nascimento_ erinaldo_mudanças nos nomes da arte na educação

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Tese de doutorado

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INTRODUOEmbora tenha comoleitores|as implcitos|as alunos|as dos cursos deformao, especialmente, os de Licenciatura, no nvel superior, e profissionais que trabalham com a arte na educao1 nas diversas instituies educacionais e culturais, nos diversos nveis de ensino, este estudo pode ser til para provocar reflexes e curiosidades investiativas nos|as leitores|as dos diversos campos do saber! " an#lise sobre denominaes e correspondentes mudanas discursivas e educacionais, associada $ problemati%ao te&rica e hist&rica das construes sociais'de inf(ncia, ensino e de bomsu)eito docente, materiali%ados na produo artstica e em textos de refer*ncia publicados no +rasil, podem ser, facilmente, transpostos para outras modalidades de atuao profissional! ,ica, ento, umconvite$leituracrticaeavaliativadotrabalhocompleto! -aminhaparte, ficaa curiosidade sobre o uso e apropriaes que podero ser feitas!!!. sistema artstico e educacional / interado por v#rios elementos 0o produtor, oc&dio, oreceptor, oproduto, ocontextodeproduoederecepo1, articuladose interdependentes, formando um todo complexo que pode ser compreendido e analisado por diversas vias de acesso! 2a dissertao de mestrado, investiuei o uso e aplicao do vdeo no ensino das "rtes 3isuais, cu)a mdia era recebida e interpretada pelos4as professores4as e alunos4as, como su)eitos produtores e receptores4as da produo audiovisual, nas instituies escolares 02"5678E29., 1:::1;! "ora, semque isso sinifique uma anttese, uma ve% que / possvel adentrar por qualquer dos componentes desse sistema, esta 1" desinao arte na educao/ usada, em eral, para nomear o campo de saber! < uma estrat/ia para evitar a citao das denominaes analisadas nesta investiao! '. termo construo social pode ser entendido como uma representao coletiva confiurada a partir de lutas, de relaes de foras, de mudanas no equilbrio nas relaes de poder, nas estrat/ias de dominao destinadasafa%ertriunfarformasdeclassificaodosrupossociaisqueaspiramaheemoniasocial e poltica! ,alar emconstruosocial sinificareconhecer, comoassevera=op>e?it%01::@, p! 1AB1, que, emboraocorramCcoisasDnomundo, Cas pr#ticas linEsticasdoscamposdisciplinares envolvemcertas reras de expresso e censura dosinificado que atuampor interm/dio de sinos e de sistemas de sinificaoD! 2essa relao, as CcoisasD domundosoreFfeitas comodados que sointerpretados e explicados! 2o se trata, nunca, de um raciocnio CpuroD sobre o mundo, mas de interpretaes reuladas porrelaes sociais e de poder!; " orientao foi da =rofa! -ra! "na 8ari%a ,ilipous>i e a coForientao foi da =rofa! -ra! ElianG "lvarena de "ra)o!1investiaoest#centradanarelaodiscursivadesencadeadapelossu)eitosautoresou especialistas@, cu)os enunciados esto materiali%ados, principalmente, em textos escritos!3#rios motivos impulsionaramaeleer esses discursos, commaterialidade fsica, que fundamentaram e v*m fundamentando a arte na educao, mote desta tese! " condio de professorFleitor, de usu#rio informacional que, contraditoriamente, / invadido por questionamentos eperuntasdesencadeadoras deresist*nciae, comfreqE*ncia, se percebe repetindo enunciados e aindo em sala de aula em conformidade com o que foi prescrito por outros|as, foi um dos principais! "o reconhecer a sub)etivao processada na interaocomostextos, /possvel evocar oditode8#rioHuintanaemumdeseus poemasI Clivros no mudam o mundo, quem muda o mundo so as pessoas! .s livros s& mudam as pessoasD! " proposta deste estudo est# liada, ento, $ con)untura sub)etiva e normali%ante empreendida na relao comuma maquinaria liter#ria que embasa e fundamentaaartenaeducao! ,oiseconstruindoemmeioacrises, quemelevaram, v#rias ve%es, a me repensar, me ver de fora, olhar com estranhe%a para as diferentes facetas daminhavida! Emalumas delas at/pensei emdesistir detudo! ,eli%mente, oque preponderou foi o dese)o de viver intensamente, de conhecer e distinuir o que querem que eu se)a, daquilo que, efetivamente,eu posso ser! . processo de construo deste estudo valepelasmutaesprovocadasnaminhavida, pelasinteressantespessoascomquem convivi e troquei id/ias, pelos luares que trilhei e por ter inoculado um profundo dese)o de viver e de me conhecer! " redao F porque tem que ser produ%ida dentro de um pra%o pr/FdeterminadoFnemsempreacompanhaadin(micadopensamentoedasmutaes estabelecidas no meu modo de ver, di%er, air e fa%er! =or tudo o que me aconteceu,e lembrando o que, certa ve%, disse Lutero, em 1B'1, perante seus inquiridores, afirmoI CeisFme aquiJ no pude fa%er de outra maneiraD!"l/m do reconhecimento de mutaes sub)etivas processadas na interao com os textos, asmudanas dos fundamentos conceituais na educao em "rtes 3isuaist*m sido, atualmente, uma tKnica predominante no discurso dos4as investiadores4as e educadores4as de diversos pases! 2a abertura do curso de doutorado na Lniversidade de +arcelona 0Espanha1, em 'MM; F do qual tive o privil/io de participar como pesquisador @.s especialistas foram institucionali%ados com os avanos tecnol&icos da cultura, da profissionali%ao das funes intelectuais edamoderni%aodas instituies educacionais eculturais, cu)os dispositivos contriburampara a produointelectual relativamente autKnoma, fomentandooaparecimentode uma Ccultura do discurso crticoD 0N.LL-2EO citado por -P"Q, 1::B, p! ;@;1!2visitante, noperodode)unhoade%embrode'MM;R,ernandoSern#nde%, emtexto denominadoLainvestigacinsobrelaculturavisual:unapropuestapararepensarla educacin de las Artes Visuales, fala da necessidade de repensar e fundamentar 0de forma retrospectiva e prospectiva1 a finalidade da educao em "rtes 3isuais, aspecto que foi detectado em diferentes publicaesB e em recentes eventosT! 2o +rasil, o livro de Sern#nde% 0'MMM1, intitulado CCultura visual, mudana educativa e projeto de trabalho e a colet(nea orani%ada por +arbosa 0'MM'1, denominada CInuieta!esemudanasnoensinodaarte,tratam, principalmente, comoosttulos deixam claro, de mudanas nos fundamentos da arte na educao! Enfocam as mutaes discursivas e endossam a emer*ncia de novos conceitos e temas, al/m de enfati%arem as mudanas nos nomes dessa disciplina curricular, como indicadoras de alteraes discursivas e educacionais!8otivado, tamb/m, pelamesmainquietaoenecessidadede0re1pensar os fundamentos daarte naeducao, esteestudopropeFseaanalisar F reconhecendoa mudanacomoumatributodapr&priacondiodepossibilidadedodiscursoFo)oo inventivo das denominaes e suas respectivas implicaes discursivas e educacionais!Lmamudananoocorreporacasoouporquealu/m, simplesmente, tenha resolvido alterar o rumo da sua vida ou da sua #rea de atuao profissional! Lma mudana nosinifica, to somente continuidades, masaponta, tamb/m,paradescontinuidadese rupturasA!8udanassolentas, coletivasecon)unturais!.corremporqueCumacultura deixadepensarcomofi%eraat/entoesepeapensaroutracoisaedeoutromodoU 0,.L6"LL9, 1::'a, p! TB1!5emresistir aoecletismo, /possvel explicar amudanaapartir deoutro enfoque! 2essa direo, os enunciados de =aulo ,reire corroboram com tal prop&sito!!!B2oqueserefere$spublicaes, Sern#nde%ressalta, naEspanha, em'MM', asrevistasCuadernosde "edagog#a 0;1'1, Aula de Innovacin 011T1, $evista de %ducacin 0;'V1 e "erspectiva %scolar 0novembro1, as quais discutem pro)etos que se movem na esfera deste CrepensarD! 2os outros pases, destaca os peri&dicos &tudies o' Art %ducation 0diversos nmeros publicados em 'MM' e o nmero ; 0@@1 de 'MM;1, "rt Education 0maio, 'MM'J maro, 'MM;1 e o Wournal of "rt X -esin Education, publicado em '1 de )aneiro de 'MM;!T Sern#nde% aponta, como exemplo, as apresentaes e debates do ltimo 6onresso 8undial da 5ociedade 7nternacional de Educao atrav/s da "rte 0725E"1, ocorrido no m*s de aosto de 'MM', em 2ova Yor>! A 6oncordando com o raciocnio adotado por 2#der 0'MM@1, a distino entre descontinuidade e ruptura / que a ruptura interrompe uma continuidade pr/Fexistente e provavelmente ser# sucedida por uma nova continuidadeJ no caso da descontinuidade, nada pode ser afirmado a respeito da situao precedente e muito menos inferido sobre o est#io vindouro!3!!!uma /poca se reali%a na mesma proporo em que seus temas so captados e suastarefasreali%adas! Lma/pocaest#superadaquandoseustemasesuas tarefas no respondem $s novas necessidades que vo surindo! Oealmente, o que caracteri%a a passaem de uma /poca para a outra / o fato de que aparecem novos valores que se opem aos de ontem 0,OE7OE, 1:VM, p ;:1!6omo se pretende evidenciar ao lono da reflexo, uma mudana nos temas, tarefas e saberes de uma /poca no sinifica erro, tampouco os que as sucedem so acertos! 2osetratademaniquesmohist&rico, mas decompreender quecada/pocaformula discursosenormati%aescorrelatascomseusvaloreseproblemas, queumamudana relacionaFsecomacondicionalidadedovisvel edi%vel decadamomento! 5inifica, ainda,que nomes e pro)etos educativos em cada /poca so modalidades de construes sociais estabelecidas e submetidas pelas relaes de poder e de saber!=ara falar da import(ncia e da necessidade de pesquisar historicamente sobre mudanas nos nomes da arte na educao, / possvel partir de um ritual s&cioFcultural bem corriqueiro! .s nomes assumidos como nossos so, em eral, atribudos de comum acordo ou por imposio de outros4as! S#, em todo caso, uma narrativa que explica o motivo pelo qual os recebemos eintro)etamos! Estefato, inclusive, reforaounoasinificao sub)etiva que lhes atribumos! 8esmo quando / inventado por outros|as, n&s nos damos nossos nomes! ExplicoI os nomes assumidos como nossos podem ser os mesmos atribudos por outros|as ou os que inventamos para substituFlos, se)a por ra%es de constranimento ou de busca de reconhecimento social ou profissional! Huer tenham sido inventados por outros|as ou por n&s mesmos, o que tem sentido e sinificao / o nome que assumimos e intro)etamos!"ssociados ao sobrenome, os nomes representam, em eral, a manuteno ou 0re1afirmao de uma tradio familiar e|ou do prestio intelectual, econKmico, poltico e social! Huer tenhasidoimposta, acatadaou0re1inventada, aadoodeumnomeest# imbricada com processos de sub)etivao e relaes de poder!7ssoficamuitoevidente, inclusive, quandoseatentaparaosinificadoda palavra nome! 6onforme o dicion#rio "ur/lio 0,EOOE7O", 1:VV1, o termo tem conotaes sub)etivas, porque serve para Cdesinar alo ou alu/mD ou para exprimir uma Cqualidade caracterstica ou descritivaD! Oemete $s relaes de poder porque, tamb/m, est# associado com a noo de CfamaD, CreputaoD, ClinhaemD, CfamliaD, CnotabilidadeD, CconhecimentoD, Cautori%aoD! 4,a%endo uma analoia com a inveno de denominaes atribudas e acolhidas, por imposio ou por consentimento, a um campo disciplinar, tal modo de proceder, da mesma forma que ocorre com os nomes que intro)etamos, est# implicado com mecanismos de sub)etivao e de normali%ao social e cultural! =ara no haver redund(ncia com o que )# foi dito e escrito, conv/m reforar a arumentao recorrendo ao pensamento de autores|as que v*m estudando e analisando a arte na educao!Sern#nde% 0'MMM, p! TT, T:1 ressalta, por exemplo, que as mudanas nos nomes conferidos e intro)etados pelos|as que fa%em a arte na educao no so casuais, nem meras mudanas de r&tulo, mas indicamCviradas no discursoD! Oespondema formas de compreenso, ordenao e interpretao da realidade! "s denominaes demarcama confiurao da reulao social e a orientao educacional 0finalidade educativa e tipo de indivduoede valores1 mediadorasdecadapropostacurricular! 