mulher sem coligação e cota, cresce a participação

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Campo Grande-MS | Sábado, 22 de agosto de 2020 POLÍTICA A4 Esperidião Amin, senador (PP-SC), sobre o ministro ter dito que senadores praticaram crime ao votarem pela derrubada do veto Paulo Guedes praticou um ato de terrorismo news, um upgrade da fake news. Inovou Tropas O empresário Salim Mattar tem relatado a colegas que a culpa pela demora na privatização dos Correios é de militares do governo, não do Congresso. Segundo o diagnóstico, eles ocupam cargos na direção e no conselho da estatal, assim como na Telebrás, e não querem perder o espaço. Caso as empresas fossem inscritas no PND (Programa Nacional de Desestatização), as nomeações passariam à alçada de Paulo Guedes. Mattar deixou o governo alegando decepção com a letargia do setor público. Relógio A desavença com a ala militar atrasou os estudos para a privatização da companhia e, só agora, um ano e meio depois da posse de Jair Bolsonaro, o BNDES está contratando a empresa que desenhará a venda. Ainda no governo, Mattar dizia que a privatização não deve sair antes do fim do mandato de Bolsonaro, em 2022. Oba Segundo pessoas próximas, Salim vibrou com a nova greve dos funcionários da estatal. Sua avaliação é a de que isso ajuda a convencer a população na necessidade de privatização da companhia. Olho no olho Senadores querem que Paulo Guedes (Economia) dê explicações sobre a declaração de que considerava “um crime contra o país” a derrubada do veto presidencial pelo Senado. Susto Parlamentares se dizem indignados com a afirmação e querem que o ministro detalhe o cálculo apresentado, que indicaria uma perda de R$ 120 bilhões ao governo com a votação. O texto abre a possibilidade de reajuste a servidores que estejam na linha de frente do combate ao coronavírus. Venha a nós O requerimento de convite a Guedes foi apresentado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC). A Câmara manteve o veto de Bolsonaro na votação desta quinta (20). Tá na mão A Polícia Federal publicou na quinta (20) uma instrução normativa que afrouxa as regras e procedimentos para posse e porte de arma de fogo no Brasil. Segundo a instituição, a instrução normativa 174 “desburocratiza o processo de armas”. Facilidade Entre as mudanças, a PF deixará de exigir documentos que já existam em seus sistemas, reduzindo os prazos para novos pedidos de posse e porte. Todo o processo passa a ser eletrônico, diz o órgão. Armar a população é uma das principais bandeiras de Bolsonaro. Calado “A pasta não comenta decisões judiciais” é a posição do Ministério da Saúde sobre o caso da menina de 10 anos de idade que engravidou após ter sido estuprada e foi autorizada pela Justiça a fazer um aborto. Como mostrou o Painel na quinta (20), o ministério tem integrantes contrários ao aborto e decidiu se omitir em relação ao caso. Vítimas O posicionamento foi enviado à coluna após pedido de esclarecimento sobre o coordenador de Saúde Digital da pasta, Allan Garcês, ter escrito que o aborto “pune a verdadeira vítima”. Autorizado “Publicações feitas nas páginas pessoais das redes sociais de seus gestores são de livre exercício de opinião pessoal e de manifestação como cidadãos”, respondeu o ministério. Lado O procurador-geral da República, Augusto Aras, posicionou-se contra ação proposta pelo Governo Bolsonaro segundo a qual deveriam ser suspensas, em caráter liminar, decisões judiciais que tenham determinado bloqueio de contas em redes sociais. Al i ados A ação foi proposta um dia depois de o Twitter suspender perfis de bolsonaristas por determinação de Alexandre de Moraes, em julho. Apesar de no mérito ser contra bloqueios do tipo, conforme sinalizações anteriores, Aras disse que não está caraterizada a urgência no caso e, portanto, não caberia liminar. Mestre Assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins publicou mensagem em latim em suas redes na noite dessa quinta (20), ao fim do dia em que seu guru, Steve Bannon, foi preso. Mulher Veto Na Capital, chapa majoritária feminina é única na disputa da prefeitura Sem coligação e cota, cresce a participação feminina na eleição Após ser criticada por voto contra o governo, Soraya Thronicke pede a demissão de Guedes Facebook Reprodução Andrea Cruz Em Campo Grande, os par- tidos se organizam para cum- prir individualmente a cota de gênero de 30% para as can- didaturas do gênero feminino para o cargo de vereador. Ao mesmo tempo o PSOL lança chapa majoritária feminina com a pré-candidata Cris Duarte e a pré-candidata a vice-prefeita Val Eloy superando a questão da cota. