "Essas mudanças reduziram

significativamente os custos com adubos ecorretivos, que representam entre 25 e30% do custo total de produção", afirmou.Para o pesquisador, essas orientaçõesfazem parte da premissa de racionalizaçãodo uso de fertilizantes que norteia as açõesda Embrapa. "O que interessa é o maiorlucro, e não o maior índice de produção",explicou.

Fábio Álvares de Oliveira, que também

Uso racionalpreserva o

meio ambiente

Nutr/~ertda Informátiea para • Adubaçio e

Nutriçlo de Soja

Nutrifert colabora comadubação racional

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Sfredo e Oliveira indicam racionalização dos insumos

Fertilidade de solos o segredo para o melhordesempenho econômico é a racionalização do usode fertilizantes

pesquisa fertilidade de solo na Embrapa Soja,acrescenta que a racionalização também contribuipara a preservação do ambiente. "O potássio, quandoutilizado em grandes quantidades em solos arenosos,pode ser lixiviado e atingir lençóis freáticos,contaminando rios. A adubação em excesso traz riscosde dano ambienta!", exemplificou.

CALAGEM- Ao mesmo tempo em que a pesquisareduziu as recomendações de fósforo e suprimiu autilização do nitrogênio, a análise dos resultadosobtidos em estudos sobre a calagem, levou ao aumentona aplicação de calcário nas lavouras de soja doParaná. ''Apartir daí, os resultados de produtividadeaumentaram significativamente", disse Gedi.

Já na década de 90, passou-se a recomendarcobalto e molibdênio, o que resultou em crescimentode 20% na produção de soja em lavouras que aderiramà recomendação. O refinamento da adubação veio comas aplicações de enxofre nas áreas produtorasbrasileiras. "Essa é a última tecnologia recomendada",informou.

A maioria das tecnologias para melhorar afertilidade dos solos foi pioneiramente testada noParaná. Em 1997,quando as autoridades do Estadopassaram a recomendar o plantio de soja no ArenitoCaiuá, onde os solos são mais arenosos, a pesquisavenceu nova barreira ao lançar uma tabela paraaplicação de fósforo e potássio para a região.Conseqüentemente, a oleaginosa foi viabilizada emáreas com características similares ao cerradobrasileiro.

Gedi explicou que, no Arenito, a soja entrou parapossibilitar a renovação de pastagens. "Na época,pensamos que o gado voltaria a ocupar as áreasrenovadas, mas isso não aconteceu por causa dos bonsrendimentos da soja. Isso é preocupante, pois a culturaanual cultivada seguidamente não é recomendadapara solos muito arenosos", considerou.

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Nas lavouras da família Perucci, de Cambé,perdas são próximas de zero

Uma estimativa realizada pela Embrapa Sojaaponta que o Brasil deixa de colher 44,4 milhões desacas de soja na safra 2004/05. O volume, que equivalea 6% da produção estimada, ficará pelo solo na horada colheita. Manejo inadequado da lavoura e operaçãoincorreta das colheitadeiras são as principais causasdo desperdício. Segundo o pesquisador Nilton Pereirada Costa, que também coordena o Programa Nacionalde Desperdícios na Cultura da Soja, enquanto a perdatolerável é de uma saca por hectare, o País perde, emmédia, o dobro desse índice: duas sacas.

O Paraná é um dos estados que perde menos -apenas 1,2 saca por hectare. No Estado, operadores demáquinas são continuamente treinados pela EmbrapaSoja e pela Emater para conseguirem a melhorperformance na colheita. "Esse número pode sereduzir para 0,75 saca por hectare", acredita Costa.

A criação do copo medidor pela Embrapa Soja, em1982, é outro marco do empenho da pesquisa em prolda redução de perdas. O responsável pela invenção daferramenta é o pesquisador Cezar de Mello Mesquita.Segundo ele, na época, as informações sobre as perdaseram pouco realistas. Por isso, produtores não sepreocupavam em seguir as recomendações de manejoe ajuste das máquinas.

O copo medidor é simples de utilizar. O produtor

Paraná perde pouco

reduz pela metadeas perdas na colheita

Situação ainda não é ideal. Por falta deinformações, produtores deixam no solo 6% daprodução brasileira de soja

faz uma armação de dois metros quadrados e instalaem algum ponto por onde vai passar a colheitadeira.Após a colheita, coloca-se os grãos perdidos no copo,que informará o volume desperdiçado em sacas porhectare. Com base na informação obtida, o agricultorfaz as regulagens necessárias para melhorar aperformance. Consultar o manual distribuído pelaEmbrapa é outra recomendação necessária para evitaras perdas.

