mundo_h#12
DESCRIPTION
MOÇAMBIQUE ÁGUA PARA IMPIRI; S. TOMÉ APRENDER OS AFECTOS; PORTUGAL WORKSHOP DE VOLUNTARIADO; MAIS MUNDO MANIFESTAÇÃO PARA A SOBREVIVÊNCIA; ESTÓRIAS LUA-DE-MEL NO TERRENO; MAIS DO QUE PADRINHOS REDE DE PADRINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO; QUEM HELPA UM CARRO PARA SÃO TOMÉ; IMAIS MUDANÇA DE SEDETRANSCRIPT
![Page 1: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/1.jpg)
12 SET.OUT.NOV.0 Ano3 Distribuição Gratuita
mundo h.MOÇAMBIQUE ÁGUA PARA IMPIRI; S.TOMÉ APRENDER OS AFEC-TOS; PORTUGAL WORKSHOP DE VOLUNTARIADO; MAIS MUNDO MANIFESTAÇÃO PARA A SOBREVIVÊNVIA; ESTÓRIAS LUA-DE-MEL NO TERRENO; MAIS DO QUE PADRINHOS REDE DE PADRINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO; QUEM HELPA UM CARRO PARA SÃO TOMÉ; I MAIS MUDANÇA DE SEDE
![Page 2: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/2.jpg)
ÍNDICE
EDITORIAL
3
MOÇAMBIQUE
4
para lá da matemática e de outras certezas.
sabe o que significa viver sem água?
6
pemba já lê!...
MAIS MUNDO
4
as ruas da capital.
PORTUGAL
0
mais voluntário.
S. TOMÉ E PRÍNCIPE
8
o caminho.
8
à conversa com António Perez Metelo.
i MAIS
ESTÓRIAS6
quando o longe se faz perto.
muitAventura de parabéns
MAIS DO QUE PADRINHOS
mudança de sede.
QUEM HELPA?
helpo sob rodas.
sensibilização para a higiene oral.
![Page 3: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/3.jpg)
3
ooperar, trabalhar juntamente com as comunidades lo-
cais para a obtenção de um desenvolvimento comuni-
tário intrínseco, é um processo muito longe da ciência
exacta, da susceptibilidade de uma avaliação precisa, com
resultados ou consequências classificáveis matematicamente
como positivos ou negativos.
As opiniões dividem-se, ao sabor das teorias nascidas da socio-
logia e antropologia do Desenvolvimento, bem como as estra-
tégias de actuação eleitas por cada Instituição que se dispo-
nha a trabalhar no sector.
Consecutivamente, procuramos sinais que nos devolvam um
reflexo afirmativo dos nossos passos, que nos permitam re-
novar as nossas convicções diariamente, que nos orientem na
persecução dos objectivos que, acreditamos, conduzem à ob-
tenção de uma vida mais digna, mais povoada de oportunida-
des, da parte da população local.
Esses sinais não residem apenas nos resultados; quem traba-
lha no universo da Cooperação e Desenvolvimento sabe que
o tempo dos resultados finais é incerto. Esses sinais moram
na estrada que se constrói ao longo do caminho, na transfor-
mação da abordagem ao próprio caminho, da parte de cada
um dos caminhantes. Esses sinais são palavras; são traduzidos
no número de pessoas que afluem a cada reunião; em cada
intervenção, na soma dos braços que se acumulam prontos a
enfrentar o trabalho; nos pequenos sucessos de todos os dias.
Esses são os nossos sinais, o que nos revela que consecutiva-
mente atingimos pequenos resultados que vão compondo o
quadro final.
Num meio onde não há verdades absolutas, onde a filosofia
de intervenção levada a cabo durante décadas é classificada
posteriormente como infrutífera, onde as estratégias políti-
cas procuram sobrepor-se aos interesses da população, onde
se questiona até a legitimidade e a utilidade de (querer) criar
oportunidades, a receita que escolhemos para compor a base
de todas as refeições é a cautela, é a humildade, é a lembran-
ça de que uma intenção não é suficiente, nem da parte de
quem está para ajudar a “compor o quadro”, nem da parte de
Cascais, Joana Lopes Clemente
EDITORIAL
quem está para beneficiar dele. Outros sinais, os que nos mos-
tram equações e resultados do que não deu frutos, desven-
dam-se diante dos olhos de quem os quiser ver, a cada passo
e dificultam a primeiríssima fase de intervenção de quem está
hoje, para procurar fazer diferente – a do estabelecimento da
relação de confiança com as comunidades, para um imedia-
to envolvimento das mesmas num processo que é delas: o da
criação de desenvolvimento no seu seio.
Agimos. Actuamos segundo uma estratégia pensada, reflectida
e reajustada consoante os sinais que nos proporcionam dife-
rentes leituras. Atingimos uma percepção profunda e muito
própria das realidades locais onde trabalhamos. Adaptamos
as nossas expectativas de forma constante, bebendo do feed-
back dos nossos padrinhos e madrinhas e levando até cada um
deles um desenho fiel do que é a realidade local. Instauramos
esta troca de ideias, este intercâmbio entre sonhos e possibili-
dades, que nos permite a nós crescer e melhorar progressiva-
mente, e aos nossos padrinhos, mergulhar cada vez mais fun-
do naquilo que é o ambiente em que desenvolvemos esforços
e conhecer cada vez melhor as consequências do que contri-
buem, sem cessar, para que façamos acontecer. Quem ganha
desta dinâmica exigente são os beneficiários e é por essa
razão que hoje podemos orgulhar-nos do facto de intervir-
mos segundo uma lógica própria que resulta de uma dinâmica
tripartida – as expectativas dos nossos padrinhos, o espírito da
nossa Associação; as possibilidades/limitações que o ambiente
local nos oferece; a evolução da discussão académica sobre o
que é tido como “ideal” e não, ao nível da intervenção na Coo-
peração para o Desenvolvimento.
Cada uma das actividades desenvolvidas pela Helpo no terre-
no, cabe nos trâmites ditados por esta dinâmica. Cada acção
tem na sua base uma razão e não apenas uma intenção. E
dessa razão ou das várias razões que estão na base de cada
acção, fazem parte as ideias e ideais dos nossos padrinhos. Faz
parte, ao fim e ao cabo, a identidade da Helpo. Neste número
procuramos oferecer, uma vez mais, um vislumbre dos nossos
sonhos, das nossas possibilidades e das nossas razões.
C
3
PARA LÁ DA MATEMÁTICA E DE OUTRAS CERTEZAS
![Page 4: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/4.jpg)
4
sabe o que significa viver sem água?Porto, Ana Luísa Machado
MOÇAMBIQUE
E se lhe dissessem que morrem
crianças com cólera anualmente,
porque não têm acesso à água?
E se lhe dissessem que essas crianças
bebem um líquido recolhido de um
charco frequentado por galinhas, patos
e cabras?
Pois é. Em Impiri é assim. Não há água.
As doenças encontram aqui um meio
ideal para a sua permanência e desen-
volvimento. Acresce que a população
não tem capacidade económica para se
deslocar e adquirir medicamentos para
o seu combate, o que as torna muitas
vezes em flagelos que atravessam cen-
tenas de pessoas.
A questão prendia-se com o suprimen-
to imediato desta realidade. Era neces-
sário fazer um furo para a captação de
água o mais rapidamente possível, ain-
da que a Helpo não tivesse dinheiro su-
ficiente destinado àquela comunidade
para o fazer. A opção era fazer aguar-
dar outros projectos noutras comunida-
des e dar prioridade a este.