6ompreender arelao entre as mudanas de denominao, as pr#ticas escolares e as concepes sociais que lhe servem de embasamento / condio essencial para qualquer docente e demais interessados pelaeducaoescolar! 9al enfoquepermitevisuali%ar oscomponentesideol&icosque uiamas decises curriculares, suas pr&prias concepes e aes da sala de aula! Sern#nde% convida o|a leitor|a do seu texto no +rasil a reali%ar uma ordenao hist&rica levando em conta as evid*ncias apresentadas, principalmente, pelos nomes que a arte na educao vem recebendo ao lono do tempo! " proposio desta pesquisa /, explicitamente, uma resposta afirmativa ao seu convite!2a mesma linha de raciocnio, o texto de ,rane 0'MM'1 ressalta que as denominaesconferidas$artenaeducao, aolonodotempo, nopas, refletirame refletem questes e atitudes filos&ficas e metodol&icas! 8artins 0'MM', p! B'1, na mesma colet(nea, di% incisivamenteI Cas terminoloias desvelam escolhas conceituais que definem tra)et&rias metodol&icasD! 7sso corrobora o que, antes, tinham afirmado ,usari e ,erra% 01::', p! 1B1I as ra%es epistemol&icas e concepes te&ricas distinuem cada nomenclatura! =ara essas autoras, as terminoloias compartilham, apenas, a finalidade de empreender a defesa da arte dentro do sistema educacional! "pesar do reconhecimento un(nime de que as mudanas de denominao so indicadoras de alteraes discursivas e educacionais, h# car*ncia de estudos que analisem, especificamente, tais relaes! Em resposta a essa lacuna, o presente trabalho propeFse a 5construir uma narrativa hist&rica que analisa o )oo de invenes e mutaes nominativas relacionadas com a arte na educao em diferentes momentos da educao brasileiraV!" pretenso de focar a an#lise nas construes sociais de inf(ncia, ensino e bom su)eito docente constitui uma estrat/ia para dar maior visibilidade $s mutaes discursivas eeducacionais estabelecidas navi*ncia das denominaes daartenaeducao! 5o conceitos basilares da interveno educacional em qualquer /poca! 2o me refiro, apenas, $s afirmaes cate&ricas e literais! =enso em uma articulao de enunciados que lanam vestios sobre o que se deve, idealisticamente, di%er, ver, air e fa%er para for)ar su)eitos em conformidade com um pro)eto poltico, social e cultural viente!Essaatitudeapontaumprop&sitocomplementarparaestetrabalhoI analisar, historicamente, em diferentes momentos da educao brasileira, tomando as denominaes comorefer*nciahist&ricoFdiscursiva, diferentestextosescritos eproduesvisuaisque pro)etam, sub)etivamenteesocialmente, asconstruessociaisdeinf(ncia, ensinoede bom su)eito docente em relao $ arte na educao escolar!9al prop&sitoest#fundamentadonaimport(nciaquevemsendoconferida$ formulao de investiaes que problemati%em as formas sutis e invisveis atrav/s das quais se est# exercendo, atualmente, o poder na constituio da sub)etividade! 7nvestiaes que se debruam, historicamente, sobre as mutaes nas construes sociais contribuem para a compreenso crtica desse poder, em suas formas atuais de overnabilidade 0,E2-LEO, 'MMM, p! AA1!"l/mdisso, considero importante umestudo que ponha de manifesto as instiaes recebidas, como professores|as, para valori%ar e enaltecer e, simultaneamente, convites paraoesquecimento! 2aproblemati%aopendular entrelembrareesuecer tornarFseF#possvel refletir sobreacondiodepossibilidadedaviv*nciaeducativae sub)etiva no contexto atual!VHuando se fala em Cconstruo de uma narrativa hist&ricaD, temFse em mente a noo de metahist&ria de SaGden Zhite 0'MM;1! =ara ele, a produo de textos hist&ricos emprea os mesmos mecanismos arumentativos da fico! Esse autor nos mostra que, apesar de o relato hist&rico levar em considerao fatos eevid*nciasconcretas, ainterpretao/diversificada, pressupeimainao! 9rataFsedeumaoperao essencialmente discursiva, um produto do discurso e da discursivi%ao, cu)a finalidade b#sica / colaborarpara a liberao do presente! 7sso implica di%er que as narrativas hist&ricas podem ser vistas como Cfices verbais cu)os contedos so tanto inventadoscomoencontradose cu)as formas t*m mais em comum com suas hom&loas na literatura do que com as das ci*nciasD!2arrativas hist&ricas so, em suma, tanto para quem as transmite oralmente ou as escreve quanto para quem as ouve ou l*, alimentadas pela imainao e pela apropriao de arumentos extrados da tradio cultural!6.utro motivo pelo qual / interessante analisar as mudanas da arte na educao a partir dos nomes que a disciplina e os seus respectivos profissionais v*m recebendo e se CautoFnomeandoDnodecorrerdotempo, nocontextobrasileiro, refereFse$tentativade detectar uma din(mica mutacional interna, semdepend*ncia de estruturas CmacroFhist&ricasD ou de outras #reas de conhecimento! "s mutaes da arte na educao nem sempre coincidem com as de outras #reas edisciplinas, mesmoasqueembasamotrabalhoeducacional, oucomalunsrecortes polticos e sociais!Estabelecer uma an#lise hist&rica da arte na educao,respeitando a din(mica interna da #rea, / uma maneira de contribuir para evidenciar suas especificidades! =ara aluns autores, essa modalidade de an#lise / importante porque a)uda a compreender que!!!!!!!" hist&ria do ensino de "rte tem sua pr&pria din(mica interna, sua pr&pria l&ica, e portanto outros tipos de hist&riasJ outros acontecimentos extrnsecos ao ensino e aprendi%aem das artes visuais nem sempre a afetam de maneira decisiva! atierG'_hotmail!com` em 'A!11!'MM;!7Estainvestiaoempreende, ento, umaan#lisehist&ricadasmutaesnas representaes de inf(ncia, ensino e bom su)eito docente, detect#veis na produo artstica eemtextosacad*micos1Meoficiais11, reistradosemdiferentesmomentosdaeducao brasileira! Huando se fala em textos escritos, em discursos que t*m materialidade fsica, / importante deixar claro que no serve qualquer um! Este estudo analisa, principalmente, aluns textos que circularam ou v*m circulando na vi*ncia das denominaes da arte na educao! Eles apresentam, na ntera ou em parte, os seuintes aspectosIa1 persist(ncia R seus enunciados vioram por um tempo relativamente lonoJb1 consist(ncia R so textos fundamentados em s&lidas e convincentes bases conceituaisJc1 coadun)ncia R esto em conson(ncia com a racionalidade1' difundida pela denominao da arte na educao vienteJc1repercussoeducacionalRcorroboram, diretaouindiretamente, paraafundaode instituies educacionais, para a formulao de pro)etos curriculares, para ordenar e aprofundar maneiras de ensinar em diversas partes do pasJ d1 insist(ncia presencial ou introjeo cultural R a despeito de terem circulado no passado, suas suposies esto sutilmente infiltradas, )unto com outras, no presenteJe1'undantesR a)udam a promover mutaes na visibilidade e di%ibilidade educacional e fomentam, porconseuinte, aatuaodeaentesdifusoresereprodutoresdodiscurso peda&ico 1;Jf1 destinao educacional popular R esto direcionadas $ formao educacional e cultural da maioria da populao brasileiraJ1integralidadeRfornecemindicaesparaarticularumaseqE*nciacoerenteequese presume CcompletaD de intervenes da arte na educaoJ 1M.s textos acad*micos soos reistros que t*mautoria explcita, os elaborados por aqueles|as que conquistaram prestio intelectual e por isso mesmo contam, na maioria dos casos, com o aparato da edio e distribuio comercial! 5o aqueles cu)a interveno sub)etiva ocorre, em eral, pela vontade do|a leitor|a de semanterconectadocomocampointelectual daartenaeducao! Lmcampointelectual daeducao, conforme -a% 01::B, p! ;;;F@1, / um cen#rio de lutas internas pela heemonia de rupos intelectuais, que punam pelo controle das posies e orientaes discursivas, e de afirmao ou enfrentamento em relao ao campo poltico! " met#fora espacial de campo / uma noo desenvolvida por ,oucault e +ourdieu, e que foi aplicada e esmiuada por +ernstein!11.stextosoficiaissoosprovenientesdos&rosovernamentais! 5o, emeral, osformuladospor Ccomisses de especialistasD, e s& sabemos quem as interou pela ficha t/cnica, situao que confere uma conotaodeanonimato! 6aracteri%aFse, substancialmente, peladescolocaoerecolocaodediscursos especficos! 5otextos, confiurados emleislaes, pareceres, par(metros normativos queincorporam ob)etivos, temas, conceitos, enunciados, estrat/ias e ob)etivos polticos definidos 0-P"Q, 1::B, p! ;B:1! 5o,na maioria dos casos, textos conhecidos por coero do &ro estor, cu)a interveno sub)etiva se d# pela obriatoriedade!1'Oacionalidade/entendida, aqui, nosmesmostermosdefinidosporSern#nde%0'MMM, p!@;1, comoum Ccon)untodearumentos eevid*nciasqueservemparasustentar umestadodeopinioqueavalieuma reforma ou uma inovao na educaoD!1;5euindo o mesmo raciocnio de "lbuquerque Wr! 01::T, p! '@1, quando se fala Cna emer*ncia de uma novavisibilidadeedi%ibilidade, falamosdaemer*nciadenovosconceitos, novostemas, novosob)etos, fiuras, imaens, que permitem ver e falar de forma diferenciada da forma como se via e di%ia o sublunar, anteriormenteD!8h1 di'uso de re'er(ncia nominativa R circulam na vi*ncia de uma denominao da arte na educao, podendo, inclusive, )ustificar e leitimar sua emer*ncia ou substituioJi1 &uporte editorialnacionalR contam com um aparato da edio e distribuio, se)a em (mbito comercial ou overnamental, no contexto brasileiro!.estabelecimentodessescrit/rios, associadoaofatodequesetratadeum estudo explorat&rio1@e de uma sntese hist&rica, confirmam, previamente, a exist*ncia de lacunas! " antecipao da incompletude da narrativa F desencadeada pelos obst#culos de acessoedisponibilidadedasfontes biblior#ficas, peladelimitaonoplane)amentoe execuo da investiao, exiidas pelas restries de ordem temporal, estabelecidas pelos procedimentos de limitao externos e internos do discurso e desencadeadas pela pr&pria din(micadoprocessodeproduodoconhecimentoedaspublicaesFdistinueeste estudo do que nunca pretendeu ser, um tratado ou uma enciclop/dia!Embora tente, do ponto de vista da an#lise sobre a arte na educao, selecionar fontes biblior#ficas e documentais pouco exploradas, / inevit#vel, contudo, pelos prop&sitos da investiao, o uso de alumas )# bem conhecidas! 