na cultura afro-brasileira e indÍgena · em autores como cléo busatto ... vozes da floresta,...
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OLHAR TRANSDISCIPLINAR NA ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS COM ÊNFASE NA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA
Autora: Juracir dos Santos 1 Orientadora: Daniela Zimmermann Machado 2
Resumo
Este artigo tem como proposta refletir acerca da implantação do trabalho desenvolvido no Projeto PDE. O projeto desenvolvido primou pela prática de contação de histórias, privilegiando a literatura afro-brasileira e indígena em um contexto transdisciplinar. Baseando-se na imaginação, na curiosidade e na interação com a história, buscamos, através da prática da contação de histórias, desenvolver habilidades de oralidade e de leitura no meio escolar. Para esse estudo, baseamo-nos em Cleo Busatto (2006), Nancy Mellon (2006), Ribeiro (1999), Casa do contador de histórias e outros, no tocante ao estudo das lendas e contos; em Coelho (2000) no trato da literatura afro-brasileira e indígena e, no campo da linguística, trabalhamos com Marcuschi (2007) no que concerne ao estudo dos gêneros e em Adam (2008), no tratamento da sequência textual, em especial, a sequência narrativa, que caracteriza os textos da aplicação do projeto. Acreditamos que, a partir do repertório inesgotável dos contos e lendas populares, o professor pode abordar e discutir os temas aqui propostos, além de levantar questões éticas relevantes na convivência cotidiana, tanto da escola quanto da vida social. Segundo Coelho (2000), “contar histórias é uma arte popular”. Percebemos que não se deve contar história de forma mecânica ou só para ensinar regras gramaticais, mas, sim, pelo prazer de contar. Isso é o que privilegiamos na realização de nossa implementação, ou seja, o prazer pela leitura. Constatamos, com a pesquisa, que o trabalho de contação de história proporciona aos alunos um resgate significativo da literatura, além de proporcionar um contato satisfatório com temas que caracterizam a literatura brasileira. A realização deste trabalhou possibilitou uma maior reflexão sobre a prática de leitura em sala de aula. Incluir a contação de história na prática de ensino vem a contribuir muito com o aprendizado, além de despertar o prazer por ler.
Palavras-chave : Contação de histórias; gêneros textuais; literatura afro-brasileira; literatura indígena. 1 Graduação Língua Portuguesa, Pós- graduação em Metodologia do Ensino e supervisão Escolar. Atua no Colégio Estadual "José Bonifácio, Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante." 2 Mestre em Letras-Estudos Linguísticos pela UFPR, graduada em Letras – UFSM, professora do Curso de Letras da UNESPAR, campus Paranaguá.
1 Introdução
Este trabalho, gestado a partir da aplicação do projeto PDE, tem como
propósito primeiro trazer uma reflexão acerca da prática docente no que diz respeito
ao trabalho com a contação de histórias em sala de aula, principalmente, resgatando
a literatura indígena e afro-brasileira, em um contexto transdisciplinar. Para Coelho
(2000): Ler, contar e representar histórias são artes milenares que eram passadas
de pai para filho ao longo do tempo e que vem desaparecendo, à medida que o
mundo vem se globalizando e a tecnologia vem avançando. A ideia do projeto foi
tentar resgatar um pouco o valor da prática de contação de história, no ambiente
escolar, mesmo conscientes das mudanças trazidas pela tecnologia, que vem
transformando o ambiente escolar e, por consequência, as formas de cultura.
A transdisciplinariedade é a integração das várias disciplinas, trabalhando o
mesmo assunto a fim de obter avanços na produção de novos conhecimentos,
visando a articular uma nova compreensão da realidade entre e para além das
disciplinas especializadas. A transdisciplinariedade é uma abordagem que passa
inter, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão daquilo que nos é
complexo. Na verdade, é a cooperação entre as várias matérias com a finalidade de
apresentar o mesmo assunto com enfoque diferente. É introduzir temas que não
pertencem a uma só disciplina, mas que envolvem duas ou mais delas. (Baseado
em Dicionário Aurélio (1987, 2ª ed), leitura do artigo da Profa. Dra Mariana Lacombe
artigo Educação e Transdisciplinariedade do CETRANS, p 1 / 2, 1999).
A transdisciplinariedade, aqui sugerida, seria o envolvimento de outras
disciplinas, trabalhando o mesmo tema paralelamente com a Literatura. O projeto foi
escrito com a intenção de envolver as disciplinas de História, Geografia e Artes,
envolvendo-se diretamente com a proposta da contação de histórias e das culturas.
Quanto as demais disciplinas, seria bom que elas pudessem, ao menos, mencionar
de forma rápida, em seus currículos, estas culturas: a africana e a indígena.
Para se atingir o objetivo proposto neste artigo, de refletir acerca da
implantação do projeto, primeiramente, faz-se necessário retomar uma série de
conceitos que ajudam a entender o processo de contação de história: o ler, o contar
e o interpretar, nos diversos seguimentos da história infantil. Esses conceitos serão
trabalhados a partir de Coelho (2000), Mellon (2006), Ribeiro (1999) e outros que
seguem esta mesma linha de pensamento. Tais conceitos estão atrelados às
capacidades que almejamos despertar nos alunos, diante da aplicação do projeto
proposto, que são: desenvolvimento da oralidade e prazer pela leitura.