DICAS - Bons resultados são obtidos graças aomanejo adequado da lavoura e utilização correta dacolheitadeira. Entre as principais causas de perda pormanejo, ele cita a umidade inadequada (o teor deumidade do grão deve estar entre 13% e 15%); aocorrência de plantas daninhas; inadequação da épocade semeadura, do espaçamento e da densidade; malpreparo do solo; uso de cultivares não adaptadas eretardamento da colheita.

A operação inadequada e a má regulagem dacolheitadeira constituem o principal motivo direto deperdas. Por isso, Costa recomenda a manutenção dotrabalho harmônico entre o molinete, barra de corte,cilindro e peneiras do equipamento. A velocidade dedeslocamento da máquina deve ser sincronizada coma velocidade das lâminas e do molinete, ficando entre 4e 6km/hora.

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Prejuízo comdesperdíciopode chegar aR$ 1,3 bilhão

Costa recomenda treinamentocontínuo dos operadores '

A União faz a força\.' . produtividade e

Pesquisa. Incen~\Vo.se taz necessário.negócios.1udO ISSOmbrapa SoiaNestes 30 anos a E. hando com todosempre estevr~~~:I~ do mercado deo processo p. p béns realmente.soia no Brasl\. ara ·a união faz a força\

Produtores do município de Cambé registram o menor índice de desperdício desoja durante a colheita em todo o Paraná. No município, os agricultores perderamem média, na última safra, apenas 0,52 sacas de soja por hectare. Os bons resultadosse devem à parceria entre Embrapa e Emater-PR que, desde a safra 1991192,oferecem cursos de regulagem de máquinas para os operadores da região.

Segundo o engenheiro agrônomo Alcides Bodnar, da Emater do município,antes desta data o índice de perda era de 2,4 sacas por ha. "Os técnicos da Embrapamediam as perdas e sempre apresentava um volume alto. Após a regulagem dasmáquinas, nova medição era feita, comprovando que o cuidado reduzia odesperdício. Foi a partir daí que os produtores passaram a se preocupar com oassunto", disse.

Na safra 94/95, a instituição do primeiro concurso municipal de perdas nacolheita da soja deu fôlego à campanha. O produtor Antônio Luis Perucci sempreocupa lugar entre os primeiros colocados do concurso. "Regulamos bem acolheitadeira e tentamos seguir as recomendações dos técnicos", comenta. Osegredo, segundo ele, começa bem antes da colheita, com a escolha de sementes dequalidade e adesão às práticas de manejo recomendadas.

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Francisco de Jesus Vernettiabril de 1975 a setembro de 1975

"Fui convidado para estruturar o recém-criadoCentro Nacional de Pesquisa da Soja pela diretoria daEmbrapa. Após algum tempo de administração doCentro, chegamos à conclusão de que o Centro não sedesenvolveria a contento, enquanto estivesse dividindoinfraestrutura e instalações com outra unidade depesquisa. Por isso, solicitamos à diretoria da Embrapaque a convivência conveniada não era solução e que oCentro deveria ter sede própria. Os fatos marcantes denossa gestão foram de duas ordens: a composição econtratação da primeira equipe de pesquisadores e aconclusão, em tempo recorde, das adaptações dasinstalações cedidas:'

Emídio Rizzo Bonato1975 a 1985

"Aoassumir a Chefia, a Embrapa Soja não tinhasede própria, estava localizado junto ao InstitutoAgronômico do Paraná (Iapar).Após quatro anos denegociações junto à Empresa, conseguimos adquirirárea própria no distrito de Warta. Essa foi uma dasrealizações administrativas mais importantes. Aofinalizar o terceiro mandato, cerca de 70% da áreaconstruída estava pronta. No início da primeira gestão,a Embrapa Soja tinha seis pesquisadores e cerca de 30empregados nos demais setores. Ao concluir a minhaadministração, a equipe técnica era formada por maisde 50 cientistas e a equipe de apoio contava com cercade 300 pessoas:'

Fernando Rodrigues Tavaresoutubro de 1975

"Eu fui chefe da Embrapa Soja por apenas ummês, quando Vernetti deixou Chefia e até que fosseescolhido novo nome. Eu fui indicado como interino -nesse período de transição - por ser o representante daEmbrapa no Paraná. Todas as questões da Embrapacom o governo do Estado eram intermediadas pormim. Por isso, mesmo quando o Bonato assumiu aChefia, continuei envolvido com as questões daEmbrapa Soja"

