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Navegando pelo sertão

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Navegando pelo sertão

Navegando pelo sertão

Guia de visitas à videoinstalação Sertão: casa de imagem, que integra o documentário www.sertoes.art.br

O ano de 2006 marcou meio século da

publicação de Grande sertão: veredas,

romance que consagrou Guimarães Rosa

e seu relato da guerra entre bandos de

jagunços no sertão de Minas.

O que aconteceu na região nesses cin-

qüenta anos?

Essa pergunta foi o ponto de partida do

projeto www.sertoes.art.br, que atua liza

informações sobre o noroeste do Es-

tado. Para responder a ela, visitamos a

história já contada em livros e fi lmes e

ouvimos aqueles que participam da his-

tória contemporânea.

Encontramos um sertão bem diferen te

daquele retratado por Rosa. Um sertão

em tempos de globalização que traz

muitas questões para nós, brasileiros

dos anos 2000. O documentário busca

estimular a refl exão e a geração de res-

postas para os problemas atuais.

Este guia foi criado para facilitar o acesso

à videoinstalação e ao site, funcionando

como bússola de navegação pelo sertão

de ontem e de hoje. Apresentamos o

conteúdo produzido na primeira fase do

projeto, ressaltando tratar-se de uma obra

aberta a receber novas contribuições.

Tanto a videoinstalação quanto o site

são formados por partes que se conec-

tam entre si de acordo com o tema.

Para navegar na internet, basta acessar

a página deste guia no site do projeto –

www.sertoes.art.br/guia – e clicar nos

links em destaque. Para navegar pela

videoinstalação, este guia pode ser de

grande utilidade para situar o navegan-

te em relação ao todo. Guarde os no-

mes das seções e suas abreviações:

• Grandes Histórias (GH): panorama

da região, dos primórdios aos dias

atuais, dividido em 8 blocos.

• Outras Histórias (OH): aprofunda os

temas apresentados em GH e aborda

novos temas, em 12 capítulos.

• Videocrônicas (VC): abordagem

poé tica da paisagem e do cotidiano

serta nejos em 17 peças de 1 minuto

cada.

• Cidades (C): informações sobre 16

mu nicípios visitados pelo projeto até

o momento.

• Cadernos de Viagem (CV): informa-

ções sobre obras e autores de referên-

cia para o sertão mineiro.

A todos uma ótima navegação!

Equipe do Ateliê Ciclope

Abril de 2007

Sertão como espaço geográfi co

A primeira concepção da palavra “sertão”

é geográfi ca: é a defi nição de um lugar no

mapa do país. Quais as características fí-

sicas desse lugar, no caso o sertão minei-

ro? Descubra visitando GH > Terra e OH >

Sertão vivo.

Sobre o potencial ecológico da região,

navegue em OH > Quatro vozes sertane-

jas > Rômu lo de Melo.

Visite também a seção de videocrônicas,

várias delas com imagens da fl ora e da

fauna sertanejas.

Sertão como espaço histórico

Poucos historiadores brasileiros se dedi-

caram ao tema do sertão como o cea-

rense Capistrano de Abreu, pioneiro na

valorização do interior como espaço de

nascimento do homem brasileiro: longe

dos interesses e dos valores da Corte,

insta lada no litoral.

Conheça as idéias de Capistrano navegan-

do em CV > Capistrano.

Conheça o lugar que a obra ocupa entre

outras interpretações do Brasil assistindo

à entrevista em CV > J.C. Reis.

Memória do sertão mineiro

Tempo dos vaqueiros e coronelismo

A ocupação do norte e noroeste de Minas

foi estreitamente ligada à criação de gado,

como também à descoberta das minas de

ouro na região. Conheça essa história em

GH > Gado.

Ouça o relato de vaqueiros que viveram a

época em OH > Memória do campo > Anto-

nino da Glória.

Conheça algumas das rotas do gado em

OH > Memória da cidade > José Henri-

que Brandão.

Tempo das embarcações e da pesca farta

O rio São Francisco, espinha dorsal da re-

gião, desempenhou, durante muito tem-

po, função de grande importância como

hidrovia, além de fonte de alimento para

as comunidades ribeirinhas.

Para conhecer essa história, visite GH > Va-

pores (parte 2) e GH > Rio.

