napoleão, o pequeno
TRANSCRIPT
-
8/3/2019 Napoleo, o pequeno
1/1
Napoleo, o pequeno
...a misria tem fundos lamacentos, e quando um afogado vem desse leito
at a superfcie, traz imundcies agarradas ao corpo e s roupas.
Honor de Balzac
Ali, onde h tempos atrs o artista perdeu o seu halo, onde a lama percorre o
caminho no lugar dos homens, e se esconde sob a aparncia refinada de luxuosos
capotes. Ali vai o nosso pobre homem. Um jovem, desde pequeno chamado Napoleo.
At hoje, quando ainda pequeno. Grande apenas pelos sonhos que tem.
Neste cenrio, at onde a vista alcana se pode ver a exuberncia, e seus olhos
ainda lembram dos bulevares. E se pode caminhar entre as carruagens, milhares e
milhares de quilmetros, at onde as pernas no se cansam. No palco, atuam juntas
todas as espcies, homens, insetos e cavalos. Atrados pela luz, que tambm chama, e
nos chama para ver o espetculo.
Mas o pobre Napoleo, to pequeno, imerso nestes acontecimentos, j no tem
tempo para contemplaes, e nem privilgios para olhar tudo isto pelas lentes de um
binculos, no conforto macio da poltrona de algum camarote. Como fazemos ns neste
momento.
E o que vemos, tambm s vezes nos confunde. No entanto, nada escapa aos
olhares burgueses. Quando Napoleo adentra um salo qualquer, logo identificado
pela sujeira de seus ps. Percebe-se que j andou no inferno. O que nem todos sabem
que ainda anda. Talvez nem Napoleo o saiba, pois acreditava ter rompido as portas do
paraso. Napoleo, o pequeno, fora trado, pela luz e pelos livros. Seu corao jaz em
chamas.
Matheus Paz