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REVISTA DO GRUPO FIAT DO BRASIL NÚMERO 99 - DEZEMBRO 2009/ JANEIRO 2010 Fiat e Iveco na Fenatran 2009 Comau expande Unidade de Negócios Service para a China Projeto Saber: gestão do conhecimento na Magneti Marelli Escola Teksid de Fundição capacita jovens aprendizes Fundação Torino nos Jogos da Juventude 55ª Feira do Livro de Porto Alegre Rolando Boldrin, com a cara do Brasil Chagall no Rio, Rodin em São Paulo Adauto Novaes e Newton Bignotto debatem o mundo contemporâneo Imigração Italiana em Minas Gerais CD Zeropeia celebra os cinco anos do Árvore da Vida Seminário de Sustentabilidade Ignácio Costa Força total

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Page 1: Mundo Fiat 99 Dez2009/Jan2010

REVISTA DO GRUPO FIAT DO BRASILNúmERO 99 - DEZEmBRO 2009/ JANEIRO 2010

Fiat e Iveco na Fenatran 2009 • Comau expande Unidade de Negócios Service para a China • Projeto Saber: gestão do conhecimento na magneti marelli • Escola Teksid de Fundição capacita jovens

aprendizes • Fundação Torino nos Jogos da Juventude • 55ª Feira do Livro de Porto Alegre • Rolando Boldrin, com a cara do Brasil • Chagall no Rio, Rodin em São Paulo • Adauto Novaes e Newton Bignotto

debatem o mundo contemporâneo • Imigração Italiana em minas Gerais • CD Zeropeia celebra os cinco anos do Árvore da Vida • Seminário de Sustentabilidade

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Page 2: Mundo Fiat 99 Dez2009/Jan2010

por CledorvIno BelInI*

Mais um ano termina. E não foi um ano qualquer: 2009 ficará marcado na História pela crise eco-nômica mundial, talvez comparável à de 1929. Foi o ano da falência de instituições financeiras internacionais, de falta de crédito e de retração do consumo, de declínio das grandes economias

tradicionais e da confirmação da ascensão de países emergentes, entre os quais, o Brasil.Para o Grupo Fiat, será o ano em que mantivemos nosso plano de investimentos mesmo em um cenário

de profundas incertezas e cumprimos nosso cronograma de lançamentos de novos produtos, dando respos-tas rápidas ao mercado e criando condições para a superação da crise.

O Brasil foi o último país a entrar na crise global e o primeiro a sair dela. O governo adotou medidas anti-cíclicas que surtiram efeitos positivos no combate à contração da atividade econômica. Uma das ferramentas mais importantes foi a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incide sobre vários produtos, como linha branca, insumos da construção civil, automotores, entre outros produtos. O te-mor que sempre acompanha as crises econômicas não se disseminou pela sociedade e a atividade econômica contraiu-se no primeiro trimestre do ano, mas, apoiada no consumo das famílias, voltou a expandir-se no segundo semestre. O vigor da demanda que se verificou nos últimos trimestres reforça a expectativa de que o país crescerá de forma sustentável nos próximos anos, alinhando-se às economias mais dinâmicas.

Muitas lições foram aprendidas em 2009. No Grupo Fiat, as incertezas inerentes à eclosão da crise global foram combatidas com esforço concentrado em ganhos de eficiência, em inovação, motivação e atenção ao mercado. Impulsionamos ações transversais ao Grupo, na perspectiva de fortalecer sinergias.

Uma das vertentes foi a difusão do World Class Manufacturing (WCM), a fim de melhorar os processos produtivos, seguindo as melhores práticas mundiais na busca de eficiência de equipamentos, redução de perdas, ganhos de produtividade e melhoria constante de qualidade do produto e de processo.

Outra vertente essencial é o Projeto de Competitividade Integrado (PCI), também transversal do Grupo. Este programa inovador começou a ser implementado no auge do período de incertezas, como uma fer-ramenta para ajudar a enfrentar a crise. Ganhou corpo e tornou-se um vigoroso processo de mobilização que aponta para o curto, médio e longo prazos, buscando os ganhos de eficiência que se podem colher de imediato e gerando também a inovação que trará resultados no futuro.

Ambos os programas, o WCM e o PCI, tornaram-se parte da cultura corporativa e da estratégia do Grupo Fiat na América Latina, como fundamentos da sustentabilidade do próprio Grupo e de nossa confiança no futuro.

A todos, feliz 2010. * Presidente do Grupo Fiat para a América Latina e membro do Conselho Executivo do Fiat Group (GEC)

Um ano marcado na História

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RIO 06

06 Fenatran 2009 VErSATILIDADE Fiat Automóveis exibe sua gama completa de veículos comerciais, com destaque para o Novo Fiat Ducato Economy e Fiat Strada Working.

10 Fenatran 2009 TrANSporTE SUSTENTÁVEL Iveco apresenta os veículos limpos Daily Elétrico, EuroCar-go GNV e Stralis B30, além de tecnologias alternativas, como o sistema híbrido diesel-elétrico e os motores Euro V e Cursor 8 movido a etanol.

1� Homenagem IVECo ArGENTINA 40 ANoS Cerimônia na planta de Córdo-ba contou com a participação da presidente Cristina Kirchner e do CEo mundial da Iveco, paolo Monferino.

26 Capa

UNIDADE FIrE 2 FpT – powertrain Technolo-gies inaugura nova fábrica de motores Fire 2, concebida no conceito 100% enxuta (lean) e que recebeu r$ 300 milhões em investimentos.

�6 Negócios CoMAU NA CHINA Unidade de Negócios Service vai oferecer a clientes chineses maior eficiência dos processos produtivos por meio da Gestão Global de Ativos Industriais.

�2 Gestão do Conhecimento proJETo SABEr Magneti Marelli implanta proje-to-piloto na unidade Amorte-cedores, em Mauá (Sp), como forma de gerar e compartilhar informações técnicas entre os colaboradores.

�6 Esportes

JoGoS DA JUVENTUDE Alunos da Fundação Torino participaram da 18ª edição da competição juvenil. Atletas sonham em participar da etapa mundial na Itália, em 2010, e das olimpíadas do rio de Janeiro, em 2016.

�0 Cultura FEIrA Do LIVro o mais tradicional evento lite-rário de porto Alegre, realizado todos os anos na praça da Alfân-dega, atraiu mais de 1,4 milhão de pessoas.

�� perfil roLANDo BoLDrIN Apresentador e cantor comemo-ra 50 anos de carreira e leva pelo país a proposta de resgatar o Brasil que existe em todos nós.

60 Entrevista ADAUTo DUArTE E NEWToN BIGNoTTo pensadores dialogam sobre o projeto Mutações e o papel da tecnologia, da política e das pes-soas no mundo contemporâneo, que acredita no poder da ciência.

70 Árvore da Vida CD ZEropEIA Jovens do núcleo socioeducati-vo do programa social da Fiat Automóveis gravam álbum que traz obra literária infantil escrita pelo sociólogo Herbert de Sou-za (Betinho).

7� Grupo Fiat

SEMINÁrIo SUSTENTABILIDADE Fernando Almeida e Sérgio Abranches discutem os desafios do desenvolvimento econômico e sustentável.

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EXPEDIENTE Mundo Fiat é uma publicação da

Fiat do Brasil S/A, destinada aos stakeholders das empresas do grupo no Brasil.

FIAT DO BRASIL S/APresidente: Cledorvino Belini

MONTADORASFIAT AUTOMÓVEIS

Presidente: Cledorvino BeliniCASE NEW HOLLAND

Presidente: Valentino RizzioliIVECO LATIN AMERICA

Presidente: Marco MazzuCOMPONENTES

FPT – POWERTRAIN TECHNOLOGIESSuperintendente: Franco Ciranni

MAGNETI MARELLIPresidente: Virgilio Cerutti

TEKSID DO BRASILPresidente: Giacomo Regaldo

CEO Nafta e Mercosul: Vilmar FistarolSISTEMAS DE PRODUÇÃO

COMAUSuperintendente: Alejandro Solis

SERVIÇOS FINANCEIROSBANCO FIDIS

Superintendente: Gilson de Oliveira CarvalhoBANCO CNH CAPITAL

Superintendente: Derci AlcântaraFIAT FINANÇAS

Superintendente: Gilson de Oliveira Carvalho (interino)

SERVIÇOS FIAT SERVICES

Superintendente: José Paulo Palumbo da SilvaFIAT REVI

Superintendente: Davide NicastroFIDES CORRETAGENS DE SEGUROS

Superintendente: Marcio JannuzziFAST BUYER

Superintendente: Valmir EliasISVOR

Superintendente: Márcia NavesASSISTÊNCIA SOCIAL

FUNDAÇÃO FIATDiretor-Presidente: Adauto Duarte

CULTURACASA FIAT DE CULTURA

Presidente: José Eduardo de Lima PereiraEDUCAÇÃO

FUNDAÇÃO TORINOPresidente: Raffaele Peano

COMITÊ DE COMUNICAÇÃOAna Vilela (Casa Fiat de Cultura), Bruno Linhares (Teksid), Carolina Guimarães (Fundação Torino), Cláudio Rawicz (FPT – Powertrain Technologies), Elena Moreira (Fundação Fiat), Fabíola Sanchez (Magneti Marelli), Guilherme Pena (Fiat Automó-veis), Jorge Görgen (CNH), Marco Antônio Lage (Fiat Automóveis), Marco Piquini (Iveco), Milton Rego (CNH), Othon Maia (Fiat Automóveis), Renata Ramos (Comau) e Roberto Baraldi (Fiat do Brasil).Jornalista Responsável: Marco Antônio Lage (Diretor de Comunicação da Fiat). MTb: 4.247/MGGestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estra-tégica. Diretor de Redação: Valério Fabris. Editor-Executivo: Wagner Concha. Colaboraram nesta edição: Ana Paula Conselvan, Ana Paula Soares, Carla Medeiros, Carlos Henrique Ferreira, Flávio Ilha, Juliana Garcia, Michelle Leal, Rafael Mariani, Roberto Baraldi, Rúbia Piancastelli e Wagner Concha. Projeto Gráfico e Diagramação: Sandra Fujii. Produção Gráfica: Ilma Costa. Impressão: Lastro. Tiragem: 19.000 exem-plares. Redação: Rua dos Inconfidentes, 1.075, sl. 801 – CEP 30.140-120 – Funcionários – Belo Hori-zonte – MG – Tel.: (31) 3261-7517.Fale conosco: [email protected] anunciar: José Maria Neves (31) 3297-8194 - (31) 9993-0066 - [email protected]

Esta é a última edição de 2009 da revista Mundo Fiat. É uma ocasião propícia para um rápido balanço do ciclo que se en-cerra para reinaugurar-se, novo e cheio de esperanças, ao pri-

meiro minuto de 2010. Mundo Fiat foi relançada há dois anos e já se consolidou como um canal de comunicação pró-ativo entre o Grupo Fiat e seus stakeholders. A expansão de sua tiragem ao longo deste ano demonstra a demanda crescente de parceiros e da sociedade por informações sobre o grupo, fruto da transparência que caracteriza as relações sustentáveis.

A revista vai muito além de enfocar os produtos que levam as marcas do Grupo Fiat, mas abrange um arco temático que se estende desde o próprio negócio até as mais refinadas manifestações artísti-cas e culturais que são impulsionadas pelas empresas do grupo. As edições que publicamos este ano mostraram com destaque a preser-vação do ritmo de investimentos e lançamentos de produtos mesmo no momento mais agudo da crise financeira global que se alastrou a partir do último trimestre de 2008, a consolidação do Árvore da Vida como importante programa de responsabilidade e inclusão social, a educação e capacitação como diferenciais na estratégia do grupo, a aposta no ciclo de investimentos que mobilizará o Brasil nos próxi-mos anos, o lançamento do Fiat 500, o Cinquecento, no mercado brasileiro, e, finalmente, um completo inventário das práticas susten-táveis do grupo.

A última edição de 2009 destaca as ações de um grupo que avança com força total, seja inaugurando uma fábrica de motores Fire 2, da FPT – Powertrain Technologies em Betim (MG), seja co-memorando os 40 anos da fábrica da Iveco em Córdoba, na Argenti-na, ou ainda registrando a expansão da Comau na China. Um grupo que combina a própria força com sensibilidade, ao estar presente na Feira do Livro de Porto Alegre, ao percorrer o Brasil com o cantor e apresentador Rolando Boldrin ou dialogando sobre as complexida-des filosóficas do mundo contemporâneo com os filósofos Adauto Novaes e Newton Bignotto. Ou ainda cantando e encantando com o CD Árvore da Vida apresenta Zeropeia, gravado pelos jovens inte-grantes do programa social da Fiat Automóveis e resgatando a obra do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.

Revisitando o caminho que percorremos em 2009, temos a cer-teza de que terminamos o ano mais próximos uns dos outros, conhe-cendo-nos melhor. Que continuemos a nos comunicar bem em 2010, para que a caminhada seja em direção a um futuro compartilhado.

Feliz 2010!

*Diretor de Comunicação Corporativa do Grupo Fiat

A comunicação que nos unepor MArCo AnTônIo lAge*

A Lastro, cons-ciente de suas responsabilidades sociais e ambien-tais, utiliza papéis Suzano com certi-ficado FSC (Forest

Stewardship Council) para impres-são da revista Mundo Fiat. A cer-tificação FSC garante que a maté-ria-prima florestal para a produção do papel é proveniente de manejo considerado social, ambiental e eco-nomicamente adequado.

A Lastro está em processo de certificação na Cadeia de Custódia – FSC, garantindo a produção de seus impressos com qualidade e sustentabilidade.

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2009

Estande inspirado noAeroporto de CongonhasA Fiat Automóveis participou da Fenatran, um dos mais importantes eventos brasileiros do setor de transportes, mostrando a versatilidade de seus veículos para uso comercial, com destaque para o Novo Fiat Ducato MultiJet Economy e o Fiat Strada Working.

por WAgner ConCHA

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“Congonhas é um ícone do mundo dos negócios. Por ali passam as pessoas que movimentam a economia em nosso país”, explica Aguinaldo Medeiros, do departa-mento de publicidade da Fiat e responsável pelo estande na Fenatran. “Apresentamos as aplicações reais de toda a gama de pro-dutos comerciais leves e Ducato da Fiat, com foco na versatilidade do uso urbano e na liberdade de circulação.”

Quem entrasse no estande tinha, de fato, a sensação de estar no aeroporto. Os veículos expostos estavam prontos

o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, foi escolhido como tema do estande da Fiat Automóveis

no 17º Salão Internacional do Transporte (Fenatran 2009). No espaço de quase 2 mil metros quadrados decorado como sa-guão de embarque e check-in, com seu tradicional piso quadriculado em branco e preto, a Fiat mostrou como seus veículos são apropriados para diversas situações do dia a dia de um dos mais movimenta-dos centros de transporte de carga e pas-sageiros do Brasil.

divulgação Fiat

Ambientação diferenciada foi aprovada pelos visitantes

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TRAN

2009 para o trabalho: os táxis estavam com

as cores das cooperativas que atendem aos aeroportos paulistas, havia uma am-bulância identificada como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e furgões de encomendas expressas DHL e TAM Cargo. Ali estava também um fur-gão como livraria ambulante La Selva, que possui lojas em Congonhas e para en-tregas da Sadia. Um Fiorino atendia uma floricultura, enquanto os Doblòs transpor-tavam frutas e legumes e exibiam também a configuração Autonomy, para o trans-porte de cadeirantes.

Líder no segmento de comerciais no Brasil, a Fiat exibiu 23 modelos na Fena-tran, com destaque para o Novo Fiat Ducato MultiJet Economy e o Fiat Strada Working. Para atender com conforto e segurança às demandas de transporte de passageiros, e com amplo espaço interno para cargas, o Novo Ducato 2010 está 10% mais econô-mico – um grande diferencial nesse seg-mento. O modelo é equipado com o novo motor F1A MultiJet, da FPT – Powertrain Technologies, que oferece alta tecnologia e menores índices de consumo e de emissões de poluentes. O propulsor de 127 cavalos de potência cumpre as normas de controle de emissões Euro III, além de ser predis-posto para as normas Euro IV, V e VI.

Já a picape Fiat Strada, líder em ven-das no Brasil nos últimos

nove anos, ganhou três novas versões, que satisfazem diferentes aplicações: Stra-da Working 1.4 Cabine Simples, Strada Working 1.4 Cabine Estendida e Strada Working 1.4 Cabine Dupla. Apresentada pela primeira vez na Fenatran 2009, a Fiat Strada Workig é equipada com motor 1.4 que desenvolve 85 cavalos (com 100% gasolina) e 86 cavalos (100% álcool).

O espaço da Fiat na feira internacional foi muito elogiado, tanto pelo público visi-tante quanto por profissionais e jornalistas de marketing e do setor automotivo. “De-vido ao universo lúdico e diferenciado, o impacto das ambientações foi bastante po-sitivo, principalmente entre as marcas que participaram do estande”, ressalta Medei-ros. A Fiat não esqueceu da responsabili-dade social, distribuindo folhetos informa-tivos sobre o meio ambiente e manutenção preventiva de veículos a diesel, e expondo um painel sobre o programa social da Fiat, o Árvore da Vida.

As fases de pré-montagem e monta-gem do estande diferenciado levaram mais de 30 dias. Nesse período trabalharam cerca de 200 pessoas, como projetistas, marceneiros, cenógrafos, pintores, técni-cos de som e luz e outros profissionais. “A maior dificuldade foi o curto prazo de montagem no Centro de Eventos e Con-venções Anhembi, de apenas oito dias”,

lembra Medeiros.

MUNDoFIAT�

Equipada com motor 1.4, Fiat Strada Working oferece três versões para as mais diversas aplicações

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A Iveco apresentou no 17º Salão In-ternacional do Transporte (Fena-tran 2009), realizado em outubro,

em São Paulo, suas principais ações sus-tentáveis. Além de ser a primeira fabricante de caminhões da América Latina a ter um programa de sustentabilidade – o Próxi-mo Passo – aliado à estratégia de marca, a Iveco demonstra que tem investido no de-

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2009

Iveco, protagonista dotransporte sustentávelA Iveco exibiu na Fenatran veículos movidos a combustíveis limpos, como Daily Elétrico, EuroCargo GNV e Stralis B30, além de motores com tecnologias alternativas, como o sistema híbrido diesel-elétrico, Euro V e Cursor 8 movido a etanol.

por WAgner ConCHA

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Os caminhões verdes da Iveco: EuroCargo GNV, Daily Elétrico e Stralis B30

senvolvimento de veículos limpos e tecno-logias voltadas para o uso de combustíveis alternativos. Dessa maneira, a empresa po-siciona-se como protagonista do transporte sustentável no Brasil e no mundo.

