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AS MULHERES FORTES DE 'MAR SALGADO' Patrícia Sequeira é realizadora e a responsável máxima pela produção. Inês Gomes é a autora do argumento e lidera a equipa de guionistas. O sucesso da telenovela que conquistou milhão e meio de portugueses tem mão feminina - e, afinal, esse toque faz a diferença. Por Cristina T. Correia PATRÍCIA SEQUEIRA COORDENADORA DE PROJETO E REALIZADORA Ela c assim uma espécie de 'deus' do universo 'Mar Salgado'. "Há quem me chame coisas piores...", brinca. "Na fase de pré-produçao, o meu trabalho passa por tudo o que diz respeito ao projcto: análise de guião, escolha do elenco junto à estação, conceção dos cenários, escolha de uma linha de re- alização, dos locais onde se vai filmar, do look do atores, roupa, cenários, ban- da sonora... E tão ridículo ao ponto de escolher as marcas dos carros dos personagens, para ser coerente com o que vestem c onde vivem. Trabalho muito com a Inês Gomes, argumcntista e autora, e temos muitas conversas para construirmos este "mundo'. Ela é uma espécie de arquiteta e eu a engenheira que tem que fazer acontecer como ela pensou - ou como eu interpretei." Durante essa fase de preparação de uma telenovela, não está a trabalhar quando dorme, diz. Os dias de traba- lho são maratonas. "Quando está tudo a correr bem e a crescer, começo a descontrair um pouco mais c os meus dias começam a ser um bocado mais saudáveis/' Depois começa a dar asas à sua grande paixão: "Adoro realizar, porque ê quando estou mais próxima dos atores e da equipa." Tenta fazê-lo muito, no início das gravações, mas em 'Mar Salgado' existem mais qua- tro realizadores, que vão alternando na direção dos episódios. "E tento ter sempre na equipa uma promessa da realização. Temos que apostar na formação e esta c a única forma de o conseguirmos." "CHORO A REALIZAR, SE A CENA ME TOCA" Apesar de existirem cada vez mais rea- lizadoras, este ainda é um meio onde os homens vingam mais. Mas no cargo de coordenadora de projeto, Patrícia é a única mulher em Portugal. "Penso que isso tem mais a ver com a capaci- dade de liderança de cada um do que ser-se homem ou mulher. Nunca penso na questão de género; a minha cabeça está mais ocupada com outras coisas. Ainda uma desigualdade grande; nas reuniões de quadros, as únicas mulheres presentes sou eu e a Inês, ou então eu. Se tivesse que encontrar uma diferença entre géneros, diria que nós somos mais emocionais e ligadas às pessoas e, às vezes, é mais fácil motivar uma equipa quando lhes fazemos sentir que estão numa missão connosco. Os homens parecem-me mais preocupados com resultados, muitas vezes - e faz muito sentido; nós também temos que estar - entram mais em conflito com o poder - nós resolvemos isso melhor. As mulheres encontram mais facil- mente um caminho que, sem pudor, vai encontrar a linguagem dos sonhos e da emoção e neste ramo vendemos emoções. Eles são mais pragmáticos. Se calhar somos mais lamechas c ro- mânticas. Mas gosto muito de traba- lhar com homens. Pelo menos tenho sempre a casa de banho livre! (risos)" Realizar é, mais do que tudo, saber contar uma história e dirigir atores, c isso beneficia de um toque feminino, acredita. "Sou muito emotiva a reali- zar: se a cena é de tensão, grito imenso na régie. Mas faço-o porque tenho um compromisso com os atores, não posso falhar. Choro a realizar, às vezes, se a cena me toca - é ridículo, mas quando realizo sou capaz de me distanciar e envolver-me com as personagens que, para mim, naquele momento são reais. Se é uma festa, fico eufórica e alegre. Se os quiser irritados, sou capaz de me enervar um bocado com eles. Mas um respeito mútuo. uma certa es- quizofrenia neste meu lado; sou quase um camaleão, vou pela batida cardíaca da cena e dou por mim a ganhar o estado de espírito dela." Para dirigir atores é preciso saber muito bem o que se quer. "Só assim conseguimos con- vencer os outros da nossa visão. Mas não sou autista, deixo que os atores me tragam 'inputs'. Um ator é um criador; a maior parte das vezes tenho que ouvi- -los, porque a personagem também é deles. Mas há muito ator a quem ainda não reconheço talento suficiente para COMPORTAMENTO

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AS MULHERES FORTESDE 'MAR SALGADO'