Décio Luiz Gazzoni1985 a 1989

"Foi uma época muitodifícil devido à transiçãopolítica (fim da ditaduramilitar) e inflação muito alta.Mesmo assim, conseguimos construir nossa sede,despertamos para o potencial da soja na alimentaçãohumana e definimos as bases de parceria com ainiciativa privada. O Brasil se encaminhava para novostempos e a Embrapa adotou um processo dedesconcentração de poder em que haviademocratização de decisões e abertura para consultas.Como cidadão, me senti plenamente realizado, porquetive a oportunidade de mostrar que existiam caminhosalternativos. No aspecto técnico, a maturação dequalquer pesquisa é tão longa que ninguém pode dizerque em quatro anos cumpre plenamente os objetivos.Mas posso dizer o seguinte: encaminheiadequadamente e espero que isso continue no futuro:'

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Rubens José Campomaio de 1989 ajulho de 1990

"O fato que mais marcou minha gestão foi amudança da sede da Embrapa Soja, que antesfuncionava, no rapar, e foi transferi da para a área atual,no distrito da Warta. Na época, houve uma importanteexpansão do quadro de funcionários que passou de216 para 348 pessoas. Também foram contratadospesquisadores para as unidades volantes da instituiçãoem Balsas (MA), Mato Grosso e Triângulo Mineiro.Outra conquista do período foi o estabelecimento dasprimeiras parcerias com empresa privada, que hojepossuem papel fundamental no financiamento depesquisas:'

José FranciscoFerraz de Toledo1995 a 1999

"Essa fase foi marcadapela valorização e peloinvestimento no patrimôniohumano da empresa. Amaior conquista desse

período foi a integração entre a Embrapa e o setorprivado nacional para o desenvolvimento depesquisas. Essa parceria foi pioneira - principalmenteno Mato Grosso, permitiu agilidade no lançamento denovas cultivares e possibilitou ganhos genéticosacentuados que fizeram o Brasil ultrapassar os EstadosUnidos em produtividade por hectare e garantiu umsetor sementeiro nacional muito forte. O lado bomdessa experiência foi a oportunidade de contribuircom a empresa de outra maneira. O lado ruim é a faltade tempo para exercer minha profissão. Saí certo deque minha missão estava cumprida. Para retomar àsminhas atividades, senti necessidade de me atualizarnum pós-doutorado que fiz na Esalq, em Piracicaba/Sl;durante um ano:'

Flávio Moscardi1990 a 1995

"Asparcerias com empresas, como a que viabilizoua produção comercial do baculovirus, foram a grandeconquista da minha gestão. Nesse período,intensificaram-se os gestos para estabelecer acordospara desenvolvimento de novas cultivares. A EmbrapaSoja foi uma das unidades mais bem sucedidas nacaptação de recursos próprios que complementam asverbas do governo federal. Durante esse período, foiinstituído o programa internacional Promoagro, quepermitiu a captação de recursos para compra deequipamentos e rede de informática, entre outrasbenfeitorias" .

Caio Vidor1999 a 2003

Entre as realizações, na minha gestão, destaco ofato da Embrapa Soja, por dois anos consecutivos,ocupar a primeira posição no sistema de avaliação deunidades de pesquisa da Embrapa.A avaliação épromovida pela instituição, entre as 40 unidades depesquisa, com o objetivo de monitorar a execução dosplanos anuais de trabalho e incentivar a melhoria naqualidade das ações. Esse fato só foi alcançado peloesforço incansável dos três chefes adjuntos, dospesquisadores e de todo o pessoal de apoio. Nesseperíodo, também houve a contratação de empregados,a construção de novas obras a melhor ia na infra-estrutura da empresa. Boa parte de minha gestão foidedicada à negociação com os parceiros pararealização de contratos de colaboração técnica efinanceira, visando o desenvolvimento de cultivares.

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.•....•uo

V)Casagrande: sucesso do programa depende

do envolvimento dos empregados

aprendem profissãoPor intermédio do projeto Menor Aprendiz,Embrapa Soja oferece oportunidades de trabalhoa adolescentes de Londrina

Na ilha de edição da Área de Comunicaçãoempresarial da Embrapa Soja, ele aprende a operar osequipamentos do local, além de noções de cinegrafia."Quando sair daqui, quero fazer cursos e continuar naprofissão", planeja. Sobre a experiência de trabalharem uma grande empresa, ele comenta que aoportunidade mudou sua vida. "Passei a me dedicaraos estudos e ter mais responsabilidade. Depois quecomecei a trabalhar, fiquei mais preocupado com ofuturo", comentou.