7sso ocorre porque, al/m de procurar evitar a reproduo de chaves e clich*s, o crit/rio principal para a seleo dos textos no / a explorao in/dita das fontes, mas a contribuio que deram e v*m dando para a efetivao de mutaes discursivas e educacionais!.processo de elaborao deste trabalho representa uma oportunidade de problemati%arede tornarvisveis estrat/iassub)etivantes dosdiscursos reistradosem textos acad*micos eoficiais, quefi%erameaindafa%empensar, falar eair deuma determinada maneira e no de outra!9rataFse, nesse caso, de estudar o discurso no s& comoumaCinstituiosocial, mas tamb/mcomoumsistemadeaoentremltiplas foras, afetadas pelo sistema de relaes sociais! < estudar as tenses que surem entre os rupos de intelectuais, acad*micos e profissionais, em aluns casos, e pela heemonia, o status, e o poder em outrosD 0-P"Q, 1::B, p! ;;;1!Este estudo analisa,em suma,como a produo visual e escrita fixam o que deveser ditoefeitoeducacionalmentenavi*nciadas denominaesartes eo'#ciosJ ensino do desenhoJeducao pela arteJtrabalhos manuais*artes aplicadasJartes industriaisJeducao art#sticaJarte+educao eensino de arte,7nvertendo a ordem, fa% uma concisa an#lise hist&rica sobre o que querem que ve)amos, faamos e diamos e, por 1@2a condio de estudo explorat&rio, no lidamos, obviamente, nem com vari#veis, nem com hip&teses a comprovar! "respeitodarelatividadedaaplicaodehip&tesesnoprocessoinvestiativoeemestudos explorat&rios, ver, entre outros, 5ellti% et alli 01:A@, p! @TFA1J9extenso dedutiva,do que temos visto, feito e dito quando outros|as nos chamam e n&s mesmos|as noschamamos demestresartistas emestreart#'ices- depro'essores.asde desenho- de pro'essores.as de educao pela arte- de pro'essores.as de trabalhosmanuais.artes aplicadas- pro'essores.as de artes industriais- de pro'essores.as de educao art#stica- de arte+educadores.as- de pro'essores.as de arte,"s pretenses desta investiao podem ser condensadas no seuinte questionamentoI como a produo visual e liter#ria, vinculada ao campo intelectual da arte na educao, foi construindo, tendo como refer*ncia o contexto brasileiro, representaes deinf(ncia, deensinoedebomsu)eitodocentenavi*nciadasdenominaesartese o'#ciosJ ensino do desenhoJeducao pela arteJ trabalhos manuais*artes aplicadasJartes industriaisJ educao art#sticaJ arte+educao e ensino de arteaEssas denominaes foram selecionadas porque so de ampla difuso internacional e nacional! "maior parte foi adotada emv#rios pases, assumindo conotaes especficas do luar e do momento hist&rico! 5o respaldadas por um consider#vel e estrat/ico aparato da edio e da distribuio comercial e oficial!Esteestudoprivileiaaan#lisedetextos relacionados aoensinodas "rtes 3isuais! 9al opo se )ustifica porque, al/m de ser a base da minha formao profissional, emrelaoaosdemaissaberesinteradoresdessecampo, esse, comoreconhece=enna 0'MM1, p! ;:1, predominanoespaoescolarevemdesempenhando, historicamente, um papel importantenaformulaodenovospro)etos educativos paraa#rea! -amesma forma, vem enfrentando, de modo mais direto, o desafio de ampliar o alcance do ensino de "rte R historicamente restrito a rupos privileiados e a poucas escolas especiali%adas R inserindoFocomoparte da formaodetodaa comunidade escolar! 9ais arumentos servem, tamb/m, paraa)udar acompreender osprincipais motivospeloquaisasartes visuais t*m sido associadas, com mais freqE*ncia, $ pr&pria arte na educao! Emborase)aconsiderada, noplanote&rico, umacertacorrespond*nciaentre mudanas conceituais comalteraes terminol&icas, omesmonopodeser ditoem relao $ execuo do trabalho educacional que se desenvolve em sala de aula! Esta possui uma din(mica pr&pria, que abarca diversas concepes, que nem sempre coincidem com mutaes discursivas indicadas pelas denominaes prevalescentes!Emve%deafirmar queas prescries dos discursos acad*micos eoficiais incidem, diretamente, na pr#tica educativa da arte na educao, prefiro consider#Flos como 10re'er(ncias subjetivantesou prottipos de subjetivao dos su)eitos docentes concretos e como um padro imain#rio para a efetivao do trabalho educacional no contexto escolar!9omar uma ou mais denominaes como refer*ncia hist&ricoFdiscursiva / reconhecer, para efeito de an#lise, a denominao que viora nos discursos sobre o ensino das "rtes 3isuais! 7sso no sinifica, em hip&tese aluma, conceber que ha)a substituio autom#tica de uma denominao e respectivas pr#ticas discursivas por outras, tampouco, exclusividade ou homoeneidade terminol&ica e discursiva! 6omo di% 8artins 0'MM', p! B'1I C!!!nada / to ciruricamente delimitado e as terminoloias acabam abarcando uma complexidade de conceitos que se 0inter1reFlacionamD!" partir da minha pr&pria viv*ncia educacional, reconheo que essas l&icas ou racionalidades do su)eito docente podem coabitar nos discursos veiculados na sala de aula! 9ais nomes, quando se tem clare%a de suas implicaes, demarcam referenciais sub)etivantesdapr#ticaeducativaedosu)eitodocente, osquais, quandointro)etadose empreados, indicam mutaes na forma de ver, di%er, air e fa%er em "rtes 3isuais!. presente estudo, / bom frisar, no se prope a )ular as construes sociais de inf(ncia, de ensino e de bom su)eito docentenos textos direcionados $ arte na educao! "ntes, problemati%a que, em/pocas distintas, noes, expectativas, necessidades e qualificaes variaram e pe de manifesto os )ulamentos que se fi%eram nessa direo! 9al procedimento tema inteno de ressaltar que as construes sociais atuais so, tamb/m, frutos de opes adotadas no passado e de circunst(ncias que nos cercam ho)e, produtos das relaes de poder nas quais atualmente nos inserimos! =aradetectar pistasdascambiantesconstruessociaisdeinf(ncia, recorro, principalmente,$ produo visual! =ara detectar as construes sociais de ensino e bom su)eito docente, os textos acad*micos e oficiais, sobretudo os que v*m contribuindo para implementar mutaes na visibilidade e di%ibilidade da arte na educao, so as refer*ncias principais! " ateno est# focada nas reras discursivas indicadas pelos saberes valori%ados e rechaados, reras corporais visibili%adas pela ao metodol&ica e esto profissional requeridas no interior dos discursos disciplinares 0as prescries do Ccomo fa%er na sala de aulaD e como air profissionalmente para efetivar a Cvontade de conhecerD1! =ara tanto, sirvoFme, ecleticamente, de conceitos formulados por 8ichel ,oucault, Nilles -eleu%e, +asil +ernstein, 2orbert Elias e SaGden Zhite, al/m de outros elaborados por autores|as que v*m se apropriando e desdobrando o pensamento destes e os|11as que v*m refletindo, historicamente, sobre a arte na educao! 2omes e terminoloias s& servem, aqui, para demarcar mutaes relacionadas coma arte na educao, noos enunciadoseconceitosquefaouso! 9al opopodeser)ustificadaporquesou, como professor e pesquisador, afeito ao ecletismo te&rico e metodol&ico, mais apto para acolher e combinar diferentes perspectivas, mais propenso a air como um reente do que como um instrumentista, que toca um instrumento s&! Endosso, com essa atitude, o que afirmou Wore Luis +ores, em um de seus textosI Ctodas as teorias so letimas e nenhuma tem import(ncia! . que importa / o que se fa% com elasD!2o pretendo, seuindo a atitude de Larrosa 01::@1, elaborar uma arqueoloia ou enealoia da arte na educao no +rasil! 2o se trata de um trabalho de historiador, analista do discurso, fil&sofo, pedaoo ou soci&loo, mas de uma tentativa de construir, comoque parece ser sinificativo, uma an#liseconcisa dahist&ria deuma maquinaria liter#ria e visual de sub)etivao, tomando os nomes da arte na educao como refer*ncia para estabelecer recortes temporais e discursivos! < uma oportunidade para problemati%ar porue e como uma maquinaria discursiva da arte na educao, formada por peas escritas e visuais, fa%Fnos ver, di%er, air e fa%er de um )eito e no de outro!"s peruntas adiante, desencadeadas a partir da an#lise dos textos que embasamesteestudo, pemcertaordem0semsinificar mesmaseqE*ncia1 noroteiro adotado para CentrevistarD as fontes, servindo, conseqEentemente, de um flexvel procedimento de an#lise do discurso! 5o elasI 11 que se pensa, di% e fa%, ho)e, que tem a vercomoquefoipensado, ditoefeitoontem, reistradoemtextosquecircularamna vi*ncia das denominaesa '1 como as condies hist&ricas favoreceram a emer*ncia da denominao e dos textos que circulam em torno de seu reime de enunciaoa ;1 como os enunciadosdeoutrosdiscursosestoenxertadosnoCtecidoDdiscursivodostextosque circulam na vi*ncia das denominaesa @1 quem est# autori%ado a falar e como o fa%a B1 como falam outros4as especialistas do que foi ou est# sendo propostoaT1que conhecimentos so considerados importantesa A1 que conhecimentos so desconsideradosa V1como deve ensinar o su)eito docente para ser condiderado um CbomD profissionala:1 como o su)eito docente deve erir sua performance para preservar o prestio profissionala 1M1 como se recompensar# su)eitos docentes e discentesa=ara este estudo, osu)eitono/ a oriemindividual e autKnoma de um discurso! Elenoest#isolado, $deriva, notranscendeaodiscurso, mas, aocontr#rio seue, mesmo quando no se d# conta, uma rota, um mapa discursivo! . su)eito constitui a 12basesobreaqual sefundaodiscursoe, simultaneamente, omododeob)etivaoque transforma os seres humanos em su)eitos 08"O5S"LL, 1::A, p! 1V1!Essa forma de encarar a relao dosu)eito comodiscursotra% alumas implicaes! " principal / que o foco da an#lise reside mais, como ressalta "lbuquerque Wr! 01::T, p! 'T1, nos conceitos, nos temas, nas estrat/ias, nas imaens e nos enunciados, do que nos pr&prios su)eitos! 7sso no sinifica que os su)eitos este)am ausentes ou que no se)am importantes, mas que so uma condio de possibilidade, ou se)a, que as mutaes hist&ricas afetam tanto os conceitos como os su)eitos, que Cv*em seu solo epistemol&ico se mover,que v*em sua visibilidade abrirFse para novos hori%ontes e sua linuaem ter acesso a novos enunciados para falar do mundo e compor o realD!7ssoimplicacompreender, ainda, queFemboraodiscursovenhaaomundo como um ato de enunciao individual F ele no resulta de um Cpro)eto deliberado de um falante autKnomo, a partir de uma inteno comunicativa, mas da assuno que esse falante fa% de uma ordemD 0-P"Q, 1::@, p!'1! . que interessa / estabelecer a ordem do discurso, seu sistema de produo, as mutaes entre um e outro discurso que, aqui, so referendadas pelas denominaes da arte na educao! Em vista disso, / preciso ter claro queI !!!no existe su)eito peda&ico por fora do discurso peda&ico, nem por fora dos processos que definem suas posies nos sinificados! " exist*ncia de um su)eito peda&ico no est# liada a vontades ou individualidades autKnomas e livremente fundadoras de suas pr#ticas! . su)eito peda&ico est# constitudo, / formado e reulado no discurso peda&ico, pela ordem, pelas posies e pelas diferenas que este discurso estabelece! . su)eito peda&ico / uma funo do discurso no interior da escola e, atualmente, no interior das a*ncias de controle 0-P"Q, 1::@, p!'F;1!6onforme a etimoloia,su)eito vem do latim subjectum, que sinifica Cposto debaixoDJ Co que se encontra na baseD! . termo / utili%ado, aqui, em detrimento de pessoa e indivduo, por exemplo, porque no falo de uma individualidade essencialista, aut*ntica, transcendental, autKnoma, mas de um su)eito que est# CdebaixoD de convenes construdas culturalmente e, a um s& tempo, na base da formulao das resist*ncias e da buscaporliberdade!=artilhodaid/iadequeossu)eitossoprodutoresdesaberese, simultaneamente, sub)etivados pelos saberes que produ%em!Huando se afirma que o discurso modela e enendra os su)eitos, no se trata de determinismo, masdeumatentativaderessaltarqueoconhecimentoestabeleceFsepor 13interm/dio de umfluxo contnuoe intermitenteentresu)eitoediscursonoprocessode explorao do entorno cultural! 2o existe discurso sem su)eito nem su)eito sem discurso! . discurso sub)etiva e ob)etiva o su)eito que, por sua capacidade de reinvent#Flo, de lhe conferir novas roupaens, contribui para produ%ir mutaes discursivas! 