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MEDIUNIDADE A Responsabilidade na Psicofonia Inconciente Armando dos Santos 07 REVUE SPIRITE Penúria de Médiuns - Allan Kardec 08 HAGIOGRAFIA O Santo Antonio breve - Da Redação 10 LITERATURA A Gênese - USE/SP 14 PRÁTICAS ESPÍRITAS O Reuniões de Efeitos Físicos. Ainda são necessárias? - Danielly Venâncio 15 CURIOSIDADES BÍBLICAS Você Sabia... - Julieta Closer 23 18 CAPA O “Pinga Fogo” de 1971 na TV Tupi ACONTECEU COMIGO Mãe, se ele morreu de manhã, por que o vimos agora à tarde - Fátima Granja 24 RESPONSABILIDADE Esqueci os óculos! - Orson Peter Carrara 30 VIVÊNCIA O Jovem na Casa Espírita - Saulo Rossi 31 HISTÓRIA As Traduções Bíblicas - Paulo DiMarzio 32 INFORMAÇÃO O Editor Recomenda - O Editor POEMA Eurípedes Barsanulfo 34 35 REFLEXÃO O A Necessidade do Estudo - Denise Lino 26 Edição FidelidadESPÍRITA - FEVEREIRO DE 2003 Nesta Nesta ANÁLISE Os Festejos Carnavalescos - Therezinha Oliveira 16 EDITORIAL Sobre o Carnaval 03 CIÊNCIA E ESPIRITISMO Alucinações - Prof. Dr. Nubor Facure 04 Alucinações Reprodução Reprodução

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MEDIUNIDADEA Responsabilidade na Psicofonia InconcienteArmando dos Santos

07

REVUE SPIRITEPenúria de Médiuns - Allan Kardec08

HAGIOGRAFIAO Santo Antonio breve - Da Redação10

LITERATURAA Gênese - USE/SP14

PRÁTICAS ESPÍRITASO Reuniões de Efeitos Físicos. Ainda sãonecessárias? - Danielly Venâncio

15

CURIOSIDADES BÍBLICASVocê Sabia... - Julieta Closer23

18 CAPAO “Pinga Fogo” de 1971 na TV Tupi

ACONTECEU COMIGOMãe, se ele morreu de manhã, por que o vimosagora à tarde - Fátima Granja

24

RESPONSABILIDADEEsqueci os óculos! - Orson Peter Carrara 30

VIVÊNCIAO Jovem na Casa Espírita - Saulo Rossi31

HISTÓRIAAs Traduções Bíblicas - Paulo DiMarzio 32

INFORMAÇÃOO Editor Recomenda - O Editor

POEMAEurípedes Barsanulfo 34

35

REFLEXÃOO A Necessidade do Estudo - Denise Lino26

Ed i çãoFidelidadESPÍRITA - FEVEREIRO DE 2003

Nes ta Nes ta

ANÁLISE Os Festejos Carnavalescos - Therezinha Oliveira16

EDITORIALSobre o Carnaval03

CIÊNCIA E ESPIRITISMOAlucinações - Prof. Dr. Nubor Facure04

Alucinações

Reprodução

Reprodução

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Fidelidade Espírita é uma publicação

do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”.

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Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Departamento Doutrinário

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Revisão Ortográfica

Rosemary C. Cabral

Jornalista Responsável

Renata LevantesiMtb 28.765

Diagramação e Ilustrações

Alessandra Persiani

Administração

Rogério GonçalvesViviam B. S. Gonçalves

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Fotolito

Octano Design 19 3294.2565

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Apoio Cultural

Braga Produtos AdesivosAlvorada Gráfica & Editora

Impressão

Alvorada Gráfica & Editora 19 3227.3493

EditorialEditorial

que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se in-tensifique o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divi-nos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes feste-jos na assistência social aos neces-sitados de um pão e de um carinho. Ao lado dos mascarados de pseu-do-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preo-cupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a espe-rança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objeti-vos de nossas despretensiosas opi-niões, colaborando conosco, den-tro de suas possibilidades, para que possamos reconstituir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a soci-edade pode, com seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e lu-xos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua gran-deza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral.

Sobre o CarnavalSobre o Carnaval

Emmanuel - Chico XavierReformador - Fevereiro de 1987

enhum espírito equilibrado em face ao bom senso, que Ndeve presidir a existência

das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que ador-mece as consciências nas festas carnavalescas. É lamentável que na época atual, quando os conheci-mentos novos facilitam a mentali-dade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus eleva-dos destinos, descerrando-lhes as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos da civili-zação. Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente in-compreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiri-tual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas inde-cisas e necessitadas do amparo mo-ral dos outros espíritos mais escla-recidos, a revivescência de anima-lidades que só os longos aprendi-zados fazem desaparecer.

Há, nesses momentos de indisciplina sentimental, o largo acesso das forças da treva nos cora-ções e, às vezes, toda uma existên-cia não basta para realizar os repa-ros precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

É estranho que as adminis-trações e elementos de governos colaborem para que se intensifique a longa série de lastimáveis desvios de espíritos fracos, cujo caráter ain-da aguarda o toque miraculoso da dor para aprender as grandes ver-dades da vida.

Enquanto há miseráveis

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Ciência e Espiritismo

Prof. Dr.º Nubor Orlando Facure - Campinas/SPExclusivo para FidelidadESPÍRITA.

AlucinaçõesEstariam os médiuns

sob o domínio de alucinações?

a mãe também me trouxe para consulta, estava tremendamen-te atormentada pela presença de vários Espíritos que ela pas-sara a enxergar. As visões ocor-riam dia e noite, num número grande e variado de entidades. Havia crianças que conversa-vam amigavelmente com ela e outras que choravam procuran-do pela mãe. Ela via, também, um ou outro jovem com sinais de ferimentos no corpo, suge-rindo terem sido vítimas de aci-dente. Apareciam “figuras” amedrontadoras que a ameaça-vam agressivamente. Ela dizia que, quando menos esperava, estava percebendo a respiração e o batimento do coração das “pessoas” que se aproximavam muito dela. À noite, a situação piorava, porque ela, em sonho, passava a viver junto dos Espí-ritos que via durante o dia. O tormento de ver tantas entida-

ualquer um de nós que sair por aí dizendo que Qestá “vendo vultos” vai

ouvir seus amigos dizerem que está ficando louco e, se consul-tar um médico, vai conhecer o que eles chamam de alucina-ções. São esses os dois diagnós-ticos que os pobres médiuns re-cebem quando desconhecem a Doutrina Espírita.

Vez por outra, estou acudindo alguém em desespero que vem me contar que está “vendo Espíritos”. Com fre-qüência, estão desesperados pa-ra encontrar alguém que acre-dite com sinceridade nas visões que eles relatam ter.

Numa certa ocasião, atendi uma jovem que, nas vés-peras do seu vestibular, come-çou a ser perturbada por visões de rapazes que a perturbavam na escola ou no clube e que chegaram até a provocar hosti-

lidade na hora das suas provas para a faculdade. Mesmo assim, ela conseguiu passar nos exa-mes e, algumas semanas de-pois, embora já estivesse mais tranqüila, sem as expectativas e tensões do vestibular, as “vi-sões” aumentaram muito.

Certa vez, ela percebeu que dois deles entraram no ba-nheiro quando ela se dirigia pa-ra o banho. O susto foi tão grande que a fez gritar, pedindo socorro para sua mãe e esta veio com a moça ouvir minha opinião sobre o quadro.

Uma outra menina, que

Um estudo sério das obrasde Kardec ou dos textos

de André Luiz, nos ofereceinformações inéditas que

a Ciência nem sequercogitou em suas pesquisas

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200304

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sam, que o menosprezam e o fa-zem crer que o vizinho o perse-gue. O “ouvir vozes” com niti-dez é extremamente comum nos esquizofrênicos, mas, quan-do ele diz que tem visões, quase sempre diz ser apenas de vul-tos, sem identificação clara de quem é que vê. Vale a pena anotar que o esquizofrênico dos dias de hoje é aquele dos asilos de Pinel, na época da Re-volução Francesa, têm as mes-mas características, embora os personagens do delírio possam variar.

Na doença de Alzhei-mer, quando a memória deteri-ora-se rapidamente, o paciente tem, muito freqüentemente, alucinações visuais e, excepci-onalmente, conta estar ouvindo vozes. Nessa demência, o pa-ciente vê um ambiente populo-so de crianças, pessoas estra-nhas e parentes já falecidos. É curioso perceber que, quando eles descrevem o parente que estão vendo, dão as caracterís-ticas que ficaram registradas nas suas antigas memórias. É como se a alucinação fosse pro-duto de uma visão interior, nos arquivos do seu cérebro.

O “delírio tremens” é

des passou a perturbar sua atenção na escola, onde ela era excelente aluna. A capacidade de relacionar-se com as amigas tornou-se impossível. Quando sua mãe insistia com ela para estudar, chegavam a se atrita-rem e ela achava que os gestos e a voz da mãe, quando discuti-am, eram modificados pelos Espíritos que pareciam ocupar o corpo da mãe.

Essa menina já havia re-cebido o diagnóstico de esqui-zofrenia, tinha passado por duas internações e tomava do-ses altas de medicamentos. Seu raciocínio era absolutamente lúcido e coerente. Mesmo dopa-da pelos remédios, nunca dei-xou de se cuidar e, uma ou ou-tra vez, ela chorou, falando da sua desesperança, perguntando se eu seria mais um médico que não iria acreditar nela.

A alucinação é um fenô-meno tão comum na mente hu-mana quanto são aquelas lem-branças que nos assaltam sem qualquer evocação. Nós costu-mamos dizer aos amigos: “não sei porque esse pensamento me veio à mente”. Nos esquizofrê-nicos, esses pensamentos tor-nam-se mais ou menos cons-tantes e carregados de um con-teúdo persecutório. O esquizo-frênico ouve “seu próprio pen-samento” e as vozes que o acu-

uma situação comum na absti-nência do álcool. Nesses qua-dros, o paciente é atormentado desesperadamente por visões de bichos. São aranhas, insetos e cobrinhas que sobem e des-cem pelas paredes.

Estou revendo essas alu-cinações que se apresentam uniformemente nas patologias aqui descritas para chamar a atenção para o fenômeno medi-único, rico em visões e diálogos audíveis pelos médiuns. As di-ferenças são gritantes e, mesmo assim, as “academias de medi-cina” insistem em classificá-las com o mesmo rótulo dos esqui-zofrênicos ou das “patologias atípicas”. Dizem que as visões e as mensagens traduzidas pelos médiuns seriam produto da au-to-sugestão ou desejos ardentes do público presente, ansioso para ouvir uma mensagem mui-to aguardada.

Qualquer um de nós que fizer um estudo sério das obras de Kardec ou dos textos de André Luiz que Chico Xavier psicografou, pode deter-se ape-nas em colher as informações inéditas que a Ciência nem se-quer cogitou em suas pesquisas para perceber as novidades, a

Patologias

Não podemos confundir asalucinações que ocorrem nasdoenças do cérebro com as manifestações que ocorrem

no fenômeno mediúnico

A alucinação é umfenômeno tão comum

na mente humanaquanto as lembrançasque nos assaltam sem

qualquer evocação

Fevereiro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” 05

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nhecida, por outra que o é me-nos ainda.

Item 113 Ora, em certos es-tados de emancipação, a alma vê o que está no cérebro, onde torna a encontrar aquelas ima-gens, sobretudo as que mais o chocaram, segundo a natureza das preocupações ou as dispo-sições do Espírito....De sorte que a alma vê real-mente; mas vê, apenas, uma imagem fotografada no cére-bro. No estado normal, essas imagens são fugidias, efême-ras(....) ao passo que, no estado de moléstia, o cérebro está mais ou menos enfraquecido, o equi-líbrio entre todos os órgãos dei-xa de existir, conservando so-mente alguns a sua atividade, enquanto outros se acham, de certa forma, paralisados. Daí, a permanência de determinadas imagens que as preocupações da vida exterior não mais con-seguem apagar, como se dá em estado normal. Essa a verdadei-ra alucinação e causa primária das idéias fixas.

Os quadros de alucina-ções que descrevemos na esqui-zofrenia, na doença de Alzhei-mer e no delírio tremens, ainda não têm, na ciência, uma expli-cação para a fisiologia do fenô-meno. Os Espíritos apontaram uma hipótese extremamente in-

Item 113

variedade de assuntos, a luci-dez e a importância das infor-mações ali contidas. Isso não tem nada a ver com os “Napo-leões”, as “Joana D´Arc” ou os “demônios” que os esquizofrê-nicos do mundo todo fixaram no painel das suas visões.

Em O Livro dos Mé-diuns, Allan Kardec, ao estudar as hipóteses que contrariam o fenômeno mediúnico, faz co-mentários sobre as alucinações. Estariam os médiuns sob o do-mínio de alucinações?

Item 111 Os que não admi-tem o mundo incorpóreo e invi-sível julgam tudo explicar com a palavra alucinação. Ela expri-me o erro, a ilusão de uma pes-soa que julga ter percepções que realmente não tem.

Item 112 A causa dos so-nhos nunca a ciência revelou, atribuindo-os a um efeito da imaginação; mas, não nos diz o que é a imaginação, nem como esta produz as imagens tão cla-ras e tão nítidas que às vezes nos aparecem. Consiste em ex-plicar uma coisa, que não é co-

Item 111

Item 112

teressante ao registrarem para Kardec que, quando o cérebro está enfraquecido, portanto, com uma doença que afeta seu bom funcionamento, a alma, ao emancipar-se parcialmente, po-de ver imagens registradas no cérebro físico que estão, de cer-ta forma, distorcidas pela doen-ça.

Contudo, o que não se pode confundir são essas aluci-nações que ocorrem nas doen-ças do cérebro com uma outra ordem de manifestações que ocorrem nas comunicações me-diúnicas.

O articulista é médico, formado pela Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, em Uberaba. Fez especialização em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Lecionou na Faculdade de Medicina de Campinas UNICAMP - durante 30 anos, on-de fez doutorado, livre-docência e tornou-se professor titular. Fundador do Instituto do Cérebro em Campinas, em 1987, tendo ultrapassado a marca de 100.000 pacientes neurológicos registrados em sua clínica particular. Além disso, é espírita sobeja-mente conhecido, respeitado e querido den-tro e fora do nosso movimento. Seus arti-

gos guardam, sempre, absoluta Fidelidad-

ESPÍRITA.