Iniciámos todas as diligências passíveis
de cumprir o objectivo traçado.
Como este seria o primeiro furo de
água da Helpo em Cabo Delgado, co-
meçámos por fazer um estudo das
empresas existentes na Província com
esse objecto social. Depois iniciámos
os contactos e marcámos as reuniões.
No entanto, começaram a surgir os en-
traves: o solo não permitia a perfura-
ção, dada a especificidade da matéria
rochosa existente no local. Além disso,
os lençóis freáticos encontravam-se a
uma profundidade tal que o preço da
perfuração começava a torná-la inviá-
vel, uma vez que não havia garantias
que houvesse água suficiente para o
abastecimento da aldeia durante todo
o ano. Aliás, o risco era enorme, uma
vez que o tipo de solo não permite a
aglomeração de água.
Começámos, então, a tentar encon-
trar outras alternativas. Contactámos
a FIPAG, empresa pública responsável
pelo abastecimento de todo o terri-
tório moçambicano, na tentativa de
colocar uma estação de águas em Im-
piri ou lá perto, ou fazer a ligação da
aldeia à rede pública de abastecimento
de água. Mais uma vez estas soluções
eram totalmente inviáveis por motivos
que, por uma questão de brevidade,
me vou escusar de relatar.
A única solução seria a realização de
uma barragem entre duas montanhas
vizinhas e que dão acolhimento à al-
deia. Esta seria a solução ideal, permi-
tindo abastecer três aldeias, num total
de cerca de 50,000 pessoas. Foram-nos
apresentados estudos pormenorizados
realizados por uma equipa de técni-
cos espanhóis que continham todas as
informações necessárias, incluindo o
orçamento: 1 milhão de Dólares Norte
Americanos. Totalmente inviável para
nós. Infelizmente, a Helpo não tem
essa capacidade…
De novo à estaca zero, mas com con-
fiança.
Pensámos no reservatório. Estudámos
esta possibilidade e achámos que po-
dia dar certo. O problema prendia-se
com a permanência no abastecimento
de água, uma vez que seria necessário
repor esse precioso líquido todas as
semanas.
Em África tudo é difícil e em Pemba,
encontrar um camião cisterna ou um
tanque móvel é missão quase impos-
sível, mas nós lá encontrámos uma
solução. Os bombeiros do porto de
Pemba emprestaram-nos o seu camião
para fazer o primeiro abastecimento,
sendo que nos seguintes teríamos de
encontrar novas soluções, mas já era
um começo!
É-me extremamente difícil colocar em
palavras o sentimento transmitido pe-
las crianças e professores da Escola
Primária quando viram o reservatório.
Muito mais difícil é descrever o senti-
mento quando viram a água.
A água era uma realidade! Era límpida,
transparente e estava ali. Ao alcance
de um esticar de braço. Este acto foi
considerado por muitos um milagre e
nós, cooperantes, colaboradores e pa-
drinhos éramos os executores da obra
divina.
São indescritíveis os sorrisos, os gritos
![Page 5: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/5.jpg)
de alegria e as expressões de todos os
presentes naquele dia. É comovente re-
viver esses momentos.
Para nós, o investimento foi totalmente
insignificante, tal foi a recompensa que
recebemos.
Em boa verdade, o custo da água é
insignificante. O que custa é o seu
transporte. Senão, vejamos: 5000 litros
de água (capacidade do reservató-
rio) custam 100,00 Meticais (cerca de
2,30€). No entanto, transportar essa
mesma água desde a cidade até Impiri
custa 4000,00 Meticais, ou seja, cerca
de 90,00€.
A inauguração do reservatório decor-
reu durante a visita de uma estimada
Madrinha da Helpo, a Luísa Borges, ao
terreno. Perante o supra descrito, ela
decidiu aplicar um donativo de uma
outra Madrinha Açoriana neste projec-
to. Após a comunicação aos nossos pa-
drinhos deste feito, alguns padrinhos
decidiram apoiar o reabastecimento do
reservatório, permitindo que o abaste-
cimento fique assegurado pelo menos
até ao final do ano de 2010.
Os abastecimentos estão a ser efectua-
dos quinzenalmente por uma empresa
privada, mas passarão a ser efectuados
pelos bombeiros voluntários de Pemba,
uma vez que estes foram agraciados
com um camião cisterna totalmente
novo.
Esta será uma forma de ajudar quem
precisa duas vezes com um acto só.
![Page 6: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/6.jpg)
6
Porto, Ana Luísa Machado
MOÇAMBIQUE
pemba já lê!...
OCentro das Irmãs Pastorelas em
Pemba é um verdadeiro exem-
plo do que é o espírito missioná-
rio em África. É dirigido apenas por cinco
Irmãs italianas, mas abrange um enorme
número de famílias vulneráveis dos bair-
ros circundantes da cidade, que é a capital
da Província de Cabo Delgado. Falo de
cerca de 600 famílias monoparentais e de-
vastadas pelo flagelo da SIDA.
Dada a debilidade física que a doença pro-
voca, agravada pela falta de alimentação
que sustente a agressividade dos anti-re-
trovirais, estas famílias não têm qualquer
forma de subsistência ou de sobrevivên-
cia, senão através da caridade prestada
por estas Irmãs.
Como sabem, foi numa situação extrema-
mente difícil a nível económico-financeiro,
que encontrámos este centro. Não havia
dinheiro para continuar a dar apoio ali-
mentar, habitacional, médico e medica-
mentoso a estas famílias e também já não
havia crédito nas lojas.
Cerca de 400 crianças corriam o risco,
também, de não poderem continuar a
estudar, uma vez que já não havia capa-
cidade financeira para adquirir material
escolar, uniformes, e, no caso de cerca de
300 crianças, pagar as mensalidades nas
escolinhas. O centro presa a permanência
e continuidade das crianças na escola, co-
meçando logo com o ensino pré-escolar.
Para tal, as crianças têm todo o apoio que
necessitam, incluindo alimentar.
Durante o período da tarde, funciona no
![Page 7: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/7.jpg)
centro uma espécie de ATL. Aqui, para
além de várias actividades lúdicas e des-
portivas, cada criança tem a oportunida-
de de se iniciar numa profissão, desde a
costura até à cestaria. As crianças recebem
ainda explicações e apoio escolar comple-
mentar, com educadores preparados para
o efeito que tentam suprimir as lacunas
do ensino público.
Apesar de todas estas actividades, havia
uma necessidade que faltava suprir. Esta
necessidade não tinha que ver só com o
centro, mas com toda a Província de Cabo
Delgado.
Faltava uma biblioteca.
Faltavam livros.
Faltava cultura e acesso a ela.
Havia instalações, havia condições de con-
tinuidade, mas não havia livros.
As crianças, os adultos que encontráva-
mos na rua e que tinham conhecimento
do nosso trabalho, quantas vezes nos pe-
diam livros…
Seguindo a nossa premissa de levar a cul-
tura e o conhecimento aos mais carencia-
dos, encontrámos nestas Irmãs o parceiro
ideal para este projecto. Antes de mais
porque elas possuíam as instalações per-
feitas para o efeito. Tratava-se de um edi-
fício construído muito recentemente por
voluntários italianos, localizado numa das
vias de maior movimento da cidade. Fize-
mos uma biblioteca para a Província de
Cabo Delgado com cerca de 1300 livros,
entre os quais enciclopédias, romances, li-
teratura portuguesa e estrangeira, despor-
to, história, livros escolares, infanto-juve-
nis… Também é composta por cd’s, dvd’s e
vídeo cassetes de interesse cultural.