Ouça relatos de quem vivenciou a épo ca

de ouro das embarcações em OH > Seres

do rio, bloco “Januária e a época dos va-

pores”; OH > Quatro vozes sertanejas >

Antônio de Barros e OH > Quatro vozes

sertanejas > Valdir Atanásio de Jesus.

Tempo da Central do Brasil

O século 20 começa com a chegada do

trem à região, estimulando o desenvol-

vimento de diversos núcleos urbanos, até

deixar de receber investimento do governo.

Conheça a história da Central do Brasil na

região em GH > Vapores.

Ouça relato sobre o impacto da ferrovia

em Bocaiúva em OH > Memória da cida-

de > José Henrique Brandão.

O sertão e o ímpeto desenvolvimentista

Indústria e urbanização

A instalação da fábrica de tecidos Cedro-

Cachoeira no sertão, ainda no século 19,

impulsionou o desenvolvimento de dois

municípios e deu origem a um terceiro.

Conheça a história da fábrica em OH >

Pioneirismo.

Conheça a história das cidades a ela rela-

cionadas em C > Curvelo e C > Paraopeba

& Caetanópolis.

Construção de Brasília e Três Marias

Brasília e a represa de Três Marias, obras de

Juscelino Kubitschek, causaram grande

impacto no sertão mineiro.

Veja em GH > Represa, C > Três Marias

e OH > Agronegócio > Wander Cordeiro

(“Paracatu antes de Brasília”).

Veja fotografi as e assista a fi lmes da épo-

ca da construção de Brasília em CV > o

nascimento de Brasília.

Sobre a concepção de cidade planeja da,

veja CV > Sérgio da Mata (“Brasília e seu

mito”).

Anos da ditadura militar

O ímpeto desenvolvimentista do governo

JK continuou durante a ditadura militar,

numa época em que a natureza era consi-

derada fonte inesgotável de recursos.

Sobre essa época, navegue em GH > Re-

presa (partes 3 e 4).

Sobre a relação entre coronelismo e o

golpe de 64, veja depoimento de produ-

tor rural em OH > Memória da cidade >

Edilberto Balsamão.

Grandes indústrias e questão agrária

Siderurgia e indústria fl orestal

Das antigas carvoarias à instalação da in-

dústria do eucalipto a partir da década de

1960, o sertão acabou se transformando

em lugar preferencial para a produção de

carvão.

Sobre o impacto das carvoarias clandes-

tinas e das siderúrgicas em Pirapora e Vár-

zea da Palma, navegue em GH > Repre sa

(parte 4) e GH > Sertão (parte 2).

Sobre a indústria fl orestal hoje, ouça de-

poi mento de trabalhadores em OH >

Indús tria fl orestal > Helder Bo log na ni An-

drade e OH > Indús tria fl orestal > Nivaldo

da Cruz.

Agronegócio e Projeto Jaíba

O sertão como riqueza: essa é a concep-

ção que vigora hoje no setor produtivo.

Transnacionais da agricultura atuam ao lado

de propostas como a do Projeto Jaí ba,

que tem levado para a região profi ssio-

nais de vários estados e países.

Sobre agronegócio, veja trechos em GH

> Mar (partes 6 a 8), GH > Sertão (parte 1) e

OH > Agronegócio. Sobre o Projeto Jaíba,

veja entrevistas em OH > Projeto Jaíba.

A luta pela terra

Com a transferência da terra das mãos dos

coronéis para as grandes corpora ções, o

homem do campo continuou sem lugar.

Muitos perpetuam o chamado “êxodo

rural”, migrando para as cidades, enquan-

to outros abraçam a luta dos sem-terra.

Conheça um assentamento do MST na

região em OH > A questão agrária, e um

acampamento de sem-terra em GH > Sertão

(parte 3) e OH > A questão agrária.

Comunidades sertanejas

Comunidade negra da Pontinha

A existência de uma comunidade negra

no sertão é fato incomum, considerando-

se que a presença do africano foi mais for-

te no litoral e na região das minas.

Conheça um pouco da história da Ponti-

nha contada por uma moradora navegan-

do em OH > Comunidade negra.

Comunidade rural de Angico

A comunidade rural de Angico abriga pou-

cas famílias, que vivem de forma bastante

próxima à de seus antepassados.