2ada do que est# posto culturalmente / naturalJ tudo / uma construo humana, uma inveno articulada por relaes entre saber e poder!"s relaes de poder, conforme ,oucault 01:V;1, no so externas ao campo de conhecimento, mas lhe so imanentes! < no discurso que se articula poder e conhecimento!.su)eito est# sub)uado, simultaneamente, sob umcerto domnio especiali%ado de conhecimento e sob um certo reime e ordem! . poder existe apenas quando relaes de poder entram em )oo! 2o / alo que se possui ou se reivindica, / alo que se exerce! Essas noes de su)eito e de poder opemFse, diretamente, $s correntes filos&ficas enfati%adoras do su)eito transcendental, cu)a conseqE*ncia mais visvel / o culto ao *nio e $ personalidade do autor, postulados que foram disseminados pelo romantismo, cu)os princpios so, ainda ho)e, empreados em narrativas sobre a arte na educao1B! < sempre bom reiterar que nem os nomes da arte na educao referidos, nem os textos, nemos autores4as arupados neste estudo esotama coleta reali%ada nas bibliotecas, instituies e em acervos particulares, tampouco o que circulou na vi*ncia das denominaes! . que / examinado constitui, portanto, uma amostra!9rataFse de uma tentativa de compreender, historicamente, a partir de fontes ou textos selecionados, como as denominaes e os respectivos discursos que as fundamentam foram constitudos da forma que soJ como viemos a pens#Flos da forma que pensamosJ comopassamos acolocar osproblemas deummodoenodeoutro! 6ontribuir para evidenciar a mutabilidade, condicionalidade e temporalidade nos modos de ver, di%er, air e fa%er em arte na educao /, em suma, a finalidade principal desta investiao!. primeiro captulo trata da vi*ncia da denominao artes e o'icios! 2ele, so analisadas as condies que favoreceramemer*ncia do )esuitismo, seu pro)eto de hierarqui%aoinfantil eosrespectivosproramaseducacionaisparacadaprot&tipode inf(nciaI proramas CespeciaisDparaaelite, o$atio&tudiorum, paraas crianas dos 1B 8uitas propostas da arte na educao revelam, claramente, incid*ncias do romantismo! " leitura de =enna e "lves 0'MM11, por exemplo, fa% uma reflexo sobre as marcas do romantismo no texto de fundamentao dos =ar(metros 6urriculares 2acionais!14CmaioraisdacolKniaDJ escolasdelereescrevereas8isses)esuticas, paracrianas pobres e indenas! .seundocaptulotratadasconstruessociaisdeinf(ncia, ensinoebom su)eito docente materiali%ados na produo artstica e em textos que circularam na vi*ncia dadenominaoensinododesenho! 5oanalisados opro)etoda8isso,rancesaJ o prorama do Liceu de "rtes e .fcios, o m/todo intuitivoFanaltico, de autoria de 6al>ins, defendido por Oui +arbosaJ a estili%ao nacional proposta por 9heodoro +raa! . captulo se encerra com o prorama de ensino de desenho de "nita 8alfatti!"an#lisedasdenominaes%ducaopelaArte, /rabalhos0anuais*Artes AplicadaseArtes Industriais/ a pauta principal do terceiro captulo! .s princpios que fundamentam os/rabalhos 0anuais*Artes Aplicadasso analisados a partir de comp*ndios e textos oficiais! Em relao $s Artes Industriais, a an#lise est# centrada nos textos comprometidos com Caliana para o proressoD 0acordo 8E6*L5"7-1T1! Huanto $ educaopelaarte, aan#liseabraneostextosdeOead, Lo?enfealdeapropostado 8ovimento Escolinha de "rte 08E"1!2o quarto captulo, a an#lise priori%a as denominaes%ducao Art#sticae Arte+educao, pois os textos acad*micos que fundamentamessa ltima repensam criticamenteas conseqE*ncias dainstitucionali%aoautorit#riadaquela! Emrelao$ denominaoeducao art#stica, a an#lise / focada na lei BT:'4A1 e respectivas resolues! Huanto $arte+educao, a an#lise priori%a os textos que defendema criatividade, fundadanosprincpiosdaeducaopelaarte, articuladapelom/tododos processos mentais e na associao da percepo visual com conio!. quinto e ltimo captulo, trata da vi*ncia da denominao ensino de arte, respaldada pela nova L-+ 0lei :;:@4:T1, depois de intensa mobili%ao poltica! " an#lise est# centrada nos textos relacionados $s s/ries discursivas, defensoras da democrati%ao do acesso $arte e$cultura e,simultaneamente,dainterao cominformaessobreo outro, cu)aordenaocultural pareceestranhaedistanteF representadas pelaproposta trianular e pela interculturalidade|est/tica docotidiano R e a que instia osu)eito, moldado pelo processo de ocidentali%ao e industriali%ao, a estranhar a si mesmo e as suas supostas certe%as, tornando estranho o que lhe / familiar, assumida pela cultura visual!1T L5"7- R / a sila da "*ncia 2orteF"mericana para o -esenvolvimento 7nternacional!15- 1 -Formao profissional do bom silvcola nas artsofcios! a perspectiva do jesuitismoP ara construir uma narrativa referendada pelas principais denominaes da arte na educao em diversos momentos no contexto brasileiro, conv/m questionar, inicialmente, sobre a que viorava no sistema colonial, na vi*ncia do )esuitismo! . ttulo do livro de autoria de5erafimLeite 01:B;1,Artes eo'#cios dos jesu#tas no1rasil, forneceuma importante pista sobre a denominao em vior no ensino profissionali%ante das Uescolas delereescreverU, fundadaspelopadre8anuel da2&brea, nasoficinasdas8isses )esuticas, e, no aue da arte barroca, nas oficinas coordenadas por artistas leios, no s/culo de%oito, em 8inas Nerais!.)esuitismonofoi onicoproramaeducativoimplementadonacolKnia brasileira! .s franciscanos e carmelitas, entre outras ordens reliiosas, tamb/m, fundaram ncleos mission#rios comproramas educativos! .)esuitismo destacaFse dos demais porqueeleexerceurandeinflu*nciaemquasetodoomundodetradioocidental e deixoumarcas toprofundas na cultura brasileira, que Nhiraldelli Wr! 01::@, p! 'M1, referindoFseaos/culode%enove, afirmouI Ctodasaspedaoiasqueseorani%aramna Oepblica tiveram de enfrentar os preceitos de uma herana peda&ica constituda pela =edaoia WesuticaD!. )esuitismo est# atrelado $ emer*ncia da instituio escolar, $ definio do estatuto da inf(ncia, ao processo de pedaoi%ao do conhecimento e $ institucionali%ao das tecnoloias disciplinares! .s )esutas contriburam, no comeo da modernidade, para uma oficiali%ao dos discursos peda&icos1A, pois instituram um corpo de especialistas, 1A " noo de discurso peda&ico, que est# na base desta investiao, / proveniente de +erstein 0'MM1, p!1VVJ 1:@J 1:T1, seundo o qual esse discurso consiste de Creras de comunicao especiali%ada mediante as quais os su)eitos peda&icos so criados de forma seletivaD! < um discurso que insere reras de compet*ncia 0habilidades de diversos tipos1 emumdiscurso de ordemsocial 0reulativo1! 6ondensa, tamb/m, Ca compet*ncia em ordem e a ordem em compet*nciaD! 2o / exclusivista, pois / formado pela Cdescolocao, recolocao e reenfoque de outros discursos especiali%adosD! Est# vinculadoaocampointelectual da educao, cu)acaractersticaprincipal /acontextuali%aoprim#ria, ouse)a, aproduointelectual do discurso, no qual Cse criam, modificam e mudam de forma seletiva id/ias bnovasc, e em que se desenvolvem,16o qualera respons#velpelaformulao de nveishier#rquicosde contedos, m/todos e t/cnicas de ensino, entre outras formas sutis de esto e overno dos )ovens!9rataFsedaprimeirainstitucionali%aoeducacional, detradioeurop/iae ocidental, que rompeu com pr#ticas educativas dominantes da /poca, como as estabelecidas para a nobre%a 0aprendi%aem do ofcio das armas1, como $s institudas para as classes populares medievais 0aprendi%aemdos ofcios1! 2a colKnia brasileira, rechaaram e transfiuraram pr#ticas discursivas e educacionais baseadas nas cosmoonias e rituais mitol&icos vivenciadaspelas populaes indenas, cu)a articulao demandou milhares de anos para ser tecida e confiurada! ,oi quando a colKnia brasileira iniciou um processo contnuo e proressivo de fuso com a metr&pole europ/ia e os su)eitos tupiniquins transfiuraramFse, a partir de uma massacrante imposioexterna e, depois, por uma estrat/ica inoculaointerna, em su)eitos de feio e modos europeus! ,oi, enfim, quando os mecanismos que desencadearamoprocessodecivili%aoeurop/ia, detectadopor2orbert Elias01:V:1, passaram a ser implementados, paulatinamente e continuamente, na cultura brasileira!9amb/m as lutas em torno da especificidade da formao cultural de artistas e artfices, nos/culode%enoveenaprimeirametadedos/culovinte, estorelacionadas, diretaeindiretamente, mesmonavi*nciadeoutrasdenominaes0como/ocasodo ensino do desenho1, $ persist*ncia de suposies vinculadas $ concepo )esutica das artes e o'#cios! 7sso se deve, basicamente, porque o )esuitismo transpKs, para o contexto brasileiro, atradioocidental eeurop/iamais antiadeensinoartstico, baseadona formaodeartesosou artfices, em princpio, ede artistasmaistarde 0+"OO"N[2, 1::A, p! 1A;1! 5uposies do )esuitismo esto entranhadas, tamb/m, como veremos neste captulo, na maneira como vemos, di%emos e aimos em relao ao presente do sistema escolar e da arte na educao! .prop&sito deste captulo, ento, / esboar como pr#ticas peda&icas )esuticas, sobretudo$srelacionadasaoensinodasarteseo'#cios, formarampartedos aparatos administrativos desencadeadores de t/cnicas de reulao social ou exerccio de poderedesub)etivaodirecionadas, especialmente, $formaodecrianasindenas 0culumins ecunhtains1, alvos principais dopro)etodecoloni%aoimplementadona colKnia brasileira! "opKrem execuo esse intento,ser#construda,deforma concisa, atendendo $s metas estabelecidas para esta investiao, uma narrativa pautada na modificam e mudam os discursos especiali%adosD! < um tipo de discurso que se relaciona mais $ produo que $ recepo do discurso educativo e suas pr#ticas!17inveno da denominaoartes e o'#cios, a qual dar# visibilidade $s noes de inf(ncia, ensino e bom su)eito docente preconi%ados pelo )esuitismo!"#" $ %&posi's provnints do (s&itismos&as implica's no prsnt da art na d&cao scolar6onhecer o passado, encarandoFo como uma condio hist&rica de possibilidade, / um passo importante para evitar que se)a uma imposio massacrante e o presente possa no ser mais o que /! Em vista disso, interessa esboar, historicamente, a partir da demarcao da vi*ncia de denominaes e das fontes biblior#ficas acessveis emrelao$artenaeducao, suposiesque, apesardeterememeridonopassado, continuam demarcando a maneira de ver, di%er, air e fa%er do presente! -essa maneira, pretendeFse pKr em marcha, no que concerne $ arte na educao, o imperativo formulado por 6ervantesI Cse)a passado o passado! 9omeFse outra vereda e prontoD1V! . ponto de partida para a incurso hist&rica so suposies que demarcam o presente da arte na educao! . importante, nesse caso, / distinuir o que / do passado e o que deve, )ustamente porque interfere e fa% o presente ser de uma determinada maneira, ficar no passado! Esse / um passo fundamental para iniciar outro percurso hist&rico, para construir um outro presente, para que o presente possa no ser mais o que /!Emboraadiferenciaotemporal este)apresente, no/encaradacomouma produo linear e evolutiva! Essa modalidade de raciocnio est# vinculada a um sistema de interpretao escatol&ica, milenar e idealista, cu)a noo de continuidade buscaFse questionar e desconstruir! "interpretao hist&rica, que este estudo se filia, no / sacrali%adora, mas desconstrutora e descontinusta1:!2osetratadetentar leitimar osdiscursos, comoseelesfossemsempre assim!"o contr#rio, tentaFse enfati%ar as condies de possibilidade, realando que t*m umcomeo, uma datadenascimentoeuma tra)et&riahist&rica quefa%comquese confiurem de uma determinada maneira e no de outra! =erunto pelo desde uando, em detrimento dodesde sempre! 