Escolhemos o trabalho com a contação de história, pelo fato de a temática
representar a possibilidade de resgatar aspectos da tradição oral. Considerando a
realidade de um docente, que se preocupa com o rumo da educação e, baseando-se
em autores como Cléo Busatto (2006) e Carlos Draitschman (2004) – teve-se a ideia
de montar um projeto em torno desse tema.
Acreditamos que, pensando desta forma, o aluno poderia estar entrando em
contato com a cultura que, por hora, caracterizaram o seu povo, pois essas histórias
lidam basicamente com emoções, com prazer e com o espírito lúdico dos ouvintes e,
acima de tudo, estimulam a imaginação criadora facilitando um diálogo com o texto
sobre a realidade. (baseada na casa do contador de história, no informativo 01, Por
que ouvir histórias? de Marise Guapyassú, 2011.)
Baseamo-nos também em Jonas Ribeiro (2006), em seu livro Ouvidos
Dourados, que tem sido um dos maiores defensores da importância da contação de
história, tanto nas escolas como nos hospitais, assim como Nancy Mellon (2006) em
A arte de contar histórias e outros que compartilham deste mesmo pensamento.
Como podemos constatar com a prática do dia a dia, no contexto escolar,
as tradições afro-brasileiras que constituem uma de nossas matrizes culturais
estruturantes não têm sido consideradas tópicos de ensino e de aprendizagem.
A cultura afro-brasileira representa um importante objeto de estudo para
aqueles que pretendem compreender, de maneira mais profunda, a história de
nosso país e sua forte ligação com a cultura negra e o continente africano.
Trabalhar em torno dessa temática é muito importante até mesmo na fixação de
outros conteúdos de história e Língua Portuguesa, que dialogam com nosso
conhecimento cultural.
No estudo da contação de história, um dos conceitos centrais que precisam
ser trabalhados, de acordo com nossa acepção, seria a definição de lenda, fábula e
de conto. Para melhor compreender tal definição, fazemos menção, aqui, a duas
histórias: uma, afro-brasileira, Adetetu; outra, indígena, intitulada Como nasceram
os diamantes. Com base nas histórias mencionadas, que ilustram um pouco o ato
de contação de história, proposta deste trabalho, pode-se afirmar que as lendas,
conforme Coelho (2000), são estórias contadas por pessoas e transmitidas
oralmente através dos tempos.
Iniciado o ano letivo, o projeto PDE foi apresentado aos professores e aos
funcionários, numa reunião pedagógica, em que os professores PDE tiveram a
oportunidade de apresentar sua proposta de trabalho. Depois, para os alunos, que
de início ficaram meio relutantes, mas com o desenvolvimento do projeto, aceitaram
e adoraram a proposta de resgatar histórias que embalaram a infância de muitos.
Adaptou-se a sala para aplicabilidade do projeto. As carteiras foram colocadas em
círculos. O professor caracterizado com suas vestes e chapeuzinho de contador de
história.
Os livros utilizados foram diversos. Trabalhou-se muito com os livros de
Celso Sisto, escritor de vários livros infantis de temática africana e indígena.
Celso Sisto nasceu no Rio Grande do Sul, escritor e contador de histórias do grupo
Morandubetá (RJ), ator arte-educador, crítico de literatura infantil e juvenil,
especialista em literatura infantil e juvenil, mestre em Literatura Brasileira e
responsável por inúmeros grupos de contadores de histórias espalhados pelo país.
Os livros trabalhados foram: A dona do fogo e da água. (ilustração de
Rubem Filho, São Paulo, Ed Mundo Mirim, 2012. 32p ; Mãe África; O casamento da
princesa (Celso Sisto, ilustração de Simone Mateus, São Paulo, Prumo, 2009, 32p).
Quanto à temática indígena, selecionamos o livro Lendas Indígenas (Sisto,
Celso, Vozes da floresta, lendas indígenas, ilustração de Mateus Rio,São Paulo,
cortez, 2011, 60p). Este livro reúne lendas dos povos indígenas: A lenda da
mandioca, A lenda do surgimento da noite, A lenda que explica o aparecimento da
Lua. Também foi usado o livro de Ana Soler Point, O príncipe Medroso e outros
contos africanos (Cia do Livro, 2009).
Recorrendo-se às multimídias, foram trabalhados os DVDs: Fábulas, de
(Walt Disney produções), Lendas Brasileiras direção de Marcio Trigo (roteiro de
Cláudio Lobato) e o mundo Encantado do Folclore, direção de L. Resende,
(produção gráfica de Lucas Zimmermann), assim como textos contendo fábulas
como a da “Cigarra e a formiga” e outros.