Para saber mais, consulte:1) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec, 2ª parte, cap. 6, Das Manifestações Vi-suais, itens 111, 112 e 113, Ed. FEB.

Alucinação eMediunidade

Conclusão

O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. 6, Teoria da Alucinação O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. 6, Teoria da Alucinação

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200306

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Mediunidade

ncontramos dentre as diversas faculdades mediúnicas, a psi-Ecofonia, que pode ser classifi-

cada em: consciente, semiconsciente e inconsciente. Todavia, é em relação à psicofonia inconsciente que iremos tecer algumas considerações.

A terminologia “médium in-consciente” deve ser bem compreen-dida, uma vez que o Espírito do médi-um não está inconsciente durante o transe; o que ocorre é um desprendi-mento parcial do médium em relação ao corpo físico; momento em que o Espírito do sensitivo permanece ati-vo, com todas suas faculdades, mas por estar desprendido, o cérebro físi-co não registra o ocorrido.

Mal comparando, é seme-lhante ao que ocorre durante o sono do corpo físico. O corpo repousa e o Espírito se desliga parcialmente para realização de atividades de seu inte-resse. Entretanto, como nem sempre o Espírito imprime no cérebro físico a recordação de suas vivências espiri-tuais, não nos recordamos com fre-qüência de nossas experiências no mundo dos Espíritos. Daí o médium “inconsciente” não recordar as parti-cularidades da comunicação.

Seguindo esse raciocínio, o médium “inconsciente”, na verdade, vivencia todo o fenômeno mediúni-co, e nessa condição pode interferir na comunicação, principalmente controlando o Espírito comunicante caso este se mostre com tendências inadequadas, como a vontade de pro-ferir palavras de baixo calão, agres-sões contra os participantes, tapas, socos na mesa, etc.

psicofonia inconsciente

“médium in-consciente”

Se não houvesse essa possi-bilidade do médium interferir na co-municação, o medianeiro seria ape-nas um joguete nas mãos do Espírito comunicante. O que acarretaria a problemática de sabermos qual a res-ponsabilidade do médium, se é ape-nas um fantoche? Porém, como dito acima, ele pode e deve ditar o bom andamento da comunicação, mesmo que não tenha “consciência” cerebral física do ocorrido.

Assim, podemos afirmar que, se o médium “inconsciente”, em estado de transe, profere impropéri-os, palavras de baixo calão, agride os participantes, causa balbúrdia, certa-mente poderá estar ocorrendo o se-guinte:

o médium desconhece a possibilidade de interferir na comu-nicação para controlar o Espírito em desalinho e por isso não o faz;

não se esforça na prática do Cristianismo, deixando, com isso, de desenvolver autoridade moral, que lhe permitiria ter ascensão sobre o Espírito, controlando-o;

que se encontre em um estado de perturbação tão grande, que acabe por permitir a influencia-ção de Espíritos arraigados ao mal no labor mediúnico, caracterizando um caso típico de obsessão.

Sabemos que quanto maior for a evolução moral do médium, maior será a ascensão que exercerá sobre o comunicante; sem contar que os bons Espíritos não cessam de auxi-liar as reuniões mediúnicas sérias, fi-cando o convite, ao médium, em lu-tar por sua transformação moral e, às

física

Casas Espíritas, em preservarem a se-riedade nas reuniões mediúnicas.

André Luiz, através da digna psicografia de Francisco C. Xavier, no cap. 8 do livro Nos Domínios da Mediunidade, Ed. FEB, traz luz a es-sas considerações, relatando um caso particular de psicofonia “inconscien-te” com uma riqueza de detalhes dig-na de nota e que bem serve para ilus-trar as afirmações expostas.

Portanto, o médium psicofô-nico “inconsciente” possui responsa-bilidade sobre as comunicações pro-feridas por seu intermédio sim, uma vez que é o corpo físico que perma-nece inconsciente, não o Espírito do médium que, desprendido parcial-mente do corpo, pode e deve contro-lar o Espírito comunicante, caso este tenha por objetivo conturbar o ambi-ente da reunião mediúnica.

Armando dos Santos - Valinhos/SP

A Responsabilidade naPsicofonia Inconsciente

Para saber mais, consulte:1) Camilo/J. Raul Teixeira - Correnteza de Luz cap. 13, 2ª edição, Ed. Fráter.

2) Divaldo P. Franco/J. Raul Teixeira - Diretri-zes de Segurança, questão 4, 3ª edição, Ed. Frá-ter.3) Hermínio C. Miranda - Diálogo com as som-bras, 14ª edição, p. 205, Ed. FEB.4) Lamartine Palhano Jr. - Reuniões Mediúni-cas: Teoria e Prática, 1ª ed., p. 96, Ed. Lachâtre.5) Lamartine Palhano Jr. - Transe e Mediunida-de, 1ª edição, p. 58, Ed. Lachâtre.6) André Luiz/Francisco C. Xavier - Nos Domí-nios da Mediunidade, 27ª ed., cap. 8, Ed. FEB.7) Allan Kardec - O Livro dos Médiuns, 20ª edi-ção, Ed. LAKE.

Psicofonia é a faculdde mediúnica que per-mite ao espírito desencarnado falar através do médium.

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Fevereiro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” 07

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1“ onquanto só recentemente publicado, O Livro dos Mé-Cdiuns já provocou em vári-

as localidades o desejo de formar reuniões espíritas íntimas, como nós aconselhamos. Escrevem-nos, entretanto, que estacam ante a penúria de médiuns. Por isso julgamo-nos no dever de dar al-guns conselhos sobre a maneira de os obter.

Um médium, sobretudo um bom médium, é incontesta-velmente um dos elementos es-senciais de toda reunião que se ocupa de Espiritismo; mas seria erro pensar que, em sua falta, na-da mais resta que cruzar os bra-ços ou levantar a sessão. Absolu-tamente não compartilhamos a opinião de uma pessoa que com-para uma sessão espírita sem mé-diuns a um concerto sem músi-cos. Ao nosso ver, existe uma comparação muito mais justa - a do instituto e de todas as socie-dades científicas que sabem em-pregar o seu tempo sem ter per-manentemente sob os olhos o material de experimentação. Vai-se a um concerto para ouvir mú-

sica. É, pois, evidente que se os músicos estiverem ausentes o ob-jetivo falhou. Mas numa reunião espírita vamos - ou, pelo menos devíamos ir - para nos instruir-mos. A questão agora é de saber se o poderemos ou não sem o mé-dium. Certamente para os que vão a essas reuniões com o único fito de ver efeitos, o médium será tão indispensável quanto o músi-co no concerto; mas para os que, antes de mais nada, buscam ins-truir-se, que querem aprofundar as várias partes da ciência, em falta de um instrumento de expe-rimentação, terão mais de um meio de o conseguir. É o que ten-taremos explicar.

Para começar, diremos que se os médiuns são comuns, os bons médiuns, na verdadeira acepção da palavra, são raros. Di-ariamente a experiência prova que não basta possuir a faculda-de mediúnica para ter boas co-municações. Mais vale, pois, pri-var-se de um instrumento, do que o ter defeituoso. Por certo que para os que buscam nas co-municações mais o fato do que a

Revue Spirite

qualidade, que assistem mais por distração do que para esclareci-mento, a escolha do médium é in-diferente, e aquele que mais efei-tos produz será o mais interes-sante. Mas nós falamos dos que têm um objetivo mais sério e vê-em mais longe. A estes é que nos dirigimos, pois estamos seguros de que nos compreendem.

Por outro lado, os melho-res médiuns são sujeitos a inter-mitências mais ou menos longas, durante as quais há suspensão to-tal ou parcial da faculdade medi-única, sem falar das numerosas causas acidentais, que momenta-neamente podem privar-nos de seu concurso. Acrescentemos ainda que os médiuns perfeita-mente flexíveis, os que se pres-tam a todos os gêneros de comu-nicações, ainda são mais raros. Em geral possuem aptidões espe-ciais, das quais não deveriam ser desviados. Vê-se, pois, que, se não houver elementos de reser-va, podemos ficar desprevenidos quando menos o esperamos, e se-ria aborrecido que em tais condi-

Allan Kardec

Instrumento MediúnicoInstrumento Mediúnico

O Livro dos Médiuns foi publicado em Ja-neiro de 1861 e o artigo na Revista Espírita de fevereiro do mesmo ano.

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PonderandoPonderando

Penúria de MédiunsComo proceder a uma reunião espírita

na ausência de médiuns

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200308

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Na ausência de médiuns, a reunião que se propõe algo mais que ver manejar um lápis, tem mil e um meios de empregar o tempo de maneira proveitosa. Limitamo-nos a indicar alguns sumariamente:

Reler e comentar as anti-gas comunicações, cujo estudo aprofundado fará ressaltar me-lhor o seu valor.

Se se objeta que isto seria fastidioso e monótono, diremos que ninguém se cansa de ouvir um bonito trecho de música ou de poesia; que depois de haver escutado um sermão eloqüente, gostaríamos de o ler com a cabe-ça fresca; que certas obras são li-das vinte vezes, porque cada vez nelas descobrimos algo de novo. Aquele que apenas é tocado pelas palavras se aborrece ao ouvir a mesma coisa repetida, ainda que fosse sublime; sente necessidade de coisas novas para o seu inte-resse, ou antes para sua distra-ção. Aquele que medita tem um sentido a mais: é tocado mais pe-las idéias do que pelas palavras. Por isso gosta de ouvir ainda aquilo que lhe vai ao espírito, sem parar no ouvido;

Contar fatos de que se tem conhecimento, discuti-los, comentá-los, explicá-los pelas leis da ciência espírita; exami-nar-lhes a possibilidade ou im-possibilidade; ver o que encer-ram de provável ou de exagera-do; examinar o papel da imagi-nação e da superstição, etc;

ções os trabalhos fossem inter-rompidos.

O ensino fundamental que se vem buscar nas reuniões espíritas sérias é, sem dúvida, da-do pelos Espíritos. Mas que frutos tiraria um aluno das lições dadas pelo mais hábil professor se, de seu lado, não trabalhasse? Se não meditasse sobre o que ouviu? Que progressos faria sua inteli-gência se tivesse constantemente o mestre ao seu lado, para lhe mastigar a tarefa e lhe poupar o esforço de pensar?

Nas reuniões espíritas, os Espíritos desempenham dois pa-péis: uns são professores que de-senvolvem os princípios da ciên-cia, elucidam os pontos duvido-sos, e, sobretudo, ensinam as leis da verdadeira moral; outros são material de observação e de estu-do, que servem de aplicação. Da-da a lição, sua tarefa está acaba-da e a nossa principiada: a de tra-balhar naquilo que nos foi ensi-nado, a fim de melhor compreen-der e de melhor apreender o seu sentido e o seu alcance. É para nos deixar a oportunidade de cumprir o nosso dever - permi-tam-nos a expressão clássica - que os Espíritos suspendem por vezes as suas comunicações. Bem que eles nos querem instruir, mas com a condição de que lhes se-cundemos os esforços. Cansam-se de repetir incessantemente, mas inutilmente, a mesma coisa. Advertem. E se não são escuta-dos, retiram-se, a fim de que te-nhamos tempo para refletir.

Ler, comentar e desenvol-ver cada artigo de O Livro dos Espíritos e de O Livro dos Médi-uns, bem como quaisquer outras obras sobre o Espiritismo;

Discutir os vários siste-mas sobre interpretação dos fenômenos espíritas.

Vê-se, pois, que fora das instruções dadas pelos Espíritos, existe matéria ampla para um trabalho útil. Acrescentemos, mesmo, que nesse trabalho co-lheremos abundantes elementos de estudo a submeter aos Espíri-tos, em perguntas às quais inevi-tavelmente ele dará lugar. Mas se, conforme a necessidade, deve-mos preencher a ausência mo-mentânea de médiuns, não seria lógico preconizar a sua abolição indefinida. É necessário nada ne-gligenciar, com o fito de os en-contrar. Para uma reunião o me-lhor é procurá-los no próprio meio; e, se se reportarem ao que, sobre a matéria, dizemos em nos-sa última obra, às páginas 306 e 307, ver-se-á que o meio é mais fácil do que se pensa.”

Adaptado do artigo:Penúria de Médiuns - Allan Kardec - Re-vista Espírita - Fevereiro de 1861, pg. 47 à 51 - Tradução de Julio Abreu Filho - Ed. Cultural Espírita (Edicel).

Aprendizado EspiritualAprendizado Espiritual

Valorizando o TempoValorizando o Tempo

Ver O Livro dos Médiuns, 1ª parte, capítu-lo 4 - Dos Sistemas. Ed. FEB.

Assim está no original (nota da editora). Recomendamos o estudo de O Livro dos Mé-diuns, 2ª parte, capítulo 17 - Da Formação dos Médiuns e capítulo 21 - Da Influência do Meio. Ed. FEB.

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Hagiografia

oi na Lisboa de 1190 que ele nasceu. Repousando en-Ftre colinas e cortejada pelo

Tejo, a capital de Portugal era bem diferente da grande metró-pole de hoje.

Chamaram-no Fernando, nome de origem visigoda, que significa “ardoroso na paz", sim-

bolismo esse que transferiu para a própria vida. Dos pais, pouco ou quase nada se sabe. O que se conhece é que Fernando tomou contato com os ensinos de Jesus junto com o leite materno.

O menino se desenvolveu em inteligência, mas, como cos-tuma acontecer com aqueles que

têm grandes tarefas na Terra, não ficou livre dos adversários espiri-tuais. Contam os biógrafos que certa vez, ainda menino, quando rezava numa certa catedral, viu surgir estranha figura espiritual que o atormentava. Somente com prece fervorosa conseguiu afu-gentar o Espírito adversário que o tentava desviar do caminho cris-tão.

À medida em que crescia, Fernando foi se diferenciando dos jovens da sua época. Tornou-se, contudo, um belo rapaz de 20 anos experimentado nas artes da cavalaria. Aprendeu esgrima, equitação, o códice de honra e de cortesia, uma vez que era herdei-ro de um nome e de uma família ilustre.