9rataFse de uma maneira de pensar Cas condies de 1V OeportoFme a um enunciado reistrado na contracapa da aenda 'MM@, publicada pela "dufpb!1: " an#lise hist&rica, articulando passado e presente, )ustificaFse porque C!!!em nossa cultura, pelo menos h# v#rios s/culos, os discursos se encadeiam sob a forma de hist&riaI recebemos as coisas que foram ditas como vindas de umpassadonoqual elas se sucederam, se opuseram, se influenciaram, se substituram, se enendraram e foram acumuladasD 0,.L6"LL9,'MMMa, p! AB1! +uscaFse o passado com a finalidade de Ccompreender quenossa condiopresente /produtode eleies especficas humanas quepodemser mudadas por nossas pr&prias aes humanasD 0ZS79E, 'MM;, p! 'M1!18possibilidade de nosso presente, no para copiar modelos do passado, seno para conhecer o entramado no qual estamos submetidosD 0-7"Q, 1::;, p! 1B1!.presenteest#contaminadodesuposiesoriundasdo)esuitismo, alumas delas infiltradas nos fundamentos da instituio escolar, com implicaes no modo de ver, di%er e fa%er de diversas #reas de conhecimento! 5o destacadas, mencionando alumas das mais evidentes,as suposies leitimadoras da subordinao entre quem ensina e quem aprendeJ da valori%ao de saberes dissociados da vida social e culturalJ da implementao deaulasemespaofechadoJ daclassificaoentrecultoseinorantesJ dainstaurao, consciente e inconsciente, de um aparato disciplinar de penali%ao e de morali%ao dos educandos! Essas suposies, consideradas controvertidas na /poca emque foram prescritas e implementadas pelo )esuitismo, aora so tidas, em eral, como CnaturaisD e consensuais! Esto incrustadas no modo de ver, di%er e air da maioria dos|as interantes do sistema educacional! 5o suposies que exemplificam o quanto o passado corrobora para que o presente se)a o que /! -entre as suposies )esuticas relacionadas $ especificidade da arte na educao, no presente, realo F pelas implicaes desencadeadas, principalmente, na autoFestima profissional F aaleaodeque/ dispens#vel nocurrculoescolar, devendo, )ustamente por isso, ocupar uma posio subalterna emrelao aos outros saberes, inclusive, os considerados artsticos!9al suposio, antecipandoumaquestoqueser#discutidamais adiante, / tribut#riadeumavisotomistaeescol#sticadearte! Emboraas demais modalidades artsticas tivessem sua import(ncia para a catequi%ao, os )esutas consideravam as Cartes liter#riasD como fonte e matri% de um raciocnio reto! =ara eles, o estudo da lnua materna e das lnuas cl#ssicas 0latim1 era mais importantes que a atuao nas artes e nos ofcios porque, al/m de implementarem o processo de catequi%ao, desencadeavam a contemplao dos cl/rios! 9ratavaFse da apropriao de um raciocnio aristot/lico a partir do qual acontemplao,que era o #pice da atuao filos&fica,passou a ser vista como principal atributo do processo de santificao dos cl/rios!Emdecorr*ncia do eficiente trabalho de sub)etivao implementado pelo )esuitismo, essa viso hierarqui%ante dos saberes artsticos passou a fa%er parte da Cconstruomental brasileiraD!5emadentrar nom/ritodessa suposio, muita ente comuna, ainda ho)e 0para citar, apenas, as disciplinas mais prestiiadas pelo )esuitismo1 da id/ia de que as disciplinas Lnua =ortuuesa e Literatura 0que /, tamb/m, uma 19modalidade de saber artstico1 so indispens#veis no currculo escolar enquanto que a arte na educao / facilmente descart#vel'M! " persist*ncia dessa suposio tem tra%ido s/rias implicaes que comprometem, inclusive, sua continuidade no currculo escolar! Enquanto a Literatura mant/m o prestio herdado do )esuitismo, a perman*nciaeinclusodoensinodaArte, comocomponentecurricularobriat&rio, na 2ovaL-+0lei :;:@4:T1, s&foi possvel medianteatuaoauerridadasassociaes, entidades representativas, dos|as profissionais que atuam na #rea e de lideranas polticas de todo o pas, que acreditaram na import(ncia da escola,)unto com outras instituies educacionaiseculturais, paraapromoodoacesso$artee$cultura, semrestrioa nenhumamodalidadedesaberest/ticoeartstico! 5emtal mobili%ao, essadisciplina estaria, ho)e, excluda do currculo escolar!" an#lise de enunciados relacionados $ denominaoartes e o'#cios, preconi%adapelo)esuitismo, cu)osdesdobramentosdiscursivoseima/ticosafetam, no presente, a maneira de ver, di%er e fa%er F tanto dos|as profissionais que atuam na arte na educao como dos demais membros da sociedade R pretende contribuir para a superao desse discurso sereador!"#) $ *ondi's +ist,ricas d possibilidad do (s&itismo,alar emcondies hist&ricas depossibilidadesinificaconsiderar queum feixe de fatores con)unturais, historicamente especficos, desencadeados por lutas, relaes de foras e, como nos lembra 2orbert Elias 01::@1, por um mutante equilbrio nas relaes depoderde cada/pocacontribuem paraainvenode denominaes eemer*nciade modelos educacionais! -enominaes e modelos educacionaisso, emdecorr*ncia, adotadosesemant*mnocurrculoescolarporqueservem, principalmente, ainteresses econKmicos e polticos vientes!" emer*ncia do )esuitismo e a inveno'1 da denominao artes e o'#cios so devidas aalumas condies hist&ricas! 2acolKniabrasileira, omodelodeeducao catequ/tica esuadenominaoestavamatrelados, dopontodevistaarqueol&icoou 'M W# que se est# falando em suposies atuais que mant*m vnculos com o )esuitismo, a pr&pria desinao "rtes 3isuais derivadaest/ticade9om#s de"quino, quealeava ser a visoosentidoest/ticopor excel*ncia!'1.termo inveno / empreado em detrimento de oriem! Oessalta que as coisas foram CinventadasD a partir de um discurso proferido! OefereFse, em suma, a um momento de emer*ncia de um modo de ver, di%er e air em relao $ arte na educao!20epist*mico, $exeesedasemelhanaousimilitude''! Essa, aoseinstalar, arrefeceue transfiurou, como veremos adiante, uma outra ordenao do saber reida por cosmogonias e rituais mitolgicos';!.)esuitismo, comoressalta3arela01::@1, essamaquinariadeovernoda inf(ncia, matri% arqueol&ica e eneal&ica da instituio escolar, no apareceu de brusco! "ocontr#rio, fe%partedeumlonoprocessodearticulaoeinstrumentali%aode dispositivos queemerirameseconfiuraramapartir dorenascimento! .prorama educacionalFcatequ/tico dos )esutas contribuiu para a estao de umprocesso de pedaoi%ao dos conhecimentos, ou se)a, a partir da definio de um estatuto da inf(ncia foi se produ%indo, proressivamente,uma separao cada ve% maior entre o mundo dos adultos e o das crianas, desencadeando formas especficas de educao! " definio de um estatuto da inf(ncia sinifica, acatando o preciso esclarecimento de -eleu%e 0In: ,.L6"LL9, 1:A:, p! A;1, que, a partir desse momento, as crianas passaramasofrer uma infantili%aoque no/ adelas! Essa infantili%ao ex&ena 0no sentido de ser uma construo de outros|as, de fora1 varia, )unto com aes correlacionadas, em conformidade com interesses dominantes e se espraiam pelas diversas modalidades de produo do saber e relaes de poder! . estatuto da inf(ncia definido pelo )esuitismo / bem visvel na iconorafia barroca encravada nos altares e pinturas de teto das ire)as coloniais!6onforme Lima Wnior 01:;V1, autor de uma sinificativa an#lise da iconorafia de meninos e an)os barrocos, os meninos, entalhados, esculpidos ou pintados representavam,na cosmoviso colonial,o ideal da alma humana,o tornarFse como uma criana para herdar a vida eterna! 2os planos inferiores dos altares, em eral, situamFse os meninos, comalumaindicaoexplcitaouimplcitadapresenados&rossexuais, representando os su)eitos que ainda se acham presos ou escravos dos impulsos carnais! Lm ''" respeito da episteme da semelhana ou similitude,tamb/m chamadadepr2+cl3ssicaourenascentista, ver ,oucault 01::'a, p! ;;F@T1!23 Lso a desinao cosmogonias e rituais mitolgicos para referir uma outra ordenao hist&rica do saber indena, detecituramilenar, cu)asanaloiasestavamfundadasemumavisoautoFreflexivadapr&pria cultura, alimentada pela tradio e pela estrutura social de parentesco! 9ratavaFse de um con)unto de saberes que estabelecia um outro tipo de relao,distinta da l&ica ocidental, envolvendo a realidade cultural e a fantasia ancorada nos mitos e nos saberes transmitidos pela tradio cultural herdada dos antepassados! 9ais saberes enalteciam, em eral, a tradio mtica e re)eitavam qualquer inovao que no tivesse nexo com a tradio culturaldeixadapelosantepassados!Eramdifundidos pelaoralidade,que evocavamuma relao muito forte com a nature%a, com os mortos, os antepassados, os inimios, os espritos, os quais leitimavam umaordemeumaclassificaodevalores ecostumes, explicandoaoriemdomundoeos diversos fenKmenos, fatos, atitudes e aes valori%adas pela tradio! 8ais adiante, neste captulo, comentarei, resumidamente, como essa ordenao do saber foi implementada pelos indenas! 21Ilustrao1Anjosemeninosemadoraoecontemplao. Detalhe do teto da abside da igreja matriz de Santo Antnio, em Santa !rbara "#inas $erais%. &intura de #anuel da 'osta Ata(de. poucoacima, aindicaosexual vai desaparecendo! "n)os emeninos confundemFse, indicando um incio do processo de Uespirituali%aoU! 2o cume dos altares, predominam os an)os, com asas, metade vermelha, metade verde, em atitude de lorificao! .s an)os indicavam, apesar decontrariar princpios bblicos, queos meninos foramelevados $ cateoria de an)os, de seres perfeitamente espirituali%ados, pelo amor F o vermelho F e pela penit*ncia F o verde! "s pequenas cabeas aladas, que se encontram em todas as partes do altar, )unto ao trono das virens, so os an)os, puros espritos que nunca tiveram carne! "s crianas representavam, tamb/m, as almas fi/is que constituam a ire)a e que sustentam, fiuradamente, aestruturavisvel doaltar! Elas seuramcolunas, uirlandas eoutros elementos 0archotes, cornucopias, baldaquins, sanefas1, cu)a articulao lhes conferia um car#ter piedoso!"an#lise da iconorafia barroca pe de manifesto, por conseuinte, que a concepo )esutica de in')ncia0e de su)eito1 eramilenaristaedestinada$vidaespiritual, ou se)a, os habitantes da colKnia eram pro)etados para viver na terra Ccomo se vivessem nos c/usD! .s su)eitos, apesar de serem seres carnais, deveriam viver e air como seres espirituais! . interior dos templos, com talhas e esculturas adornadas de ouro e as pinturas nos tetos, a)udavam a implementar a iluso de que a ire)a era uma pro)eo e um reflexo simult(neo dos c/us na terra e que o|a pecador|a necessitava, continuamente, de santificao! " autoridade CsupremaD desse Cambiente terrenoFcelestialD, emanava do rei e do papa, representantes de -eus na terra! . processo de espirituali%ao das crianas e dos su)eitostornavaFsevisvel pelarennciaaospra%erescorporais, associada$penit*ncia pelos CpecadosD, condio precpua para um final feli% 0vida eterna de o%o, sem nenhum sofrimento, ao lado do rei e do =adre, na terra, e de -eus, nos c/us1! 