Doámos, ainda um computador para o
registo diário do funcionamento da biblio-
teca, de modo a permitir um maior con-
trolo dos livros e conhecimento dos seus
frequentadores e para o acesso, por estes,
à internet.
Foi, ainda, facultado um curso de organi-
zação e funcionamento de uma biblioteca
escolar de modo a que os funcionários e
colaboradores possam estar preparados
para responder às solicitações dos estu-
dantes e frequentadores da “nossa” biblio-
teca.
Equipámos, ainda, o espaço com longos
armários com prateleiras e portas de vi-
dro. Esta disposição permite uma melhor
visibilidade a partir do exterior de cada
um dos livros, protegendo-os da poei-
ra que está sempre presente em solos
africanos. Esta é, também, uma forma de
controlar melhor a sua utilização. Colo-
cámos, também, mesas e cadeiras. Todos
os móveis foram construídos em madeira
maciça, resistente e duradoura por carpin-
teiros locais.
Todas as comunidades que residem na-
quela Província louvaram este acto da Hel-
po, agradecendo com palavras extrema-
mente carinhosas e de reconhecimento.
Importa referir que a comunidade estu-
dantil só tinha uma biblioteca na Província
de acesso público. Tratava-se da biblioteca
Provincial. No entanto, esta tem carên-
cias profundas que, agora, foram supridas
através do contributo dos livros que a
Helpo colocou à disposição das crianças,
jovens e adultos.
É de salientar ainda, que existe uma co-
munidade crescente de estrangeiros em
Cabo Delgado que vê, agora, não só uma
oportunidade de aprender mais correcta-
mente o português, mas também, de ter
acesso a uma boa leitura para acompa-
nhamento nos tempos livres.
A Helpo continua a “Helpar” com a ajuda
de todos aqueles que comparticiparam
com um pequeno livro que se transfor-
mou num grande mundo, para quem o
tem nas mãos neste momento, numa terra
longínqua chamada Pemba.
“a Helpo continua
a “helpar” com
a ajuda de todos
aqueles que com-
participaram com
um pequeno livro”
![Page 8: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/8.jpg)
8
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
8
São Tomé, Flora Torres
o caminho.
![Page 9: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/9.jpg)
As realidades santomenses podem dividir-se entre uma
descrença no futuro e um optimismo fundamentado.
Por um lado um povo desanimado, desalinhado entre
si, que sonha emigrar, pois reside aí o seu fundo de esperança.
Maioritariamente descrente em projectos e esperanças não con-
cretizadas. Vive-se o dia-a-dia, o imediato, sem grande espaço
para o sonho.
Mas a história de uma tão jovem Nação está a ser escrita. No seu
futuro reside a esperança e o optimismo. São Tomé tem um po-
tencial único: país que não sofreu a devastação da guerra, com
riquezas naturais abundantes, solo fértil e um mar imenso. Um
povo amistoso e simples, alegria em muitos sorrisos.
O dia começa cedo. Seis da manhã e a cidade vibra o seu ritmo,
no mercado. A ponte (que é a chamada lota) enche-se de peixe
e de gente, as cores começam a inundar o dia. Os táxis cheios
tanto quanto a imaginação permite, as motas carregam tudo
o que o equilíbrio humano suporta - é desta forma que todo o
santomense se desloca. Na falta de transportes públicos regula-
res, o táxi cumpre todos os dias, com os horários improvisados,
a função de permitir mobilidade à maioria da população dentro
e fora da cidade, desde que tenha estrada de alcatrão. Quem
vive em roças no interior, fora da estrada, ou em comunidades
mais distantes da cidade, como Santa Catarina ou Porto Alegre,
tem uma enorme dificuldade em deslocar-se ou em ser visitado,
vivendo num isolamento quase permanente. Também aqui os
bens alimentares que proporcionam uma alimentação equili-
brada tardam a chegar, ou, quando chegam, os seus preços são
proibitivos. Por outro lado, os cuidados primários de saúde são
escassos ou praticamente inexistentes, sendo que o único hos-
pital do país encontra-se na cidade capital, numa curta distância
física que se torna gigante. As crianças que estudam nas escolas
primárias deslocam-se diariamente a pé por vários quilómetros,
sozinhas ou em grupo, para estudar. As comunidades são reser-
vadas, tímidas, por vezes agressivas e conflituosas, sem grande
espaço para o cultivo do afecto. Vivem em economias de subsis-
tência, trabalham em ritmo sazonal. São nestas comunidades que
intervimos prioritariamente.
Nelas é frequente olharem para a Helpo, ainda a dar os primei-
ros passos firmes no terreno, com alguma reserva. Durante anos,
muitos outros surgiram com sonhos e projectos que, salvo raras
excepções, não deram frutos nem capacitaram, ou tão pouco im-
plementaram um trabalho de fundo a nível comunitário. Apesar
das boas intenções, apenas sobrou espaço para mais frustração e
desconfiança nas comunidades. Um desafio silencioso para quem
surge de pedra e cal neste contexto.
Cabe-nos fazer a diferença.
Como podemos nós marcar a diferença sobre os outros? Estando
presente. Dia após dia nas comunidades, criando condições para
conquistar a confiança e credibilidade em pequenos passos con-
sistentes e consequentes, para que nos sintam como um parceiro
de trabalho na resolução dos constrangimentos que surgem,
nas dificuldades que se ultrapassam. Ajudando na construção ou
renovação de infra-estruturas, entregando materiais e conheci-
mento, escutando e propondo soluções conjuntas. Acompanhar
os meninos e meninas das nossas creches e escolas para que
tenha lugar o sonho. Capacitando-os de meios e ferramentas
que permitam o processo decisório, com consciência de todas
as variáveis. E sobretudo acarinhando as crianças, estabelecendo
com elas o elo comunitário, formando as professoras das creches
e escolas, mentalizando-as para a importância do estímulo ade-
quado e do trabalho dos afectos; trabalhando com os pais a res-
ponsabilização do futuro dos filhos, que é futuro deles também,
garantindo-lhes o direito à aprendizagem, o direito aos cuidados
de higiene e saúde, o direito ao amor.
O amor também se ensina. É por isso que o amor tem capacida-
de de transformação. Criam-se as condições para que ele possa
fluir naturalmente. É um caminho.
E o caminho faz-se caminhando.
![Page 10: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/10.jpg)
0
PORTUGAL
mais voluntário.Cascais, Caroline Staedtler
oluntários - são protagonistas
do seu palco, não procuram
notoriedade no trabalho que
fazem. São desprovidos de superficiali-
dades e não estão constantemente em
busca da riqueza material. O que os
move e apaixona é a vontade de ajudar,
a riqueza emocional e a certeza de po-
derem dar um contributo para a cons-
trução de um futuro melhor. São pesso-
as que dão um sorriso do coração sem
estarem à espera de o receber de volta.
São estas algumas das pessoas que a
Helpo integra nas suas equipas no ter-
reno, são estas as pessoas que a Helpo
tem vindo a encontrar através do seu
Programa de Voluntariado Internacio-
nal, que desenvolve desde 2007.