Foi em 1210 que entrou para o mosteiro de Sto. Agosti-nho, assumindo uma vida sem co-modidade. Em 1212, desejando fugir das amizades inconvenien-tes que ainda o atormentavam, foi para Coimbra ingressando na

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200310

breve estudo

Da Redação

No momento da morte, Antônio entrou em êxtase e teve uma visão. Os irmãos perguntaram: “O que vês?” E a resposta foi sublime: “Vejo o meu Senhor”

Santo Antônio

Reprodução

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“No ano de 1219, São Francisco enviou para a Germâ-nia (Alemanha) um grupo de uns sessenta frades, guiados por João de Penna. Estes adentrando-se naquelas regiões, ignorando-lhes a língua, interrogados se queriam ser alojados, tomar alimentos e coisas semelhantes, responde-ram: ‘iá’ (sim). E foi desse modo que foram acolhidos por todos, benevolamente. E considerando eles que por mérito da palavra ‘iá’ vinham sendo tratados gentil-mente, combinaram responder ‘iá’ a qualquer pergunta. Aconte-ceu, então, que interrogados se eram hereges e como tais tinham vindo para infetar a Germânia e pervertê-la, como acontecera na Lombardia, e tendo os frades res-pondido com o habitual ‘iá’, al-guns foram surrados até o san-gue, outros aprisionados e outros espoliados à nudez, foram leva-dos ao ludíbrio público para espe-táculo da multidão. Vendo os fra-des, então, que na Germânia não tinham condições de fazer o bem, retornaram para a Itália. E foi em vista de tais fatos que a Germânia foi considerada tão feroz que pa-ra lá não ousavam voltar, a não ser aqueles que se sentiam impe-lidos pelo desejo de morrer márti-res".

Antônio não se apresen-tou para o testemunho na Germâ-nia porque entendeu, desde a fe-

mar tranqüilo. Repentinamente, o céu fora coberto por nuvens plúmbeas, os coriscos cortava-no de alto a baixo, ouvia-se a fúria dos trovões; e as ondas, atenden-do as ordens dos ventos, agita-vam-se violentas como se gigan-tescos braços invisíveis revolves-sem as águas bravias. Era um fu-racão!

Depois de horas num ba-lançar sem fim, a bonança se fez sobre a nau e a nave conseguiu tocar o solo. Perceberam, então, que não estavam em sua terra e sim na Sicília, Itália. Acolhidos por irmãos do mosteiro de lá, lo-go Antônio se reabilitou curan-do-se da febre.

Enquanto permaneciam naquele lugar, foram informados pelos irmãos da região que no dia 23 de maio, Francisco de Assis desejava reunir os membros da confraria para tratar dos proble-mas provenientes do crescimento da ordem e para envolvê-los no fulgor do Cristianismo conduzin-do-os à vivência do Evangelho.

Antônio encheu-se de ale-gria, ver e falar com Francisco de Assis?! Viu, então, que a tempes-tade no mar fora providencial.

Seiscentos quilômetros mais tarde ei-lo, finalmente, em Assis. Na grande assembléia, com mais ou menos três mil frades e noviços, Francisco falou acen-dendo-lhes a chama dos testemu-nhos, instruindo-lhes sobre a im-portância do exemplo na prega-ção.

majestosa abadia de Santa Cruz, onde eram guardadas as tumbas dos reis portugueses; permaneceu nessa abadia cerca de oito meses. Mergulhou nos estudos com o fervor que o caracterizava, pre-parando-se para o sacerdócio.

Em torno do ano de 1219, Francisco de Assis preparou uma excursão de missionários dirigida aos mulçumanos da África. Fer-nando conheceu os membros da expedição, quando de passagem pararam em Portugal, contagian-do-se com seu ideal de pobreza, renúncia e amor. Contudo, mais tarde, veio a notícia: Os frades haviam sido esfolados no Marro-cos, seus restos mortais foram resgatados e sepultados como mártires. Fernando encantou-se com a idéia de ser esfolado vivo pelo nome de Jesus. Converteu-se, então, à ordem de São Fran-cisco, mudando seu nome de Fer-nando para frei Antônio e junta-mente com outros irmãos pegou uma embarcação e dirigiu-se pa-ra o Marrocos a fim de dar seu testemunho. Contudo, lá chegan-do, fora consumido por uma fe-bre sem explicação, talvez malá-ria. Correram as semanas e Antô-nio não melhorava, o corpo cada vez mais alquebrado.

O futuro santo entendeu o que acontecia: “Deus não quer meu testemunho, não me quer re-ceber como mártir". Decidiu vol-tar para Portugal.

O veleiro deslizava num

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Gamboso, Virgílio - A vida de Santo Antô-nio, Ed. Santuário Aparecida, pág. 49 50.

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O Encontro com São Francisco

Encontrando-se com o idealde Francisco de Assis

Curiosidades Franciscanas

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Explicação Espírita: “Em certos estados de emancipação da alma (quando o Espírito se afasta par-cialmente do corpo), o Espírito de um vivo pode, como o de um morto, mostrar-se com todas as aparências da realidade, sendo até mesmo tangível, isto é, mate-rializado. O seu corpo espiritual ou perispírito é que se desloca e se materializa; assim, o mesmo indivíduo pode ser visto em dois lugares ao mesmo tempo. Os ho-mens que conseguem produzir es-se tipo de fenômeno psíquico são conhecidos como homens duplos. É preciso fazer uma distinção en-tre os fenômenos de bicorporei-dade e de transporte, pois que o primeiro difere do segundo. Quando ocorre o fenômeno de transporte, o corpo do sensitivo ou médium é transportado. Nos fenômenos de bicorporeidade ou de bilocação apenas o perispírito é deslocado."Ver: O Livro dos Médiuns, cap. VII item 119.

As igrejas não mais com-portavam o povo que afluía para ouvir Santo Antônio, foi escolhi-da, então, a praça da cidade. Du-rante a pregação estourou um temporal, o povo apavorou-se, le-vantando-se para se refugiarem. Antônio, contudo, os assegurou que ali não choveria. Cortinas de chuva caíam ao redor da praça, enquanto Antônio pregava com

Explicação Espírita:de junho de 1231, em Pádua na Itália, bastante debilitado ele en-trou em êxtase e teve uma vidên-cia. Os irmãos perguntaram: “o que vês?" E a resposta foi subli-me: “Vejo o meu Senhor". E de-sencarnou minutos depois.

“No entendimento Espíri-ta, atendendo aos ditames do pensamento científico, não existe ‘milagre’ no seu sentido litúrgico. Aquilo que o homem não pode entender classificou-se como ma-ravilhoso e sobrenatural, e, pos-teriormente, colocou-se sob o manto do ‘mistério’, do dogma totalitário. Os fenômenos, por mais difícil que seja uma explica-ção para eles, têm causas mensu-ráveis que surgem assim que o homem avança em progresso e começa a compreender melhor a natureza. Não há milagres (como anulação das leis de Deus) nem fatos sobrenaturais, tudo o que pertence ao universo fenomênico é natural".

Em Montpellier, enquan-to ele pregava numa festa impor-tante a um auditório repleto de clérigos e leigos, Antônio, porta-dor de uma belíssima e robusta voz, lembrou-se de que deveria fazer parte do coro para cantar o “Aleluia". Então, inclinou a cabe-ça sobre o púlpito e se calou. Nes-se ínterim os frades o viram no coro entoando o “Aleluia".

bre na África, onde o Senhor não aceitara sua existência em holo-causto, que não tinha o direito de dispor da própria vida, entregan-do-a aos desígnios do próprio Deus.

Após um discurso de im-proviso, Antônio iniciou sua vida apostolar de pregador do Evan-gelho. Mas, como pregar àquela nação? Antônio era português e dominava de maneira magistral o latim, a língua internacional da época, como pregar aos italianos num período em que não havia, ainda, a língua nacional e cada região falava o seu próprio diale-to?

A solução veio do mundo espiritual. Médium extraordiná-rio, Antônio era portador da me-diunidade de xenoglossia, isto é, falar línguas estrangeiras sem tê-las aprendido. E assim, assistido pelos Espíritos amigos, em cada região da Itália por ele visitada, Antônio falou no dialeto do local, disseminando a palavra de Deus.

Além da pregação inspi-rada, Antônio também promoveu alguns fenômenos de cura, entre eles o mais conhecido, o da meni-na paralítica de nome Padovana.

Depois de um período de inúmeros testemunhos, suas difi-culdades físicas se agravaram. O mês de maio de 1231 e a hora do adeus se aproximavam. Exigira demais do seu próprio corpo. Res-pirava arfando, os membros de-formados pela hidropisia anunci-avam o momento final.

Na sexta feira do dia 13

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Palhano Jr. - Dicionário de Filosofia Espí-rita.

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Sua desencarnação

Alguns “milagres" de Santo Antônio

1) Bicorporeidade

2) O Controle de uma tempestade

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estrangeira que lhe é por inteiro desconhecida". Isso também aconteceu com os apóstolos no chamado dia de Pentecostes (Atos, 2:1/39).

Explicação Espírita: “Conforme os estudos de Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, pergunta 556, a força magnética pode ser tão eficaz que chega a curar pelo sim-ples toque do magnetizador, quando está secundada pela pure-za de sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem, porque, en-tão, os bons Espíritos ajudam".

A fama, certamente, se deu pela generosidade de Antô-nio em se esforçar por arrecadar o dinheiro necessário para as mo-ças pobres que se viam impedidas de casar por não disporem de do-te. Antônio, movido de íntima compaixão, juntava o valor do dote, livrando as moças de tão cruel constrangimento, permitin-do que se casassem. Um ato de pura caridade que caiu na supers-tição tola do povo!

Contam os estudiosos que um dia um jovem, desejando

Explicação Espírita:

naturalidade, sem que ali caísse uma gota.

Explicação Espírita: Em O Livro dos Espíritos, cap. IX do 2º livro, aprendemos que os Espíritos do Senhor são encarregados de exe-cutarem suas leis. Assim, os fenô-menos da natureza sofrem a ação dos Espíritos, muitas vezes eles os coordenam. Quando Jesus acal-mou a tempestade do lago, não falou obviamente com as águas e os ventos, mas com os Espíritos que os estavam produzindo, acompanhando a execução das leis da natureza. Sendo solicita-dos por Jesus, com sua grande autoridade moral e elevada espi-ritualidade, atenderam de pronto acalmando a tempestade. Algo semelhante aconteceu com Santo Antônio. Pela sua elevação moral os Espíritos amigos atenderam sua solicitação, impedindo que o povo reunido naquele local so-fresse a atuação da tempestade. Ver Allan Kardec, A Gênese, cap. XV item 45/46 e Cairbar Schutel, Parábolas e Ensinos de Jesus, pág. 168.

Explicação Espírita: Esse fenô-meno é chamado de “Xenoglossia (do grego xeno=estrangeiro; glossa=língua). Segundo Charles Richet (pai da Metapsíquica), é o uso de uma língua (escrita ou fa-lada) que se não aprendeu e que se não conhece em condições normais. O médium, influenciado por um Espírito, fala uma língua

Explicação Espírita:

Explicação Espírita:

abandonar a vida no convento, fugiu levando consigo um livro muito caro de Santo Antônio, to-davia uma visão “infernal" lhe fez voltar para o convento e de-volver o livro ao Santo. Alguns atribuem a esse fato a lenda de que Antônio estivesse à disposi-ção a todo momento para encon-trar as coisas perdidas dos ho-mens; mais uma vez a tola su-perstição dos que não conhecem as leis espirituais!

Todavia, os bons Espíritos poderão, eventualmente, se ne-cessário, justo e meritório nos ajudar nesse campo, sem contudo que usemos preces especiais ou evocando um Espírito em especi-al.

Tenhamos, contudo, na vida de Santo Antônio um exem-plo cristão, onde a fé e o trabalho sério lhe permitiram gozar de res-peitável assistência espiritual.

Para saber mais, consulte:1) GAMBOSO, Vergílio. Vida de Santo Antônio. Editora Santuário Aparecida. São Paulo - 1995.

2) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. FEB. Cap. VI, VII, XIV.3) KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB. Cap. IX.4) PALHANO, Lamartine Jr. Dicionário de Filosofia Espírita. Celd. RJ.5) A Bíblia de Jerusalém - Atos, Cap. 2: 1/39.

Não Perca, no próximo número: São Francisco de Assis.

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Palhano Jr. - Dicionário de Filosofia Espí-rita.

Idem.

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Curiosidades sobre Santo Antônio

3) Como explicar que Antônio tenha falado idiomas que nunca aprendera?

4) Curas espirituais realizadas por Antônio

- Porque é considerado Santo casamenteiro?

- Porque é evocado para auxiliara encontrar coisas perdidas?

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Literatura

sta nova obra, esclarece Kardec, é mais um passo no Eterreno das conseqüências e

das aplicações do Espiritismo. Conforme seu título o indica, ela tem por objeto o estudo dos três pontos, até agora, diversamente interpretados e comentados: a Gê-nese, os Milagres e as Predições, em suas relações com as novas leis decorrentes da observação dos fenômenos espíritas”.

Assim, em seus 18 capítu-los, destacam-se os temas: caráter da revelação espírita, existência de Deus, origem do bem e do mal, destruição dos seres vivos uns pe-los outros; refere-se, também, à uranografia geral, com várias ex-plicações sobre as leis naturais, a criação e a vida no Universo, a formação da Terra, o dilúvio bíbli-co e os cataclismos futuros; em se-guida, apresenta interessante es-tudo sobre a formação primária dos seres vivos, o princípio vital, a geração espontânea, o homem corpóreo e a união do princípio espiritual à matéria.

No tocante aos Milagres, expõe amplo estudo, no sentido teológico e na interpretação espí-

rita; faz vários comen-tários sobre os fluidos, sua natureza e proprie-dades, relacionando-os com a formação do pe-rispírito, e, ao mesmo tempo com a causa de alguns fatos tidos como sobrenaturtais.

Desta forma, dá a explicação de vários “milagres” contidos nos Evangelhos, entre eles, O cego de Betsaida, Os dez leprosos, O cego de nascença, O paralítico da piscina, Lázaro, Je-sus caminhando sobre as águas. A multiplica-ção dos pães e outros.