Patrícia Sequeiraé realizadora e a responsávelmáxima pela produção.Inês Gomes é a autorado argumento e lidera a

equipa de guionistas. O

sucesso da telenovela quejá conquistou milhão e meiode portugueses tem mãofeminina - e, afinal, esse

toque faz a diferença.Por Cristina T. Correia

PATRÍCIASEQUEIRACOORDENADORA DE PROJETOE REALIZADORA

Ela c assim uma espécie de 'deus' douniverso 'Mar Salgado'. "Há quem mechame coisas piores...", brinca. "Nafase de pré-produçao, o meu trabalhopassa por tudo o que diz respeito aoprojcto: análise de guião, escolha doelenco junto à estação, conceção dos

cenários, escolha de uma linha de re-alização, dos locais onde se vai filmar,do look do atores, roupa, cenários, ban-da sonora... E tão ridículo ao pontode escolher as marcas dos carros dos

personagens, para ser coerente com o

que vestem c onde vivem. Trabalhomuito com a Inês Gomes, argumcntistae autora, e temos muitas conversas paraconstruirmos este "mundo'. Ela é umaespécie de arquiteta e eu a engenheiraque tem que fazer acontecer como ela

pensou - ou como eu interpretei."Durante essa fase de preparação deuma telenovela, só não está a trabalharquando dorme, diz. Os dias de traba-lho são maratonas. "Quando já estátudo a correr bem e a crescer, começoa descontrair um pouco mais c os meusdias começam a ser um bocado maissaudáveis/' Depois começa a dar asasà sua grande paixão: "Adoro realizar,porque ê quando estou mais próximados atores e da equipa." Tenta fazê-lomuito, no início das gravações, masem 'Mar Salgado' existem mais qua-tro realizadores, que vão alternando

na direção dos episódios. "E tentoter sempre na equipa uma promessada realização. Temos que apostar naformação e esta c a única forma de o

conseguirmos."

"CHORO A REALIZAR,SE A CENA ME TOCA"

Apesar de existirem cada vez mais rea-lizadoras, este ainda é um meio ondeos homens vingam mais. Mas no cargode coordenadora de projeto, Patrícia é

a única mulher em Portugal. "Penso

que isso tem mais a ver com a capaci-dade de liderança de cada um do queser-se homem ou mulher. Nunca pensona questão de género; a minha cabeçaestá mais ocupada com outras coisas.Ainda há uma desigualdade grande;nas reuniões de quadros, as únicasmulheres presentes sou eu e a Inês, ouentão só eu. Se tivesse que encontraruma diferença entre géneros, diria quenós somos mais emocionais e ligadas às

pessoas e, às vezes, é mais fácil motivaruma equipa quando lhes fazemos sentir

que estão numa missão connosco. Oshomens parecem-me mais preocupadoscom resultados, muitas vezes - e faz

muito sentido; nós também temos queestar - entram mais em conflito como poder - nós resolvemos isso melhor.As mulheres encontram mais facil-mente um caminho que, sem pudor,vai encontrar a linguagem dos sonhose da emoção e neste ramo vendemosemoções. Eles são mais pragmáticos.Se calhar somos mais lamechas c ro-mânticas. Mas gosto muito de traba-lhar com homens. Pelo menos tenho

sempre a casa de banho livre! (risos)"Realizar é, mais do que tudo, sabercontar uma história e dirigir atores, cisso beneficia de um toque feminino,acredita. "Sou muito emotiva a reali-zar: se a cena é de tensão, grito imensona régie. Mas faço-o porque tenho umcompromisso com os atores, não possofalhar. Choro a realizar, às vezes, se acena me toca - é ridículo, mas quandorealizo sou capaz de me distanciar eenvolver-me com as personagens que,para mim, naquele momento são reais.Se é uma festa, fico eufórica e alegre.Se os quiser irritados, sou capaz de meenervar um bocado com eles. Mas háum respeito mútuo. Há uma certa es-

quizofrenia neste meu lado; sou quaseum camaleão, vou pela batida cardíacada cena e dou por mim a ganhar oestado de espírito dela." Para dirigiratores é preciso saber muito bem o quese quer. "Só assim conseguimos con-vencer os outros da nossa visão. Masnão sou autista, deixo que os atores me

tragam 'inputs'. Um ator é um criador;a maior parte das vezes tenho que ouvi--los, porque a personagem também é

deles. Mas há muito ator a quem aindanão reconheço talento suficiente para

COMPORTAMENTO

ter tantas opiniões. Às vezes tenho queser um bocadinho surda..."Há outros fatores para vingar na rea-lização. "Há que associar tudo isto aum saber técnico e quanto mais domi-namos a técnica mais isso deixa de seruma preocupação. E é preciso ter umaestética apurada. Em telenovela, temos

que contar a história de uma formaeficaz porque as pessoas em casa têm

que perceber facilmente."