Foram trabalhadas as propagandas “Casa da banha”, (1983, retirado
de:www.youtube.com/ Baudatv. Acesso em: 18/11/11). Também envolvendo o
gênero propaganda foi trabalhado o jingle da Varig Brasil-Japão, Urashima Taro,
(1968, cantada por Rosa Miyake), que mostra as lendas e belezas da terra brasileira
e o mito das sereias que com sua beleza encantam os visitantes. Ainda da Varig o
jingle “Seu Cabral” comercial de 1969 (retirado de: www.youtube.com/Baudatv.
Acesso em: 18/11/11). Essas foram as obras selecionadas para o trabalho de
contação de histórias na escola.
Organizamos o presente artigo da seguinte forma: primeiramente, trazemos
uma reflexão sobre os conceitos de lendas, fábulas e contos. Em um segundo
momento, discutimos estes conceitos sob a visão de alguns teóricos citados. Na
sequência, apontamos os passos da implantação do projeto.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Refletindo acerca dos conceitos de conto e fábu las.
Damos início à discussão dos conceitos de conto e fábula, bastante
oportunos em nossa discussão.
Segundo Coelho (2000), o conto é considerado uma narrativa de estrutura
simples. Dentre as suas várias características podemos ainda ressaltar que o ponto
mais importante no conto é a sua pluralidade, ou seja, a possibilidade de
interpretações, possíveis devido a sua transformação e a sua mobilidade.
Como afirma Coelho (2000): “Essas formas simples, de narrativas que
surgiram anonimamente e passaram a circular entre os povos da Antiguidade,
transformaram-se com o tempo no que hoje conhecemos como tradição popular.”
(p.164) Ou seja, quando uma forma simples/recorrente é utilizada, ela pode ser
melhor fixada, assim como uma forma artística, ganhando solidez e unicidade,
porém vai perdendo o que lhe é prioritário, dando origem a uma nova versão ao
conto. É comum ouvirmos que cada um pode contar um conto, mas é preciso um
certo cuidado ao contá-lo, pois não se deve modificar as características próprias do
conto.
O conto apresenta uma infinidade de fatos diversos ligados pela maneira de
representar algo. Os fatos, como são encontrados no conto, só podem ser nele
realizados. “Pode-se aplicar o universo ao conto e não o conto ao universo” (Jolles,
1976, p.193).
Chegamos agora à definição de fábula proposta por Coelho (2000) “que é
uma narrativa figurada, na qual as personagens são geralmente animais que
possuem características humanas. Pode ser escrita em prosa ou em versos e é
sustentada sempre por uma lição de moral, constatada na conclusão da história.”
(p.165)
De acordo com La Fontaine (apud Coelho, 2000), “A fábula é uma pequena
narrativa que sob o véu da ficção, guarda uma moralidade” (p.165). Esse mesmo
autor menciona ainda que “a fábula surgiu no Oriente, mas foi particularmente
desenvolvida por um escravo chamado Esopo, que viveu no século VI a.C. na
Grécia antiga” (LA FONTAINE apud COELHO, 2000, p. 165). A temática é variada e
contempla tópicos como a vitória da força sobre a fraqueza, da bondade sobre a
astúcia e a derrota de preguiçosos. Além disso, o diálogo, no caso de uma fábula,
deve estar presente, uma vez que se trata de uma narrativa. O autor ainda afirma
que, por ser contada também oralmente, a fábula apresenta diversas versões de
uma mesma história e, por este motivo, dá-se ênfase em um princípio ou outro,
dependendo da intenção do escritor ou interlocutor (COELHO, 2000).
Coelho menciona Fedro, (século I d.C.): “A fábula tem dupla finalidade
entreter e aconselhar.” (p. 165). Pela versatilidade do gênero fábula, a criança
enxerga com maior facilidade as diversas situações e preceitos morais sem que
percebam o que estão aprendendo. Tendo isso em vista, o trabalho de contação de
histórias, no contexto escolar, torna-se bastante significativo.
Entendemos a noção de conto como constitutiva dos elementos lenda,
fábula e mito porque estas se transformam em formas simples, espontânea,
autêntica e não elaborada que acabam sendo assimilada pela Literatura Infantil, via
tradição popular. (Coelho, 2000)
Buscamos também um apoio na perspectiva da lingüística do texto, a fim de
entendermos o estudo dos gêneros, que pode nos auxiliar no entendimento da
caracterização destes tipos que caracterizam os gêneros conto e fábula.
2.2 Entendendo a noção de Gênero
Como a proposta é discutir o “contar histórias”, um aspecto central para tal
discussão é o entendimento da noção de textos que podem ser contados, narrados.
Para tal discussão, refletimos aqui acerca dos gêneros textuais que se caracterizam
pela estrutura narrativa, baseando-se em Adam (2008), no trato sequência textual
narrativa.
A teoria dos gêneros organiza, caracteriza esses tipos textuais, sejam eles:
a fábula, o conto de fadas, as lendas. Conhecer a teoria dos gêneros é bastante
relevante para a presente pesquisa. Para isso, baseamo-nos em Marcuschi (2002) e
Adam (2008).
Segundo Marcuschi (2002), os gêneros textuais:
Contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação. No entanto, mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. Caracterizam-se como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Surgem emparelhados a sociedades e atividades sócio-culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à escrita. (MARCUSCHI, 2007, p. 19).