Posteriormente, expõe a Teoria da Presciência e as Predi-ções do Evangelho, esclarecendo suas causas, à luz da Doutrina Espírita.

Finalizando este livro, apresenta um capítulo intitulado “São chegados os tempos”, no qual aborda a marcha progressiva do globo, no campo físico e moral, impulsionada pela lei do Progres-so.

Com este livro, completa-se o conjunto das Obras Básicas da Codificação Espírita, também denominado “Pentateuco Espíri-ta”.

Fonte:Transcrito do folheto “Comece pelo co-meço" USE/SP.

publicado em janeiro de 1868

“Comece pelo começo” “Comece pelo começo”

A Gênese

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200314

Reprodução

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Práticas Espíritas

ncontramos no berço do Espi-ritismo nascente, meados do Eséculo XIX até início do sécu-

lo XX, o surgimento de inúmeros médiuns de efeitos físicos, haja vista em terras brasileiras, Carmine Mira-belli e Peixotinho; e, na Europa, Eu-sápia Palladino, Daniel Dunglas Ho-me, Florence Cook, Henry Slade, va-lendo, ainda, lembrar que, ao lado desses extraordinários médiuns, ad-vieram pesquisadores de renome, como Cesare Lombroso, Alexander Aksakof, Gabriel Dellane, William Crookes, Ernesto Bozzano, todos dis-postos a fornecer elementos neces-sários para a comprovação da imor-talidade da alma e do fenômeno me-diúnico, tudo em conformidade com os rigores científicos da época.

Tais médiuns e pesquisado-res tiveram uma árdua tarefa. Cha-mar a atenção do mundo materialis-ta para uma realidade transcenden-tal, espiritual, bem como em forne-cer subsídios para a comprovação ci-entífica da imortalidade da alma.

A tarefa foi cumprida com maestria. Tanto que, em tempos ho-diernos, médiuns de efeitos físicos são raríssimos. Qual será a razão?

O objetivo da mediunidade de efeitos físicos foi alcançado, fe-nômenos foram comprovados cien-tificamente e a atenção do mundo foi chamada, daí não vislumbrarmos a mesma incidência dos fenômenos de efeitos físicos em nossos dias, não há mais necessidade.

Vozes poderão se levantar: Mas os fenômenos de efeitos físicos foram comprovados cientificamente? Sim. Cientistas respeitáveis compro-varam e documentaram os fenôme-nos psíquicos, haja vista o belo tra-balho desenvolvido pelo maior quí-mico da Inglaterra, sir William Croo-kes, que pesquisou por mais de duas décadas os fenômenos mediúnicos e assim se expressou: Eu não disse que esses fatos eram possíveis, o que afirmei é que são verdadeiros.

É bem verdade que a ciência em sua universalidade não aceita a tese da imortalidade da alma, mas diversos cientistas, como os já cita-dos e outros, como Ian Stevenson, nos E.U.A e Hernani Guimarães Andrade, no Brasil, comprovaram tais fatos.

Registros foram feitos, li-vros foram editados, documentos fo-ram transcritos, por isso não há mui-to mais a fazer, a ciência é progres-siva, uma vez comprovado e docu-mentado certo fato, passa-se para o próximo ponto e a mediunidade de efeitos físicos já foi devidamente pesquisada e documentada.

Por isso, as reuniões de efei-tos físicos não possuem a mesma ne-cessidade de outrora e, apenas de-vem ser realizadas quando tenham por meta o trabalho de assistência a enfermos, ou pesquisas sérias, tudo consoante a seriedade e clareza de propósitos que caracterizam os pos-tulados da Doutrina codificada por

Allan Kardec.Por uma programação espi-

ritual superior, se buscou a materia-lização dos Espíritos; talvez agora seja o momento de buscarmos a espi-ritualização dos homens. Sobre esse assunto o Codificador em O Livro dos Médiuns, cap. 5, 2ª parte, item 86, orienta: “não se bate mais o tam-bor para despertar os soldados uma vez que já estão de pé”.

Danielly Venâncio - Sumaré/SP

“Não se bate mais o tambor para despertar os soldados uma vez que já estão de pé”

Fenômenos mediúnicos de efeitos físicos são produzidos pelos Espíritos no plano material e que sensibilizam diretamente os órgãos dos sentidos dos observadores (são visíveis, audí-veis, tangíveis, etc).

William Crookes foi químico de renome in-ternacional, reconhecido pelas melhores enci-clopédias, dentre suas contribuições científicas, descobriu o elemento químico de nome Thali-um e uma nova forma de processamento do ou-ro.

Experimentações Mediúnicas Lamartine Pa-lhano Jr. pp. 211 Ed. CELD 1ª edição.

Para saber mais, consulte:1) O Livro dos Médiuns - Ed. LAKE, 2ª par-te, pp. 49 e ss. - 20ª edição - Allan Kardec.

2) Experimentações Mediúnicas - Ed. CELD 1ª edição - Lamartine Palhano Jr.3) Missionários da Luz - Ed. FEB - André Luiz/Chico Xavier - cap. 10 - 33ª edição.4) Eusápia, a Feiticeira - Ed. CELD - 1ª edição - Lamartine Palhano Jr.5) Reuniões Mediúnicas - vol. 3 - Ed. CEAK 8ª edição - pp. 199/210 - Therezinha Oli-veira.

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Reuniões de Efeitos Físicos. Ainda são necessárias?

Reuniões de Efeitos Físicos. Ainda são necessárias?

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Análise

carnaval é uma festa popular encontrada em Oquase todos os povos,

desde a Antigüidade até os dias de hoje.

A favor dele, há quem alegue:é uma festa do povo, em

que a liberdade de costumes e a alegria contagiante dissolvem as tensões acumuladas;

é possível participar de-le apenas como distração, sem intenções libidinosas, sem ex-cessos alcoólicos, guardando respeito e compostura, sem se deixar envolver pelo desequilí-brio do ambiente.

Contra o carnaval, argumen-tam outros:

é uma festa perniciosa,

porque a licença no comporta-mento geral leva a exageros e prejuízos, como:

elevado número de aci-dentes e mortes;

maior número de dra-mas passionais e a sedução de jovens acarretando remorsos desajustantes;

excessos alcoólicos anestesiando a consciência (sem o que poucos se aventura-riam a participar, mesmo, dos festejos) e o danoso uso de dro-gas que nele, também, está se tornando comum;

monumentais ressacas a dispararem, não raro, compli-cadas moléstias;

dissipação de recursos financeiros que poderiam e de-veriam ser empregados em fi-nalidades úteis e necessárias.

Do ponto de vista Espírita, te-mos mais um argumento para acrescentar aos que são contrá-rios ao carnaval:

enseja profundo desa-justamento individual e do am-

biente, atraindo, com isso, a presença de Espíritos muito in-feriores, cuja ação pode levar a atos indignos, temerários, pre-judiciais, bem como produzir perigosas obsessões;

serve, também, de “bre-cha” à ação dos nossos costu-meiros adversários espirituais;

dificulta a presença e ação dos bons espíritos junto a nós.

Por isso, dificilmente al-guém participará de festejos carnavalescos sem deles sair, de alguma forma, prejudicado

Therezinha Oliveira - Campinas/SP

Deve ou não o espírita participardos festejos carnavalescos?

Dificilmente alguémparticipará de festejos

carnavalescos semdeles sair, de algumaforma, prejudicado

espiritualmente

Dificilmente alguémparticipará de festejos

carnavalescos semdeles sair, de algumaforma, prejudicado

espiritualmente

Conforme o Evangelhocomandar nossa vida,saberemos participarapenas das atividades

sociais que servirem aonosso empenho em prol

de um mundo melhor

Conforme o Evangelhocomandar nossa vida,saberemos participarapenas das atividades

sociais que servirem aonosso empenho em prol

de um mundo melhor

Os Festejos Carnavalescos

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200316

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pria decisão, porque o mérito ou demérito dos atos pratica-dos é pessoal e intransferível.

Quem desejar participar do carnaval é livre para fazê-lo. Mas o conhecimento espíri-ta nos esclarece que, quem o fi-zer, deverá estar preparado pa-ra arcar pessoalmente com a natural conseqüência de seus atos que, no caso, tem toda a probabilidade de ser prejudicial e que não se pode prever até que ponto chegará.

Se queremos nos ajustar aos padrões éticos do Evange-lho, busquemos o Cristo hoje! Agora!

E, na medida em que o Evangelho comandar nossa vi-da, saberemos participar das atividades sociais apenas quan-do elas puderem servir ao nos-so empenho, em favor de um mundo melhor.

Aquele que, hoje, de-fende a legitimidade de sua participação em festas munda-nas é livre para escolher suas próprias experiências. Mas, à medida que se integrar na vi-vência evangélica e se empol-gar por seus ideais, fatalmente

espiritualmente. Não percamos tempo,

porém, discutindo se devemos ou não participar dos festejos carnavalescos. Na base, ape-nas, de argumentação, há quem consiga justificar, peran-te si mesmo, qualquer compor-tamento: o adultério, a violên-cia, a injúria, a guerra e, tam-

bém, o carnaval.Cada indivíduo perma-

nece em determinado estágio de evolução e tenderá a racio-nalizar ou ajustar as circuns-tâncias e as idéias em torno do que considera suas necessida-des essenciais como ser huma-no.

Considerando que o li-vre arbítrio é necessário à evo-lução do ser, o Espiritismo não proíbe nada a ninguém. Nem coage seu adepto a agir desta ou daquela maneira, a freqüen-tar este ou aquele lugar. Não é seu papel ficar fiscalizando ou puxando pela mão o indivíduo, para fazê-lo seguir este ou aquele caminho.

O Espiritismo esclarece a pessoa sobre o sentido da vi-da e respeita em cada um a pró-

terá outras motivações.

Nosso interesse é sem-pre aproveitarmos melhor nos-sas forças e recursos, inclusive na folga dos dias de carnaval, em que podemos, por exemplo:

refazer-nos física e mentalmente;

conviver mais em famí-lia;

ajudar uma entidade so-corrista ou pessoas carentes;

visitar os enfermos ou os solitários;

participar de estudos e serviços doutrinários, comuni-tários.

Fazendo isso, supera-mos com muito mais eficiência nossas tensões e desfrutaremos de uma alegria autêntica, sem sofrer os riscos da inconse-qüência, ou dramas de cons-ciência e nem ressacas na quar-ta-feira de cinzas.

O Espiritismo nãoproíbe nada a ninguém,nem coage seu adeptoa agir desta ou daquelamaneira, respeitando

o livre-arbítrio de cada um

O Espiritismo nãoproíbe nada a ninguém,nem coage seu adeptoa agir desta ou daquelamaneira, respeitando

o livre-arbítrio de cada um

Quem desejar participardo carnaval é livre

para fazê-lo, mas deveestar preparado paraarcar com a naturalconseqüência de

seus atos

Quem desejar participardo carnaval é livre

para fazê-lo, mas deveestar preparado paraarcar com a naturalconseqüência de

seus atos

Para saber mais, consulte:1) Emmanuel - Chico Xavier.

2) Temas de hoje problemas de sempre.- Richard Simonetti.3) Nas fronteiras da Loucura - Manoel P. Miranda/Divaldo Pereira Franco.

Postura Cristã

Therezinha Oliveira é presidente da área dou-trinária do Centro Espírita "Allan Kardec" de Campinas/ SP. Com mais de 40 anos de traba-lhos no movimento espírita. É oradora com mais de 1.500 palestras executadas dentro e fora do país, além de programas de rádio e televisão. Escritora de rara sensibilidade, com várias obras publicadas, tornando-se a referência doutrinária em Campinas e Região. Seus artigos guardam,

sempre, absoluta FidelidadESPÍRITA.

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Capa

O “Pinga Fogo” Parte 1 Parte 1 Parte 1

28 de julho - a noite em que pingaram luzes na TVnoite de 28 de julho de 1971 foi diferente. Tor-Anou-se histórica para

São Paulo e para o Brasil. Mui-ta gente, até hoje, se per-gunta por que estava di-ante de um aparelho de TV, esperando o “Pinga Fogo” do Canal 4. E a res-posta não é difícil. Fran-cisco Cândido Xavier, o médium psicógrafo de Uberaba, ia submeter-se aos entrevistadores. Tan-to o programa como o médium eram por demais conhecidos. Há quarenta anos Chico Xavier vinha sendo submetido a entre-vistas de jornais, revistas, rádios e televisões. Tudo já se fez com o Chico, até mesmo entrevistas sensa-cionalistas, procurando submetê-lo ao ridículo. Nada havia demais em que Chico Xavier aparecesse de novo no Canal 4. Mas, apesar disso, a cidade de São Paulo se debruçou sobre o vídeo. E não só a cidade, mas todo o Estado e suas adjacências, como o sul

de Minas e o norte do Paraná.A coisa mais difícil de

se compreender é esse interesse antecipado. Católicos, protes-

tantes, ateus, materialistas, gente que não é de nada e gen-te que é de tudo, pessoas indi-ferentes e espíritas em penca, todos estavam atentos. Era co-mo se fosse acontecer algo de

inesperado. E realmente acon-teceu. Chico Xavier entrou no palco da TV Tupi com seu jeito humilde e simples de sempre.

Escondeu-se depressa atrás da mesa. Haviam lhe posto uma peruca (talvez para atrapalhar) que juntamente com os seus óculos pretos dava-lhe um ar estranho. Pare-cia outro. Mas quando começou a falar, todos viram que era o mesmo. O Chico de ontem, de ho-je e de sempre.No início da fila dos en-

trevistadores estava um católico ilustre, jornalis-ta, escritor, professor universitário, membro de instituições filosóficas do país e do exterior. Esperava-se que desfe-charia uma série de per-guntas atordoantes con-

tra o pobre Chico. Os demais eram figuras conhecidas de nossa imprensa e das nossas le-tras. Hábeis repórteres, entre eles, poderiam embrulhar o mé-dium. Mas logo se verificou

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Reprodução

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de 1971 na TV Tupi Não se poderia compre-

ender o fenômeno Chico Xavi-er e a noite histórica de 28 de julho sem a compreensão do problema mediúnico. Um médi-um é uma criatura que serve de intérprete entre o chamado mundo dos mortos e o chama-do mundo dos vivos.