O Programa de Voluntariado da Helpo
é um programa dividido em dois blocos
de formação/experiência: formação
alargada anterior à partida para o ter-
reno na sua sede, em Cascais, onde os
voluntários travam conhecimento com
todos os projectos em curso, modali-
dades e dinâmicas de trabalho, tarefas
quotidianas e sobretudo visão e iden-
tidade da Organização, reflectidas nas
suas abordagens e opções de interven-
ção. Numa fase posterior, a partida para
o terreno e o decorrer da experiência
intensiva, mínima de 6 meses e máxima
de 12 meses, assessorando as equipas
da Helpo alocadas aos seus escritórios
em Moçambique ou S. Tomé e Príncipe.
Em Portugal os voluntários tomam con-
tacto com o funcionamento de cada um
dos departamentos, apresentam relató-
rios periódicos de pesquisa sobre o país
que os irá acolher e desenvolvem um
mini-projecto relacionado com a área de
voluntariado e proposto pelo seu forma-
dor. No terreno, os voluntários residem
nas instalações da Helpo e estão sob
a orientação do Director local. As suas
funções são muito variadas e dependem
dos projectos e actividades em curso nas
áreas de destino. Os voluntários conce-
V dem as suas potencialidades à própria
Organização e adquirem um conheci-
mento que vai além do superficial sobre
cada uma das áreas em que a Helpo tra-
balha, podendo contribuir, durante este
período, para o próprio crescimento da
Organização.
Apesar do sucesso obtido pela Helpo na
angariação de voluntários até ao mo-
mento, chegou a altura de apostar mais
no Programa de Voluntariado Interna-
cional – enriquecendo assim a oferta
aos próprios candidatos, mas também o
conhecimento da equipa da Helpo acer-
ca das pessoas que se disponibilizam
para participar neste programa.
Criou-se então um Workshop de forma-
ção para o Voluntariado Internacional,
cuja frequência é obrigatória para quem
se candidata ao Programa de Volun-
tariado Internacional da Helpo, mas é
igualmente aberta a todos aqueles que
querem aprofundar os seus conheci-
mentos sobre si e acerca da temática do
“A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas
aquilo em que ele nos transforma.” John Ruskin
![Page 11: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/11.jpg)
As madrinhas Joana de Almeida e Sofia Falé, seguidas dos candidatos Joana Ferrari e Nuno Martins.
![Page 12: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/12.jpg)
PORTUGAL
Voluntariado Internacional.
Gostariamos de comunicar que o 1º
Workshop teve lugar na Livraria Mu-
nicipal de Cascais, entre os dias 27 de
Setembro e 2 de Outubro, sendo o ba-
lanço francamente positivo. A formação
teve uma componente teórica e outra
prática, onde foram abordados temas
ligados ao funcionamento das ONGD e
o seu trabalho no terreno, para além de
se ter apostado fortemente numa ver-
tente de trabalho pessoal e em grupo,
através de dinâmicas que abordaram o
auto-conhecimento, liderança, conflito
e poder.
Sentimos que os objectivos aos quais
este Workshop se propôs foram atin-
gidos, sobretudo pelo feedback dos
participantes, que viram esta semana
de trabalho como essencial para uma
melhor preparação para o terreno,
facultando-lhes uma panóplia de fer-
ramentas que lhes permite fazer uma
auto-avaliação mais profunda sobre o
estar, ou não, preparado para ingressar
num projecto de Voluntariado Interna-
cional. A decisão de ir para o terreno é
uma decisão que acarreta consigo uma
série de questões, que muitas vezes não
são consciencializadas pelos candidatos,
até ao momento em que são confron-
tados com a realidade. Os candidatos
sentiram-se mais próximos da Helpo, ao
conhecerem a fundo os projectos que
são desenvolvidos e puderam com isto
tomar, de forma consciente, uma deci-
são acerca do embarque nesta aventura
à qual se propuseram. Criaram-se laços,
discussões, trocas de ideias e vontades
de fazer a diferença – trabalhou-se de
forma humana e pura para um objectivo
comum.
É verdade que a decisão de participar
num programa de Voluntariado Inter-
nacional não é uma decisão fácil, pois,
por mais curto que seja o período de
ausência, são deixados para trás víncu-
los, portos seguros, zonas de conforto
e estabilidade, mas em contrapartida
a mala regressa repleta de satisfação
pessoal, amor, gratidão e o sentimento
de ter participado em algo que não é
mensurável em números. Procuramos,
por tudo isto, candidatos que tragam na
sua bagagem pessoal alguma experi-
ência de trabalho, estabilidade e força
emocional, para que a experiência do
Voluntariado Internacional possa ser en-
riquecedora para ambas as partes.
Queremos agradecer a todos os parti-
cipantes deste Workshop, a coragem e
abertura com as quais se dedicaram a
esta semana de trabalho – são pessoas
assim que fazem a diferença!
Tendo em conta o sucesso do
Workshop, a Helpo realizará novas edi-
ções, convidando-o a participar neste
desafio. Envie-nos o seu Curriculum
Vitae juntamente com uma carta de
motivação, onde expõe os motivos
que o levam a concorrer ao Programa
em questão e as expectativas que tem
em relação ao mesmo.
Solicitamos que enviem os dados para
Esperamos por si. A Helpo estende a
mão, o voluntário aceita o desafio, os
beneficiários agradecem.
“criaram-se laços,
discussões,
trocas de ideias e
vontades de fazer a
diferença”
![Page 13: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/13.jpg)
3
Raquel Pinheiro, voluntária da Helpo em São Tomé e Príncipe no ano de 2009
![Page 14: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/14.jpg)
4
MAIS MUNDO
as ruas da capital.
forte contestação social que se viveu em Moçambi-
que, sobretudo nos arredores de Maputo no passado
mês de Setembro, é resultado do aumento do custo
de vida no país e da incapacidade por parte da esmagadora
maioria da população de fazer face às despesas mais básicas
do seu dia-a-dia.
Há pouco mais de um ano atrás, e apesar da menor visibilidade
que o mundo da Comunicação Social lhe deu, viveu-se a mes-
ma situação em resultado da mesma medida: face ao aumento
do custo do combustível, o governo decidiu aumentar o preço
dos circuitos dos “chapas”1 o que deu azo a uma revolta que
paralisou a capital moçambicana durante alguns dias, salpicou
as ruas de carros incendiados, de montras partidas e de um
medo generalizado, que levou inclusivamente vários estrangei-
ros residentes no país a procurarem colocar “a salvo” as suas
famílias no exterior do mesmo. O governo voltou atrás com a
decisão do aumento do custo dos “chapas” e a situação norma-
Nampula, Joana Lopes Clemente
lizou. Até ao passado mês de Setembro.
A história repete-se e a reacção perpetua-se na mesma medi-
da em que se perpetuam as condições de vida da população.
O salário mínimo para a área da agricultura, (existe um valor
mínimo definido por sectores laborais) é de 1593 meticais
para quem desenvolve a sua actividade agrícola associada ao
açúcar, o que à taxa de câmbio actual equivale a dizer que é
de 31,86€. No entanto, também o factor da taxa de câmbio
pode espelhar a instabilidade do valor dos bens dentro do
país. Hoje em dia, 1€ equivale a 50 meticais. No entanto, desde
que a Helpo iniciou a sua intervenção directa em Moçambique
(Fevereiro de 2008), alturas houve em que 1€ equivalia a 31
meticais, sendo que a variação do valor da moeda não segue
uma tendência crescente ou decrescente constante, antes so-
fre variações de vária ordem que hoje podem ser crescentes e
amanhã decrescentes.