O assistente de recursos humanos EmídioCasagrande é o coordenador do projeto na EmbrapaSoja, que começou a ser desenvolvido em 1996. Desdeentão, 26 adolescentes passaram pela empresa. ParaCasagrande, o sucesso do programa depende doenvolvimento dos empregados. "Os colegas ajudammuito, ensinam desde as tarefas a serem realizadas atéorientações sobre apresentação pessoal", comentou. Osaprendizes, por sua vez, dão o melhor de si para orendimento do trabalho. "Eles costumam contribuircom boas idéias:'

O estudante Júlio César Narciso da Silva, 17 anos,sonha em ser cinegrafista. Morador do Jardim Marabá,em Londrina, que integra a lista das comunidadesmais carentes da cidade, há dois anos ele nemimaginava que teria oportunidade de aprender essaprofissão. As portas se abriram quando, em 2002, orapaz foi selecionado para integrar o Projeto MenorAprendiz da Embrapa Soja. Realizado em parceria coma entidade filantrópica Núcleo Espírita Irmã Sheila, oprograma tem o objetivo de preparar adolescentescarentes para o mercado de trabalho. A ação faz partedo plano de responsabilidade social da empresa.

Júlio César, assim como outros dois menores queatualmente participam do Menor Aprendiz naEmbrapa, recebe um salário de R$ 320,00 e valesalimentação. "Fico com metade para mim e entrego oresto do dinheiro e os tíquetes para minha mãe",contou ele, que passou a colaborar com a renda dafamília formada pelos pais e outros dois irmãospequenos. Até então, a única fonte de rendimentos eraa aposentadoria do pai.

Jovens devemfreqüentar o

ensino regu r

Bosque é ll{J homenagemaos empregados da Emprapa SojaIniciativa visa despertar a atenção de empregados evisitantes para a importância de preservar espécies

Júlio César quer ser cinegrafista Homenagear de forma perene todos osempregados que trabalham ou já trabalharam naEmbrapa Soja é o objetivo do Bosque Verde Vivo,implantado na instituição em 2002. "Além dahomenagem, o bosque tem intenção de chamar aatenção de todos para o conhecimento das espéciesarbóreas e sua preservação. Quando as pessoaspassam a observar e conhecer mais sobre as árvores,estas são mais valorizadas", explicou o pesquisador

Antonio Garcia, coordenador do projeto. Ele lembrouque os seres vivos de maior longevidade estão entre asespécies arbóreas. "Como algumas árvores podemviver por séculos, a homenagem ficará para aposteridade", disse.

O bosque foi programado por uma comissãotécnica, mas com o envolvimento dos empregados daempresa, que foram convidados a fazer o plantio dasárvores que levam seus nomes. "Foram homenageados

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todos aqueles que trabalharam na Embrapa Soja pormais de dois anos, incluindo os aposentados e os jáfalecidos", revelou.

A área de um hectare recebeu 495 mudas de 139espécies, 120 delas sendo espécies nativas brasileiras.Grande parte das mudas foi doada pela EmbrapaFloresta, outras pela Prefeitura de Londrina e pelaUniversidade Estadual de Londrina (UEL). O bosqueestá próximo à sede administrativa da empresa. Asmudas foram plantadas com distância de 4,5 metrosentre elas, o que possibilita aos visitantes passear entreas árvores. "Aidéia é que o local se transforme emespaço de convivência", espera Garcia.

Além dos empregados, estagiários, visitantes comoestudantes, técnicos e produtores rurais são exemplosde públicos que freqüentam as dependências da

Bosque dos Empregadosinaugurado em 2003

empresa. "Um bosque dessa natureza tem funçãoeducativa, pois permite a demonstração de um grandenúmero de espécies de árvores nativas brasileiras.

Outro aspecto que merece ser valorizado é ocaráter ambiental, por instruir sobre a possibilidade dereflorestar com espécies nativas, e constituir um futurobanco de sementes de um grande número de espécies,facilitando o acesso aos coletores interessados",considerou.Algumas árvores ainda estão pequenas,enquanto algumas espécies de crescimento rápido jáatingiram mais de quatro metros de altura.

Atualmente, cada árvore está identificada por umnúmero correspondente ao nome do empregadohomenageado. "Já providenciamos uma placa com alista dos nomes das árvores e dos empregados naentrada do bosque", contou.

Garcia no bosque queconcentra 495 mudas

Maioriadas espéciesé nativa

Page 36: ÍNDICE - Embrapa · decadência do café no mercado internacional, foram decisivas na escolha da cidade como sede do Centro Nacional de Pesquisa da Soja (atualmente Embrapa Soja),

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