Foi por isso que Chico Xavier saiu-se tão bem na tele-visão, enfrentando questões as mais diversas. Suas respostas não eram dele, eram dos Espíri-tos. Várias vezes, ele disse que estava falando o que ouvia dos desencarnados.

Assim, o “Pinga Fogo” do canal 4 não foi, naquela noite, um programa comum. Foi um programa realizado en-tre dois mundos. Os Espíritos participaram dele através da mediunidade de Chico Xavier. E o fizeram com tanto desem-

Os Espíritosparticiparam doPinga Fogo na

TV Tupi atravésda mediunidadede Chico Xavier

que Chico Xavier tinha asses-sores. Ele mesmo o declarou numerosas vezes. Não falava por si, mas com a assistência e a orientação de seu guia espiri-tual, Emmanuel, além de outras entidades que o ajudavam. Assessores invisíveis, mas que valeram. Até um assessor cien-tífico parecia haver entre eles, pois Chico, às vezes, parecia um médico, um físico e até mesmo um cosmonauta.

Isso mostra que o povo tem intuições coletivas muito sérias. Toda aquela gente de-bruçada no vídeo de milhares de aparelhos de televisão havia percebido com antecedência, mas com absoluta certeza, que Chico ia dar um Show mediú-nico naquela noite. E deu mes-mo.

Não somente um Show pessoal, mas coletivo, porque deu também um baile nos en-trevistadores. Um baile em re-gra, com muita elegância e de-licadeza, com uma classe de as-sustar! Chico ouvia, atento, e respondia a seguir com sua voz mansa de caipira mineiro, co-mo quem não quer nada, num tom de conversa mole. E o

Labaredas por toda parte

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Show maior, então, empolgou São Paulo e depois o Brasil. Um verdadeiro Show de luzes. Pin-garam luzes na TV, ao invés de fogo.

Nunca um “Pinga Fo-go”, depois de realizado ao vi-vo, teve seu vídeo-tape trans-mitido mais duas vezes nos dias seguintes. Mas, o de Chico Xavier teve! O público pediu e a emissora atendeu. E, além disso, houve a sua repercussão pelo Brasil todo. O vídeo-tape foi remetido ao norte, ao sul, ao leste e ao oeste. Em vários lugares foi também repetido. Muita gente gravou os seus di-álogos em gravadores indivi-duais e até hoje continua a ou-vi-los.

O “Diário de São Paulo”, depois da publicação do resu-mo do “Pinga Fogo” pelo Diá-rio da Noite, teve de publicá-lo por extenso em seu suplemento chamado Jornal de Domingo. Saíram, depois, exemplares mi-meografados do “Pinga Fogo” e várias editoras foram solici-tadas a lançar o texto num li-vro.

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baraço que muita gente, até ho-je, afirma que tudo aquilo foi mesmo do Chico. Sim, porque o médium não se modificava, não saía da sua simplicidade e da sua autenticidade.

Essa gente não sabe que o bom médium é assim mesmo. Que o bom médium é um bom intérprete e não necessita de trejeitos para dizer aos homens o que os Espíritos querem que seja dito.

Um homem, aspecto tí-mido, o rosto um pouco triste. Ele vai começar a falar sobre um assunto que vai tomar con-ta da cidade.

Esse homem chama-se Francisco Cândido Xavier, mé-dium espírita conhecido em quase todo o mundo.

Um homem simples que vai falar sobre a geração de cri-anças em tubos de ensaio, das guerras, das violências do mundo.

Um homem, sobretudo um homem que acredita na po-esia de seus quatrocentos auto-res psicografados.

Um homem, os óculos escondendo os olhos pequenos, um auditório repleto de estu-dantes, de mulheres, crianças, trabalhadores.

Chico Xavier vai falar.Depois que Chico Xa-

vier falou, toda a cidade estava cativada. O Canal 4 repetiu to-do o programa “Pinga Fogo”. E a cidade ficou comentando nos seus bares, nos seus escritórios, no seu desespero, nas suas fu-gas.

Uma cidade que perdeu seus anseios, que se escondeu dentro dela mesma, dentro dos seus restaurantes, das suas far-mácias, dos seus cinemas, nos teatros, nos parques de algu-mas árvores. A cidade comenta Chico Xavier. Hoje, nós publi-camos todas as palavras desse homem. Todas as páginas do Jornal de Domingo são de Chi-co Xavier.

De repente, uma cidade inteira estava chorando diante do aparelho de televisão. Chico Xavier estava rezando por to-dos.

De repente esse homem cativou todo um povo.

Quem é esse homem? Respondemos nesta página.

Tímido, modesto, voz frágil e insegura, um homem começa a falar. Pedindo des-

culpas por suas falhas, por sua pouca cultura. É o programa “Pinga Fogo” do Canal 4, na noite de 28 de julho. 61 anos, magro, óculos escuros escon-dendo uma vista defeituosa. Testa alta, rosto inteligente, uma humildade sincera. Qual a primeira impressão que causou Chico Xavier? A de um homem muito, muito e muito sincero. A impressão de uma autentici-dade básica e total.

Ele não deu, a princípio, a medida de sua inteligência. No entanto, tínhamos todos a certeza de que os botões não seriam desligados dentro de al-guns minutos. Parecia estar-mos vendo gente telefonando para os amigos avisando que Chico Xavier falava no Canal 4. Parecia estarmos vendo os botões de TV se acenderem, co-mo luzes, de um canto a outro de São Paulo. E os telefones da TV Tupi tocavam cada vez mais freneticamente, o povo paulista inteiro querendo parti-cipar do programa de Chico Xavier.

O médium de Uberaba, com a sua sensibilidade de pa-ranormal, deu-se conta do im-pacto. Sua entrevista foi num crescendo, envolvendo cada vez mais, até atingir o clímax na sessão de psicografia que São Paulo inteiro acompanhou, em absoluto suspense.

Quem é esse homem que fascinou todo um povo? Quem é Francisco Cândido Xa-

Não se poderiacompreender ofenômeno Chico

Xavier e a históricanoite de 28 de julhosem a compreensão

da mediunidade

Opinião do jornal Diário de São Paulo, Jornal de Domin-go, de junho de 1971:

Chico Xavier

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nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o Sola de Deus...” Daí em diante, dona Rosária proibiu que se voltasse a falar no assunto. “Nem eu de-veria dar notícias de coisas es-tranhas que eu visse e nem os meus colegas deveriam me per-guntar qualquer coisa fora de nossos estudos”.

Chico Xavier tinha, ago-ra, 17 anos. Trabalhava num armazém, serviço puxado, de sol a sol. A família, numerosa, depende em parte do que ele re-cebe. É um rapaz pobre, mas tem muitos amigos. Entre eles, o padre de Pedro Leopoldo, Se-

vier, o modesto Barnabé apo-sentado que mora em Uberaba? E por que sua voz frágil e tími-da comunica tanto, se apenas uma parcela do imenso público que o assistiu era constituída de gente que já conhecia as su-as obras?

Na pequena cidade mi-neira de Pedro Leopoldo, ali por volta de 1915, um menino pobre, órfão de mãe e criado em casa de estranhos, conversa com a mãe morta no fundo do quintal. Ela lhe dá o conforto que os vivos lhe recusam. Mas ele não pode dividir com nin-guém o seu segredo. Não lhe dão crédito, consideram-no mentiroso ou perturbado men-tal. O pequeno Chico era repre-endido e castigado.

De volta à família, com o segundo casamento de seu pai, Chico continuou sendo um menino muito estranho. Já tra-balhando e estudando no Gru-po Escolar São José, de Pedro Leopoldo, vamos encontrá-lo na classe da profa. Rosária, aos 12 anos, cursando o 4º ano pri-mário. Os alunos estão reuni-dos para fazerem uma prova, num concurso instituído pelo

Governo de Minas. O tema é “Brasil”. Quando o menino Chi-co Xavier pega a caneta para escrever, um vulto de homem, ao seu lado, começa a ditar. O menino, em sua honestidade, consulta a professora. Ela não sabe o que dizer, manda que ele prossiga a sua prova.

Mas quando o júri do concurso confere a Chico Xavi-er uma Menção Honrosa, os es-tudantes de Pedro Leopoldo passaram a acusar aquele es-tranho menino. Muita discus-são se travou e a classe pediu à professora que fizesse um exa-me público com o pequeno Francisco Cândido Xavier. “Nesse exato instante, tornei a ver o homem que os outros não viam e ele me disse estar pron-to para escrever”.

O tema, desta vez, seria “areia”. Na lousa, o pequeno Chico Xavier escreve: “Meus fi-lhos, ninguém escarneça da cri-ação. O grão de areia é quase

De repente, umacidade inteira estavachorando diante do

aparelho de TV.Chico Xavier estavaorando por todos

Chico ouvia, atento,e respondia a seguircom sua voz mansade caipira mineiro,

como quem não quernada, num tom de

conversa mole

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Quem é esse homemque fascinou todo umpovo? E por que sua

voz frágil e tímidacomunica tanto, se

apenas uma parcelado imenso públicoque o assistiu era

constituída de genteque já conhecia as

suas obras?

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Com a honestidade bá-sica que é a característica fun-damental de sua personalidade, foi ao confessionário de padre Sebastião Scarzelli e contou-lhe que: “vou estudar o Espiri-tismo e dedicar-me à mediuni-dade”. “Seja Feliz, meu filho. Eu rogarei à nossa Mãe Santís-sima para que te abençõe e te proteja...”

E Chico Xavier tomou o seu caminho.

“Em fins de 1927, numa reunião pública e depois da evangelização, D. Carmen Pe-rácio, médium de muitas facul-dades, transmitiu a recomen-dação de um benfeitor espiritu-al para que eu tomasse o lápis e experimentasse a psicografia. Obedeci e minha mão de pron-to escreveu dezessete páginas sobre os deveres espíritas... Senti alegria e susto ao mesmo tempo. Tremia muito quando terminei”. Assim conta Chico Xavier o seu primeiro trabalho psicográfico, em entrevista que

bastião Scarzelli. Confessor de Chico Xavier, manda que ele reze ao Senhor quando tiver suas visões. Houve um dia, nos 15 anos de Chico, em que o pa-dre Sebastião, para confortá-lo, sai com ele da Igreja e o leva para comprar um par de sapa-tos.

No dia 7 de maio de 1927, pela manhã, o jovem Chico Xavier participa de uma sessão espírita. Sua irmã Maria estava doente e um casal ami-go, Sr. José Hermínio Perácio e D. Carmem Perácio, prestam socorro à enferma. Todos da casa oram, no próprio quarto da doente. A irmã curou-se e o casal iniciou Chico Xavier na Doutrina Espírita, explicando-lhe o significado de todas aque-las visões e dos fenômenos es-tranhos que ocorriam com ele. Assim, Chico Xavier conheceu o Espiritismo, leu os livros de Allan Kardec e assumiu a res-ponsabilidade de sua mediuni-dade.

concedeu ao médico Elias Bar-bosa e que está contada no li-vro deste autor, No mundo de Chico Xavier.

Assim, de 1927 a 1931, Chico Xavier recebeu centenas de mensagens que, posterior-mente foram inutilizadas por se destinarem apenas a exercí-cios de psicografia, conforme os Bons Espíritos determina-ram a Chico Xavier que fizesse. Nesses quatro anos, como em toda a sua vida, o médium de Uberaba conviveu tanto com pessoas encarnadas como com pessoas desencarnadas. Uma das mais assíduas protetoras de Chico Xavier, na época, foi sua mãe Maria João de Deus.

Chico Xavier Falou no programa “Pinga Fogo”, o qual, com índice ainda maior de audiência e envolvimento de legiões de espectadores, foi reprisado pela TV Tupi na noite de terça-feira passada(...).

De 1927 a 1931,Chico Xavier recebeucentenas de mensagensque, posteriormenteforam inutilizadaspor se destinaremapenas a exercíciosde psicografia

Para saber mais, consulte:Chico Xavier no pinga fogo. Ed. Edicel.

Nota da redação: Caro leitor, a partir do próximo nú-mero estaremos publican-do, em fascículos, nesta colu-na, as perguntas e respostas deste inesquecível “Pinga Fo-go”. Aguardem!

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Fevereiro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” 23

Julieta Closer - Campinas/SP

Curiosidades Bíblicas

V o c ê S a b i a . . .V o c ê S a b i a . . .

stamos no mês de Adar, que é o nome babilônico dado ao décimo-segundo mês (feve-Ereiro-março) do ano judaico. Esd.6, 15 Est.3, 7.

labastro - espécie de mármore branco, translúcido e passível de receber um be-Alo polimento, pois sendo pouco duro foi torneado na fabricação de taças, va-sos, colunas, estatuetas, etc. Os antigos preferiam vasos de fino alabastro para guar-dar perfumes. Menciona-se o alabastro em Mt.26, 7; Mc.14, 3; Lc.7, 37 acerca de un-gir Jesus e também em Est.1, 6.

barba entre os egípcios era geralmente raspada. Ao contrário os judeus, deixavam-Ana crescer como sinal de varonilidade. A “lei" proibia que se cortasse a extremida-de da barba, Lv.19, 27; 21, 5. Descuidar da barba ou bigode era sinal de aflição, 2 Sm.19, 24. Hanum insultou os servos de Davi, raspando-lhes metade da barba 2 Sm.10,4.

elomancia é a arte de adivinhar por meio de flechas. Depois de marcar as fle-Bchas, escolhiam uma ou sacudiam todas até uma cair fora, de modo que res-pondesse à informação desejada. Ou ainda julgavam pela maneira de cair a flecha quando lançada para cima. Ez.21, 26.

Fonte:1) Bíblia de Jerusalém - Sociedade Bíblica Católica Internacional e Paulus, 1985.2) Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando Boyer, 7ª ed, 1978.3) Bíblia Sagrada - Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.4) Dicionário Bíblico Universal - Buxkland, Ed.Vida, 3ªed. 1982.5) Bíblia Vida Nova - Sociedade Religiosa, Edições Vida Nova, 1989.6) ... e a Bíblia tinha razão - Werner Keller. Círculo do Livro, 1978.