Segundo Marcuschi (2007), os gêneros novos que vão surgindo não são
totalmente inovadores, pois são construídos a partir de outros já previamente
existentes. “A comunicação verbal só é possível por algum gênero textual”
(MARCUSCHI, 2007, p. 22).
Aqui fazemos referência, a fins de esclarecimentos, a noção de sequência
textual, sem nos preocuparmos em desenvolver uma discussão pormenorizada.
Quando se fala em tipos textuais (ou sequências), faz-se necessário fazer menção
aos estudos de Adam (2008), sobre as sequências textuais. O teórico tem se
dedicado especificamente ao estudo dessas noções.
Seqüência textual são “esquemas” linguísticos básicos cuja a função, é
organizar linearmente seu conteúdo temático, exercendo papel fundamental na
organização infraestrutural mais geral dos textos. (Bronckart, 1999.)
Para Adam (1992), os gêneros são componentes de uma interação social e
as sequências são vistas como organizações lingüístico-formais em interação na
constituição de um gênero.
Passamos agora a uma reflexão sobre os gêneros no contextos escolar.
2.2.1 O estudo dos Gêneros Orais e Escritos no Ambi ente Escolar
Como nosso trabalho privilegia o estudo dos gêneros, caracterizados pela
sequência narrativa, limitamo-nos a apresentar o quadro correspondente a esse tipo
de texto. O presente quadro foi retirado do livro de SCHNEUWLY e DOLZ (2004),
intutulado Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, p.
102.
Domínios
sociais de
comunicação
Aspectos
tipológicos
Capacidade de
linguagem dominante
Exemplo de gêneros orais e
escritos
Cultura Literária
Ficcional Narrar;
Mimeses de ação
através da criação da
intriga no domínio do
verossímil
[Conto Maravilhoso], Conto de
Fadas, fábula, lenda, narrativa de
aventura, narrativa de ficção
cientifica, narrativa de enigma,
narrativa mítica, sketch ou
história engraçada, biografia
romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica,
conto, crônica literária, adivinha,
piada.
Adaptado de Proposta provisória de agrupamentos de gêneros, retirado de: SCHNEUWLY, B.;
DOLZ,J. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência
suíça (francófina). In: Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004; p.102.
O quadro ilustra os gêneros que trabalhamos no projeto. Mas não podemos
deixar de mencionar Kleiman (2000) que também classifica os gêneros levando em
consideração o caráter da interação entre o autor e leitor.
O objeto do nosso interesse é trabalhar com gêneros que se caracterizam e
se constituem pela sequência narrativa que, de acordo com Adam (2008) pode ser
entendida como a exposição de fatos reais ou imaginários.
Optamos por trabalhar com textos narrativos – o conto de fadas, por exemplo,
porque se pressupõe que narrar seja uma das primeiras práticas dos primeiros anos
escolares. E, como afirmam os teóricos aqui supracitados, é preciso narrar.
Entendemos que essa habilidade – essa prática é fundamental enquanto ação social
dentro da escola.
“Entende-se que para contar é necessário primeiramente preparar um mundo,
o mais mobiliado possível, até os últimos pormenores. Constrói-se um rio, duas
margens, e na margem esquerda coloca-se um pescador, e esse pescador possui
um temperamento agressivo e uma folha penal pouco limpa, pronto: pode-se
começar a escrever, traduzindo em palavras o que não pode deixar de acontecer.”
(ECO apud TERRA, NICOLA e CAVALLETE, 2002, p. 552).
Pode-se dizer, com Khéde (1990) “que os contos atualizam ou reinterpretam,
em suas variantes, questões universais como os conflitos do poder e a formação dos
valores, misturando fantasia e realidade no clima do Era uma vez...” (p.16).
Os contos de fadas têm suas raízes em fontes diversas. De acordo com
Coelho (2000),
Os primeiros contos de fadas teriam surgido entre os celtas, povos bárbaros que, submetidos pelos romanos (século II a C / século I da era cristã), se fixaram principalmente na Gálias, Ilhas Britânicas e Irlanda. A essa herança céltica, é atribuído o fundo maravilhoso, de estranha fantasia, imaginação e encantamento que caracteriza as novelas de cavalarias do ciclo bretão (ciclo do rei Artur e seus cavaleiros da Távola Redonda e sua dama Ginevra) foi, pois, nas novelas de cavalaria que as fadas teriam surgidos como personagens, representando forças psíquicas ou metafísicas. Os contos de fadas têm, portanto, como ponto de partida um encantamento, uma metamorfose, que levam à aventura da busca. Estes contos surgiram como poemas que relatavam amores estranhos, eternos, essencialmente idealistas e ligados aos valores eternos do ser humano e aos valores espirituais. (COELHO, 2000, p. 175)
Coelho (2000) afirma que os contos de fada ficaram conhecidos a partir do
século XVII. Ele classifica os contos em vários tipos: os contos de fada, magia,
fantasmagóricos e outros. Mas foi com os irmãos Grimm que o conto se tornou uma
narrativa de sentido literário com a coletânea Contos para Crianças e Família,
publicadas em 1812. Foi a partir dessa publicação dos irmãos Grimm que se
conhece a diversidade de contos que num conceito unificado, passou a ser à base
de todas as coletâneas anteriores do século XIX.