6onsideravaFse uma boa criana e um bom su)eito quem era detentor|a desse modo de vida espiritual, de car#ter piedoso e obediente!"noode inf(ncia e, por extenso, desu)eito, detect#vel naiconorafia barroca de meninos e an)os, constitua o ncleo a partir do qual o processo de coloni%ao e os pro)etos educacionais e catequ/ticos dos )esutas eram implementados! Esses deveriam 22seuir a mesma l&ica proressiva,indo do carnal ao espiritual!6onfundindoFse com o pr&prioprocessodecatequi%ao, aseqEenciaodid#ticadosproramaseducacionais indicava, tamb/m, passos para a demonstrao da obedi*ncia e disciplina, culminando na transformao de crianas, )ovens e adultos em su)eitos espirituais!" execuo de uma pintura, escultura, talha, pr/dio ou um sermo, em conformidade com reras previamente estipuladaspelatradiocat&lica, indicavaqueumpecador, sobretudoumpaoeum CselvaemD, fora metamorfoseado em uma nova criatura, de molde europeu e escol#stico!"definio de umestatuto da inf(ncia e de interveno educacional e catequ/tica )esutica emeriu, norenascimento, a partir da confiurao dos Estados administrativosmodernosedadeflaraodareformaprotestante! -iantedessareao polticaedoutrin#riadeoposio$noodesoberaniapolticaeespiritual universal, representada pela fiura do papa e da ire)a cat&lica, os reformadores pertencentes a essa instituioreliiosa, embasados pelas decises deliberadas no6oncliode9rento, um desdobramentodoNrande6isma de1;AV, investiramnaarticulaoeconstruode dispositivos institucionais, estrateicamente implementados, com a finalidade de arantir a manuteno do status uo dessa instituio reliiosa'@!2orbertElias 01::@,p!TA1 lembra, com pertin*ncia,que o *xito daruptura entrecat&licoseprotestantesnorenascimentodeveuFse, sobretudo, aumamudanade equilbrio de poder entre papas e prncipes, entre a ire)a crist e os Estados cristos em favor desses ltimos'B! " intermin#vel luta pela supremacia entre sacerdotes e uerreiros, que no caso da 7re)a romana, culminou na luta pela heemonia entre o =apa e o 7mperador pKs nas mos dos prncipes, ao final de um desenvolvimento no planificado, maiores cotas de poder comparadas com as que dispunham os papas como uardis do conhecimento! -este modo, resultou claro que os recursos militares e financeiros de poder dos prncipes sobrepuseram ao dos papas, e a ire)a pouco pKde fa%er para opKrFse a expropriao de suas propriedades na ,rana e 7nlaterra e, depois, no +rasil! . 6onclio de 9rento, com seusdispositivos, foi umarespostainicial aessamudananoequilbriodepoderentre papas e monarcas!'@" respeito do Nrande 6isma de 1;AV e demais fatores que desencadearam a contraFreforma, ver, dentre outros, 6airns 01::'1! 'B . poder estabeleceFse, como complementa 2orbert Elias 01::@, p! B;1, com as mutaes no equilbrio nas relaes sociais, ou se)a, tem alo a ver com o fato de que existem rupos ou su)eitos que podem reter ou monopoli%ar aquiloqueoutros necessitam,comoporexemplo,comida, amor,seurana, conhecimento e outras coisas mais! Huanto maiores so as Cdiferenas necessit#riasD, maior / o poder de um|uns sobre outros!23" partir de 9rento, v#rias ordens reliiosas foram institucionali%adas, seuindo o modelo orani%acional do C.rat&rio do "mor -ivinoD, um rupo influente de cl/rios leios queapoiavam, apartir de1B1A, avi*nciaeretomadadeprincpioscat&licos! EmpreendeuFse, com isso, uma remodelao na teoloia, na pastoral e na lituria cat&lica! .ficiali%ouFse a inquisio, entre outros dispositivos de coero, para fortalecer a autoridadepapal ecriar obst#culos paraadisseminaodoprotestantismo! "s t#ticas aplicadas abraniam a catequi%ao individuali%ada e coletiva para expandir e intensificar af/cat&lica! Essaexi*nciaampliavaolequedeaoformativadaire)acat&licade feio medieval, cu)a escolari%ao estava restrita, at/ aquele momento, $ liderana eclesi#stica!Em decorr*ncia desse aparato institucional e ideol&ico, a Europa transformouFse numa arena, patrocinada pelo absolutismo! -isputavam, lado a lado, cat&licos, protestantes, reis, rainhas e con*neres, todos sedentos para transform#Fla, simultaneamente, em a*ncia, campo mission#rio e em uma plataforma poltica e reliiosa paraalcanar novos territ&rios enovas fontes derique%a! "implantaodecolKnias revelouFse como uma resposta $ consecuo desses interesses, conflitivamente articulados! .evanelismodeimpactoededisputa, aambiopolticaeeconKmica, associada$ riide% disciplinar no processo de sub)etivao e transfiurao cultural, so alumas das CpedrasD do alicerce sobre o qual se firma a modernidade!2a bula de "lexandre 37, de @ de maio de 1@:;, endossada por ,ernando de "raoe 7sabel de 6astela, aconversodos indenas, das terras CdescobertasD por 6olombo, era oalvoprincipal a ser implementado no2ovo8undo! 2oreimento, promulado por -! Woo 777, em 1B@:, CendereadoD a 9om/ de 5ou%a, o povoamento e estrat/iamilitarpara arantiroexalamentoCda 5anta,/D e os Cne&ciosda fa%enda realD, eramosprincipaisrequisitosexiidosparaaovernabilidadecolonial dasterras CdescobertasDpor 6abral! Essedoisdocumentos prescritivos indicamaquemeaque interesses serviam a coloni%ao e o )esuitismo no +rasil e na "m/rica Latina! 9ratavaFse de uma Cmisso, a caro da 6oroa, cu)o direito de avassalar os ndios, coloni%ar e fluir as rique%as da terra nova decorria do sarado dever de salv#Flos pela evaneli%aoD 0O7+E7O., 1::B, p! B:1!. pro)eto de coloni%ao servia, enfim, aos interesses polticos e econKmicos doabsolutismomon#rquicoib/ricoe$manutenodostatus uoda7re)a6at&lica romana! "cru%eaespada, alituriaeaestrat/iamilitaratrelavamFseaopro)etode 24desbravamento e coloni%ao das terras rec/m descobertas! Em relao $ colKnia brasileira, essa articulao polticoFreliiosa abrania,como bem lembrou -arcG Oibeiro 01::B, p! ;M1, oplanobi&tico0uerrabacteriol&ica1, oecol&ico0disputadeterrit&rio, matase rique%as1, oeconKmicoesocial 0pelaescravi%aodondioedoneroafricano, pela mercantili%ao das relaes de produo1 e o /tnicoFcultural 0pela estao de uma etnia nova, fruto de um processo de unificao, na lnua e nos costumes, dos ndios, dos neros tra%idos de [frica e dos europeus1! "implementaodopro)eto)esuticoencontrourespaldopolticopelacorte portuuesa porque, al/m dos interesses mercantilistas, corroboravam para a promoo de umatrelamentopleno$culturalusa! .)esuitismo, diretaeindiretamente, reforavaa centrali%aodopoder imperial epapal, ousodaforaedocastio, aescravido, a estratificaoehierarqui%aodeclasses! "ordemtomista, adespeitoderesist*ncia oferecida pela maioria dos senhores de enenho, calcavaFse na con)uao ambua entre catequi%ao e interveno educacional!"p&sesteesboodaemer*nciado)esuitismo, tornandovisvel seupro)eto polticoFreliiosode sustentao, conv/mdirecionar ofocopara oroteirodiscursivo, filos&ficoeeducacional, aoqual essemovimentosefiliava, eque, conseqEentemente, embasava a inveno da denominao artes e o'#cios!"#- $ Invno da dnominao artes e ofcios! consolidao d &ma +irar.&i/ao scol0stica dos sabrs artsticos.s reformadores cat&licos associaram princpios do humanismo renascentista com o escolasticismo da 7dade 8/dia! Essa )uno contribuiu para uma nova confiurao da filosofia escol#stica,comumente conhecida como seunda Escol#stica ou Escol#stica 7b/rica! Elaimplementou, apartir deumaapropriaodafilosofiaaristot/lica, novos dispositivos para consolidaodeumaUfundamentao dom#ticoFteol&icadadoutrina crist em termos racionaisU 0+"59.5, 1:VA, p! B;1'T!" inveno dadenominaoartes e o'#ciosadv/m, basicamente, da hierarqui%ao dos saberes e da disciplinari%ao reforada por essa nova versoda filosofiaescol#stica! 9al filosofiaclassificava, emeral, os saberes emartes liberais, filosofiaeteoloia! "sartesliberaisFentreasquaisseincluamapintura, escultura, 'T . escolasticismo conferiu ao ttulo de C-outorD, to valori%ado nos dias atuais, a mesma honra conferida ao ttulo de C=aiD na hist&ria do cristianismo 06"7O25, 1::', p! 1VA1!25arquitetura e enenharia F eram aquelas inerentes ao Uhomem livreU, distintas dos ofcios mec(nicos0exercidosporartesos1, peculiares$satividadesUservisU'A! "sartesliberais abraniam as chamadas disciplinas formais 09rvio1, compostas pela ram#tica, ret&rica e dial/tica! =or entenderemque dependiamde uma elaborao mental e por serem consideradas fundamento para a contemplao, as artes liberais eramtidas como superiores! "execuo das artes liberais era de compet*ncia da sociedade laicaJ a contemplao, dos cl/rios!Emra%odesseentendimento, as artes, sobretudoapinturaeaescultura, conviviam, simultaneamente, com o prestio que as atividades liberais o%avam e com a mesma subordinao e atrelamento destinado aos ofcios mec(nicos, os quais, no con)unto, serviam $ catequese e $ literatura valori%ada pela filosofia escol#stica, ou se)a, a fronteira entre as artes e os ofcios mec(nicos, na sua implementao, terminavam se mesclando! Essenivelamentoentreasarteseosofciosest#emconson(ncia, inclusive, com a classificao das artes adotada por 9om#s de "quino, principal refer*ncia teol&ica e filos&fica do )esuitismo! =ara o C-outor "n/licoD, as artes, como a pintura e a escultura,situavamFse numa fase intermedi#ria entre o saber, proveniente dos textos liter#rios, e o fa%er 0ofcios1! " arte, nesse caso, era uma pr#tica saturada de teoria! Era uma forma de materiali%ao da tradio e dos textos liter#rios!Embora fosse mais prestiiada que os ofcios mec(nicos, aarte, comoreforavaSuues de5aintF3ictor, eraumaatividade inferior$contemplaode-eus! "contemplaodaarte, especialmenteapinturaea escultura,aocontr#rioda contemplao desencadeadapelas artesliter#rias,era, apenas, Cuma paraem que no / permitida aos cl/rios, mas permitida $ simplicidade do povo para quem / deleitao estudiosa que abre uma das portas do saber! \d] " arte confundeFse nessa /poca, por um lado, com o ofcio, e, por outro lado, com a contemplao divina que leva ao paraso e que /, tamb/m ela, utilit#riaD 0+"YEO, 1::;, p! :B1! " partir dos estudos de +astos 01:VA1 e +aGer 01::;1, / possvel afirmar que essa nooutilit#ria dos saberes )ustificavaFseporque, para otomismo, a bele%a era essencialmente formal! . conhecimento derivava das formas das coisas, que emanavam de -eus! "arteerauiadapor umraciocnioreto, umarectaratio, cu)aoriememeta encontravamFse em -eus, causa final de todas as coisas! "s artes s& tinham import(ncia 'A6onforme ,lexor 01:A@, p! 1B1, existiam na cidade do 5alvador, em 1T::, diversos ofcios denominados mec(nicos! Oeistro, apenas, os principaisI carpinteiros, alfaiates, sapateiros, pedreiros, paderias 0padeiros e confeiteiros1, tanoeiros, ferreiros, serralheiros, ourives 0ouro e prata1, vendeiros, vendeiras de porta e marchante!26Ilustrao ) &regador e passos do sermo. $ra*ura di*ulgada por +rei Diego de ,alad-s, em sua obra .hetorica 'hristiana , publicada em 1/01. quando produ%idas a partir de modelos que seuiam um roteiro reto, cu)a modalidade de raciocnio advinha, especialmente,das Csa0n1radas escriturasD e da tradio cat&lica!" finalidade artstica era id*ntica $ finalidade da nature%a! " criao artstica era uma esp/cie de Uvirtude criativaU deixada por -eus na nature%a! . +elo era uma expresso simb&lica de oriem divina! . conhecimento est/tico, ainda que desinteressado, era de cunho racional e nomstico! "s artes eos demais ofcios deveriamobedecer $s prescries especiais provenientes dos textos liter#rios! . arteso, ao reali%ar o seu ofcio, a sua atividade liberal, aproximavaFsede-eus! "pinturaeraconsideradaaleituradosiletrados, destinadaao povo! " pintura servia, enfim, para ilustrar os passos do sermo! " ravura adiante mostra como a pintura assumia uma funo de complementaridade em relao $ exposio oral da preao bblica! 