Maná que alimentou os filhos de Israel no deserto, após a fuga do Egito é comercializa-Odo ainda hoje com o nome de “Mannit" e é produzido pela “Tamarix Mannifera Eler", es-pécie de tamargueira. A descrição em Êxodo 16, 31, corresponde exatamente ao que os pes-quisadores Bodenheimer e Oskar Theodor da Univerdidade Hebraica de Jerusalém disseram em 1923: “O gosto dos grãozinhos cristalizados do Mana é de uma doçura característica com-parável ao açúcar de mel, produto do mel de abelha".

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de forma que assim que Rodrigo descesse da condução me encon-trasse a postos.

Assim aconteceu, o ôni-bus chegou, o Rodrigo desceu, entrou no carro, e quando está-vamos fazendo a manobra de volta para casa, vimos o “Seu

Alcides”, na sua bicicleta, sa-indo do Colégio rumo à sua resi-dência.

Ao nos ver acenou ale-gremente, com sua grande mão, e fez a curva rumo ao Distrito de Souzas onde morava.

Depois do jantar, um amiguinho do Rodrigo ligou contando que o Seu Alcides ha-via sofrido um acidente fatal quando, pela manhã, estava se

inha família se mudou de São Paulo para MCampinas. Depois de

um ano passamos a residir num bairro novo, a uns 10 quilôme-tros distante do centro da cida-de.

Naquela época, década de 70, parecia mais distante, pois onde moramos não tinha sequer condução.

Para se tomar um ônibus era preciso ir a pé ou de carro até a Estrada de Souzas, percurso de mais ou menos dois quilômetros, onde transitava uma linha que ia até Campinas, como se costuma-va dizer.

Na idade adequada meus filhos começaram a freqüentar o Colégio Notre Dame de Campi-nas, que fica exatamente na Estrada de Souzas, onde existia o ponto do ônibus que mencio-namos.

No “Notre Dame” conhe-cemos uma criatura muito inte-ressante, o Sr. Alcides, o jardi-neiro do Colégio, apelidado pe-los alunos de “O Formiguinha”.

Sr. Alcides era um ser es-pecial, bondoso, amigo das cri-

anças e das plantas que cuidava com extremo carinho, e muito trabalhador.

Fiz amizade com ele, pois diariamente freqüentávamos a escola levando meus filhos e sempre que possível parava para conversar com “Seu Alcides” so-bre um assunto de que gosto muito - plantas.

Quando meu menino, Ro-drigo, tinha uns 10 anos, vez ou outra, eu permitia que fosse a Campinas, para a aula de in-glês usando o transporte co-letivo. Para ele era uma glória “ir de ônibus ao inglês”.

Eu o levava de carro até o ponto do ônibus, e quando terminava a aula ele me telefo-nava dizendo que ia pegar a con-dução. Então eu ia buscá-lo de carro no mesmo ponto em frente ao colégio.

Certo dia, ao receber o te-lefonema de meu filho, imedia-tamente fui para o ponto, na Estrada de Souzas, levando co-migo minha filhinha, Letícia, e uma moça que morava conosco,

Fátima Granja - Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200324

ComigoACONTECEU

- Mãe, se ele morreu de manhã, por que o vimos agora à tarde na sua bicicleta, voltando para

casa, nos acenando como sempre?!!!

- Mãe, se ele morreu de manhã, por que o vimos agora à tarde na sua bicicleta, voltando para

casa, nos acenando como sempre?!!!

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na estrada. Isso porque não per-cebera que passara de uma di-mensão para a outra.

Porque somente Rodrigo e eu vimos o nosso amigo?

Certamente porque havia uma maior afinidade entre nós. O que permitiu que sintonizásse-mos com Seu Alcides.

Então, meu filho e eu se-ríamos médiuns?

Não necessariamente. Pelo fato de enxergar

mediunicamente, não quer dizer que ambos teríamos faculdade mediúnica ostensiva.

Todos nós, indistinta-mente, somos mais ou menos médiuns, pois através dos canais mediúnicos somos influenciados e influenciamos espiritualmente, e esporadicamente podemos ver ou ouvir no plano espiritual.

O fato isolado por si só não significa que possuímos uma faculdade mediúnica com possibilidade de um trabalho propriamente dito.

Todavia, essa experiên-cia nos deu mais uma prova da imortalidade e comunicabilidade dos Espíritos.

dirigindo com sua bicicleta ao Colégio para trabalhar.

Rodrigo desligou o tele-fone e veio com aquele olhar de pânico me questionar: - Mãe, se ele morreu de manhã, por que o vimos agora à tarde na sua bicicleta, voltando para casa, nos acenando como sempre?!!!

Certamente o que acon-teceu foi um fenômeno mediúni-co, de efeitos inteligentes, uma vidência, pois somente Rodrigo e eu vimos Seu Alcides.

Se o fato ocorrido fosse um fenômeno de efeitos físicos, com a materialização da entida-de espiritual, todos poderiam tê-lo visto, o que não aconteceu, pois minha filha e a nossa aju-dante não viram nada.

Sempre que nos defron-tamos com fenômenos dessa na-tureza, que transcendem a nossa realidade material, é preciso ana-lisar para bem compreender.

Porém, o mais importan-te é procurar entender o motivo que levou o fenômeno a aconte-cer.

No caso do Seu Alcides, acreditamos que o querido jardi-neiro, embora recém desencar-nado pela manhã, continuou sua rotina, indo ao trabalho de que tanto gostava, e retornando a ca-sa de tardezinha, acenando para seus amigos com quem cruzara

Fevereiro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” 25

Encaminhe para a redação fatos espíritas como esse, absolutamente verídicos. Envie no-me, telefone e endereço completos, estando disponível para eventual encontro com a reda-ção. Após análise publicaremos seu caso na coluna: “Aconteceu Comigo”. Ressaltamos, ainda, que as histórias serão, após doação au-toral, de propriedade exclusiva dessa revista.

Nosso endereço: R. Luis Silvério, 120, Vl. Marieta, Campinas/SP, CEP 13043-330.

Nota da redação:O editor garante a veracidade dessa história.

Explicação Espírita

Entendendo

assinaturas

R: Dr. Luiz Silverio, 120

Vila Marieta - CEP 13043-630

Campinas - SP - Brasil

Fone/Fax (19) 3233.5596

E-mail: [email protected]

R: Dr. Arnaldo de Carvalho, 555

apto 51 - Bonfim - CEP 13070-090

Campinas - SP - Brasil

Fone/Fax (19) 3233.5596

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Dúvidas sobre os artigos publicados,

críticas, sugestões?

Entre em contato com

Cartas e mensagens

devem trazer o nome e endere-ço do autor.

A redação poderá, em

razão do espaço e clareza, pu-blicar apenas uma síntese das cartas.

redação

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Reflexão

ara a maioria dos leitores es-píritas, a Introdução apre-Psentada em O Livro dos Espí-

ritos é a introdução daquela obra. Nada mais lógico. Espera-se que es-sa introdução topicalize o livro, re-suma-o, contextualize-o a fim de dotar o leitor dos recursos necessá-rios à compreensão da obra. Toda-via, o que está escrito textualmente na abertura do referido livro é a Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita. Isto mesmo! Não é a intro-dução do livro, mas uma introdu-ção ao estudo do Espiritismo. E isso faz toda a diferença. Por quê? Por-que o Codificador marca com muita propriedade o lugar de onde fala a Doutrina Espírita. Não é um conhe-cimento que possa ser auferido sem que os interessados movam a inteli-gência para apreendê-lo.

O primeiro livro da Codifi-cação é, na verdade, parte de um grande conhecimento que é apreen-dido pelo estudo metódico do seu conteúdo. O próprio Allan Kardec estava ciente disso e em inúmeras oportunidades indicou a necessida-de de estudo no conjunto da obra. Assim sendo, a idéia de um apren-dizado sistematizado da Doutrina não é uma invenção do movimento espírita. É, na realidade, recomen-dação expressa do Codificador, o que não significa dizer que o co-

Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita

nhecimento espírita deva ser esco-larizado.

Na Introdução acima referi-da que reúne os conceitos funda-mentais, o resumo do ensino dos Espíritos, a descrição do método de trabalho, o Codificador apresenta uma série de justificativas para que se proceda ao estudo da Doutrina Espírita. Vale a pena revê-las.

No final do item III, no qual trata dos contraditores da Doutrina, afirma que para que se entendam essas leis [as que regem as relações do mundo material com o espiritu-al], preciso é que se estudem as cir-cunstâncias em que os fatos se pro-duzem e esse estudo não pode dei-xar de ser fruto da observação per-severante, atenta e às vezes muito longa. Vemos aqui que estão esta-belecidas as condições básicas para o estudo da Doutrina, condições es-tas que vão se repetir ao longo da obra, a saber: observação perseve-

rante, atenta e prolongada. Em re-sumo, a Doutrina não é um conhe-cimento superficial capaz de ser as-similado com uma vista d'olhos. Essa argumentação foi original-mente apresentada como uma críti-ca aos contraditores da Doutrina que, cheios de preconceitos e de presunção, atacavam-na com base em considerações superficiais. Mas vale também para nós hoje, guarda-das as devidas proporções. Não so-mos os contraditores, porém, nem sempre nos esforçamos para ir mais além. Não há como assimilar tal monumento de conhecimento com leituras breves e uma postura não ativa.

Além das condições acima enunciadas, o Codificador acres-centa mais três, no item VIII, do tex-to aqui focalizado. Diz ele: Acres-centemos que o estudo de uma dou-trina, qual a Doutrina Espírita, que nos lança de súbito numa ordem de coisas tão nova quão grande, só po-de ser feito com utilidade por ho-mens sérios, perseverantes, livres de

Denise Lino - Campina Grande/PB

A Necessidade do EstudoEstudo

Assumir uma postura pró-ativa no campo do estudoé trabalhar pela própria evolução

Utilizamos aqui a tradução de O Livro dos Espíritos distribuída gratuitamente no site da Federação Espírita Brasileira:

O Livro dos Espíritos. 76ª. Ed. [Tradução Guillon Ri-beiro]. Rio de Janeiro: Departamento Gráfi-co da FEB, 1995. 494 p.

www.febrasil.org.br. Kardec, Allan.

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As recomendações deKardec nos convocamao estudo que conjugaa leitura como fonte

primária de informações,a reflexão, a comparação

e o julgamento

As recomendações deKardec nos convocamao estudo que conjugaa leitura como fonte

primária de informações,a reflexão, a comparação

e o julgamento

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200326

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vezes muito prolongado. Com isso não quis Kardec afirmar que o con-teúdo da Doutrina é acessível ape-nas a doutos e sábios. Ao contrário, chamou atenção simplesmente para a necessidade do estudo. Aliás, em diversas ocasiões afirmou que ne-nhuma inteligência privilegiada era pré-requisito para a compreensão

do Espiritismo, bastava a ausência de preconceitos para que a razão penetrasse as causas mais profun-das dos temas abordados. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo questiona: Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligên-cia fora do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços

prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um re-sultado. Não sabemos como dar es-ses qualificativos aos que julgam a priori, levianamente, sem tudo ter visto; que não imprimem a seus es-tudos a continuidade, a regularida-de e o recolhimento indispensáveis. Assim, além das condições antes apresentadas, o estudo requer igualmente continuidade, regulari-dade e recolhimento, sob pena de ser breve consideração. De todas es-sas condições, destacamos o reco-lhimento como sendo de funda-mental importância, pois indica a sobriedade com que a tarefa do es-tudo deve ser encetada. Kardec con-clui sua advertência com um conse-lho, redigido à moda dos axiomas. O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá.

Admite o próprio Codifica-dor que a Doutrina não é fácil. No item XII diz: Nunca, porém, disse-mos que esta ciência fosse fácil, nem que se pudesse aprendê-la brincando, o que, aliás, não é possí-vel, qualquer que seja a ciência. Ja-mais teremos repetido bastante que ela demanda estudo assíduo e por

mesmo, apenas saídos da adoles-cência, lhes apreendem, com admi-rável precisão, os mais delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da ciência somente requer olhos que observem, enquanto a parte essencial exige um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução, porque é peculiar ao desenvolvi-mento, em sentido especial, do Espí-rito encarnado. (Cap. XVII, item 4).

Posto esse ponto comum, Kardec passou a recomendar as condições ideais para que o estudo se dê. No item XVII da Introdução apresentada em O Livro dos Espíri-tos, diz: A verdadeira Doutrina Es-pírita está no ensino que os Espíri-tos deram, e os conhecimentos que esse ensino comporta são por de-mais profundos e extensos para se-rem adquiridos de qualquer modo, que não por um estudo perseveran-te, feito no silêncio e no recolhimen-to. Porque, só dentro desta condição se pode observar um número infini-to de fatos e particularidades que passam despercebidos ao observa-dor superficial, e firmar opinião. Essas observações conclamam a uma mudança de atitude mental. Antes acostumados à aprendizagem por memorização, por repetição, através da apresentação de fatos narrados, somos convocados a en-veredar pela atividade do estudo, que conjuga a leitura como fonte primária de informação, a reflexão, a comparação e o julgamento. A es-sas condições soma-se o recolhi-mento a fim de que elas sejam em-preendidas com sucesso. E aqui en-tendemos que não só o silêncio ex-terior é condição fundamental para essa tarefa, o silêncio interior, a qui-etude mental, a serenidade das emo-

“A verdadeira Doutrina Espí-rita está no ensino que os Espí-ritos deram, e os conhecimen-tos que esse ensino comporta são por demais profundos e extensos para serem adqui-ridos de qualquer modo, que não por um estudo perseve-rante, feito no silêncio e no recolhimento”

“O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá”

“A verdadeira Doutrina Espí-rita está no ensino que os Espí-ritos deram, e os conhecimen-tos que esse ensino comporta são por demais profundos e extensos para serem adqui-ridos de qualquer modo, que não por um estudo perseve-rante, feito no silêncio e no recolhimento”

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Somos convocadosa colaborar na

realização da obra,seja produzindo

pesquisas e textos,seja na divulgação

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ções são fundamentais a fim de que possa haver concentração e o estu-do resulte em aprendizagem.