Uma das pioneiras no uso de motores elétricos na Europa, a Iveco exibiu o Iveco Daily Elétrico, o primeiro caminhão movido a energia 100% limpa e renovável da Amé-rica Latina. Desenvolvido em parceria com Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu (PR), o protótipo é equipado com três baterias (que levam oito horas para serem recarregadas), atinge a velocidade máxima de 70 km/h, 54 cavalos de potência nominal e possui auto-nomia de 100 quilômetros. O projeto rece-beu em outubro o prêmio Destaque Tecno-lógico do Congresso SAE Brasil 2009.

Outros destaques do estande foram os modelos Iveco EuroCargo GNV e Ive-co Stralis B30. O Iveco EuroCargo GNV é equipado com motor movido a gás natural veicular Iveco-FPT F1C GNV, de 200 cava-los, amplamente utilizado na Europa. Já o Iveco Stralis B30 possui motor Iveco-FPT Cursor 13, de 420 cavalos, que está sendo testado com 30% de biodiesel misturado ao diesel convencional.

Além dos veículos, a Iveco exibiu na Fenatran 2009 alguns propulsores com tecnologias sustentáveis, como os motores Euro V, híbrido diesel-elétrico e Iveco-FPT Cursor 8 E-100 movido a etanol. Disponível na Europa, o motor Euro V (homologação exigida pelo Proconve 7, em vigor no Brasil a partir de 2012) possui 560 cavalos e rea-liza uma queima completa do combustível, diminuindo, assim, o nível de emissões.

Já o conjunto híbrido é formado por um motor Iveco-FPT F1A de 115 cavalos acoplado a uma caixa automatizada ZF Agile, em que está instalado um gerador-

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acumulador elétrico. Enquanto o motor diesel está em funcionamento, o equipa-mento transforma a energia mecânica em elétrica. Nas freadas, a energia cinética vira energia elétrica, alimentando as ba-terias. Multinacionais como Coca-Cola e FedEx já testam o sistema na Europa. Por fim, o motor Iveco-FPT Cursor 8 E-100, totalmente movido a etanol, será destinado inicialmente à indústria de cana-de-açúcar. O propulsor utiliza fonte de combustível 100% renovável, contribuindo para a re-dução de emissões de gás carbônico.

“A Iveco decidiu assumir o papel de protagonista da sustentabilidade no trans-

porte brasileiro. A Fenatran 2009 é o pal-co adequado para uma declaração dessa importância. Por isso trouxemos todas as tecnologias já disponíveis na empresa que contribuem para a redução da emissão de carbono e outros poluentes no trans-porte”, afirmou Marco Piquini, diretor de comunicação da Iveco. “Isso tudo mostra que temos tecnologias disponíveis para sermos a empresa do setor de transporte mais bem colocada para passar a mensa-gem de que as precisamos tomar à frente nessa discussão, fazer propostas, envolver os clientes, e se colocar claramente no ca-minho da sustentabilidade.”

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2009

Vertis: lançamento mundial com auxílio da internetPrimeiro projeto totalmente desenvolvido no Centro de desenvolvimento de Produto de Sete

lagoas (Mg), o Iveco vertis teve world preview (pré-estreia mundial) na Fenatran 2009, ao ser reve-lado por meio de ampla estratégia de comunicação digital, que mobilizou recursos em redes sociais como Twitter, Youtube, orkut e Facebook. Antes do início da feira, a Iveco divulgou diariamente, em seu blog, cerca de 2� peças da imagem do novo caminhão – também foram disponibilizadas informações sobre o lançamento. Ao todo, 200 peças formavam o quebra-cabeça do Iveco vertis, que atuará no segmento de 9 a 1� toneladas de peso bruto total.

“o Iveco vertis foi todo maturado para a nossa realidade de infraestrutura, temperatura e ne-cessidades dos clientes. Fizemos uma série de testes em Belo Horizonte e em outras regiões, como

o Sul, onde o clima é mais frio, e o nordeste, em temperaturas mais elevadas”, explica Marcello Motta, gerente da plataforma de veículos leves da Iveco.

o projeto do Iveco vertis começou em 2007 e exigiu r$ �7 milhões em investimentos. Foram gastas cerca de 2�0 mil horas de desenvolvimento, que contou com a participação de 1�0 profissionais. equipado com motor Iveco-FPT de � cilin-dros e �,9 litros, o vertis desenvolve 160 e 1�0 cavalos, de-pendendo da configuração, e entra em produção no primei-ro trimestre de 2010. “o Iveco vertis possui a melhor relação custo-benefício no segmento de caminhões médios e será um produto super competitivo”, ressalta Motta.

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ricardo Stuckert/ Presidência da república

O presidente Lula descortina o Novo Iveco Vertis

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A Iveco completou 40 anos de atuação na Argentina com uma grande festa em Ferreyra, na província de Córdoba.

Durante a solenidade realizada em outubro, a montadora apresentou à presidente da Argen-tina, Cristina Kirchner, o novo modelo Iveco Cursor 330, caminhão pesado com peso bruto total (PBT) de 45 toneladas, que faz parte da quarta família de produtos lançada nos últimos anos e que será produzido na planta argentina.

Além de Kirchner, a cerimônia contou com a presença de mais de 400 convidados, como o CEO mundial da Iveco, Paolo Monferino, o presidente da Iveco Latin America, Marco Ma-zzu, o diretor geral da Iveco Argentina, Nata-le Rigano, e o presidente da Fiat Argentina, Cristiano Rattazzi. Também participaram do

Iveco celebra 40 anos na ArgentinaEvento de comemoração teve as presenças da presidente argentina, Cristina Kirchner, e do CEo mundial da Iveco, paolo Monferino, entre outros executivos da empresa e autoridades. Localizada em Ferreyra, na província de Córdoba, planta é a única fabricante de caminhões no país.

por WAgner ConCHA

um novo modelo dessa qualidade, é a me-lhor forma de festejar”, afirmou Kirchner. “Não vou ser caminhoneira, porque me cus-tou muito para subir, mas é realmente um caminhão impressionante”, elogiou.

A presidente visitou áreas de produção da planta em Córdoba e cumprimentou co-laboradores. Ao final, recebeu das mãos de Monferino o livro A Contribuição do Trans-porte no Desenvolvimento da Argentina, uma obra que a Iveco editou para comemo-rar as quatro décadas no país.

IveCo CurSorO caminhão pesado Iveco Cursor 330

atende ao segmento específico de 45 to-neladas de PBT com motor de até 340 cavalos. Disponível nas versões 4x2 e 6x2, o novo modelo é ideal para operar com semirreboques de três eixos em apli-cações focadas na distribuição varejista, transporte de combustível, cegonha, en-tre outros. O Iveco Cavallino, que cobre o mesmo segmento, continuará em produ-ção na Argentina.

evento autoridades locais, clientes, fornecedo-res, importadores e jornalistas.

Com mais de 70 mil unidades produzidas, a Iveco Argentina é a única fabricante de ca-minhões médios e pesados do país, que junto com as plantas de Sete Lagoas (MG) e de La Victoria (Venezuela), compõe a plataforma in-dustrial da Iveco na América Latina. A Iveco Argentina emprega 700 colaboradores e ex-porta sua produção para países como Cuba, Chile, Peru, Angola e Marrocos.

“Comemoramos 40 anos de fabricação ininterrupta, de convivência e interação com um país que adotou esta empresa e que faz nossa marca uma das referências no trans-porte argentino”, ressaltou Monferino, em seu discurso. “A Iveco tem presença produtiva, tecnologia adequada às condições regionais e grande experiência acumulada na realidade latino-americana. São fatores que colocam a empresa em condições de participar constru-tivamente do crescimento econômico desta importante parte do mundo”, completou.

Para Rigano, a atuação da Iveco nesse perí-odo se destacou pela vontade de “agregar valor ao produto feito neste país.” Segundo o diretor geral, “os veículos Iveco têm sido protagonistas de todo o tipo de iniciativas, são submetidos a todo o tipo de condições e têm contribuído para o crescimento da Argentina.”

Já a presidente argentina, que esteve a bordo do Iveco Cursor, destacou a presença da Iveco no país. “Comemorar os 40 anos da única empresa que produz caminhões leves e pesados na Argentina, com a apresentação de

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, a bordo do novo Iveco Cursor

Kirchner; Monferino,

CEO mundial da Iveco;

Randazzo, ministro do

Interior; Rattazzi,

presidente da Fiat Argentina;

e Mazzu, presidente da

Iveco Latin America

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Fotos divulgação Iveco

Cooper S tandard Automot ive : Com a Iveco , t ranspor tando um novo Bras i l .

Parceiros que acreditam no Brasil, conduzem inovações e trilham caminhos de sucesso.

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Aula prática de frenagem

e mudança

de rota em

condições adversas

de tempo e piso

Manobra em pisos com diferentes aderências

Em termos estatísticos, o Brasil está entre os cinco países a apresentar o tráfego mais violento no mundo. Para

cada 1 mil quilômetros de estradas brasilei-ras, ocorrem 213 mortes por ano. No Cana-

dá, são 3 mortes a cada 1 mil quilômetros de estradas, índice que chega a 7 mortes nos Estados Unidos e 10 no Japão, Reino Unido e França. A comparação é ainda mais impactante se considerarmos que no Brasil há um carro para cada 7,4 habitantes, den-sidade que é de 1,2 habitante por carro nos Estados Unidos e de cerca de 2 na Europa. Isso significa que há, nas ruas e estradas desses países, um número muito maior de veículos em relação à população do que no Brasil e, no entanto, um índice de acidentes fatais muito menor.

“Queremos interferir nessa realidade e, por isso, criamos há três anos o programa Direção Segura, que busca conscientizar os motoristas para a importância da direção se-gura”, relata Carlos Henrique Ferreira, enge-nheiro mecânico e consultor técnico da Fiat,

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Direção Segura, um programa que salva vidas

por roBerTo BArAldI

Entre os muitos aspectos da mobilidade urbana, a segurança no trânsito é um tema urgente devido à gravidade de suas estatísticas. Anualmente, mais de 36 mil pessoas morrem em consequência de acidentes de trânsito no país e um número quatro vezes maior sofre com algum tipo de sequela.

que coordena a iniciativa. O programa oferece aulas teóricas e práticas de direção, em um curso itinerante que ao longo de três anos percorreu as principais capitais brasileiras e envolveu mais de 1 mil motoristas interessados.

Os resultados são surpreendentes, segundo o jornalista e piloto Cacá Clauset, um dos ide-alizadores do programa e que apresenta o con-teúdo teórico das aulas. “As pesquisas mostram uma avaliação muito positiva dos participantes e é visível o interesse e o aproveitamento das aulas práticas”, afirma Clauset.

As turmas têm 24 pessoas por dia, que assis-tem a uma aula de cerca de uma hora de dura-ção, seguida de exercícios práticos em pistas de testes ou espaços especialmente preparados. São utilizados nos exercícios práticos quatro modelos Linea e quatro Punto, todos equipados com mo-tor T-Jet.

A apresentação teórica explica como funcio-nam os modernos sistemas de segurança presen-tes nos veículos de hoje. São abordados, ainda, as corretas técnicas de direção com a utilização de ABS, reação em situações adversas, além da posição de direção. Depois, passa-se à prática, em dois grupos de 12 pessoas.

O primeiro exercício é de frenagem e se des-tina a mostrar como funciona o sistema antiblo-cante de freios (ABS, na sigla em inglês) e seus benefícios. O sistema permite frear sem bloquear as rodas, mantendo-se a manobrabilidade do ve-ículo. “Pouca gente faz frenagens de emergência, por isso poucos sabem usar corretamente o siste-ma”, observa Clauset. Quando acionado, o pedal do freio trepida, em função do acionamento do sistema antiblocante que abre e fecha as pinças de freios em frequência determinada por senso-res. “Essa trepidação é normal e indica o bom funcionamento do sistema, mas a tendência do motorista é pensar que há algo de anormal e tirar o pé do freio”, acrescenta Clauset.

O programa oferece dois exercícios práticos. O primeiro é a tentativa de frear e desviar de obstáculos sem usar o sistema ABS. O motorista, nesse caso, não consegue desviar do obstáculo e ocorre a colisão. Na segunda etapa do exercício, a mesma manobra é feita utilizando-se o sistema ABS e se constata que é possível frear e desviar do obstáculo ao mesmo tempo, pois as rodas não travam. O segundo exercício é chamado de split, envolvendo a frenagem sobre dois tipos distintos

de superfície, com alta e baixa aderência. Sem o ABS, o carro se desgoverna e não consegue manter-se em linha reta. Com o uso do ABS, a manobra acontece suavemente, para surpresa dos motoristas em treinamento.

Há uma pausa para o almoço e depois vem a segunda bateria de exercícios, de desvio de traje-tória (lane change). A situação envolve uma emer-gência e, para fugir dela, não basta frear, é preciso desviar. Quando uma manobra abrupta acontece, muitas forças atuam sobre o veículo, deslocando seu peso para frente e para um dos lados, o que torna difícil controlar o veículo. Motorista e um instrutor treinam a manobra com atenção para a posição das mãos, agilidade dos braços, acuidade

visual e outros fatores decisivos para a segurança. O participante do curso conduz o veículo e é ava-liado pelo instrutor, recebendo recomendações de como aprimorar-se. Ao final, recebe um certificado de participação no Direção Segura, que ao longo de seus três anos reuniu públicos diversos, como universitários, clientes, concessionários, frotistas, além de funcionários da Fiat.

O próximo passo é institucionalizar ainda mais o programa Direção Segura, passando a oferecer cursos corporativos. “É uma prática no exterior que empresas que cedam veículos a seus funcio-nários também lhes ofereçam um curso de direção defensiva. Na Europa, há leis que regulam essa prática e índices que medem a segurança alcan-çada pela frota da empresa”, explica Clauset. Os planos para 2010 abrangem também estabelecer uma sede para as atividades do programa Direção Segura, com auditório e pista para exercícios prá-ticos, conforme modelo de programa desenvolvi-do pela Alfa Romeo, na Itália.

Carlos Henrique Ferreira, da Fiat, em aula teórica

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proteger os ocupantes em caso de acidentes. Esse é o conceito básico da segurança passiva. Desde os pri-

meiros testes de colisões realizados em la-boratórios na década de 1930, conhecidos

como crash test, os projetistas buscam for-mas de proteger os ocupantes nos casos em que não é possível evitar um aciden-te. Ao compararmos um carro projetado nos dias de hoje e um concebido décadas

atrás, vemos uma enorme diferença de conceito de projeto e, obviamente, no nível de segurança.

Antes, os veículos pesavam toneladas de estrutura rígida, coluna de direção feita em peça única, parachoques de aço e vo-lantes de madeira ou outro material rígido. Ao ocorrer um acidente, toda a energia do veículo que estava em movimento e parava bruscamente, era direcionada e absorvida pelo motorista e pelos ocupantes do veí-culo. O conceito moderno de desenvolvi-mento de um carro prevê a existência de estruturas na parte dianteira e traseira do veículo, a fim de distribuir a força do im-pacto por toda a estrutura do veículo e, quando necessário, absorver a energia do impacto, deformando-se de modo pro-gressivo e programado. Dessa caracterís-tica decorre o termo muito utilizado áreas de deformação progressiva ou defor-mação programada, um importante item de segurança passiva.

Não é raro escutarmos ainda hoje de algum saudosista frase como: “Os carros de antigamente é que eram bons, pois batiam e nem amassavam. Os atuais, com uma batidinha, já amassam todo.” Cer-tamente os que têm essa opinião desco-nhecem a importância da deformação de algumas áreas do veículo para a proteção dos ocupantes.

É importante destacar que as áreas de deformação progressiva atuam em conjun-to com outro conceito presente nos proje-tos das modernas carrocerias, a célula de sobrevivência. Para os que acompanham a Fórmula 1, este é um termo muito citado após um acidente e é utilizado para deno-minar o local onde o piloto fica, também conhecido como cockpit. Nos automóveis de passeio o mesmo conceito é emprega-do, ou seja, ao redor do habitáculo onde estão os ocupantes do veículo existe uma estrutura rígida que visa a preservar os ocupantes, deformando o mínimo pos-sível. Dessa estrutura, talvez a peça mais conhecida seja a barra nas portas. Esse importante componente na verdade faz parte de uma estrutura rígida que forma a célula de sobrevivência.

O nível de segurança das carrocerias atuais só é possível em função da utilização de modernos métodos de projeto e simula-ção virtuais. Muito antes de existir um ve-ículo real, ele já existe em realidade virtual com um nível de detalhamento que per-mite simular colisões, conforme as normas internacionais. Os resultados servem para que os projetistas refaçam as soluções quando necessário e repitam o teste virtu-almente até que o resultado atenda aos pa-drões exigidos. Após esse desenvolvimento virtual, o carro real também é submetido a

Segurança passiva minimizaas consequências de acidentesQuando não é possível evitar um acidente, apesar de todos os recursos de segurança preventiva e ativa abordados nas edições anteriores de Mundo Fiat, entram em campo os sistemas e conceitos da segurança passiva.

por CArloS HenrIQue FerreIrA*

* Engenheiro mecânico e

assessor técnico da Fiat

Automóveis

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Teste de colisão frontal

mostra deformação progressiva

e a célula de proteção

Depois do choque: célula de proteção intacta. A deformação progressiva absorve boa parte da energia do choque

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provas de colisão em laboratório. São mais de 50 diferentes tipos de colisões – frontal, lateral, traseira, capotamento, contra bar-reira rígida, barreira deformável, poste, a diferentes velocidades etc. Existem testes a baixas velocidades nos quais são verifica-dos, por exemplo, os valores de reparação do veículo em caso de pequenas batidas, até colisões que simulam a maioria dos ca-sos que ocorrem no dia-a-dia, conforme estatísticas de acidentes reais.

Além da estrutura do veículo, existem ainda vários sistemas e componentes muito importantes para a proteção dos ocupan-tes no momento de uma colisão. Podemos citar desde o airbag, certamente o mais famoso de todos, passando por volante EAS(Energy Absorbing Steeringwheel), capuz do motor com área de deformação programada e trava de segurança, bancos com formato anti-deslizamento, apoio de cabeça, coluna de direção articulada. Po-rém, é importante destacar aquele que é considerado o mais importante sistema de segurança passiva por vários especialistas em segurança veicular de todo o mundo: o cinto de segurança.

O cinto de segurança é importante, pois protege os ocupantes em várias si-tuações de acidentes (frontal, lateral, ca-potamento e traseiro) e, ao contrário do que muita gente pensa, é fundamental que quem viaja no banco traseiro também utili-ze o cinto de segurança. As principais fun-ções do cinto de segurança são: evitar ou minimizar o impacto dos ocupantes com as partes internas do veículo e evitar que os ocupantes sejam lançados para fora do carro em caso de um acidente.