2ela, um padre prea paraumaaudi*nciacompostadeeuropeuseamerndios, usandoquadrosdapaixode 6risto para ilustrar as partes do seu sermo'V!"hierarqui%aoeoutilitarismotomistafoi preponderante na inveno da denominao artes e o'#cios e, como veremos adiante, na sua conseqEente implementao educacional! Essa modalidade de ensino associava, simultaneamente, over eoexecutar! 2ose tratavam, comosuere essa denominao, de atividades con*neres, mas depr#ticas educativasdistintasqueserviam, concomitantementeede maneira complementar, ao pro)eto de catequi%ao! Embora o )esuitismo trate de forma diferenciada as artes liberais e os ofcios mec(nicos, no / possvel reconhecer a, de forma enerali%ada, o mito da Uib/rica averso ao trabalho manualU! 6omo afirma ,lexor 01:A@, p! ;A1, a partir do que ocorria na cidade de 5alvador, na /poca colonial, Uos ofcios mec(nicos no eram considerados evile trabalho manual, pr&prio de escravos! =elo contr#rio, foi exercido F mantidas as devidas propores pelamaioriadebrancosealunsdeestatussociale demaior relevocomoosmilitares raduadosU':!'V"respeito da import(ncia da preleo, das artes liter#rias e da palavra emdetrimentode outras modalidades de linuaem, ver an#lise formulada por Sansen 0'MM;, p! 1:F@11!':=ara conhecer maiores detalhes sobre a atuao, reras e prescries relacionadas aos oficiais mec(nicos em 5alvador e em 5o =aulo, vide ,lexor 01:A@ e 'MM'1!27 0citado por ="L"67.5 X Q.,,.L7, s|d, p! 'BM1 de Cadaptao imitativaD! 6ontudo, o termo Ctransfiurao imitativaD parece ser mais pertinente! Enquanto CadaptaoD est# associada $ noo de CacomodaoD, CconformaoD, o que parece denotar uma aus*ncia de resist*ncia, o termo Ctrans0fiura1oD remete ao processo de desconstituio e constituio do CeuD indena! 9rataFse de um processo de transfa%imento de si! -enota, por conseuinte, um relutante processo de resist*ncia diante de uma sutil e estrat/ica imposio cultural!2as redues missioneiras, a )ornada educativa era de T horas! 9erminava ao final da tarde, a um sinal do sino! 2esse momento, todas as crianas voltavam ao templo, para a catequese! Oe%avamoros#rio, merendavame reressavamas suas casas! .s meninos eram instrudos para, assim que cheassem em casa, comentar com seus pais tudo o que haviam aprendido! 47Ilustrao : Anjo esculpido em madeira policromada. #useu de So #iguel das #iss;es ".S%. Digitalizao eletrnicade11=?%..s que desobedeciam a essas prescries e $s reras de CsociabilidadeD de cada reduo, estabelecidas pelos )esutas, seriam castiados! 6ada povo possua seu livro de CordemD, cu)as penalidades eram conhecidas por todos! " execuo dos aoites era sempre em praa, diante do pblico, para servir de exemplo aos demais! "s penalidades, em eral, redu%iamFse $s oraes, c#rcere e, alumas ve%es, aoites 0estavam previstos o m#ximo de 'B para os homens, quatro ou cinco para as crianas e vinte latiaes para as mulheres1! "ntes de irem para o c#rcere, os padres anunciavam o motivo da pena! .s presos, todos os dias, eram levados amarrados para assistirem a missa! "l/m da catequese,o pro)eto educacionalFcatequ/tico das 8isses Wesuticas era movido, tamb/m, como adverte ,reGre 01:T;, p! 'M@1, por interesses econKmicos! .s padres queriamfa%er dos ndios uns d&ceis seminaristas edeles seserviamparafins mercantis ou comerciais! Lma boa parte dos )esutas alme)ava, tanto quanto os colonos, o enriquecimento financeiro e latifundi#rio utili%andoFse da moFdeFobra ratuita indena@M!Lmamutaosubstancial noensinodas artes eofcios ocorreuem8inas Nerais, nos/culode%oito, quando, emra%odoimpedimentodaatuaodas ordens reliiosas 0um dos primeiros refluxos iluministas na ciso entre Estado e ire)a1, houve uma proressiva ascenso de artistas leios, em sua maioria mestios, nascidos na pr&pria colKnia! < dessa mudana que vamos tratar, concisamente, adiante!"#E $ @&ta'sdsdobramntos no nsino artsofcios no a&5 da art barroca!as oficinas dos artistas li5os m @inas Brais5ob a /ide da episteme cl#ssica, tamb/m chamada de era da representao@1, a arte, diversamente do que ocorria no litoral brasileiro, passou a ser ensinada, mormente em 8inas Nerais, em oficinas coordenadas por artistas leios, ou se)a, no precisavam mais ser sacerdotes, mas, apenas, cat&licosfervorosos, poisesserequisitoeradecisivopara firmar contratos emanados de interesses de associaes leias ou irmandades! Essa mutao no processo de implementao das artes e ofcios / conseqE*ncia, dentre outros fatores, dos influxos iniciais do iluminismo na colKnia brasileira, na qual as maquinarias de sub)etivao da alma passaram a ser implementadas pelo Estado! @M =ara refletir, por outro prisma, sobre a atuao )esutica na colKnia, ver, entre outros, +omfim 01::A1!@1 5obre a episteme cl#ssica, tamb/m chamada de era da representao, ver ,oucault 01::'a, p! T:J AMF1J :@1!48"s irmandades leias anharamprestio, seundo +oschi 01:VT, p! TB1, porque, para a 7re)a 6at&lica, elas ofereciam a dupla vantaem de serem, simultaneamente, promotoras e sedes da devoo! Eram, do ponto de vista econKmico, um eficiente instrumentodesustentaofinanceira do culto!=or conseuinte,substituam o clero como aentes e intermedi#rios da reliio! "rcando com os onerosos encaros dos ofcios reliiosos, eximiram esse mesmo clero de combater a instituio do =adroado r/io! . Estado tamb/m era beneficiado porque se desobriava do compromisso de aplicao dos d%imos eclesi#sticos recolhidos na implementao do culto reliioso e na promoo de servios sociais para atender a populao colonial! 6omo ainda predominavam interesses coloniais 0nesse momento, mais restritos $s diretri%espolticas provenientes da monarquia1, asassociaes leiasouirmandades, imbudas da tarefa de manter a heemonia do catolicismo romano, foram incumbidas da uarda, conservaoedecoraodasire)as! Oesponsabili%avamFsepelacontrataode profissionais para atenderem $s necessidades dos templos! 6om o apoeu da rique%a do ouro, a import(ncia de um povoado mineiro e o esprito reliioso de seus moradores eram demonstrados pela impon*ncia e suntuosidade ornamental das ire)as matri%es! "s associaes leias ouirmandades anhavamprestio$medidaqueatuavamemprol desses interesses!-e acordo com -ias 01:T:, p!TT1, as oficinas eram, em eral, comandadas por uma esp/cie de empreiteiro ou subempreiteiro, que se apresentava perante as 6(maras, as irmandades e ordens terceiras, para reali%ar as obras encomendadas, na maioria dos casos, para a decorao de interiores! 6ontavam com a a)uda de escravos ndios e neros para os trabalhos mais pesados, e com mestios,com remunerao monet#ria,para os trabalhos maisrefinados! Essesltimoseramexaminadosanualmentepor)ui%esnomeadospelas 6(maras@'!Em aluns casos, o pai, quando dominava alum ofcio, era o mestre ou, como chamavam, o amo do seu pr&prio filho! Em outros, como aponta ,lexor 0'MM', p! 1VB1, os pais fa%iam um contrato por escrito ou oral para que os filhos pudessem aprender alum ofciona oficina deummestre afamado! =ermaneciaentre ambosF pais emestre Fum contratomoral! 2ohaviaidadecertaparaoinciodaaprendi%aem! .aprendi%era colocado sob a uarda do seu mestre ou do amo! Esse lhe ensinava o ofcio, educavaFo e @' =ara conhecer outros aspectos e fatores con)unturais da cultura mineira, ver, entre outros, 5ilveira 01:::1!49serviaFse dele para outras tarefas, principalmente dom/sticas! "s relaes estabelecidas no contrato entre pais e mestres poderiam ser, inclusive, ob)eto de contenda )udicial@;!"produo artstica, baseada na apresentao de modelos, derivados de estampas e ravuras produ%idas na Europa, comeou, paulatinamente, a sair do seu domatismoerior formal!"ora,erammltiplas as fontesdeinformaese modelos disponveis, tamb/meraamploevariadoocontinente deprofissionais qualificados! Eram, como assevera .liveira 01:V:, p! AAJ 1''F;1, artistas mais independentes que seus predecessores subordinados $ rida superviso das oficinas conventuais e, por conseuinte, mais abertos $ assimilao de novas tend*ncias estilsticas, como as plantas curvilneas e a confiurao rococ&! Emdecorr*ncia, aproduodeumob)etoartsticotamb/mseflexibili%ou! 6ontinuouFsefiel $proposiotem#tica, mas, al/mdosmodelos europeuscontavaFse, tamb/mcomaexperi*ncia pict&ricadoartista! "os poucos, os estilos pessoais, cu)o exemplo marcante / a arte de "lei)adinho, foram se consolidando!"#F $No's d art4inf3ncia4 nsinoboms&(ito docntnaprspctiva do (s&itismoOeali%ando, a partir do que foiexpostoneste captulo, umaan#liseeral da noodeensinono)esuitismo, /possvel inferir, emsntese, quesetratava deuma modalidade de interveno educacional pautada na implementao de dispositivos sutis de viil(ncia, nos quais os pr&prios pupilos eram, estrateicamente, envolvidos como CaentesD e Cbenefici#riosD da punio e da premiao! 2o +rasil, o )esuitismo confundiaFse com o pr&prio processo de coloni%aoJ a doc*ncia com a preao dos princpios do catolicismo romano!9ratavaFsede umensinoestratificado, pois se procurava for)ar estudantes modelo em conformidade com a condio social e econKmica! "s inf(ncias de ferro e de @; 9rindade 01::M4', p! ;TA1, por exemplo, ressalta a partir de consulta aos documentos )urdicosFprocessuais 0autos de invent#rios e autos cveis1, a contenda entre os pintores 8anuel Oebelo e Woo +atista ,iueiredo,em 1AA', no f&rum de .uro =reto! . pai de Woo +atista firmou contrato com 8anuel Oebelo, Uartfice da artedepintorUpara ensinaradita arteao filho,poruma obriao Uportempo de seisannosU!6ontudo,8anuel no era Umestre de pintorU, mas Umestre de dourarU, contestao apresentada por Woo que, conhecendo o enano, foi aprender o ofcio com "ntKnio 8artins da 5ilveira! 2o final, Woo +atista anhou a causa recebendo, )udicialmente, o dinheiro 0;; oitavas de ouro1 a que tinha direito, procedido Ude pinturas q! fes pr! sua contaU! . autor da ao / considerado, por aluns estudiosos, como o UfundadorU da nova fase da pintura reliiosa mineira de fins dos s/culos de%oito e incios do de%enove!50barro erampro)etadas para atenderem$s necessidades manufatureiras da colKniaJ a inf(ncia de prata, $ manuteno da ordenao social e culturalJ a inf(ncia de ouro, para administrar e usufruir das rique%as! =ara cada prot&tipo de inf(ncia, o )esuitismo pro)etava proramas, disciplinas e contedos especficos! "atividade do ensino implicava no acionamento de dispositivos denormali%ao, disciplinari%ao e controle por interm/dio do confinamento! . ensino das artes e ofcios punha em andamento um processo de produo artstica e artesanal em conson(ncia com as necessidades emanadas do templo cat&lico, das redues e das associaes leias ou irmandades! 9ratavaFse de um ensino pautado no ver e no executar! Esse processo era deflarado por uma tem#tica reliiosa, que indicava uma rectaratio! "confiuraodoob)etoartsticoeartesanal eradefinidaporummodelo prestiiado pelos padres e pelos c(nones europeus! . processo de execuo da arte era um auxlio da raa divina! -ominarmltiplashabilidades, arantindoumaproduoartsticaecultural sempre condi%ente com uma tem#tica extrada da tradio cat&lica romana e de um modelo europeu, era o que deveria dese)ar saber mestres )esutas e aprendi%es! " confeco de um ob)etocultural e reliioso peloaprendi%, semelhante aomodelo adotado, revelava a efetivao do pr&prio processo de converso! 9odo o repert&rio iconor#fico que pudesse atrair a ateno da criatura humana e incutir uma suesto do amor a -eus, indicar uma lio de piedade, mostrar o caminho da santificao e da obedi*ncia, constitua o que se desinava uma Uboa imaemU!