Admite o Codificador que o estudo é uma questão central para o Espiritismo e que se apenas esse as-pecto fosse levado adiante ele já se daria por satisfeito (cf. Item XVII), por ter contribuído para que os ho-mens deixassem de ser crédulos ou opositores sistemáticos.

Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec dá continuidade a es-se tema. Logo na Introdução admite que muito enganado se encontraria aquele que admitisse que para se tornar perito em Espiritismo basta-ria colocar os dedos sobre uma me-sa e fazê-la movimentar-se, confor-me os episódios das mesas girantes que deram ensejo à Doutrina Espíri-ta. No capítulo III, alerta que, como as demais ciências, não se pode aprender o Espiritismo brincando. Ao longo de todo o livro, a tônica é uma só: deve-se proceder ao estudo da teoria antes de adentrar na práti-ca. É exatamente sobre a prática que admite repousarem muitos in-convenientes, dos quais só o estudo sério pode obviar. (cf. LM introdu-ção).

No campo das atividades práticas, Allan Kardec chama aten-ção para o fato de o estudo preceder a experimentação a fim de as su-perstições serem dirimidas. O estu-do sério do Espiritismo leva preci-

A idéia de umaprendizado sistematizado

da Doutrina Espíritanão é invenção domovimento espírita:

é recomendaçãoexpressa do Codificador

A idéia de umaprendizado sistematizado

da Doutrina Espíritanão é invenção domovimento espírita:

é recomendaçãoexpressa do Codificador

samente o homem a se desembara-çar de todas as superstições ridícu-las. (Cap. VI, item 18) Estudai, an-tes de praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes ex-periência à vossa própria custa. (Nota a última das dissertações espí-ritas apresenta no Cap. XXXI). Nes-se trecho vemo-lo chamar atenção para a literatura espírita como fonte de instrução, de intercâmbio de ex-periências, de ampliação de conhe-cimentos, a fim de que cada grupo espírita não precise passar pela ‘in-venção da roda toda vez que quiser se deslocar' (sic!). Em outras pala-vras, a fim de que ca-da grupo ou cada espí-rita individualmente não tenha de passar por todo o processo de confirmação dos fatos, elaboração da teoria, descrição dos métodos.

Até aqui essas recomenda-ções têm um caráter geral e são diri-gidas a todos os espíritas. Porém, aos médiuns, o Codificador adverte ser o estudo condição indispensá-vel. Nessa mesma obra, no item 221, no qual trata dos escolhos da mediunidade, ser imperioso que es-te se aplique, com meticuloso cui-dado, a reconhecer, por todos os in-dícios que a experiência faculta, de que natureza são os primeiros Espí-ritos que se comunicam e dos quais manda a prudência sempre se des-confie. Se forem suspeitos esses in-dícios, dirigir fervoroso apelo ao seu anjo de guarda e repelir, com todas as forças, o mau Espírito, provan-do-lhe que não conseguirá enganar, a fim de que ele desanime. Por isso é que indispensável se faz o estudo prévio da teoria, para todo aquele que queira evitar os inconvenientes peculiares à experiência. Assim sen-

do, o Codificador deixa claro que existem dificuldades no trato com os Espíritos, pois nem todos são bons e benevolentes, e a única for-ma de precatar-se o médium das conseqüências adversas dessa situ-ação é conhecer a teoria, ou seja, es-tudar é condição essencial à atua-ção mediúnica.

Adverte ainda que o maior opositor do progresso da Doutrina será a inação dos próprios espíritas, desde que não se dispunham a essa tarefa inadiável e intransferível. Em tudo, as pessoas mais facilmen-te enganáveis são as que não per-

tencem ao ofício. O mesmo se dá com o Espiritismo. As que não o conhecem se deixam facilmente iludir pelas aparên-cias, ao passo que um prévio estudo atento as inicia, não

só nas causas dos fenômenos, como também nas condições normais em que eles costumam produzir-se e lhes ministra, assim, os meios de descobrirem a fraude, se existir. (LM, item 316).

E como se não estivesse sa-tisfeito, o Codificador submete as próprias convicções aos Espíritos que o assessoravam e apresenta, no capítulo XXVII de O Livro dos Médi-uns, a seguinte questão: As contra-dições, mesmo aparentes, podem lançar dúvidas no Espírito de algu-mas pessoas. Que meio de verifica-ção se pode ter, para conhecer a ver-

Utilizamos aqui a tradução de O Livro dos Médiuns distribuída gratuitamente no site da Federação Espírita Brasileira:

O Livro dos Médiuns. 62ª. Ed. [Tradução Guillon Ri-beiro]. Rio de Janeiro: Departamento Gráfi-co da FEB, 1996. 486 p.

www.febrasil.org.br. Kardec, Allan.

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Na Introdução deNa Introdução deO Livro dos Espíritos,O Livro dos Espíritos,Kardec nos ofereceKardec nos oferece

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sentido, as capacidades relaciona-das à apreciação, comparação, aná-lise e julgamento, indispensáveis ao estudo acadêmico tantas vezes evo-cado por Kardec como condição es-sencial ao estudo do Espiritismo, es-tão também em pauta na resposta apresentada pelos Espíritos. Portan-to, ainda que não haja tempo ou ap-tidão para o primeiro tipo de estu-do, o segundo é inerente à vida, ao processo de evolução, pois quando o Espírito estuda a vida faz escolhas conscientes.

Para ser mais preciso ainda nas suas observações, em A gênese, capítulo I, item 60, o Codificador sa-

lienta que Os Espíri-tos não vieram livrar o homem, do traba-lho, do estudo e das pesquisas; não lhe trazem nenhuma ci-ência integralmente formulada; deixam-

na entregue a seus próprios esfor-ços, naquilo que ele pode encontrar por si mesmo; tal é o que hoje os es-píritas sabem perfeitamente. Em sendo assim, grande é nossa res-ponsabilidade, pois somos convo-cados a colaborar na realização da obra. Alguns de forma direta pro-duzindo pesquisas e escrevendo textos. Outros, a grande maioria, na verdade, são convocados a traba-lhar na divulgação desse material, que requer a leitura, estudo, exposi-ção, palestras, etc.

Dentre as considerações apresentadas por Allan Kardec, identificamos um método de estudo cujo princípio fundamental é o de ir da teoria à prática. A pergunta ‘co-mo realizar esse procedimento' tem como resposta as seguintes indica-ções:

Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o des-

dade? E obtém como resposta a se-guinte orientação: “Para se discer-nir do erro a verdade, preciso se faz que as respostas sejam aprofunda-das e meditadas longa e seriamente. E um estudo completo a fazer-se. Para isso, é necessário tempo, como para estudar todas as coisas. Estu-dai, comparai, aprofundai. Inces-santemente vos dizemos que o co-nhecimento da verdade só a esse preço se obtém. Como quereríeis chegar à verdade, quando tudo in-terpretais segundo as vossas idéias acanhadas, que, no entanto, tomais por grandes idéias? Longe, porém, não está o dia em que o ensino dos Espíritos será por toda parte unifor-me, assim nas mi-núcias, como nos pontos principais. A missão deles é destruir o erro, mas isso não se pode efe-tuar senão gradativamente."

Não obstante a confirma-ção apresentada, Kardec se preocu-pou com as pessoas que não pudes-sem empreender o estudo nos mol-des propostos. E, na questão se-guinte, pergunta: Pessoas há que não têm nem tempo, nem a aptidão necessária para um estudo sério e aprofundado e que aceitam sem exame o que se lhes ensina. Não ha-verá para elas inconveniente em es-posar erros? “Que pratiquem o bem e não façam o mal é o essencial. Pa-ra isso, não há duas doutrinas. O bem é sempre o bem, quer feito em nome de Allah, quer em nome de Je-ová, visto que um só Deus há para o Universo." (LM cap. XXVII)

Entendemos que a resposta não exime a criatura, incita-a ao estudo prático, ao constante discer-nimento entre o bem e o mal, op-tando sempre pelo primeiro. Nesse

conhecido. (LM Capítulo III, item 19);

Dar explicação racional aos fatos. (LM, cap III, item 31);

Empreender observação atenta e prolongada. (LM, Capítulo

IV, item 49).Essas são indicações de ca-

ráter prático que visam orientar o neófito, desacostumado as exigên-cias do estudo sistematizado, a em-preendê-lo a partir de recursos mí-nimos. Não se trata de transformar todos os adeptos da Doutrina em pesquisadores, cuida-se, antes, de conclamar, de incentivar a todos a superar antigos hábitos, dando en-sejo ao desenvolvimento da inteli-gência, que é um atributo do Espíri-to. Assumir uma postura pró-ativa no campo do estudo é, em suma, trabalhar pela própria evolução.

Kardec, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. 18ª. Ed. [Tradução Vitor Tolendal. Notas e Apresen-tação J. Herculano Pires]. São Paulo: LAKE, 1997. 400 p.

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A articulista é formada em Letras pe-la Universidade Federal da Paraíba. Pro-fa. da Universidade Federal de Campina Grande/PB. Fez especialização em Lin-güística Aplicada pela PUC/MG, Mestra-do pela UNICAMP e é atualmente Douto-randa da USP. Fundadora da SEJA Soci-edade Espírita Joanna de Angelis, é tam-bém evangelizadora, expositora e autora de vários artigos para revistas espíritas. Já ministrou diversos cursos de evangeli-zação espírita, inclusive em Portugal, es-teve na Universidade de Poitiers na Fran-ça, onde proferiu conferência sobre Allan Kardec e participou de reuniões da Socie-dade Berlinense de Estudos Espíritas.

Não há como assimilara Doutrina Espírita comleituras breves e uma

postura não ativa

Não há como assimilara Doutrina Espírita comleituras breves e uma

postura não ativa

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Você está atento ao recurso extraordinário

que tem em mãos?Você está atento ao recurso extraordinário

que tem em mãos?

Responsabilidade

visão é dos primeiros tesou-ros cuja capacidade dimi-Anui à medida que a idade

cronológica avança. E como deixa saudade aquela capacidade visual de outros tempos...

Mas o título deste artigo é apenas pretexto para relacionar ou-tros pequenos detalhes que acabam influindo na qualidade dos estudos doutrinários do Centro Espírita ou na promoção de eventos que visam aproximar os espíritas e estimular o movimento espírita.

É de nosso próprio interesse buscar o conhecimento, dever mes-mo diria, para o crescimento inte-lectual e aprimoramento moral pró-prio, bem como para também tra-balhar pelo progresso do planeta e seus habitantes, em tudo que nos for possível.

Entre as oportunidades dis-poníveis está o estudo oferecido pe-lo Centro Espírita e quando o diri-gente solicita a qualquer dos pre-sentes para que leia determinado trecho ou acompanhe mentalmente no livro em uso o trecho em estudo, vem a observação: Esqueci os ócu-los! Ora, se sabemos que no Centro Espírita a tônica principal é o estu-do, esquecer esse importante ape-trecho é, no mínimo, desprezo pela função principal da atividade a que comparece.

Mas não é só isso. Causa-mos prejuízo ao grupo quando agi-mos assim pois estamos fornecendo um mau exemplo pessoal, estimula-dor de comportamento idêntico nos

demais. E há outros comportamen-tos inadequados que prejudicam o bom andamento de qualquer reu-nião: chegar atrasado; fazer ruídos dispensáveis na chegada à reunião, dispersando a atenção; manter con-versas paralelas; desviar o assunto principal; ignorar a importância da assiduidade que garante a seqüên-cia do estudo; permanentes aborda-gens de questões pessoais a todo momento; introduzir assuntos ina-dequados; celulares ligados; cons-tante movimentação durante o tem-po do estudo, seja para tomar água, movimentar ventiladores ou cha-mar pessoas, entre outros.

E por outro lado, dirigentes, coordenadores e organizadores de reuniões devemos estar atentos também na condução e promoção de eventos, palestras, encontros ou outras iniciativas. Esta área de coor-denação exige muito cuidado, aten-ção e especialmente disciplina. Não pode ser algo baseado apenas na boa vontade. Há que se tomar pro-vidências que previnam ocorrências desagradáveis, cuidar com muito carinho da recepção de convidados e expositores (estes acrescidos da questão de hospedagem e reembol-so das despesas de deslocamento, além naturalmente da atenção e cuidados específicos), preparação do ambiente com os recursos que se fizerem necessários para o anda-mento do evento. O que dizer, en-tão, da divulgação e de toda infra estrutura pré, durante e pós evento?

Isto envolve planejamento,

acompanhamento, defi-nições e concretizações finais que possibilitem o êxito no andamento das providências que, óbvio, se es-tendem inclusive após o término do evento planejado.

Para tudo isso é necessária uma equipe. Liderada por alguém que consiga viver pessoalmente o objetivo espírita que move o grupo e ainda transmitir aos demais a con-cepção de que acima de tudo per-manece a Doutrina Espírita e nunca vaidades pessoais ou pretensões de projeção e importância que na ver-dade não temos, pois estamos todos numa Seara abençoada que visa li-bertar-nos da ignorância e insigni-ficância que ainda temos. Quando nos iludimos nessa área, os prejuí-zos logo aparecem e o grupo come-ça a desestruturar-se. Surge o dese-quilíbrio, o desentendimento, as providências não fluem como deve-riam e ficamos sem entender o que acontece. Mas, na verdade, apenas desviamos o objetivo. É hora de re-ver...

Por isso, ao invés de esque-cermos os óculos, estejamos mais atentos com o uso que fazemos des-te recurso extraordinário que temos em mãos: o conhecimento espírita. Afinal, se deixarmos de vigiar e orar, corremos o sério risco de colo-car tudo a perder... E retomar..., bem... Pode custar caro...

Orson Peter Carrara - Matão/SP

Você está atento ao recurso extraordinário

que tem em mãos?Você está atento ao recurso extraordinário

que tem em mãos?

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Vivência

admirável verificar em O Evangelho Segundo o Espiri-Etismo, Allan Kardec obser-

vando a facilidade de muitos jovens em compreender a Doutrina Espíri-ta enquanto que pessoas maduras, fisicamente, não conseguiam en-tender seus princípios e aceitá-los. A conclusão do Codificador é de grande importância: é a maturidade espiritual e moral que define essa facilidade e não a idade biológica.