Conheça relatos de moradores sobre a

vida do lugar e a atividade extrativista

que prati camente sustenta a comunida-

de (constituindo um dos desafi os para o

desenvolvi mento sustentável da região)

em OH > Economia do minhocuçu > dona

Eva e Marcelo Antonio.

Índios do sertão

O sertão mineiro nunca foi um deserto,

nem em termos geográfi cos, nem popu-

lacionais: diversas tribos originárias do in-

terior, como os Xacriabá, vivem ali ainda

hoje, disputando terras com fazendeiros

e empresas.

Para conhecer um pouco da história do

povo Xacriabá na região, visite OH > Ser-

tão vivo e sites de referência ali recomen-

dados.

Sertão como acontecimento histórico-literário

Sertão emblemático: Canudos

A Guerra de Canudos, massacre da comu-

nidade de Antônio Conselheiro no sertão

baiano a mando do governo republicano,

é emblemática dos embates entre o mun-

do “civilizado” do português no litoral e o

mundo “bárbaro” do homem do interior.

Mas o que é “civilização” e o que é “bar-

bárie”?

Para refl etir sobre essas questões, assista

à entrevista com o historiador Sérgio da

Mata em CV > Sérgio da Mata, em espe-

cial “A cidade racional e a selvagem”.

Para uma introdução sobre Euclides da

Cunha e sua obra Os sertões, resul tado

da cobertura jornalística que o escritor

realizou da Guerra de Canudos, navegue

em CV > Euclides.

Sertão redescoberto: Guimarães Rosa

Como no relato documental de Euclides

sobre a Guerra de Canudos no sertão

baiano, o relato fi ccional de Rosa sobre

a guerra de jagunços no sertão mineiro

revela a fratura entre dois “brasis”: o do

litoral e o do sertão; da civilização euro-

péia e da cultura “primitiva”; do povo e

das elites.

Sobre a “fratura”, ouça a historiadora

Heloísa Starling em CV > Guimarães >

O Sertão é o Mundo > País de Rosa. E o

professor Willi Bolle em CV > Willi Bolle >

Euclides, Guimarães e os discursos sobre

o Brasil.

Ouça ainda relatos reais de “jagunçagem”

em OH > Memória do campo > Antonino

da Glória e OH > Quatro vozes sertanejas

> Antônio de Barros.

Sertão como linguagem

A palavra “sertão” remete também a per-

cepções abstratas, muito trabalhadas por

Guimarães Rosa e outros que se dedicaram

ao tema.

Para saber mais sobre esse “sertão sim-

bólico”, veja entrevista com historiador

em CV > Sérgio da Mata.

Ouça também o professor Antônio Cândi-

do em CV > O Sertão é o Mundo.

Sertão versus cidade

“Sertão” e “cidade” são palavras que

em geral designam espaços antagônicos.

Serão mesmo?

Entenda essa relação assistindo ao docu-

mentário nos trechos GH > Cidade, que

introduz o tema; GH > Sertão (partes 2

e 3) e GH > Rio, que abordam os efeitos

perversos, em termos sociais, econômicos

e ambientais, da globalização no sertão

mineiro; e GH > Mar (parte 2), que aborda

o impacto da cultura urbana na vida do

sertanejo.

Para aprofundar a refl exão, veja CV > Sérgio

da Mata, “O sertão e a cidade” e “A cidade

racional e a selvagem”.

O contraponto entre sertão e cidade sur-

ge em todas as entrevistas. Destacamos

o tema na voz dos sertanejos em: OH >

Quatro vozes sertanejas (Carlos Rocha e

Valdir Atanásio de Jesus) e GH > Mar (partes

4 e 5 – Lafaiete Gonçalves de Macedo e

José Tavares Miranda).

Conheça ainda a história das cidades

por onde o projeto passou navegando

em Cidades.

Navegando pelo sertão

Edição de tópicos e redação

Luciana Tonelli / Ateliê Ciclope de Arte e

Publicações em Meio Digital

Produção editorial

Editora Peirópolis

Ilustração da capa

Alexandre Fiuza

Mais informações sobre o projeto no site

www.sertoes.art.br, em Fontes e Impren-

sa. Para conhecer outros projetos da Ci-

clope, visite: www.cidadeshistoricas.art.

br e www.ciclope.art.br

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