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a medida vai aumentar a participação das mulheres na política e existe a redução da possibilidade de candidaturas “laranja”, assim como pode haver o aumento do número de mandatárias eleitas. Cris Duarte cita que a de- cisão para que a chapa fosse completamente feminina foi para sair do “senso comum” e superar as cotas de gênero. “O PSOL é um partido que nacio- nalmente vem crescendo em representação de mulheres na política. Somos a única sigla com uma bancada paritária na Câmara dos Deputados [5 ho- mens e 5 mulheres]. Teremos candidaturas próprias em quase todas as capitais do país e em Campo Grande entendemos que o machismo tem se perpetuado nos espaços representativos da política. Na Assembleia Legisla- tiva nenhuma mulher eleita, na Câmara de Vereadores, apenas duas. E conforme os demais par- tidos foram apresentando seus pré-candidatos percebemos que o PSOL teria que ser a alterna- tiva de mudança necessária e começamos apresentando duas mulheres para a chapa majori- tária em uma proposta de gestão coletiva (prefeita e coprefeita) para romper também com essa estrutura hierarquizada bem ultrapassada e pouco eficiente”, declarou. Sobre a falta de interesse em disputar eleições e possíveis candidaturas “só para cumprir” a legislação, ela discorda de que mulheres não tenham inte- ressa na política. “Não vejo que as mulheres não têm interesse pela política. Afirmar isso é nos culpabilizar do machismo histórico. Para as mulheres sempre foi destinado o espaço privado (doméstico) e aos ho- mens o espaço publico. Além de tudo, a política partidária é ainda um lugar muito violento para as mulheres, já existem pesquisas e dados sobre isso. Nossa capacidade é sempre co- locada à prova, tentam nos invi- sibilizar, manipular os recursos partidários que são destinados às mulheres e, quando somos eleitas os processos violentos continuam. Então, que mulher quer vir para a política sabendo desses processos? Por isso, que quando uma de nós se dispõe a ir para esses espaços significa coragem, resistência e além de tudo necessidade de descons- truir essa lógica machista”, de- fine Cris Duarte. “Como atual presidente do PSOL acredito que não devemos ficar buscando mulheres para se candidatarem apenas no mo- mento das eleições para preen- cher a chapa ou oportunizar as candidaturas masculinas, mas atrair as mulheres e capacitá- -las para as atividades partidá- rias constantemente”, conclui. Dificuldades O advogado especialista em direito eleitoral Rodrigo Nas- cimento foi crítico e discorreu sobre a dificuldade que as siglas enfrentam ante a falta de inte- resse das mulheres em disputar. “Acho que o fato de obrigar o partido a cumprir a cota fe- minina faz com que ele tenha política interna para viabilizar candidaturas viáveis. Mas infe- lizmente, essa não é a realidade da maioria dos partidos polí- ticos. A gente vê que as siglas têm dificuldades para que as mulheres tenham engajamento político e queiram efetivamente concorrer aos pleitos. Faço con- sultoria para alguns partidos e a gente enxerga o problema de conseguir viabilizar as candi- daturas femininas. E isso pode fazer com que o partido traga candidatas que não tenham tanta vontade de concorrer ao Após a senadora Soraya Thronicke (PSL) ter votado no Senado Federal para der- rubar o veto do presidente Jair Bolsonaro que impedia a concessão de reajustes para carreiras do funcionalismo público até o fim de 2021, ela revidou ataques do ministro da Economia Paulo Guedes, e pediu a demissão dele. “Esclareci que o ministro Paulo Guedes mentiu, e que [ele] é absolutamente inábil para a política. Peço ao go- verno de Jair