Ao colidir, o veículo, que estava a uma determinada velocidade, para repentina-mente. A tendência de quem está dentro do veículo é continuar na velocidade an-terior, colidindo contra as partes internas do veículo. É exatamente isso que o cinto de segurança visa a evitar ou, pelo me-nos, minimizar as consequências. O cinto de segurança recebeu, no decorrer dos tempos, uma série de inovações. Talvez a mais importante tenha sido o cinto de três pontos que comemorou este ano 50 anos

desde a sua invenção. Ele é confeccionado em poliéster e suporta forças muito eleva-das. Devido à desaceleração no momento da batida, uma pessoa de 70 quilos em um veículo a 50 km/h, por exemplo, pode exercer uma força de aproximadamente 700 quilos no cinto. Essa força cresce de forma exponencial com o aumento da ve-locidade. Devido às altas forças e à rapidez com que os acidentes ocorrem, é funda-mental que ele esteja sempre corretamente posicionado, ou seja, passando pela cla-vícula e nunca pelo pescoço, no caso do cinto de três pontos.

A condução de crianças é também um ponto que merece uma atenção especial. Em função principalmente do tamanho, não se pode posicionar crianças como se fossem adultos. Por isso há no mercado alguns modelos de cadeiras para determi-nadas faixas de idade, garantindo a segu-rança das crianças.

Em todos os veículos Fiat com airbag, os cintos de seguranças dianteiros são equipados com o pré-tensionador. Esse sistema visa a aumentar a eficiência do cinto ao reduzir a folga entre o ocupante e o cinto. No momento de uma colisão, o mesmo sensor que ativa o airbag ativa o sistema de pré-tensionador que, imediata-mente, puxa o cinto em direção ao moto-rista, aumentando, assim, a eficiência de todo o sistema. Outro sistema existente é o limitador de carga. Ele age soltando um pouco o cinto quando a desacelera-ção atinge determinado valor que passa a comprometer os órgãos internos. Pode parecer contraditório o cinto soltar um pouco, mas no final o saldo de danos aos ocupantes é menor.

Pelo mesmo motivo o cinto de segu-rança “estica” em um acidente de certa gravidade. Por isso é fundamental a sua troca após um acidente, pois quando for solicitado novamente não irá trabalhar da forma correta. Bem, continuaremos a falar de segurança passiva na próxima edição, abordando o airbag e os dum-mies, os bonecos que ajudam no de-senvolvimento de carros cada vez mais seguros.

As projeções de desempenho da Chrys-ler Group LLC e suas marcas Chrysler, Dodge, Jeep e Ram para os próximos

cinco anos preveem o retorno ao equilíbrio operacional e ao lucro e a ampla renovação das linhas de modelos. O plano estratégico foi divulgado no início de novembro, na sede da empresa, em Auburn Hills, Michigan, nos Estados Unidos, pela equipe de executivos do grupo comandados por Sergio Marchionne, CEO da Chrysler Group LLC e do Grupo Fiat. A empresa pretende mais do que duplicar suas vendas no período, expandindo-as de 1,3 mi-lhão de unidades em 2009 para 2,8 milhões de unidades em 2014. Os Estados Unidos continuarão a ser o principal mercado, com vendas estimadas em 2 milhões de unidades em 2014, o que representa um salto de parti-cipação de mercado dos atuais 9% para 13% em 2014. No mesmo período, o mercado total de veículos dos Estados Unidos deverá evoluir de 10,5 milhões de unidades neste ano para 14,5 milhões de veículos.

O presidente do Conselho de Administração da Chrysler Group LLC, Bob Kidder, destacou, ao abrir o encontro, a disseminação de uma nova cultura de alta performance na empresa, desde que se estabeleceu a aliança estratégica global com o Grupo Fiat. A Fiat tem 20% de participação acionária na Chrysler Group LLC e está encarregada de sua gestão. Esta par-

ticipação pode avançar para 35%, mediante o atendimento de metas pré-determinadas, como a introdução da família de motores Fire nos Estados Unidos, a venda de veículos do grupo Chrysler fora dos Estados Unidos e ao compartilhamento de plataformas, para o lan-çamento de novos modelos. A Fiat também terá o direito de, entre 2013 e 2016, adquirir participação acionária adicional de 16%, pas-sando assim a 51% do capital da companhia.

A apresentação do plano estratégico da Chrysler para os próximos anos se baseou no aprofundamento da convergência com a Fiat, sobretudo em soluções comuns de dis-tribuição, estratégias de produção, compras e engenharia, compartilhamento de motores, transmissões e plataformas. As marcas Chrys-ler, Dodge e Ram estarão focadas no merca-do norte-americano, enquanto a Jeep sofrerá a mais acelerada expansão internacional. As linhas de produtos das quatro marcas serão revistas, com a introdução de mais de uma dezena de novos modelos até 2014, reestili-zações, atualização tecnológica de motores e transmissões.

Com tais mudanças, a empresa planeja retornar ao lucro no curto prazo, para estar em condições de honrar os aportes financei-ros feitos pelo Tesouro norte-americano até 2014, superando definitivamente sua fase de dificuldades.

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CIOs

Chrysler anuncia planos até 2014

Plano apresentado por Sergio Marchionne (esq.) pretende mais que duplicar vendas no período

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CAPA

FpT – powertrain Technologies cresce com força totalConcebida no conceito de 100% enxuta (lean), nova unidade de motores Fire 2 da FpT – powertrain Technologies em Betim (MG) recebeu r$ 300 milhões de investimentos. Capacidade produtiva será expandida em 150 mil propulsores por ano com a nova planta de 18 mil metros quadrados.

por WAgner ConCHA

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Inovação, futuro, ergonomia e tecno-logia são características que definem a nova fábrica de motores Fire 2 da FPT

– Powertrain Technologies. Inaugurada em novembro, a unidade de 18 mil metros quadrados de área construída vai aumen-tar a capacidade produtiva da FPT em Be-tim (MG) em 150 mil propulsores por ano. Somando-se à unidade de Campo Largo (PR), a ser inaugurada no início de 2010, a produção da Fire 2 colocará a FPT como a maior fabricante de sistemas de propul-são da América Latina.

Fruto de um investimento de R$ 300 milhões, a nova fábrica Fire 2 terá condi-ções de produzir motores de 1.0L a 1.4L com a mesma tecnologia de processo e de produto das demais fábricas Fire no mun-do – em Termoli (Itália) e Ranjangaon (Ín-dia). Dessa maneira, a FPT poderá nacio-nalizar a produção de motores fabricados em outros continentes.

“Seremos capazes de produzir pro-pulsores mais modernos, com padrões de qualidade de produto e de processo idên-ticos aos padrões das outras plantas Fire na Europa e na Ásia. Isso significa o nosso alinhamento com toda e qualquer postura das demais fábricas da FPT no mundo”, ressaltou Franco Ciranni, superinten-dente da FPT para o Mercosul, durante a inauguração. “Não se trata de um in-vestimento único, mas uma continuação, uma cadeia de apostas certeiras que a FPT tem feito na evolução da tecnologia, no aumento da produção, com o objetivo de alcançar o patamar de 2,5 milhões de motores e transmissões no médio prazo”, completou.

Desenvolvida em conceito 100% lean manufacturing (manufatura enxuta) e den-tro dos rigorosos padrões do World Class Manufacturing (WCM), a nova fábrica re-presenta um grande salto de qualidade e de produtividade. “Vamos eliminar o máxi-mo de desperdício e teremos maior flexibi-lidade no processo produtivo, oferecendo respostas rápidas ao mercado”, afirma Agnaldo Corrêa da Costa, gerente de en-genharia de manufatura da FPT Mercosul. “Se o mercado exigir mais Fiat Uno Mille,

temos perfeitas condições de produzirmos mais motores para o Uno”, exemplifica. Essa agilidade, segundo Costa, significa uma maior capacidade de mudança, que tem feito um grande diferencial para a FPT atender aos clientes.

A nova unidade Fire 2 foi planejada para priorizar a segurança do trabalhador. Por isso, a ergonomia recebeu atenção especial, garantindo maior conforto tanto nos postos de trabalho quanto na logística e no abastecimento dos materiais. “Busca-mos priorizar a segurança dos colabora-dores, ao oferecermos mais conforto nos postos de trabalho. Com isso evitamos que o operador carregue pesos ou faça movi-mentos desnecessários”, explica Costa.

Além de investir no bem-estar e na saúde, a FPT preocupou-se com a capaci-

Ciranni: “Nosso objetivo é alcançar a

produção de 2,5 milhões

de motores e transmissões“

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tação de seus colaboradores. “Investimos mais de R$ 5 milhões em treinamento, en-volvemos as pessoas em mais de 200 via-gens para a Ásia e a Europa e oferecemos mais de 100 horas de treinamento em lean manufacturing”, destaca o gerente de en-genharia de manufatura da FPT Mercosul.

A nova fábrica permitiu, ainda, a abertura de 200 novos postos de trabalho.

eSTruTurACom três linhas de usinagem (bloco

do motor, cabeçote e virabrequim) e três linhas de montagem, a nova fábrica Fire 2 nasce moderna e automatizada. As linhas de usinagem contam com 56 máquinas que realizam processos automáticos de carga e descarga, assim como a adoção de métodos modernos de lavagem e se-cagem com uso de robô na rebarbagem e na lavagem de alta pressão. As linhas com prensas elétricas garantem precisão na implantação de tampões do bloco mo-tor e do cabeçote, enquanto os centros de usinagem oferecem maior flexibilidade na elaboração dos blocos.

As novas máquinas das linhas de mon-tagem realizam o brunimento com acaba-mento slide honing do bloco motor, em vez do acabamento tipo platô. Ou seja, agora, os equipamentos fazem o lixamento cru-zado da parede dos cilindros, assegurando maior precisão de acabamento. Isso reduz a aspereza, favorece a aderência do óleo e diminui o atrito interno, gerando a redu-ção no consumo de combustível e nos ní-veis de ruídos. As três linhas de montagem têm 28 estações automáticas, 12 semiau-

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As cores da FPT na festa de inauguração

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Qualidade e respeito ao meio ambienteA nova unidade Fire 2 atende aos rigorosos padrões da norma ISo TS 169�9, que garante o con-

trole total da produção automotiva em qualidade, confiabilidade e produtividade. A fábrica tam-bém é equipada com sistema computadorizado (SrS) para armazenamento de todos os dados e características dos produtos, o que permite a melhor localização dos motores e a gestão do fluxo de produção.

Avaliações para controle da qualidade serão realiza-das periodicamente, para verificações mecânicas e elé-tricas, auditorias e controle dimensionais. dessa forma, os motores fabricados na nova fábrica estarão em con-formidade com os rígidos procedimentos de fabrica-ção. “Fizemos uma fábrica que permite um processo de evolução e melhoramento contínuos”, conta Agnaldo Corrêa da Costa, gerente de engenharia de manufatura da FPT Mercosul.

Parâmetros ambientais também foram cumpridos pela nova unidade, já certificada com o ISo 1�001. Consciente do respeito ao meio ambiente, a FPT in-vestiu na instalação de um sistema de apuração e filtragem de toda emissão atmosférica proveniente das máquinas da nova fábrica Fire 2. A planta conta, ainda, com sistema de recirculação de água, sensores de luz e cobertura branca com telhas brancas e trans-parentes que priorizam a iluminação solar e reduzem o consumo de energia elétrica. Já o índice de recicla-gem é superior a 90%.

CAPA

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tomáticas, 26 postos de trabalho manuais e duas estações de testes a frio do motor. As linhas são paletizadas, com transferên-cia automática de peças.

A FPT poderá produzir motores Fire, que receberá diversas intervenções tecno-lógicas. Dentre elas estão as mudanças na arquitetura do propulsor – com a adoção de componentes (bloco, bielas e pistões, apenas para as versões 1.0L e 1.2L) para a redução do atrito interno – e no siste-ma de recirculação de água. Além disso, a nova unidade está tecnicamente apta a montar os mais modernos sistemas, como o variador de fase contínuo (CVCP, na sigla em inglês) para a versão 1.4L. Esse com-ponente é inédito em motores pequenos e permite a recirculação de gases de descar-ga internamente. Com isso, o torque do

motor em cargas parciais é controlado de maneira mais eficaz, reduzindo-se as per-das do bombeamento. A adoção desses novos componentes vai proporcionar aos novos motores uma significativa evolução na redução de consumo de combustível e de emissões de poluentes.

CAMPo lArgoA FPT começou também em novembro

a produção de protótipos de motores na fábrica de Campo Largo (PR). Nessa uni-dade serão produzidos motores destinados à exportação e ao mercado interno, com capacidade total para 400 mil unidades por ano. Esta é a fábrica que produzia os motores Tritec, adquirida pelo Grupo Fiat e que passou por transformações para se adequar às novas exigências de produção.

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CAPA

A Comau do Brasil iniciou o desenvolvimento e a produção das linhas da nova fábrica Fire 2 em 2008, quando a FPT – Powertrain Technologies decidiu aumentar sua capacidade produtiva para atender às demandas dos mercados interno e ex-terno. “Quando tivemos a notícia de que iríamos fornecer a linha de usinagem para o cabeçote e as linhas de montagem do Fire 2, o entusiasmo de nossa equipe foi grande. Percebemos que o traba-lho era desafiador”, conta Maurizio Marelli, geren-te da área Powertrain Systems da Comau.

Diversos colaboradores da Comau envolveram-se na construção das linhas de usinagem de cabeço-tes e montagem dos motores Fire da nova unidade. “O desafio era disponibilizar as linhas em prazos extremamente reduzidos para atender às necessi-dades da FPT”, lembra o Delmer Aguiar Cesário, responsável de projetos da Comau. O projeto foi totalmente gerenciado pela Comau do Brasil, mas também teve as participações da Comau Argentina e da matriz italiana. Somente na estrutura brasilei-ra, mais de 35 projetistas com atuação em Enge-nharia Mecânica, Hidráulica/ Pneumática, Elétrica e Eletrônica (Automação) participaram do trabalho, que contou, ainda, com montadores da Comau de diferentes especialidades. “Na linha de montagem Long Block destacamos a inserção de três trechos

continuous moving (com velocidade constante e re-gulável), um novo conceito de montagem”, explica Cesário. Foram aplicados, ainda, 11 robôs Comau de três diferentes modelos. “Sabemos que em cada motor instalado há a nossa contribuição e isto só nos enche, cada vez mais, de orgulho”, salienta Laerte Scarpitta, diretor da Unidade de Negócios Systems da Comau Mercosul.

Na linha de usinagem, a Comau forneceu nove centros de usinagem 1GZ completos com a automa-ção de carga e descarga das peças (portais, sistemas de transporte, sistemas integrados de identificação), assim como uma máquina de montagem de capas de mancal do cabeçote. Todos os equipamentos usados nas linhas foram desenvolvidos com componentes e tecnologia de última geração. “Trabalhamos de for-ma dinamizada, com tecnologias inteligentes, para garantir a melhor qualidade e eficiência dos proces-sos produtivos dos clientes”, ressalta Alejandro Solis, superintendente da Comau Mercosul.

“Foi o maior desafio que enfrentamos até o momento, e o resultado vem certificar que temos condições de desenvolver projetos ainda maiores”, conta Delmer Cesário. “O aprendizado acumulado por todas as equipes de projeto envolvidas será utilizado para aprimorar, ainda mais, os nossos produtos e processos, aumentando as garantias de sustentabilidade do nosso negócio”, completa o também responsável de projetos Iris Gontijo.

Além de construir parte da nova fábrica da FPT, a Comau também ficará responsável pela gestão de ativos industriais do Fire 2, através da Unidade de Negócios Service. Um grupo de profissionais acom-panhou a montagem das novas linhas e passou por treinamentos específicos para a manutenção das mesmas. A previsão é que, no início de 2010, a Comau esteja à disposição para realizar reparos preventivos, preditivos e corretivos. “O fato de termos participado desde o inicio do projeto (co-design) até a instalação, nos propiciou acumular as competências necessárias para gerenciar todos os ativos da nova fábrica. Para esse ganho, foi imprescindível a integração entre as Unidades de Negócios Service e Systems da empresa”, destaca Edson Meneghini, Responsável por Centro de Ne-gócios da Comau.

Comau fornece linhas de montageme usinagem para unidade Fire 2

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Gestores e responsáveis de projetos da Comau ao lado de uma das estações automáticas da linha de montagem motor Fire 2

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AÇÃO

Uma corrida em que a velocidade dos carros não tem tanta importância. Na Maratona Universitária da Eficiência

Energética, o que vale é percorrer a maior dis-tância com o menor consumo de combustível. Realizada em novembro no Kartódromo Ayr-ton Senna, em São Paulo, a sexta edição da prova surpreendeu pelas soluções econômicas, inovadoras e ecológicas e pelo lançamento de uma nova categoria.

As equipes apostaram em materiais alter-nativos, leves e ecologicamente corretos para a construção dos 28 carros (12 a gasolina e 16 elétricos), como fibras de bananeira, bam-bu, garrafas pet e papel jornal. Centenas de

estudantes de ensino superior e tecnológico, que representaram 16 instituições de cinco Es-tados, participaram das competições nos três dias de prova.

Estabelecer marcas eficientes de consumo de combustível é o principal desafio da corri-da. Após conquistar o terceiro lugar em 2008, a equipe da Universidade Federal de Itajubá (MG) apostou na tecnologia, equipou seus car-ros elétricos com motores utilizados em proje-tos aeroespaciais e garantiu a ponta na prova. O protótipo Tesla venceu na categoria elétrico e estabeleceu um novo recorde, com a marca de 39,6 quilômetros percorridos com a carga de uma bateria de moto (12V 4Ah). Na última

edição, mesmo com a bateria mais forte (de 6Ah), o vencedor atingiu 29,9 quilômetros.

José Hamilton Junior, professor da equipe da UNIFEI, destaca que pequenas modificações no protótipo influenciaram no desempenho. “O motor, apesar de similar ao modelo de 2008, é mais eficiente. A estrutura é mais leve e a ca-renagem, mais aerodinâmica”, ressalta. Para o capitão da equipe da UNIFEI, Tiago Leal, o de-safio de otimizar o uso da energia foi superado com êxito. “O desempenho do carro foi muito bom. Esperávamos conseguir bons resultados, mas tamanha diferença para os concorrentes nos surpreendeu bastante.”

A equipe da Universidade Federal de Santa Maria (RS), imbatível entre os modelos elétricos desde a primeira participação, teve seus recor-des quebrados pelos mineiros. Entretanto, os gaúchos surpreenderam ao vencerem na cate-goria gasolina com o protótipo EESM 06, que registrou a marca de 345,5 km/l, bem próximo do recorde da prova (367 km/l), registrado pela Unicamp em 2007. De acordo com Evandro Goltz, capitão e piloto do protótipo EESM 06, o desempenho da equipe poderia ter sido melhor. “Nossa marca seria 30% superior não fossem os problemas no sistema de partida do motor, que ocasionaram perdas de velocidade e afetaram diretamente o resultado obtido”, afirma.