O conto ganhou em solidez e unicidade porque se tornou único, exclusivo,
sem divisão de crença, raça ou religião, e tornando-se resistente ao tempo, mas
perdendo em multiplicidade por estar ligado a uma variedade de pessoas de
diferentes culturas, etnias que convivem numa constante intenção de troca. Por
outro lado, o conto sofre uma ascensão ou rebaixamento ao ser transmitido de
geração a geração no meio em que surgiu.
As formas simples são as que resultam da criação espontânea não-
elaboradas, diferente dos romances medievais, que apresentam uma forma
artisticamente elaborada.(Bechara, 2001).
Devido a sua simplicidade, essas histórias acabaram sendo assimiladas pela
literatura infantil, via tradição popular. Como por exemplos: a fábula, o mito, a lenda,
o conto maravilhoso, o conto de fadas e outros.
É importante ressaltar ainda, que muitos educadores, professores de Língua
Portuguesa bem como os livros didáticos recomendados pelo MEC, usam sem fazer
nenhuma distinção os seguintes termos: tipos, espécies, modos e modalidades para
fazer a classificação textual. Apesar do trabalho de produção textual ser antigo, os
estudos científicos nesta área de atuação da Língua Portuguesa é considerada
recente. Brandão (2001) diz que a linguística, enquanto ciência específica “é recente
e a sua preocupação inicial foi com as unidades menores que o texto apresenta: o
fonema, a palavra, a frase. Na medida em que ela passa a se preocupar com o
texto, começa a pensar na questão do gênero”. (BRANDÃO, 2001, p. 19)
O trabalho com textos em sala de aula ganhou um enfoque especial no
momento em que os PCNs de Língua Portuguesa evidenciaram a sua importância
com uma proposta de leitura e produção de texto, surgindo a necessidade de
trabalhar os gêneros discursivos e textuais.
O professor deve apresentar e trabalhar com os alunos os tipos e os
gêneros textuais que fazem parte do seu dia a dia. É fundamental que os alunos
percebam que a noção de texto ultrapassa as composições tradicionalmente
conhecidas no ensino (descrição, narração e dissertação), e que pode ser
considerado texto toda produção oral e escrita que carrega sentido e significação.
2. 3 RESTRINGINDO O FOCO: contação de história com ênfase na cultura afro-
brasileira e Indígena .
2.3.1 Cultura Afro-brasileira
Como já destacado, o interesse da presente pesquisa presa pelo resgate
dos temas afro e indígenas. Ana Soler Point (2009), afirma que “na África, desde
sempre os contos e as lendas passaram de geração a geração, ao longo dos
séculos, sem que fossem escritas.” (p.9) Ainda hoje, como, diz a autora citada
acima, na apresentação do seu livro, O Príncipe Medroso e outros contos
africanos,(Cia das Letras, 2009.) “contar contos nas praças dos povoados, nos
pátios das casas ou embaixo de uma árvore numa escola rural,” (p.9) ainda é uma
atividade bastante comum no contexto africano.
A mesma autora enfatiza ainda que nas tribos africanas, geralmente, havia
apenas um contador de histórias por aldeia. Se uma tribo tentava roubar um
contador de histórias de outra tribo, era motivo de guerra. Os contadores de histórias
eram muito importantes e eram chamados de Griots. Sua tarefa era contar histórias.
Segundo Nancy Mellon (2006),
A arte de contar histórias pretende restaurar a sabedoria proporcionada pelas histórias na sua vida diária, um tesouro de poderes imaginativos que está vivo dentro de cada um de nós. Estes poderes normalmente se encontram perdidos e adormecidos, mas apesar disso, despertar as imagens que ainda podem ser encontradas na parte da nossa imaginação onde essas histórias repousam e tornam a vida mais plena e radiante. Apesar dos contratempos de todos os tipos que nos desencorajam, o antigo e grandioso processo de contar histórias nos coloca em contato com forças que podem ter sido esquecidas, sabedorias que podem ter esmaecido ou até mesmo ter desaparecido e esperanças que caíram na obscuridade. Essa atividade também nos conecta com as alegrias e prazeres que hoje em dia têm sido relegados aos artistas profissionais. Acima de tudo, o ato de contar histórias nos dá amor e coragem de encarar a vida: no processo de imaginação de uma história maravilhosa, novos espíritos nascem para
encarar as maiores aventuras de nossas vidas e conceder um estímulo sábio às outras pessoas, para que sigam seus próprios caminhos, não importando a idade que tenham. Cada contador de história coleta e organiza imagens internas vitais e, subjacentes a elas, existem princípios universais. (MELLON, 2006, p.13)
O projeto desenvolvido partiu do interesse em incentivar os alunos a criarem
histórias diferentes, novas para ajudar a conhecer melhor os desafios de nossos
dias. Segundo Nancy Mellon, (2006), “histórias saudáveis e proveitosas surgem
espontaneamente em nossas mentes, sem dar importância ao lugar onde estejamos
e independente de nossa vontade” (p. 15).