0 MÍTICO MAU FEITIODO REALIZADOR

Patrícia ainda estava no curso de Co-municação Social quando fez uma visi-ta de estudo a um estúdio de televisão.O vírus do fascínio já não a largou e

percebeu que, afinal, podia contar his-tórias de outra maneira. Apaixonou-se

pela ficção e apercebeu-se que a di-

reção de atores era uma ferramentaessencial para o que queria fazer. Porisso foi para os EUAfazer um curso de

acting technics fordirectors (técnicasde representação pa-ra realizadores), noMame. "Achei quetinha que apurar es-

sa parte - desenharuma cena, tirar deum ator o que que-remos. Pôr as câmaras no sítio certo é

mais simples. Achava que já era umarealizadora com nível e foi ótimo por-que, quando lá cheguei, percebi quenào era nada. A falha faz-nos muitobem; perceber que no meu pequenouniverso até podia fazer bem mas que

estava ali com realizadores com tra-balho incrível e que o caminho seria

longo para chegar até lá." Compensou,essa visão: aos 33 já era coordenadorade projeto e realizadora na segundaversão de 'Vila Faia'.O público ainda tem ainda algum des-

conhecimento sobre o seu ofício - às

vezes, até a sua família. "A minha avó,

que era uma mulher inteligente, dizia--me: 'O filha, farto-me de ver a novela

e tu nunca apareces...'." Patrícia bemlhe explicava que era realizadora, mas

a ideia não pareceu convencê-la. "As

pessoas associam o realizador a algummau feitio... o que, no meu caso, está

totalmente certo (risos). Não é mau fei-

tio, é objetividade. Sei quanto custaum minuto de televisão e não vou

desperdiçá-10. Há que fazer bem, em

pouco tempo. Mas nunca é um ataquepessoal; quero é que o resultado seja amelhor coisa do mundo."É por causa desta sua confiança ina-balável que o sucesso de 'Mar Salgado'não a surpreendeu. "Estava à esperadisto. Pode parecer presunçoso, masacho que já merecíamos. Andamos a

tentar há muito tempo. Fizemos 'Per-feito Coração', uma novela extraor-dinária, e não conseguimos. Fomostentando sempre. Em 'Laços de San-

gue', as pessoas já gostaram e deram--nos uma oportunidade. Esta telenovelaé dificílima porque o cenário mar é

tremendo para gravar, em termos de

desgaste nas gravações, com desloca-

ções constantes a Tróia e Setúbal." Aqualidade da imagem, o dinamismo namise en scène, nas marcações, também

ajudam ao sucesso desta produção, diz-nos. "Temos um diretor de fotografiafantástico, que não se contenta com o

que já foi feito."Mas nem tudo se

resume a telenove-las, para Patrícia.Acabou de gravarum filme com AnaPadrão e MariaJoão Luís e no seucurrículo tem aindaséries que fizeramhistória, como 'De-pois do Adeus'. "O

que gosto mesmo é de contar histórias.Adoraria fazer um filme por ano, paraalém das novelas, mas tenho que terconsciência de que vivo em Portugal.A televisão deu-me coisas extraordi-nárias - fiz séries que não trocava pornenhum filme."

"Associa-se o realizadora algum maufeitio...

o que no meu casoestá certo (risos)! Masnão é bem isso, è mais

objetividade."

INES GOMESAUTORA EARGUMENTISTA

Na sala de trabalho, com mesas dis-

postas em círculo, estão cinco argu-mentistas focados no enredo que se

desfia nas páginas do computador. Na

parede há papéis com cábulas sobre as

personagens. Lá ao fundo, a liderar o

grupo, está lnês Gomes, a autora do

argumento de 'Mar Salgado'. "E um

trabalho duro. Brinco quando digo quetenho uma equipa por turnos, porquetenho gente a começar às oito da ma-

nhã e outros a acabarem às 3 ou 4 da

madrugada. Para mini, um dia nor-

mal é entrar às 9h da manhã c acabar

às 2'2 h, seis a sete dias na semana -quando temos o domingo é bom."