=or conseuinte, umbomsu)eitodocente nasartes eo'#cios, nos s/culos de%esseisede%essetenacolKniabrasileira, deveriaser, obriatoriamente, umsacerdote estraneiro, vinculado, oficialmente, a uma ordemreliiosa, proveniente de pases europeus cat&licos e com capacidade para exercer mltiplas funes 0polticas, administrativas,financeira,erenciais,sacerdotais e culturais1!2o aue da arte barroca, sobretudo em 8inas Nerais, no s/culo de%oito, um bom su)eito docente passou a ser um artistaleio, ouse)a, noeramaisnecess#rioserumsacerdote, masterumatra)et&ria profissional associada $ difuso do catolicismo! Eram em sua maioria mestios, nascidos na pr&pria colKnia! "tuavam como uma esp/cie de empreiteiro, em oficinas, dispostos a atender aos interesses artsticos e est/ticos de propaao do catolicismo defendidos por irmandades e ordens terceiras!51. conhecimento tido como importante eram os de cunho cl#ssico, doutrin#rio e apolo/ticosliados$tradiocat&licaromana! .sconhecimentosrechaadoseramos humanistas, nocondi%entes comprincpios outorados por essainstituioreliiosa! Estavam autori%ados a falar os )esutas, alumas lideranas da sociedade mineira arroladas em associaes leias e em irmandades e os mestres da arte e de ofcios! 2o que concerne $ ao metodol&ica, para ensinar e ser considerado bom, o su)eito docente deveria,nas oficinas de artes e ofcios, articular a tem#tica reliiosa,os modelos europeus comvistas $produodeumob)etoartsticoFreliioso!"atuao polivalente,relacionada,sobretudo, $produo cultural e material,associada$ devoo reliiosa, como se pode inferir a partir dos enunciados do=e! 5epp, era cobrada e valori%ada, tantoemrelaoaos mestres comoaos ndios aprendi%es!=araerir sua per'ormanceprofissional, o)esutadeveria, continuamente, supervisionar as atividades culturais, reliiosas e materiais, %elando pela aplicao doCsistema disciplinar! =araovernarsobreoutros4as, os)esutasaplicavamumsistemadisciplinar para as redues, uma esp/cie de Cc&dio penalD, no qual estavam previstos castios para o queseconsideravafaltaoudelito, aplicados, emeral, empraapblica! .sistema educacional )esutacontemplava, tamb/m, promoesparaos)ovens, sobretudoosque pertenciam$sfamlias doscaciques edosndios principais! Essesaprendi%es, quando correspondiam $s expectativas dos )esutas, podiam ocupar a funo de prefeito de estudos, orientadores, administradores, etc! .s)esutasenviavamrelatosdassuasatividadesaos superioreseclesi#sticos, emOoma, osquais, emresposta, formulavamdiretri%esparaa implementao do pro)eto catequ/tico e para a hierarqui%ao clerical do mission#rio!Huanto $ suposio, derivada do )esuitismo, de que a arte / desnecess#ria no currculo escolar ficoubem evidenteque suarelut(ncianopresenteocorreu,sobretudo, porque foi disseminada em diferentes verses, em conformidade com a pro)eo )esutica de inf(nciaI a inf(ncia de ouro foi for)ada a pensar que o acesso $s diferentes modalidades dearteeraumsinal dedistinoedeerudioexclusivaaosdirientesearistocratasJ valori%ar, exclusivamente, osaber bacharelesco, vendoa arte, unicamente, como um penduricalho curricular ou como uma opo de la%er constitua o que a inf(ncia de prata era for)ada a pensar! " infncia de ferro e barro )ulava a arte como alo inferior, uma atividade que s& se procurava e exercia porque no se tinha aptido para profisses mais importantes! < incrvel, mas essas suposies do passado colonial ainda so difundidas no presente! "inda no se conseuiu, apesar do esforo, deix#Flas no passado! "o que parece, 52as investiaes que problemati%em as mutaes discursivas e educacionais fornecem uma incisiva contribuio para compreenderporueecomodeterminadas suposies do passado teimam em continuar interferindo no presente! .quadro adiante tenta resumir a reflexo sobre o )esuitismo e as respectivas implicaes educacionais ocasionadas na vi*ncia da denominao artes e o'#ciosI=IBGN*I2 D2 D?NO@IN2O 2RT? ? OFH*IO% N2 I?R%I?*TI=2 DO J?%UITI%@ORfr9ncia n&nciativa@ articulao educacional e religiosa para implementao da arte no processo de cateAuizao.Rprsntao da inf3ncia!*alorizao da *ida espirtual em detrimento da carnal, com prot8tipos de criancas em cone?it%01::V, p! '11reforaessainterpretaoquandoasseveraque, no s/culo de%enove, relacionavamFse as imaens pastorais do campo com as da industriali%ao! "novaimainariareferiaFseaumacidadaniaeumacomunidadeque comunicavam uma noo rural de est/tica e pure%a comuma sabedoria e uma racionalidade cosmopolita! Sunter 01::V, p! 1;1, autor de uma enealoia da instituio escolar sob a tutela dopoder estatal, arumentaque, nessa/poca, osmembrosdaburuesiarechaarama ideoloia do laisse>+'aire, caracterstica de sua classe, e viram a necessidade de introdu%ir umsistemaescolarestatal deacordocominteresseseconKmicosaindamaisprofundos relativos $ criao de um proletariado socialmente disciplinado! Oessalta, servindoFse de depoimentos emitidos no s/culo de%enove, que o papel do Estado em relao $ educao popular era uma questo de ordem pblica, para impedir que crescesse ao derredor uma multidodeseresimoraisedepravados, descendentesdainor(ncia, consideradosuma praa e uma mol/stia para a sociedade! Em suma, o Estado, ao atuar como educador, foi assumindo, especialmente, opapel demorali%ador edisciplinador dasclassespobrese trabalhadoras 0-.2"L-, 1::B, p! @11!"ssociado com outros saberes, o ensino do desenho passa por um processo de disciplinari%ao para, dentre outras metas, a)udar na extirpao da Cinor(ncia do povoD! . anseio de alar o ensino do desenho como uma disciplina obriat&ria para ameni%ar a inor(ncia da populao est# bem evidente no que foi dito e escrito por Eliseu 3isconti! Em uma entrevista, o artista, que teve uma atuao docente marcante, declarouI !!!2ecessitamostornarobriat&riooensinodedesenhonaescolaprim#ria, no cursosecund#rio, emescolasespeciaisdestamat/ria, espalhadospelospontos mais distantes dopas edacidade, afimdequetodas as crianas tenham facilidade de freqEent#Flas! . desenho deve preceder ao pr&prio alfabeto! Ele / a porta por onde a criana tem a revelao do mundo 0InI 6.59", 1:'A, p! A:1!2.1.# - * representao da infncia da classe mdia: circulao informacional e rela+es entre pr,ticas estatais e auto-reulati!as61" pintura do espanhol 5ante.lalla, artista que, ao chear ao +rasil, dedicouFse $ pintura de temas hist&ricos e de paisaens urbanas, representa um )ovem da classe m/dia que, apesar de estar bem tra)ado em conformidade com a moda da /poca, l* o que parece ser um )ornal, sentado nas escadarias rsticas, envelhecidas e relativamente deterioradas! 5eus tra)es e a maneira polida com que empreende a Cleitura tranqEilaD contrastam com um cen#rio urbano Ccaoticamente orani%adoD, que denota uma tentativa da sociedade brasileira para encontrar, mesmo convivendo comrestries econKmicas, solues arquitetKnicas condi%entes com os randes centros e com a industriali%ao em curso! Esse )ovem/ o representante de uma nova erao que, no s/culo de%enove,continuou recebendo, em col/ios privados administrados por )esutas, uma formao ainda baseada nos princpios do $atio &tudiorum! 6omo era for)adaparaserversadaemCboasletrasD, poderiaocupar, al/mdos postos burocr#ticos da administrao estatal e eclesi#stica, os de erenciamento, superviso, coordenao e monitoramento da atuao estatal e industrial!6omparada comas outras produes artsticas elencadas anteriormente, a pintura de5ante.lallaparece indicar que, enquanto os pobres eramassociados $ mestiaemde descend*ncia predominantemente indena e africana e os ricos $ descend*nciaportuuesa, o|a)ovemdaclasseintermedi#rianotinhaumaassociao direta com nenhuma delas e, a um s& tempo, tinha com todas!Emseuimportante estudosobre?povobrasileiro01::B, p! 1;'1, -arcG Oibeiro se perunta a respeito da emer*ncia dos brasileiros! Ele mesmo respondeI Cisso se d# quando milhes de pessoas passam a se ver no como oriundas dos ndios de certa tribo,nemafricanostribaisouen/ricos, porquedaquilohaviamsado,emuitomenoscomo portuueses metropolitanos ou crioulos, e a se sentir soltas e desafiadas a construirFse, a partir das re)eies que sofriam, com nova identidade /tnicoFnacional, a de brasileirosD!omn, compositor, oranista e mestre de capela e ,rancisco .vide,enenheiro mec(nico!.s auxiliares eramI 6harles Louis Levasseur e Louis 5imphorier,auxiliares dearquiteturaJ ,ranois +onrepos, a)udantedeescultura! =ara ensinar os ofcios mec(nicos, constavam os seuintes artfices auxiliaresI Wean +aptiste Level, mestre ferreiro e perito em construo navalJ=ilite, surrador de peles e curtidorJ ,abre, curtidorJ 2icolas 8aliori Enout, serralheiroJ Louis Woseph OoG e seufilhoSippolGte, carpinteirosefabricantesdecarros! =arasecretariara8isso, foi contratado=ierre -illon! =osteriormente, chearam ao +rasil os irmos 8arc ,erre%, escultor e Qephirin ,erre% , ravador e escultor!67estabelecimento da %scola de Artes no $io de ;aneiroB', enviada em 1' de )unho de 1V1T, encontramFseinformaesimportantesparaa)udar apKrdemanifestooquea8isso ,rancesa preconi%ava emtermos de arte, ensinoe debomsu)eitodocente! 9rataFse, inquestionavelmente, de um discurso que corrobora para a confiurao e disseminao da denominao ensino do desenho no s/culo de%enove e incio do vinte!"pesar de o pro)eto de Lebreton ser mais detalhado em relao $ Escola de +elas "rtes, que, mesmo tendo nature%a diversa, era a base sobre a qual a Escola Nratuita de -esenho estaria montada, as prescries direcionadas $ seunda instituio orientaro a presente an#lise, pois o recorte no est# centrado na formao artstica profissional, mas nos pro)etos CendereadosD $ maioria da populao brasileira, sobretudo a mais pobre!6om uma eprafe, extrada de um dos ensaios de Sumboldt, Lebreton iniciou a correspond*ncia deixando evidente, loo de incio, quais eramsuas refer*ncias institucionais de interveno educativa e culturalI U!!!nenhuma cidade do novo 6ontinente, sem excetuar as dos Estados Lnidos, oferece estabelecimentos cientficos to randes, to s&lidos, quanto os da capital do 8/xicoU! 5alientando que seu pro)eto 0o texto est# rediido na primeira pessoa do sinular1 / decorrente de conversas travadas e de leituras de textos formulados por Sumboldt, Lebretonintrodu%seus arumentos emprol deumensino artsticoassociado$s finalidades mercantilistas, esclarecendoos benefcios artsticos e econKmicos de implant#Flo! -efendiaparaocontextobrasileiroomodeloimplantadopor+achelier, ou se)a, a fundao de uma Cdupla escola das artes do desenhoD! 5eu pro)eto reivindicava a construo simult(nea de uma escola de +elas "rtes e de uma Escola Nratuita de -esenho acoplada ao funcionamento de ateliers pr#ticos 0oficinas de ofcios1! " preocupao principal do discurso de Lebreton consistia na articulao das artes eofcios, ameni%andoacompartimentali%ao)esutica! 5eupro)etocomunicava esses campos entre si, eliminando barreiras t/cnicas, tornando intercambi#veis contedos, procedimentos educacionais e equipe docente!2essa direo,o autor arumenta que os Cprofessores de uma dupla escola das artes do desenho bastaro para todo o ensino dessas artes, e mesmo de suas aplicaes aos ofciosD! =aralelamente, hierarqui%avaFos ao B' 9rataFse de documento pertencente ao "rquivo do 8inist/rio das Oelaes Exteriores! ,oram encontrados dois manuscritos, endere