Bolsonaro que se conscientize de que Paulo Guedes não entrega. Está na hora de este senhor ran- zinza e irresponsável ir para casa. O Brasil tem pressa”, disse ao Antagonista. A se- nadora também solicitou que o ministro se retrate perante o Senado Federal, após di- versas críticas à votação. Além disso, Soraya citou no Twitter que o ministro era irresponsável e que não estava cuidando da economia do país. “A sorte do ministro Paulo Guedes é que os sena- dores são bem mais polidos do que ele. Mesmo assim esse senhor não vai escapar da reprimenda, pois irrespon- sabilidade tem limites, e ele não está cuidando da eco- nomia da casa dele. Estamos tratando de um país!” Sobre o veto Bolsonaro vetou o rea- juste ao sancionar a lei de ajuda a estados e municí- pios em razão da pandemia da COVID-19. Essa era uma das condições para enviar recursos. Após a votação na quarta-feira (19), o ministro da Economia, Paulo Guedes, se manifestou dizendo que a decisão do Senado era um de- sastre e “um péssimo sinal”. Até o presidente Bolsonaro chegou a comentar que “seria impossível governar” se o veto também fosse derrubado na Câmara Federal, o que não aconteceu pela articulação do “centrão” na noite de quinta- -feira (20). Foram 316 votos pela permanência do veto e 165 a favor da derrubada. Soraya justificou o voto fa- vorável à derrubada do veto pleito. Não seria candidatura laranja porque não haveria desvio de recursos, porém o partido que não conseguir os 30% pode sair prejudicado e prejudicar a legenda, ou ele teria que convencer mulheres que não tenham tanta vontade assim a concorrer, por isso tenho essa certa critica com relação as cotas”, explicou. Nascimento acredita que nas próximas eleições haverá uma melhora no interesse e na par- ticipação feminina dentro dos partidos. “Acho que a partir das próximas eleições vai haver um maior interesse das mulheres, até mesmo porque os partidos, desde a última eleição, já têm se mobilizado nessa questão. Eles vêm criando comissões para fomentar a participação das mulheres em campanhas e can- didaturas efetivamente viáveis. Acredito que com o passar do tempo isso vai se fortalecer e ter mulheres de fato que queiram fazer parte do pleito e direções partidárias”, finaliza. Acordo do MDB A senadora Simone Tebet (MDB), que vem discorrendo sobre a importância da mulher na política, elogiou o acordo firmado entre Tribunal Supe- rior Eleitoral, Ministério Público Eleitoral e o MDB que garante a destinação de R$ 4,9 milhões em programas voltados ao aumento da participação de mulheres do partido na política. 37% dos re- cursos do Fundo Eleitoral da le- genda serão direcionados a can- didaturas femininas em 2020. Para Tebet, até 2028, as mu- lheres deverão estar ocupando, pelo menos, 30% dos cargos nos diretórios nacional, esta- duais e municipais do MDB. A ampliação da presença femi- nina nos postos de comando do MDB deverá ocorrer de forma escalonada, já começando com no mínimo 15% nas eleições internas do partido este ano, aumentando em 5% a cada novo pleito interno. “Esse acordo com o TSE e o MPE, para que o partido destine às mulheres o que, por obrigação, lhes foi negado, é a demonstração de que a atual gestão do MDB, renovada na energia e nos propósitos do presidente Baleia Rossi, veio para implantar a mudança, sem que deixemos de nos alimentar, ainda mais, da esperança”, citou a senadora. Simone é a primeira mu- lher presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, foi também a primeira a liderar a bancada do MDB no Senado (a maior da casa), primeira vice-governadora de Mato Grosso do Sul e primeira prefeita de Três Lagoas-MS. e contra a base do governo. “Degravação: é claro que, durante toda essa pandemia, médicos, policiais militares, enfermeiros, todo mundo que estiver na linha de frente de combate devem ser uma exceção a qualquer, digamos assim, impedimento de au- mento de salário”, disse no Twitter. Eleita na “onda” bolsona- rista em 2018, e agora cha- mada de traidora por alguns grupos conservadores de Mato Grosso do Sul, Soraya está sendo bem criticada por ser uma entre os 42 sena- dores que foram a favor da derrubada do veto. (AC)