Da mesma forma, podemos proceder à análise da flutuabili-
A
1Nome dado aos transportes colectivos de pessoas que consistem vulgarmente nas carrinhas de 9 lugares toyota Hiace.
![Page 15: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/15.jpg)
dade dos custos de vários bens no país: no primeiro semestre
deste ano, cada saco de cimento tinha o custo de 230 meticais.
Actualmente, o mesmo saco pode custar 375 meticais, preço
que pode variar brutalmente de acordo com a produção des-
te bem e com a quantidade do mesmo existente no país. Nas
províncias do Norte do país, onde a Helpo desenvolve a sua
actividade, chegam mesmo a desaparecer por vários dias ou
semanas bens como cimento, leite e combustível.
Não é raro interrompermos intervenções que envolvem cons-
trução/reabilitação de edifícios durante semanas, por nos
vermos obrigados a aguardar que o custo de determinado ma-
terial normalize.
Também no passado mês de Setembro e também em resultado
do governo ter voltado atrás com a decisão anunciada, a situa-
ção acabou por normalizar. (Não sem antes se contabilizarem
18 trágicas mortes entre a população civil que se manifestava.)
No entanto, importa salientar que desta vez o governo não
voltou atrás em definitivo, mas antes adiou uma tomada de
decisão para o final do ano. A acontecer um novo anúncio de
aumento de preços, assistiremos a uma nova reacção da po-
pulação? Estaremos perante manifestações de desagrado por
parte da mesma relativamente à subida de preços, ou formas
de reclamar o direito à sobrevivência? Alguém acreditará, pe-
rante os valores vigentes nas tabelas de salários mínimos, e
uma população que ainda tem bem patente na memória as
consequências de uma guerra civil, que as manifestações trazi-
das para as ruas da capital espelham reivindicações ligeiras?
É talvez para nós, europeus, um conceito invulgar mas importa
atentar no facto desta não ser uma revolta contra a perda de
regalias adquiridas ou pela reivindicação de direitos básicos.
Esta é uma população que ainda não trata por “tu” o Estado
Social (a muitos dos funcionários públicos não assiste sequer o
direito de descontarem para a segurança social), e que se ma-
nifesta sim pela exigência de sobreviver!
![Page 16: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/16.jpg)
6
ESTÓRIAS
quando o longe se faz perto.Alfena, Carlos Hermenegildo e Susana Carneiro
asar significa iniciar um projecto partilhado, onde ca-
bem todos os sonhos e expectativas de dois indivídu-
os que nessa união constroem algo muito maior que
a soma do que eram antes. Se não fosse assim, não valeria a
pena. Quisemos iniciar assim a nossa aventura a dois com uma
viagem a Moçambique, cumprindo o sonho antigo de conhe-
cer pessoalmente o Nelson, nosso afilhado, que vivia em Mu-
nimaca.
No dia 11 de Maio, aterrámos em Nampula, onde fomos rece-
bidos com abertura e simpatia pela Filipa Costa e pelo Tiago
Coucelo, da Helpo. Foi tempo de entrar na realidade, fazer mil
perguntas e preparar o dia seguinte. Nessa noite escolhemos
um postal do Kruger Park e fomos legendando os nomes dos
diferentes animais para o Nelson, à medida que antecipávamos
o momento do encontro.
No dia seguinte, bem cedo, partimos para uma jornada longa
até à comunidade de Munimaca. Muitas coisas nos impressio-
naram: o isolamento atroz das populações, a falta de acesso a
bens de primeira necessidade, a persistência e a coragem, os
sorrisos abertos, a generosidade infinda, a facilidade em ex-
pressar gratidão, o calor que sentíamos nas faces das crianças
e fazia adivinhar infecções sem remédio, a forma como cada
comunidade é capaz de apresentar um pequeno pedido de
cada vez, com a consciência de que precisaria de outros cem
para ter direito ao mínimo que é humanamente exigível. Nas
quatro comunidades que visitámos, foi muito importante per-
cebermos que também para eles é importante a materialização
da figura do padrinho em pessoas reais que podem chegar até
eles, tocarem e serem tocadas.
Para nós, foi uma possibilidade de termos um pequeno esbo-
ço de uma realidade que por mil descrições que nos fizessem
nunca teríamos podido imaginar. É impossível tocar essas
crianças e vir embora, sem sentirmos que nos tornámos um
pouco responsáveis por elas. Já não conseguimos fingir que
não existe, essa realidade em que as crianças morrem de
fome, de doença e de frio no mesmo mundo em que todos os
dias ignoramos o valor de ter saúde, alimento e abrigo.
Encontrámos o Nelson e pudemos abraça-lo, vê-lo esboçar
um sorriso muito ténue e conhecer o seu mundo. Queríamos
ficar ali o dia todo mas não era possível… o trabalho da Helpo
abrange muitas comunidades e o tempo é um bem escasso, no
meio de tantas necessidades e tantos quilómetros. Voltámos a
Portugal com os olhos do nosso afilhado gravados na memó-
ria e a certeza de que se tinha criado um laço difícil de que-
brar. Um dia antes do aniversário do Nelson, recebemos uma
carta que explicava que se tinha mudado para outra comuni-
dade, fora da área de acção da Helpo. Perdemos o contacto
para sempre com esse rapazinho de nove anos que tínhamos
acabado de encontrar. A vida não é nada fácil, sobretudo por
ali. O Nelson não nos sai da cabeça e continuamos a rezar por
ele do outro lado do oceano. A nossa ajuda prática já não lhe
pode chegar, terá de ser destinada a outro menino ou menina
moçambicano que dela necessite. E há muitos a precisar. Trou-
xemos na bagagem muitas memórias e para nós Moçambique
nunca mais será um conjunto de indicadores de pobreza, por-
que se transformou num conjunto de rostos de gente corajo-
sa e de vida muito difícil que merece que não se faça de conta
que esta realidade não existe.
C
![Page 17: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/17.jpg)
Esta foi também uma oportunidade para os alunos do 8º ano B do Externato das Escravas do Sagrado Coração de Je-sus se envolverem neste projecto, produzindo 100 cadernos e 100 T-shirts para serem levados até Moçambique. Aqui fica o seu relato:
A nossa Directora de Turma propôs-nos desenhar t-shirts e cadernos para levar para África, para crianças amigas do seu “afilhado” Nelson que vive em Moçambique, país onde iria passar a sua lua-de-mel. Nas aulas de Formação Cívi-ca e Estudo Acompanhado, lá estava a turma do 8ªB a fazer desenhos para as t-shirts e cadernos. Na minha opinião, foi uma experiência inesquecível visto que tivemos a oportunidade de ajudar crianças em África com a nossa idade. E não só por isso! Foi muito bom pois conseguimos reforçar a ideia que pequenos gestos simples como este podem fazer a diferença. As crianças, após receberem os presentes, ficaram muito contentes e animadas, e nunca fizeram “birra” por causa de algum presente. Isto impressionou-nos a todos. Outra razão pela qual acho esta uma experiên-cia muito interessante é o facto de termos ficado a saber mais sobre estas crianças em África. Isto também nos in-centivou a participar em mais iniciativas de voluntariado. Espero que este exemplo sirva de incentivo a todos os que lerem este texto!