Não é o primeiro projeto em que tra-

balha com Patrícia Sequeira, mas é a

primeira novela que fazem juntas. "Te-

mos uma boa simbiose e trabalhamos

muito bem. Posso discutir as questões

com ela com tranquilidade c isso nem

sempre é possível com os coordena-

dores. Ela está por dentro de todas as

áreas de uma produção de ficção c dá

uma grande coerência ao projeto, o queé uma grande qualidade. Ela participaativamente, dá opiniões e ideias."

"A CRIATIVIDADE

TAMBÉM SE TREINA"

Inês entrou neste mundo com um curso

de Jornalismo c cansada de andar a

saltar de estágio em estágio. Um amigo

argumentista falou-lhe da Casa da

Criação, que estava a ser fundada nessa

altura. Mandaram-lhe um guião para

adaptar, gostaramdo trabalho dela,e Inès ficou por lá."Não temos nenhum

curso específico paraescrever argumentos,mas fazemos todas as

formações que pode-mos, mais ou menos

prolongadas, com

profissionais concei-tuados na área. A SP também apostamuito na nossa formação."E como há criatividade todos os dias

para criar conversas inteiras, dramas,

vidas e mortes e vinganças sangui-nárias? "O cérebro e a criatividadetambém são músculos que se treinam.

Temos métodos nossos, para ajudar a

isso. É claro que há fases em que o can-

saco já pesa, as ideias já não saem com

a mesma facilidade e damos conta que

já tivemos aquela ideia antes. Andamos

nisto há mais de um an0..." A inspira-

ção vem dos sítios mais improváveis."Vou trabalhar para cafés, às vezes,

para ver gente! (risos) E também porqueé preciso ir beber da vida de todos os

dias. Chego a inspirar-me com coisas

que os amigos me contam. As pessoas

às vezes vêm ter connosco e dizem 'Ai,

a minha vida dava uma novela. Não

dá bem. . .", ri. "As novelas têm que ser

realistas, mas nós não queremos ver só

vida real em televisão, é uma chatice!"

Nesta área começa a inovar-se e impor-tam-se cada vez mais técnicas das séries

televisivas, que depois são adaptadas ao

formato telenovela. A escrita de guiões

é um trabalho dividido pela equipa e

rotativo. No inícioda semana fazemreuniões de plano,em que decidem o

que vai acontecer às

personagens princi-pais num primeirodia, e no outro às

personagens secun-dárias. Por semana,há um argumentista

que só faz grelhas, ou seja, decide quemestá na cena, qual o seu conteúdo e o

décor onde estão. O resto da equipaestá a escrever. Cada argumentistafica responsável pelos diálogos paraum grupo de personagens diferente,

que vai rodando todas as semanas.Além disso, também se decidem os

'ganchos', os finais de cada episódio,

feitos para deixar o público penduradono suspense da história. "Sou uma es-

pécie de editora, revisora, dou ideias,

escrevo muito também. Na equipa, as

pessoas têm que conseguir escrever

tudo - comédia, drama, diálogos paracrianças. Esta área cresceu muito nos

últimos anos mas não há assim tantos

argumentistas. A nossa equipa tem sete,

com uma média de idades de 34 ou

35 anos; temos gente jovem, em início

de carreira. Acho importante haverhomens c mulheres. Precisamos queeles nos tragam à realidade e digam'achas que um homem faria isso?!', e

eles que nós os puxemos para um lado

mais sensível. E um trabalho exigente

porque tenho uma pressão em cima que

a equipa tem que acompanhar. Preci-

samos de ter não só o feedback da SP

Televisão, mas também da Globo, que

é parceira nesta produção."

HISTÓRIAS QUE VENDEMO sucesso de 'Mar Salgado' apanhou-a

quase desprevenida. "Estava convicta

de que tínhamos um bom produto,uma boa história, um elenco fantásti-

co. Mas nunca sabemos bem como vai

ser a reação do público. E há outros

fatores, como o que está a dar na con-

corrência. Neste caso, a SP Televisão

pediu-me para apresentar uma sinopse

para telenovela. Faz-se pesquisa e ve-

mos quais foram os temas das últimas

novelas. Não podia ser uma história

de vingança, porque 'Sol de Inverno'

já tinha sido. Tive esta ideia da mãe

que anda à procura dos filhos, quelhe foram roubados... que não é pro-

"Às vezes vou trabalhar

para cafés, paraver gente. E porquetambém é preciso ir

beber da vida de todosos dias."

príamcnte inédita (risos). Também se

costuma dizer que só há sete [tipos de]histórias e já foram todas contadas peloShakespeare."Os estudos de mercado pintam-lhes um

quadro onde o público-alvo já não é

apenas composto por mulheres. "Esta-mos a chegar a todas as faixas etárias e

classes sociais e a ambos os sexos. Dámuito gozo ver que estamos a escreveruma história de que o público gosta.E como se estivéssemos na escola: as

audiências são as notas dos exames."