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Campo Grande-MS | Sábado, 22 de agosto de 2020 POLÍTICAA4

Esperidião Amin, senador (PP-SC), sobre o ministro ter dito que senadores praticaram crime ao votarem pela derrubada do veto

Paulo Guedes praticou um ato de terrorismo news, um upgrade da fake news. Inovou

TropasO empresário Salim Mattar tem relatado a colegas que a

culpa pela demora na privatização dos Correios é de militares do governo, não do Congresso. Segundo o diagnóstico, eles ocupam cargos na direção e no conselho da estatal, assim como na Telebrás, e não querem perder o espaço. Caso as empresas fossem inscritas no PND (Programa Nacional de Desestatização), as nomeações passariam à alçada de Paulo Guedes. Mattar deixou o governo alegando decepção com a letargia do setor público.

Relógio A desavença com a ala militar atrasou os estudos para a

privatização da companhia e, só agora, um ano e meio depois da posse de Jair Bolsonaro, o BNDES está contratando a empresa que desenhará a venda. Ainda no governo, Mattar dizia que a privatização não deve sair antes do fim do mandato de Bolsonaro, em 2022.

Oba Segundo pessoas próximas, Salim vibrou com a nova greve

dos funcionários da estatal. Sua avaliação é a de que isso ajuda a convencer a população na necessidade de privatização da companhia.

Olho no olho Senadores querem que Paulo Guedes (Economia) dê

explicações sobre a declaração de que considerava “um crime contra o país” a derrubada do veto presidencial pelo Senado.

Susto Parlamentares se dizem indignados com a afirmação e

querem que o ministro detalhe o cálculo apresentado, que indicaria uma perda de R$ 120 bilhões ao governo com a votação. O texto abre a possibilidade de reajuste a servidores que estejam na linha de frente do combate ao coronavírus.

Venha a nós O requerimento de convite a Guedes foi apresentado pelo

senador Esperidião Amin (PP-SC). A Câmara manteve o veto de Bolsonaro na votação desta quinta (20).

Tá na mãoA Polícia Federal publicou na quinta (20) uma instrução

normativa que afrouxa as regras e procedimentos para posse e porte de arma de fogo no Brasil. Segundo a instituição, a instrução normativa 174 “desburocratiza o processo de armas”.

Facilidade Entre as mudanças, a PF deixará de exigir documentos

que já existam em seus sistemas, reduzindo os prazos para novos pedidos de posse e porte. Todo o processo passa a ser eletrônico, diz o órgão. Armar a população é uma das principais bandeiras de Bolsonaro.

Calado “A pasta não comenta decisões judiciais” é a posição do

Ministério da Saúde sobre o caso da menina de 10 anos de idade que engravidou após ter sido estuprada e foi autorizada pela Justiça a fazer um aborto. Como mostrou o Painel na quinta (20), o ministério tem integrantes contrários ao aborto e decidiu se omitir em relação ao caso.

Vítimas O posicionamento foi enviado à coluna após pedido

de esclarecimento sobre o coordenador de Saúde Digital da pasta, Allan Garcês, ter escrito que o aborto “pune a verdadeira vítima”.

Autorizado “Publicações feitas nas páginas pessoais das redes sociais

de seus gestores são de livre exercício de opinião pessoal e de manifestação como cidadãos”, respondeu o ministério.

LadoO procurador-geral da República, Augusto Aras,

posicionou-se contra ação proposta pelo Governo Bolsonaro segundo a qual deveriam ser suspensas, em caráter liminar, decisões judiciais que tenham determinado bloqueio de contas em redes sociais.

Aliados A ação foi proposta um dia depois de o Twitter suspender

perfis de bolsonaristas por determinação de Alexandre de Moraes, em julho. Apesar de no mérito ser contra bloqueios do tipo, conforme sinalizações anteriores, Aras disse que não está caraterizada a urgência no caso e, portanto, não caberia liminar.

Mestre Assessor para assuntos internacionais de Bolsonaro,

Filipe Martins publicou mensagem em latim em suas redes na noite dessa quinta (20), ao fim do dia em que seu guru, Steve Bannon, foi preso.