Margarida Fernandes
![Page 18: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/18.jpg)
8
MAIS DO QUE PADRINHOS
à conversa com António Perez Metelo...António Perez Metelo nasceu em Madrid. Estudou na Escola Alemã em Lisboa, desde o jardim infantil até ao fim do liceu, o que lhe permitiu desenvolver uma visão e cultura geral diversificadas. Licenciou-se em Economia no ISCEF (actual ISEG) e em 1977 concorreu a um lugar de jornalista para a RTP, quando a informa-ção do 2º canal se quis autonomizar do 1º. Ingressou em Outubro de 1978 no canal 2 como jornalista para a área económica.Manteve-se na RTP até 1990, e em paralelo fazia rádio, trabalhou no Expresso durante um ano e, durante dois anos e meio, foi porta-voz da CML.Com o arranque da SIC, integra mais um projecto, o seu segundo projecto em televisão, onde permaneceu até 1999.De 1999 até meados do ano de 2002, apoiou a transição de Timor Leste para a independência a partir de Díli, onde permane-ceu durante 2 anos como Conselheiro para a Cooperação da Missão de Portugal, constituída para o processo.É hoje redactor principal do Diário de Notícias e colaborador na TSF, na rubrica das manhãs “Economia dia-a-dia”. É, ainda, comentador do Jornal Nacional da TVI.António Perez Metelo é padrinho de uma criança de Moçambique através da Associação Helpo, com a qual tem colaborado das mais diversas formas. Estivemos à conversa com o jornalista, que nos falou da sua visão em relação ao apoio ao Desenvolvimento e sobre a sua visi-ta a Moçambique, em Dezembro de 2009, durante a qual teve oportunidade de conhecer a sua afilhada e o trabalho da Helpo na primeira pessoa.
Como teve conhecimento da Helpo e porquê a escolha de
apoiar a Helpo?
António Perez Metelo. Vi na CNN um anúncio: “I have a plan”,
um projecto para ser padrinho à distância em África, através da
doação de um dólar por dia. Achei uma ideia muito interessan-
te. Como sou economista, sei que em África um dólar (0,70€)
tem um valor completamente diferente. Para nós 0,70€ é o
preço de uma “bica”, mas para eles não. Em África, é um valor
muito mais importante. Decidi pesquisar na internet para ver
se havia alguma coisa semelhante em Portugal e descobri a
Helpo.
Acho que o conceito no qual se baseia, é uma grande ideia,
pelo seguinte: eu quando era jovem fui um activista anti-colo-
nialista. O colonialismo compreende-se por razões históricas,
mas teve aspectos muito negativos para os povos africanos.
Julgo que são coisas do passado, que vale a pena recordar, es-
tudar, mas hoje as coisas são muito diferentes.
O meu ponto é este: hoje, há um conjunto de países indepen-
dentes que, vencido o ciclo histórico do opressor e dos oprimi-
dos, podem trabalhar doutra maneira e portanto há condições
neste momento para darmos o nosso apoio a uma política de
Desenvolvimento.
Contudo, não é atirando o dinheiro para cima das pessoas
que se produz o Desenvolvimento. O Desenvolvimento é um
processo que tem lugar por dentro das pessoas, avançando
com soluções que produzem mais bem-estar às comunidades,
mais educação para os seus filhos, mais saúde para todos, mais
apoio na velhice, menor mortalidade infantil, mais esperança
média de vida. Enfim, tudo isto nós, no nosso país, já temos em
larga medida, embora ninguém esteja inteiramente satisfeito
com o que tem, mas basta vermos o que aconteceu nas últi-
mas 3 ou 4 décadas para percebermos que não há comparação
possível entre o que eramos e o que somos hoje. Há condições
para nós, não só de Estado a Estado, mas também, de cidadão
a cidadão, vivermos em parceria, articulados, sem complexos
neo-coloniais ou outros.
Acho que esta é uma ideia simples e muito forte a de que, em
vez de darmos de uma só vez, acompanhemos uma criança,
apoiando-a no acesso a tudo o que o seu país tem para lhe ofe-
recer, eliminando pelo menos os entraves a nível das suas con-
dições individuais e familiares, que a impedem de evoluir tanto
quanto ela possa, queira e saiba.
Tudo o que possamos fazer para multiplicar esse gesto, é um
contributo muito concreto e positivo para o Desenvolvimento
desses países hoje irmãos, com os quais partilhamos uma mes-
ma língua.
Os entraves do passado têm vindo a perder força, acredito que
cada vez mais se está a ultrapassar uma fase de ressentimento
com o passado e que a Solidariedade e Cooperação entre paí-
ses prevalecerá.
Sei que há outras ONG que também desenvolvem este tipo
de programa com algumas variações, mas foi esta (a Helpo)
que encontrei e, pelo que vi, pelo que li e me apercebi, desses
esforços que são feitos em Moçambique, tanto em Nampula,
como em Cabo Delgado (sei que arrancou o trabalho em São
Tomé, mas não conheço), achei que podia dar um contributo.
![Page 19: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/19.jpg)
Esteve em Timor e, mais recentemente em Moçambique, pa-
íses onde a pobreza extrema é visível. Quais podem, na sua
opinião, constituir medidas válidas para a promoção do De-
senvolvimento?
A.P.M. O primeiro passo foi tentar compreender que socieda-
de é aquela (Timor), com um milhão de pessoas, em que 750
mil dessas pessoas, vivem de actividades ligadas à agricultura e
pecuária para a sua subsistência. Metade dessa população pra-
ticamente não tocava em dinheiro, falando do que sei e do que
vi até 2002. Quando me perguntam: mas, Timor Leste indepen-
dente é viável? É viável no sentido em que há milhares de anos
que sustenta a vida humana. Agora, que qualidade de vida é
essa? É uma vida, como nós também tivemos durante séculos
e séculos, baseada em técnicas agrícolas e de domesticação
dos animais, que passa de geração em geração e que se vai re-
produzindo. E que resultados dá esse modo de produção, essa
auto-subsistência? Dá uma dieta alimentar muito pobre e pou-
co variada, dá falta sazonal de alimentos, alimentação baseada
numa lógica de produção sazonal da terra.
Portanto, o primeiro passo é compreender qual é a realida-
de social, quais são as bases sociais, qual é o modo de produ-
ção?... Há muitas iniciativas implementadas no terreno que não
têm isso em conta, há uma certa arrogância, que pura e sim-
plesmente não funciona.
O processo de indução daquilo a que nós chamamos Desenvol-
vimento, que no fundo é um crescimento da riqueza da produ-
ção de bens e serviços finais, ano a ano, sustentadamente, em
benefício da população, com redistribuição de rendimentos,
de forma que a própria população se vai envolvendo cada vez
mais no Desenvolvimento, porque vê os ganhos e os resultados
positivos para si e para a sua própria família, é um processo
muito complexo, que não tem uma “chapa 3” para ser aplicada
aqui, na Indochina, na América Latina, em África ou seja onde
for. Muitas vezes não há a sensibilidade para perceber isto.