CATegorIA eTAnolNeste ano foi criada a categoria etanol,

disputada paralelamente às competições da Maratona. Três protótipos foram construídos e equipados com motores adaptados para o uso do combustível renovável. Além disso, as car-rocerias foram moldadas com uma nova resina

o importante é pouparenergia e combustívelNa sexta edição da Maratona Universitária da Eficiência Energética, a UNIFEI, de Itajubá (MG), dominou a categoria elétricos, enquanto a Universidade Federal de Santa Maria (rS) venceu entre os protótipos movidos a gasolina. Competição apresentou neste ano categoria dedicada ao etanol.

por rAFAel MArIAnI

CATegorIA gASolInA (unIverSIdAde/ CArro/ ConSuMo)

1 – Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria/rS) - EESM06: 345,5 km/l

2 – Universidade Anhembi Morumbi (São paulo/Sp) - Errba 4: 252,1 km/l

3 – Universidade Estadual de Campinas (Campinas/Sp) - Eco 367: 193,6 km/l

CATegorIA elÉTrICo (unIverSIdAde/ CArro/ dISTânCIA)*

1 – Universidade Federal de Itajubá (Itajubá/MG) – Tesla: 39,6 km

2 – Universidade Federal de Itajubá (Itajubá/MG) – E-Urb: 32 km

3 – Instituto Mauá de Engenharia (São Bernardo do Campo/Sp) – Fênix: 23,5 km

CONFIRA OS RESULTADOS DA mARATONA 2009

* foram utilizadas baterias Heliar HTZ5 de 12V 4Ah (aplicação principal em motos e scooters 125 cc)

vegetal, extraída de mamona, aplicada sobre o tecido. Não houve disputas com marcas e pre-miações para a categoria. Elas serão realizadas a partir de 2010. A apresentação teve como objetivo mostrar para professores e alunos os modelos e a nova tecnologia.

O clima e a grande variedade natural do Brasil favorecem as pesquisas e o desenvolvi-mento no segmento de alternativas verdes para o setor de energia. “Produtos derivados dessas fontes vegetais, como o plástico industrializado a partir do etanol da cana-de-açúcar, são uma grande mostra do quanto ainda temos novida-des a serem exploradas”, destaca o organiza-dor Alberto Andriolo.

A Maratona Universitária da Eficiência Energética é patrocinada há três anos pela Fiat Automóveis e FPT – Powertrain Technologies, já que a iniciativa estimula os universitários no desenvolvimento de novas tecnologias. As uni-versidades que alcançaram o menor consumo energético, em cada categoria, foram premia-das com carros da Fiat para o uso didático. Os terceiros colocados ganharam um conjunto de três motores da FPT, também para uso didá-tico. Com a premiação, as universidades têm acesso às tecnologias mais modernas disponí-veis no mercado.

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EquipeEESM06, deSanta Maria(RS), venceua categoriagasolina

A UNIFEI, de Itajubá (MG),

garantiu a dobrabinha

na categoria elétricos com os protótipos Tesla e E-Urb

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NEGÓ

CIOs Comau expande sua unidade de

negócios Service para a China

A unidade de negócios vai oferecer aos clientes chineses uma maior eficiência dos processos produtivos por meio da gestão global de Ativos Industriais. Foco inicial são os setores automotivo, siderúrgico e de manufatura em geral.

por CArlA MedeIroS

o desempenho notável da Service levou a Comau Mer-cosul a exportar seu modelo de negócio para a Repú-blica Popular da China. A Unidade de Negócios tem

como mais novo palco de atuação Shanghai, a maior cidade chinesa em extensão e um dos maiores centros econômicos do Leste Asiático.

Ao levar sua metodologia inovadora e experiência de 11 anos para o outro lado do mundo, a Comau demonstra estar preparada para conquistar novas oportunidades, por meio de sua área de serviços, que se tornou rentável, ga-nhou visibilidade e credibilidade no mundo e cresce cerca de 15% ao ano.

Oferecer serviços completos de manutenção, desde os projetos de engenharia até a gestão integrada de ativos in-dustriais, é o objetivo da Unidade de Negócios. De acordo com Alejandro Solis, Superintendente da Comau Mercosul, o modelo de negócio baseia-se na missão de melhorar a

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Vista panorâmica de Pundong, principal centro financeiro de Shanghai

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Integração de equipes ajuda a captar clientesA Service na China está em fase de captação de clientes e investe na identificação de oportuni-

dades de negócios. Hiram reis informa que a equipe que atua na Ásia está muito confiante, pois a empresa conseguiu a carta de intenção para iniciar o primeiro contrato e continua negociando outras propostas. “Tudo isso está sendo feito por meio de um trabalho que envolve brasileiros e chineses. em breve vamos mobilizar os recursos desse primeiro contrato de serviços com uma in-dústria chinesa.”

de acordo com José galetto, os resultados dos primeiros meses e do desafio de resgatar e adap-tar o modelo desenvolvido no Mercosul são positivos, graças à perfeita integração das equipes. “o sucesso deve-se ao forte apoio da Comau do Brasil no desen-volvimento do plano de negócio, na preparação das primeiras propostas e no treinamento do time chinês”, afirma. “Além disso, a grande capacidade de assimila-ção e o elevado profissionalismo dos colegas chineses explicam o sucesso da presença mundial da Comau”, destaca galetto.

o envolvimento da área de recursos Humanos foi fundamental. “Colegas chineses estiveram no Brasil, por duas semanas, quando participaram de treina-mentos sobre todas as áreas e processos de rH, pos-sibilitando a eles enfrentar melhor os novos desafios que virão. Além disso, foi uma oportunidade de es-treitar os laços e manter contatos freqüentes”, explica Adriani damazio, diretor de rH Mercosul.

competitividade dos clientes por meio da geração de valor. “Vamos incentivar e pre-parar nossos colaboradores, em todos os níveis, para que sejam solucionadores de problemas”, ressalta. “Iremos nos empe-nhar para transformar a melhoria de pro-cessos em ganhos efetivos para nossos clientes. É do reconhecimento desse ga-nho por parte dos clientes que dependerá nosso crescimento de forma sustentada”, acrescenta Solis.

Na China, a Unidade de Negócios Ser-vice da Comau busca assegurar aos no-vos clientes mais eficiência nos processos produtivos e deve focar suas funções em contratos de Gestão Global de Ativos In-dustriais. Um dos grandes diferenciais da Unidade de Negócios, apontado pelo dire-tor Worldwide da Service, Hiram Reis, é a capacidade de aperfeiçoar os processos

por meio do uso de melhores práticas de-senvolvidas em ambientes diversos. “Uma gestão de alto nível será disponibilizada para uma manutenção profissional, crian-do uma grande sinergia das boas práticas desenvolvidas no Mercosul”, explica Hi-ram. A oportunidade de negócios para a linha de Serviços Especializados em Manu-tenção também será analisada.

Diversos segmentos industriais, como o automotivo, o siderúrgico e o de manu-fatura em geral, são os alvos da Comau. Na avaliação de Hiram Reis, a troca de experiências e práticas entre esses seg-mentos permite uma quebra de paradig-ma e abre oportunidades para um rápido aprendizado.

Após uma análise do mercado local, a Comau identificou que o modelo pode-ria proporcionar resultados positivos às

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companhias chinesas. Segundo Antonio Carlos Bittencourt, do Núcleo de Proje-tos Estratégicos e integrante do grupo que analisou a viabilidade de negócios no país, “há muito espaço para o desenvolvi-mento da Service na China”.

Prova disso é que muitas empresas do país oriental têm mostrado interes-se no trabalho da Comau, uma vez que elas necessitam de uma gestão de ati-vos industriais de classe mundial. “Os conceitos, metodologias e estratégias desenvolvidos e melhorados nos últimos dez anos pela Service são considerados inovadores no mercado”, explica Jose Galetto, responsável Unidade de Negó-cios Service chinesa. “Pretendemos nos tornar o fornecedor número 1 de gestão de ativos industriais no mercado chinês nos próximos dois anos, tendo como base nossos produtos e modelo de ne-gócio já testados com êxito na Comau Mercosul”, completa.

Para Paulus Guimarães, da divisão de Gestão do Conhecimento Comau, a inau-guração na China desencadeou a estrutu-ração da Service Academy, que irá treinar e certificar os profissionais. “A padroniza-

ção na forma de atuar e o compartilha-mento das melhores práticas contribuirão para o negócio da Comau em todos os países onde atua”.

A implantação do modelo de negócio na China passará por poucas adaptações e diferenciações, dentre elas a estratégia de vendas. Algumas parcerias também fa-cilitarão o crescimento da Service na Ásia. Entretanto, os principais desafios a serem enfrentados são a internacionalização do modelo de negócio e as diferenças cultu-rais, sociais, políticas e econômicas, entre a China e os países do Mercosul.

Para a atuação da Service na Ásia, uma equipe de atuação mundial está sen-do formada, para que haja o comparti-lhamento de informações e boas práticas. “Estamos desenvolvendo um processo de certificação para nossos líderes de Centros de Negócios e vendedores, visando criar uma forma de pensar e um conhecimento básico homogêneos”, afirma Hiram Reis. “Cada país terá sua própria organização de Service, respeitando-se, assim, a cul-tura e as particularidades locais e tendo a devida flexibilidade para responder às ne-cessidades dos clientes.”

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GP B

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Máquinas New Hollandem InterlagosDoze manipuladores telescópicos M428, da New Holland, trabalharam intensamente no caótico Gp Brasil de Fórmula 1. Veja os pontos onde os telehandlers estavam posicionados ao longo do circuito de Interlagos, em São paulo.

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No início da prova, o carro do alemão Adrian Sutil, da Force India, atingiu a Toyota do italiano Jarno Trulli. O manipulador telescópico New Holland rapidamente entrou em ação. “É uma descarga enorme de adrenalina, pois em pouco tempo tivemos de tirar os carros da pista”, lembra Nicola D’Arpino, especialista de marketing da New Holland

Sutil e Trulli discutem na

pista, enquanto o telehandler pilotado por

Nicola D’Arpino retira o carro da

Force India

O manipulador telescópico comandado por Paulo Cassimiro retira do S do Senna a Ferrari do italiano Giancarlo Fisichella, durante o treino de classificação

Potência bruta do motor: 120 hp (89 kW)

Capacidade de levantamento: 3629 kg

Altura máxima: 12,74 m

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Muito se fala sobre a importância da Gestão do Conhecimento no atual mundo dos negócios. Ain-

da busca-se uma nova forma de organizar e sistematizar, em todos os pontos de con-tato, a capacidade da empresa de captar, gerar, analisar, traduzir, disseminar, implan-

tar e gerenciar a informação. Na Magneti Marelli, o Projeto Saber, que começou em 2008 na área de engenharia da divisão Amortecedores, na unidade de Mauá (SP), já apresenta bons resultados. Incorpora-do aos objetivos estratégicos da empresa, o projeto-piloto usa práticas da Gestão do

Conhecimento para reunir informações, ex-periências e ideias dos colaboradores.

Duas ações sugeridas foram implemen-tadas e hoje fazem parte da rotina da di-visão Amortecedores. Uma delas criou um conjunto de narrativas (Storytelling) para o processo de Ride Test, um teste que avalia o comportamento do veículo em diversas condições de pisos, para que sejam calibra-das as forças do amortecedor até que se obtenha uma condição ideal de segurança. O engenheiro Ricardo Fioretti, que participa dos processos de Ride Test, percebe a im-portância do projeto na coleta dos dados. “Há uma grande dificuldade em se trans-mitir os conhecimentos envolvidos nesta atividade, pois o relato escrito não é capaz de quantificar a intensidade dos fenômenos percebidos no veículo.”

As narrativas (escritas e em áudio), que estão disponíveis em um portal, com todos os processos referentes ao Ride Test, mostraram-se úteis também na prática de treinamento de novos profissionais. “Os tra-balhos de Ride Test são realizados fora da empresa, nos campos de provas ou locais escolhidos pelo cliente, inclusive no exterior, o que dificulta o acompanhamento por al-guém que esteja sendo treinado para a fun-ção”, explica Fioretti.

Para Mauro da Conceição, responsável pela Gestão de Know-How da diretoria de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da divi-são, o portal tem sido bastante útil para a área. “Trata-se de um trabalho feito majo-ritariamente com conhecimento tácito (ex-periência pessoal), o que torna ainda mais importante o uso de uma ferramenta para armazenar e disponibilizar essa informa-ção.” Assim, a reunião de dados na intranet contribui no mapeamento de informações pertinentes para o desenvolvimento e teste de amortecedores.

O Projeto Saber facilitou a transmissão de conhecimentos na área e o registro de informações colhidas. “É gratificante saber que todo o conhecimento e experiência que acumulamos em anos de trabalho e pes-quisa ficarão registrados e serão úteis para outras pessoas”, comenta Fioretti. “Agora, nosso objetivo é enriquecer continuamente

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projeto Saber gera e compartilha o conhecimento na Magneti Marelliprojeto-piloto conduzido em Mauá (Sp) busca otimizar o processo produtivo e agregar valor aos produtos da divisão Amortecedores.

por JulIAnA gArCIA

este banco de dados com novas informa-ções e experiências, pois se cada trabalho desenvolvido for registrado adequadamen-te e de fácil acesso, preserva-se o conheci-mento como patrimônio da empresa.”

núCleo de geSTãoA criação do primeiro Núcleo de Gestão

do Conhecimento da Magneti Marelli tam-bém surgiu com o Projeto Saber. Formado inicialmente por representantes indicados pelas chefias de cada área de P&D, além de colaboradores das áreas de tecnologia da informação e de recursos humanos, o núcleo será uma estrutura de apoio à co-ordenação, integração e implementação de todas as práticas relativas à geração, retenção, disseminação, compartilhamento, proteção e utilização de conhecimento no âmbito da Diretoria de P&D. Treze colabo-radores atuam no levantamento, armazena-mento e disseminação de informações das áreas de P&D da divisão Amortecedores.

Atualmente, o tema central das reuni-ões se baseia na reavaliação do mapa das práticas de gestão do conhecimento iden-tificadas e recomendadas pelo trabalho de diagnóstico em Gestão do Conhecimento concluído em março. Existe a possibilidade de expansão do Projeto Saber para outros setores. “O projeto nasceu em P&D. Contu-do, assim que for adquirida maturidade em relação ao tema Gestão do Conhecimento, é inevitável que se torne corporativo, uma vez que conhecimento não é de produção exclusiva da engenharia”, ressalta Mauro da Conceição.

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Ricardo Fioretti, engenheiro da Ride Test, realiza testes de amortecedores em diferentes superfícies

Portal reúne narrativas

escritas e em áudio sobre os

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Se cada indivíduo parar para pen-sar onde o ferro se encaixa no seu dia a dia, certamente vai encontrar

inúmeras aplicações. Na estrutura de uma casa, nos eletrodomésticos, em cada peça de um carro ou em outros meios de trans-porte, há uma grande quantidade de fer-ro. Ainda que seus gramas não sejam tão valiosos quanto os do nobre ouro, o ferro é um metal de grande importância e uso diário na vida das pessoas.

Para 27 novos colaboradores da Tek-sid, o ferro tem mais um diferencial: foi por meio do aprendizado técnico da Es-cola Teksid de Fundição que eles ingres-saram na empresa, seguiram passos de pais e familiares, ou obtiveram a primeira oportunidade de trabalho. “Formei-me na primeira turma e fui contratado logo após o curso, como trainee”, conta Clé-ber de Oliveira. “Além de estar muito feliz, realizei o sonho do meu pai, de me ver

trabalhando com ele, que está há 21 anos na Teksid.”

Com apenas 24 anos, Cléber atua com processos de qualidade na linha de molda-gem e prepara-se para o cargo de “Team Leader”, ou seja, “Líder de equipe“. “Assim como Cléber, muitos outros jovens que in-gressaram na empresa via Escola Teksid de Fundição estão dando um retorno tão positivo para suas áreas, que investimos ainda mais em suas carreiras”, afirma a especialista de Recursos Humanos Daniela Barbosa. Segundo ela, além de proporcio-nar uma base para as funções na empresa, cujo elemento central é a fundição, o curso qualifica os participantes para o trabalho em equipe e o desenvolvimento pessoal. “Realizamos o treinamento junto ao Senai, nos moldes do melhor curso de aprendiza-do profissionalizante. As aulas vão desde campos específicos da manutenção, fundi-ção e projeto, até o relacionamento inter-pessoal”, acrescenta.

APrendIzAdo e PrÁTICADesde o início do projeto foram con-

cluídas três turmas – a primeira teve início em 2007. Ao todo, 35 alunos, de 18 a 23 anos, que já concluíram algum curso téc-nico ou profissionalizante na área (para a 1ª turma só exigimos o ensino médio), passaram pelas aulas de teoria e técnica de fundição, além de outros temas, como controle de qualidade e educação am-biental. “As aulas são bem ministradas e direcionadas para o segmento da fundi-ção. Uma vantagem é que temos como professores alguns líderes da Teksid, e as-sim ganhamos em conhecimento teórico e prático e desenvolvimento da prática”, diz Deyvisson Santos, aluno formado na segunda turma. Deyvisson, de 25 anos, atualmente trabalha na Teksid na área de Projeto 6 Sigma (conjunto de práticas que visam a eliminar incorreções em pro-cessos industriais).

“O curso dá ao aluno uma formação voltada para as necessidades específicas da empresa”, destaca Otto Luciano Mol, res-ponsável pela Unidade Operativa Metalur-gia da Teksid e professor da área de pro-

onde o ferro vale mais que ouroEscola Teksid de Fundição qualifica jovens aprendizes para o trabalho técnico e o relacionamento interpessoal. Três turmas se formaram desde o início do projeto.

por rúBIA PIAnCASTellI

cessos de fundição. “Quando o aluno entra, ele já está bem preparado, por isso obtém rápidos resultados.” Otto ressalta, ainda, a particularidade da cultura da fundição, por isso é fundamental uma formação focada em seus processos e características.

Para entender as características úni-cas e a abundância do uso do ferro em diversos segmentos da sociedade e in-dústria, Otto explica: “O ferro fundido tem propriedades que outros metais não apresentam, como ser componente de uma liga altamente fusível, ter fluidez para fazer peças complexas. Além disso, é um produto farto na natureza, cuja ob-tenção é relativamente pouco dispendiosa em termos energéticos.”

Lucas Zappulla, de 20 anos, forma-do na terceira turma, volta no tempo e lembra a influência do ferro na evolução das sociedades. “A partir do momento em que o homem aprendeu a manipular o ferro, trouxe conforto e benefícios para sua vida, como na construção civil e nos transportes.” Para ele, que foi contrata-do pela Teksid e atua na área de Plane-jamento e Controle Industrial, o homem ainda pode desenvolver novos usos para o ferro, “na medida de sua imaginação”. Dessa maneira, Lucas, Deyvisson e Cléber mostram que o homem pode até não ser de ferro, mas que sua vida ainda depende muito do metal.

Cléber deOliveira, daprimeiraturma daEscola Teksidde Fundição,realizou osonho do pai de trabalhar na empresa e prepara-separa ser Líderde Equipe Aluno da

terceira turma,Lucas Zappullafoi contratadopara a área dePlanejamento

e ControleIndustrial

Fotos Ignácio Costa

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o sonho de ser atleta e participar das Olimpíadas parece estar mais próxi-mo de tornar-se realidade para mui-

tos adolescentes brasileiros. A escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 é, sem duvida, um es-tímulo para que centenas de jovens invistam no esporte.