Mulher

Veto

Na Capital, chapa majoritária feminina é única na disputa da prefeitura

Sem coligação e cota, cresce a participação feminina na eleição

Após ser criticada por voto contra o governo, Soraya Thronicke pede a demissão de Guedes

Facebook

Reprodução

Andrea Cruz

Em Campo Grande, os par-tidos se organizam para cum-prir individualmente a cota de gênero de 30% para as can-didaturas do gênero feminino para o cargo de vereador. Ao mesmo tempo o PSOL lança chapa majoritária feminina com a pré-candidata Cris Duarte e a pré-candidata a vice-prefeita Val Eloy superando a questão da cota.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a medida vai aumentar a participação das mulheres na política e existe a redução da possibilidade de candidaturas “laranja”, assim como pode haver o aumento do número de mandatárias eleitas.

Cris Duarte cita que a de-cisão para que a chapa fosse completamente feminina foi para sair do “senso comum” e superar as cotas de gênero. “O PSOL é um partido que nacio-nalmente vem crescendo em representação de mulheres na política. Somos a única sigla com uma bancada paritária na Câmara dos Deputados [5 ho-mens e 5 mulheres]. Teremos candidaturas próprias em quase todas as capitais do país e em Campo Grande entendemos que o machismo tem se perpetuado nos espaços representativos da política. Na Assembleia Legisla-tiva nenhuma mulher eleita, na Câmara de Vereadores, apenas duas. E conforme os demais par-tidos foram apresentando seus pré-candidatos percebemos que o PSOL teria que ser a alterna-tiva de mudança necessária e começamos apresentando duas mulheres para a chapa majori-tária em uma proposta de gestão coletiva (prefeita e coprefeita) para romper também com essa estrutura hierarquizada bem ultrapassada e pouco eficiente”, declarou.

Sobre a falta de interesse em disputar eleições e possíveis candidaturas “só para cumprir” a legislação, ela discorda de que mulheres não tenham inte-ressa na política. “Não vejo que as mulheres não têm interesse

pela política. Afirmar isso é nos culpabilizar do machismo histórico. Para as mulheres sempre foi destinado o espaço privado (doméstico) e aos ho-mens o espaço publico. Além de tudo, a política partidária é ainda um lugar muito violento para as mulheres, já existem pesquisas e dados sobre isso. Nossa capacidade é sempre co-locada à prova, tentam nos invi-sibilizar, manipular os recursos partidários que são destinados às mulheres e, quando somos eleitas os processos violentos continuam. Então, que mulher quer vir para a política sabendo desses processos? Por isso, que quando uma de nós se dispõe a ir para esses espaços significa coragem, resistência e além de tudo necessidade de descons-truir essa lógica machista”, de-fine Cris Duarte.

“Como atual presidente do PSOL acredito que não devemos ficar buscando mulheres para se candidatarem apenas no mo-mento das eleições para preen-cher a chapa ou oportunizar as candidaturas masculinas, mas atrair as mulheres e capacitá--las para as atividades partidá-rias constantemente”, conclui.

DificuldadesO advogado especialista em

direito eleitoral Rodrigo Nas-cimento foi crítico e discorreu sobre a dificuldade que as siglas enfrentam ante a falta de inte-resse das mulheres em disputar. “Acho que o fato de obrigar o partido a cumprir a cota fe-minina faz com que ele tenha política interna para viabilizar candidaturas viáveis. Mas infe-lizmente, essa não é a realidade da maioria dos partidos polí-ticos. A gente vê que as siglas têm dificuldades para que as mulheres tenham engajamento político e queiram efetivamente concorrer aos pleitos. Faço con-sultoria para alguns partidos e a gente enxerga o problema de conseguir viabilizar as candi-daturas femininas. E isso pode fazer com que o partido traga candidatas que não tenham tanta vontade de concorrer ao

Após a senadora Soraya Thronicke (PSL) ter votado no Senado Federal para der-rubar o veto do presidente Jair Bolsonaro que impedia a concessão de reajustes para carreiras do funcionalismo público até o fim de 2021, ela revidou ataques do ministro da Economia Paulo Guedes, e pediu a demissão dele.