"SOFRO COM 0 QUE ESCREVO

PARA AS PERSONAGENS"

Com este ritmo alucinante, Inês aindatem tempo para a vida pessoal? "Nesta

telenovela, está difícil. . . mas nem sem-

pre trabalho tanto. Antes, as telenove-las eram mais curtas mas agora sãoultramaratonas muito intensas de anoe meio. A família e amigos já sabem quevou aparecer de portátil a um jantare que vou passar metade do tempo atrabalhar. E se for passar um fim desemana fora, faço umas reuniões porSkype, vejo episódios da novela, escrevo.

Vou para a cama a pensar nos 'ganchos'

que ainda não estão feitos."Admite que sofre com algumas coisas

que planeia para as suas personagens."Custa escrever algumas cenas que têmuma intensidade dramática grande.Gerimos a vida de 4-0 personagensque começam como marionetas mas

que, depois, ganham vida própria - elas

próprias levam-nos para outro lado quenão pensámos inicialmente. Ê muito fre-

quente acontecer em novelas longas. Eé muito diferente escrever para o papelou para pessoas; os atores acrescentamcoisas às personagens, dão o seu input."Quando começam a trabalhar num ar-

gumento, os profissionais sabem onde

querem chegar, têm um final em mente,sobretudo no caso dos personagens prin-cipais. "O caminho para lá chegar é

que dá muitas voltas e muita coisa podemudar." E não, as audiências não de-cidem finais porque os episódios sãoescritos com muito avanço. Uma coisaé certa: até ao final de 'Mar Salgado'podemos esperar "muita reviravolta,emoção, comédia e sofrimento - as

nossas personagens sofrem imenso...",confirma a autora com um sorriso.©

O FACTOS CURIOSOS SOBRE'MAR SALGADO'i. Os atores tiveram formaçãopara poderem interpretar as suas

personagens.Ricardo Pereira fez formação em

mergulho e vela; Margarida Vila-Nova,em mergulho; Manuel Sá Pessoa,em vela. Ana Guiomar estudou como chef Kiko, do restaurante '0 Talho'

e júri no 'Masterchef '. Inês Castel--Branco, João Ricardo e GonçaloDiníz aprenderam os segredos do

ofício com os peixeiros do mercadode Setúbal.

2. Inês Castel-Branco confessouà ACTIVA que ficou perita emamanhar o peixe pata-roxa."Aparentemente, é bastante difícil e

eu faço-o muito bem. Quando gravocenas na praça, levo sempre peixefresco para casa." Ao seu lado, nascenas de praça, os figurantes são

peixeiros reais.

3. A cena mais demorada de gravar:o resgate de Leonor, Xavier e MestreJoão (Margarida Vila-Nova, MarcoCosta e António Fonseca).Gravada no mar, perto de Sesimbra,foi para o ar no sábado, 29 denovembro. Começou às 6h, com a

preparação e chegada da equipatécnica. Os atores chegaram à balsade salvamento três horas depois.Às 17h, Leonor é resgatada porum helicóptero da Força Aérea- sem recurso a duplo!

4. Os primeiros episódios contaramcom cenas gravadas no Dubai.

Angelo Rodrigues, Margarida Vila

Nova, Rita Loureiro e Sísley Dias

partiram a 30 de maio e regressarama 7 de junho.

5. As cenas exteriores do bairro dos

pescadores são gravadas no Bairrodas Fontainhas, em Setúbal.Alguns comerciantes locais atédisponibilizaram as montras das suaslojas para as gravações. As cenasde interior sâo gravadas em estúdio,onde os cenários foram recriados.

6. 0 décor da fábrica de conservasdos Queiroz é uma cópia fiel do

interior de uma fábrica de conservasreal em Matosinhos - que aparecenas imagens de exteriores.

7. 0 packaging, a marca e o logotipodas latas de conserva foram todoscriados pelo departamento de

adereços da SP Televisão. Foramenchidas com água para criar o somde uma lata com conteúdo real.

s. A Câmara Municipal de Setúbale a SP Televisão celebraram umprotocolo que isenta a produtora do

pagamento de mais de 71 mil eurosem taxas municipais. A promoçãoturística do concelho sai a ganhar.