Embalados pelos ventos olímpicos, adoles-centes ítalo-descendentes de todas as partes do Brasil participaram da 18ª edição dos Jogos da Juventude – Giochi della Gioventù, realizados em outubro em Belo Horizonte pelo Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni). O evento teve apoio da PUC Minas, Embaixada da Itália no Brasil, Consulado da Itália em Belo Horizonte,

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Sonhos olímpicos incentivamalunos da Fundação TorinoA 18ª edição dos Jogos da Juventude – Giochi della Gioventù reuniu, em Belo Horizonte, centenas de jovens ítalo-descendentes. A Fundação Torino participou com 30 estudantes, que sonham em disputar a competição mundial em roma, em 2010, e as olimpíadas de 2016, no rio de Janeiro.

por MICHelle leAl

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Salto em distância

Matheus Felipe – 6º lugar

RESULTADOS DA FUNDAçãO TORINO - 1ª ETAPA

no aos alunos esportistas. “Apoiar o Giochi della Gioventù é uma forma de estimular a prática de esportes, proporcionar a integração entre a cultura italiana e a comunidade brasileira, além de favorecer o intercâmbio sócio-cultural e desportivo entre os países”, destaca Peano. “Os Jogos da Juventude também se enquadram no contesto da qualidade de vida e no contexto ecológico e respeito ambiental”, completa.

Após as competições da primeira fase fo-ram selecionados 360 participantes de outros Estados selecionados. A segunda fase, que será realizada no início de 2010 no mesmo complexo esportivo, contará novamente com a participação dos alunos da Fundação Torino no futebol de campo. Apenas os atletas ítalo-des-cendentes vencedores da segunda etapa dos Jogos farão parte da delegação brasileira no evento mundial, em Roma, na Itália.

FuTuroS ATleTASA escolha do Rio de Janeiro como sede

olímpica em 2016 aumentou a empolgação dos jovens atletas, como os alunos da Fundação Torino Daniel Borgatti e Matheus Felipe, ambos de 13 anos. Destaque da natação nas provas de 50 metros borboleta, 50 metros peito e 50 metros livre, Daniel já ganhou diversos com-petições. O adolescente, que também integra a equipe de natação do Minas Tênis Clube, nada desde o primeiro ano de vida. Ele treina de se-gunda a sábado, durante três horas, e acredita que a viagem para a Itália e as Olimpíadas são muito estimulantes. “Poder participar dos Jo-gos na Itália será uma boa oportunidade para nos acostumarmos com competições de nível

Secretaria de Esportes e Juventude de Minas Gerais e da Fundação Torino.

Pelo segundo ano consecutivo, a primeira fase das qualificações para o Brasil reuniu, no complexo esportivo da universidade, cerca de 500 adolescentes de 11 a 14 anos de diver-sas escolas brasileiras. Eles participaram de competições de natação, atletismo e futebol. Além dos atletas de Minas Gerais, também estiveram presentes as delegações do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Santa Ca-tarina e Paraná.

Com o intuito de aproximar jovens ítalo-descendentes da cultura italiana, os Jogos da Juventude resgatam e mantêm a cultura italia-na viva em cada atleta. “Este é um momento esportivo em que jovens brasileiros de origem italiana podem integrar-se com a comunidade brasileira, fortalecendo esse laço entre Itália e Brasil”, afirma Alfredo Apicella, delegado do Comitê Olímpico Italiano no Brasil. “Se nós co-meçarmos na juventude a criar laços sem dis-tinção alguma, teremos um futuro com mais cultura, mais sentimento, mais dedicação ao próximo.”

Para o cônsul da Itália em Belo Horizonte, Bryan Bolasco, há uma estreita relação entre o Brasil e o país europeu. “O Brasil é o país que mais possui ítalo-descendentes. São cerca de 30 milhões de pessoas. É uma ligação muito forte“, destaca o cônsul.

A escolha do Brasil para sediar as Olimpía-das de 2016 fez com que o número de inscri-tos na competição em relação ao ano passado quase dobrasse – de 300 para 500 jovens atletas inscritos. “É um momento importantís-simo para o Brasil. O Rio de Janeiro vai brilhar no mundo inteiro. Sem dúvida, vai ser a mais bela Olimpíadas de todos os tempos”, aponta Apicella.

Participando pelo quarto ano consecutivo dos Jogos da Juventude, a Fundação Torino espera aumentar o número de classificados para a disputa mundial. A instituição levou, neste ano, cerca de 30 estudantes que compe-tiram nas modalidades esportivas. De acordo com o presidente da Fundação Torino, Raffael-le Peano, em 2008, três estudantes da institui-ção fizeram parte da delegação brasileira que disputou os Jogos em Palermo, na Itália. Peano também ressalta o incentivo da Fundação Tori-

internacional, já que em Roma estarão atletas de toda a Europa”, disse Daniel.

Seu colega Matheus, que compete no fute-bol e no atletismo, também tem grandes chan-ces de ser convocado para a disputa mundial. Destaque no atletismo, ele conta que compete há sete anos e, além disto, treina futebol duas vezes por semana. O desejo de representar o país em uma competição olímpica exige dos adolescentes muito suor, esforço, dedicação, determinação, disciplina, perseverança e fé. Assim, os Jogos da Juventude podem ser, para muitos, apenas o começo de um futuro de con-quistas que está por vir.

Para Peano (à direita), Jogos permitem a integração entre a sociedade brasileira e a cultura italiana

Daniel Bogatti já conquistou diversas competições de natação

Matheus Felipe treina futebol duas vezes por semana

Fundação Torino

participou dos Jogos

com 30 estudantes

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A dona de casa Sônia Lúcia Nasci-mento, 53, é uma espécie de he-roína da literatura. Não que seja

famosa por ter escrito algum best-seller ou que mantenha projetos voltados à inclusão de pessoas carentes – como ela mesma, por sinal, que mora na vila Tamanca, pe-riferia de Porto Alegre. Muito menos por ter abocanhado algum prêmio relevante, desses que enchem as páginas dos jornais e servem como chamariz para campanhas educativas e, em geral, edulcoradas.

Avó de três netos, dona Sônia mostrou seu apego à educação quando pegou as crianças num domingo chuvoso, pagou

missão. As crianças, conta ela, pediram durante toda a semana para irem à feira. Conseguiram chegar lá no último dia.

Se casos como o de dona Sônia são raros no cotidiano, eles se multiplicam na Feira do Livro de Porto Alegre – um espaço democrático em que operários, estudantes, poetas, artesãos, executivos, romancistas e andarilhos convivem com absoluta naturalidade. Entre as alamedas coloridas de roxo pela floração dos jaca-randás da praça da Alfândega, local do encontro, é possível esbarrar em gente famosa, como os escritores Luis Fernando Veríssimo e Fabrício Carpinejar, e em ilus-

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A praça é do povo. E dos livrosMais tradicional evento literário de porto Alegre, a 55ª Feira do Livro, realizada anualmente na praça da Alfândega, profissionalizou-se para receber um público eclético, que busca lazer e cultura.

por FlÁvIo IlHA a passagem de ônibus do próprio bolso minguado e levou os pequenos para um passeio na Feira do Livro de Porto Ale-gre, o mais tradicional evento literário da cidade e um dos mais celebrados do Brasil. Silmara, 4, Giovana, 5, e Kelvin, 7, olharam as barracas, manusearam livros, desenharam, comeram pipoca e algodão doce e, de quebra, ganharam historinhas infantis do programa Mais Leitura, manti-do pelo Fundo Nacional para o Desenvol-vimento da Educação (FNDE). “Não tenho como comprar livros para eles”, lamenta a avó, armada de guarda-chuva e com uma expressão de quem cumpriu uma

tres anônimos, como dona Sônia e seus netos. Ou no gaudério Ivo Machemann, 61. Morador de Terra de Areia, a quase 200 quilômetros da capital, o aposenta-do desfila sua pilcha pelas alamedas da feira religiosamente há cinco anos. Não é um leitor, mas o contato com os livros no evento o faz pensar um pouco. “Tem mui-ta coisa bonita aqui. Venho para passear e para passar o tempo, mas sinto uma coisa boa entre tanta gente interessada em cultura.”

A Feira do Livro de Porto Alegre existe há 55 anos. Dizem, mas ninguém comprova, que se trata do maior even-

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Silmara, Kelvin e Giovana ganharam livros com histórias infantis

Feira recebeu 1,4 milhão de

visitantes

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to de livros a céu aberto das Américas. O título não importa. A feira começou modesta na mesma praça da Alfândega, centro da capital gaúcha, em 1954. Eram então 14 barracas que tinham como ob-jetivo aumentar a comercialização dos livreiros numa época do ano de poucas vendas – ela ocorre anualmente entre ou-tubro e novembro. “A feira mudou mui-to, e para melhor”, diz o presidente da Câmara Rio-grandense do Livro (CRL), João Carneiro. A entidade, que congre-ga os livreiros e editores do Rio Grande do Sul, é a promotora do evento desde sua primeira edição. Uma das melhores memórias que Carneiro, 44, guarda das barracas é a solenidade de abertura da edição de 1996, cujo patrono foi o escri-tor Caio Fernando Abreu. “Chovia tanto que a plateia formava um mar de guarda-chuvas”, relembra.

e a multidão de tietes. “É uma média de 100 autógrafos por dia. Na semana passa-da, foram duas horas só para sair da Casa do Patrono”, relata. Insatisfação? Nenhu-ma, diz ele, enquanto atende a crianças, senhoras e adolescentes ao final de mais uma das cerca de dez atividades de cada dia. “Prefiro as delícias da popularidade à sombra do anonimato.”

ToTAL DE LIVroS VENDIDoS 354.892

SESSÕES DE AUTÓGrAFoS 820

pALESTrAS E DEBATES 167

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SESSÕES DE CINEMA 16

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55ª FEIRA DO LIVRO

Hoje a feira, que tem o patrocínio da Fiat Automóveis, ganhou estrutura profis-sional: muitas das alamedas que abrigam as 169 barracas atuais são cobertas. O es-tande de autógrafos, que este ano reuniu nada menos que 820 autores, tem uma presença imponente ao lado do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). A programação inclui palestras, confe-rências, debates, oficinas, apresentações musicais, sessões de cinema. Tem estande de países convidados, romances em brai-le, miniaturas de livros, traduções de idio-mas incomuns (como iídiche, falado por judeus), histórias infantis, tietagem.

É uma festa em meio à população comum que todos os dias cruza a rua da Praia – que na verdade se chama rua dos Andradas – no ponto mais tradicional de Porto Alegre. “É um local para passear, trazer a família, uma oportunidade para as

escolas do interior. Isso aqui é maravilho-so”, esbanja o poeta Fabrício Carpinejar, 37. Com o filho Vicente a tiracolo, ele com-pleta que a feira ainda cumpre o papel de revitalizar o combalido centro da cidade.

De fato, quem vê a movimentação em torno do evento pode se espantar com a grandiloquência dos números. Segundo a CRL, cerca de 1,4 milhão de pessoas passaram pela praça dos livros duran-te os 17 dias da edição deste ano, que se estendeu de 30 de outubro a 15 de novembro. O número é confirmado pela Brigada Militar, responsável pelo policia-mento do local. Foram vendidos mais de 350 mil livros este ano – 87 mil deles nas áreas infantil e juvenil.

Quem não se queixa do batente é o pa-trono da Feira do Livro deste ano, Carlos Urbim. O escritor, 61, sofre para avançar poucos metros entre as barracas de livros

Patrono da 55ª Feira do Livro, Carlos Urbim

autografou uma média de 100 livros por dia

Programação da Feira incluiu

oficinas para crianças

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Em 1936 nasceu um menininho na cidade de São Joaquim da Barra, interiorzão de São Paulo, perto de

Ribeirão Preto. Foi o número sete de uma família de 12 irmãos. O me-nino, de olhos bem azulzi-nhos, passou boa parte da infância na cidade de Guaíra, perto da onde nasceu. A fa-mília era simples, pai mecâ-nico, mãe dona de casa. Em um período de restrições em função da 2ª Guerra Mun-dial, as dificuldades eram muitas e a casa era peque-na. Pequena mesmo! Quarto e cozinha. Sem fogão a gás, geladeira ou rádio. Doze crianças, mais pai e mãe, em colchões de palha de milho com travesseiros de pena de galinha.

O Rolando, desta família de sobreno-me Boldrin, originária de Pádua (Pado-va), na Itália, foi o único que nasceu com o bichinho da arte. Na verdade, o único que se mantém há mais de 50 anos nes-ta função, de cantar e contar o Brasil. Lá

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Com a cara do BrasilComemorando 50 anos de carreira, rolando Boldrin aceita o convite da New Holland e leva país afora a proposta de resgatar o Brasil que existe em todos nós.

por AnA PAulA ConSelvAn

quando tudo começou, o primeiro desafio foi formar a dupla Boy e Formiga com o irmão Leili. Nessa época a família já havia voltado para São Joaquim da Barra e a du-pla formada pelos irmãos tocava na Rádio São Joaquim, com direito a cachê artístico e figurino impecável. O ano era 1947 e Rolando Boldrin tinha 11 anos. O apelido Boy veio da paixão que o pai tinha pelo faroeste americano, combinado os cabelos lourinhos, beirando ao branco, do menino Rolando, que, segundo Sêo Amadeu – o pai – lembrava o William Boyd.

Aos 16 anos, com aquela vontade de seguir seu caminho, Boldrin foi para a ca-pital, São Paulo. Na mala, nada além de uma gravata. “Diziam que sem gravata ninguém vence na capital”, lembra Bol-drin. Aí começava a vida de faz tudo, arru-mando emprego em posto de gasolina de beira de estrada como frentista, sapateiro, garçom, ajudante de farmacêutico... Aos 18 anos veio o Exército, do qual saiu com 19 anos e meio. Era para ter sido antes, mas com todo o reboliço político da época, com o suicídio do então presidente Getúlio Vargas, o tempo do dever com a nação se prolongou um tiquinho.

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Na infância Boldrin ganhou do pai o apelido de Boy e fez dupla com o irmão Leili

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no rÁdIo, nA TelevISão, no CIneMA, no TeATro, nA MúSICA

Foi aos 21 anos que Boldrin decretou: vou ser ator. Na verdade podia ser ator ou cantor, podia ser radioator de novela ou programa humorístico. Com vontade, e muito talento, foi atrás das emissoras fazer testes e mais testes. Conseguiu entrar para o quadro de figurantes da TV Tupi em São Paulo e, de quebra, fazer um teste para cantor. Falando nisso, esse teste como cantor foi um fiasco. Em compensação, o teste para ator de rádio foi um sucesso.

Nessa mistura de rádio e televisão, a pri-

meira novela foi nos anos 60 na Tupi mesmo. O primeiro sucesso das marditas foi com Direi-to de Nascer, novela cubana de Félix Caignet e direção de José Parise. Dali em diante, Boldrin acumulou atuação em 35 novelas. A última foi Os Imigrantes, de Benedito Ruy Barbosa, na TV Bandeirantes, em 1980. Como vantagem, “a memória privilegiada que Deus me conce-dera”, como Boldrin fala, e uma característica diferente dos atores da época. Não impostava a voz, não seguia o padrão de interpretação. Era natural, seguindo um dos pontos mais for-tes de sua personalidade, a simplicidade.

Voltando a falar dos números do seu currí-culo, são muitos discos, hoje CDs, quatro mu-sicais, livros, dois longas-metragens e muitas peças de teatro. No cinema, uma paixão re-pentina, foi premiado nas duas vezes em que se arriscou. Em Doramundo, de João Batista de Andrade, de 1978, conquistou o prêmio de Melhor Ator de Cinema pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Vinte anos depois, em 1998, atuou em O Tronco, do mesmo diretor, e ganhou dois prêmios, o de Melhor Ator Coadjuvante do 32º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e do 10º Festival de Cinema de Natal.

Em 1966 interrompeu temporariamente suas atividades na “caixinha azul” e se dedi-

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cou ao teatro. Começou no TBC com o Grupo Oficina. Passou pelo famoso Teatro de Arena. Naquele momento o país era um caldeirão po-lítico fervendo. Rolando Boldrin não só can-tava o Brasil, mas ajudava a escrever a sua história. No mesmo período vieram os festivais e a arte de compor e cantar. Em 1968 ganhou o festival da TV Tupi com a canção À Minha Moda e ficou entre os finalistas do III Festival Internacional da Canção Popular com o sam-ba Onde Anda Iolanda, gravado recentemente por Zeca Baleiro.

Nas andanças da vida guardou muita coisa na gaveta da memória. Com a natu-ralidade para interpretar e a sensibilidade para ouvir e compor, contar causos virou sua marca registrada. “Conto causos de tipos humanos brasileiros em seus devidos lugares”, diz. Juntando todos essas suas habilidades, nasceram os projetos musicais. O primeiro, de 1981, foi o Som Brasil, na TV Globo. Foram três anos de muito sucesso daquele programa que dava início aos do-mingos ao som de Vide-Vida-Marvada, tema dos seus programas até hoje, onde conver-sava com muita gente boa. Em 1984 foi a vez do Empório Brasileiro, na TV Bandei-rantes. No SBT, em 1989, o Empório Brasil. Em 1997, o Estação Brasil na CNT.

Depois de um longo tempo afastado da te-levisão, a proposta de “tirar o Brasil da gaveta” trouxe Rolando Boldrin para a TV Cultura. O Sr. Brasil, programa premiado, tem um cená-rio cheinho de artesanato sustentável brasilei-ro, criação da produtora e cenógrafa Patrícia Maia, que também é sua esposa. “Minha par-ceira integral”, como ele mesmo gosta de fa-lar. A ideia é tão boa que até virou samba. No Carnaval do ano que vem, Boldrin é o tema da escola de samba Pérola Negra, de São Paulo.

Dentro dessa mesma proposta, o artista aceitou o convite feito pela New Holland, de “resgatar o Brasil que existe em todos nós” e ser parceiro da empresa no projeto Cara do Brasil. Em 2009 – e com espetáculos já agendados para 2010 – pessoas em cidades grandes, e em outras nem tão grandes assim, puderam ver e ouvir as histórias contadas e cantadas por Boldrin. Nessas mesmas cidades, alunos de escolas públicas, em sua maioria em situação de risco, manifestaram a cultura da sua região em oficinas culturais ministradas por arte-educadores. O espetáculo e as ofici-nas culturais integram esse projeto, que tem apoio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministé-rio da Cultura e a bênção deste artista brasilei-ro predestinado a reviver o país em cada canto que passa, há mais de 50 anos.