“Esclareci que o ministro Paulo Guedes mentiu, e que [ele] é absolutamente inábil para a política. Peço ao go-verno de Jair Bolsonaro que se conscientize de que Paulo Guedes não entrega. Está na hora de este senhor ran-zinza e irresponsável ir para casa. O Brasil tem pressa”, disse ao Antagonista. A se-nadora também solicitou que o ministro se retrate perante o Senado Federal, após di-versas críticas à votação.

Além disso, Soraya citou no Twitter que o ministro era irresponsável e que não estava cuidando da economia do país. “A sorte do ministro Paulo Guedes é que os sena-dores são bem mais polidos

do que ele. Mesmo assim esse senhor não vai escapar da reprimenda, pois irrespon-sabilidade tem limites, e ele não está cuidando da eco-nomia da casa dele. Estamos tratando de um país!”

Sobre o vetoBolsonaro vetou o rea-

juste ao sancionar a lei de ajuda a estados e municí-pios em razão da pandemia da COVID-19. Essa era uma das condições para enviar recursos. Após a votação na quarta-feira (19), o ministro da Economia, Paulo Guedes, se manifestou dizendo que a decisão do Senado era um de-sastre e “um péssimo sinal”. Até o presidente Bolsonaro chegou a comentar que “seria impossível governar” se o veto também fosse derrubado na Câmara Federal, o que não aconteceu pela articulação do “centrão” na noite de quinta--feira (20). Foram 316 votos pela permanência do veto e 165 a favor da derrubada.

Soraya justificou o voto fa-vorável à derrubada do veto

pleito. Não seria candidatura laranja porque não haveria desvio de recursos, porém o partido que não conseguir os 30% pode sair prejudicado e prejudicar a legenda, ou ele teria que convencer mulheres que não tenham tanta vontade assim a concorrer, por isso tenho essa certa critica com relação as cotas”, explicou.

Nascimento acredita que nas próximas eleições haverá uma melhora no interesse e na par-ticipação feminina dentro dos partidos. “Acho que a partir das próximas eleições vai haver um maior interesse das mulheres, até mesmo porque os partidos, desde a última eleição, já têm se mobilizado nessa questão. Eles vêm criando comissões para fomentar a participação das mulheres em campanhas e can-didaturas efetivamente viáveis. Acredito que com o passar do tempo isso vai se fortalecer e ter mulheres de fato que queiram fazer parte do pleito e direções partidárias”, finaliza.

Acordo do MDBA senadora Simone Tebet

(MDB), que vem discorrendo sobre a importância da mulher na política, elogiou o acordo firmado entre Tribunal Supe-rior Eleitoral, Ministério Público Eleitoral e o MDB que garante a destinação de R$ 4,9 milhões em

programas voltados ao aumento da participação de mulheres do partido na política. 37% dos re-cursos do Fundo Eleitoral da le-genda serão direcionados a can-didaturas femininas em 2020.

Para Tebet, até 2028, as mu-lheres deverão estar ocupando, pelo menos, 30% dos cargos nos diretórios nacional, esta-duais e municipais do MDB. A ampliação da presença femi-nina nos postos de comando do MDB deverá ocorrer de forma escalonada, já começando com no mínimo 15% nas eleições internas do partido este ano, aumentando em 5% a cada novo pleito interno.

“Esse acordo com o TSE e o MPE, para que o partido destine às mulheres o que, por obrigação, lhes foi negado, é a demonstração de que a atual gestão do MDB, renovada na energia e nos propósitos do presidente Baleia Rossi, veio para implantar a mudança, sem que deixemos de nos alimentar, ainda mais, da esperança”, citou a senadora.

Simone é a primeira mu-lher presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, foi também a primeira a liderar a bancada do MDB no Senado (a maior da casa), primeira vice-governadora de Mato Grosso do Sul e primeira prefeita de Três Lagoas-MS.

e contra a base do governo. “Degravação: é claro que, durante toda essa pandemia, médicos, policiais militares, enfermeiros, todo mundo que estiver na linha de frente de combate devem ser uma exceção a qualquer, digamos assim, impedimento de au-mento de salário”, disse no

Twitter.Eleita na “onda” bolsona-

rista em 2018, e agora cha-mada de traidora por alguns grupos conservadores de Mato Grosso do Sul, Soraya está sendo bem criticada por ser uma entre os 42 sena-dores que foram a favor da derrubada do veto. (AC)