Porque é que é importante discutirmos isto para aquele canti-
nho que é o nicho de actuação da Helpo? Porque a educação
pode ser uma grande alavanca de Desenvolvimento de comu-
nidades locais, a educação das suas crianças, e a chamada de
atenção das comunidades locais para a importância e o valor
da educação dessas crianças pode produzir à volta, um conjun-
to de outros fenómenos, que são um motor de Desenvolvimen-
to económico.
O que se fizer a partir dessa ideia de criar melhores condições
para as crianças aprenderem, deve efectivamente ser feito sem-
pre envolvendo a comunidade local, as famílias dessas mes-
mas crianças, para que o efeito seja muito potenciado. Agora,
isto pode-se desdobrar numa outra questão, que é um dilema
de difícil resolução: queremos fazer dos nossos afilhados uns
“principezinhos” no meio da miséria, ou queremos - a partir
dessa ideia de termos, cada um de nós, um afilhado (ou mais)
com rosto, com nome, com uma fotografia, com uma histó-
ria que se vai construindo – difundir, a partir destes pontos de
contacto da rede, o mais possível, aquilo que podemos transfe-
rir para ele, também à sua volta? Há quem opte pela persona-
lização extrema, mas isso é uma estratégia individualista num
mar imenso de necessidades; a outra hipótese é diminuir um
![Page 20: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/20.jpg)
0
bocadinho essa personalização, mantendo o laço personaliza-
do afectivo, mas proporcionando os benefícios materiais não
só a essa criança, procurando actuar naquilo que está à volta
dela, também nas outras crianças e familiares.
Há aqui um ponto de equilíbrio intermédio que é difícil, mas
que é muito estimulante conseguir encontrar, para cada so-
lução que cada comunidade produz. Por exemplo, a minha
afilhada é a Ragina, que vive em Silva Macua (comunidade em
Cabo Delgado), é uma menina de 5 anos que está na escolinha.
Essa escolinha (pré-primária) foi toda ela construída pela comu-
nidade, com o apoio da Helpo. A comunidade, segundo sei, já
reconhece que ela não chega para todas as crianças que deve-
riam estar desde a mais tenra idade a receber instrução. Para
minha alegria, soube que a frequência dessa escolinha, quando
eu fui a Moçambique, andaria na casa das 35 crianças por dia,
mas neste momento já vai nas 80 e as pessoas já querem cons-
truir uma outra estrutura.
O ganho dessa ida à escolinha, diariamente, é a socialização,
são os hábitos de higiene, são os hábitos de frequência escolar,
com uma papinha a meio da manhã, as canções, a aprendiza-
gem dos números, das primeiras letras, das formas, e tudo isso,
embora nos possa parecer pouca coisa, localmente, é capaz de
ser muito importante e é muito importante que as famílias des-
sas crianças dêem o seu contributo.
Isto evidentemente é uma gotinha…
O plano quinquenal de Moçambique para a área da Educação,
que acaba de ser aprovado pelo Parlamento moçambicano,
pretende construir por ano, nos próximos 5 anos, 15 mil salas
de aula.
Cada sala de aula, pelo que vi em Impiri, alberga cerca de 75
crianças. O que significa, então, faltarem 15 mil salas de aula
por ano nestes cinco anos? Significa que falta a estrutura míni-
ma necessária para acolher um milhão de crianças por ano; 5
milhões de crianças no final dos cinco anos. Cinco milhões de
alunos que estão mal instalados, que estão debaixo das fron-
dosas árvores, onde o quadro é pendurado nos ramos. Quando
o tempo está bom não constitui problema nenhum, mas em
época de chuvas…simplesmente não dá.
Portanto, a Helpo é uma gotinha de água neste oceano, mas
tem de ser uma gotinha qualitativa, tem de ter uma interven-
ção de qualidade e quando eu digo “de qualidade”, quero di-
zer “uma semente de Desenvolvimento”.
Essa semente, para poder frutificar, tem de passar a ser por
dentro, tem de ser endógena, não podemos ser nós a dizer o
que cada comunidade precisa. Detectando em conjunto aquilo
de que é mais necessário, temos de ajudá-los a encontrar os
meios para que comecem eles próprios a concretizar aquilo
que acham que precisam. No caso da minha afilhada, a Ragina,
eu vi que é uma escolinha em materiais locais, parece pobre,
em terra batida, mas é o suficiente para ela. Quando for para a
escola formal do Estado, já terá esta rotina, esta aprendizagem
por trás e poderá, quem sabe, seguir os estudos secundários…
O compromisso dos padrinhos em relação a estas “suas crian-
ças” apadrinhadas é que os acompanharão até onde eles quise-
rem chegar, e isso é que me parece muito importante.
Muitas são as questões que gostaríamos de colocar-lhe, mas
o espaço é limitado, por isso finalizamos questionando qual o
balanço que faz da sua viagem a Moçambique.
A.P.M. As carências são tremendas, devo dizer que fiquei muito
impressionado por ver a simplicidade com que a crianças rece-
bem qualquer oferta que se lhes dá, com muito agradecimen-
to. Estas crianças não têm de facto nada e precisam de muita
coisa, e portanto este trabalho é um trabalho longo e não
podemos desistir e desanimar porque há montanhas de coisas
para fazer. Também não temos de carregar todo Mundo às
nossas costas: a tarefa principal não somos nós que a fazemos,
é Moçambique, são os Moçambicanos, com as suas institui-
ções. Nós estamos lá para ajudar.
E o meu sonho era que se criasse uma rede muito dinâmica
de padrinhos portugueses, dentro das suas possibilidades e
limitações, claro, muito ligados a estas crianças para poderem
sustentar este florescimento que eu acho que pode ser expo-
nencial. Quando se lançam estas sementes, os resultados são
sempre exponenciais, desde que não falte a rega!
![Page 21: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/21.jpg)
QUEM HELPA?
helpo sob rodas.
o início eram os táxis. Tinha a sua graça, num carro
programado para cinco passageiros no máximo, ca-
biam com muita boa vontade (e aqui nestes casos há
sempre) 10 passageiros, mais animais e toda a carga que se
possa imaginar. E táxi que é táxi anda à velocidade correspon-
dente ao estado de humor, que nos pode provocar algum tre-
mor no coração, o condutor detém a verdade do mundo e por
isso há caminhos que não percorre. Pela saúde da sua viatura,
rodar fora da estrada a caminho da roça nem pensar!! As aven-
turas com os táxis tiveram assim um tempo limitado de uso,
pois são exactamente as roças o nosso destino diário.
Depois vieram os jipes alugados no mercado informal (uma
realidade neste país). “Em óptimo estado dona, pode confiar”.
Não é de admirar que o primeiro sinal de fumo a sair do capot
e o cheiro a ferro queimado nos assustasse.... “É normal dona,
pode confiar”. E nestes casos confia-se, que remédio, lançamos
o coração ao alto e pedimos aos deuses para não ficar empa-
nados em nenhum lugar remoto a horas menos claras... que
inevitavelmente aconteceu, a todas as horas, de 10 em 10 km,
o jipe lá se recusava a andar, fumo, água para dentro do ra-
diador e ficar parada outras tantas horas até arrefecer, e lá se
perde mais um dia de trabalho. Nem sempre os Deuses estão
do nosso lado.
Claro que o jipe foi substituído por outro, aparentemente em
melhor estado, mas com pneus carecas. Um dia da semana por
cada um que se furou, e a roda sobresselente igualmente fura-
da! Não estava fácil a deslocação em São Tomé.