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O cantor Almir Sater se apresenta no programa empório Brasil, em 1989

Boldrin levou suas

histórias do espetáculo

Cara do Brasil a

Porto Alegre

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MUNDoFIAT�� MUNDoFIAT �9

Após 63 dias em cartaz em Belo Hori-zonte, as exposições O Mundo Mágico de Marc Chagall – o sonho e a vida e

Rodin, do Ateliê ao Museu – fotografias e es-culturas, organizadas pela Casa Fiat de Cultura e a Base7 Projetos Culturais, embarcaram para Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente. As obras, trazidas pela primeira vez ao Brasil, reuniram na capital mineira mais de 121 mil pessoas, somando-se o público visitante das duas exposições.

“A receptividade do público foi imensa e a repercussão na imprensa também demonstrou

a aprovação. O vasto acervo e a inovação das propostas de curadoria mantêm altas as expec-tativas de visitação em São Paulo e Rio de Ja-neiro”, ressalta Maria Eugênia Saturni, diretora da Base7. A museóloga lembra que também é a primeira vez que o público carioca recebe as obras de Marc Chagall. Já os visitantes de São Paulo – onde estiveram algumas obras de Rodin na década de 1990, na Pinacoteca do Estado – podem apreciar o ineditismo da pro-posta da exposição: conhecer, em um grande espaço como o do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), além das obras do artista francês, o registro do seu pro-

cesso criativo, por meio de fotografias de amadores, editoras e profissionais que visi-taram o ateliê, entre 1880 e 1917.

Juntos, os acervos reúnem 546 obras entre guaches, pinturas, gravuras, escul-turas e fotografias – materiais que encan-taram uma média de 1.920 visitantes por dia. Além das exposições, a programação educativa também será realizada pelos dois museus, cada um com propostas diferenciadas e de acordo com as obras. Em Belo Horizonte, 20 mil pessoas pu-deram participar de trabalhos educativos, aprendendo sobre a vida dos artistas e desenvolvendo sensibilidade e olhar críti-co para a arte.

Depois de passar pelo Brasil o acervo com os originais de Rodin serão mantidos em reserva técnica por mais de cinco anos para conservação. Durante esse período, as obras não serão apresentadas ao pú-blico, nem mesmo no Museu de Paris. “A importância da mostra vai além de uma viagem profunda pelas obras de Rodin. O

CuLT

uRA Gravuras de Chagall no rio,

obras de rodin em São pauloApós estreia em Belo Horizonte, as exposições de Marc Chagall e Auguste rodin chegam, respectivamente, ao Museu Nacional de Belas Artes, no rio de Janeiro, e ao Museu de Arte de São paulo Assis Chateaubriand (MASp).

por rúBIA PIAnCASTellI

ineditismo de algumas esculturas, pela pri-meira vez exibidas fora do Museu, também enriquece ainda mais o cenário”, ressalta Maria Eugênia. Além de 194 fotografias, 21 esculturas de bronze e uma de mármo-re complementam a exposição.

Já o mundo mágico do pintor bielor-russo oferece para contemplação no Mu-seu Nacional de Belas Artes, no Rio de Ja-neiro, séries completas de gravuras como Les Âmes Mortes (As Almas Mortas), La Bible (A Bíblia) e Daphnis et Chloé (Daf-ne e Cloé). Algumas têm uma fascinante qualidade cromática, chegando a ter 25 camadas de impressão. “A mostra nos permite vivenciar a magia das composi-ções de Chagall, dotadas de uma palheta surpreendente de cores aplicada sobre os mais variados temas, que permeiam o real e o fantástico, o sonho e a vida”, explica a museóloga. As exposições, que integram a programação do Ano da França no Bra-sil, têm o patrocínio da Fiat Automóveis e copatrocínio do Banco Iveco Capital e do Banco Itaú.

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MASP recebeu esculturas e fotos

do processo criativo de Rodin

Gravuras de Chagall

expostas no Rio de

Janeiro pela primeira

vez

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Mundo Fiat: Que são as mutações do pensamento? Não é da natureza do pen-samento humano a mudança, a constante evolução?Adauto Novaes: Há tempos estamos notan-do que alguma coisa muito séria está aconte-cendo no Ocidente e que não é propriamente

uma crise. Já suspeitávamos que havia uma transformação, uma grande mutação, que ficou mais evidente depois do atentado às Torres Gêmeas em Nova York, em 11 de se-tembro de 2001: aquele foi não o começo ou fim de alguma coisa, mas o emblema de algo muito importante que precisávamos com-

preender. A partir desse ponto, organizamos ciclos de estudos e conferências como o Civi-lização e Barbárie, seguido pelo O Congresso Internacional do Medo, depois O Silêncio dos Intelectuais e O Esquecimento da Política. Fize-mos esse percurso porque já se insinuava que havia uma mutação em curso. Isto é: o Oci-dente não passa por uma crise, mas por uma grande mutação. Na realidade, a modernidade sempre viveu de crise para crise; é isso que per-mitiu a ela dar saltos de qualidade. A mutação é outra coisa: é uma mudança de estado de cada uma das coisas. Por isso estamos fazendo essa tetralogia, que tem a participação da Fiat desde o começo. O primeiro foi o ciclo Novas Configurações do Mundo, como é que o mun-do está sendo reconfigurado a partir de uma grande revolução, uma revolução tecnocientí-fica e biotecnológica. O filósofo alemão Peter Sloterdijk, que participou de maio de 1968, muito ativo, polêmico e conhecido na Europa, diz que, enquanto nós estávamos a pensar na classe operária como uma classe universal que ia fazer a revolução, a grande revolução estava sendo feita sem que nos déssemos conta, que é a revolução tecnocientífica.

MF: Esta não é a primeira mutação do pen-samento. Que outros exemplos históricos podemos citar?AN: O Renascimento foi uma grande mutação. Foi precedido de grandes sistemas filosóficos e políticos e, ao mesmo tempo, foi uma mutação que mergulhou na tradição do pensamento para pensar o futuro. A retomada dos gran-des pensadores da Antiguidade foi o ponto de partida do Renascimento, que se ocupou de, a partir daí, pensar o que iria acontecer, pensar o futuro. A mutação que vivenciamos hoje é muito particular. Não é feita por ideias. É um momento em que estão abolidas as duas maiores invenções da humanidade, que são o passado e futuro, como diz o poeta. A gente não sabe muito bem para onde está indo e não tem a perspectiva que nos sirva de ponto de referência. Então é uma mutação feita pela tec-nociência e não pelo pensamento humanista. Essa é uma hipótese que estamos discutindo. Por isso, realizamos o segundo ciclo, A Condi-ção Humana, para explorar o que é viver nesse novo mundo, e o terceiro ciclo foi Vida, Vício,

Virtude, que trata das mutações dos valores. O quarto ciclo, que acabamos de fazer, fechando a tetralogia, foi A Experiência do Pensamento. Estamos agora planejamento o quinto ciclo, que realizaremos em agosto e setembro, tam-bém em parceria com a Fiat.Newton Bignotto: Esta é uma analogia inte-ressante. Eu concordo que o Renascimento ita-liano foi efetivamente uma mutação. Para nós hoje é fácil dizer isso, porque objetivamente observamos ali o início da Modernidade em vá-rios campos. A peculiaridade do Renascimento é romper, de fato, com o que está próximo, deixar de lado, a ponto de alguns pensadores do Renascimento nem mesmo lerem mais os medievais. A ideia que temos hoje da Idade Média como a idade das trevas é uma inven-ção do Renascimento, mais particularmente do pensador italiano Leonardo Bruni, o primeiro a utilizar esse termo. Ele entende essa separação como um combate entre o passado e futuro, que tem um lugar de encontro que é o presen-te, onde a gente faz a vida. O que é novo agora – e que torna mais difícil pensar o momento presente – é que estamos tendendo a pensar sem o passado como referência. Isso torna pe-rigosa a visão que se constrói do futuro: ao se abandonar o passado, fica um campo aberto para a invencionice, para a futurologia. Diante desse grande e maciço desenvolvimento técni-co-científico, pensar o mundo desconectado da tradição parece abrir um futuro totalmente indeterminado, e é aí que reside a dificuldade de pensá-lo. O risco é confundir pensar com prospectar. Quase que intuitivamente começa-mos a confundir ficção científica com a tarefa muito mais árdua de pensar o tempo presente, porque esta exige elaboração conceitual, exi-ge trabalho. O desenvolvimento está conecta-do com o desenvolvimento da ciência, então é possível prever tendências. Mas não é isso que é pensar. É necessário conciliar a percep-ção de uma tendência da tecnociência com o mundo dos homens que subsiste, que é de fato para quem interessa esse desenvolvimento. É por isso que se trata de uma mutação. Os conceitos da tradição mais imediata, de fato, não dão conta inteiramente da conceituação do que acontece hoje. Da mesma forma, não podemos cair na tentação de confundir o pen-samento com futurologia, uma espécie de in-

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Um mundo sem passado ou futuropor roBerTo BArAldI

o ciclo Mutações é uma das mais importantes iniciativas intelectuais brasileiras, reunindo, sob a curadoria do filósofo Adauto Novaes, grandes nomes do pensamento brasileiro e internacional para debater temas essenciais à compreensão do mundo contemporâneo. Com o patrocínio da Fiat e apoio da Casa Fiat de

Cultura, será realizado no segundo semestre de 2010 o quinto ciclo de debates da série Mutações, que terá como tema central a crença, afinal “o homem é um animal que crê”, como escreveu o filósofo Michel de Montaigne.

Pensador instigante e provocativo, capaz de lotar auditórios pelo país afora para tratar de temas complexos como as novas relações do homem consigo mesmo, com os outros, com a tecnociência e com um mundo em que os conceitos de passado e futuro foram abolidos, Adauto Novaes aceitou o convite para dialogar com o filósofo e pós-doutor Newton Bignotto, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e com o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, que atuou como entrevistador.

O resultado deste diálogo é um valioso conjunto de ideias e observações, que nos levam a refletir sobre o papel da tecnologia, da política e de nós mesmos neste mundo que acredita, acima de tudo, no poder da ciência. Eis os principais trechos:

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Adauto Novaes e Newton Bignotto discutem o papel da tecnologia e da política na sociedade que crê na ciência

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venção ideal de uma realidade que não corresponde propriamente à complexidade do mundo do homem que vai viver num mundo tecnológico. As invenções recentes, como o celular e outros meios instantâneos de comunicação, alteram objetiva e completamente a relação das pessoas. Assim, o desafio é pensar que tipo de relação humana está sendo produzida a partir disso. Isso influencia desde a cadeia produtiva até as esferas do poder e as relações familiares. Temos que ponderar o homem e sua circunstância, que é aberta para o bem e para o mal.

MF: A recente ruptura com o passado das ideias é um rompimento com o humanismo, cuja tradi-ção foi, durante centenas de anos, a grande es-perança da humanidade. Diante das revoluções tecnológicas, principalmente no campo da biolo-gia, cria-se uma zona perigosa de confronto. O humanismo está sendo ignorado?AN: Um tema essencial hoje é a biologização do mun-do. Um texto recente e importante sobre as novas configurações do mundo foi escrito pelo pensador francês Jean-Pierre Dupuy. Ele observa, referindo-se ao trabalho de um grupo de cientistas, que o homem enfim rivaliza com Deus, buscando a própria criação da vida a partir do nada. É uma análise assustadora. Não se trata de condenar a ciência e a técnica, mas de observar que a mesma pesquisa com células-tronco que pode salvar e recuperar vidas, pode permitir também a seleção biológica artificial, contrariando a própria natu-reza humana.

MF: A própria conceitua-ção da vida está em mu-tação?NB: Eu compartilho do temor do abandono do homem. Se voltarmos até o Renascimen-to, vemos que se abandona um certo paradigma, mas se instaura a centralidade do homem. A partir de então, o homem é capaz de produzir seu universo. Mas às vezes nos esquecemos da outra metade de um texto famoso do Pico della Mirandola, um dos filósofos seminais do Re-

mundo comum? Como é que esse mundo comum vai ser decidido, como é que vai ser forjado? O risco é grande: na ausência de fato da política, formas variadas de autoritarismo, extremas ou não, estão ali, podem se instalar. AN: Uma imagem apropria-da para isso é a de um flu-xo. Indivíduos aglutinam-se repentinamente num fluxo, ficam tontos, não se identi-ficam claramente e desapa-recem depois no fluxo. É um movimento contínuo, sem origem, que se dissipa rápi-do e não se consegue identi-ficar. Isso gera um anonima-to, uma ausência do mundo comum, que é o mundo da política por excelência. Entenda-se política como a decisão do que nós vamos fazer juntos.NB: Pensemos na morte do sujeito, isto é, em o homem deixando de ser sujeito da própria história. O desejo de ser sujeito é intrínseco ao desejo de reconhecimento que nós todos temos, que faz parte da nossa humanidade. Nós queremos ser reconhecidos, mas, contraditoriamente, somos empurrados para o anonimato. É como se nós fôs-semos impotentes para produzir o mundo dos pró-prios homens.AN: Essa ideia de anonimato eu a interpreto como sendo a tendência de atribuir a origem das coisas à própria máquina. Na Idade Média, os livros circula-vam muito pouco e a memória era muito poderosa, existia e era cultivada. Hoje a memória foi transferi-da para a máquina, da mesma forma que o passado não tem mais muita importância para o indivíduo. Cria-se assim uma nova subjetividade, uma autoria ligada à própria máquina, como se a internet pudes-se produzir saber.NB: A ideia da autorreprodução da máquina, de que a um momento dado a máquina vai se tornar autônoma em relação ao homem, está muito pre-sente. Nós já passamos a pensar a máquina como se ela fosse autônoma. Culpam-se os carros pelos

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A nascimento, em que afirma que o homem é capaz de inventar a si mesmo e, portanto, pode se transformar num anjo ou numa besta. A modernidade, num certo sentido, apagou esta segunda parte e eu acho que é diante dessa segunda possibilidade que nós estamos agora. Porque quando se inventa um homem pela li-berdade, se inventa um homem na complexidade do ser humano, na sua divisão interna, nos seus dese-jos, nas suas paixões, enfim, na complexidade e nas possibilidades quase infinitas da natureza do homem. Nós estamos correndo o risco de nos inventarmos como bestas. O que quer dizer isso? Sermos puro corpo. Essa ideia do corpo imortal que muitas vezes se dissemina como limite da ciência, é um perigo, pois limita o ser ao corpo, como máquina. Há arro-gância no desejo atual da infinitude: nós sempre de-sejamos a infinitude, mas a desejamos pelo espírito, não pela carne. Agora nós estamos imaginando que a ciência vai tornar infinita a carne e não o espírito. Eis o perigo: uma carne sem espírito. Quando pas-samos a visar o corpo como máquina e como uma máquina de duração infinita, ele se esvazia, porque se trata apenas de estar vivo. O ser é transformado numa quantidade de energia a ser despendida. Es-gotou, acabou.

MF: Isto tem graves implicações políticas...AN: Se multiplicarmos isso, criaremos novas estratifica-ções sociais em que a política desaparece. Aqueles seres artificiais mais bem dotados que a média é que vão domi-nar os menos dotados, e isso poderia ser planejado, no extremo da biologização do mundo. Uma biocracia, em que cientistas, e não a políti-ca, passariam a definir como deve funcionar a sociedade. Esta é a questão que está posta.NB: Uma das características da nossa época é a solidão. O individualismo e o narci-sismo crescentes vão produ-zindo um ser solitário, que se comunica e se relaciona virtualmente. Voltando à política: onde esses seres solitários vão encontrar um

congestionamentos ou aci-dentes, como se fosse pos-sível despregar do homem a produção da sua própria realidade. Isto é preocupan-te, porque essa atribuição de culpa ao outro torna a ação humana sem respon-sabilidade. Estamos perden-do a ideia da máquina como meio. A máquina está-se tornando o fim em si. Para o pensamento clássico, a técnica era o meio para se alcançar a felicidade. Hoje, a técnica tornou-se o fim em si.

MF: Qual a próxima etapa do ciclo Mutações?AN: É um tema que nunca foi muito tratado pela filoso-fia, que é o tema das cren-ças. Michel de Montaigne tem um texto famoso, que diz “o homem é um animal que crê”. A crença vai além do religioso: é construtiva do homem. Sem crença o ho-

mem não existe. Estou tendendo a dividir o conceito em dois campos, a crença ativa e a crença passiva. A crença ativa é aquela no pensamento, na política, nas artes, que levam o homem a pensar naquilo que o Paul Valéry chama de trabalho do espírito, que é a potência de transformar, o espírito como potência de transformação. A crença passiva são as supers-tições, o hábito, o costume. Trata-se, portanto, de discutir a questão fundamental das religiões, a cren-ça na política e principalmente a crença na ciência e na técnica que tudo podem e resolvem. O tema é fundamental porque não há que contrapor razão e crença. Não são excludentes. NB: A própria ciência passa a ser uma fonte de cren-ça, porque ela começa a criar modelos de concepção do mundo a partir da sua interioridade. É claro que a prática científica tem um rigor interno que não pode ser rompido, senão não vai produzir nada. Esse rigor é essencial à produção científica e à técnica, mas não substitui a filosofia na compreensão da integralidade do nosso comportamento. É isso que será debatido no próximo ciclo de Mutações.

“o individualismo e o narcisismo crescentes vão produzindo um ser solitário, que se

comunica e relaciona virtualmente.”

“Hoje a memória foi transferida para

a máquina, da mesma forma que o

passado não tem mais importância para o

indivíduo.”

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Da Itália paraas montanhasde MinasA influência da imigração italiana na construção de uma nova Minas Gerais e a história, a cultura e as principais contribuições dos imigrantes foram discutidos em seminário promovido em Belo Horizonte.

por AnA PAulA SoAreS

Minas Gerais, escondida entre as montanhas, tem boa parte da sua trajetória marcada pela presença

italiana. Pode surpreender muita gente, mas as estatísticas mostram que 30% da popula-ção de Belo Horizonte tem origens italianas, contribuindo para fazer do Brasil o país com a maior população mundial de ítalo-descenden-tes, com 30 milhões de oriundi.

Para se ter uma ideia da relevância da colonização italiana, só em Belo Horizonte, a Santa Casa de Misericórdia, o Hospital Felício Rocho e a sede da Prefeitura foram constru-ídos e projetados por imigrantes italianos. Tudo começou com a construção da capital mineira, em 1897. Nessa época, falava-se de Minas Gerais na Itália como terra de oportuni-dades de trabalho no Brasil. Milhares de italia-nos foram atraídos pelo sonho dourado e en-contraram na capital, e também no interior do Estado, a chance de recomeçar a vida. Com isso, eles deram significativas e inconfundíveis contribuições, que marcaram, por exemplo, o estilo de construção da capital mineira.

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Com o objetivo de resgatar a trajetó-ria de vida e de trabalho dos imigrantes italianos, além de traçar novos caminhos da relação entre os dois países, brasileiros e italianos se reuniram em Belo Horizonte no mês de novembro, para um encontro de cultura, conhecimento e muita emoção. Ao longo de sete dias, eles participaram do V Seminário sobre a Imigração Italiana em Minas Gerais, que teve o patrocínio da Fiat Automóveis.