A autora ainda afirma (2006):
Construir uma história saudável e espirituosa é necessário que realmente seja adequada aos nossos tempos é um processo que acorda os nossos sentimentos mais profundos, despertando um senso de alegria e encantamento que nos fortalece em nossas muitas vezes confusas e assoberbantes jornadas diárias. (MELLON, 2006, p.15)
Com base nas considerações, a contação de histórias ativa o espírito lúdico
dos ouvintes e, acima de tudo, estimula a imaginação criadora facilitando um
diálogo com o texto sobre a realidade.
2.3.2 Cultura Indígena
Hoje, no Brasil, tem se dado uma certa importância às narrativas indígenas
coletadas da oralidade por escritores que demonstram um certo interesse nesse tipo
de literatura.
As narrativas indígenas no Brasil têm sido classificadas como literatura
infanto-juvenil, isto porque estas obras literárias são consideradas como um produto
de sua cultura. (Profª Drª Irene Zanette de Castañeda: Uma leitura da cultura
indígena na literatura infantil brasileira) Por volta do final do século XX, foram
recriadas as histórias contadas oralmente pelos índios e reescritas por
pesquisadores. São histórias readaptadas para crianças e jovens.
Elas retratam o pensamento e o modo de vida dos índios, sua posição sobre
a questão da natureza, de seus mitos, de sua religiosidade e dos costumes dos seus
habitantes. Os temas são inocentes, mas possibilitam reflexões profundas sobre a
identidade cultural destes seres humanos tão marginalizados pela sociedade
contemporânea. São histórias tradicionais, histórias das origens, crenças e mitos.
Trabalhar com a cultura indígena significa uma possibilidade de resgatar um
conhecimento que vem se perdendo ao longo do tempo. Tais conhecimentos são
significativos aos alunos, pois ampliam as possibilidades de interpretação da vida
desses povos.
3 A implementação
O projeto foi realizado no Colégio Estadual José Bonifácio, com a finalidade
de ser aplicado nas turmas de 6º ano do ensino fundamental bem como na sala de
apoio, porém, por opção e primando por uma aplicação satisfatória, o projeto foi
aplicado somente nas turmas de 6º ano. Antes da aplicação, foi concedido aos
professores PDE um momento para expor sua pesquisa e plano de trabalho (a qual
se incluía a contação de histórias), aos demais docentes e aos funcionários do
colégio acima citado, em uma reunião Pedagógica.
A aplicabilidade do trabalho foi um pouco conturbada e meio
constrangedora, considerando que tudo o que é novo causa estranheza e um pouco
de rejeição, até que se possa conhecer a essência da proposta. Mais tarde, a
proposta tornou-se um sucesso, à medida que o projeto foi sendo desenvolvido.
3.1 Ações desenvolvidas
Nesta seção, optamos por organizá-las enquanto práticas de ação. Dividindo
os relatos não por módulos estanques, mas por ações-atividades.
Apresentação do projeto:
Iniciou-se com a apresentação do projeto “Um Olhar transdisciplinar na Arte
de Contar Histórias com Ênfase na Cultura Afro-brasileira e Indígena” para os
alunos, juntamente com a justificativa e a temática que era a contação de história. O
que mais surpreendeu foi a reação positiva dos alunos ao receber a notícia de que
as aulas seriam sobre contação de histórias e que esta envolveria as três etnias:
branca, negra e indígenas.
À medida que explicava o projeto, eles queriam contar histórias do seu
repertório familiar, e todos ouviam curiosamente. Foi dada, a eles, a oportunidade de
ler, de expressar e de contar suas belas histórias.
Eu contava um trecho das histórias e não continuava, parando na metade da
mesma, propositadamente. Os alunos reclamavam por não terminá-las e, quando
reclamavam, dizia que o grande final aconteceria em um outro momento mais
adequado.
Durante a contação da história, o silêncio era total, ficavam curiosos para
conhecê-la, e nos instantes em que a interrompia, levava uma sonora vaia da turma:
“- Assim não vale!”. – respondiam chateados pela interrupção, uma vez que sua
curiosidade havia sido estimulada.
Ressaltamos aqui que, num primeiro momento, optamos por trabalhar com
uma determinada temática (o conto de fadas – “cultura branca”), para, a partir dele,
abordar as demais, sempre de forma isolada. No entanto, com a prática, observou-
se que não estava sendo satisfatório. A opção encontrada foi contemplar diferentes
temáticas (a indígena, a africana) em um mesmo espaço, mas em momentos
diferentes, e quando possível aproximando essas temáticas. Essa alternativa foi
bastante acertada, pois garantiu uma maior aceitação e aumentou o interesse por
parte dos alunos.
Contação de histórias
Em outro momento, iniciou-se com a seguinte historia: “O homem sem
sorte”, de Luna e amigos
(www.lunaeamigos.com.br/mensagens/homem _sem_sorte .htm), havendo uma
preparação toda especial para o começo da mesma.