Era necessário encontrar no mercado um jipe para a Helpo. Em
segunda ou terceira mão, não importava, mas em condições
de ser um transporte todo o terreno seguro para as roças, que
transportasse todo o material de construção ou os bens que
carregamos e principalmente, que não nos ficasse parado ao
fim dos primeiros quilómetros .
Ora estas premissas, numa ilha onde tudo é importado a con-
ta gotas, têm o seu custo, e bem elevado. Deparamo-nos com
o preço altamente inflacionado das viaturas todo o terreno,
encontrando verdadeiras latas com os quilómetros a dar a vol-
ta ao contador. Respirar fundo, que com tempo certamente
encontraríamos um jipe em boas condições a um preço justo.
Sem exasperar.
Mas o tempo estava a passar e nenhuma solução à vista. E sem
transporte não se trabalha no terreno... por sorte, que nos
acompanha sempre, soubemos que uma empresa santomense
estava a renovar a sua frota, tinham por isso os seus veículos
à venda.
Apresentámo-nos, falamos do nosso trabalho, das nossas difi-
culdades, da importância de ter um veículo fiável. A TURIARTE/
COPINET, percebendo o nosso enquadramento, gentilmente
colaborou vendendo-nos um todo o terreno que correspondia
as nossas necessidades a um preço HELPO!
A eles o nosso muito obrigada, que tornaram possível uma ro-
tina diária de trabalho nas roças, sem necessitar de andar com
litros de água e fé nos Deuses.
São Tomé, Flora Torres
N
![Page 22: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/22.jpg)
i MAIS
Na sequência de um diálo-
go antigo, a Câmara Muni-
cipal de Cascais apoiou a
Helpo no arrendamento de
um novo espaço para a sede
da Organização, permitindo
uma drástica redução de cus-
tos. Embora seja um espaço
temporário, de momento a
Helpo encontra a sua sede
na Rua da Encosta, Bloco 11
– Loja A, 2750-104 Cascais.
Organização Helpo e Câmara
Municipal de Cascais man-
têm conversações no sentido
de encontrar um espaço de-
finitivo, que possa ser parte
a sequência da aná-
lise das contas e
actividades desenvol-
vidas durante o ano de 2009,
cuja reflexão foi objecto de
partilha com todos os padri-
nhos, parceiros e colabora-
dores no número anterior da
publicação mundoh e cujo
relatório foi disponibilizado
on-line, verificou-se, entre
outros, um aumento dos cus-
tos de estrutura, devido so-
bretudo à quebra verificada
no aumento das contribui-
ções previstas e não regista-
das para o ano de 2009.
Nmudança de sede.
e modo de funcionamento des-
tas preciosas ferramentas.
Deste modo, para podermos
realizar distribuições de esco-
vas e pastas de dentes, é ne-
cessária uma educação prévia
sobre esta temática, sensibili-
zar e apelar para a importância
da realização da higiene oral,
fornecendo os meios necessá-
rios e educando para o modo
as comunidades mais
rurais onde a Helpo
opera, a higiene oral
através das ferramentas que
conhecemos (escovas e pastas
de dentes), não é uma prática
comum. Não apenas devido ao
custo acrescido que representa
a aquisição destes bens, mas
sobretudo devido à falta de co-
nhecimento sobre a utilização
N
sensibilização para a higiene oral.
de utilização dos mesmos.
Com este objectivo, a Helpo
está a recolher escovas e pastas
de dentes para distribuir junto
das crianças e comunidades
beneficiárias do nosso apoio,
em Moçambique e São Tomé e
Príncipe.
Para além desta campanha de
recolha de bens, continuamos
a recolher material escolar,
mantas tipo polar e jogos di-
dácticos.
A entrega dos bens poderá ser
efectuada via CTT ou presen-
cialmente, nos dias úteis, das
9h00-12h30 e das 14h-18h.
Fora deste horário mediante
combinação prévia.
empresa MuitAven-
tura, protagonista de
algumas caminhadas
solidárias a favor da Helpo, co-
memorou o seu 3º aniversário
e a inauguração do novo espa-
ço em São Pedro de Sintra, no
passado mês de Julho.
muitAventura de parabéns.
da solução de redução de
custos há muito procura-
da, mantendo as condições
mínimas necessárias que
não comprometam o bom
funcionamento da Organi-
zação.
Na sequência da mudan-
ça de sede, a Organização
Helpo deparou-se com di-
versos entraves, entre os
quais a impossibilidade de
aceder a linha telefónica
e fax.
De momento a Helpo privi-
legia o contacto por e-mail
e coloca à sua disposição o
contacto móvel da equipa:
Resp. Dpto. de Apadrinha-
mento de Crianças à Distân-
cia, Margarida Assunção: 93
451 25 02.
Resp. Dpto. de Controlo Fi-
nanceiro, Teresa Antunes: 93
539 20 29.
Resp. Dpto. de Comunicação,
Sofia Nobre: 93 841 89 38.
Resp. Dpto. de Projecto em
Portugal, Caroline Staedtler:
93 451 25 01.Embora esta
situação se dê por motivos
alheios à nossa vontade, as
nossas sinceras desculpas
pelo incómodo causado.
O Largo da feira de São Pedro
de Sintra foi cenário de inúme-
ras actividades, entre as quais:
o slide, a escalada, o paintball,
workshops, passeios de burro,
segway, entre outras, disponí-
veis a qualquer aventureiro à
altura.
A Helpo esteve presente no
evento, a convite da “empre-
sa madrinha” que juntou no
local cerca de 700 pessoas,
onde mais de 300 realizaram
actividades gratuitas ao ar li-
vre, num dia presenteado pelo
bom tempo. A MuitAventura
está de parabéns, não apenas
pelo seu 3º aniversário, como
pelo empenho na realização de
uma prática de Solidariedade
Responsável. Para mais infor-
mações sobre esta empresa,
consulte o website www.muita-
ventura.com.
A
![Page 23: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/23.jpg)
3
FICHA TÉCNICA
Entidade Proprietária e Editor
Associação Helpo
Morada e Redacção: Rua da Encosta,
bloco 11 - Loja A
2750-104 Cascais
Director Responsável
Carlos José Bernardo Almeida
Directora Editorial
Joana Lopes Clemente
Nº de registo no ICS: 124771
Tiragem: 4300 exemplares
Periodicidade:
Trimestral
NIF: 507136845
Depósito Legal: 232622/05
Impressão
ORGAL,Rua do Godim, 2724300-236 Por
Redacção Portuguesa
Sofia Nobre(secretária de redacção)Joana Lopes ClementeMargarida Assunção
Colaboradores neste número
Ana Luísa MachadoAntónio Perez MeteloCarlos HermenegildoCaroline StaedtlerFlora TorresJoana Lopes ClementeMargarida AssunçãoMargarida FernandesSofia NobreSusana Carneiro
3
Correspondente em África
Hugo Neto
Design
Codex - Design e Relações PúblicasIlustração
Luís Nascimento
Informações: Associação Helpo
Tel.: 214844075 Fax: 214843154 [email protected]
www.helpo.pt
A responsabilidade dos artigos é dos
seus autores.
A redacção responsabiliza-se pelos arti-
gos sem assinatura. Para a reprodução
dos artigos da revista mundo h, integral
ou parte, contactar a redacção através
de: [email protected].
![Page 24: mundo_h#12](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022052914/568c48351a28ab49168f31ce/html5/thumbnails/24.jpg)
4