Os participantes contaram com uma programação intensa de palestras e de atividades paralelas, como mostra foto-gráfica feita pelo Centro de Memória do Sistema Fiemg. A professora Lígia Maria Leite Pereira, da UFMG, expôs a influência dos imigrantes em toda a capital para o desenvolvimento do Estado. Ela ressaltou a importância da chegada do Grupo Fiat. “Além de a Fiat ser a primeira fabricante de veículos que se instalou em Minas Gerais, ela foi fundamental para o movimento in-dustrial local. Podemos dizer que nos anos 1970 Minas Gerais viveu seu ‘milagre’ porque houve uma política de atração de empresas para o Estado e de atração do capital estrangeiro.”

O cônsul da Itália em Minas Gerais, Bryan Bolasco, disse que Belo Horizonte é uma cidade impregnada com a Itália pela sua história de imigração. “Os italianos acompanham a história e a construção da cidade desde o seu início. Não só pelos muitos edifícios que foram projetados por italianos, mas também por outras marcas, como o bairro Savassi, sobrenome de fa-mília de origem italiana.”

Em sua palestra, o deputado Fábio Porta, que representa os cidadãos italianos que vivem no exterior no Parlamento italia-no, afirmou que as relações políticas entre os dois países são boas devido à presença dos italianos no Brasil, inclusive nas insti-tuições. “Temos muitas pessoas de origem italiana que hoje são ministros, deputados e parlamentares. Acredito que esse vínculo é importante tanto no desenvolvimento do Brasil quanto no desenvolvimento da Itália, e acho que o Brasil talvez seja o nosso par-ceiro mais interessante.”

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Segundo Porta, a imigração italiana no Brasil é a maior presença de ítalo-descen-dentes fora da Itália. Para ele, isso é mais uma razão para melhorar a relação entre as duas nações, não somente na vertente cultural, mas também econômica e social. O deputado lembrou, ainda, que o semi-nário é o maior evento sobre a história da imigração e presença italiana no Brasil. “Essa é uma oportunidade de reunir os principais especialistas das universidades italianas e brasileiras, além de interagir com a comunidade de italianos, comitês e associações para elaborar políticas e proje-tos mais concretos para a valorização dos italianos do Brasil e de Minas Gerais.”

Antropólogo estuda comunidades no Estadoo antropólogo italiano Alessandro Simonicca está estudando as

comunidades de ítalo-descendentes existentes em Minas gerais. o objetivo é identificar a forma como essas comunidades se instalaram e se integraram no território, além de descobrir o sistema de vida so-cial dos imigrantes para saber como eles vivem e o que pensam.

A pesquisa surgiu devido à complexidade da história da imigração italiana em Minas gerais. o estudo foi aprovado e financiado pelo Mi-nistério dos negócios estrangeiros (Mne) e faz parte de uma missão etnológica do Ministério Italiano do exterior sobre a imigração ita-liana em Minas gerais. A participação de Simonicca em dois eventos realizados no estado foi decisiva para o fortalecimento da pesquisa. “em ambas as ocasiões, ficou claro o objetivo de identificar Minas gerais como espaço etnográfico da missão.”

Ainda de acordo com o antropólogo, a pesquisa levará muitos anos para ser concluída, já que a condução do projeto requer o uso de uma metodologia de grande alcance. Assim, o estudo irá utilizar a metodologia da observação participante e documentação etnográfica da vida das comunidades locais. Pesquisadores já começaram a estu-

dar as comunidades de Poços de Caldas e Machado, no Sul de Minas gerais, e têm o interesse de ampliar o estudo para outras comunidades, como Mariana, ouro Fino e São João del-rei.

O Museu Nacional da Emigração Ita-liana, com sede em Roma, foi inaugurado no dia 23 de outubro de 2009. Construí-do em apenas seis meses, o museu tem o objetivo de resgatar e preservar a história da emigração italiana, democratizando o acesso à informação histórico-social.

Segundo Lorenzo Prencipe, diretor do Centro Migratório de Roma, “o museu é capaz de preservar a democracia e a cultu-ra e transmitir valores para a sociedade de hoje.” O museu oferece um olhar dinâmico aos seus visitantes. O espaço é interativo. O visitante tem acesso a filmes, testemunhos em áudio, fotografias, jornais e revistas do século XIX e do começo do século XX, além de acervo de documentos e bibliote-ca relacionada ao tema.

De acordo com Prencipe, o maior de-safio atualmente do museu é estabelecer um elo de compreensão entre o passado,

Museu resgata memória da emigração italiana

o presente e o futuro dos italianos. “O pas-sado é a própria história dos emigrantes. O presente é a imigração e o futuro é uma so-ciedade italiana que se torna cada vez mais multicultural”, conclui. O museu se propõe a estabelecer relações de colaboração com os organismos e instituições internacionais para levar em outros lugares detalhes da história e da cultura italianas.

Lígia Pereira, professora da UFMG

Fábio Porta, deputado do Parlamento Italiano

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o reconhecimento da importância de se investir na formação de jo-vens para o mercado de trabalho

permitiu que a Fiat Automóveis expandisse o programa Árvore da Vida – Capacitação Profissional para três novas cidades. Foram

o programa acontece em Belo Horizonte há três anos e já formou quatro turmas em diferentes áreas do setor automotivo. Em São Paulo, atua desde 2008 e acaba de ini-ciar a sua segunda turma. Os cursos têm, em média, dez meses de duração, com au-las diárias em período integral. Os alunos recebem gratuitamente uniformes, alimen-tação, material didático e transporte. O programa conta com a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SE-NAI), do Instituto para o Desenvolvimento Organizacional (ISVOR) e da Rede de Con-cessionárias Fiat. O SENAI é o responsável pelas aulas, professores e pelo espaço físi-co onde ocorrem os treinamentos.

O curso de eletromecânica permite que o aluno tenha a oportunidade de ad-quirir conhecimentos específicos e práticos no setor automotivo. Além de português, matemática, cidadania e informática, são dadas aulas de metrologia, eletricidade e eletrônica e os diversos sistemas em que o veículo é dividido. Nas aulas práticas, os jovens passam por situações cotidianas de um mecânico, em que buscam as soluções para as mais diversas realidades da pro-fissão. Eles também vivenciam o trabalho em concessionárias parceiras, podendo, ao final do curso, ser efetivados.

De acordo com Marco Antônio Lage, diretor de comunicação corporativa da Fiat Automóveis, a partir da experiência, maturidade e consolidação do programa, a empresa enxergou a oportunidade de iniciar turmas em outras cidades. “É um programa em que todos os lados saem ga-nhando. Os jovens, por conseguirem uma capacitação que lhes garante uma vaga no mercado de trabalho; e as concessionárias Fiat, que incorporam ao seu quadro de funcionários profissionais altamente quali-ficados”, explica.

Para a triagem e seleção dos jovens, o programa contou com parceiros locais como o Movimento Pró-Criança, em Re-cife; a Rede Salesiana de Ação Social (CE-SAM), em Brasília; e o Instituto Salesiano de Assistência Social, em Curitiba. O pro-cesso seletivo foi dividido em três etapas: a primeira com provas de português, ma-

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A programa de Capacitação oferece oportunidadesem mais três cidadesApós formar e empregar jovens em Belo Horizonte e São paulo, o programa Árvore da Vida – Capacitação profissional amplia sua atuação para Brasília, Curitiba e recife.

por JulIAnA gArCIA

temática e redação; a segunda com teste psicotécnico; e a terceira com dinâmica de grupo e entrevista.

Quando Willian Marques da Cruz, de 19 anos, soube das vagas oferecidas pelo programa na capital paranaense, ele vis-lumbrou uma oportunidade que não po-deria ser perdida. “Sempre me interessei por assuntos relacionados a automóvel. Como o programa é voltado para o setor automotivo e ainda alia formação com a possibilidade de emprego, achei bem in-teressante e uma excelente oportunidade”, conta o jovem, que concluiu o ensino mé-dio há dois anos. “Fiquei muito feliz quan-do soube que fui aprovado no teste de se-leção e que participaria do programa. Isso aumenta nossa autoestima e nos permite criar novas expectativas de vida.”

Pedro Henrique, de apenas 18 anos, está terminando o ensino médio e já tem planos após concluir os estudos. Ele se inscreveu no Movimento Pró-Criança, na capital pernambucana, e foi aprovado para o curso de eletromecânica. Enquanto aguarda o início das aulas, Pedro diz que o programa é importante para que ele e outros jovens ingressarem no mercado de trabalho. “Fiquei surpreso e feliz quando soube que, dos 80 concorrentes e 20 se-lecionados, fui um dos escolhidos”, con-ta o adolescente. “Agora, vou me dedicar muito, me especializar nessa área, para ter a chance de ser empregado em uma das concessionárias da rede Fiat. Fico muito agradecido por essa possibilidade.”

abertas, ao todo, 53 vagas para o curso de eletromecânica, sendo 20 para Recife, 15 para Brasília e 18 para Curitiba. As aulas inaugurais ocorreram nos dias 03, 12 e 16 de novembro, respectivamente.

Destinado a jovens entre 18 e 22 anos,

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Vinte jovens participam do programa em Recife

Alunos aprendem o ofício na teoria e na

prática

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As batidas e vozes dos jovens do Pro-grama Árvore da Vida – Jardim Te-resópolis extravasam as paredes das

salas de aula e são eternizadas no CD infantil Árvore da Vida apresenta A Zeropeia. Adap-tação da obra escrita pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o trabalho é resultado da união entre forma e conteúdo, trabalhados pelos jovens integrantes dos grupos de canto e percussão do núcleo socioeducativo do pro-grama, além de músicos convidados.

Todos os anos os jovens preparam um es-petáculo de fim de ano, em que mesclam as oficinas de canto, dança e percussão. Como neste ano o Árvore da Vida completa cinco anos, surgiu o desejo em registrar o desen-volvimento e empenho desses jovens com as oficinas, através de um produto que, ao mes-mo tempo, trabalhasse os conceitos e valores discutidos com eles. E por isso, valores como tolerância, diversidade, aceitação, autoestima e auto-valorização foram trabalhados com os jovens durante a produção do CD. Para Alfre-do Raimundo Maciel, há três anos no grupo de percussão, a produção do CD trouxe no-vos estímulos aos participantes: “Desde que comecei no Árvore da Vida me interessei pela

áRVO

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A CD marca aniversário decinco anos do programaJovens participantes do núcleo socioeducativo gravam álbum, que traz obra literária infantil escrita pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho).

por JulIAnA gArCIA

CDs para os leitoresos leitores da revista Mundo Fiat podem receber um exemplar do CD Árvore

da Vida apresenta a Zeropeia, obra escrita pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho), adaptada por músicos mineiros e interpretada pelas vozes e per-cussão dos jovens artistas do Programa Árvore da vida – Jardim Teresópolis. Para receber o Cd basta solicitá-lo pelo email [email protected].

MUNDoFIAT 71

música e em aprender novos instrumentos, mas algo diferente despertou em mim quando soube que gravaríamos um CD”, conta o jo-vem de apenas 15 anos. “Fiquei agitado, mais dedicado e até aprendi novos instrumentos para poder tocar em quantas músicas fossem possíveis”, descreve.

Jenny Oliveira Rodrigues, de 12 anos, faz parte da oficina de canto desde fevereiro e já reconhece no programa uma oportunidade de desenvolvimento pessoal por meio da melho-ria da auto-confiança e do desempenho esco-lar. “Sempre gostei de cantar, mas como era muito tímida, tinha vergonha e não sabia se iriam gostar. Hoje meu professor de canto me ensinou como usar a minha voz e não consi-go me imaginar fazendo outra coisa. Adoro o que faço e acredito que as pessoas também gostam”, comenta.

Como membro da oficina de canto, Jenny conta que pôde fazer novas amizades e até melhorou seu comportamento na escola: “Melhorei muito na escola porque comecei a me sentir mais interessada em aprender coisas novas. Depois eu posso contar o que aprendi para todo mundo que conheci no programa.”

ConHeCendo A zeroPeIA O CD Árvore da Vida apresenta A Zero-

peia é fruto da união da obra de Betinho ao programa e trouxe uma nova percepção aos jovens sobre suas potencialidades, conquistas e caminhos. Escrita em 1999 pelo sociólogo e adaptada por músicos mineiros, o álbum conta a jornada de uma centopeia que, ao se deixar influenciar pelos palpites de outros bi-chos, vira uma zeropeia (uma centopeia sem pernas). Um conto infantil com uma mensa-gem às crianças, para que não deixem de se ser elas mesmas, com suas próprias ideias. Durante a trama, valores como tolerância, diversidade, descoberta, aceitação e valoriza-ção são trabalhados numa dinâmica divertida e emocionante.

O CD foi gravado no Estúdio Via Sonora, com a parceria do músico Flávio Henrique, entre julho e agosto e possui, além da própria historinha, nove faixas interpretadas pelos jo-vens artistas do Árvore da Vida.

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Entre carros, buzinas, anúncios, faróis, ruídos, poluição; reuniões de condomí-nio ou de trabalho; falta de tempo, falta

de paciência; pouco tempo para dormir, pou-co tempo para conviver. No mundo moderno em que vivemos entre caras preocupadas e muita correria, gentileza vira artigo de luxo. Não é fácil viver numa metrópole com mais de dois milhões de habitantes. Por mais que iniciativas existam, é necessário primeiro que as pessoas relembrem e pratiquem seu papel

de cidadão e contribuam com ações e gestos, grandes ou pequenos, que ajudem a melhorar a vida em sociedade.

Pensando nisso, a Fiat Automóveis, a Rá-dio Itatiaia – uma das mais tradicionais emis-soras de Minas Gerais, cuja programação se destaca em jornalismo, esportes e prestação de serviço – e a Unimed-BH criaram o projeto Pratique Gentileza, cujo objetivo é produzir, até setembro de 2010, uma série de repor-tagens e entrevistas incentivando a prática de

Eu pratico gentileza. E você?A Fiat Automóveis, a rádio Itatiaia e a Unimed-BH se uniram no projeto social pratique Gentileza, que promoverá, até setembro de 2010, uma série de reportagens e ações de conscientização para o convívio mais harmônico das pessoas.

por MICHelle leAl

ações que proporcionem um convívio mais harmônico e humano entre as pessoas, nas mais diversas situações do cotidiano.

De acordo com Carlos Rubens Doné, dire-tor comercial da Rádio Itatiaia, a ideia do pro-jeto surgiu em fevereiro durante um almoço. A iniciativa, que tem como slogan “Pratique Gentileza. Eu pratico, e você?” tomará vida pelas ondas da rádio. Entrevistas, programe-tes educativos, ações promocionais nas ruas, mobilizações e publicação de cartilhas tam-bém fazem parte da iniciativa.

As cartilhas bimestrais terão uma lin-guagem leve e acessível, tratando de temas como violência, saúde e bem-estar, trabalho, meio ambiente, educação e desafios do trân-sito. Cada edição terá tiragem de 4 mil exem-plares, que serão distribuídos gratuitamente nas ações de rua em Belo Horizonte e região metropolitana.

Segundo Marco Antônio Lage, diretor de comunicação da Fiat, a condução do projeto pela Rádio Itatiaia é uma importante manei-ra de levar a ideia a todos os cidadãos, inde-pendentemente de classe social, escolaridade ou credo. Assim, a mensagem de gentileza ultrapassa barreiras, cria uma cultura de ci-dadania e melhora a qualidade de convivência do homem com o espaço urbano.

Para Helton Freitas, diretor-presidente da Unimed-BH, também patrocinadora do pro-jeto, ações de responsabilidade social como o Pratique Gentileza são de grande importância para a formação de uma consciência mais humana. “Quando discutimos a promoção da saúde, prevenção de doenças, estamos tam-bém falando de cidadania, de uma sociedade mais saudável em todos os aspectos”, explica. “Se falarmos de limpeza urbana, falamos de saúde; se falarmos em como diminuir a vio-lência, falamos em saúde. É por isso que a Unimed-BH se une a este projeto e parabeniza a Itatiaia e a Fiat pela iniciativa”, completa.

Ainda sobre a parceria com a Unimed-BH, Lage conta que é importante que cada vez mais empresas públicas e privadas se unam em prol de causas sociais. “Este projeto não tem fronteira, ele começa aqui, mas não tem fim. Sua continuidade se dá por meio da par-ticipação de empresas, cidadãos, assim como também de veículos de comunicação.”

Os temas discutidos no Projeto Pratique Gentileza têm espaço diário na Rádio Itatiaia com informações variadas e entrevistas com convidados. A Itatiaia é sintonizada na frequ-ência 95,7 FM e 610 AM.

lAnçAMenToO Parque Municipal, no centro de Belo

Horizonte, foi palco do lançamento do Pra-tique Gentileza. O evento, que contou com a presença do prefeito da capital mineira, Márcio Lacerda, foi transmitido ao vivo pelo programa “Chamada Geral”, da Rádio Itatiaia, conduzido pelo jornalista Eduardo Costa.

Na avaliação do prefeito, há uma tendên-cia nas grandes cidades de que, com o ritmo acelerado, as pessoas fiquem mais irritadas, estressadas e menos preocupadas com pe-quenos gestos de gentileza. Para Márcio La-cerda, o incentivo à prática da gentileza é um grande passo para fugir dessa tendência e, sem dúvida, melhorar a qualidade de vida.

Ainda segundo o prefeito, os objetivos do projeto são semelhantes aos do Movimento Respeito por BH, criado pela prefeitura da ci-dade. “Uma iniciativa como essa é fundamen-tal. É sempre gratificante contar com o apoio de outras instituições nas questões da cidade. Todo o projeto que proporcione uma cidade melhor para se viver é digno do nosso apoio e da nossa participação”.

Iniciativas como o Pratique Gentileza e tantas outras fazem com que a tão sonha-da boa convivência saia da ideologia e tome as ruas. Como dizia José Datrino, o Profeta Gentileza, que escrevia mensagens de espe-rança por um mundo melhor nas pilastras do Viaduto do Caju, no Rio de Janeiro: “Gentile-za gera gentileza.”

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Projeto foi lançado no Parque Municipal, em Belo Horizonte

Para o prefeito Márcio

Lacerda (à esquerda),

a prática da gentileza

melhora a qualidade

de vida

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o Grupo Fiat realizou, em novembro, o I Seminário de Sustentabilidade, um mar-co para o alinhamento dos conceitos e

práticas nas empresas do Grupo. Os palestrantes Fernando Almeida e Sérgio Abranches debate-ram os desafios do desenvolvimento sustentável, nas vertentes econômica, social e ambiental.

“Sustentabilidade é um conceito que vai muito além de produzir com responsabilidade socioambiental. Envolve um processo ininter-rupto de avaliar, reconhecer e prevenir riscos, de identificar pontos que podem ser aprimorados em todos os processos produtivos e de quali-dade”, disse Cledorvino Belini, presidente do Grupo Fiat para a América Latina, na abertura do evento. Belini também demonstrou a impor-tância das práticas sustentáveis no desempenho

econômico. “A estratégia econômica deve contri-buir para o desenvolvimento econômico e social sem exaurir os recursos para o futuro, fazendo das práticas sustentáveis um elo entre o agora e o amanhã.”