Iniciamos compondo o figurino, pelo uso da famosa veste colorida e
chapeuzinho de contador de história que tanto sucesso fez entre eles e todos
queriam colocar o chapéu, participando ativamente do contexto. Consideramos que
investir num contexto de interação auxilia muito no alcance de nosso propósito, que
é desenvolver o gosto pela leitura.
A história foi contada e ouvida atentamente, ao final da mesma, iniciaram-se
os trabalhos de análise literária envolvendo a história contada. A análise foi
realizada, considerando o entendimento da história, situando o local, o contexto,
personagens.
A prática da escrita
Agora era a vez dos alunos. Foi solicitado a eles que se organizassem em
grupos de quatro pessoas e efetuassem a escrita das histórias que conheciam,
observando os vocábulos e a ortografia de sua escrita.
Paralelamente a isso, um pouco antes da escrita, foi aplicada uma técnica
para melhorar o tom de voz da turma, oportunizando-os a contarem histórias do seu
conhecimento. Muitas histórias foram contadas por eles e dos mais diversos temas,
tais como: assombração, histórias de pescador, tesouros perdidos, de escravos e
indígenas conhecidas ou não.
Foi distribuída a história inicial e feita a interpretação, seguido de atividades
referentes à mesma. Ao seu término, começou a atividade de escrita.
Assim que terminaram seus relatos, foi proposto um desafio aos alunos, de
escreverem uma história em dupla, a qual foi encaminhada a professora que fez as
correções necessárias, voltando ao aluno para a atividade de reescrita. Tarefa difícil
para o aluno que, muitas vezes, recusa-se a escrever. Depois de terminado o texto,
iniciou-se o processo de troca das redações entre eles, para que os próprios
fizessem a análise gramatical e literária dos textos.
O processo acima descrito acontecia em todas as aulas. Os gêneros textuais
foram apresentados numa sequência que iam dos contos de fadas e fábulas, até os
contos africanos e indígenas, principalmente os africanos que foram os que mais
empolgaram os alunos.
Passou-se então para uma pesquisa sobre gêneros textuais e suas
aplicabilidades. Aqui podemos dizer que Gêneros textuais referem-se aos diversos
tipos de textos, sejam eles orais ou escritos. São estruturas que compõem o texto,
sendo reconhecidos socialmente, pois mantêm a mesma característica, procurando
atingir intenções de comunicação semelhantes que ocorrem em situações
específicas. Neste momento, chamamos a atenção para os gêneros que estavam
sendo trabalhados (a fábula e o conto), observando a constituição narrativa. Em
seguida, fizemos relações com outros gêneros, tais como: receita, notícia, e outros,
para que eles observassem os seus modos de constituição.
Nova história. Mesmo procedimento. Desta vez foram os contos africanos
que além de lindos, trazem uma lição de moral importantíssima, provocando ainda
mais o interesse deles. Nesta atividade foram faladas das curiosidades da África.
Montou-se o mapa da África e seus países, e um mural foi montado com as
curiosidades africanas. Trabalhou-se o jogo dos sete erros do conto africano Ananse
e jogos ortográficos de adivinhação.
O conto africano que mais chamou atenção de todos que tiveram acesso, foi
o de “Ananse” que era um homem aranha, que foi buscar o baú de histórias que
pertenciam ao deus do céu Nyame e assim livrar a Terra da grande tristeza de não
mais ter histórias para contar. Esse conto fez muito sucesso entre os alunos e
professores do GTR que o usaram em suas aulas.
Considerações sobre a transdisciplinaridade
Como os temas trabalhados contemplavam outras disciplinas (história, artes,
geografia), buscamos sempre, na aplicação, um dálogo com essas áreas. Os
professores dessas disciplinas desenvolveram, paralelamente, um trabalho
considerando a minha proposta. Houve, então, a possibilidade de uma
interdisciplinaridade.
Algumas constatações sobre a aplicação
A contribuição das alunas-professoras do GTR, no desenvolvimento do
projeto, foi muito importante, pois mostrou satisfatoriamente que o projeto, além de
ter boa aceitação, tem um desenvolvimento possível em qualquer série, pois quem
não gosta de uma boa história, seja criança ou adulto?
O curso PDE foi muito importante para mim, enquanto docente, pois
proporcionou a oportunidade de rever as nossas práticas pedagógicas, estudar e
pesquisar novas práticas a fim de aplicá-las em sala de aula. Os professores
orientadores foram excelentes, pois nos direcionaram e orientaram para que
tomássemos um caminho correto.
Hoje, as aulas estão mais dinâmicas e o aluno mais participativos, devido ao
trabalho diferenciado de uma nova postura didático-pedagógica adotada, possibilitando
ao aluno um grande avanço em sua aprendizagem.
Os livros de Literatura, os DVDs e propagandas aqui usados além de ampliar o
seu conhecimento, possibilitou-lhes uma outra visão de Mundo, até então
desconhecidos.
Foi observado uma boa melhora na disciplina, na comunicação e no
relacionamento dos alunos, uns com os outros e com os demais seguimentos da
escola.