Dirigentes de Centros Espí-ritas, especialmente, deveriam sem-pre ter em mente essa verdade. A ju-ventude é uma condição do corpo físico, mas o espírito imortal pode trazer consigo, excelente progresso intelecto-moral.

Quanto possível as obras sociais da Casa Espírita devem abrir campo para os jovens, que poderão exercitar a solidariedade e a bene-merência. No entanto, é essencial que os jovens encontrem ensejo pa-ra exercitarem suas faculdades inte-lectuais, no estudo sério e constante do Espiritismo, sendo estimulados desde o início à leitura das Obras Básicas. Acreditar que a juventude somente consiga entender a Doutri-na através de dinâmicas e eventos artísticos é ignorar o potencial do jovem espírita que muita vez se aco-moda, não por falta de capacidade, mas por ausência de estímulo e con-fiança daqueles que os dirigem. Os que apresentam os postulados espí-ritas de modo superficial à mocida-de, desconhece a profundidade do ensino ministrado nas Universida-

jovem espírita

des do mundo, onde o aluno reco-nhece que para ser um bom profis-sional precisa acompanhar a educa-ção acadêmica. O resultado do estu-do espírita é ainda mais salutar uma vez que dele decorrem cristãos ver-dadeiros contribuindo com uma Humanidade melhor.

Sociólogos, psicólogos e pedagogos, reconhecem, a cada dia, a importância de uma revolução nas idéias e costumes da sociedade que perde seus valores com o avan-ço do materialismo. Uma revolução, no entanto, só é eficaz, verdadeira, como historicamente observa Her-culano Pires, quando modifica a forma do homem encarar a si mes-mo e o Mundo a sua volta. A pro-posta do Espiritismo é exatamente essa. Os que tiveram a oportunidade de acompanhar um grupo de jovens idealistas e corajosos que renuncia-ram aos modismos realizando pro-jetos, deixando as futilidades, estu-dando a Terceira Revelação, liber-tando-se dos próprios vícios, con-victos na imortalidade, mantendo seriedade de propósitos sem perder a jovialidade, sabem das sublimes conseqüências do estudo espírita em suas vidas.

Não basta ocupar o tempo da juventude, é imprescindível dar um sentido útil para ela. Não basta oferecer um grupo para o jovem participar, é essencial que este te-nha seus estudos e práticas alicer-çados nas Obras Básicas do Espiri-tismo. Não basta a realização de ati-vidades artísticas, é necessário que

cristãos ver-dadeiros

si mes-mo

Obras Básicas

o teatro, a música, a pintura ou a dança transmitam os princípios es-píritas, a fim de não termos exce-lentes artistas no futuro, mas péssi-mos homens, sem fé verdadeira que sustente suas vidas.

Para os que duvidam do po-tencial juvenil, basta recordarmos de dois moços que se tornaram ex-poentes na história do Cristianismo pela pregação e vivência do Evan-gelho: João, apóstolo de Jesus e Ti-móteo, discípulo do Apóstolo Pau-lo. Ambos, sob a orientação de seus mestres, demonstraram seriedade e perseverança até o fim, vencendo perseguições e martírios em nome do Cristo. Sem esquecermos que Allan Kardec, no limiar de seu de-sencarne, cedeu a direção da Revis-ta Espírita, a um jovem idealista chamado Gabriel Dellane.

Assim sendo, com essas ob-servações, desejamos simplesmente despertar e alertar companheiros di-rigentes para a responsabilidade de coordenar uma Mocidade Espírita, despojando-se de preconceitos, ze-lando pelos corações juvenis que o Senhor da Vida temporariamente nos confiou.

Saulo Rossi - Campinas/SP

O jovem naO jovem na

Para saber mais, consulte:

1) Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. XVII, item 4 - Ed. FEB.

2) Yvone do Amaral Pereira - À Luz do Consolador .3) Wilson Fer-reira de Mello/Emanuel Cristiano - Cartas ao Moço Espírita - Ed. CEAK..

Casa EspíritaCasa Espírita´

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As TraduçõesAs TraduçõesAs TraduçõesAs TraduçõesHistória

objetivo compor a vasta biblioteca do aludido rei em Alexandria.

O grego é uma língua muito diferente do hebraico, possuindo modismos gramaticais e algumas transformações. O grego possui 7 vogais. É uma língua ocidental do grupo das Indo-Européias escrita da esquerda para a direita, tem uma gramática específica e muito rica em declinações, conjugações e casos gramaticais.

Como percebemos, a realiza-ção da tradução bíblica do hebrai-co para o grego foi extremamente difícil, e por que não dizer em al-guns casos, dadas as peculiarida-des de cada língua, impossível! Imaginemos o quanto se perdeu com toda a tradução da Bíblia! As línguas eram extremamente diver-sas!

Vale destacar que a versão da Septuaginta referia-se, no início, apenas à tradução do Pentateuco. Os demais livros foram traduzidos posteriormente, até meados ou, no máximo, final do século II a.C. compondo, então, os livros da Pri-meira Aliança (Velho Testamento). O Novo Testamento em grego não faz parte da versão dos Setenta.

As traduções não pararam por aí. No ano de 384, São Jerôni-mo, a pedido do Papa Dâmaso I, re-alizou uma nova tradução, dessa vez do grego para o latim, incluin-do o Velho e o Novo Testamentos numa só obra, que ficou conhecida como a Vulgata (a divulgada).Vulgata

Paulo DiMarzio - Campinas/SPLeandro Camargo - Hortolândia/SP

Embora o Velho Testamento tenha sido, quase em sua totalidade, escrito em hebraico, há algumas passagens escritas em aramaico (idioma semítico falado em Arã, usado pelos is-raelitas em suas relações internas e com outros povos).

Pertencente ou relativo aos Judeus.

Chamou-se Septuaginta ou Setenta em vir-tude das principais línguas do mundo serem em número de setenta, sendo as outras, varian-tes híbridas ou apenas dialetos. Sendo de bom alvitre afirmar, que há autores informando que o nome tem como fito a referência aos 72 sábi-os judeus que realizaram a Septuaginta.

O Pentateuco compreende os cinco primei-ros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

A Vulgata é a única versão que a Igreja Ca-tólica adota, sendo a tradução para a língua portuguesa feita pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo.

Septuaginta Setenta

Septuaginta

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versão da Bíblia que nós, brasileiros, possuímos e Aque, por vezes, interpreta-

mos apenas de forma literal sofreu inúmeras alterações e deturpações em decorrência das várias tradu-ções a que foi submetida ao longo dos tempos, afinal, trata-se de um dos mais antigos livros de que a Humanidade tem conhecimento, e, por ser mal interpretada, acarretou e ainda acarreta, lamentáveis en-ganos.

Inicialmente, a Bíblia possuía uma só língua, a hebraica, que era composta por um conjunto de re-gras e terminologias próprias para o seu entendimento. Trata-se de uma língua semítica oriental, es-crita da direita para a esquerda, sem vogais e com um vocabulário muito pobre.

Foi com o rei egípcio, Ptolo-meu Filadelfo II (285-247 a.C.), pe-la solicitação de Demétrio Falário, bibliotecário do rei, que se iniciou a primeira tradução bíblica, do he-braico para o grego, recebendo o nome de Septuaginta, tendo por

A SeptuagintaA Septuaginta

A VulgataA Vulgata

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BíblicasBíblicasBíblicasBíblicas

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sor em Paris e mais tarde Arcebis-po em Canterbury que efetuou as divisões vigentes.

A divisão e distribuição dos li-vros também apresentam leve dife-rença entre a Vulgata e as tradu-ções hodiernas. Por exemplo: do Salmo 10 ao 148, a numeração da Bíblia hebraica está uma unidade à frente da Vulgata.

Dentre inúmeras traduções para o português destacamos uma das mais conhecidas: a elaborada por João Ferreira de Almeida, pas-tor protestante nascido em Torre de Tavares, Portugal. Aprendeu o hebraico e o grego, utilizando os manuscritos dessas línguas como base para sua tradução, ao contrá-rio de outros que fizeram suas tra-duções a partir da Vulgata Latina de São Jerônimo.

A tradução de João Ferreira de Almeida é muito discutida e controvertida. Ele traduziu inicial-mente, o Novo Testamento, publi-cando-o em 1681, em Amsterdã, na Holanda. Essa tradução era por-tadora de numerosos desacertos, sendo que o próprio Almeida com-pilou uma lista de 2000 erros.

Almeida só conseguiu a tra-dução e publicação completa da Bíblia no século XVIII (1748), sen-do a mais bem aceita pelos nossos irmãos protestantes de língua por-tuguesa. Vale frisar que foram fei-tas revisões e mais revisões, corre-ções e mais correções, como a Re-visão de 1945, por uma comissão da Sociedade Bíblica do Brasil; re-visão da tradução de Almeida da Imprensa Bíblica Brasileira, em 1967; e a mais recente Revisão no

A responsabilidade, devido às divergências de opinião e conflitos da época, era grande, levando São Jerônimo a produzir o seguinte de-sabafo: “Da velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque como ár-bitro entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo o mundo, e, como diferem en-tre si, que eu distinga os que estão de acordo com o verdadeiro texto grego (...) Qual, de fato, o sábio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar (no-vo), depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha ime-diatamente a clamar que eu sou um sacrílego, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros?”

São notórias nessas declara-ções, as modificações e adaptações por que passou a Bíblia e, por isso, não se pode afirmar, categorica-mente, que tudo que existe nesse livro, é a pura verdade, ou melhor, que retrata fielmente os escritos primitivos.

Além das dificuldades das tra-duções dos textos bíblicos, a Bíblia sofreu outras modificações. Ela nem sempre foi dividida em capí-tulos e versículos como ocorre atu-almente, sendo primeiramente di-vidida em seções, que eram lidas semanalmente na Sinagoga judai-ca. Assim, a quantidade de seções era equivalente ao número de se-manas do ano judaico. Foi Estêvão Langton (no ano de 1228), profes-

ano de 1995, pela Bíblia de Estudo Pentecostal.

Mediante todo o exposto, nos vemos na impossibilidade de acei-tarmos as interpretações literais da Bíblia. Imaginemos todas as difi-culdades e erros, aliados à des-crença na reencarnação por parte dos tradutores e seus seguidores. Os resultados, com certeza, não guardam fidelidade aos textos ori-ginais.

Não queremos reduzir o valor das Escrituras e sim informar a ne-cessidade de um estudo mais acu-rado dos textos bíblicos. A Bíblia é de interesse de todos os cristãos (inclusive dos Espíritas), porque é na Bíblia que encontramos os ensi-namentos de Jesus, bem como a história de seu povo, nos permitin-do por conseqüência, entender me-lhor seus atos e sua mensagem.

Para saber mais, consulte:1) Severino Celestino da Silva - Analisan-do as Traduções Bíblicas - 3ª edição, pp. 41/56 - Ed. Idéia.

2) Léon Denis - Cristianismo e Espiritismo - 11ª edição - Ed. FEB.3) Therezinha Oliveira - Estudos Espíritas do Evangelho - 5ª edição - Ed. CEAK.4) Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - questão 625 - 6ª edição - Ed. LAKE.5) Hermínio C. Miranda - Cristianismo: A mensagem Esquecida - 2ª edição - Ed. O Clarim.

Analisando as Traduções Bíblicas Ed. Idéia 3ª edição p. 53 Severino Celestino da Silva.

Segundo a questão 625 de O Livro dos Espí-ritos, Jesus é o Espírito mais perfeito que Deus enviou ao homem, para servir-nos de guia e modelo.

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Outras ModificaçõesOutras Modificações

A Tradução de AlmeidaA Tradução de Almeida

ConclusãoConclusão

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Fevereiro 2003 FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” 33

Page 33: N e s t a Edição - nossolarcampinas.org.brnossolarcampinas.org.br/site/wp-content/uploads/... · 34 Eurípedes Barsanulfo 35 REFLEXÃO 26 O A Necessidade do Estudo - Denise Lino

Poema

perança dos povos, na caridade dos bons, na inteireza dos ínte-gros!

DEUS! Reconheço-vos eu, Senhor, no estro do vate, na elo-quência do orador, na inspiração

do artista, na santidade do mora-lista, na sabedoria do filósofo, nos fogos do gênio!

DEUS! Reconheço-vos eu,

Senhor, na flor dos vergéis, na rel-va dos vales, no matiz dos campos, na brisa dos prados, no perfume das campinas, no murmúrio das fontes, no rumorejo das franças, na música dos bosques, na placi-

dez dos lagos, na alti-vez dos montes, na amplidão dos ocea-nos, na majestade do firmamento!

DEUS! Reconhe-ço-vos eu, Senhor, nos lindos antélios, nos íris multicor, nas auroras polares, no argênteo da lua, no brilho do sol, na ful-gência das estrelas, no fulgor das conste-lações!

DEUS! Reconhe-ço-vos eu, Senhor, na formação das ne-bulosas, na origem dos mundos, na gê-nese dos sóis, no ber-ço das humanidades, na maravilha, no es-plendor, no sublime do infinito!

DEUS! Reconhe-ço-vos eu, Senhor, com Jesus quando ora: ‘Pai nosso que

estais nos Céus...’, ou com os an-jos quando cantam ‘Glória a Deus nas alturas...’

ALELUIA!!!”

DeusEurípedes Barsanulfo

Universo é obra inteli-gentíssima, obra que trans-Ocende a mais genial inteli-

gência humana. E, como todo efei-to inteligente tem uma causa inteli-gente, é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência. É a in-teligência das inteli-gências, a causa das causas, a lei das leis, o princípio dos princí-pios, a razão das ra-zões, a consciência das consciências; é DEUS! DEUS!... nome mil vezes santo, que Isaac Newton jamais pro-nunciava sem desco-brir-se! ...

É DEUS! DEUS, que vos revelais pela Natureza, vossa filha e nossa mãe. Reconhe-ço-vos eu, Senhor, na poesia da Criação, na criança que sorri, no ancião que tropeça, no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que vela, no pai que instrui, no apósto-lo que evangeliza!

DEUS! Reco-nheço-vos eu, Senhor, no amor da esposa, no afeto do filho, na estima da irmã, na justiça do justo, na misericórdia do indulgente, na fé do pio, na es-

Reprodução

FidelidadESPÍRITA uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” Fevereiro 200334