O evento mostrou ações concretas que o Grupo Fiat tem para disseminar questões de sustentabilidade a todos os seus colaboradores. “Na construção do desenvolvimento sustentá-vel, é essencial compartilhar conceitos, crité-rios, práticas, resultados e perspectivas, a fim de consolidar a cultura de sustentabilidade e difundi-la de modo abrangente”, disse Marco Antônio Lage, diretor de comunicação corpo-rativa do Grupo Fiat do Brasil. “Mais do que marketing para a empresa, sustentabilidade é transparência e diálogo.”

O seminário reuniu cerca de 200 partici-pantes e os principais dirigentes do Grupo Fiat no Brasil. Os debates trouxeram dois temas centrais: Os desafios da sustentabilidade, apre-sentado pelo engenheiro Fernando Almeida, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds); e Nossa responsabilidade (in)comum, ministrado pelo cientista político, pesquisador sobre eco-política e comentarista da Rádio CBN, Sérgio Abranches, comentarista da rádio CBN.

Para Almeida, é cada vez mais visível a per-cepção de que o desenvolvimento econômico está atrelado a uma visão sustentável por parte das empresas, não apenas pelas questões am-bientais, mas pelas cobranças do próprio clien-te. “Os clientes hoje querem contribuir com a sustentabilidade e sentem que contribuem quando adquirem um produto de uma em-presa que compartilha desta visão e produz de modo sustentável”, explica. Segundo ele, os consumidores hoje são “bem informados, globalizados e verdes”, o que aumenta ainda mais a responsabilidade da empresa em am-pliar suas ações sustentáveis.

Já Abranches mostrou como a adoção, pelas empresas, de novos padrões ambientais é essencial no atual cenário mercadológico. “Existe uma forte pressão interna e externa a mudanças do desenvolvimento sustentável. As empresas têm que se adaptar a essas mudan-ças o quanto antes”, recomenda. Para ele, as ações rumo à sustentabilidade não devem se concentrar apenas dentro da empresa, é pre-ciso ir além. “Não vale pensar só na sustenta-bilidade interna da organização. Todo o ciclo produtivo deve ser alterado”, disse Abranches.

Ele acrescentou que cabe a esta geração mudar as formas de produção e de consumo. “A urgência climática do século XXI redefiniu a natureza do desafio da sustentabilidade. É um problema radicalmente global, de modo que o que fazemos aqui irá repercutir em todo o pla-neta”, ressalta. “Tudo isso exige muita inovação tecnológica, altos investimentos, excelência em comunicação e transparência”, acrescenta

As necessidades de inovação tecnológica e de novos investimentos para o desenvolvimen-to sustentável foram apresentadas por Almei-da como uma oportunidade para a empresa. “Existe um custo financeiro para se adequar às

o caminho da sustentabilidadeDirigentes do Grupo Fiat do Brasil debateram os desafios do desenvolvimento sustentável com os palestrantes Fernando Almeida e Sérgio Abranches, em seminário para alinhar conceitos e práticas.

por JulIAnA gArCIAmudanças necessárias, mas que deve ser vis-to como um investimento. A empresa deixará de gastar muito com outras coisas depois da mudança que, em breve, se tornará essencial para a sobrevivência no mercado”, enfatizou. “Além disso, a nova postura altera a imagem da empresa, melhora a percepção da marca e agrega valor a ela.”

Tanto Almeida quanto Abranches demons-traram que o processo de desenvolvimento sus-tentável é uma prática que exige disciplina, pla-nejamento e superação. “O mundo corporativo precisa de lideranças sustentáveis, o que não é fácil, mas necessário”, afirmou presidente do Cebds. O Grupo Fiat mostrou-se seu propósi-to de dar respostas aos desafios que existem à frente e continuar a caminhar rumo à susten-tabilidade. “A construção da sustentabilidade é um caminho de superação e, portanto, jamais termina”, afirmou Belini.

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Engenheiro Fernando Almeida, presidente do Cebds

Sérgio Abranches, cientista político e comentarista da Rádio CBN

Seminário na Casa Fiat de Cultura reuniu cerca de 200 convidados

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FIAT lIneA CHegA Ao uruguAI

um evento bastante requintado, com coquetel, apresentação de acrobacias aéreas em tecidos e almoço, marcou a chegada do Fiat linea ao uruguai. Cerca de 160 convidados participaram do lançamento do sedã médio, re-alizado no lindolfo restaurant y Teatro, em Montevidéu. o Fiat linea disponível no mercado uru-guaio possui motor 1.9 16 vál-vulas, vidros elétricos, direção hidráulica e freios ABS. Como op-cionais, oferece câmbio automá-tico dualogic, Blue&Me e até seis air bags, entre outros itens.

vISITA de JornAlISTAS e IMPorTAdoreS

Cerca de �0 jornalistas e importadores da Améri-ca latina e Caribe visitaram em outubro a planta da Fiat Automóveis em Betim (Mg). eles parti-ciparam do lançamento da picape Fiat Strada Adventure doble Cabina e conheceram toda en-genharia da Fiat. Também estiveram no Centro estilo América latina e nos laboratórios de mo-tores e de emissões da FPT Powetrain Technolo-gies. o gerente comercial da divisão Powertrain da Magneti Marelli, eduardo Campos, apresen-tou aos convidados a tecnologia flex da Marelli, enquanto João Irineu Medeiros, diretor de en-genharia de produto da FPT Mercosul, mostrou tecnologias do futuro como ddCT, MultiJet II, motor híbrido e motor bicilíndrico. Já Peter Fas-sbender, gerente do Centro estilo, e giancarlo Bertoldi, diretor de engenharia América latina, apresentaram aos convidados as áreas de de-sign e engenharia da Fiat, respectivamente. os visitantes puderam, além do Fiat Strada doble Cabina, dirigir os protótipos Pálio Weekend elé-trico e Fiat Concept Car II (FCC II). no evento, ainda puderam provar linea e Punto T-Jet, além do Fiat �00. Ao final, assistiram ao grande Prê-mio Brasil de Fórmula 1, em São Paulo.

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Ação de MArKeTIng PreMIAdA

A Fiat linea Competizione, prova de automobilismo apoiada pela Fiat Auto Argentina, recebeu o Premio Mercurio, na categoria entreteni-mentos, concedido pela Associação Argentina de Marketing (AAM), por sua ação de marketing de lan-çamento do Fiat linea. o case me-receu atenção especial dos jurados por canalizar a paixão de um grupo de empresários e executivos que participam como pilotos amadores, e por dar visibilidade ao modelo top de linha da Fiat.

neW HollAnd nAPATAgônIA ArgenTInA

A empresa Automotores Fiorasi y Corradi inau-gurou sua nova unidade em esquel, na Patagô-nia argentina. o evento teve demonstrações de máquinas como a pá carregadeira W1�0B, a re-troescavadeira B9�B e a motoniveladora g200. A distribuidora new Holland na Argentina promo-veu jornadas de capacitação e atualização sobre a oferta de produtos para técnicos, equipe de vendas e clientes.

FoToJornAlISMo ArgenTIno PreMIAdo

A sede da Associação de repórteres gráficos da re-pública Argentina (ArgrA) recebeu a cerimônia de entrega do Prêmio new Holland de Fotojornalismo. Foram premiados os vencedores das categorias Cam-po, Tecnologia e Aficionados. o evento marcou tam-bém a abertura da exposição com as fotos ganhado-ras. o Prêmio está na terceira edição na Argentina, enquanto no Brasil acontece desde 200�.

ClIenTeS vISITAM FÁBrICAS dA CASe IH

um grupo de 1� clientes e repre-sentantes da Case IH na Argentina visitaram as fábricas da empresa no estado de São Paulo para conhecer as colhedoras de cana-de-açúcar A�000 e A�000. A visita começou na planta de Piracicaba, onde se produz toda a linha de colhedoras. em se-guida os convidados foram para So-rocaba, onde visitaram a unidade e o Centro de distribuição de Peças. o grupo também esteve na usina Irace-ma para acompanhar o trabalho das máquinas nos canaviais.

FIAT 2 MIlHÕeS nA ArgenTInA

A Fiat Auto Argentina comemorou em outubro a produ-ção do veículo de número 2.000.000, com a saída de um Fiat Siena HlX da linha de montagem da fábrica de Cór-doba. A marca histórica coincide com a celebração dos 90 anos da Fiat no país. desde o dia � de abril de 1960, quando saiu o primeiro Fiat 600 d da planta de Caseros, a fabricante já produziu cerca de 1� modelos e dezenas de versões na Argentina, onde iniciou a comercialização de veículos em 190�.

Foto de Alfredo Leiva, vencedora da categoria Campo

TeSTe de TrATor PrÓXIMo A vulCão

A empresa F. Icaza, distribuidora Case IH no Pa-namá, organizou o dia do Campo em Cerro Pun-ta, próximo ao vulcão Barú, no Panamá, para o lançamento do trator JXu 10�, equipado com motor de 10� hp. A demonstração, que teve a presença de clientes, produtores, técnicos agríco-las e empresários, ocorreu a 1.��0 metros acima do nível do mar, em terrenos inclinados e com implementos para o plantio direto. o trator JXu 10� é ideal para o preparo do solo e o plantio de sementes de hortaliças e legumes da região.

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MUNDoFIAT7� MUNDoFIAT 79

NOTA

s PrÊMIo AuTodATA 2009

o grupo Fiat do Brasil conquistou cinco categorias do Prêmio Autodata 2009 – Melhores do Se-tor Automotivo. A Fiat Automóveis venceu duas categorias: Melhor veículo Comercial leve, com

a picape Fiat Strada, e Melhor estratégia de Marketing, pelo lançamento da Fiat Strada Cabine dupla. A Iveco também levou duas categorias: Me-lhor gestão, por seu ousado programa de expansão na América latina, Melhor Cami-nhão, com o semipe-sado Iveco Tector – é a terceira vez consecuti-va que a Iveco ganha o prêmio de Cami-nhão do Ano. A Mag-neti Marelli, por sua vez, levou o primeiro lugar na categoria Sis-temista, como melhor produtor de sistemas e componentes au-tomotivos do Brasil. o Prêmio Autodata é concedido às em-presas e produtos do setor automotivo que receberam maior nú-

mero de votos dos assinantes da revista Autodata e dos participantes do Congresso Autodata Perspectivas 2010, promovido em outubro pela editora, a partir de uma lista de cases finalistas elaborada pelos jornalistas da redação.

PrÊMIo AuTo eSPorTe 2009

no ��º Prêmio da revista Auto esporte, o grupo Fiat do Brasil conquistou qua-tro categorias. A Fiat Auto-móveis venceu os prêmios

Picape do Ano, com o Fiat Strada, Site do Ano, pela pla-

taforma do Fiat Mio, e Publicidade do Ano, com a campanha de lançamento do Fiat �00, realizada integralmente no Brasil. A FPT – Powertrain Technologies sagrou-se campeã da categoria Motor do Ano até 2.0l, com o propulsor Fire 1.� T-Jet, que equipa as versões topo de linha do Fiat Punto e Fiat linea. o motor FPT superou os propulsores Honda 2.0 vTeC (Civic Si); Mini 1.6 Turbo (Mini Coo-per); Smart 1.0 Tur-bo (Smart); e Toyota 1.� vvTi (Corolla).

APoSTAS eM novAS MÍdIAS

A temporada 2009 do rally universitário Fiat apostou em novas mídias, como Twitter, Facebook e blog das equipes disponíveis no portal www.rallyuniversitariofiat.com.br, para divulgar e promover o evento. em sua terceira temporada nacional, a competição foi disputada pela primeira vez em novo Hamburgo (rS), Blumenau (SC), Americana (SP), rio verde (go) e Teresópolis (rJ). Também fizeram parte do calendário provas em uberlândia (Mg), Curitiba, Brasília, natal, e Juiz de Fora (Mg). em cinco anos de dispu-ta, o rally já recebeu 10.�00 competidores.

nove AnoS de Produção

eM SeTe lAgoAS

A Iveco comemorou em novem-bro o aniversário de nove anos de produção no complexo in-dustrial de Sete lagoas (Mg). desde sua inauguração, em 2000, a montadora já fabricou 6� mil produtos Iveco e 7� mil veículos Fiat ducato e expandiu sua capacidade produtiva de 27 mil unidades por ano para 70 mil unidades/ ano. Com a nova unidade de caminhões semipe-sados e pesados, inaugurada em setembro, a Iveco triplicou sua capacidade produtiva nesse segmento, passando de 6 mil para 20 mil unidades por ano.

HoMenAgenS Ao gruPo FIAT

A Associação Mineira de decoradores (Amide) homenageou a Casa Fiat de Cultura no Prêmio Amide 2009, pela notória contribuição cultural e artística da instituição prestada a Minas gerais e ao país. Já o governo de Minas e o Comissariado Franco-Brasileiro prestaram homenagem à Fiat Automóveis no encerramento oficial do Ano da França no Brasil, pela realização das exposições de Marc Chagall e Auguste rodin. o presidente da Casa Fiat, José eduardo de lima Pereira, recebeu o Prêmio Amide, enquanto a gestora da instituição, Ana vilela, representou a Fiat no encerramento do Ano da França no Brasil. A Casa Fiat de Cultura movimentou mais de 120 mil visitantes em 2009, batendo recorde de público com a programação desenvolvida.

José Eduardo de Lima Pereira, presidente da Casa Fiat de Cultura e a gestora Ana Vilela representaram o Grupo nas premiações

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Os diretores da Iveco Marco Piquini (esquerda) e Alcides Cavalcanti recebem os Prêmios AutoData

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Marco Lage, diretor de comunicação da Fiat (esquerda), e Virgilio Cerutti, superintendente da Magneti Marelli, na premiação

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Page 41: Mundo Fiat 99 Dez2009/Jan2010

EDUCAÇÃO

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SERVIÇOS

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www.isvor.com.breMPreSA: Isvor Instituto para o Desenvolvimento organizacional

eMPreSA: Fiat revi

eMPreSA: Fiat Services

ASSISTÊNCIA SOCIAL

www.fundacaofiat.com.breMPreSA: Fundação Fiat

SISTEMAS DE PRODUÇÃO

www.comau.com.breMPreSA: Comau do Brasil

SERVIÇOS FINANCEIROS

eMPreSA: Fiat Finanças

eMPreSA: Banco CNH Capital

eMPreSA: Banco Fidis

CULTURA

www.casafiatdecultura.com.breMPreSA: Casa Fiat de Cultura

MONTADORAS

www.fiat.com.breMPreSA: Fiat Automóveis

www.cnh.comeMPreSA: Case New Holland (CNH)

www.iveco.com.breMPreSA: Iveco Latin America

COMPONENTES

www.magnetimarelli.comeMPreSA: Magneti Marelli

www.fptpowertrain.comeMPreSA: FpT – powertrain

Technologies (Mercosul)

www.teksid.com.breMPreSA: Teksid do Brasil

RAIO

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FIAT N

O BR

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eMPreSA: Fiat do Brasil S.A.A Fiat do Brasil S.A., constituída em 1947, é a empresa mais antiga do Grupo Fiat no Brasil. É a representante, no país, da Fiat SpA, a holding mundial do Fiat Group. A Fiat do Brasil S.A. tem a função de representação institucional perante as autori-dades governamentais, comunicação corporativa, auditoria interna, treinamento, contabilidade, normatização e gestão das áreas fiscal e tributária, metodologia, folha de pagamento e outras atividades de suporte às operações do Grupo. No Brasil, o Grupo Fiat reúne 19 empresas, divisões, associações e fundações locali-zadas em três estados e com atuação no setor automotivo*, no setor de serviços e nas áreas de educação e cultura, constituindo-se no 11º grupo empresarial do país (2007), segundo a revista Valor Grandes Grupos (novembro de 2008). A receita líquida do Grupo Fiat no Brasil apresentou crescimento de 17% em 2008 em com-paração com o exercício anterior, ascendendo a r$ 30,3 bilhões.loCAlIzAção: tem plantas industriais nos estados de Minas Gerais, paraná e São paulo.eMPreSAS, dIvISÕeS, ASSoCIAçÕeS e FundAçÕeS lIgAdAS ou MAnTIdAS Pelo gruPo FIAT no BrASIl: Fiat Automóveis, Case New Holland (CNH), Iveco, FpT – powertrain Technologies, Magneti Marelli, Teksid do Brasil, Banco Fidis, Banco CNH Capital, Comau, Fiat Group purchasing/Fast Buyer, Fides Corretagens de Seguros, Fiat Finanças, Fiat revi, Fiat Services, Fundação Fiat, Isvor (Instituto de Desenvolvimento organizacional do Grupo Fiat), Casa Fiat de Cultura, Fundação Torino, além da Fiat do Brasil.PreSIdenTe: Cledorvino Belini

* Produção de veículos de passeio, comerciais leves, caminhões em todos os segmentos, microônibus, máquinas agrícolas, máquinas de construção, fundidos, motores, câmbios e componentes automotivos, automação industrial e projetos e serviços industriais

raio-X doGrupo Fiat no Brasil

MUNDoFIAT�0 MUNDoFIAT �1

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RIA

o dia 8 de outubro de 1919 mar-ca a fundação da Fabrica Italia-na Magneti Marelli (FIMM) em

Milão, na Itália. A missão da empresa era “a produção e venda de magnetos e equipamentos elétricos para aplicação nos setores automotivo, de aviação e navegação.”

Como forma de diversificar o merca-do, a Magneti Marelli passou a produzir sistemas de transmissão para rádio e televisão (foi parceira da RAI, a TV esta-tal italiana), circuitos de vigilância para autódromos, aeroportos e metrô. Tam-bém equipou submarinos e contribuiu para a criação do primeiro acelerador de partículas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), sediado em Genebra, na Suíça.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os bombardeios destruíram as instala-ções da FIMM, que foi reconstruída ape-nas a partir de 1946. No Brasil, a empre-sa iniciou sua operação em 1978, com o nome de Wecarbras. Treze anos depois a marca Magneti Marelli chegou ao país, com o início da fabricação de carburador eletrônico e ignição eletrônica.

Há 90 anos, a Marelli é mundialmen-te reconhecida por tecnologias inovado-ras como o SFS – Software Flexfuel Sen-sor (sistema flex, que permite o uso de álcool e gasolina), Power Shock (amor-tecedor com sistema de tração interno) e Convergence (gerencia a conexão e a comunicação entre os módulos rádio, painel de instrumentos e objetos de uso pessoal, como celular e pen drive).

90 anos na vanguarda tecnológicaMagneti Marelli já fabricou rádios e TV, mas hoje é referência em autopeças

por WAgner ConCHA

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De televisores a amortecedores, como o Power

Shock (à direita), produtos Magneti

Marelli primam pela inovação

Fotos divulgação Magneti Marelli

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Centro de Atenção Ao Cliente

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