A contribuição dos professores que participaram do GTR foi muito importante,
com excelentes ideias que foram aproveitadas e incorporadas na aplicabilidade deste
projeto. De início, pensou-se em aplicá-lo por tópicos, mas observou-se que desta
forma os alunos começaram a entediar-se e dispersar sua atenção. Observei que este
não era o caminho a seguir, então resolvi utilizar um outro método que seria a cada aula
utilizar uma temática diferente: um conto de fadas, um dvd com fábulas, em um outro
momento um conto africano ou uma lenda de origem indígena, assim não ficava
monótono e nem entediava os alunos. Esta nova estratégia foi um sucesso.
Para se ter uma ideia da aceitabilidade do projeto, apresentamos alguns
depoimentos de professores que participaram do GTR e desenvolveram o mesmo
em sala de aula. (conforme anexo)
4 Conclusão
A implementação iniciou-se no segundo semestre de 2011 com aulas
expositivas sobre a melhor maneira de se contar uma boa história.
A proposta deste projeto foi de estimular a inclusão da contação de
histórias, como parte do currículo, nos 6º anos e sala de apóio nas escolas públicas
do Paraná, levando aos educandos uma nova perspectiva de melhorar a relação dos
alunos com os colegas, professores e com os demais segmentos da sociedade. A
idéia era aplicar o projeto também na sala de apoio, porém a fim de realizarmos um
trabalho mais eficaz e também por ser a mesma professora, optou-se por trabalhar
em uma única série: o sexto ano, deixando a sala de apoio com outras atividades.
Os resultados aqui obtidos foram os seguintes:
• Os alunos sentiram-se mais à vontade e soltos para se expressar e
contar histórias entre si e para o público.
• Tomaram gosto pela leitura, pelos contos, fábulas, causos e lendas
principalmente as que envolviam a sua região, a qual liam de maneira mais
agradável e descontraída.
• Aprenderam a interpretar histórias lidas por meio de desenhos.
• Desenvolveram:
- o hábito da pesquisa para buscar conhecimento sobre o mundo em geral e
principalmente sobre a sua região;
- o hábito de ouvir o colega pacientemente;
- e o hábito de esperar a sua vez de falar, e outros...
• Notou-se um interesse maior no educando em relação a novos
assuntos a eles apresentados.
• Melhorou o anseio que os professores tinham em relação ao
tratamento dos alunos, com eles mesmos, com a escola e com os demais
segmentos da sociedade em que está inserido.
• A escrita melhorou muito, tanto na caligrafia como na produção de seus
textos. Escreviam textos, observando sua estrutura e conteúdo.
• Os resultados apresentados no decorrer deste projeto foram relevantes
e colaboraram muito para o desenvolvimento dos alunos, existindo uma
grande afinidade e aceitação por parte deles.
Enfim, por tratar-se de uma atividade de fácil aceitação, o contar histórias
veio ao encontro de ações que promovem a socialização, a cooperação e o
crescimento pessoal, oferecendo ao aluno condições de entender, interagir e
transformar o contexto social em que vive.
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ANEXOS
A professora Débora Rúbia Cava Bordini, diz o seguinte sobre o projeto:
“ Escolhi trabalhar com a lenda de Ananse com os alunos da 5ª série A. Para isso segui a sugestão de aula da professora Juracir e adaptei alguns exercícios. De início pensei em trabalhar com exercícios diferentes, mas procurando na internet percebi que não há sugestões de atividades, só de projetos. Iniciei a aula colocando os alunos em círculo e contando a lenda. Percebi que eles prestaram muita atenção apesar da minha inexperiência como contadora. Relembrei com eles os personagens, quem era quem, pois eles tinham nomes muito diferentes dos nossos e falei também sobre o gênero lenda. Na sequência eu perguntei se eles gostariam de recontá-la, e a maioria estava com vergonha. Sugeri então que ela fosse recontada coletivamente que funcionou muito bem. Coloquei o mapa no quadro, mostrei a África e expliquei sobre as influências que os povos africanos trouxeram para o nosso país na dança, na língua, na culinária, na música etc. Fiquei feliz, pois muito, eles já sabiam dizendo que os professores já tinham ensinado. As atividades trabalhadas foram: Quem era quem na lenda nanse, o jogo ortográfico de adivinhações e um caçde Aa palavras que montei com palavras de origem africana. “Fiquei impressionada com a participação dos alunos durante as atividades isso mostrou que a lenda atraiu muito o interesse deles. Fiquei um pouco apreensiva no início, por estar meio envergonhada de contar a história, mas gostei e tentarei me aperfeiçoar. Pretendo sempre que possível envolver a contação de histórias nas minhas aulas. Só se adquire experiência praticando, não é mesmo?” (via e-mail)
Já a professora Luzia Aparecida Sanches (19/11/11) argumenta que prefere trabalhar com seus alunos a cultura indígena porque este povo possui um grande repertório de riquíssimas lendas. Ela prossegue dizendo :
“ Preparei uma atividade a partir das lendas indígenas para a 5ª série dentro destas questões que envolvem a compreensão sobre gêneros textuais, contação de história e exercícios de fixação destas lendas.”